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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA -----ª VARA DO

SISTEMA DOS JUIZADOS ESPECIAIS DA COMARCA DE FEIRA DE SANTANA –


BAHIA

Processo nº 00

ANA, já qualificada nos autos da ação em epígrafe, que move em face da Informática LTDA,
vem, com o devido acatamento, diante de Vossa Excelência, interpor o presente

RECURSO INOMINADO

com as inclusas razões, o que faz com fulcro na Lei 9099, aplicando-se ainda a legislação cível,
processual e consumerista, sem prejuízo dos demais diplomas pertinentes, pelas razões de fato e
fundamentos jurídicos que a seguir passa a expor.

Reitera o pleito de gratuidade judiciária por ser trabalhadora informal e não dispor de ganhos
suficientes ao pagamento das custas processuais sem prejuízo do seu sustento, diante do que,
negar-lhe a concessão de tal benefício seria negar-lhe o acesso à justiça, pois não poderá
prosseguir no feito.

Termos em que,
Pede deferimento e requer a remessa.

Feira de Santana, 09 de novembro de 2018.

BELA. FULANA DA SILVA SAURO


OAB 0000

RAZÕES DE RECURSO INOMINADO


ORIGEM 3ª VARA DO JUIZADO DE FEIRA DE SANTANA
PROCESSO 00
RECORRENTE ANA
RECORRIDO INFORMÁTICA LTDA

Egrégia Turma,
Nobres Julgadores,

ANA, pelo presente e tempestivo recurso inominado, vem diante de Vossa Excelência pugnar pela
reforma da r. sentença que julgou improcedente a ação e epígrafe, pois, em que pese o notável
saber jurídico do MM Juiz de piso, com tal decisum tolheu do caso o conforto da justiça, consoante
se demonstrará adiante.

I. DOS FATOS

A autora, no dia 2018, encaminhou-se à loja ré, onde adquiriu um aparelho celular marca
Samsung, modelo J7 pro, pelo qual pagou a quantia de R$ 1 (um).

No ato da compra, recebeu documento auxiliar de nota fiscal, tendo sido orientada pelos prepostos
da loja a fazer cópia do mencionado cupom, tendo em consideração que o material da impressão
costuma apagar com considerável facilidade.

Orientaram-lhe ainda que, caso quisesse a nota fiscal, a autora deveria assumir pessoalmente a
tarefa de emiti-la junto ao site da Secretaria da Fazenda.

Não havendo logrado êxito na emissão da nota, a autora encaminhou-se à loja onde efetuara a
compra para exigir o seu direito de obter tal documento.
Qual não foi a sua surpresa quando, ao descrever a situação a uma preposta e pedir-lhe a emissão
do documento, esta lhe informara que a loja não é obrigada a fornecer a nota fiscal ao cliente, que
o cupom fiscal é válido e que a entrega da nota fiscal é um favor que a loja faz aos clientes.

Depois de argumentar e apontar os seus direitos à preposta, esta resignou-se com a situação, reteve
o cupom fiscal original da autora, entregou-lhe uma cópia e disse que a nota fiscal seria
providenciada.

Diante da demora no envio da nota, a autora registrou reclamação na plataforma online “Reclame
Aqui”, no intento de chamar a atenção da empresa para que se lhe ofertassem uma solução para a
situação diante da qual se encontrava.

Dias depois, a autora recebeu em seu e-mail cópia do DANFE, sendo que a requerida tem acesso
aos seus dados de contato, especialmente porque fez a solicitação de obter o documento original
emitido pela loja, primeiro porque é um direito que lhe assiste, segundo porque, em caso de
precisar efetuar o envio do produto a reparo em assistência técnica especializada, precisará dos
documentos que estão em posse da ré.

II. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A Lei nº 8.846/1994 dispõe sobre a emissão de documentos fiscais e o arbitramento da receita


mínima para efeitos tributários, e dá outras providências. Vide o que expõe o seu artigo 1º:
Art. 1º A emissão de nota fiscal, recibo ou documento equivalente, relativo à
venda de mercadorias, prestação de serviços ou operações de alienação de bens
móveis, deverá ser efetuada, para efeito da legislação do imposto sobre a renda e
proventos de qualquer natureza, no momento da efetivação da operação. Deve-se
atentar que a não entrega da nota fiscal configura crime contra a Ordem Tributária.
O artigo 1º, inciso V, da Lei nº 8.137/1990, a qual define crimes contra a ordem
tributária, econômica e contra as relações de consumo, e dá outras providências,
tipifica o não fornecimento de nota fiscal como crime contra a ordem tributária,
punido com reclusão de 2 a 5 anos e multa.

O que se verifica, no caso posto sob o apreço de Vossa Excelência, é que a ré, por meio da
negativa de fornecimento da nota fiscal, comete ato ilícito não só contra o direito do seu cliente e
consumidor, mas contra a ordem tributária nacional, não podendo nem devendo o judiciário
permanecer inerte frente a tais atos nefastos de má-fé e má conduta da requerida.
Pelo que se observa da resposta obtida pela autora da preposta que recolheu o seu cupom fiscal
para emissão da nota, a loja é contumaz na prática de deixar de fornecer a nota fiscal aos clientes,
tratando tal entrega como se liberalidade fosse, quando, na verdade, trata-se de obrigação inerente
à sua atividade comercial por força de lei.

A r. sentença entendeu que “no corpo do próprio cupom fiscal juntado pela autora constam os
dados para consulta e emissão da nota fiscal, inexistindo, portanto, qualquer irregularidade por
parte da ré. Não havendo falha da ré, não há que se falar em dano moral”.

Ocorre que, como informou-se na exordial, a autora não conseguiu emitir o documento fiscal pelo
site indicado. Sempre que digitava o código do cupom o sistema acusava incorreção, impedindo-
lhe o acesso à nota fiscal, o que é direito previsto e garantido por lei.

Reitere-se o absurdo pelo qual passou a autora quando, ao expor a situação a uma preposta da loja
e pedir-lhe a emissão do documento, esta lhe informara que A LOJA NÃO É OBRIGADA A
FORNECER A NOTA FISCAL AO CLIENTE, que o cupom fiscal é válido e que A
ENTREGA DA NOTA FISCAL É UM FAVOR QUE A LOJA FAZ AOS CLIENTES.

A ré feriu o direito da autora de receber o dito documento e demonstrou ser contumaz em tal
prática de negar o fornecimento da nota fiscal, ao afirmar que trata-se de mero favor.

Concessa a devida vênia, a improcedência da presente ação se configura indiretamente como


incentivo à continuidade de tal prática lesiva por parte da ré, que com a impunidade que lhe foi
assegurada prosseguirá com a vil prática de negar aos consumidores a emissão e fornecimento da
nota fiscal.

Ademais, uma simples pesquisa na plataforma online “Google” com as palavras-chave: nagem
negativa de fornecimento de nota fiscal” resulta em diversos exemplos do que aqui estamos
falando. Apenas para ilustrar, segue cópia da reclamação de um internauta:

https://www.reclameaqui.com.br/nagem-loja-fisica/emissao-da-nota-fiscal_h7EgtjHHX3l8Ypc-/

Vejamos a esse respeito o que tem decidido a melhor jurisprudência nacional:


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS. OBRIGAÇÃO DE FAZER:
FORNECIMENTO DE NOTAS FISCAIS. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO
OCORRIDO. PROVA REQUERIDA, DESNECESSÁRIA AO JULGAMENTO
DA DEMANDA. ALEGAÇÃO DE QUE AS NOTAS ESTAVAM À
DISPOSIÇÃO DA PARTE E DO JUÍZO. AUSENTE DEMONSTRAÇÃO DE
EFETIVO FORNECIMENTO DAS NOTAS FISCAIS AO CONSUMIDOR.
CUIDA-SE DE OBRIGAÇÃO LEGAL, FATO ESTE NÃO CONTESTADO
PELA RÉ. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA MANTIDA. Recurso desprovido.
(Encontrado em: 27ª Câmara Extraordinária de Direito Privado 09/05/2017 -
9/5/2017 Apelação APL 10106782120148260114 SP 1010678-21.2014.8.26.0114
(TJ-SP) Edgard Rosa).

A fixação de indenização no caso em apreço é de vital necessidade não só para o fim de reparar o
dano causado à peticionante, mas para coibir a repetição do ilícito por parte da ré.

O dano moral deve ser arbitrado de maneira a não só indenizar o dano, mas de modo a servir ao
seu caráter educativo, não sendo arbitrado em valor tão alto a ponto de ensejar enriquecimento
imotivado nem em valor tão baixo que não sirva ao propósito educativo de desestimular tais
práticas pela ré.

III. DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

Assim, ante o exposto, requer desta Turma a reforma da r. a para ver condenada a ré em
indenização pelos danos infligidos à recorrente ao negar-lhe direito assegurado por lei.

Requer seja a indenização fixada em montante suficientemente apto a coibir a reincidência da ré


em condutas tais quais a perpetrada contra a recorrente, sob pena de se agir de maneira conivente
ao permitir a impunidade de ato lesivo ao direito do consumidor e à ordem econômica.

Confiante nos reiterados acertos desta Turma, bem como no apurado senso de justiça que rege e
governa este Tribunal, submete a recorrente o seu pleito ao vosso prudente arbítrio.

Termos em que,
pede provimento.

Feira de Santana, 09 de novembro de 2018.

FULANA DA SILVA SAURO


OAB 000

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