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Modelo de Recurso Inominado - Juizado Especial - Autor
Modelo de Recurso Inominado - Juizado Especial - Autor
Processo nº 00
ANA, já qualificada nos autos da ação em epígrafe, que move em face da Informática LTDA,
vem, com o devido acatamento, diante de Vossa Excelência, interpor o presente
RECURSO INOMINADO
com as inclusas razões, o que faz com fulcro na Lei 9099, aplicando-se ainda a legislação cível,
processual e consumerista, sem prejuízo dos demais diplomas pertinentes, pelas razões de fato e
fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor.
Reitera o pleito de gratuidade judiciária por ser trabalhadora informal e não dispor de ganhos
suficientes ao pagamento das custas processuais sem prejuízo do seu sustento, diante do que,
negar-lhe a concessão de tal benefício seria negar-lhe o acesso à justiça, pois não poderá
prosseguir no feito.
Termos em que,
Pede deferimento e requer a remessa.
Egrégia Turma,
Nobres Julgadores,
ANA, pelo presente e tempestivo recurso inominado, vem diante de Vossa Excelência pugnar pela
reforma da r. sentença que julgou improcedente a ação e epígrafe, pois, em que pese o notável
saber jurídico do MM Juiz de piso, com tal decisum tolheu do caso o conforto da justiça, consoante
se demonstrará adiante.
I. DOS FATOS
A autora, no dia 2018, encaminhou-se à loja ré, onde adquiriu um aparelho celular marca
Samsung, modelo J7 pro, pelo qual pagou a quantia de R$ 1 (um).
No ato da compra, recebeu documento auxiliar de nota fiscal, tendo sido orientada pelos prepostos
da loja a fazer cópia do mencionado cupom, tendo em consideração que o material da impressão
costuma apagar com considerável facilidade.
Orientaram-lhe ainda que, caso quisesse a nota fiscal, a autora deveria assumir pessoalmente a
tarefa de emiti-la junto ao site da Secretaria da Fazenda.
Não havendo logrado êxito na emissão da nota, a autora encaminhou-se à loja onde efetuara a
compra para exigir o seu direito de obter tal documento.
Qual não foi a sua surpresa quando, ao descrever a situação a uma preposta e pedir-lhe a emissão
do documento, esta lhe informara que a loja não é obrigada a fornecer a nota fiscal ao cliente, que
o cupom fiscal é válido e que a entrega da nota fiscal é um favor que a loja faz aos clientes.
Depois de argumentar e apontar os seus direitos à preposta, esta resignou-se com a situação, reteve
o cupom fiscal original da autora, entregou-lhe uma cópia e disse que a nota fiscal seria
providenciada.
Diante da demora no envio da nota, a autora registrou reclamação na plataforma online “Reclame
Aqui”, no intento de chamar a atenção da empresa para que se lhe ofertassem uma solução para a
situação diante da qual se encontrava.
Dias depois, a autora recebeu em seu e-mail cópia do DANFE, sendo que a requerida tem acesso
aos seus dados de contato, especialmente porque fez a solicitação de obter o documento original
emitido pela loja, primeiro porque é um direito que lhe assiste, segundo porque, em caso de
precisar efetuar o envio do produto a reparo em assistência técnica especializada, precisará dos
documentos que estão em posse da ré.
O que se verifica, no caso posto sob o apreço de Vossa Excelência, é que a ré, por meio da
negativa de fornecimento da nota fiscal, comete ato ilícito não só contra o direito do seu cliente e
consumidor, mas contra a ordem tributária nacional, não podendo nem devendo o judiciário
permanecer inerte frente a tais atos nefastos de má-fé e má conduta da requerida.
Pelo que se observa da resposta obtida pela autora da preposta que recolheu o seu cupom fiscal
para emissão da nota, a loja é contumaz na prática de deixar de fornecer a nota fiscal aos clientes,
tratando tal entrega como se liberalidade fosse, quando, na verdade, trata-se de obrigação inerente
à sua atividade comercial por força de lei.
A r. sentença entendeu que “no corpo do próprio cupom fiscal juntado pela autora constam os
dados para consulta e emissão da nota fiscal, inexistindo, portanto, qualquer irregularidade por
parte da ré. Não havendo falha da ré, não há que se falar em dano moral”.
Ocorre que, como informou-se na exordial, a autora não conseguiu emitir o documento fiscal pelo
site indicado. Sempre que digitava o código do cupom o sistema acusava incorreção, impedindo-
lhe o acesso à nota fiscal, o que é direito previsto e garantido por lei.
Reitere-se o absurdo pelo qual passou a autora quando, ao expor a situação a uma preposta da loja
e pedir-lhe a emissão do documento, esta lhe informara que A LOJA NÃO É OBRIGADA A
FORNECER A NOTA FISCAL AO CLIENTE, que o cupom fiscal é válido e que A
ENTREGA DA NOTA FISCAL É UM FAVOR QUE A LOJA FAZ AOS CLIENTES.
A ré feriu o direito da autora de receber o dito documento e demonstrou ser contumaz em tal
prática de negar o fornecimento da nota fiscal, ao afirmar que trata-se de mero favor.
Ademais, uma simples pesquisa na plataforma online “Google” com as palavras-chave: nagem
negativa de fornecimento de nota fiscal” resulta em diversos exemplos do que aqui estamos
falando. Apenas para ilustrar, segue cópia da reclamação de um internauta:
https://www.reclameaqui.com.br/nagem-loja-fisica/emissao-da-nota-fiscal_h7EgtjHHX3l8Ypc-/
A fixação de indenização no caso em apreço é de vital necessidade não só para o fim de reparar o
dano causado à peticionante, mas para coibir a repetição do ilícito por parte da ré.
O dano moral deve ser arbitrado de maneira a não só indenizar o dano, mas de modo a servir ao
seu caráter educativo, não sendo arbitrado em valor tão alto a ponto de ensejar enriquecimento
imotivado nem em valor tão baixo que não sirva ao propósito educativo de desestimular tais
práticas pela ré.
Assim, ante o exposto, requer desta Turma a reforma da r. a para ver condenada a ré em
indenização pelos danos infligidos à recorrente ao negar-lhe direito assegurado por lei.
Confiante nos reiterados acertos desta Turma, bem como no apurado senso de justiça que rege e
governa este Tribunal, submete a recorrente o seu pleito ao vosso prudente arbítrio.
Termos em que,
pede provimento.