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1- Consideragdes Iniciais .. 2- Competéncia da Justica Militar. 2.1 - Aspectos constitucionais.. 2.2 - Do Foro Militar. 2.3 - Da Competéncia em Geral 2.4- Da Competéncia pelo Lugar da infragéo.. 2.5- Da Competéncia pelo Lugar da Residéncia ou Domicilio do Acusado 2.6 - Da Competéncia por Prevencéo. 2.7- Da Competéncia pela Sede ou Lugar do Servico.... 2.8 - Da Conexéio ou Continéncia 2.9- Da Competéncia pela Prerrogativa de Posto ou da Funcdi 3-Conflitos de Competénci 4- Questées. 4.1 - Quest6es Comentadas... 4.2 - Lista de Questées 4.3-Gabarito 5 - Consideragdes Finais 1 - CONSIDERAGGES INICIAIS Olé, caro amigo! Na aula de hoje estudaremos a competéncia da Justica Militar dos Estados e da Unido. Espero que este tempo esteja sendo proveitoso para vocé, e que vocé esteja se sentindo mais seguro e preparado para a prova. Bons estudos! COMPETENCIA DA JUSTICA MILITAR 2.1 - ASPECTOS CONSTITUCIONAIS Oestudo da competéncia est relacionado & andlise dos limites da jurisdigSo de cada érgo prolator. A jurisdigdo é competéncia do Estado, que a distribui com limites a diversos érgaos. Por essa razao, para iniciarmos 0 nosso estudo € necessério compreender o que a Constituic3o determina sobre 0 assunto. Art. 124, A Justica Militar compete processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Pardgrafo Unico. A lei disporé sobre a organizacao, o funcionamento e a competéncia da Justica Militar. Na Justica Militar, a lei mencionada é o Cédigo Penal Militar. E possivel, portanto, que a Justica Militar da Unido julgue civis, e nesse sentido ja surge a primeira diferenca em relag3o a Justica Militar dos estados, que somente goza de competéncia para julgar policiais militares e bombeiros militares, nos termos do art. 125 da Constituigao. Art, 125. Os Estados organizaréo sua Justi¢a, observados os principios estabelecidos nesta Constituicao. Lon] § 4° Compete 4 Justica Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as acdes judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada 2 competéncia do juiri quando a vitima for civil, cabendo 20 tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduacao das pracas. Perceba que nao hé diferenca na natureza dos crimes militares no ambito da Unio e dos Estados. (Os mesmos crimes podem, dependendo do caso, ser julgados pela Justia Militar da Unio ou dos Estados. O que deve ser compreendido aqui é que a Justiga Militar da Unido pode julgar militares e civis que pratiquem crimes militares, enquanto a Justica Militar Estadual, por restrigées da prépria Constituigio Federal, apenas pode julgar policiais e bombeiros militares. Uma segunda distingao importante diz respeito & competéncia em razlo da matéria. Vimos que a Justica Militar da Unido apenas tem competéncia para julgar crimes militares, enquanto a Justica Militar dos Estados pode também julgar aces civis contra atos disciplinares militares. A Justiga Militar da Unido tem competéncia para julgar civis que cometam crime militar, mas a Justiga Militar dos estados apenas julga policiais militares e bombeiros militares. A Justica Militar da Unido julga apenas crimes militares, mas a Justica Militar dos Estados julga também agées civis contra atos disciplinares militares. 2.2 - Do Foro MILITAR © foro militar é especial e, exceto nos crimes dolosos contra a vida praticados contra civil, a ele esto sujeitos, em tempo de paz, nos crimes militares definidos em lei, as seguintes pessoas: a) os militares em situacao de atividade; b) os militares da reserva, quando convocados para o servigo ativo; ©) os reservistas, quando convocados ou mobilizados, em manobras, ou no desempenho de fungdes militares; d) os oficiais e pragas das Policias e Corpos de Bombeiros Militares, quando incorporados as Forgas Armadas; €) aos militares da reserva remunerada e os reformados que cometam crimes militares definidos em lei; fos civis que cometam crimes militares definidos em lei (somente na Justica Militar da Unido). © foro militar em tempo de guerra poderd, por lei especial, abranger outros casos além desses, desde que tenham previsio legal anterior, respeitando o principio da legalidade e da vedacao do julgamento por tribunal de exceso, ou seja, a previsio tem que ser anterior ao fato. Uma regra importante é a estabelecida pelo §2° do art. 82: “Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Justica Militar encaminharé os autos do inquérito policial militar a justiga comum”’. A Justiga Militar no tem competéncia para julgar crimes dolosos contra a vida cometidos contra civis, mesmo quando 0 acusado for militar. Aqui cabe uma ressalva importante, 0 Cédigo Penal Militar passou por mudangas importantes no art, 92, que trata sobre a definicSo de Crimes Militares. O pardgrafo primeiro do citado artigo estabelece uma regra geral, que € coerente com o disposto no CPPM: § 180s crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, seréo da competéncia do Tribunal do Jiri. No entanto, temos algumas excegdes no pardgrafo 22: § 22 Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares das Forgas Armadas contra civil, sero da competéncia da Justica Militar da Unido, se praticados no contexto: —_(Incluido pela Lei n° 13.491, de 2017) I - do cumprimento de atribuicées que \hes forem estabelecidas pelo Presidente da Republica ou pelo Ministro de Estado da Defesa; —_(Incluido pela Lei n® 13.491, de 2017) II - de acdo que envolva a seguranca de instituicéo militar ou de misao militar, mesmo que no beligerante; ou —_(Incluido pela Lei n® 13.491, de 2017) III - de atividade de natureza militar, de operacao de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuicéo subsidiaria, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da Constituicéo Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: _(Incluido pela Lei n® 13.491, de 2017) a) Lei n°7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Cédigo Brasileiro de Aerondutica; (Incluida pela Lei n® 13.491, de 2017) b) Lei Complementar n° 97, de 9 de junho de 1999; _(Incluida pela Lein® 13.491, de 2017) c) Decreto-Lei_n°® 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Cédigo de Processo Penal Militar; e _(incluida pela Lei n® 13.491, de 2017) d) Lei n° 4.737, de 15 de julho de 1965 - Cédigo Eleitoral. Incluida pela Lei n° 13.491, de 2017 Percebam que essas excecdes nao abarcam os militares estaduais, apenas os das Forcas Armadas. 2.3 - Da COMPETENCIA EM GERAL A regra geral é a de que a compet@ncia seja determinada pelo lugar da infracai Lembre-se de que, com relaco ao lugar do crime, o legislador penal militar adota a teoria mista (art. 6" do CPM). LUGAR DO CRIME ~ Para os crimes comissivos, 0 CPM adota a teoria da ubiquidade; - Para os crimes omissives aplica-se a teoria da atividade, devendo o lugar do crime ser considerado aquele em que deveria ser realizada a aco omitida. Perceba, portanto, que o critério do lugar da infraco no resolve o problema da competéncia, pois co legislador adota, pelo menos para os crimes comissivos, a teoria da ubiquidade, sendo considerado lugar do crime tanto aquele em que se desenvolveu a atividade, quanto aquele em que ocorreu 0 resultado. Vejamos, portanto, o que o CPPM determina sobre o assunto: DETERMINACAO DA COMPETENCIA Art. 85. A competéncia do foro militar serd determinada: I - de modo geral: a) pelo lugar da infracéo; b) pela residéncia ou domicilio do acusado; ©) pela prevencao; II - de modo especial, pela sede do lugar de servico. Acompeténcia, de modo geral, é determinada por trés critérios: Parece que o legislador teve a inten¢do de mencionar residéncia e domicilio como sinénimos. Os civilistas, entretanto, diferenciam os dois, sendo 0 domicilio definido como o local de residéncia com 4nimo definitivo. O Cédigo Civil determina, ainda, em seu art. 76, que o militar tem domicilio necessario: 0 local onde serve, e, no caso do militar da Marinha ou Aeronautica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado. O critério da prevengio ¢ aplicado quando ha mais de uma Auditoria Militar com competéncia para julgar a aco penal. Nesse caso, 0 érgdo que primeiro conhecer da aco seré o responsdvel por julgé- la. De modo especial, a competéncia é determinada pela sede do lugar de servico. Este critério especial parece estar relacionado ao domicilio necessdrio do militar determinado pelo Cédigo Civil, no é mesmo? Mais adiante em nossa aula veremos algumas situacdes em que essa regra é aplicada. INA CIRCUNSCRICAO JUDICIARIA Art, 86, Dentro de cada Circunscri¢éo Judiciéria Militar, a competéncia seré determinada: a) pela especializagao das Audi rias; b) pela ¢) por disposicao especial deste Cédigo. tribuicéo; Hoje a competéncia dentro das circunscrigées determinada pela Lei de OrganizaSo Judiciaria Militar da Unio (Lei n° 8.457/1992).. Nao existem mais auditorias especializadas. Antigamente, nos locais onde havia mais de uma auditoria, havia auditorias especializadas nos crimes praticados por militares de cada uma das Forgas Armadas. Hoje todas as auditorias ttm competéncia mista. A alinea A, portanto, nao é mais aplicavel. Nas cidades em que hé mais de uma Auditoria Militar, haveré distribuiga0, que deve ser feita de forma paritéria, MODIFICAGAO DA COMPETENCIA Art. 87. Nao prevalecem os critérios de competéncia indicados nos artigos anteriores, em caso de: 2) conexdo ou continéncia; b) prerrogativa de posto ou funcao; ¢) desaforamento. Estudaremos todas as hipdteses de modifica da competéncia quando tratarmos dos dispositivos especificos do CPPM. Por enquanto basta vocé ter uma ideia geral. A conexdo estd relacionada & ligacdo entre dois processos, e pode ocorrer em diversas situacées, enquanto a continéncia exige situagdes um pouco mais especificas. ‘A modificag3o em raz3o da prerrogativa de posto ou fungo ocorre, por exemplo, quando oficial- general comete crime militar. Neste caso, a competéncia originaria é do STM. O desaforamento é a modificaco de competéncia, possivel em casos previstos especificamente em lei. O préprio CPPM traz disposi¢des sobre o tema. 2.4- Da ComPETENCIA PELO LUGAR DA INFRACAO LUGAR DA INFRACAO Art. 88. A competéncia serd, de regra, determinada pelo lugar da infragao; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ultimo ato de execucao. Estamos diante do critério “ratione loci”. Recomendo que vocé lembre da regra no caso da tentativa, em que a regra serd a determinacio da competéncia em funcio do lugar em que for praticado 0 Ultimo ato de execucao. A BORDO DE NAVIO Art. 89. Os crimes cometidos a bordo de navio ou embarcagao sob comando militar ou militarmente ocupado em porto nacional, nos lagos e rios fronteiricos ou em aguas territoriais brasileiras, sero, nos dois primeiros casos, processados na Auditoria da Circunscric&o Judiciéria correspondente a cada um daqueles lugares; e, no ditimo caso, na 19 Auditoria da Marinha, com sede na Capital do Estado da Guanabara. Se o crime é praticado a bordo de embarcagio sob comando militar ou militarmente ocupada em porto nacional ou em lagos e rios fronteirigos, a Auditoria Militar competente serd a do local em que o navio esta. No caso navio que esté em guas territoriais brasileiras (mar territorial), 0 dispositive determina que a competéncia deve ser atribuida a 12 Auditoria da Marinha, com sede no estado da Guanabara. O dispositivo, portanto, trata de uma Auditoria Militar que ndo existe mais, e que era localizada em um estado que também nao existe mais. Neste caso 0 STM tem aplicado a competncia do lugar do servico, ou seja, a Auditoria responsavel por conhecer a acusagdo sera aquela do local onde o militar serve (art. 85, II do CPPM e art. 76 do Cédigo Civil) A BORDO DE AERONAVE Art. 90. Os crimes cometidos a bordo de aeronave militar ou militarmente ocupada, dentro do espaco aéreo correspondente ao territérie nacional, seréo processados pela Auditoria da Circunscricéo em cujo territério se verificar 0 pouso apés o crime; e se este se efetuar em lugar remoto ou em tal disténcia que torne dificeis as diligéncias, a competéncia seré da Auditoria da Circunscrigéo de onde houver partido a aeronave, salvo se ocorrerem os mesmos dbices, caso em que a competéncia sera da Auditoria mais préxima da 12, se na Circunscrico houver mais de uma. Imagine que uma aeronave saia da base aérea localizada no Recife, com destino a Porto Alegre. Ocorrido crime a bordo da aeronave, 0 comandante decide pousar em So Paulo. Neste caso, a Auditoria Militar competente sera a de Sao Paulo. Jorge César de Assis diz que a segunda situaco prevista no dispositivo (lugar remoto) tornou-se inaplicével pelo desuso (desuetudo), pois, na pratica, h4 Auditorias Militares com competéncia jurisdicional sobre cada parte do territério nacional, e, portanto, ndo importa se a aeronave pousou em lugar remoto. CRIMES FORA DO TERRITORIO NACIONAL Art. 91. Os crimes militares cometidos fora do territério nacional serao, de regra, processados em Auditoria da Capital da Unido, observado, entretanto, o disposto no artigo seguinte. © Direito Penal Militar adota a territorialidade e a extraterritorialidade incondicionada, o que significa dizer que os crimes cometidos fora do territério nacional também sero processados pela Justiga brasileira. Os ultimos exemplos slo os crimes cometidos pelos mi servem em forcas de paz, principalmente no Haiti. ares brasileiros que Se o crime militar for cometido no exterior, o acusado ser processado em Brasilia, na 112 CIM CRIMES PRATICADOS EM PARTE NO TERRITORIO NACIONAL Art, 92. No caso de crime militar somente em parte cometido no territério nacional, a competéncia do foro militar se determina de acordo com as seguintes regras: 2) se, iniciada a execugao em territério estrangeiro, o crime se consumar no Brasil, seré competente a Auditoria da Circunscri¢do em que o crime tenha produzido ou devia produzir 0 resultado; ») se, iniciada a execugao no territério nacional, o crime se consumar fora dele, serd competente a Auditoria da Circunscricdo em que se houver praticado 0 ultimo ato ou execucao. DIVERSIDADE DE AUDITORIAS OU DE SEDES Paragrafo tinico. Na Circunscricao onde houver mais de uma Auditoria na mesma sede, obedecer- se-d a distribuicao e, se for 0 caso, a especializacao de cada uma. Se as sedes forem diferentes, atender-se-d ao lugar da infracao. Lembre-se de que, no Direito Penal Militar, o lugar do crime é tanto aquele onde foi praticada a conduta quanto aquele em que se produziu o resultado (teoria da ubiquidade). Com base nessa disting3o poderemos determinar quem julgaré o crime praticado apenas em parte no territério nacional. Caso a execuso se inicie em territério estrangeiro eo crime se consume no Brasil, serd competente a Auditoria Militar do local do resultado. Observe que a regra continua valida mesmo que o resultado no venha a ocorrer efetivamente. No caso do crime que se inicia em territério nacional e se consuma no estrangeiro, a Auditoria competente sera a do lugar em que foi praticado o tiltimo ato ou execugao. Quanto ao paragrafo Unico, vocé jé sabe que apenas no Rio de Janeiro, Sdo Paulo e Brasilia ha mais de uma Auditoria Militar na mesma sede. Nestes locais, haverd distribuigo, regulamentada pela Lei de Organizaco Judiciéria Militar da Unio. Doutrinariamente, a distribuigo é considerada uma espécie de prevencao. 2.5 - DA COMPETENCIA PELO LUGAR DA RESIDENCIA OU Domicitio DO ACUSADO RESIDENCIA OU DOMICILIO DO ACUSADO Art. 93. Se nio for conhecido o lugar da infracio, a competéncia regular-se-é pela residéncia ou domicilio do acusado, salvo o disposto no art. 96. Lembro a vocé que 0 domicilio é regulado pelo Cédigo Civil, e que o militar tem domicilio necessério, nos termos do art. 76, pardgrafo inico. Aatribuigio de competéncia em raz%o do domicilio € claramente subsididria, pois o préprio art. 93 determina que a regra somente ¢ aplicavel quando nao for possivel saber onde o crime foi cometido. Da ComPeETENCIA POR PREVENCAO. PREVENCAO. REGRA. Art. 94. A competéncia firmar-se-8 por prevencéo, sempre que, concorrendo dois ou mais juizes igualmente competentes ou com competéncia cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prética de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior 20 oferecimento da denincia. ‘A competéncia por prevencio apenas surgira quando houver mais de um juiz competente. Essa regra se aplica tanto ao caso em que ha mais de uma Auditoria na mesma sede, quanto aos processos conhecidos pelo juiz substituto da Auditoria Militar. Caso o substituto, por exemplo, pratique atos do préprio processo ou qualquer ato na fase de inquérito policial militar, ser considerado prevento. ‘CASOS EM QUE PODE OCORRER Art. 95. A competéncia pela prevencao pode ocorrer: 2) quando incerto o lugar da infragéo, por ter sido praticado na di jurisdicées; b) quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdigées; ¢) quando se tratar de infracao continuada ou permanente, praticada em territério de duas ou mais jurisdicées; d) quando o acusado tiver mais de uma residéncia ou néo tiver nenhuma, ou forem varios os acusados e com diferentes residéncias. A hipétese de crime praticado na divisa de duas ou mais jurisdicdes somente é aplicavel quando o local do crime ¢ incerto. Este seria 0 caso, por exemplo, de um crime cometido na “regio” da cidade de Petrolina, no serto do meu querido Pernambuco. Petrolina é separada de Juazeiro (Bahia) pelo Rio So Francisco. Pode haver evidéncias, portanto, de que o crime foi praticado naquela regido, mas sem a certeza de qual dos dois lados do rio, e neste caso estaremos diante da hipotese da alinea A. J4 a alinea B trata da situag3o em que hd certeza sobre o local em que o crime foi praticado, mas no hd certeza de qual érgao julgador exerce a competéncia sobre aquele territério. Agora podemos dizer que o limite territorial entre duas ou mais jurisdi¢des é incerto O crime continuado e o crime permanente, por se estenderem no tempo, podem ultrapassar o territério da jurisdigdo. Nesses casos, 0 juizo que primeiro praticar atos do processo seré competente. As regras acerca da residéncia do acusado so aplicaveis, mas sua interpretaco deve ser feita 8 luz dos dispositivos que jé mencionamos do Cédigo Civil. 2.7 - DA COMPETENCIA PELA SEDE OU LUGAR DO SERVICO. LUGAR DE SERVICO Art. 96, Para o militar em situaco de atividade ou assemelhado na mesma situacéo, ou para o funcionario lotado em reparticéo militar, 0 lugar da infracéo, quando este no puder ser determinado, serd 0 da unidade, navio, forca ou érgao onde estiver servindo, néo Ihe sendo aplicdvel o critério da prevencao, salvo entre Auditorias da mesma sede e atendida a respectiva especializacao. Essa regra hoje é redundante, tendo em vista o domicilio necessario do militar, previsto no Cédigo Civil. Este dispositivo nao é mais necessério, pois a regra do domicilio pode ser aplicada apenas com base no art. 85, |, b. A seguir 0 legislador trata da especializacio das auditorias. Ja vimos que essas regras no sfio mais aplicdveis, pois a LOJMU no contempla mais a especializacSo. 2.8 - Da CONEXAO OU CONTINENCIA ‘A maior parte da Doutrina entende que a conexao e a continéncia sdo hipéteses de prorrogacao de competéncia. O CPPM adota essa tese expressamente em seu art. 103, mas ha vozes doutrinarias no sentido de que a conexo e contin€ncia so critérios de fixac3o da competéncia. ‘A Conexio ocorrerd quando houver um liame entre diversos crimes. Em regra haverd conexio quando houver duas ou mais pessoas praticando dois ou mais crimes. Também haverd conexio quando alguém praticar um crime para encobrir outro. A Continéncia ocorrerd nas hipéteses de concurso de agentes ou de concurso de crimes. Neste caso haverd uma pessoa praticando dois ou mais crimes, ou duas ou mais pessoas praticando um tinico crime. CONEXAO. CONTINENCIA Hé mais de uma conduta Hd apenas uma conduta Em ambas pode haver pluralidade de agentes CASOS DE CONEXAO Art. 99. Haveré conexao: a) se, ocorridas duas ou mais infracées, tiverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por varias pessoas reunidas ou por varias pessoas em concurso, embora diverso 0 tempo e o lugar, ou por varias pessoas, umas contra as outras; b) se, no mesmo caso, umas infracées tiverem sido praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relacdo a qualquer delas; ©) quando a prova de uma infragdo ou de qualquer de suas circunsténcias elementares influir na prova de outra infragao. A alinea A trata da conexdo intersubjetiva, que ocorre quando duas ou mais infragbes so praticadas por dois ou mais sujeitos, sendo que o vinculo entre os delitos reside justamente nisso. a1) intersubjetiva por simultaneidade > se, ocorrendo duas ou mais infragdes penais, houverem sido praticadas, 20 mesmo tempo, por varias pessoas reunidas. N3o hé liame subjetivo ou acordo de vontade prévio. Como exemplo podemos citar a depredacao de estadio de futebol pela torcida adversaria. a2) intersubjetiva por concurso > se, ocorrendo duas ou mais infragdes penais, houverem sido praticadas por varias pessoas em concurso, embora diverso tempo e lugar. Neste caso hd liame subjetivo entre os agentes. Como exemplo podemos citar a aco de quadrilhas especializadas em roubo a banco, na mesma regio, dia e horério. a3) intersubjetiva por reciprocidade ~> se as infragSes forem praticadas por duas ou mais pessoas, umas contra as outras. Como exemplo podemos citar as agressées, mituas entre torcidas de futebol adversarias. A alinea B trata da conexdo objetiva. Sao hipdteses em que o vinculo entre as infracdes esté na motivagao de uma delas em relagao a outra b1) objetiva teleolégica > quando uma infraco penal visa a assegurar a execusio de outra. Exemplo: matar o unico vigilante de uma casa para entrar e furtar objetos. 62) objetiva consequencial > quando uma infragdo visa a assegurar a ocultago, a impunidade ou vantagem de outra. Depois de entrar na casa e furtar, 0 criminoso é surpreendido por vigilante e pratica homicidio para assegurar a impunidade do crime. Perceba que neste caso a conexo nao é subjetiva, mas se dé em razdo de uma questo fatica. A alinea C trata da conexo instrumental ou probatéria: quando a prova de uma infraclo ou de qualquer de suas circunstdncias elementares influir na prova de outra infrago. CASOS DE CONTINENCIA Art. 100. Haverd continéncia: 2) quando duas ou mais pessoas forem acusadas da mesma infraco; b) na hipétese de uma tinica pessoa praticar varias infragées em concurso. Aalinea A trata da cumulagao subjetiva, que ocorre quando duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infraco (concurso de pessoas). A alinea B traz a cumulagao objetiva, que ocorre na hipétese de concurso formal, inclusive da aberratio ictus e aberratio criminis, Uma Unica conduta com dois ou mais resultados. REGRAS PARA DETERMINAGAO. Art, 101. Na determinacéo da competéncia por conexéo ou continéncia, seréo observadas as seguintes regras: (CONCURSO E PREVALENCIA I- no concurso entre a jurisdicao especializada e a cumulativa, preponderard aquela; Hoje nfo ha mais Auditorias especializadas, mas podemos dizer que existem um caso de especializaco ainda aplicdvel no Processo Penal Militar: a competéncia das auditorias de Brasilia para julgar crimes militares ocorridos no estrangeiro. A regra do inciso |, portanto, é utilizada para 08 crimes militares cometidos fora do territério nacional. © termo “cumulativa”, neste caso, deve ser entendido como “mista”. IZ - no concurso de jurisdigées cumulativas: 2) prevaleceré a do lugar da infracao, para a qual cominada pena mais grave; b) prevaleceré a do lugar onde houver ocorrido o maior mimero de infragées, se as respectivas penas forem de igual gravidade; PREVENCAO ©) firmar-se-4 a competéncia pela prevengdo, nos demais casos, salvo disposi¢ao especial deste Cédigo; ‘Agora veremos as regras aplicdveis no concurso de jurisdicdes cumulativas. Para ilustrar a hipétese da alinea A, utilizarei o exemplo trazido por Ricardo Giuliani: “Sujeito prestando servico militar em Bagé-RS, rouba um celular de um colega e é transferido para prestar servico militar em Porto Alegre e ld, antes de iniciada a ago penal em Bagé, vende este celular para outro colega de farda da guarnicSo, sabendo ser produto de crime (receptacao). Temos dois crimes militares, um de receptacao — pena de reclusio até cinco anos ~, e roubo — pena de reclusio de quatro a quinze anos”. Utilizando a regra do art. 101, |, “a”, serd competente para julgar a processar os dois delitos a Auditoria de Bagé-RS, pois Id ocorreu o crime de roubo, apenado de forma mais severa. Quanto a alinea 8, mais uma vez utilizarei o exemplo de Giuliani: “Militar prestando servigo militar em Bagé-RS subtrai um aparelho celular de um colega e uma mochila de outro, no alojamento da organizagio militar. Transferidos para Porto Alegre, um dos colegas de farda empresta-Ihe um aparelho celular, que, apés receber, inverte a posse e nao entrega mais o aparelho para seu colega, apropriando-se do bem”. Neste caso ha dois crimes de furto com pena de reclusao de até seis anos e um crime de apropriag3o indébita com igual pena. Aplica-se, portanto, a regra do art. 101, I, “b”, pois a pena é a mesma para todos os crimes. Mais uma vez a Auditoria competente serd a de Bagé-RS. Nao sendo possivel estabelecer a competéncia por meios das regras que vimos até agora, deve-se utilizar o critério da prevengao, conforme alinea C. CATEGORIAS IIT - no concurso de jurisdigao de diversas categorias, predominaré a de maior graduacao. Esta regra é utilizada na relacdo entre o STM e as Auditorias. Neste caso prevalece o STM, por ser instancia superior, apesar da impreciso do dispositivo em utilizar o termo “maior graduaco”. UNIDADE DO PROCESSO Art. 102. A conexdo e a continéncia determinarao a unidade do processo, salvo: CASOS ESPECIAIS a) no concurso entre a jurisdic&o militar e a comum; b) no concurso entre a jurisdi¢éo militar e 2 do Juizo de Menores. JURISDICAO MILITAR E CIVIL NO MESMO PROCESSO Pardgrafo tinico. A separacao do processo, no concurso entre a jurisdicao militar e a civil, no quebra a conexdo para o proceso e julgamento, no seu foro, do militar da ativa, quando este, no mesmo processo, praticar em concurso crime militar e crime comum. A regra geral € a de que a conex3o e a contingncia resulta no julgamento dos fatos em um sé processo. O art. 102, entretanto, traz excegdes a essa regra. Aalinea A trata do concurso entre a jurisdi¢do militar e a comum. £ 0 caso de civil que pratica crime conexo com policial militar. Neste caso o Policial Militar sera julgado na Justica Militar do estado, enquanto o civil sera julgado na Justiga comum, pois no ha previsio do cometimento de crime militar por civil no mbito estadual. Se 0 civil cometer crime militar conexo com militar federal, entretanto, ndo estaremos diante de concurso de jurisdi¢’o militar com jurisdic3o comum, pois ambos podem julgados na Justiga Militar da Unido. Chamo sua aten¢3o para a Sumula n2 90, do STJ. ‘SUMULA N° 90 DO STI Compete a Justica Militar Estadual processar e julgar policial militar pela pratica de crime militar, € & Comum pela pratica do crime comum simultaneo aquele. Neste caso estamos tratando de dois crimes diferentes, um militar e outro comum, praticados pela mesma pessoa simultaneamente. Como voce jé sabe, 0 fato de o agente ser militar nao é suficiente para atrair a competéncia da Justica Militar. Um bom exemplo desta situag3o de concomitancia € o ocorrido na tragédia em que um Boeing 737 da Gol se chocou com o Jato Legacy da empresa Excel Air Service. Os controladores de véo, sargentos da Forca Aérea, foram denunciados pelo Ministério Publico Federal por dois crimes dolosos de atentado contra a seguranca de transporte aéreo, em concurso formal, sendo um na modalidade fundamental (art. 261 do CP), e outro qualificado por 154 mortes (art. 261, §12, c/coart. 263, ambos do CP). Na sequéncia, 0 Ministério Publico Militar ofereceu deniincia contra os mesmos profissionais pela pratica do delito de inobservancia de lei, regulamento ou instrugo (art. 324 do CPM). Em julgamento de habeas corpus, o STF considerou valida esta situago, confirmando a licitude das aces penais simultaneas na Justica Federal e na Justica Militar da Unio. A alinea B, por outro lado, determina a separago obrigatéria quando houver concurso entre a jurisdicao militar e a do Juizo de Menores. O civil ou militar responderé na Justiga Militar eo menor nna vara ou juizo da infancia e juventude pelo ato infracional conexo com o crime militar. SEPARACAO DE JULGAMENTO Art. 105. Separar-se-d0 somente os julgamentos: a) se, de varios acusados, algum estiver foragido e nao puder ser julgado revelia; b) se os defensores de dois ou mais acusados no acordarem na suspeicao de juiz de Conselho de Justiga, superveniente para compé-lo, por ocasigo do julgamento. Nestes casos no hé quebra da unidade processual exigida pela conexio ou continéncia, mas s6 do julgamento, quando ocorrerem as hipéteses previstas. Na hipétese da alinea A, a tinica previsdo do CPPM em que o acusado nao pode ser julgado & revelia, em primeira instancia, é a deserc3o. Os corréus, portanto, nao poderSo ser julgados juntos se um deles for revel. A hipstese da alinea B é mais frequente, pois, sendo o conselho um colegiado, pode haver superveniéncia de juiz na sua formacio, ensejando a suspeico ou impedimento desse juiz, em relac%o a um ou mais acusados. SEPARACAO DE PROCESSOS Art. 106. 0 juiz poder separar os processos: a) quando as infracées houverem sido praticadas em situagées de tempo e lugar diferentes; b) quando for excessivo o ntimero de acusados, para nao lhes prolongar a prisio; ¢) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele préprio repute relevante. O legislador conferiu ao juiz, em algumas situagGes, a prerrogativa de separar os processos ligados por conexo ou continéncia A principal fungSo da reuniio dos processos nesse caso ¢ facilitar a colheita da prova e evitar decisBes conflitantes. Acontece que, em determinadas situagSes, 2 reunio ao invés de ajudar acaba prejudicando 0 bom andamento do processo ou causando grande gravame para o acusado, autorizando a cisdo do proceso. Da decisio do Juiz-Auditor ou do Conselho de Justiga que determinar a separago haverd recurso de oficio para o STM. SEPARACAO a) no concurso entre a jurisdi¢o militar e a comum; OBRIGATORIA (art. b) no concurso entre a jurisdi¢3o militar € a do Juizo de 102) Menores. a) quando as infracdes houverem sido praticadas em situagdes de tempo e lugar diferentes; SEPARAGAO . . FACULTATIVA (art. ____b) auando for excessive o ndmero de acusados, para 106) nao Ihes prolongar a prisio; c) quando ocorrer qualquer outro motivo que ele proprio repute relevante. AVOCACAO DE PROCESSO Art. 107. Se, no obstante a conexéo ou a continéncia, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdicéo prevalente deveré avocar os processos que corram perante os outros juizes, salvo se jé estiverem com sentenca definitiva. Neste caso, a unidade do proceso sé se daré ulteriormente, para efeito de soma ou de unificacao de penas. A sentenga definitiva & qual se refere o dispositivo é aquela que primeiramente decide o mérito, sendo cabivel ainda recurso de apelaco. Nao se trata da sentenca definitiva. 2.9 - DA COMPETENCIA PELA PRERROGATIVA DE POSTO OU DA FUNCAO \NATUREZA DO POSTO OU FUNCAO Art. 108. A competéncia por prerrogativa do posto ou da fungao decorre da sua propria natureza e nao da natureza da infracao, e regula-se estritamente pelas normas expressas neste Cédigo. © CPPM prevé duas modalidades de prerrogativa: a de posto e a de fungSo. A competéncia por prerrogativa de posto estd prevista no art. 6° da LOJMU, que confere competéncia ao STM para processar julgar originariamente os oficiais-generais, Quanto & competéncia por prerrogativa de funsio, a Unica hipétese hoje existente est prevista no paragrafo Unico do art. 95 da LOJMU: “O comandante do teatro de operagées responderd a proceso perante 0 Superior Tribunal Militar, condicionada a instauraco da ago penal & requisiclo do Presidente da Reptblica”. Neste caso o legislador faz mengdo & fungo exercida, e nao & condicao de oficial-general, até porque a fungio de comando pode ser exercida, em algumas hipéteses, por outros oficiais. CASO DE DESAFORAMENTO Art. 109. O desaforamento do processo poderé ocorrer: 2) no interesse da ordem publica, da Justica ou da disciplina militar; b) em beneficio da seguranca pessoal do acusado; ©) pela impossibilidade de se constituir 0 Conselho de Justica ou quando a dificuldade de constitui-lo ou manté-lo retarde demasiadamente o curso do proceso. © “desaforamento” pode ser entendido como a subtraco da lide, de um determinado foro para outro foro, pelas razées alineadas no art. 109. Quero chamar sua atengdo para a hipétese da alinea C. Esta situaco é tipica do CPPM. O processo ¢ julgamento dos crimes militares na inst&ncia inferior cabe aos Conselhos de Justica, que devem ser compostos por oficiais de mesmo posto ou mais antigos que o acusado. Se n3o for possivel compor © Conselho nesses moldes, podera haver desaforamento. © pedido de desaforamento ¢ dirigido a0 STM, podendo fazé-lo os Comandantes da Marinha, do Exército ou da Aeronautica; do Distrito Naval, Regiao Militar e de Comando Aéreo; Conselhos de Justiga ou Auditor e ainda mediante representag3o do MPM ou do acusado. Caso defira o pedido, 0 STM, ouvido 0 Procurador-Geral, se dele no proveio o pedido, designaré a Auditoria por onde deva ter curso o processo. O pedido, mesmo quando negado, poderd ser feito novamente, se houver motivo superveniente. Uma vez concedido 0 desaforamento, em regra nao mais possivel que o processo retorne ao julzo de origem. O retorno desse processo a sua origem é também conhecido como “reaforamento” e é aceito em situages expepcionais, desde que cessado o impedimento que motivou o desaforamento inicial, associado com a indicago de eventual ébice para o regular processamento ¢ julgamento do feito no atual foro. 3 - CONFLITOS DE COMPETENCIA As questes atinentes 8 competéncia podem ser resolvidas tanto pela excecio propriamente dita (exceso de incompeténcia), quanto pelo conflito positivo ou negativo. Art. 112. Haver conflito: CONFLITO DE COMPETENCIA I- em razo da competénci POSITIVO a) positive, quando duas ou mais autoridades judicidrias entenderem, ao mesmo tempo, que Ihes cabe conhecer do processo; NEGATIVO b) negativo, quando cada uma de duas ou mais autoridades judicidrias entender, 20 mesmo tempo, que cabe a outra conhecer do mesmo processo; CONTROVERSIA SOBRE FUNCAO OU SEPARACAO DE PROCESSO II - em razao da unidade de juizo, funco ou separacao de processos, quando, a esse respeito, houver controvérsia entre duas ou mais autoridades judiciarias. Neste dispositive no ha muitas novidades, ndo é mesmo? Vocé jd sabe que ocorre conflito positivo de competéncia quando duas ou mais autoridades se julgam competentes, enquanto o conflito negativo ocorre quando duas ou mais autoridades se julgam incompetentes para conhecer a matéria. O inciso Il, entretanto, merece comentérios adicionais. Esse conflito provém das hipéteses de Continéncia onde deva existir um juizo prevalente, na forma do art. 101 do CPPM. Dai falar-se em jungo (e nao “funcio” como vem nos cédigos) ou separacao de processos. conflito pode ser suscitado pelo acusado, pelo érgio do Ministério Publico, ou pela propria autoridade judiciaria, nos termos do art. 113. Os dois primeiros fardo por requerimento, e ultimo, sob forma de representacdo, suscitando-se perante a autoridade competente para dirimir 0 conflito. AUTORIDADE COMPETENTE PARA DECIDIR CONFLITO DE COMPETENCIA. STF Se o suscitante ou o suscitado for o STM (art. 102, I, “o” da CF). Se 0 conflito se der entre Juizo Militar de Primeira Instncia e Juizo su vinculado a outro Tribunal (art. 105, 1, “d” da CF) Se 0 conflito se der entre autoridades judicidrias subordinadas a esse s™ Tribunal (art. 62, I, “g" da LOJMU). Se 0 conflito for negativo, podera ser suscitado nos préprios autos do processo. Tratando-se de conflito positivo, 0 relator do feito poderd ordenar, desde logo, que se suspenda o andamento do proceso, até a decisio final, da qual nao caberd recurso. 4 - QUESTGES 4,1 - QUESTOES COMENTADAS TIM-SP - Escrevente ico Judi io - 2011 - VUNESP. Quanto ao foro militar em tempo de paz, assinale a alternativa correta a) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justica militar encaminharé os autos do inquérito policial militar a justiga comum. b) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justi¢a comum encaminhara os autos do inquérito policial a justiga militar. ¢) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Autoridade de Policia Judicidria Militar encaminhard os autos do inquérito policial militar a justiga comum. d) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a justica militar encaminhard os autos do inquérito policial militar & justi¢a comum. €) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a Autoridade de P. Militar encaminharé os autos do inquérito policial militar a justiga comum. a Judicidria Comentérios ‘A regra acerca do crime doloso contra a vida praticado contra civil é de que a Justiga Militar encaminhe os autos do inquérito policial militar para a Justica comum, pois esta é competente para Julgar este tipo de crime, mesmo quando praticado por militar. GABARITO: A PM-MG - Off da Policia Militar - 2011 - Fumarc. Sobre a competéncia no Ambito do Direito Penal Militar, analise os conceitos infrarrelacionados: 1- A competéncia, de modo geral, é determinada pelo local da infraciio. Contudo, em crimes em que haja mais de um local de consumagao, a competéncia é exercida pela sede do lugar de exercicio funcional do policial militar. Il -a prerrogativa de posto ou funcao inibe a utilizacéo de outro critério para a determinacdo da competéncia. Ill - Na ocorréncia de continéncia ou conexao, o principio da unidade do processo é regra, exceto quando hd cumulagao de competéncias da Justiga Comum e Justiga Militar. Assinale a alternativa CORRETA. a) As afirmativas I, Ile Ill esto corretas, b) As afirmativas |, I! Ill esto incorretas. c) Apenas a afirmativa Ill esté correta. d) Apenas a afirmativa | esta incorreta. Comentérios A assertiva | est correta quando diz que a competéncia é determinada, em regra, pelo local da infraglo. A atribuiglo de competéncia em razio do local de servico do militar, entretanto, no ocorre quando o crime se consuma em mais de um local, mas sim quando o lugar da infracao nao pode ser determinado, nos termos do art. 96. GABARITO: D 3. DPU— Defensor Publico - 2007 - Cespe. Compete a justiga militar da Unio processar e julgar crime doloso contra a vida, praticado por militar do Exército Brasileiro contra civil, estando aquele em atividade inerente as funcdes institucionais das Forgas Armadas. Comentarios O gabarito oficial desta questao é CERTO. Parece um absurdo, nao é mesmo? Mas é interessante que vocé saiba que até 2011 havia controvérsia sobre a constitucionalidade das alteracées introduzidas no CPPM pela Lei n° 9.299/1996. Em 2011 0 STM se julgou incompetente para conhecer de um crime praticado por militar contra a vida de civil, e a controvérsia foi solucionada. Por esta razo, estou dando o gabarito da questo como ERRADA, ok? GABARITO: ERRADO 4. DPU- Defensor Publico ~ 2007 ~ Cespe. Falece competéncia & justiga militar da unio para processar e julgar ci Comentérios Esta é bem batida, nfo € mesmo? A Justica Militar da Unigo julga tanto civis quanto militares que praticarem crimes militares, definidos em lei. Ja a Justi¢a Militar dos Estados nao tem competéncia para julgar civis. GABARITO: ERRADO 5. STM~Analista Judicidrio - 2011 - Cespe. Um processo foi instaurado perante a Circunscricao Judiciéria Militar de Curitiba, contra varias pessoas, entre elas um coronel da Aeronautica da ativa. Diante da impossibilidade de compor © conselho especial, devido & inexisténcia de oficiais em numero suficiente, foi concedido pelo STM 0 desaforamento do processo para circunscricSo judicidria militar de outro estado. Todavia, no decorrer da instrugo, © coronel foi excluido do processo por forca de habeas corpus e outro corréu excepcionou a competéncia da circunscri¢So judicidria, sob o argumento de haver cessado 0 motivo do desaforamento. Nessa situacSo, continua competente o juizo que recebeu o proceso desaforado, mesmo que a exclustio de um dos acusados possibilite a composigio do conselho de justica no jufzo militar de origem. Comentérios Vimos que 0 posicionamento da Doutrina e do Cespe € no sentido de que, uma vez concedido o desaforamento, nao é possivel haver a devolucao do proceso. O “reaforamento” s6 ser aceito em situages excepcionais, GABARITO: CERTO 6. STM—Analista Judi rio - 2004 - Cespe. Com relagdo & competncia, a conexdo e a continéncia impSem a unidade de processo, salvo no concurso entre a jurisdi¢o militar e a comum. Comentarios Lembre-se que para o Cespe uma assertiva incompleta nao esté necessariamente errada. O art. 102 do CPPM traz duas hipéteses de separacao obrigatéria dos processos em que ha conexdo ou continéncia: concurso entre a jurisdigao militar e a comum; e concurso entre a jurisdi¢o militar e 0 Juizo de Menores. Apesar de a assertiva no mencionar a hipétese do Juizo de Menores, deve ser marcada como correta. GABARITO: CERTO 7 DPU — Defensor Publico — 2010 — Cespe. Considere a situago hipotética em que um grupo de 20 militares integrantes das forcas armadas brasileiras, em missdo junto as forgas de paz da ONU, no Haiti, em concurso de pessoas com diversos outros militares pertencentes as forcas armadas da Italia e da Franca, tenha cometido diversos crimes militares no Haiti. Nessa situagSo, a competéncia para conhecer, processar e julgar os militares brasileiros pelas infracdes penais militares é da Justica Militar da Unio, cujo exercicio jurisdicional € o da auditoria da capital da Unio. Comentarios O Direito Penal Militar adota a territorialidade e a extraterritorialidade. Dessa forma, mesmo os crimes praticados no exterior so de competéncia da Justica Militar. Neste caso, o art. 91 do CPPM determina que a Auditoria competente seré uma das localizadas em Brasilia. GABARITO: CERTO 8. MPE-ES - Promotor de Justica - 2010 - Cespe. Celso, soldado da policia militar do estado do Espirito Santo, foi preso em flagrante delito pelos crimes de peculato e falsidade de documento piblico, praticados contra a administracio militar, Oferecida deniincia perante a auditoria militar do estado, Celso serd processado e julgado. Caso os crimes descritos fossem praticados contra civil, estando o agente no exercicio da fungo policial, a competéncia para processar e julgar seria do Conselho Permanente de Justica. Comentérios A questdo encontra-se incorreta, pois como Celso € militar do Estado, os crimes praticados contra civis s80 competéncia do Juiz Singular, os demais crimes si0 de competéncia do Conselho Permanente de Justia, nos termos do art. 125, § 52 da CF/88: § 52 Compete aos juizes de direito do juizo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ages judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justica, sob a presidéncia de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. GABARITO: ERRADO 9. DPU~Analista Técnico Administrative - 2016 - Cespe. ‘A competéncia para a apuracao de crime militar seré determinada, em regra, pelo local da infrago e, no caso de tentativa de crime, pel local de residéncia ou domicilio do acusado. Comentarios A questo nos exige 0 conhecimento do art. 88, segundo 0 qual competéncia seré, de regra, determinada pelo lugar da infraco; e, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o ultimo ato de execusio. GABARITO: ERRADO 10. _ DPU - Analista Técnico Administrative - 2016 - Cespe. Situagao hipotética: Um capitao-de-corveta que serve em unidade sediada em Porto Alegre praticou crime militar na Argentina, durante exercicio militar. Assertiva: Nessa situaclo, de acordo com o CPPM, o crime devera ser processado na Auditoria da capital federal, sediada em Brasilia — DF. Comentarios Segundo 0 art. 91 do CPPM, os crimes militares cometidos fora do territério nacional serao, em regra, processados em Auditoria da capital federal. GABARITO: CERTO 1, TJM-SP - Escrevente Técnico Judiciario - 2011 — VUNESP. Quanto ao foro militar em tempo de paz, assinale a alternativa correta. a) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justica militar encaminharé os autos do inquérito policial militar 3 justi¢a comum. b) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a justia comum encaminharé os autos do inquérito policial a justiga militar. c) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra civil, a Autoridade de Policia Judicidria Militar encaminharé os autos do inquérito policial militar & justiga comum. d) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a justica militar encaminhara os autos do inquérito policial militar 8 justia coum. e) Nos crimes dolosos contra a vida, praticados contra militar, a Autoridade de Policia Judiciaria Militar encaminharé os autos do inquérito policial militar & justiga comum. 2. PIM-MG - Oficial da Policia Militar - 2011 - Fumare. Sobre a competéncia no Ambito do Direito Penal Militar, analise os conceitos infrarrelacionados: 1- A competéncia, de modo geral, é determinada pelo local da infrago. Contudo, em crimes em que haja mais de um local de consumago, a competéncia € exercida pela sede do lugar de exercicio funcional do policial militar. Il- a prerrogativa de posto ou fungo inibe a utilizag3o de outro critério para a determinago da competéncia. III - Na ocorréncia de continéncia ou conexZo, o principio da unidade do processo é regra, exceto quando hé cumulac&o de competéncias da Justiga Comum e Justiga Militar. Assinale a alternativa CORRETA. a) As afirmativas I, Ile Ill esto corretas. b) As afirmativas I, I! e Ill esto incorretas. c) Apenas a afirmativa Ill esta correta. d) Apenas a afirmativa | est incorreta. 3. DPU—Defensor Publico - 2007 ~ Cespe. Compete a justiga militar da Unio processar e julgar crime doloso contra a vida, praticado por militar do Exército Brasileiro contra civil, estando aquele em atividade inerente as fungdes institucionais das Forgas Armadas. 4. DPU- Defensor Publico - 2007 - Cespe. Falece competéncia & justica militar da unio para processar e julgar civis. 5. STM~Analista Judiciario - 2011 - Cespe. Um processo foi instaurado perante a Circunscri¢ao Judicidria Militar de Curitiba, contra varias pessoas, entre elas um coronel da Aerondutica da ativa. Diante da impossibilidade de compor © conselho especial, devido & inexisténcia de oficiais em numero suficiente, foi concedido pelo STM o desaforamento do processo para circunscri¢30 judicidria militar de outro estado. Todavia, no decorrer da instrugo, 0 coronel foi excluido do processo por forca de habeas corpus e outro corréu excepcionou a competéncia da circunscri¢o judicidria, sob o argumento de haver cessado 0 motivo do desaforamento. Nessa situac3o, continua competente o juizo que recebeu 0 proceso desaforado, mesmo que a exclusio de um dos acusados possi composicao do conselho de justia no juizo militar de origem. rio — 2004 - Cespe. Com relagdo & competéncia, a conexdo e a continéncia impSem a unidade de processo, salvo no concurso entre a jurisdi¢ao militar e a comum. 7. DPU-Defensor Publico - 2010 - Cespe. 6. STM~Analista Judi Considere a situac3o hipotética em que um grupo de 20 militares integrantes das forcas armadas brasileiras, em missdo junto as forgas de paz da ONU, no Haiti, em concurso de pessoas com diversos outros militares pertencentes as forcas armadas da Italia e da Franca, tenha cometido diversos crimes militares no Haiti. Nessa situacdo, a competéncia para conhecer, processar e julgar os militares brasileiros pelas infracdes penais militares é da Justica Militar da Unio, cujo exercicio jurisdicional é o da auditoria da capital da Unido. 8. MPE-ES - Promotor de Justica - 2010 - Cespe. Celso, soldado da policia militar do estado do Espirito Santo, foi preso em flagrante delito pelos crimes de peculato e falsidade de documento piblico, praticados contra a administracio militar. Oferecida deniincia perante a auditoria militar do estado, Celso sera processado e Julgado. Caso os crimes descritos fossem praticados contra civil, estando o agente no exercicio da fungo policial, a competéncia para processar e julgar seria do Conselho Permanente de Justica. 9. DPU~Analista Técnico Administrative - 2016 - Cespe. ‘A competéncia para a apuracao de crime militar seré determinada, em regra, pelo local da infrago e, no caso de tentativa de crime, pelo local de residéncia ou domicilio do acusado. DPU - Analista Técnico Administrativo ~ 2016 — Cespe. Situagao hipotética: Um capitao-de-corveta que serve em unidade sediada em Porto Alegre praticou crime militar na Argentina, durante exercicio militar. Assertiva: Nessa situacao, de acordo com o CPPM, o crime deverd ser processado na Auditoria da capital federal, sediada em Brasilia — DF. \ Z ‘ » 4.3 - GABARITO 1 A 5. CERTO 9, ERRADO 2 OD 6. CERTO 10. CERTO 3. ERRADO 7. CERTO 4. ERRADO. 8. ERRADO 5 - CONSIDER: ES FINAIS Concluimos aqui esta aula! Se tiver duvidas, utilize nosso férum. Estou sempre & disposi¢ao também no e-mail e nas redes sociais. Grande abraco!

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