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Lelia Gonzalez eT WT 2 a a) Lélia Gonzalez Carlos Hasenbalg tora Marzo Zex0 Limitada Lugar de negro COLBEAO, 9 PONTOS Volume 5 Dictre: ar. Jost sive ‘Tania Mena Mendes Daniel Ado’ Rel Filho Telipe fos Lindoso Projo Grifla: Dosh Rene! CHP Bras, Crtsiogsgto-ravorte Sindicelo Nacional dos Baltes de Livros, RA ‘Gonzales, lia. Lunar d2 necro / Lbla, Genztlon © cares Hesatbatne =~ Rio de” caneire are Zero, 1892. (colegis 2 Ronan : v.3) 708 ne Brasil 2. Negros no ogregayse 2. Problemss re- Hasonbalg, Care Ih” Tilo e520 iat it." séie cop — 208 5196081 22-0008 ou — S23.Tteter=96) (0s autores dedicam este Livro a: Brio, um raio de col ‘Olimpio Marques, um fuiador Candeia, sempre vivo Indice = Sobre 08 AULORES eee 7 — 0 Movimento Negro na Ultima Década 9 ain Gonzaer| O gale de 64, 0 novo modo econdnico 2 populagio nogre ar ‘Movimenio ou movimentos age? 8 Experitncias e tentativas ...0.,...00 2.2L A retomada politico ideologica . 30 © Movimento Negro. Unifieado cnt Discriminaggo Rectal .-.-.-.- rey — Rava, Clesse © Mobilidade ... 67 Cafes Alfsdo Hesenbalg © Extudo des relagdes raviais nos Estados Unidos n Relagbes entre negros brancos no Brasil 84 Kecimo ¢ desjgudedes rails oo Bras §9 Conclusio 38 Notas : 100 — O Negio na Publicidade 105 Caos ‘Alfredo Hasenblg Notas . us Sobre os Autores Lin de Almeida Gonzales. 6 conbecide mili tante dav movimento negro e do. movimento, das Imtheres. Professarn de Antropologia e de Cul Popular Brasileira, Hicenciada em Filosofia © Hi i6ria ¢ msstte em Comenicagio, Léa escrereu vie fies ertiges sobre o anciemo e participa de conf. ‘acias © seminérios, no Brasil e no exterior, eobre (9 negro e a mulher. ‘Carlos A. Hasonbalg ¢ profesor do TUPER} — Instituto Universitaria de Pesquisa do Rio de Jor heiro, Esoreveu vérlos artigos sobre as relagdos ‘vials no Brasil ¢ & autor do Livro “Diseriinagio desigualdades raciais no Bras”, publicado em 1979, © MOVIMENTO NEGRO NA OLTIMA DECADA Lélia Gonzalez O golpe de 64, 0 novo modelo econdmico e a populagdo negra © golpe militar de 1964 procurou estabelecer ‘uma “nova ordem” na sociedade brasileira j4 que, de corde com mgucles que 0 destneadearam, "0 toe, a corpse «0 cominsno” smeacivain © pe. Tratonse, enlfo, do essbeleienio de nite nga nn, economia mediante a cragao do que foi chamado de um novo modelo econémico em substi- fuigfo no anterior, Mas part que iS0 se ess, 05 malice determinaram que seria necessirio impor 2 pacifingio” da vociedade civil. E-a gente sib © ale dgeifica est tro, peificaio, sobretulo na Htéria de powos come 6 nn5s9: 0 silendemento, ferro e fogo, dos setores populares © de sua repro- sentagio politica. Ou seja, quando se 18 “pacifica- $0", entendase repre. Emits foram ae medidestorendas no sentido tira povn ordom dav cola. A supresio ‘prtidce politicos (cendo ARENA MeDB em sca Lagan, a caxeag do mandato de nie notes roprowontanice polos eo consent en- Iinqucsinento do Congress. Alim diso, 2 disrer ‘olds ig componotas a sapressso dar guerhas {rbnes, so prises, ae torre, esaparerieto ¢ os tanimenios consitulram 0 “pano de fund necessirio para o estabelecimento da “paz social”, i Os Atos Instlmucionats, que tiveram no. maliadado AIS 2 expressio mals acabade du ditadura, foram © instrumental privilegiado para que ela impusesse tras devis6es. E foi dentro doase quadro quo so par. tin pera a concretiragio do que fisow ‘conhecide Eo que foi que caracter'zou esse tal “milagre”? De acordo com analistas e:on6micos © polftcos, sus caracterizagio se constituia naquilo que eles chams- ram de “Triplice Aliansa”, ou seja, no “casamento entre estado militar, as multinacionais e 0 grande empresariado nacional”. E fol gragas a essas “nap. las” que se dew 0 processe de crescimento desse “harato” que a gente tanto diseute nos dias de hojo, ‘mas que esté eaindo muito care para o trabalhador brasileiro: a divida externa. Desnecessévio dizer que as massas, pra variar, ficaram completamente excl n, rorpeata dadot ao regime essravisin, Por outro lado, ue se pense nos “‘cilos” da economia e seus des locanientos (nio $6 dz populagio escrava, mas dos centros de decisio pelitica), sesim como nas cife ronges regionals que daf resuliarsm. Que se pense rho rdyeato da socledale hurguesa e dus relagSos ex pitalistas, com seus abolicionismos © republican moe. E qu tio ee deixe de pensar, sobrotudo, no 18 sagem: 08 “presumtos® (cadéveres) “desovados” [clos “jusiceiros™ da nova ordem, Vale notar TTo% desses “justigados” exam xogros. Disrimine cab racial? Era proaido falar dssas coisas nageeles vs de "railegre", una vez que se estrtaforao a [ic do Segurtiga Nacional por etims de subversio. Enquanto iss0, 0§ novos setores da classe médin Funcionavam como'suporte ideotdgico do “milagre”. m2 grande cuforle do “Ninguém segura est pals" eletiodomtsticos, carso do ano, tevé a cores, Cope 70, Iemios Coragom, compra de apertamento, do-casa ‘na praia, na monianha, disso, daguilo ¢ ‘mito mais. Ea turma tava que tava, muito orgu- Tosa desi e de eeu pats. Portanto nada mais natural slo que a geste ver, nos plisticos dos automéveis, expresstes tais como “Eraiil: ameo ou deixe-o”. Propepanda ¢ publicidade firmes em cima, fazend> calbeca; muito iso, muito britho, muita’ assepsia, ‘vito perfume. Muits fests, grandes camavals. .. Enquanto isso, dos subtecr&acos do regime, emens- ‘yan odoves pestilenciofs; acompanhedos do choro © Faager do dentes, Cusioss que provenientes de jo- wots dessa mestan classe média. Gabestos que as contredigSes internes do mo- ddolo viganto, alisdae & crite do petisteo, acabsran. gre". NRo foi por aeaso que sity”. E também nio foi por acaso que diferentes scones da socedade civil ccmecaram a desencadear ‘or processo de contestacto 2o regimes durante aque- le govero. Foran os estadantes que deram o alerta seal em femmos de movinenos & eangalas po pulares, 7 cariter eutoritirio ¢ rocista da soctedade brasileira fm geral, assim como nos diferentes mefos quc ela ‘om utlizado pata concretizé-lo. Agera, se & gente Jina tudo isso (© muito mais), uma pergunia se ‘ooloca: ser que di pra falar do'Movimente Negro? 1 cure que, re a gonte alata a perspectiva nus delineada, ne dé. Come nde daria. pra fal Jy Movimento de Mulheres, por exsmplo, No en hanks, a gente fale. Exsianente porque etd tla pace nanilo cue. oe diferencia de todos 08 Inwlmentos, ox sei ifieidade, $6 we wwe movimento, euja especifcdade 6 0 significin- fo negro, a, mais ow menos fun- Hs, tana ao 0 doesn e=pocifick. holo, Deve o negro assimiler e reproduzit tado 0 S curabrores? Ou 36 transar © que € afronezio? (Ou sewnae o¢ doe? Ou tor uma vidio eritiea dom Ino? Dove o magia Tatar pra veneer na vida attarés ‘lo sow esforeo pesteal para, dese medo, srover Iie 6 (0 enpex quanto 0 brinco? Ou hutee cor © Ficli onjunio da pooulacia noses? Juntanvente com oreimides? Ou nfio? Por vm x sociedade? Ou pela transformacko noun? Fe, etc. © tl... Os di rentes pos de 9 eren9 questies, © a mates eutras, acaba fa gonte-n friar de movimento negro nw) Movimento Negro, Peis 6 © «pee Fiea clan, # partie deseas coneideracdes, 4 ave ee exo refee Ema escothe, ave ant iis eon lend, Cerseatentimens, ovignard algurs tragos que consider’ imporian'es ari comprvensio do Movimento Negro (MN). E 9 onfeue aoado no detxa de explieiter a pers 19 rectiva de um movimento negro: Movimento Ne- ‘ro Unificado (MNU), © que se segue é resultante Ge leituras, papos, elgumes escritezinhas prépriss, slguma prética, assim como da entrevista que fi 4 fe6s companteiros: Hamilton (MNU/SP), sto (MNU/K)) e Faulo Roberto (Instituto de Pesquisa as Culturas Negras, IPCN, do Rio). srrande conircle por parts das “autoridades”. Que se avente pars a signficscéa do “pedir passagom” dos abreslae dos blocos © e:colee de sambs, Ne vvordads, clas sempre siverem que s2 submetsr regras impestas por tals “autoridades". Afina, quat quer eglomerogio de negros sempre & cncarada come exo ce poleia (vm exemplo bem préximo de nds referee a um famoso bloc negro de Selvador, 0 ‘Apaches; que e2 consulte os arals dequela cidade para se fer uma idsia da violencia perseguigto po- Vel de que foi ebjelo, a ponio de ter sido comple: temente domesticalo). Nao esquegamos, por exem que o templos das religides afro-brasleiras, oo candemblé, tinham que se registrar na por {icia, para pedorem funefoner legalmenie... De ‘qualquer modo, as entidades cuturats de massa tim ida de grande importinein na medida em que, 20 tranenvem ¢ cultural, possibiliarcm so mesmo tem: ‘de anna pritien politica, preparscors menos nogeos do cardtar ideo. Em suma, esses dots tipos de entidaces negras remetem-nos para dois tipos de escolha: o assimila cionismo e a prétice cultural. O prineiro grande movimento ideol6gico pOraboicgo, a Freate Negre Brasileira (1951-1958), buscou sintetizar ambas as priticas, na medida em que ata (0s dois tipos de di pra entender também 9 sucesso de sia mieblligia, Afinal, cle cconseguit trazer milhares de negros para os sets hnegra cada vex mais militante, a ENB ‘monie no grande contro ezenémico do pais que ers 22 Experiéncies e tentativas. No periods que se seguitr & abolisio, 0 nezr0 buseou Organizar-se em associagées que nds, de un node geral, nos habituamos # chamar de entidades. Hanilion Cardoso assim ar earacterize: Fae so comoatineias dicta de uma confléasia fants © movinento abalicionsta, as seciclades de Shula ¢ da aiorea e des agrpamentos culutas ne- {oe Seu papel € 0 de logtinnr e esinca do, ae. fo derlo de voclolnds, dante da legitaréo, Has ‘dnem 08 negres efleaimene, de forma indepen ‘Genta, pars praticaro lazer suas cults expec fas Hetonder no S08 Interior pequenss orpaniayies Tanslares de suds sdideredads, pare 0 dosnvol- simmento coi: Reproduzoe. em mts de sins ath doles sodas, or sistemas dominates de organiza Gio social, (-.-) Um os exenplos € 0 Clube Flow sta Aurora, Jo Rig Grande do Sel; extido do balxo fraice de repr, mas de tipo miitente no movie reno nego (981, 7.15). Dependento do tipo de at odemos eonsiderilas como entidades negras recrea- divas, com “perspzctivas e anseios ideolOgicas elitis- fas", ¢ eulturais ce massa (afoxts, corddss, meraca- tus,"ranchos e, posterlorments, blocos © expohis de sana), Estas Sltimes, justemente por mobilizarem th maceae, @ nosso ver, eempre foram objeto de 24 ‘© 6 Sto Paulo, Mais exatamente, na cidadle de Sto Paulo, estendendose para cuttas cidades do interior. Com fiso estamos querendo ressaltar 0 seu carter cmminoatemente urasn, uma ver que € © negro da tcklade que, mais exposto Be pressGer do. cistema Wominanie, eprofunda sua conscigncia racial. Por outro Indo, a indwstralizagao e a modern! racio, que se dio'a partir de Sio Paulo para o testo da pals, fario com que a organizagio politien td negro enconite ali suas Forgas de expresiao nits avangadas, Bem SP que se inicia 0 proceso de intapraggo do negro na sociedade capitalist, so- Ido nes anos trinia, quando a imigracio euro: pia € interrompida pelo gpverso Vargas. por sf famihém, gue e© compreende porque a PNR. com iuigee niin dos soteres mais alrarndos do oper. riado potista (emboro, a pent do sm mcha inter ho, & Frente Ney Seciatista Ihe fizesse oporicio).. Thpos 0 sea fechamenio exquante pautido palfien, Gh 1937, aceniuemse 08 rachas internos ¢ ela m0 Utrapasserd 0. ano de 38. © Estudo Nove, com 0 adores do Brasil", nso delxaré’ de sei Sbilizar a comusidide negra, grandemente deref- ‘ada, por sua Ieislagio trabalhista. D>_ qualquer ‘ado, ENB & um marco dos mais importantes, do trojeto de organizacdo politica do negro brasileiro. ‘As ettidades culurais, organizadas no mesmo cestlo das recreativas, mas que © proptcm um ‘hulher conhecimenio ott a wina prética eultaral mais olitizada, encostrario sta melhor expressio no Pevfolo pSeEttado Novo. Nese sentido, © grp0 {ae tebalhaya no tas impoctante érgio da impren- ‘a nega, o Clarim de Alvorede, ¢ eriedor da Frento 23 [Negra Socialista hi pone cit, reestraturen suas alividades através do Clube Neg de Cultuea Social © perfado que se estondeu de 1945 « 1948 cearacterizause, portanto, pela intensificagto das agitaches intelectuais © politicas desias entidndes ‘que, agora, tratavara da redefinicio e implentacio definitive das reivindiengSes da comunidade negra (© Teatto Experimental do Negro (TEN), no Rio de Jancizo, foi a mais alte expressio deste tipo de ext tidede. Sua posigfo ciitica em face do racismo ¢ suas pritcas, seu trabalho concreto de alfubetira Glo, informacio, formacio de stores e criacda de oqus que apoatam Fara a questo xecll, sgnifieou tum grand avango 20 proeosee de ongenizmtio do comualdade, O TEN inacgarou um importante pro- eesi0 que se estenderia pelos anos sestenta ai os dias atunis (apesar do autoexiio do seu fundador ‘Abdtes do Nascimento, nos Estades Unidos, « partir ‘dz 1968). Estamos felando do teatro negro que, nos ‘nice seienta, por exemplo, teve no Grupo Erokugio dde Campinas ima dio tune exprosedee mais qualif fides, no sentido de cfetuar tm trabalho cultural ‘uma perspectiva polftica. Vale notar que & também a partir do perfodo 1905.1048 em diante que vamos encontrar a pre. senga de reprcrentantes dos rotoree progresistay Trancos junto ts entidades nepres, efetivande um tipo ¢e alianga que se prolongaria, de maneira mals ‘cu menos constente, aos dias atudis. E nesse ponto, fa gente se pergania sobre a importizc'a do pape! ‘cerempenhado pelo TEN para alm dos Hmites de ‘comuiidade negra; cstamor nos referindo ao movi rreato de renoiagio do teatro raslcio, «partic ey Caderos Nopos mara pase deckivos para nossa vaonzgao © revue owss vig inci Ce ts Son fs ry enscan defocus Ar ferns de ely soreopees tt, for, nad polo mal se um ‘aco oi eo se seman Sn eb de exprende nga Aaul we tata fe fit defn dea tres Uo ovo nego. A poe fone verde testamnim oss Tempo. Tesi 975,90 ss posebolaa es eon do eins que nos preparative moras a Sins Be comondag, | Cader Negres rps Eemno mals um snl dows tempo de Aiicscanc fia’ opie pra ura vids meow enese smo, fares da nerd, gel pose rm ost, pa da tur eomta @-exploraio sal em foeos 0 nives, ba aul sce ot nas songs Tnagom da Aes en Regen dsendo que ‘ohrervat s nevbe vet a dsgnolam mua draenei, tend em sn tnioro iv se edstnee sine ott poo, amon dls da geagio sir dunnie oe anse 0) decor sss tates nero uno aba re cones ie fra vem do mato aatns por ino, Carman Nop t ‘ine tain tow ie ea neh mao terre Hoe nos jtemor com conpaahles nese travao de lvaradarte as semester da eonsinca paras veins democica rach (08 AUTOR Ecoum neste texto sonoridades que nos reme- ‘em as vores de wm Frantz Fanon, de um Agostinh Neto, de un Amflcar Cabral, de um Malcoln X, de um Solano, de um Abéias e'de do 0 que eles ree presentem, Viviase, nausle tempo, a recente cre 25 dos snes cingienta. Alem disso, nfo se pode deixar ‘de renordar que nio fok por aces0 que um Florestan Femnandes, por exemplo, tenba inicindo suas pesqu sas sobre © negro nase peciodo ‘Ao lado do teatro nopre, a pesia também fot ‘uma das mais vigoroses expressoes des elites negras Eaquole fase que, sem perda de continuidade, mar fou aonovae geragses. Solano Trindade de’ certo ‘nuda sintetiza esses defs aspectos, tanto pela ering tio seu Teatro Popular, quanto por sua extraordiné tia prodvgdo postica. Afirmagao de identidads cul- fanal e dendncia da exploragio dos oprimidos cons fitafiam a temétien de poesia revolucionéria de So- ano. © movimento poéiieo nogro dos dias de hoje hap perde de visti a perspective de que recismo & texploragio sécinecondmica esto muito bem art: tclados. quando se trata de limitar © reprimir a co- Chunidade negra. Vejamos o que nos diz esse verds- dlizw manifesto qve 6 a Apraseniacio dos Cadernas Negros, em sva edigio de langamento, datada de 25 de novembro de 1978: [A Aiesa est se Ubenand, J sta Bila, um aos neces vets posan, © m6, braezos do og ffrizana, como esto tans o liniat de um sove tempo. Tengo de Abvcn vila no, sn jsta © mals Ewe 6, imple dos por ela, renueeror nrancando as méscarae ‘reacts, pento fin. A imiasie. Descebrimas 0 lara fem evel qie 198 pokia © esanes asaumindo fone neguim felt fore. Eamos Impandb 10350 ‘pire dia ices que nos enfracuscam © que 66 ‘vem eos que nor querem dominar © explora. 2s io do Movimento Negro Unificado Contra a Diser- nninagdo Racial. Algor da contsibuigfo das entidades euburaie, vale reesalar que se ontidadee negias de mass, ‘spssar de todae a (entalivas de manipulacto por pare do Fitedo Novo, continuaram seu projeto. de Fesieténcia cultural. Ese nes remetemos ds escolas de samba, por exemplo, constatemos que sua pro- duck nia deixava de expressar a resposia critica da omunidads regra em face dos daminadores. A puis sa de exemplo, vale recordar o que Candela e [snard os coniam 2 respeito do desiile de 1940 da Por ‘elo, eujo enredo era “Homenaer 3 Justia”; como samba de Paulo de Portela nao foi bem enssiedo, “es companeates muderam o seatido das palartes trceando “Salve a Justice’ por pau na justign...” Fsse alo falho cznos muito mais scbre o que seatia ¢ ensava a somunidade do que todos os temas de fenredo.qee pintaram durante © depois do Estado Novo, Segundo os mesmos autores, fol a patti de 1955 que clementos da dasse média branea passie ram a fregiientar as escolas de samba. Como jé vie ‘mos anletionmente, tratarse-ia de represeniantes dos soteres progresistas brancos. Dat pare 05 anos fesienta, comecaria uma série de mudanges nas condigoes materials de vida da populagio negra, como jl vimos (desiocamento do campo para 2 ck dace, ete, © golpe de 64 iimplicaria na desarticulagio des elites imeloctuais negras, de um lado, € no process {ie imtogracio das enlidades de massa’ numa perspec- tiva capitals, de cutro, As escoles de samba, por exemple, caca’ ver mals, vao se trunsformando em a empresas dh indistria terlitica, Os antigos mesties e um artesanate negro, qu antes dirigiam ae ative des nos barracdes das escola, foram sendo eube- tituides por artistas plistcos, cenSgrafos, figurinistas ‘atc. ¢ tal. O cargo de presidente de als transformot = numa profissio lucrativa com a venda de fanta: ‘sias. Os sambes forum simplificados em sue estret: Fy, objetivando nao s6 0 fato de serem facilmente ‘aprendidos, como 0 de poderem ser gravados num mesmo disco, Os “nego yéio" da Comissio de Fe! (6 foram eubstituldes por mulatas rebolativas e te. suas. Os desfiles troneformararn-ec em espeticulos fipo teatro de reviss, ecb a direpio de uma nove figura: 0 camavalesco. Levanteramse arquibancados pra ros, pobres e remedindos, sutoridades e povo, nacionais e estrangeires, com a venda de ingressos nos respectivos precos. Tudo isso eom a rresenca de Jornalistes, fot6grafos, cinegrafistas ¢ cimeris de tevé durante os desfiles, Estes, por sua vez, passaram ‘se dar segundo novas regras e horitios rigorosos. ‘Afinal, tempo € dinero... © regine militar nfo deisox de ce heneficine ‘por af também, Retomendo o populismo inaueureda por Vargis, itia aplicé-lo so seu estilo proporcio- ‘pando estimulo a novas eseclas (quanto aa prime'ro sgtapo) ou reforgando as mais antigas, Na verdade, le sacou a importincia das formas orgenizativas cencontmadss pela comunidade negra, enguanto en- ‘rogue & prdptis sorte (0 texto de Cindeia ¢ Tsnerd nos dio um bom exemplo disso), © mandou ver. Quem ago 22 fembra do primetro deefile da Beja Flor no primsiro grupo? Seu samba enreda era ima cexaltagao 20s efeitos da “revolugio” de 64 28 A retomeda politico-ideolégica Disiemos que so clios intolectuais nogins fo- ram desariculadae pelo golpe de G4. De feto, O autorestlio de Abvias do Nascimento, enquante f- ira das mais representatives, vendo a mals, de todo ‘un trabalho desenvolvido na’ fase anterior, confirma ‘eque dlssemos. Sem nurce abandonar swe miitincia, ce inia encigucet1a no exterior, continuando sua dendncia dp racismo brasileiro (aesse sentido, vale Info eiquccer que suas acaloradas discusses com cexiludos brasileros muito contrbuftem para qu etes, além de outras experiGncies vividas 1f fore, retormassen: ao Brasil com um royo entendiments ddr questio negra). Enquanto iss, por aqui, a repres- io desmobilizoa as liderancas regras, Isneando.as rnuma_espécie de semiclencestinidade isolada das ‘orgenizagdes propriaments clandestinas (sabemos hoje que Foi pequeno © mimero de negros partic: antes deseas organizagSes; princ'palmente no atte se rofere aos que militavam re Movimento, Negro), ‘A turma 26 se encontrava socialmente para bivitar © falar de generalidades, Mas a vegadinha jovem eo- mecou a atentar para ‘cerlos arontosiraentes de en- iter interracional: 4 lite pelos direitos civis aos Extados Unicios ¢ as guerrss de libertacko dos povos negroafricanos de Tingus portuguesa. Vajomes 0 que ‘08 dis um dos nosso inmios, eompanheira de lite 30 ‘yom 9 PIS, 0 PASEP ¢ também o FUNRURAL/ Levande ao omen do campo a soguranga total. No hhveria muita diferenga entre esse enredo™ © ie dn Towel, em Yat (Dez As de isi, UM pomenagem & Revolugao de Tent), ew einda is vette da mira Portela, em 1951 (A Velie {Tle Prdig, em horienoper & vlts de Vargas 2 ae) mes oxiete uma diferenca, de cardter Shaltatvo. O eveseimento da pepulagio nesta, su trsior concentragfo uibana, as rlecdes, capitalists tin todos of mives, a infistra cultural/cultura de fnasias@ maior controle, ms tambem uma nove Chseitnla quanto hexploragio econdmica,. 29 (ent no ra bro mea de He isp i ml at ae eon il doormen dn ton ses fated OS {iat te qs me chase mete a ae, n> {Ey Sn anos ct def © de Sa aw tom cro ¥ mee n+ aise oc een iv mi Snot Ent issue aren oe he ena oe ‘Spectra fe wo cam asm yew. dune tee eel ssa ng pipe Seal nha pense prod ema fn enn rem sp fg conte ta Sh ma se toni tak com em F 6 no info des anos setenta que vamos ter a retomida ¢o teatro negro pela turma do Centro de Caltora e Arte Negia (CECAN), em Sio Paulo, 0 lerta getal do Grupo Palmares, do Rio Grands do Sul, pare o desloeamento das comemoragGes do tre- ze de meio peta o vinte de novembro, ete. No Rio de Janeino, erxuanto isso, osorris tm fendmeno novo, efetuado pee asa negro anion re & 2: suniéade negra jovem, dando sua resposts aes me anions e exclisig qua 0 ssa the impart. Ystamos felando do movimento “soul”, depois bar t tizado de Black Rio, Vejanos depcimento de al- frum que del participous Go.) Embote 46 chegase alguna coise no Bmsi, vavée doe meior de comunieagio de races, 0 fol featendido como eos neqra, a partir de 71, por at [Nessa época, eu andava milo’ pelo subirkio e id Inia exes to do ball, Ainda fo era exaiamenie ‘como ele apareceu para 0 grando pile, mat }é ert (© embrigo. Eram Beles que tocavam muito James Brows, por exomplo, Un negécio que 0 pesoal “uit” Toute tinha mals ow menoe @ mesma ee traturt, Parese que sirgia a pari dos dieotecicios “Big Boy” © Ademis que promoviam, nos subisbios, bales © concarsoy de dines. B 9 pessoel eonscnu Aangac bam. Isto, elie, €um dad Inporante: quer ‘inga bom 0 “soul”, dange bom @ samba (.-.) De repent, o pessoa porceleu: “Bom, a6. 9 “ig. Boy" pode faze 2 equipe dele. cu tambéeposso mo eh Decialzar sso, panhar dihiro le." Cemecsen, en: ' surgir equpes de ness. (..) realmente hi lun’ dado We sllenagto, hi eae sspecta de tates fue faz parte da cols teda. Mas. ao mesmo tempo fem que existe ese dade exist também um Tor Innporiante, que €0 da aphitugio. G- Ne momento fem que st pole pereber"jé qu et pos me nie pica fave: iso, Gu posse me unir para fezr uma eis mals postive, lo w tena importste,B clare nem todo mundo faz ess pesagem (Carlot Al tato Meds, en enrovin di a Arto, Joma de Cultin, p. 1214, Ano Il, no 10, ad) Interessante notar que o “soul” foi um dos ber- 08 do movimento negro do Kio, uma vez que a rmocada qua is ace bailes nio era apenas constitu ,_da de trabalhedores, mas de estudantes secundairios 2 iepicos segundo modelos tradicionais Nagé-Yorw bu), reerlagzo de sfimbolos ¢ arte popular, fot org zado por Juana Elboin des Saates © Mestre, Didi (© Aasogbe Meximiliano M. dos Santes, do Axé Op6 Afonjé, éo Salvador). Atos do chogar 0 Brasil, cla fora apresentaia em Lagos, Acre e Dacar na Aftica, assim como em Paris, Londres ¢ Buenct Aires. Ag Semanas foram decisivar para © movimento negro ‘Vale agui um poqueno comentitio. Interosean te que o MN do Rio teve dias fontes de criger: de um Indo, a comunidede negra, ‘dando ciéncia” fde como receben ot efeitos do movimento negro norte-americano: do outro, uma iniciativa oficial, académica, transada nf em termos de “Oropr, Franca e Bahia”, mss, ac contririo, via "Bahia, Airica e Oropa’ ¢'com muito axé.em cima. Pois € ‘A partir das Semanas, a “tivrma” entrou em contate com o Afro-Asiético, e passou a se reunir ‘en suas dependéncias. Durante o decorzer da sems ne, encontravamse duas vezss para preparer dois tipos de texto: um, com 0 noticidrio a respeito de tos de discrininagio , outro, relativo ao petfodo précolonial na Aftica. Aor sdbados, reuniao geral para dscutir os textos, na bate da dinimice de grupo. No domingo, tave todo mundo na Noite do Shaft “no Renascerga, A cada reunilo grupo crestia Chegou a um ponto que as mulheres passaram ‘se reunit soparadamente pors, depois, todos so r0%" srirem auma sela maior, ondo co divcutia oo proble ‘mas comuns. & claro que pinto muchiomo e ps temaliamo, mat também colidariedade © eatendi- 4 © universitérios tembémm. © fato é que a negrada jover da Zona Norie © da Zona Sul comegou a se ‘cruzar nesses bailes, que reuniam milhares de pes- ‘sors, todee negeas. O fendmeno também ¢e ester. dria para Sio Paulo; e se a geate pega um dos rimeros do Jornegro (Ano I, n.° 2, maio de 1978) fe 1 a entvevista la negadinha (18 a 20 anos), @ gente v8 uma coisa, « isin essencial, ela nfo & nada: (odos afiraam, porque o vivenciam no seu cotidimo, a existéneia do racismo © suas. priticas Vale notar que 2 reagéo do “grande piblico”, em face do soul. foi de surpresa e tenor (mes a policia sempre esiove If para garantir a “ordem"); enquan- to isso, a inteleciualidade progressiste acusava-o de alienaglo, dizendo que erioulo tinha mais é que dangar sabe. . Ainda segundo Carlos Alberto, © Renascence CClubo inaugurou seus bailessoul com as. famosas [Nites do Skait, pento de enconiro da turma que artculou 2 movisiento aegro x0 Rio. Neese mesmo ano (1974), 0 Centzo de Estudos Afro-Asiticas, 2 Sociedade de Fstudos da Cultura Negra no Brasil (SECNE, de Salvador), com « colaborajao do Mu sou do Aste Moderna, talaaram as Semanos Afro. Brasileira, no periodo que se estendeu de 30 de miio 2.24 dz junho, com exposiylo de arte afto- brasifera, expetioncias de dasgas rituals Nogb, de inisiesssera, popular e erulitasfr-beasiia. Tudo isso acomparado de semindrins ¢ palestras, com a presenga de 6 mil pessoas, vindas de diferentes bai tos e camadas socials do Rio (Cademnos Candide Mendes, Estudos Afto-Asiétices, Ano Ten? 1, jon/ abn de" 1978). A exposigdo po- ikea, mas um trabalho prncipainente euluralista, ‘Asko que um grupo que sinta poder econtmico dentro da eztidace © que, de ceria mancira, era siaorie na diretoia; ese grupo, conseqienmente, poleria digs ojeivanento emidade porque co- mo fodessabsmos, algunas previdénses waved oF fizicional dopendem de ctruura famecira jra poder fuisonar, Eno ese propo. polo sample fo se tiles de ee exon ‘monte cultura, que nos atrapalharam pra coco no Rio de fanexo. H ests tei foam 0 ue? For remplopromorer stows, stowziho do arvst Pu Jano de Tal agi, tasinbo aly sate, ewe alpo de fovsa fok muta nepatlvo pra shidede, Num cate spec, a gente toe un Geeste pollico; nfo am fdeqgsté a no da comanlJade pore, até ple eur trata 9 gunte anda mato pele Zom Nort magus oe 8 vii bales, ented ov shegues, sels coajents habitaclom prcsnge nation Tupate, maior grapes foram etndos be perfor. B cscs grape, aa sm grind maloia, {etarum se gor da teatro ou de danga- Mas howe tim dvegatepolf'ca malty grande nesta 9. POF oats done grape que © leguray Wbclgieamente De qualquer modo, 0 trabalho desenvoivido pelos elomentes mais coerentes do IPCN em seus inerantes”, resaliati, em 1976, na cria- io de uma outra entidade: 9 Centro de Estudos Trasi-Afriea, Inalizada em Si Gonealo. Ainda em 4975 (noverbro), a questo negra passava 2 ser formalmente disaitida na universidade: o Grupo de ‘Trabalho Aadeé Rebouses realiava: sua primeire 3B si”, ou so, “chamar Bs falas”. Pois € ‘mk is reunides do Afro-Asifileo. Distamos que 0 grupo cresca, Sobretdo no aprofindameato do nivel politico das discusstes. Nesse momento, setembro de 74, 0 grupo transfor- mouse cm entidade, a Sociedade de Intereémbio Brasil-Alrica. Meses depols, surgiu um racha em ungdo de divergéucias quanio ao método © 10 onde esenvolver um trabalho conezeto. O- grupo dissi- lente, que sais, preferia desenvelver um tabalho iz Zone Sal, exguanto o pessoal da SINBA defen dia a toxe de que se deveria portir pra Zona Norte. Vejamos © que nos diz Paulo Roberto a case espe ‘Mas, yolte- (3) € exe pessoal que fison pro tado éx Zsa feidos e‘cnsonirando com outro. grupo, meio el tterdg dy Zong Sul que era cx faeonoe sores da {TV Globo, mio eram tolor sores as hava un fea iso aloes de ela = eg om {cos neares ue se rata ne Zona Sul (ares ontonde, gis, elfune slomertor era preisioenis ithe tambén-da Zana Su, no ebactamento. de tlgumas fescue. Ear acaharos envontrendo ee ir Opinio, Exatmente por ease de fin proiena que lhe piatado na Rede Globo, 3 Dewlin dace novel ==" Gabriela, crave ¢ felt "— onde "Vers Manhies, maulker da" Ane ‘Brie Pama C..) ‘egelhita, ara papel, fc peer {hoo peoeal floss pe fe cocaetras © Foire na ane de reenies 1k no Testto Opinio. E aeabeu surgindo dat 0. IPCN, Inaituto de Fesquist das Caltsras Negas que, eu paiticilarents acho, fl um exfemismo que 2rcon- tramos (_-) fare ctlar ura entdade que procurase 6 isbalhar @ nivel cull, mas que padese ‘2 une entidade de motilasgio polica do nesro 3h Semune de Ratados sobre © © Negro na Formaso Social Brasileira, na Universidade Federal Fhumises- se, reumind> professores e pesculsadores nas mals diferentes drs, espocialstas na questio negra. A 8 de devembro desse mesmo ano, un grupo de com postors,sambita, pessoas ligadas 20 samba e sob UE lidsranga do. Aniénio Candia Fito, fundavam 0 Gieinio Recreativo de Arte Nogra © Bezola de Sam be Cuilombo. Olto de dezzmbro, dia de Onan, a dleasn das dguas doces.... Reproduzames aqut,'«s divttines bisioas deise agremingdo que 0 £0 pre tende apenas uma esccla de ssinba, mas um centro de cole next: tea cena, Fimo cob fe Reset miose wads, Tage sm Se ego. Humo'a era: Nip ai oe Sie ewes eon oats, No fox ma fiks"p tuo no che, Tea cera da vis Mintalpomas ctio aterm Beco com cued Rea dss poten cosbora. Ninguem pod ings iso, Dow yo vga de Tei fhunde. sels A sibedecia mou _sosencol, Sia Sou ou radi, Prtendo, apenst, sabvguardar 0 Qs rota de uma caltrn. Geta bem ato, exale Shido um sista que cals vores importantes © Det ‘ihe qur_cutan, stabvence afte, falem_ auando tom uondn, So rere, Ng alo, te false Nio alms déran,Fago questio de nio vitae Sthiomis, Tenpotco pilin Néo atubia a meu Some 0 dosesiogo safixo "ip". Nadi de Foxjadae © imal fete eopecilayes BterSsas Deo os compleros {Bras B observagdo dos Vereadiros intelectual, 39 1s povo, Bast do complceses, Fumio o bio des coises simples gus me sedwzen, ‘Guero sai ples runs dos subisbios com mishas bal. ns cendadss, sanbando sem parar. Com mnha ee- rissio de frente digns de respste, Intinamente F- ado te mishasorigene, Antics plistios, figvinists, corebarafys, depen ‘menos caters, profisiomls, no m2 iniomoden, por favor ‘Sinttiza um mando migico, Eton chegendo. Em 1976, eu mesma inicieva o primeira Curso de Cultura Negea no Brasil, na Escola de Artes Vie suais (no Parque Lage), justameate no memento eit que, gragas 2 sua nova e jovem dlrecdo, aquela Institigao se renovava, Reunindo artisias ¢ intelec tuxis progressistas, caja. produgio implicava numa visio criti da redlidade bresileira, a EAV tornou se 0 maior espago cultural do Rio de Janeiro naque- le perfoda (tanto que sua desativacfo fei determi. anda a pariir de Brasilia na inicio d> 1979, com o Mestamento de sua disso) Alémn do curso tedrioo (que em veguida ve arti culou com outros do's: um, de dangas afrobrasilel fas ¢, outro, de capoeira), que visava andlisur as Instituigdes ¢ cs valores cultures nepros, assim como sue preseaga na formayao cultural brasileira, 0 es ago da Escola também foi abero para a expresso viva de artistas e inielectucis negros. Derante tees anos (76, 77, 78), no més de novembro, realizamos exposigies de artistas. pifsticos, apresentapdes. de ‘rupos de danca e de poasie, exibico de filmes, se- indie, langarventes de Livres, expetseuloe de i Carios ete. As discassies se dariam em toro de tums questio fundamental: crisedo e um movi- nnento negro de cariter nacional. E fol assim que comegaram a ser Tangadas as bases do. Movimento Negro Unificado Contra a Discriminagio Racial, 0 ‘MMU. Sta criagd efctiva, que se daria em junho de 78 em Sto Paulo, com Yeremos em seguida, rest tow de todo um trabalho os setores mais conse gjicates Jas entidades carioces e pauilstas, empe hados warm Tate plies comm. Vale dicer que 8 fandagéo do MNU nfo contou com a pariipaqio de nenhuma grande personalidad, mas resuttou do ‘eforco de una neprada andnima, desis novas T: derengasforiadas sob o regime ditatorial militar. sice ele, © mais significativo de tudo isso foi 0 espf tito de wlidariedade ¢ colaboracio nio s6 dos amie po ¢ coleges de EAV (que, juntamente com seus fluios, aidaram na realizacfo dos eventes) mas dos infos ¢ conparheiros de Olorum Baba Min, do IPCN, do CEBA, da SINBA, da Zona Norte, da Zona Sal, dos subirbics, des favelas e até mesmo da Africa (0 eineasta nigerian O14 Balogom e 0 cantor angolang Sé Moraes). Em 78, um dos eventos do que entio chemavanos Cielo do Negre-Homena- sem a Zumbi, foi um expetéeutlo de misica ¢ poes pari o qual convidamos numerosos cantores, mési cor e atores negros. Interessante netar que, dos ato tes atrizes convidados pura pariciper, apenas dois ‘torse compareceram ¢ deram sua colabcrarfo; o¥ ‘domais, ficaram com modo da "repressio” e 08 scusaiam de 1acieais, Exatemente porque, a esas altures, cram cs membros do MNU/RJ que estavem | fieate da organizagao dos eventos. De qualquer forma, o espeticelo foi um sucesso, dad qualid de ds textes e das misicas, Reportamo-nos a esse {ato justamente porque nos perece imporiante una refletio sobre un certo tipa de negro que a geste, hoje, chama de jaboticaba (preta por fora, branca por dentro. dk as com carog que’ nio di ‘pra exgolie). Falaremos do jaboticaba mais adiante. oj tannbém em 1976 que #» inielaram os eo tatos entre © Rio e Sio Pavio, em termos de movi mento nogre. A turma de Sio Paulo tomou coohe mento do que s© pessave por equi, atzavés do Bo Jetim do IPCN, 2, enido, pintou por agui pra levar tum papo. Este fol o primeiro enconiro de uma ‘erie que se reallzaria em Sto Paulo, Rio Claro, Sa a © Movimento ‘Negro Unificado Contra @ Discriminagéo Racial (MNU) Vejacos, através de seu primero documento, ‘como s¢ dew a criagio do ento denominalo Movi mento Unificado Contra a Discriminayio Racial. ‘Tratase da caria convecai6ria para 0 ato piblice ‘contra 0 racism: [Néey Eatiador Nopes, runides to Centro de Ccaltira'® Arte Negra no dia 18 de junio, resclvemos rar um Novimento na sentido do defeodce a Co Inunidade “Afrofratelm sonia a secular expore fio ral e devrespeto hutaso a que « Comunidade S tubmatige "Nin pedemos mais eal. A diseimingcto racial 6am foto narcante ma sockdale bras, que bare (© deeenvalimenta 1a" Considide Alrotraikire, ‘ato a slma do hone acy sta caprcldade de Tullio como tor humane. ‘0 Novimento Unifeado Contra a Disziminacio Recil for eriado para que” os czeitos dos homens pagres slam respeitidce. Como. primcra atividad, fne Movimento Teliaré am AD Pulilce conta 0 Ricieno. no dia 7 do jlko 2 1630 hovee, no Vie duio da. Chi. Ser objeive seré.protesar contra oS Stimoe econicelmenor dicrmisatires conra ne (gon, amplemente dirugadas pelu Imprensa ‘No dia 20 do abel, muna deegacla de, Gaal nes, mia un nog fl merto per eta. das tor {tne plicie, Pe. negro erm Robucn Silveira da lez, trabalador,esiado: © pal de fins. No Clube 6 Carlos ote. Ax discussses se dariam em torno de ‘uma questio furdemental: a eriagéo do um movi mento negro de earéter nacional. E fol assim que ‘comegaram a ser Iangadas as bases do Movimento Negro Unificado Conira a Diseriminagio Racial, 0 ‘MNU. Sus criegdo efstiva, que se daria cm junio de 78 em Si Paulo, como veremos em seguida, resul- tox de tedo um tabalho dos seiores mals conse: fgbentes das entidades cariocas © paulistas, empe- tbedos nums Tuta politica comum. Vale dizer que 2 fundigéo do MNU no contou com a parteipagao de nonhuma grande persoralidade, mas resultow do esiono de uma neqrada andaima, dessas novas i- eranas forjadas sob o regime ditatorial militar. Surpresa ¢ emocionads, disso-the que sinda nfo tinka um trabalho publicads digno de ter meu neme 20 lado daqueles “cobras” (afinal, um artiguinho aqui, outro acold, ¢ dz tempos em tempos, nio sig- nificaya nade). Ele retrucou, dizendo que sabia :naito bem do trebalho que eu vinbe realizando “por "¢ que isso era te iinportante quanto os livros fo ai, entio, que me incumbiu de represeniar a’ Quilombo no Ato Pablo: arta o que vues diga, que cu assina embaixo"”, Pela primelra vez, para mim, alguém me fazia effet sobre a respoasabilidede que se cem quando se co eft umn trabalho “por af"... A 16 de novembre dagucle ane, Candeia troeou & sca sitsagio de com pauheiro de Ietar pola de cncestral (ov sea, falocou, fogundo a exipresit tadicional). E os jé enti com. panhetror da Oxilombo me indienram para resumit ¢ dlscatit com os membros da Aln dos Compositores © earedo que cle escrevera. Nei Lopes © Wilson Mo- relra (essag dans “feras") tiveram 0 seu sambaen- redo escolhide como © melhor, dentre outros muito bons. E num trecho do samba, cles dizem: “E os quilombolas de hoje em dia/Sio cardeia que nos alumi Além da Ocilombo, 0 Renescenes Clube, 0 Nas leo Negro Socialista, 0 Centro de Fstecos ‘Brash Asien (CEBA) e 0 Instituto ce Pesouisa des Cult ras Negras (IPCN) foram as associagGes carfoces ‘que apo'aram 0 novo movimento ¢ essinaram uma ‘ota conjunta de solidariedade que foi remetids para Sao Paulo. Enquanto isso, naguela cidade, como vie ‘mos, ocorriam as primetras defeogces, determinacas ipelo yelho temce da repressio ¢ pelo alo menos 46 ‘© Movimento Negro Unificado Contra ‘a Discriminagao Facial (MINU) Veinmos, através de seu primeiro document ‘como se deu 1 criagio do entio denominado Mo mento Unificado Contra a Discriminagio Raci ‘Tretase da canta convocatiria para o ato pit contra 0 racismo: és, Entdados Nera, renin 20 Ceo de cata Ate Naa 9 Ss 1 do fn, rolenos Sear ovine no wie Ue tae Co. Stunichd: ‘Anetraicra comes sear exis Gov ¢ cere honano a guon Comunidade Prac No podence acl. Ad am fav penn soils War ee bara Sducnhinento ds Conwnidse Afra des» slne do horom mo eS sapoiats ds ‘lrg como te bana Ghee Unie Cons « Dicrminago Rast for emo’ ere gee o trios con hams Raper wlan remetsior Como pres. viedo tho tne Ter? wn Avs Plc sont lise do Cht Ser chive sd not cnn oe Sita” semicinentn deinen cot 9 fre ansamenty dleces pele inte ‘io de a ie nan dpa och na on fl mr por send {in paca nego’ om Rebuy do Ur aban, astdore pot do fiw No Clb ® 580 rac vetho temor do comprometimento. Argumentavace {que um ato piblico era algo de muito sério e, no caso, até mesmo temeririo. Felizmente a lucidez e a emer dos mais decididos nfio se abateu diante de tals receias. Cabs aqui ume referencia quanto @ una coas- atasdo de cariter pessoal. Na verdade, # oportuni- ade de poder ter participado de um evento muito ‘importance, a nosso ver, para a consolidagio daquele ‘movimento que viria a surgit em S80 Pavlo, A con- vite do Departamento Cuitural de Prefeiture de Sil- vador, dirlghme para aguela elJade, ma primeira semana de malo, pare dar um curso cujo ilo era: “Novente anos de aboligio: uma reflexto critica”. ‘© entusiasmo dos debates com aquele piblico emi peniemente negro € Jovem, deu-ne a dimensio do ‘gue estava ocorrendo coma moyada negra em l- ferentes pontos do pals. Representantes do Gruso Malt, do. Centro de'Estudos. AfroBradleros, assim como de blocos e afoxés de Salvador Id estavam dis: ceatindo ¢ reivineicando, denunciando ¢ se posicio- rrando contra 0 racism. Chegamos a um ponto que tive que adiar a viagem de retorno ao Rio para que pudéssemos melhor aprofundar a5 discusiGes. O re- sultado desse encontro foi a eriagéo de um novo grupo, constituid> por membros dos _antetiormente até 49 Yor clta © documento acima reproduzido. As Iégri- nos o impediem de Fazio. Marcowe fundo o set esto de eaxugi-las na manga do paleté, passando 0 Jnag0 noe oles. Dia seguinte, os jomais noticiavam em mar- chetes de primeira pagina. E estivamos 10 nonage simo ano apds a chameda sholigéo da escravature, Retomanios ao Rio, apos a assembléa de ave: tinea do Ato Piblico,’ Resnimo-nos, entio, para discuti as propostas que levariamos pars a aster gia que se rellzaria bo dia 25 de julho na capita paulisia, Dentre as propostas que levamo:, destaco tuna: a que propunha o aeréscimo do siguficante repro a0 noms do. movimento, Daguela data em dante, pessamos a ser 0 MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO CONTRA A DISCRIMINACAO RA: CIAL, Nesa mesma assembléa interestadval (SP « 1), reunida nas dependéncias de. ACB, continua tom a piniar as divergéncias; os setores mais con servedores nfo defxavam dle demonstrar seus receloe en fave das propostas mais avangadas dos sefores Progresists do movimento, Desneeesstio dizer que ces comeprvam nx afatar do projto com que ot huviemos comprometido. Apis ealorosas discusses, fi cleta uma Conissio Proviséxia que se encarre aria de elaborar 0 aste-pojeto dos documentos Disieos do MNUCDR: Carta de Prineipios, Estatito e Programs de Agio. Dias dopois, segufamos para Salvador, Abdias eeu, ¢ fim de eolocarmes os irmlos daquela cidade & par dos acontecimentos (também eles haviam cenviado sux mogo de apoio ao Ato de 7 de julho), st Sua adesio foi imediata, assim como seu compromis- 0 de comparecimento b Assembléia Nacional a ser realizada no Rio de Jancito. L4 pslos fins de agosto, tum grapo de intelestuais negros do Rio e de Si Paulo seguiu parm Belo Horizonte, a fim de pa par da If Semana de Estudos Afro-Brasieiros, orga- hizada pelo Instituto de Histirie ¢ Are de Minas Goris. "Todee, & excep de um, pertenciam 20 MNUCDR e, dentre estes, dois eram membros da Comissio ProvisSris. Ao regressarmos, j6 tinhamos consegtide a adesio de um casal negro, que 36 «0: ‘carroget de eriar o organizar 0 movimento noquela sidede. Minas Gerais. também se comprometia « comparecer & Assembléia no Rio. Exia dltima foi realizade nos dias %, 10 € 11 le setembro, nas dependénctas do IPCN. Precentes, tas dolegagées de Sio Paulo, Rahia, Minas Gerais ¢ Espirito Santo, além dos ceriocas e fluminenses. rom cerca dé trezentas pessoas que ali esavam para discutir ¢ votar nio s6 os documentos bésicoe Qo movimento, mas também eleger a Comissio Fxecutiva Nacional e caractorizar a, posicéo do MNUCDR em face das eleigdes de 15 de novembro. ‘As discusstes foram profongadas © cansativas, ‘uma vez que posigdes diferentes insstiam em defen- er seus pontos de vista com todas as forges. O grupo fluminense, gue jé a 23 de julho ameagara fo afastar, reticouse praticamente nos prineitos ‘momentos em ue se iniciavam os trabalhos. Pas- ‘samos todo 0 sébado discutindo e votando o estetu- to, No domingo, foi a vex da carta de principios © ddo programa de agio, © acirramento foi de tal ox- “dem que quase o pau quebrou. Um dos grupos cujas 52 primeira parte, nuda fizeram com relagéo @ segunda, Exceto alguns’ belos diccursos (© que a gente j6 previa). q Vale recordar aqui tim fato muito interessante, que nos remele & ideologia do branqueamento. Como te sab, ela consiste no fato de os aparelhos ideo!S- icos (familie, escols, igreja, meios de comunicacao tc) veicularem valores que, juntaments com 0 mito ‘da democracla racial, apontem para uma suposta superioridade racial ¢ cultoral brance. Vale notar ‘que & justamente por aj, por essa articulego entre O mito € 2 idoolegia, que se deve entender 0 cardter isfarpado do racisni & brasileira, Dai se segue que pessoes regras (preias ou mulatas, porque di no fnesnio) Intemalizam tais valores © passam a ee no- gar enguanta tais, de manera mais ou menos, cons- ‘ente (0 mesmo scontecendo com as pessoas “bran- 8", sto €, aquelas cujos tragos revelam usa a3- cendéncia negra, mas que sio vistas como brancas; ‘Abdias do’ Nascimento as chana de “branoGides"). Em suma, elas sentem yergonhe de sua condigso ra- cial e passam a desenvolver mecanismos de oculta- mento de sua “inferioridade”, Esses mecaaismios ro- obrem um amplo quadro de recionalizago que vio desde um efetivo racismo as avessas_ (negros ott ‘nfo gostam, de proto”) a6 8 ativude “democrética” que nega a ‘questio rciel, diluindow mecanicameate aa futa de classes (por af se vé como certes posigées de esquer- di nada mais fezem do que reproduzir 9 mito da demoeracia racial, criado pelo liberalismo patema- lista gue elas dizem combater). De acordo com nos- sa compunticita’ de MNU, Nevsa Santos Souza, em 34 erp ne ete wt aie een dg ape Sooo pris funn amr de vida, to ardorosa, mesmo que discordante, em- Peahande-se imine naguela assembléia. E o lance Gar 0 andamento dos tabalbos. [den ses modevee, Stee le Recon ridos, mas com uma determinagéo que teimava em imran ae om ee tec rem atta se acaba de rir), i cents @ gente De qualquer modo, 0 importante foi que se conseguiu fechar a pauta. Os documentos Bésicos ‘orm voudes, « Comissio Executiva Nasional foi sle'ta (os Centros de Luta dos respectives estados escalheram seus representantes, 3 excesio dos com- patheitos do Espirito Santo que deixaram para fa. ‘lo fais tarde) ¢ se devidiu 0 posiionamento gue terlamoa.diante das eleigées, mediante a nogio de ota racial, Este dltime sigaificava o estabelecimen- to de wma plataformea das exigéncias da comunidede segra, primeiramente apresenteda aos. candidatos regros ¢, cas 20 a encampassem (0 que scabou ocorrendo), cos easdidetos progreststas da. opesi- (do, en seguida, para que a divalgissem durante a ‘anipacha e busvastem efetivila durante 0 manda. 1, Estes eltimos eumpriramn ou ieniaram curprie a Bs sot importante trabalho sobre © drama de see ne- 10 n0 Brasil, tais mecanismos de ocaltamento © negagdo slo devidos a0 fato de, em termes psica- nalitiees, o braneo ser vivenciato como ideal do De nossa parce, de acordo com as pesquisas do ‘Anta Diop, ¢ também numa perspectiva ps- snalitca, universal ““fobia de negro” remeteria justamente para o contrévio, Mas isso é assunto parn ‘um outro papo, pesto que a reproduséo da idedlogia do branqueamento & um fato concreto que s6 cos- firma © que a Nevsa diz. Isto feito, aqui Vai o nos relato. dq Fui designads pelos companheiros de movinen- to para Jevar nossa platsforma politica a um famo- 50 € respeitaco candidato da opesigio, que & negro. Na sala de espera de sew escrito, fui sbordada por uma jovem recepcionista, “morena queimadi- nha”, cue foi logo me dizendo: “Escuta aqui, minka flay se voet yeio aqui pra pedir emprego’ ao Dr. (..), nem adianta, porque ele nfo vai te receder.” Por ai se v8 que, d¢ acordo com sua bela cabecinh, tua exioula queteado falar com @ candidat, 36 po: dia ser para pedir emprezo.... ApOs uma yerdadd- ra odisséia, consegui ser levada & presenga do Dz. (..), que leu stentanente 0 documento que Tho en treguei, Apés isss0, me disse solidoriamente: “Mes 6 claro que eu apoio todas essasreivindicaySes por- «que, afinal de contas, © problema de veegs & muito * Ao que eu ihe retraquei: “De ato, Dr. (..-)s muito mais sétio do que a gente pensava até agi & ‘agora. Pois &... Desnecessirio dizer que.nem di- ranie sta campaaka foi levantada a questio do n= cs te, ietuave, com provocojdes © agressics by peo: sro. (Neuse, yoo tem carradis de azo, podes spas que orientavem o¢ tanseuntes a partcparem rer) Uma nova Assemblsia Nacional foi marcada pa: ra 0 dia 4 de novembro em Salvador. Vejamos 0 de- poimenta de um compankeix “A reunito do Movimento Negro Unifieaéa Contra 1 Diseimingeio Racal fee a Lal Alonso Arnos Psi a desculpa apresentada plo presidente da Asso ciayio dos Pundondrioe Péblicos da Tabia eo doe tirde ceder a sede de “sua” entidide para a realize sie de Il Assets Narioval do Morinteato Negro Uniticado, na cidade de Salvador, na Bahia. Dorante ‘evnanha do dis 4 oe navenbro, vasos tlefonems de Basia determinevam te entidades de estudo dh reigOet raciais, pare que nap apolascm a. Assen ld, enquanto a Policia Foderal xe encaregara de tertar ‘pedir ¢ reaniso, Ea. proibisio di reine por este craanisno, foi 9 arrumento vilizado pela Fesponsivel pele Teatro Vila Vela, © lec alter nativo. detemimdo pela Coordenasio Nacional, or ginisme disigene d>. Movimento Negro Unifcade Gonten = Diserininagio Racal (> ‘Ao chegarmos 20 teatro Vila Velha fomos infor rmedoe do gue a pollia federal probire « AnembiSi, pos considerava que sua raliigio feria Let Afon 20 Arnos, Nés, nepros,sompre devcatiames desta Lo, pois temos certs que, apesir de ser uma et dqur dereria geramr o dretio do negio Iiar contra racisno, nunce funcioace conta 0% racistax Do Yetia ser sida contra nos. Fora colocacos varios Pollcait neste fatto © mullas Vitus cieulavam fstenstamente ras sas inediagoes ‘Valtamos para 0 ICEA (Institto Culterl Beas Alemacha) e reaizarcos ns assenbléa, indiferntes 2h presiac do aparno epessivo, que se fe: presen nosso). Mas vamos ao exio de 4 de novenbro de 1978: AO POVO BRASILEIRO MANIFESTO. NACIONAL DO MOVIMENTO NEGRO UNIEICADO CONTRA. A. DISCRIMINAGAD RACIAL en 20 DE NOVEMMRO: DIA NACIONAL DA ‘CONSCIBNCIA NEGRA ‘bs, nears baie, orglhoss yor dscender.on & ZUMBI, der da Repisia Noga de Palate, fic exett no Eatdo de. Algor, de 195 a 105, Atsalndo 0 damaia porogats e a6 bless, sos feunmos oj apér 25 a0 pate lr cdo Divo brasleko noma verdadin efi dat 20 2 orembro, BIANACIONAL DA CONSCIENCIA seer Din demote do grende idee negro nacional ZUMBI, response pela PROMEIRA' ONICA te tava trasdota de easbeleer una ssiedade eno. nia re, «em un fous —~ nears, fed, rence ~ recinram um nde avn po Hiteo'e asa Tentva ext que sempre eneve scntc cm todos os quilembos. = nine ha de recon da pentinda param nov OF di, onde hae parlor fa! © fats 3080, tia Yer quo sono" ot mis opinion doe opines no 20 ag, man em todos ot hare onde vveoe- tc negamoe osteo de mo Oe 88, a da db Gerevatin,cono unin do Lberagior st antnads om Wt ope encbineo a. eto de ‘Taine seb cua! 0 oj © epre w encanta da Avseméin. Fol um passa importante fara 0 noiso Movinents, pois defisimes pontos prosranstico data para a Teuniio preparatéia do Congresso de Cultures Negme dav Arsene «ramon am fox tueato Nacional do Dia da Coaseiéacia Negra. (De- Polmeato de Miltoa Barboss, de Centro do Lita De ‘aio, do MNUCDR — Jomal Veeus 1 27) Na verdade, ficou estabelecido 0 20 de roven- bro como 0 Dia Nacional da Conseiéncia Negra. Nos aos eeguintes, texfamos os atos pablizos, as passea- {as © outtas formas de manifestago, ocorrendo a nivel nacional enguanto expressdes de um assent ‘mento: o da Comunidade Negra. Gragas 40 empe- ‘ho do MNU, ampliando © aprofundendo a propos- ta do Grepo Palmares, 0 20 de novembro transfor- mow-se num ato politico de alirmagio da historia do evo negro, justamente naquilo em que ele demons- ‘row sua capscidade de organizago © de proposta de uma scciedade alternaiiva; na verdade, Pelmaves fei o autGntico berco da nacionalidade brasileira, a0 se consttuir como efetiva democracia racial e Zuun- bi,o simbolo vivo da luta eortra todes as formas de cexploragiio. E hoje, tamos af, constatando a impor- tancia da iniciativa do MNU, uma vez que grupos e entidades negras de todo o pais se mobilizam em terno dessa dala magna. E o treze de maio, coda vez mais, eareterizne como data offeial de drgios go- ‘xernameniais, ou seja, como papo de branco (0 que Eaté covtente, pois, « chamada aboliego resolveu os problemas das clasies dominantes brancas endo 0 7. JOGADO_NAS FAVELAS, CORTIGOS, ALAGA: os E INVASOES, EMPURRADO PARA A MAR. INALIDADE, A’ PROSTITUICAO, AMEND! CANCIA, OS PRESIDIOS, O DESEMPREGO EO SUBEMPREGO terdo sobre s, ainda, 0 pevo dens sand di VIOLENCIA E REPRESSKO FOLICIAL, Pr fo, manfendo o esprit de tua dos quitonbos, GUTAMOS contra a skuspdo de explored « gue ‘eatvs sebnetidor, latends sonra 9 RACISM « {elas gulguer forms de QURESSAO exlsente at Speielade brulee, pela MOBILIZAGAO E OR: GANIZAGAO Ga Comenide, visend> ‘uma REAL femarcipagio plitza, econimica, rock! e cultur Drsds ola 8 ds junto somos o MOVEMENT NEGRO UNIFICADO CONTRA 4 DISCRIMINA GXO RACIAL, movimento ave se prance a ser am inal dos reivindieapies do negro brasileiro € gue ten tugs buses nes CENTROS DE LUTA, forme tio onde quer que o negro se Taga presente FE precuo qur 0 MOVINENTO NEGEO UNIFICA- DO CONTRA A DISCRIMINAGKO RACIAL {eens forts, ative © combstene: mas part iso. & peceissn » peticipeho do todos, aliemanto 0 20 ‘Se porambta como 0 DIA NACIONAL DA CONS. CIENCIA NEGRA. DELO DIA NACIONAL DA CONSCIBNCIA NEGRA PELA ANPLIAGAO DO MNUCDR Pon UMA VERDADFIRA: DEMOCRACIA RACIAL PELA LIBERTAGKO DO POVO NEGRO Bm setersbro de 1979, reslizarseia um Encon- ‘tro Nacicnal em Belo Horizonte visanco um balan- {0 critica de rossne afvidades, assim como 4 prepa- {eed do | Conpresso do MNUCDR, marcado para ‘or dias 14, 15.6 16 de dezembro no Rio de Janciro. 59 ‘As atividades do MNU em seu primeizo ano de cexietneia ve derem noe mate diferentes nivels. Des ea dentinsia dos casoy de violencia poliziel (que nos levou a defeader & tese, junto 20 Comité Bras Ieiro pela Aaista, em seus dais eongressos de 1978 © 1979, de gue o negro brasileiro também & priso neiro polfico, na medida em que € colocado sob suspeita © preso pelo simples faw de ser negro), pos sunlo pelas manifesiagdes em praga publics (enterro da Le Afonso Arinos, em Sio Paulo; realizasio de Atos puibticos e pasteatat, por eczslio do 20 de no- Yembro, em diferentes capitals do pats, etc), uo tra- batho iniciado junto a comunidade negra. Seu tra: balho de dendncia do racismo e da violencia poli- cial acabou por sensibilizar determinados setores da sociedade, tento num sentido posiivo quanto ne ntivo, No primi a0, vale ctar, por exemple, 8 tscobonta divulgade pola grande’ morons: ace ‘qic 0 nogio comum tinbém 6 tertxrada, De scor {db coat a reportage de" um grande semendrlo, a plus publica brasileira <6 passou a tomer conho cimenio da exsténcia da torture a partir do mone. to en que a repress passou a pratila nos ovens Gs clase méala que se opuseram ao regime. Um ek Gia, o cardeal do lo de Janet, foi fazer cua visio anual a0 prsidio, quando 08 pesos (negros em sua naiori, Vale lembrar) Ibe revelaram a grande nvi- dade, (Se a gente se interessaste mis pelo que s0 piste eleivamente no cotdiano da. grande missa negra, desde a escrevidio, a gente saberia que tor tora sempre exstin em nosso bel pas iopice) Ox- lips exemplos de sensbilizagio referea 60 tuacfo Politica, Feenémica e Scetsl do Brasil impSsios — “Economia e Pola do Mundo "Los Angeles, 1979: "Rega e Clase no Breil” Los Angeles’ 1980; 6) Bncontos IV Encontro da Assoslafo de Bs- {ador Latincanericancs, Pitsburgh, 1979: Ey. contro Preparatsrio da‘Conferénei da, Diéceda da Muther, Suga, 1980; 11 Encontro ca Aso- clagio de Eswedos da Heranga Alticana, Pits: burgh, 1979 © Conferéacla — "Os Diretos Hunanos © a Mis so di Mulher” (promovida pelo Conselho Mun: Sal da Tc, sein, Sa ontils N ternative da Décade da Mulber, Copenfigie, 1980; SengSes contra a Aiea do'Sul (peomovi- da pela ONU), Pats, 1981; 1 Pattsiews (Estados Unidos, Europa e Alice: Se- soqal Alto Volta © Mal, entrevets Gimprersa falado,cocrtaetlovizada dor tes continents {adoe,rartclopfio con menifrtaeSon (Dis de Li bortagig Africana, 5 do dr vole rssltar ee 0. Din Nacional da Conscitnca Negra, 0: tomo 20 de rovers, fo} comemoreds em Londres, ‘em 1980) ee. © I Congresso do MNU significou um grate passo em termos de luta politica do negro. Reanine do delogedes do Rio, Sio Paulo, Bahia, Minas ¢ Rio Grands do Sul, avengou uma série do’ quesises que seriam posteriormente confimmedas. AQ analivat a conjuntura nacional, os congrensisias avalia retamente a questio’da violéneia: na medida em que «a “abertura” se fazia, e com ely # aproximegio da a gayi dos essaltanter do adolescente Ailton, da me hina Marcia, de Aézio, todos cles negros andnimes © ypobres, viimas, como tantos eutres, da violéncia poticial. E quando eclodia 0 internacicnaimente fe- Imgso “wo Maiti", 0 apeio recebido sobretudo polo ‘movimento de rauiheres foi um dos efeitos des de- niinsiasefetuadas pelo MNUCDR desde 1978. (Kobscn da Luz ¢ of utletasmlrins do Tiet. ..) ‘Quanto aos aspectos negativos, deixando de le" do o jf tradicional “racism as avessas” de que s0- ‘mgs deusados sempre que nds, Negros, partimos para fa dentincia do racismo e da discrininagio, pintaram foutmas aeusagSes como as de civisionistas,revanchis- tas otc. ¢ ta, provenientes de certos setores de es) ‘verde, slém daauela de subrersio, tip cara a0 re: srinse. Mas a gente continuo a nosea Iuta, T hoje, oat, interessante observer que, apeser dos posi res, engrossamnm a8 files dos ove eso interess ddos na “questo negra”. O que ni deika de ser um avanco. ‘Com esse tipo de perspectiva com relagfo 90 recismo, nosso trebslho de dendnsta da situacto do negro basileiro também tem se dado a nivel inter~ hnacional, seezndando aquele iniclado por Abdlas éo Nascimento a partir de G8. Assim € que participr- mos de: f8) Congresses — como o IT Congresso das Calturas Neutas des Américas, realizado no Panamé em 1980; femocracia para o Bret", No- va Ios "A Mulher sob o Apartheid” {pronoviges pels ONU), n0 Canadi e na Finlin- dg, ea 1980 (dos quais Foi vie-presidente): “Si- 5 cece croxdmicn, haveria uma espécie de desloos: mento dae alengées. A seguranea social ocuparia 0 primeiro lugar das preocupagses do goremo, colo- ‘cand um segundo plano, sparentemente & segue renga nacional. Os projetos de dinsinuigio de idade om relagio A responsabilidade criminal (18. para 16 nos) e da prisio cautelar, apontavam para @ principal vitima do sistema: a populagio negra, para Variax. Os Tinchamentos jf se sucediam ¢ 2 pena de Imorle ja era vista como “natural” pelos yirios setores da classe média (duramente alingida pelo “peeote de dezembro", ponto de partida pace ‘0 seu empobrecimento progressivo). Diante de tl ‘giro, o& conpressistas votoram at exccucio des se- guintes campanhas articuladas: MATS EMPREGOS PAPA O NEGROS ¢ a campanhe CONTRA A VIOLENCIA POLICIAL. © desdobramento desta ‘Ethan, no momento que as bombes tavam af, explo- indo pelo pais, lovou rost0e companhsiros de Nie fra a ciraetorizarer 0 fato de que a populacio negra Gabjeto de um terror cotidiaro. "Fambém née, nulheres negras, além da dentine cia do branqueemento do homem negro, em termD0s fds easamenta, discatimos os problemas’ reletivos,& fedueneio de nossas etianeas, controle da natalidade, assim como nessa Farticipaao no processo de lib tacso do povonegro e na lute contra o raciso. Ana Fsamos também a situagio de muller negra enquan- to empregada doméstica no quadro da reproductio 6 racismo (inclusive por parte de muitas miliunies brances do movimento de mulheres). Quonto 3 questa da cultura negra, séias ext eas forem dirigidas 20 processo de comercializagio 6 Cats de Princes, inpicou « erage de diversas € folclorizacdo que ela tem fro por parte das caldudes © grupos hogros em yérios pontos do pais. feeretarias eegncias de trsne. Conseients da in Finalizcmos, eno, com 0 texto do nosse Carta de rosibilidade de deter « invasio capitalist, reivin Peoctpoe dicouse a profissinslizgio dos profuores de cule ture popular. Era a consciéaci de que sobretudo ruambct ca yopulag mtg baka — an fs enfdads negra de msn haan stanford NOS, pemiro de porate our bets — oo ‘om ezpresis; consegientemente, por ate nfo pe: npc, nore ou nr eon sn ararotone nr saldrios para passes, batertas, compositor ¢ ha foe ny pemidoe em Lactate futros membros natos des eselas de samba? ; CONVENCIDOS dena de ‘Com relagéio 4 estrutura do movimento, 0 Pro = diserimiangio racial se si grama de Acdo foi devidamente ampliado e aprofun- - Imerginalizasio ‘racial, politica, econémica, social tho. E como a lutaprortiria do movimento & con- 2 cil do pov Bete naa civeriminacio revit seu nome foi simplieaco emis canoes para (0 que jes» faze na prise): MOVIMENTO Tr segneree NEGRO UNIPICADO (MNU) Tl fectnatio na admlato de emorent © nee A. guisa do conelusto deste depoimento, nie eee eee eee vida dos presses pote sar dO ma eg adarte de SND = pemminene rorout, pene e Mounea po Consist no ais importante alto qualitativa nas Beat Iutas da comuidade negra braiera, nu década, do capa ers, onic © sil muter setenta, Vale notar que as entdades cultoras quo, ssa Ge aod deta, teint NG = Thindono¢ sa trtnento dos menor, nsroe For discordarem do sua proposta ow por falta de RIS Boarectercts, emaputio € 60 clareza politica), foram obrigmdas a se posicionarem ‘eulag ds nee cata de maneica mais incsirasjestamente porque o MNU tte de democracies cenquisto espagos politicos que exigramm cise aran- RESOLVENOS hiner nowt fre © Ite por: 0 por parte eles, Hoje néo dé mais pra sustentar ‘TMieter do pov nepo en todo or aspen, elk Posies cultural, {ntetectuatistas, coisas que tais, Sonn ceonimico, ‘ovis eultarais atrarés da © divorciadas da realidade vivida pelas massas i oe = mares epartantades de emprego fas. Sendo cot ot favor, 0 di ai pe TR le OT ee 6 trae cast questo coneren, eaoeada pelo MIN Bian Tentae | se, Betease 6 be culugdo ene raga e clase, Por otto lide, 9 = esvallesto ds pape do nero aa Hila do advento db MNU e 1 eifsto de sue proposta palit ia rad em seu Programa de Agao € eM sua 6 o — vtrzga0 de cuturs sepa © combate abtens ico sua comercializuyao, folcleriziyio © dix $ ‘eto Slt do todas at format de pomsico, ‘lrtete repent e vlc ¢ gue som oe —~ikeade te onauzasae de expmio do ove sero : CONSIDERANDO ENFIM QUE: | RAGA, CLASSE E MOBILIDADE Stress lade Kheragio deve ver aomente digits | cA, CLASS! pornos I — firms ena ona wsedas onde tofos ret iene paciepen Carlos Alfredo Hasenbalg — Sema aio esos tnletos do tenants dn ssie ‘ede bracieea NOS SOLDARIZAMOS: 8) com foc ¢ qualquer lum reuindcutien doe wet es populares de sociedede bale que vies 6 Feat tonnnsta @ seus dretos polite, sean con e secleey ») com a fut Istenacional contra o racismo, POR UMA AUTENTICA DENOCRACIA RACIAL! DELA LIBERTAGAO DO POVO NEGRO De fato, o infcio da revolta cienifiza contra 0 racismo ea definipio das ragas com entidades bio- Ipicas independentes de definigdes socials data da terceira e querta déeaéae decie eéculo. O antropslo- ig0 Franz Boas pode ser destacado como wm dos pio- nelros no alague slstemdiden As interpretagtes biold- gicas da histria © um dos principals responsiveis, pela mudanga que levou a detenfatizar fetores biol6- bcos e hereditérios em favor de fatores puramente culturais na explicagdo da dinimica sodal. Porém, apesur do cretcente deterédito do determinismo bio co © racial, o velho toma volia a aparceer com roves roupagens. Numa época em quo a atividade dss cineias eocins ¢ biokégieas tem fefutado consis: tentemente a existtnela de desigualdades naturals en tre 4s ragas, alguns produtos da stividade cientfica continsam a ser utlizados para susientar a existén- cia de uma base genésica des diferengas raciais: € © caso dos controvertidos testes de OT € as posstveis derivacGes racistas de ume ciseiplina nove e igwal- ‘mente contravertida como 6 a sociobiologia. ‘A expansio eurepéia initiada no século XV reve como resultado o contato entre europeus bran +206 ¢ populagdes ndc-brancas das reas que iam sen- do incorporadas 20 mercado internaciens), Destes contatos resultaram 2 incorporagio de povos inteizos nos dominioe coloniais metropolitanos, migragies orwades de trabalhadoces entre vontinentes © rogides a sujeisio de populajGes de cor a sistemss repres- slvos de wabalho. © raclomo, cufa esséncia reside ne negagto total ou parcial da humanidade do negio @ outros nio- brancos, constituin a justficativa para exerciar 0 dominio sobre os povas de cor. O conteiido desta juslifcativa vatiow ao longo do tempo, tendo-camo- {ado com nagar imbuidas de ume visdo rligiosa do mundo que permitirem estabelover « ditingdo entre calstdos © pagios. Mais tarde e de uma mancira par radoval, e idedrio de igualvade ¢ Uberdade surgido ao Final do sicvlo XVIMT seenruou_a exclusio' dos ando-brancos do universlisrao burguts ¢ levou 3 ne cossidae de reforcar a distingio entie homens (bran. 03) e sub-homens (de cor). Té no séeulo XIX, 6 darwinisma sock, 0 eroluclanisms, as doutrinss do “raelimo fence” ¢ a idéie da “rast clvilizets sia do homem tranco™ aparecem intimamzate rela clonadas 2 expansdo imperilista dos patses europeus, @ © estudo das relacbes raciais nos Estados Unidos No que se refere ao estido cientifice das rela ‘goes mciais, nfo € de estranhar que grande parie das interpretagdes tedricas e andlises empiricas te- nha sido desenvolvida nos Estados Unidos, pats ‘multi-racial onde a quesifo racial tem ccupedo um lugar central no debate académico e politico. Em termos do sou valor intrneeco © influéneia post rior, a teoria do ciclo des relagdes raciais, formula: slo por'Robert E. Park, consttul um dos marcos ini cials da interpretagao sorilogica do tema, Segundo ~ esse autor, as relapdes raciais sio 0 produto de mi: grades ¢ conquistas, as racas sendo entidades soci mente definiéas no contexto de interagBer compet tivas marcedes pelo einocentrisms, Az relagSer 1 ciats tonderiam a se adequar a win cilo que inelul as tapas de contato, competigso, avomodseio e assi- ‘milaedo Park formuloy sua teoria tendo em vista ‘uma ampla gema de situacGes histricas. Seus virios lrabelhoe refletem a san erenca numa tendéncia a Jonge prezo co ventide da assimilagio die min na sociedade mals ampla ¢ 9 conseqiiente desapa- recimento de categoriss éinicas © mcials enquanio tais, Desta forma, 4 classe social tenderia a substituir ‘aca etnicidade como criétio de estratlicarao so- vial e fonte de coxflito, in ‘A sociologia americana posterior a Park x of evtd dominade pele premissa assimilacionista, co- mo também fer um recorte mais paroguial do foco de endive, limitandose a estudar quase que exclue tivamente ae relagées racinis nox Estados Unides. De tum ponto de vista tebrico mais abstrato, 0 suposto acsimilaconista resulta de uma andlise das exigin- las estruturais das moderaas seciedades industria tuaiversaliem, realizagio, efieifneia instrumental cepecidade individual dentro de uma estratura abo ta do oportunidades. Dade a Iigiea do industealie. mo ¢ 0 eariter impassoal dos mecaniemos de mer cdo, caractersticas individuais que no podem sot ‘odificadas, como raca, etnicidade ¢ sexo tendem ‘2 cer cada Vor mono: importastes como fontes de ‘ectruturagio. das rolagées cociais. Mais coneretamen- te, ce trabalhos mais expressivor da perspectiva asi- mileeionista partom da idGia de quo os Estadoe doe slo uma nasio constituida por sucessivas lavas de imigrantes ¢ onde as oportunidades econdmizas ‘em permanente exparsio mantim abertos os canais ‘no sistema do clases.* Cada uma noe sot noe Estados Unides a partir de uma situag desfavortvel devido 20 procenccito do grupo domi rnanie, & aussncia de familiaridads com os podeSes caltursis vigentes ¢ a falta de habilidadas para com. prtir exitocsmente no novo pats. Poxém, com 0 Fas Ger do tempo ax minoriae imigrantes eprenderarn culture dominante, desenvolveram ar habilidades fequeridis e eo deelocaren para cima na hisrarguia ceupacional, Nesta ebordagem ae minorias raciais, fa Cltimae ¢ migear para as grandes cidadee, 620 vis- n cetive sio ume bareia suid mas no menos pods- ost cue a falta de recurs finanetos. ASS, @ ist ea de porata€ pan ae pt pa Nos diagntaic desta yariante a etratura econdmica€fenta de rsponsebidades¢ ¢ ecismo (franco desaparece como fatorexplicativ. Av mae slo responsive pelo eas propros fetes que Srp te once eobordheso esl Tota fe encontrar agei resondnci da antiga erga rr Sista segundo a nl as pessoa do eacondéncl ot cana, come raga de "gente do cot, nao than a fupicilade de melhocer For si mesma. Tnferseentement, 0 olapi de perapetiva a= sinilaconista obedosou menos b graye de novos fafogees deservalvimenos fesse co que dats $e police das minocien rani. Com eft «ess Se csrtégn inugreconsia do movimento pelos dk fcitoscivs dew logan, a déeade de 1960) 0 novas formas de mobiizaseo poitdsa do negro stern, No clima de reafimmagao da. contigscin ttica-¢ nacionalismo cutural earecersieo do avis das Iminorias rectis naqule periogo,inekecuais€ 2 fants dessus minors passaem a efit rela. 80 denegres, indies, chieanos (migrates mexcenot samericanos de sicendéncia mexicana) € oator fnipos com a sciedede emericam como ade cold has intemss, © modelo de ecloislimo intemo, inspirado nas sitigGes do. colonalsmo © neocolo: nialsmo europea, através da éafese mie dimensies police caltral da opressio rail tendew a de: orstar que assimildoe integtsio estar longs ” tes como estando numa siuss%o basicamente al Aas minorios nica: europias 0 passado. A ar th dega senathanca aparent= com, 0 imigrane se jae que-c rim deincorporeao do negro & cutac STinorias raciis depends furdementalmente de: 2) nusgo do precencetio do grupo brenco eb) & futigio pei minorias racais ¢as norms. cus feie-apropradas 2 compeigfo scial na sociedsde Iimeriemn, No que se refere 40 preconeeto iinagan do. gropo braneo, além dx tendéncia Mbestinar st ellos, existe am offmismo eral to ine ns posibiicnes de xn diminigzo ntaves de parsumio moral_¢ contiavo eslarenento. do 6 po dominente, Por sua ver, 9 ritmo Tent ot ae ostnen de piogretsas no pmcese de insomorarso ‘oxplian por ane etre. da sscol assinaio- nista como resultado do. fracasso cer incapacidade dhe minris racials er operat adoptagbes fale necting A earn da pobre ¢ formas a faire ongonizagio socal familiar constuem & cplceg do confinemento das mincras racials ne tote hierrguia sea, por hslzo do linn oficial fs pobreza Numa tpisa declares em ue “Do toms” contain ssfemisma park referee Fe amerisiments a minoriss rose, aflemse: “A pobreea engesdrs pobreza. Um indvigae ov anitn pobre tem wim alte protabuidade ée. pena toot pole, Ums balan sonia carepa consigo uit tito vice de decnean tinitagSes ne mobildads, coe 2 limaedo. aducagio, sforasio o tsinamento Gs paix pobre ro, podar dar sus foe wma fede» educacto melhor, nesewGrias para melhorae tia stuegio, A falta do modvaplo, saperanga © i B de cor as tendéncias mais significaives da ddindmica des relagSes raciais ‘Antes de considerer as andlises de classe da quesiao recial e do racitmo, tema central deste tra: Ballo, € conveniente fazer vina breve meno a uma foutra interpreiagio académica das relagoes raciais {que no comparte a premisa assimilicionista domi- fonts na sooiclogia americana. Tratase doi modelo explicaivo de casta ¢ classe, formulado por antro- Pelogs ¢eeidogos na décade de 1950, « partir de festados do comunidades locais no sil dos Estados Unidos. Nao cbstante este modelo expllcativo estar ralments em desuso © tet sido superado pelos ‘coniecimenios, o mesmo feve acentuada inffusncia nas Tinhae ce pesquisa sobre relagbes raciais desen- volvides nas décadas de 1940 ¢ 1950, Tragando uma finalogia com 0 sisioma de castas de India, 08 gru- ‘pos brancos e megro foram conceitualizados como fnstss. O sistema de castgs, cerateriando na msioria dis definiedes pele austneia de_intereasamentos ¢ ‘mobilidace entre grupos, € contrastafo com o siste- ‘ma de elisses, onde o intereasamento e mobilidade entre grupos & possivel. 0 padrao de relagies ta- clais do. sul americano era visio como implicando fambos fendmenos, com estruturas d> diferenciasao de clases presentes dentro mas nio stravés da linha e separacio das castas raciais. A Iinha de separa ce de castas, que no period escravista estaria tra: ede no sentido horizontal, tenderia a rotar sobre seu cixo no sentido diagonal como resultado da crescent estratificecdo interna do grupo negro. O ‘modelo de casia © classe tem sido crticado pelo uso difuso ¢ variado do conceito de casta; a cxistalizacto 15 ‘le una visto estética da estrutura socal incepaz de explicar as constantes mudangas no sistema de tela ts racais¢ pela inexsiénefs, no exs0 anericano, das leptimag6es de ordem cuitural e sustentam o sistema de castas da fn Em contrapoigio & maieia das interpretaes sociokigicee que focilizam agiee dicciminatéras © “Spreconceito tial como. elementos irracionais na Josiedads, destinades a dxaparece, tlaise| da questo racial otribusen pel ‘atotais do preconesto + dvcriminagio racial, tom: lando delimiter quais sio of grepee ou clases co ciais que se beneticiem com 0 raciomo. Nes ues linhes esenciais a interpretago aar- | sia corrnte postula que rasiemo, preconclto. disriminasd0 raciais so sukprodutos.necessérics | do esemvolvimento captains, mplementador \ monipalados pela clase Gominanic com os objets de manier una forga de trabalho explorive, cons Utulda pbs raciafnente dominados, e cst Cvk “10cs denico da class tabalhatora, de forma w ale \nuar ou dimlautro conflko de classes. Segundo Oliver C. Cox, autor de formutega0 44 classica desta Inerpretado, a explorasto e cs reconesites racais se desemolveram entre 08 ex ropets jumio com 0 nascimente do capitalismo ¢ do scionalismo, A origem oo conflito recal se encoa- irazia no prooeso mmls geal ce mercanilizesao do trabalho. A exalomto rac & nerarsnte um aspscto do pro- Mena da proletrlacto do tba, independents mnente di cor do tabi, Portato, 9 axtazonsma de sociedades pluriracais © multitnicas. A insist cia ein conceitualizar © negro simplesmrente como ‘um sezmento explorado (cu superexpiorado) da chase trabalhadora e explicar as hierarquiss raciais tunicamente em termos dos inieresses e extratéqics dda classe capitalisia tende 1 ofwscar 0 que hi de expecifico na opressio racial. E por esse motivo que militantes e intelectuais négros emerieanos, no obstante adotar posturas anticapitalists, tém ins teatemente assinalado a duplicidade da exploragio de classe © opressio racial. Na maiora dos pales a lta dos oprinidos tem dado em termes de clase unicamerre, MES nos E> {odos Unitor es megros mio s6 ten esuda ro mas batee ale in ilo manos ‘ak ma base da raga No fo somone on srndep [matclot ou oe administrators ou ce dingentes co fteny ccondrico cue estie allalos enna ot m= Jos. E a populagio bran, lato € 0 que coscede 8 feta do nogro sus peculir dualidade: € ‘ano una ‘ta do classe dos que esto no time dogray rval- tmdbse centra a propria estutura ¢o sisema ame ean, cain tandem € ua Lua rate porgue exh Afrigide contra w pepulagdo brea americana gt “tom mani agro. non poor de sua toledo Desenvolvendo um argumento cemelhants, Eu- geno Gonovees, historiador marxicta de incpivestio ‘gramsciana, ao enfatizar 0 stetus de depondéacia Somisolorial do negro amoricano, postula as bases de vine nacionalidade negra. ‘A camplesidade © difeldade do problema racial sio ‘ands mais cbacurecidor pela tendincia a ver 8 po 78 cll é eseachimente coflio politico do clsse. 0 texploredor capitalist, serdo oportsict ¢ price, UGliach qualquer expedients para munter sua Torga fe wabalBo e cuts rocunios lieneato expleravel Hie waned e utilized o precaneto nial quando [Be for canvenlene? Seguindo este raclocinfo: “© preconceito racial cconstitui entdo a atitude justificativa necesséria paral ‘a fécil exploragdo de uma raga, Para dir6‘o de outral. forma, o preconceito racial 6 a atitude sozial quel Esta interpretaedo esié caracterizada pela im- portincia atribuida ao racismo como miecanismo de manutengio da dominacio_ de clase. Os arranj cistas operam em beneficio da classe capitalista em detrimento de todos os-trabalhadores.” Desde ‘que torlos cs trabalhadores sio economicarience ex: plorados, independentemente da ear. segue-te a ne cessidade de alizncas © coligneses inte-raciais pars cenfroniar a classe capitalista dominante As rns ers 4 et interptsto apontam nfo tanto para o foto da mesma ester © xar de assinalar aspectos relevantes da ‘as para seu caréter ureteral e simplifica dor. Fm primeito lugar, um suporto implicit perspex sta ortodoxs & 0 de que raca ei clade constitwem manifestagSes. socundévias q apenas alteram s forma mas nfo 0 conteddo da rnimiea de clasce, O rolegamento do prosonccito recial, rasiamo ¢ idcniidades étnicas A exfera supe. restrutural, reflexo doc relagées de clasie, eubsstime © papd doe fenémenos racials © Stnicoe na andlice n ppolaido negra 208 Bstsdot Unidos simplesmente oo- ‘no uma clas esprada ot, ainda mals coniust mente, som9 um dence um etwero de grupos etices fq 9 capitalise tom oprimido de vérae mans (Or sepros amivicnse sent ao tite ame classe como uma asso, © rin experince F des Unides tem sido nica. (...) A nacioalidads igre merge de ds fontes ‘vie omnidade do Inierestes om una sceidade vinulntaments rete, © ung cature pareuler que. tm ado ems tum mocanismo He sebrevivénets tna como de re Sebel A opresebo achta, Ap mane tp, 05 som rem ti anon as pn ha Um segundo problems suscitada por pestia referee i estratépia de Maitos ma fundamenio como a auséncia de tmidade através Tinh racial funciona como um ohetéeutlo & elidarie ade da classe trabalhadora. Porém, « difculdads neste ponio reside na defasagem cntre teoria © reat lidadl, representada pelo racismo da classe iraba- thadora branea. Nao é sem bons motives. que nilitantes megios afirmam a inexisténcia de bases jetGricas para a consients promessa de que os tra bathedore: brencos itfo se juntar ao negro numa frente comum contra © inimigo caplualisia. Como destava J. Prager: tar como atin de f6 uma hoperoniaidcoligies ae 6 capaz de implentar em racism to vruoro (a 1 4b sociedades pluritacials ¢ multétnicas. A insist fia em conecitualizar © negro cimpletmente como ‘um segmento explorao (ou superexplorado) da classe trabalhedora e explicar as hierarquins rasiais tnicamente em termos dos interesses e estatinies da classe capitalists tende a ofuscar o que hi consiste em oscamoteer a rosponoabilidade dos empregedores pela excluso do negro nos eres centes setores de classe média asselariada, Em so undo Tag, se 8 hipétese de Boracich fornece uma bon deserigéo das motiyacGes ¢ comporiameato de tum setor da classe opersrla branca, ao mesmo ten pO hiperdimensiona a importincia © poder dese 2 plaglo eg aos Estados Unidos simplesmente so tno uma clisse explorada ou, ainda mais confuse. ‘mente, como um dente um adinero do grupos éinieos ‘qus © caplalismo tem oprimidy ce varias maseins; ‘Gn megres wmericanes somtiion ao to una Classe como uma nacio, © mia expend nos Et ‘lox Unidos tem sido tea. (..-) A mciondidede negra emerge ée duas fonts: wine somanidale. do Ingres om ana soctedade.vruentamente rca; nme ltrs pavteslar que tom edo ela meena, lum meeanisno de sobrevivineia tanto como de re- _Um segundo problema suicitado por esta pers pectiva referese a estratévia de allanras interrcias. Muitos marwistas-americanos assinalam com. ci fundamento como a auséocia de unidade através da linha racial funciona como um obstéculo & soliéarie- dade a classe trabalhadors. Porém, a dificakiade neste ponto reside na defasagem entre teorla e rea lida, representads pelo racismo da classe taba Uhadora ‘branea. Nao 6 som bons. motivos que militantes negros afirmam a inexiséncia de bases istricas para a censlante promesse de que os tr- bathadores brancos fo se juntar ao negro numa freate comim contra 0 inimigo cepitalista, Como dlestaca |. Prager: ae cnet Sm ae 9 aes lar como artigo de f6 uma hepemonia idoléges qa ‘capar de Implentar um zackime tio vrulen'o (quia 9 ‘grupo paca implementar og erraajos de exclusio ¢ cesta, Alterativamente pods se sugerir que a po- siglo’ do negro na estratura de classes obsdece ane efeitos combinados das madanges na compsiczo da fora de trabalho requetidas pelo desenvolvimen- Cepilalista © 0 nivel e qualidade das prétions 10- cistas de selecto social e ocepacional. Como afieraa Sidney Willhem: © racks cue alge vin come “endtno™ o tron om todos os lores da sane teiatedcre be {rte deaenotieue posite pore gor» Ce Se tabuthadora nto tor side cpus cna un ik {eos oil amr. adh dee no ne dos cas, prsser onesie Jeno Gos partners 6 cintaliona: Forte 8 mete te tna ‘to's um ordom tc Bethe rai sr ene {nda e reltonida be poablndss presen ena Mero praia gre poten oan de a3

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