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Conceito

Quanto à sua conceituação, podemos dizer que os di-


reitos humanos são todos aqueles direitos considerados
indispensáveis a uma vida em sociedade, pautada na
liberdade, na igualdade e na dignidade. Do ponto de vista
DIREITOS HUMANOS.
formal, os direitos humanos seriam aqueles positivados
em instrumentos internacionais, a exemplo da Declaração
1. Conceito e fundamentação.
Universal dos Direitos Humanos (DUDH).
2. Direitos Humanos e responsabilidade do Estado.
3. Direitos Humanos na CRFB/88. São os direitos protegidos pela ordem internacional
4. Política Nacional de Direitos Humanos.
(especialmente por meio de tratados multilaterais, globais
ou regionais) contra as violações e arbitrariedades que
5. Violências de gênero. Violência doméstica. Lei Maria da Penha
um Estado possa cometer às pessoas sujeitas à sua ju-
(Lei nº 11.340/16).
risdição. São direitos indispensáveis a uma vida digna e
6. Racismo. Racismo institucional.
que, por isso, estabelecem um nível protetivo (standard)
7. Estatuto da Igualdade Racial.
mínimo que todos os Estados devem respeitar, sob pena
8. Estatuto da Pessoa com Deficiência.
de responsabilidade internacional.
9. Direito das pessoas moradoras de favelas. População em situação
No tocante à terminologia, é importante destacar a di-
de rua.
ferença conceitual na relação existente entre os direitos
10. Direito das vítimas de violência de Estado.
humanos, os “direitos do homem” e os “direitos funda-
11. Diversidade sexual. Direito das pessoas LGBTQIA+. Homofobia,
mentais”. Algumas literaturas abordam os direitos huma-
discriminação por orientação sexual e identidade de gênero e o
nos como sinônimo de direitos fundamentais, bem como
crime de racismo.
tratam os direitos do homem como sinônimo de direitos
12. Tortura.
humanos.
13. As Garantias Judiciais e os direitos pré-processuais.
Porém, para melhor compreensão, temos que a ex-
14. Direito a não ser torturado.
pressão “direitos do homem” tem cunho jusnaturalista,
15. Conceito e Princípios das Políticas Públicas.
relacionada aos direitos inerentes à condição humana,
16. Recolhimento Compulsório.
mas vinculada à vontade divina. Trata-se, pois, nessa
concepção, de um direito que não necessita de positiva-
ção, uma vez que diz respeito ao “direito natural”.
Já a expressão “direitos fundamentais” diz respeito di-
retamente àqueles direitos positivados na Constituição
Federal ou na Carta Constitucional de determinado país.

Nos regimes democráticos, toda e qualquer pessoa


deve ter a sua dignidade respeitada independentemente
de sua origem, etnia, raça, convicção econômica, orienta-
ção política, classe social, idade, identidade sexual, orien-
tação ou credo religioso.
Dessa forma, podemos dizer que a proteção aos direi-
tos do homem, quando materializadas em ordenamentos
jurídicos, garantem o desenvolvimento da personalidade
humana em total consonância com os conceitos de justi-
ça, igualdade e democracia. É o que se espera entre os
membros de qualquer sociedade, bem como entre os indi-
víduos e seu relacionamento com o Estado.
A partir dessas premissas, podemos dizer que cada
Estado incorpora no seu ordenamento jurídico os direitos
humanos mais próximos aos seus próprios valores, aos
valores de sua sociedade, decidindo quais serão constitu- Na Constituição da República Federativa do Brasil de
cionalizados (ou seja, quais alçarão a categoria de “direi- 1988, podemos verificar a existência das duas expres-
tos fundamentais”), bem com quais pertencerão ao nível sões: direitos humanos e direitos fundamentais. Entretan-
infraconstitucional dentro do ordenamento. to, nas passagens em que consta a expressão “direitos
humanos”, verifica-se que o legislador constituinte se
refere a direitos previstos na ordem internacional e, nas
passagens em que consta a expressão “direitos funda- As diferenças da fundamentação jusnaturalista para a
mentais”, percebe-se que o legislador se refere a direitos fundamentação histórica dos direitos humanos, consis-
positivados na ordem interna, ou seja, direitos fundamen- tem em que:
tais na ordem jurídica brasileira.
(i) no lugar de direitos naturais, universais e absolu-
Fundamentação dos Direitos Humanos tos, fala-se de direitos históricos, variáveis e rela-
A fundamentação dos Direitos Humanos teve início tivos;
com a aprovação da Declaração Universal dos Direitos do (ii) no lugar de direitos anteriores e superiores a soci-
Homem, em 10 de dezembro de 1848 pela Assembléia- edade, se fala em direitos de origem social prove-
Geral das Nações Unidas. São três: jusnaturalista, históri- nientes do resultado da evolução da sociedade”.
ca e moralista.
Pela fundamentação jusnaturalista, tem-se que tais di- Os direitos humanos são direitos históricos, e, foram
reitos, antes de serem positivados nas Declarações de conquistados ao longo dos tempos, a medida da evolução
Direitos e nas Constituições, constituem verdadeiros direi- e necessidade da própria sociedade, daí o estudo e a teo-
tos morais, intrinsecamente relacionados com a própria rização dos direitos humanos em direitos de primeira,
existência da humanidade e de seu desenvolvimento his- segunda e terceira geração.
tórico, político, econômico e social. São direitos univer- Quanto à fundamentação moral/ética tem-se como
sais, válidos universalmente, inalienáveis, imprescritíveis, ponto de partida que a fundamentação dos mesmos não
e, que garantem a dignidade do homem perante os de- pode ser apenas jurídica, mas baseada em valores, em
mais e também sua autonomia, emancipação e liberdade uma fundamentação ética ou axiológica. Nesta funda-
frente ao poder do Estado. mentação, os direitos humanos aparecem como direitos
As três características mais relevantes da fundamen- morais como exigências éticas e direitos que os homens
tação jusnaturalista dos direitos humanos seriam as se- tem pelo fato de serem homens, e, portanto, com um direi-
guintes: to igual a seu reconhecimento, proteção e garantia por
parte do poder político e jurídico. Direitos esses iguais,
(i) a origem dos direitos naturais não é de Direito Po- obviamente embasados na propriedade comum de todos
sitivo, senão um tipo de ordem jurídica distinta do eles enquanto seres humanos e iguais independentemen-
Direito Positivo, ou seja, o Direito Natural; te de qualquer contingência histórica ou cultural, caracte-
(ii) tanto a ordem jurídica natural como os direitos rística física ou intelectual, poder político ou classe social.
naturais deduzidos são expressão e participação Em suma, para os positivistas, os direitos humanos se-
de uma natureza humana comum e universal para riam aqueles direitos concebidos pelo Estado aos seres
todos os homens; e, humanos, de forma institucionalizada, positivados no
(iii) no que se refere a existência desses direitos, os ordenamento jurídico. Em contraponto aos jusnaturalis-
direitos humanos existem e o sujeito os possui tas, os positivistas não acreditam na existência de direi-
independentemente do seu reconhecimento ou tos preexistentes aos já positivados e reconhecidos pelo
não por determinada ordem jurídica. Estado. Quanto aos moralistas, percebe-se a defesa da
teoria de que os direitos são direitos morais da coletivi-
dade humana, fundamentados não apenas de forma jurí-
Muitos teóricos tem defendido a tese de que os direi-
dica, mas, sim, em valores da sociedade.
tos humanos tiveram origem não na ordem jurídica positi-
Diante disso, é importante compreender que todas es-
va, mas em um direito natural, ou seja, em um sistema
sas teorias da fundamentação dos direitos humanos fo-
normativo que se caracteriza pelo fato de que o critério
ram importantes e ainda são reportadas como fundamen-
segundo a qual certas normas pertencem ao sistema não
tais para a base da nossa disciplina no direito contempo-
está baseado em atos contingentes ou ditados ou no
râneo.
reconhecimento por parte de certos indivíduos, senão em
sua justificação intrínseca.
A fundamentação jusnaturalista, de forma conclusiva, Características dos Direitos Humanos
afirma e tem como consideração que os direitos humanos O estudo das características dos direitos humanos é
são direitos naturais, e, na defesa do jusnaturalismo como fundamental à melhor compreensão do tema. Segue as
teoria que explica e dá a fundamentação da existência do características que surgem com mais frequência:
direito natural. a) Historicidade: Os direitos humanos não nasceram em
Quanto à fundamentação histórica/positivista dos di- momento histórico único. Eles foram surgindo e se
reitos humanos, tem por base a assertiva que os direitos aprimorando conforme a evolução das sociedades. É
humanos manifestam-se e são variáveis e relativos a ca- por isso que todo direito humano carrega uma longa
da contexto histórico e de desenvolvimento da sociedade. história, geralmente marcada por lutas intensas, até
seu firmamento e positivação nas ordens jurídicas dos as pessoas humanas, impedindo que elas possam, por
Estados. seu arbítrio, abrir mão de direitos que são inerentes à
b) Universalidade: Os direitos humanos não se destinam sua condição existencial.
apenas a grupos isolados, mas sim a todas as pesso- h) Inviolabilidade: É dever do Estado, bem como dos par-
as. Trata-se, pois, de elemento inerente à existência do ticulares, não violar os direitos humanos. No entanto,
ser humano, que a este deve ser assegurado indepen- caso ocorra à violação, o Estado tem o dever de agir de
dentemente do preenchimento de qualquer condição; maneira eficaz e voltada a sanar a lesão o mais rápido
basta “ser” humano. possível, bem como adotar as medidas necessárias
c) Essencialidade: Os direitos humanos são essenciais, e para que a violação não volte a ocorrer.
diante dessa condição (e característica), gozam de i) Vedação ao Retrocesso: A evolução dos direitos hu-
status normativo diferenciado perante o ordenamento manos é crescente. Portanto, não se admite a mitiga-
jurídico, ao menos o brasileiro. Como exemplo, veja-se ção na proteção, tão menos a extinção de nenhum di-
que o §3º, do art. 5º, da CRFB/88 confere status de reito humano. O rol de direitos humanos pode ser am-
emenda constitucional aos tratados e convenções in- pliado, mas não minorado. Por isso se diz, inclusive,
ternacionais sobre direitos humanos que sejam recep- que existem “dimensões” e não “gerações” de direitos.
cionados no Brasil mediante o quórum de referida es- Enquanto a primeira expressão comporta uma soma-
pécie legislativa. Veja-se, pois, o mencionado disposi- tória de direitos, a segunda é indicativa de restrição, de
tivo constitucional: exclusão de direitos.
Art. 5º […] j) Limitabilidade: Em que pesem serem inalienáveis, ine-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di- xauríveis, irrenunciáveis e imprescritíveis, os direitos
reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa humanos não são ilimitados. A restrição, isto é, a limi-
do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quin- tação de direitos é perfeitamente possível, desde que
tos dos votos dos respectivos membros, serão equiva- respeitados os limites nacionais e internacionais re-
lentes às emendas constitucionais. gentes da temática. É em decorrência da limitabilidade
d) Inalienabilidade: Os direitos humanos não podem ser que se defende, por exemplo, a inexistência de direitos
vendidos, alienados. É o próprio ordenamento nacional absolutos.
que fixa a impossibilidade de disposição desses direi- k) Complementariedade: Uma das marcantes caracterís-
tos, tendo em vista a proteção da pessoa humana. ticas que permearam a evolução dos direitos humanos
e) Inexauribilidade: Os direitos humanos são inesgotá- é a complementariedade. Segundo esta característica,
veis, isto é, não estão sujeitos a rol taxativo. Admite-se, um direito completa o outro. É por isso, entre outros
sempre, a ampliação do leque de direitos humanos, motivos, que se defende a existência de “dimensões” e
mas não sua redução. Sobre a inexauribilidade dos di- não de “gerações” de direitos.
reitos humanos, veja-se o parágrafo segundo, do art. Caberia o uso da expressão “geração” se os direitos
5º, da CRFB/88: excluíssem uns aos outros, mas como isso não ocorre,
Art. 5º […] deve ser utilizada a expressão “dimensão”, que indica
somatória, complementação de uns em relação aos
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Consti-
outros.
tuição não excluem outros decorrentes do regime e
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados inter- l) Efetividade: De nada adiantaria a mera previsão abs-
nacionais em que a República Federativa do Brasil se- trata de direitos se o Estado não dispusesse dos mei-
ja parte. (grifo nosso) os necessários à sua concretização. Conferir efetivi-
dade significa fazer incidir na realidade social, isto é,
f) Imprescritibilidade: Por via de regra, os direitos huma-
transformar o “dever ser” em “ser”.
nos são exercitáveis a qualquer tempo. E desse fato
decorre a impossibilidade de estarem sujeitos a prazo Em relação aos direitos humanos, é prática (infeliz-
prescricional. Mesmo que não exercidos durante certo mente) usual em muitos países a previsão abstrata de
lapso temporal, os direitos humanos não deixam de direitos, aos quais, no entanto, não é dada qualquer
ser exigíveis em razão disso. efetividade. Entre os direitos que mais sofrem com es-
sa situação estão os relacionados à liberdade religio-
Durante o estado de sítio, por exemplo, são admitidas
sa.
restrições pontuais aos direitos humanos, mas finda
aquela situação, voltam os direitos humanos a serem m) Concorrência: É de fundamental importância recordar,
plenamente assegurados. E veja-se que, embora se sempre, que os direitos humanos não incidem isola-
admita a restrição, não se pode falar em supressão. damente. Eles até podem incidir de maneira isolada,
mas isso não é a regra, ao contrário. A regra é que os
g) Irrenunciabilidade: Os direitos humanos não podem
direitos humanos coexistam, isto é, que eles possam
ser objeto de renúncia por seus titulares. Ao albergar a
ser exercidos conjuntamente, sem que um anule o ou-
irrenunciabilidade como característica, o Estado tutela
tro.
06.Assinale a alternativa que NÃO representa uma das
características dos direitos humanos:
A) Universalidade
01.Com relação às características fundamentais dos di- B) Disponibilidade
reitos humanos, assinale a alternativa que descreve C) Imprescritibilidade
corretamente uma delas. D) Complementariedade
A) Renunciabilidade E) Inviolabilidade
B) Soberania estatal
C) Alienabilidade 07.Os direitos humanos são inerentes ao ser humano,
D) Prescritibilidade tendo por base os valores supremos do homem e a sua
E) Universalidade dignidade, assumindo posição normativa de destaque
frente a todos os demais direitos. Esse conceito repre-
02.Assinale a opção que corresponde a uma característi- senta a seguinte característica dos Direitos Humanos:
ca dos direitos humanos. A) Indivisibilidade.
A) Divisibilidade. B) Indisponibilidade.
B) Prescritibilidade. C) Generalidade.
C) Primazia da norma mais favorável. D) Essencialidade.
D) Disponibilidade.
08.Sobre a fundamentação dos direitos humanos, analise
03.Assinale a opção que completa corretamente a lacuna as assertivas abaixo:
do seguinte enunciado: I. Para a teoria moralista ou ética dos direitos huma-
nos tem-se como ponto de partida que a fundamen-
“A teoria _______________ fundamenta os direitos hu- tação dos mesmos não pode ser apenas jurídica,
manos na experiência e consciência moral de um de- mas baseada em valores.
terminado povo, ou seja, na convicção social acerca da II. A teoria positivista dos direitos humanos defende
necessidade da proteção de determinado valor”. que tais direitos, antes de serem positivados nas
A) moralista C) positivista Declarações de Direitos e nas Constituições, consti-
B) moderna D) jusnaturalista tuem verdadeiros direitos morais, intrinsecamente
relacionados com a própria existência da humani-
04.Considerando as características dos direitos humanos, dade e de seu desenvolvimento histórico, político,
assinale a opção que completa corretamente a lacuna econômico e social.
do seguinte enunciado: “Uma das principais caracte- III. A teoria jusnaturalista defende que os direitos hu-
rísticas dos direitos humanos é a ______________. Nesse manos são universais, válidos universalmente, inali-
sentido, os direitos humanos referem-se a todos os enáveis, imprescritíveis, e, que garantem a dignida-
membros da espécie humana, sem distinção de qual- de do homem perante os demais e também sua au-
quer espécie, seja de sexo, raça, cor, origem étnica, tonomia, emancipação e liberdade frente ao poder
nacional ou social, nacionalidade, idade, religião, ori- do Estado.
entação sexual ou qualquer outra condição”.
A) historicidade Está correto:
B) proibição ao retrocesso A) Apenas I
C) complementariedade B) Apenas II
D) universalidade C) I e II
D) I e III
05.Identifique a sequência que apresenta apenas caracte-
rísticas dos Direitos Humanos. 09.É comum entre os autores brasileiros que tratam da
A) Inviolabilidade, Universalidade, Efetividade e Pres- evolução dos Direitos Humanos, ou Fundamentais, a
critibilidade. classificação desses direitos segundo “gerações”, o
B) Universalidade, Irrenunciabilidade, Efetividade e que envolveria uma gradação ou escalonamento de
Complementaridade. sucessivos grupos de direitos demarcados por carac-
C) Interdependência, Alienabilidade, Imprescritibilidade terísticas comuns ao longo da história da humanidade.
e Inviolabilidade.
D) Inalienabilidade, Complementaridade, Regionalidade Assinale a alternativa que apresenta a correta classifi-
e Independência. cação dos direitos humanos.
E) Regionalidade, Independência, Universalidade e Ir- A) Os direitos de primeira geração representam as li-
renunciabilidade. berdades negativas, com total atuação estatal para
atingir os resultados pretendidos.
B) Os direitos sociais estão inseridos na terceira gera- 13.Sobre as etapas da evolução dos “Direitos Humanos”,
ção, haja vista a proteção dos interesses coletivos. é correto afirmar que:
C) Os direitos de segunda geração referem-se à atua- A) a organização dos direitos de segunda geração
ção estatal positiva, pretendendo reduzir as dispari- consagram as liberdades civis e os direitos políti-
dades sociais decorrentes das liberdades. cos, apenas.
D) Os direitos de terceira geração englobam os direitos B) a organização dos direitos de terceira geração con-
econômicos e culturais, sem qualquer interferência sagram as liberdades civis e os direitos políticos.
estatal. C) a organização dos direitos de primeira geração con-
sagram as liberdades civis e os direitos políticos e
10.Sobre os direitos humanos, assinale a alternativa que econômicos.
contém uma de suas características fundamentais. D) a organização dos direitos de primeira geração con-
A) Relativização. sagram as liberdades civis e os direitos políticos,
B) Prescritibilidade. apenas.
C) Universalidade. E) a organização dos direitos de segunda geração
D) Alienabilidade. consagram as liberdades civis e os direitos políticos
E) Renunciabilidade. e econômicos.

11.Sobre a evolução dos direitos humanos, assinale a 14.Sobre os direitos do homem, assinale a alternativa
alternativa correta. correta.
A) A expressão direitos humanos de terceira dimensão A) Os direitos de terceira dimensão são direitos tran-
constituem a defesa do indivíduo diante do poder sindividuais que extrapolam os interesses do indiví-
do Estado. Decorrem da proteção à liberdade, e de- duo, focados na proteção do gênero humano. Evi-
finem as situações em que o Estado deve se abster dencia-se nesse contexto a ideia de humanismo e
de interferir em determinados aspectos da vida in- universalidade.
dividual e social. São as chamadas liberdades pú- B) Os direitos humanos de primeira dimensão buscam
blicas negativas ou direitos negativos, pois impli- o respeito às liberdades individuais e têm como ba-
cam na não interferência do Estado. se histórica a Magna Carta de 1215 e o Tratado de
B) Tendo como marco a Revolução Industrial, os direi- Versalhes.
tos de primeira dimensão referem-se aos direitos C) A doutrina é unânime em reconhecer que a expres-
sociais, culturais e econômicos. Visam assegurar a são direitos humanos é sinônima da expressão di-
igualdade real entre os seres humanos, implicando reitos fundamentais, inexistindo distinção entre os
na postura atuante do Estado perante os indivíduos. termos.
C) Os direitos de terceira dimensão diferenciam-se das D) Os direitos humanos de segunda dimensão colo-
demais dimensões, principalmente do ponto de vis- cam em perspectiva os direitos sociais, culturais e
ta da titularidade, que, no caso, é coletiva. econômicos, bem como os direitos coletivos, sendo
D) Em decorrência do desenvolvimento tecnológico e a Constituição de Weimar a primeira carta política a
do novo panorama representado pela globalização e reconhecê-los.
pela sociedade de risco contemporânea, os juristas
citam os direitos de quarta geração ou novos direi- 15.Os direitos humanos nascem do reconhecimento do
tos, abrangendo o pluralismo político, o direito à paz valor e da dignidade da pessoa humana. Esse enten-
universal, direitos ligados à área da cibernética, dimento pode ser expresso pela seguinte frase:
além de outros ligados às liberdades individuais. A) O valor do ser humano é sempre negociável.
B) O ser humano vale pelo fato de ser humano.
12.A “Inalienabilidade” dos Direitos Humanos significa C) A ênfase está na caridade.
dizer que esses direitos são: D) Somente os bons merecem respeito.
A) transferíveis e inegociáveis porque não são de con-
teúdo econômico patrimonial. 16.Atente ao seguinte enunciado: “Trata-se de uma teoria
B) apenas intransferíveis, podendo ser inegociáveis amplamente difundida na doutrina e na prática dos di-
porque não são de conteúdo econômico patrimoni- reitos humanos, fundamenta tais direitos em uma or-
al. dem superior, universal, imutável e inderrogável”. A te-
C) apenas negociáveis, podendo ser transferíveis por- oria descrita no enunciado acima é a Teoria
que não são de conteúdo econômico patrimonial. A) Positivista C) Moralista
D) transferíveis e negociáveis porque não são de con- B) Jusnaturalista D) Moderna
teúdo econômico patrimonial.
E) intransferíveis e inegociáveis porque não são de 17.Assinale a alternativa correta com relação ao conceito
conteúdo econômico patrimonial. de direitos humanos.
A) Direitos humanos é uma forma sintética de se refe- C) A imprescritibilidade dos direitos humanos reco-
rir a direitos fundamentais da pessoa humana, nhece que o seu exercício se dá no tempo, devendo
aqueles que são essenciais à pessoa humana, que ser exigido sob pena de perecimento.
precisa ser respeitada pela dignidade que lhe é ine- D) A irrenunciabilidade dos direitos humanos se refere
rente. à vedação da própria pessoa de permitir violações a
B) Direitos humanos são aqueles que estão previstos esses direitos.
de forma expressa em uma Constituição e que se E) A proibição do retrocesso representa que os direitos
referem somente a direitos das pessoas que res- humanos já concretizados e alcançados não podem
pondem a um inquérito ou a um processo penal. mais ser suprimidos.
C) Como os direitos humanos são inerentes à natureza
humana, somente derivam do espírito humano e 20.A eficácia horizontal dos direitos humanos se caracte-
não devem ser positivados nas leis. riza por ser aquela aplicável nas relações entre:
D) No âmbito da filosofia, a expressão “direitos huma- A) particulares.
nos” significa a independência do ser humano, tra- B) poderes públicos.
tando exclusivamente do direito de liberdade. C) Estados soberanos.
E) Considerando o que prevê a Constituição de 1988, D) organizações internacionais.
os direitos humanos se dão a sua reprodução, có- E) o poder público e os particulares.
pia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos in-
fratores à responsabilização civil e criminal. 21.Assinale a alternativa correta acerca da classificação
dos Direitos Humanos em gerações.
18.Sobre as características dos direitos humanos, é COR- A) Os direitos de liberdade são classificados como de
RETO afirmar que: primeira geração.
A) o historicismo é característica inerente aos direitos B) Os direitos sociais ou de igualdade são classifica-
humanos, o qual determina a possibilidade de que dos como de quarta geração.
tais direitos sejam reconhecidos e, posteriormente, C) A segunda geração de direito compreende os direi-
suprimidos, conforme a evolução do pensamento tos de liberdade.
humano. D) A terceira geração de direitos é marcada pelos direi-
B) a defesa da característica da universalidade dos di- tos tecnológicos, como a bioética.
reitos humanos contempla a proibição de tratamen- E) A segunda geração de direitos envolve aqueles de-
to diferenciado a determinados grupos sociais ou nominados fraternos, como o meio ambiente ecolo-
culturais, em qualquer circunstância. gicamente equilibrado.
C) a irrenunciabilidade reconhecida aos direitos huma-
nos significa a impossibilidade de que o seu titular 22.Considerando o que a doutrina majoritária dispõe so-
abra mão de direitos previstos em tratados interna- bre o desenvolvimento e conquista dos direitos huma-
cionais, os quais, entretanto, podem sofrer restri- nos, pode-se afirmar que esse desenvolvimento histó-
ções por lei ordinária, conforme o ordenamento jurí- rico, classificado por gerações de direitos, pode ser,
dico de cada país. cronologicamente, assim representado:
D) os direitos humanos são caracterizados pela indivi- A) direitos individuais; direitos coletivos e direitos so-
sibilidade e complementariedade, de forma que ciais.
compõem um único conjunto de direitos, cuja ob- B) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades
servância deve ser sistêmica e lastreada no princí- negativas.
pio da dignidade da pessoa humana. C) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos
E) a imprescritibilidade dos direitos humanos determi- sociais.
na a inexistência de prazo para ajuizamento de D) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da
ações em face do Estado a respeito de eventuais fraternidade.
violações desses direitos. E) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difu-
sos.
19.Assinale a alternativa incorreta sobre os princípios ou
especificidades dos direitos humanos. 23.Em relação aos direitos humanos, analise as alternati-
A) A indivisibilidade dos direitos humanos se refere a vas a seguir e assinale a INCORRETA.
que não se pode cindi-los e que devem ser reconhe- A) São universais, isto é, aplicados de forma igual e
cidos e protegidos unitariamente. sem discriminação a todos.
B) A inalienabilidade dos direitos humanos se caracte- B) Incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de
riza por vedar a sua disposição pecuniária com o opinião e de expressão.
objetivo de venda. C) São inerentes a todos, excluindo-se os acusados de
crimes hediondos.
D) Protegem indivíduos contra ações que interferem nados com posições básicas das pessoas, inscritos
nas suas liberdades fundamentais. em diplomas normativos de cada Estado. São direitos
E) São fundados sobre o respeito pela dignidade e o que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por
valor de cada pessoa. isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo,
pois são assegurados na medida em que cada Estado
24.Em relação aos direitos humanos, é correto afirmar: os consagra.”
A) São aqueles previstos no plano interno dos Estados
(MENDES, Gilmar Ferreira e BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito
pelas Cartas Constitucionais. Constitucional, 13.ed., São Paulo: Saraiva Educação, 2018, p. 147)
B) São aqueles que ainda não estão expressamente
previstos no direito interno ou no direito internacio- Com base no texto transcrito,
nal. A) não há como distinguir doutrinariamente as expres-
C) São menos amplos que os direitos fundamentais sões direitos fundamentais e direitos humanos, da-
quanto à proteção dos direitos individuais, por isso da a vocação universalista da proteção da pessoa
subordinados. humana, reconhecida nos documentos do direito in-
D) São aqueles protegidos pela ordem internacional. ternacional.
E) Podem sofrer limitações em razão de interesse dos B) a expressão direitos humanos possui natureza uni-
Estados. versalista, oriunda de uma concepção filosófica de-
rivada do Direito Natural.
25.A respeito dos marcos históricos, fundamentos e prin- C) a expressão direitos humanos diz respeito ao direito
cípios dos direitos humanos, assinale a opção correta. positivado por cada Estado soberano e, por essa ra-
A) Segundo a doutrina contemporânea, direitos huma- zão, se afasta das concepções jusnaturalistas.
nos e direitos fundamentais são indistinguíveis; por D) a expressão direitos humanos, dado o caráter naci-
isso, ambas as terminologias são intercambiáveis onal da positivação jurídica, não constitui objeto do
no ordenamento jurídico. Direito Internacional Público.
B) Os direitos humanos estão dispostos em um rol ta- E) por se tratar de concepção filosófica jusnaturalista,
xativo, que foi internalizado pelo ordenamento jurí- não limitada ao tempo e ao espaço, os direitos fun-
dico brasileiro com a promulgação da Constituição damentais não possuem conteúdo jurídico.
Federal de 1988.
C) No Brasil, os direitos políticos são considerados di- 27.Para Flávia Piovesan, o fundamento basilar dos Direi-
reitos humanos e seu exercício pelos cidadãos se tos Humanos está
esgota no direito de votar e de ser votado. A) no relativismo.
D) A dignidade da pessoa humana, princípio basilar da B) no universalismo.
Constituição Federal de 1988, é fundamento dos di- C) na dignidade da pessoa humana.
reitos humanos. D) na indivisibilidade.
E) Em razão do princípio da imutabilidade, os direitos E) na igualdade.
humanos reconhecidos na Revolução Francesa
permanecem os mesmos ainda na atualidade. 28.Uma vez estabelecidos, os Direitos Humanos não po-
dem ser retirados do ordenamento, em razão do prin-
26.Considere o seguinte excerto da obra doutrinária ao cípio da
final identificada: A) inter-relacionaridade.
“Outra característica associada aos direitos funda- B) indisponibilidade.
mentais diz com o fato de estarem consagrados em C) inerência.
preceitos da ordem jurídica. Essa característica serve D) vedação do retrocesso.
de traço divisor entre as expressões direitos funda- E) inesgotabilidade.
mentais e direitos humanos. A expressão direitos hu-
manos, ou direitos do homem, é reservada para aque- 29.Dentre as gerações de Direitos Humanos, aquela que
las reivindicações de perene respeito a certas posi- consagra a fraternidade, na certeza de que existem di-
ções essenciais ao homem. São direitos postulados reitos que transcendem a lógica da proteção individua-
em bases jusnaturalistas, contam índole filosófica e lista e cuja tutela interessa a toda a Humanidade é a
não possuem como característica básica a positivação A) primeira geração.
numa ordem jurídica particular. A expressão direitos B) terceira geração.
humanos, ainda, e até por conta da sua vocação uni- C) segunda geração.
versalista, supranacional, é empregada para designar D) quarta geração.
pretensões de respeito à pessoa humana, inseridas em E) quinta geração.
documentos de direito internacional. Já a locução di-
reitos fundamentais é reservada aos direitos relacio-
30.Considerando a teoria geral dos direitos humanos,
assinale a opção correta.
A) Consoante a teoria da margem de apreciação, ne-
nhuma norma de direitos humanos pode ser invo-
cada para limitar o exercício de qualquer direito.
B) A característica da indivisibilidade dos direitos hu- De uma forma geral, qualquer violação de direitos hu-
manos decorre da constatação de que a condição manos que acarreta em danos deve ser reparada. Contu-
de pessoa é o único requisito para a sua titularidade do, quando se trata do Estado, essa responsabilidade é
de direitos e das necessidades humanas universais. em dobro, pois este é, ao mesmo tempo, garantidor des-
C) A superioridade das normas de direitos humanos ses direitos e seu potencial violador. Entretanto, para nós,
caracteriza-se pela aferição de idoneidade, necessi- nesse momento, interessa compreender que os Estados
dade e equilíbrio da intervenção do Estado em de- não podem ser responsabilizados por todos os atos, pois
terminado direito fundamental. há parâmetros, ou seja, limitações que definem em quais
D) O princípio da proibição do retrocesso social é uma condições o Estado assume a responsabilidade no âmbito
cláusula de defesa do cidadão em face de possíveis de direitos humanos.
arbítrios impostos pelo legislador no sentido de Em tese, o Estado responde por todos os atos que vio-
desconstituir as normas de direitos fundamentais. lam os direitos humanos, cometidos por representantes
E) Com a inclusão dos direitos sociais no rol dos direi- dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), e,
tos do homem, antes composto apenas de direitos também, por agentes estatais, independentemente da
de liberdade, os direitos do homem passaram a função que ocupam, em todas as esferas (União, Estados,
constituir uma categoria homogênea. Distrito Federal e Municípios).
Existem outros atores passíveis de responsabilização
internacional por violação de direitos humanos, mesmo
sendo apenas o Estado o ente que figura como parte nos
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 tratados internacionais de direitos humanos. As pessoas
privadas (corporações, organizações internacionais, entre
E C A D B B D D C C
outros grupos não governamentais) podem ser responsa-
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 bilizados com base nos costumes internacionais, caso a
C E D A B B A D C E conduta não seja imputada ao Estado.
21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Quais são as consequências jurídicas desses atos de
violação dos direitos humanos? Acarretam obrigações
A E C D D B C D B D
que o Estado deve cumprir, entre elas, a cessação da vio-
lação do direito, a omissão de futuras violações de direi-
tos, pagamento de indenizações.
Destaca-se que essa responsabilização é objetiva, ou
seja, não precisa comprovar a intenção em ter praticado o
ato ilícito que gerou a violação de direitos humanos. Nes-
se sentido, figuram como elementos para a responsabili-
zação do Estado:

• prática de um ato ilícito;

• imputabilidade da obrigação ao Estado;

• prejuízo causado;

• ação ou omissão contrária à norma internacional


de direitos humanos;

• nexo de causalidade entre o ato ilícito e o agente


causador responsável;

• dano ao direito humano da(s) vítima(s).


Segurança pública Responsabilidade do Estado

No Estado democrático de direito, a ordem pública de- Constituindo a segurança pública atividade essencial
ve significar proteção à dignidade humana e aos direitos do Estado e tendo este ente público assumido a função,
fundamentais das pessoas, derivando daí a concepção de com exclusividade, de repressão da criminalidade, deve
segurança pública como a ação exercida na proteção ele atuar, através de seus órgãos e agentes, de maneira
daqueles direitos que são essenciais à pessoa humana. pronta e eficiente na proteção do administrado e na pre-
Há entre as duas, estreita relação, havendo entendimento servação da ordem pública. Sendo possível a intervenção
de que a segurança pública, ao lado da tranquilidade ou estatal e omitindo-se, quando chamado, ou atuando de
boa ordem e da salubridade, é elemento constitutivo da forma inadequada ou tardiamente, deve o Estado ser res-
ordem pública. ponsabilizado. Responde ele pratrimonialmente pelos
Aliada a outros fins, a segurança pública integra o rol danos a que se sujeitou a vítima, concorrentemente com
de elementos essenciais do bem comum, fim maior do o infrator. Há, na hipótese, falha na proteção ao adminis-
Estado, que justifica e orienta todas as funções e ativida- trado, constituindo esta, causa concorrente do evento
des exercidas pelo ente estatal. Pressupõe proteção, am- lesivo.
paro, garantia, estabilidade e implica na manutenção da Trata-se de uma obrigação retributiva para com o ci-
ordem interna, significando situação de convivência soci- dadão vitimizado, que vem a ser aquele que, com seus
al pacifica, isenta de ameaça e de violência, propiciando impostos, mantém as instituições públicas.
condições às pessoas de uma coexistência em sociedade A responsabilidade é objetiva, fundada no risco. O
protegidas contra restrições arbitrárias a sua vida, a sua elemento configurador é a existência de um prejuízo in-
liberdade, ao seu patrimônio e a outros direitos essenci- justo que afeta o equilíbrio social. Deve o dano, para ser
ais. Em sua dinâmica, é uma atividade de vigilância, pre- indenizável, derivar também de comportamento dos agen-
venção e repressão de condutas delituosas. tes públicos, comissivo ou omissivo, imputável ao ente
Trata da segurança, a Declaração Universal dos Direi- estatal, pessoa jurídica a que se vinculam os órgãos e
tos do Homem de 1948, ao estabelecer, em seu artigo 3, agentes encarregados da segurança pública.
que “todo indivíduo tem direito à segurança de sua pes-
soa”, e no artigo 7, que “todos têm o direito a ser protegi- Art. 37 (…) CF/88
dos”. Também a Convenção Europeia da Salvaguarda dos
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de
Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais de
direito privado prestadoras de serviços públicos res-
1950, trata da segurança ao declarar, em
ponderão pelos danos que seus agentes, nessa qua-
que “toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança”. A
lidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
Convenção Americana sobre os Direitos Humanos, o Pac-
regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
to de São José da Costa Rica, de 1969, inclui o direito à
culpa.
segurança pessoal no seu artigo 7, no elenco de direitos e
garantias fundamentais do homem.
Na Constituição da República Federativa do Brasil, a
segurança está prevista no caput do art. 5, como um dos
direitos individuais fundamentais, ao lado da vida, da li-
berdade, da igualdade e da propriedade, sendo assegura-
da a inviolabilidade desses direitos.
Ao tratar da “Segurança Pública”, no título que cuida
da “Defesa do Estado e das Instituições Democráticas”, o
seu art. 144 define que: “A segurança pública, dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida
para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas [...]”.
Prescreveu o legislador constituinte que a segurança
pública, além de dever do Estado, é também responsabili-
dade de todas as pessoas, individualmente consideradas,
e da própria sociedade. Em um Estado democrático, todos A responsabilidade não é, contudo, absoluta, de forma
têm responsabilidades, e a segurança pública deve ser a incidir sempre que ocorrer um delito. Não é possível a
entendida e assumida como responsabilidade permanen- absoluta generalização da responsabilidade estatal pelos
te de todos: Estado, sociedade e população. A inviolabili- crimes, adotando-se como fundamento o fracasso pre-
dade constitucionalmente assegurada impõe deveres a ventivo do Estado no combate à criminalidade. Sabe-se
todos. que o crime, fenômeno inerente à sociedade, apresenta
múltiplas causas, não podendo, para efeito de reconheci- como prestador de serviços, que visa à proteção dos direi-
mento da responsabilidade estatal, reduzi-las somente à tos individuais e ao desenvolvimento do interesse público.
negligência dos órgãos públicos no controle e prevenção Seu fim geral é o bem comum, conjunto de todas as con-
dos delitos. dições de vida social que favoreçam ao desenvolvimento
Existem, portanto, requisitos necessários para a confi- integral da personalidade humana.
guração da responsabilidade objetiva do Estado: A omissão no exercício do dever funcional, o seu exer-
cício em desconformidade com o que prescreve os seus
princípios diretores e o abuso ou a arbitrariedade no uso
indiscriminado da força constituem ilícitos, pelos quais o
Estado deve responder quando causarem danos aos ad-
ministrados.
Por fim, cumpre esclarecer que o Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu que, no caso de danos decorrentes
de crime praticado por pessoa foragida do sistema prisio-
Deve-se, contudo, reconhecer-se a responsabilidade nal, só é caracterizada a responsabilidade civil objetiva do
estatal, como dever jurídico, nas hipóteses em que se Estado (artigo 37, parágrafo 6º, da Constituição Federal)
configura, efetivamente, a negligência dos órgãos de se- quando for demonstrado o nexo causal entre o momento
gurança pública na repressão do crime e na proteção dos da fuga e o delito. A decisão foi proferida no Recurso Ex-
indivíduos, impedindo que se concretize o evento lesivo. traordinário (RE) 608880, com repercussão geral (Tema
362), que servirá orientará a resolução de casos seme-
Se o Estado tem a missão de garantir a ordem pública
lhantes sobrestados em outras instâncias.
e o dever de prestar segurança aos administrados, não é
admissível que os seus agentes possam omitir-se ou atu-
ar de forma negligente sem responder pela sua parcela de RESPONSABILIDADE SOBRE O PREJUÍZO DAS VÍTIMAS
responsabilidade na ocorrência do crime.
A responsabilidade verifica-se com a anormalidade do Em relação às perdas a que a vítima de crime se sub-
serviço público, estabelecendo o vínculo causal entre o mete, responde o próprio infrator, agente direto da condu-
fato gerador do dano e o evento lesivo. Independe ela de ta lesiva. Também responde o Estado quando, na ocor-
culpa. O seu fundamento é a igualdade dos encargos pú- rência do crime, concorre, além da conduta do infrator, o
blicos, que assegura a equânime repartição do ônus pro- comportamento do agente público, comprometendo o
veniente das atividades públicas realizadas no interesse Estado e obrigando-o a responder pela parte que lhe cabe
de todos. nessa relação.
Isenta-se o Estado de responder ou terá a sua respon- A responsabilidade estatal que se manifesta nessa si-
sabilidade atenuada em razão do comportamento da víti- tuação, não é subsidiária, como quer a maioria dos siste-
ma. Poderá o ente estatal desobrigar-se quando, na situa- mas de reparação pública. Não responde o Estado em
ção, restar comprovado que ela não agiu com prudência substituição ao infrator porque este não foi identificado
ou não adotou os cuidados necessários para evitar o si- ou sendo identificado é insolvente. O Estado responde em
nistro, contribuindo, na verdade, para a sua ocorrência. razão da obrigação que o vincula ao sujeito lesado, quan-
Sua responsabilidade, nos casos de crimes, será con- do o comportamento do agente público contribui para o
corrente com a do infrator, já que para o evento gerador evento lesivo.
atua como causa tanto a ação do agente delinqüente Constituindo a segurança pública atividade essencial
quanto a conduta ativa ou omissiva dos agentes públicos do Estado e tendo este ente público assumido a função,
encarregados da segurança pública, resultando conjunta com exclusividade, de repressão da criminalidade, deve
a obrigação de indenizar. ele atuar, através de seus órgãos e agentes, de maneira
Observe-se que, recomendação inserida no Convênio pronta e eficiente na proteção do administrado e na pre-
Europeu n. 116 de 1983, prevê que o Estado deveria as- servação da ordem pública. Sendo possível a intervenção
sumir a obrigação de indenizar os danos sofridos pela estatal e omitindo-se, quando chamado, ou atuando de
vítima de crime, subrogando-se nos direitos da pessoa forma inadequada ou tardiamente, deve o Estado ser res-
indenizada frente ao infrator, para reclamar dele a obriga- ponsabilizado. Responde ele patrimonialmente pelos da-
ção que lhe corresponde. nos a que se sujeitou a vítima, concorrentemente com o
Na busca de estabelecer fundamentos para a respon- infrator. Há, na hipótese, falha na proteção ao administra-
sabilidade do Estado pela falha na segurança pública e do, constituindo esta, causa concorrente do evento lesivo.
em relação com os direitos humanos, deve-se considerar, Trata-se de uma obrigação retributiva para com o ci-
inicialmente, que o Estado, ente dotado de personalidade dadão vitimizado, que vem a ser aquele que, com seus
jurídica, sujeito de direitos e obrigações, caracteriza-se impostos, mantém as instituições públicas. A responsabi-
lidade é objetiva, fundada no risco. O elemento configura-
dor é a existência de um prejuízo injusto que afeta o equi- B) deve ser reconhecida com base na teoria da res-
líbrio social. Deve o dano, para ser indenizável, derivar ponsabilidade objetiva, de contornos absolutos, que
também de comportamento dos agentes públicos, comis- não admite as excludentes do caso fortuito e da
sivo ou omissivo, imputável ao ente estatal, pessoa jurídi- força maior;
ca a que se vinculam os órgãos e agentes encarregados C) deve ser reconhecida com base na teoria da falta
da segurança pública. administrativa, tendo em vista a flagrante omissão
Ela não é, contudo, absoluta, de forma a incidir sempre detectada e o seu nexo causal com o dano perpe-
que ocorrer um delito. Não é possível a absoluta generali- trado;
zação da responsabilidade estatal pelos crimes, adotan- D) não deve ser reconhecida, já que o Estado não pode
do-se como fundamento o fracasso preventivo do Estado ser responsabilizado pelo dano causado por João,
no combate à criminalidade. Sabe-se que o crime, fenô- já que com ele não mantinha vínculo funcional;
meno inerente à sociedade, apresenta múltiplas causas, E) deve ser reconhecida com base na teoria do risco
não podendo, para efeito de reconhecimento da respon- integral, cujos elementos constitutivos estão ple-
sabilidade estatal, reduzi-las somente à negligência dos namente caracterizados.
órgãos públicos no controle e prevenção dos delitos.
Deve-se, contudo, reconhecer-se a responsabilidade 03.Maria, escrivã de Polícia Civil no Estado Alfa, ao digitar
estatal, como dever jurídico, nas hipóteses em que se o auto de qualificação do investigado João da Silva de
configura, efetivamente, a negligência dos órgãos de se- Tal, no bojo de inquérito policial, cometeu erro de gra-
gurança pública na repressão do crime e na proteção dos fia, de maneira que acabou escrevendo o nome de ou-
indivíduos, impedindo que se concretize o evento lesivo. tra pessoa, quase homônima, que nenhuma relação ti-
nha com o caso, João da Salva de Tal. Diante de tal er-
ro no procedimento de identificação, por falta de cui-
dado de Maria na fase investigatória, João da Salva de
Tal foi denunciado pelo Ministério Público, respondeu
01.Sobre o tema direitos humanos e responsabilidade do à ação penal, mas ao final foi absolvido.
Estado, é correto afirmar:
A) é vedada a revista íntima, podendo o Estado ser Após procurar a Defensoria Pública, João da Salva de
condenado por constrangimento ilegal. Tal manejou ação indenizatória em face:
B) a responsabilidade civil do Estado por erro judiciá- A) do Estado Alfa, por sua responsabilidade civil obje-
rio, se existente, é subjetiva. tiva, sendo desnecessária a comprovação do ele-
C) o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, mento subjetivo do dolo ou culpa de Maria;
assim como o que ficar preso além do tempo fixado B) da Polícia Civil do Estado Alfa, por sua responsabili-
na sentença. dade civil subjetiva, sendo necessária a comprova-
D) o policial não pode ser civilmente responsável, em ção do elemento subjetivo do dolo ou culpa de Ma-
ação estatal de regresso, pelos danos causados ao ria;
preso por dolo ou culpa. C) de Maria, por sua responsabilidade civil subjetiva,
E) o Estado não pode ser condenado por danos morais sendo desnecessária a comprovação do elemento
em razão de deficiências estruturais do sistema pe- subjetivo do dolo ou culpa em sua conduta;
nitenciário. D) do delegado titular da delegacia, por sua responsa-
bilidade civil solidária, pela culpa in vigilando, sendo
02.João, que cumpria pena em estabelecimento prisional desnecessária a comprovação do dolo ou culpa de
após ser condenado pela prática de inúmeros homicí- Maria;
dios, logrou êxito em fugir. Após alguns dias escondi- E) da Polícia Civil do Estado Alfa, por sua responsabili-
do na mata, invadiu uma casa e matou três dos cinco dade civil objetiva, sendo desnecessária a compro-
integrantes da família que ali residia, sendo preso em vação do elemento subjetivo do dolo ou culpa de
flagrante delito. Os sobreviventes ajuizaram ação de Maria.
reparação de danos em face do Estado, argumentando
com a omissão dos seus agentes na manutenção da 04.No que concerne à responsabilidade estatal no direito
prisão de João e na sua não captura, de modo a evitar brasileiro, é CORRETO afirmar que:
a ocorrência dos fatídicos eventos. A) A responsabilidade dos agentes públicos, quando,
À luz da sistemática constitucional, no caso em tela, a nesta qualidade, causam danos a terceiros, é solidá-
responsabilidade extracontratual do Estado: ria.
A) não deve ser reconhecida, já que ausente o nexo B) A pessoa jurídica de direito privado, prestadora de
causal entre a omissão e o dano, embora a respon- serviços públicos, responderá pelos danos que seus
sabilidade, nesses casos, seja objetiva, com base no agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros.
risco administrativo;
C) Para o terceiro obter ressarcimento de danos em
face do Estado, é imprescindível que haja compro-
vação de culpa ou dolo do agente público que cau-
sou os danos.
D) No Brasil, a responsabilidade do Estado, conforme o
direito administrativo, é regida pela teoria do risco A Constituição de 1988 institucionaliza a instauração
integral. de um regime político democrático no Brasil. Nesse con-
texto, introduz indiscutível avanço na consolidação legis-
05.O motorista de um automóvel de passeio trafegava na lativa das garantias e direitos fundamentais, bem como
contra-mão de direção de uma avenida quando colidiu na proteção de setores vulneráveis da sociedade brasilei-
com uma ambulância estadual que transitava na mão ra.
regular da via, em alta velocidade porque acionada a É com a Constituição de 1988 que os direitos humanos
atender uma ocorrência. A responsabilidade civil do ganham relevo extraordinário, situando-se a Carta de 1988
acidente deve ser imputada como o documento mais abrangente e pormenorizado
A) ao civil que conduzia o veículo e invadiu a contra- sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil.
mão, dando causa ao acidente, não havendo nexo No caso brasileiro, as relevantes transformações in-
de causalidade para ensejar a responsabilidade do ternas tiveram acentuada repercussão no plano interna-
Estado. cional dos direitos humanos. Isto porque, o equaciona-
B) ao Estado, uma vez que um veículo estadual (ambu- mento dos direitos humanos no âmbito da ordem jurídica
lância) estava envolvido no acidente, o que enseja a interna serviu como medida de reforço para que a questão
responsabilidade objetiva. dos direitos humanos se impusesse como tema funda-
C) ao Estado, sob a modalidade subjetiva, devendo ser mental na agenda internacional do País.
comprovada a culpa do motorista da ambulância. Desde o seu preâmbulo, a Constituição de 1988 projeta
D) tanto ao civil quanto ao Estado, sob a responsabili- a construção de um Estado Democrático de Direito, “des-
dade subjetiva, em razão de culpa concorrente. tinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e indi-
E) ao civil que conduzia o veículo, que responde sob a viduais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvol-
modalidade objetiva no que concerne aos danos vimento, a igualdade e a justiça, como valores supremos
apurados na viatura estadual. de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos
(...)”.
06.Policial militar, com seu parceiro, estava tomando café
Nos artigos primeiro e terceiro, a Constituição consa-
em uma padaria, quando no local ingressou uma pes-
gra as três dimensões fundamentais do princípio do Esta-
soa para assaltar o local. O policial, a fim de deter o
do de Direito, a saber, a juridicidade, a constitucionalidade
meliante, disparou sua arma, atingindo terceira pessoa
e os direitos fundamentais. São nos artigos supracitados
que se encontrava andando pela calçada, fora do esta-
que se encontram os fundamentos e os objetivos do Es-
belecimento, e sem qualquer relação com os fatos,
tado Democrático de Direito brasileiro.
vindo a falecer. Em razão desses fatos, assinale a al-
ternativa correta.
A) Não há responsabilidade do Estado, uma vez que o Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada
dano foi causado a terceiro, mas por culpa exclusi- pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do
va do meliante. Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
B) Não há responsabilidade do Estado, uma vez que se de Direito e tem como fundamentos:
aplica ao caso a excludente de força maior. I - a soberania;
C) Não há responsabilidade objetiva do Estado, pois o II - a cidadania
policial, na situação em que se encontrava, não es- III - a dignidade da pessoa humana;
tava no exercício de seu ofício. IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciati-
D) Há responsabilidade objetiva do Estado, mesmo que va;
o dano tenha sido suportado por terceiro aos fatos.
V - o pluralismo político.
E) Há responsabilidade subjetiva do Estado, por se tra-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que
tar de dano causado a terceiro, que não fazia uso de
o exerce por meio de representantes eleitos ou dire-
um serviço público.
tamente, nos termos desta Constituição.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Re-


pública Federativa do Brasil:
01 02 03 04 05 06 ― ― ― ―
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
C A A B A D ― ― ― ―
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir merecedores de tutela, por meio da ampliação de direitos
as desigualdades sociais e regionais; sociais, econômicos e culturais (direitos de segunda di-
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de mensão).
origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for- Desta forma, os direitos e garantias fundamentais são
mas de discriminação. dotados de especial força expansiva, projetando-se por
todo o universo constitucional e servindo como critério
Dentre os fundamentos que alicerçam o Estado Demo- interpretativo de todas as normas do ordenamento jurídi-
crático de Direito brasileiro, destacam-se a cidadania e co.
dignidade da pessoa humana. Nesse contexto, há o en- Ademais, no intuito de reforçar a imperatividade das
contro do princípio do Estado Democrático de Direito e normas que traduzem direitos e garantias fundamentais,
dos direitos fundamentais. É possível observar através da a Constituição de 1988 institui o princípio da aplicabilida-
leitura do artigo terceiro da Constituição, a preocupação de imediata dessas normas, nos termos do artigo quinto
que teve o legislador em assegurar os valores da dignida- parágrafo primeiro.
de e do bem-estar da pessoa humana como imperativo de Lembrando-se aqui, que esse princípio realça a força
justiça social. normativa de todos os preceitos constitucionais referen-
Assim, considerando que toda Constituição há de ser tes a direitos, liberdades e garantias fundamentais, pre-
compreendida como unidade e como sistema que privile- vendo um regime jurídico específico endereçado a tais
gia determinados valores sociais, pode-se afirmar que a direitos.
Carta de 1988 elege o valor da dignidade humana como É neste contexto que há de ser feita a leitura dos dis-
valor essencial que lhe dá unidade de sentido. Sustenta, positivos constitucionais pertinentes à proteção interna-
ainda, que é no princípio da dignidade da pessoa humana cional dos direitos humanos, concluindo-se que a Consti-
que a ordem jurídica encontra o próprio sentido, consa- tuição Federal de 1988 não só acolheu o ideal dos Direitos
grando-se, assim, a dignidade da pessoa humana como Humanos, como também, mais do que isso, concedeu-
verdadeiro superprincípio, a orientar tanto o Direito Inter- lhes uma posição de destaque dentro do ordenamento
nacional como o Direito interno. jurídico brasileiro, chegando ao ponto de ampliar os valo-
Logo, seja no âmbito internacional, seja no âmbito in- res trazidos pela própria Declaração Universal dos Direi-
terno, a dignidade da pessoa humana é princípio que uni- tos Humanos da ONU.
fica e centraliza todo o sistema normativo, assumindo Desse modo, Direitos Fundamentais são os direitos do
especial prioridade. ser humanos reconhecidos e positivados na esfera do
É importante ressaltar que as Constituições anteriores direito constitucional, portanto difere-se do termo direitos
primeiramente tratavam do Estado, para, somente então, humanos com o qual é bastante confundido na medida
disciplinarem os direitos. em que este se aplica aos direitos reconhecidos e positi-
A nova topografia Constitucional inaugurada com a vados na esfera do Direito Internacional, por meio de tra-
Carta de 1988 reflete uma mudança paradigmática, isto é, tados, convenções que aspiram a atividade universal a
de um Direito inspirado pela ótica do Estado, radicado nos todos os tempos e povos.
deveres dos súditos, transita-se a um Direito inspirado Esses direitos, advém da própria natureza humana, daí
pela ótica da cidadania, radicado nos direitos dos Cida- seu caráter inviolável, intemporal e universal. Essa pre-
dãos. sente pesquisa vai tratar sobre aspectos das diferentes
Ademais, o Texto de 1988 inova ao alargar a dimensão culturas com relação aos direitos fundamentais, como se
dos direitos e garantias, incluindo no catálogo de direitos relacionam e assim por diante.
fundamentais não apenas os direitos civis e políticos, A Constituição Federal Brasileira de 1988 trouxe em
mas também os sociais, acolhendo-se assim, o princípio seu Título II, os Direitos e Garantias Fundamentais subdi-
da indivisibilidade e interdependência dos direitos huma- vididos em cinco capítulos: Dos direitos e deveres indivi-
nos, pelo qual o valor da liberdade se conjuga com o valor duais e coletivos, Dos direitos sociais, Da nacionalidade,
da igualdade, não havendo como divorciar os direitos de Dos direitos políticos, Dos partidos políticos.
liberdade dos direitos de igualdade.
Sem contar que a Constituição de 1988, acrescenta - Direitos Individuais e Coletivos: esses são os direitos
além dos direitos individuais, os direitos coletivos e difu- ligados ao conceito da pessoa humana e a sua personali-
sos – aqueles pertinentes a determinada classe ou cate- dade, tais como a vida, a igualdade, a dignidade, a honra, a
goria social e estes pertinentes a todos e a cada um. segurança, a propriedade e a liberdade.
Nesse sentido, a Carta de 1988, ao mesmo tempo em
que consolida a extensão de titularidade de direito, ace- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distin-
nando para a existência de novos sujeitos de direitos, ção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
também consolida o aumento da quantidade de bens ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabi-
lidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 02.Dentre os direitos elencados, abaixo, apenas um deles
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: NÃO se enquadra como Direito Social, mas sim dentre
(...) aqueles dispostos como Direitos e Deveres Individuais
e Coletivos, na Constituição Federal. Marque a opção
- Da nacionalidade compreende-se a situação do indi- que indica tal direito.
víduo em face do Estado, podendo ser nacional ou es- A) Participação nos lucros, ou resultados, desvincula-
trangeiro, este direito é também garantido pela Declara- da da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
ção Universal dos Direitos Humanos. ção na gestão da empresa, conforme definido em
lei.
B) Proteção do mercado de trabalho da mulher, medi-
- Direitos Sociais são aqueles que têm por objetivo ga-
ante incentivos específicos, nos termos da lei.
rantir aos indivíduos as condições materiais tidas como
C) Igualdade de direitos entre o trabalhador com víncu-
imprescindíveis para o pleno gozo dos seus direitos, por
lo empregatício permanente e o trabalhador avulso.
isso tendem a exigir do Estado intervenções na ordem
D) É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
social.
profissão, atendidas as qualidades profissionais
que a lei estabelecer.
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o la- 03.Não se admite habeas corpus em relação a punições
zer, a segurança, a previdência social, a proteção à A) disciplinares e civis.
maternidade e à infância, a assistência aos desampa- B) civis e administrativas.
rados, na forma desta Constituição. (Redação dada pe- C) disciplinares e militares.
la Emenda Constitucional nº 90, de 2015) D) administrativas e militares.
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e ru-
rais, além de outros que visem à melhoria de sua con- 04.Quanto à extradição, assinale a opção verdadeira.
dição social: (...) A) Nenhum brasileiro será extraditado.
B) Será concedida extradição de estrangeiro por crime
- Dos direitos políticos é o direito atribuído ao cidadão político.
que lhe permite, através do voto, do exercício dos cargos C) Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
públicos ou da utilização de outros instrumentos consti- lizado, em caso de crime comum, praticado antes
tucionais e legais, ter participação e influência nas ativi- da naturalização, ou de comprovado envolvimento
dades do governo. em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na
forma da lei.
D) Nenhum estrangeiro será extraditado, salvo em ca-
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo su- so de crime comum ou de comprovado envolvimen-
frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor to em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: na forma da lei.
I - plebiscito;
II - referendo; 05.A CF/88 determina direitos para as pessoas que são
III - iniciativa popular. (...) presas. Os itens abaixo propõem-se a descrever al-
guns desses direitos.
I. O direito de permanecer calado.
- Dos partidos políticos: garante a autonomia e a liber-
II. O direito à identificação dos responsáveis por sua
dade plena dos partidos políticos, como instrumentos
prisão.
necessários e importantes na preservação do Estado
III. O direito à assistência de advogado.
democrático de Direito no qual dispõe o art.17 da
CRFB/88.
A) Apenas o item I está correto.
B) Apenas os itens I e II estão corretos.
C) Os itens I, II e III estão corretos.
D) Apenas os itens I e III estão corretos.

01.A finalidade básica dos direitos humanos é coibir o 06.A Constituição Federal, em vigor, determina os casos
abuso em que uma pessoa pode ser presa. NÃO constitui um
A) do poder estatal. desses casos a prisão:
B) do poder estatal e dos indivíduos. A) em flagrante delito.
C) dos indivíduos. B) para averiguação dos antecedentes criminais.
D) dos grupos de indivíduos.
C) por ordem escrita e fundamentada de autoridade C) a ação popular que vise anular ato lesivo ao patri-
judiciária. mônio público ou de entidade de que o Estado par-
D) Nos casos de transgressão militar, definida em lei. ticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambien-
te e ao patrimônio histórico e cultural deverá ser
07.Sobre os direitos e garantias fundamentais da pessoa, proposta apenas pelo Ministério Público.
é INCORRETO afirmar-se que D) a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro-
A) é assegurado a todos o acesso à informação e res- cessuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao resse social o exigirem.
exercício profissional.
B) são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra 10.Considere os itens a seguir:
e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- I. Fundo de garantia do tempo de serviço;
denização pelo dano material ou moral decorrente II. Seguro-desemprego, em caso de desemprego vo-
de sua violação. luntário;
C) não é plena a liberdade de associação para fins líci- III. Repouso semanal remunerado, preferencialmente
tos, sendo permitida apenas a de caráter paramili- aos sábados;
tar. IV. Jornada de seis horas para o trabalho realizado em
D) as associações só poderão ser compulsoriamente turnos ininterruptos de revezamento, salvo negoci-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por ação coletiva.
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o
trânsito em julgado. De acordo com os Direitos Sociais, no que concerne
aos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais está
08.No que concerne aos princípios fundamentais do Esta- correto o contido em
do brasileiro, assinale a opção que contém a afirmação A) I, II, III e IV.
correta. B) II, III e IV apenas.
A) A República Federativa do Brasil buscará a integra- C) I e IV apenas.
ção econômica, política, social e cultural dos povos D) I, II e III apenas.
da América Latina, visando à formação de uma co-
munidade latinoamericana de nações. 11.Quanto aos direitos políticos, assinale a opção FALSA.
B) A República Federativa do Brasil é formada de mo- A) É vedada a cassação de direitos políticos, porém
do indissolúvel pelos Estados e Municípios, não permitida perda ou suspensão.
abrangendo o Distrito Federal na sua formação. B) São elegíveis os inalistáveis e os analfabetos.
C) Todo o poder emana da população que o exerce por C) O militar alistável é elegível.
meio de representantes eleitos ou diretamente, nos D) São condições de elegibilidade, na forma da lei: a
termos da Constituição. nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direi-
D) O único objetivo fundamental da República Federa- tos políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio
tiva do Brasil é garantir o desenvolvimento nacional eleitoral na circunscrição, a filiação partidária.
do país.
12.Sobre direitos e garantias fundamentais, na Constitui-
09.Segundo afirma Dalmo Dallari “a CONSTITUIÇÃO é a ção de 1988, marque a opção verdadeira.
declaração da vontade política de um povo, feita de A) O seguro contra acidentes do trabalho, quando feito
modo solene por meio de uma lei que é superior a to- a empregador substitui eventuais indenizações por
das as outras que, visando à proteção da dignidade ele devidas quando o acidente com o empregado se
humana, estabelece os direitos e as responsabilidades der por culpa do empregador.
fundamentais dos indivíduos, dos grupos sociais, do B) É inviolável o sigilo da correspondência e das co-
povo e do governo”. municações telegráficas, de dados e das comunica-
ções telefônicas, salvo, por ordem judicial, nas hipó-
Nesse sentido, no que tange aos direitos humanos na teses e na forma que a lei estabelecer para fins de
Constituição Federal de 1988, pode-se afirmar corre- investigação criminal ou instrução processual pe-
tamente que nal.
A) o Estado indenizará parcialmente o condenado por C) A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
erro judiciário, assim como o que ficar preso além podendo penetrar sem consentimento do morador,
do tempo fixado na sentença. salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
B) a ação de habeas corpus é gratuita, não o sendo, para prestar socorro, ou, durante a noite, por deter-
contudo, a ação de habeas data. minação judicial.
D) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, D) A prática do racismo constitui crime inafiançável e
em locais abertos ao público, independentemente imprescritível, sujeito à pena de detenção, nos ter-
de autorização, desde que não frustrem outra reuni- mos da lei.
ão anteriormente convocada para o mesmo local, E) A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade veis de graça ou indulto a prática da tortura, o tráfi-
competente. co ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terro-
rismo e os definidos como crimes hediondos, por
13.Suponha que uma associação legalmente constituída, eles respondendo os mandantes, os executores e os
reunindo torcedores de futebol de um certo time, se que, podendo evitá-los, se omitirem.
desvirtue e passe a patrocinar e a estimular atos de vi-
olência em estádios. Nessas circunstâncias, assinale a 16.Assinale a alternativa correta a respeito dos direitos e
opção verdadeira. garantias fundamentais, nos termos disciplinados na
A) A polícia tem legitimidade para dissolver compulso- Constituição da República Federativa do Brasil.
riamente a atividade, independentemente de ordem A) Os direitos e garantias fundamentais, em razão de
judicial, embora o ato possa ser discutido, posteri- concretizarem a dignidade humana, não podem ser
ormente, quanto ao seu mérito, em juízo. relativizados pela atuação do Estado para suspen-
B) A associação somente pode ser compulsoriamente der ou restringir as suas eficácias.
dissolvida por decisão judicial transitada em julga- B) Os direitos e garantias fundamentais são apenas os
do. previstos, expressamente, no texto constitucional.
C) O Ministério Público pode expedir determinação de C) A adoção, pelo Brasil, de normas internacionais so-
suspensão das atividades da associação, desde que bre direitos humanos obriga que essas sejam previ-
garantido o direito de defesa dos seus integrantes. amente internalizadas através de emenda constitu-
D) Se a associação é legalmente constituída, não há cional.
como ser compulsoriamente suspensa nem dissol- D) Os direitos e garantias fundamentais, desde que por
vida, mas os seus membros podem ser responsabi- emenda constitucional, podem ser suprimidos do
lizados pelos excessos que praticarem. texto da Constituição da República Federativa do
Brasil.
14.De acordo com a Constituição da República, a lei regu- E) Enquanto os direitos fundamentais são as disposi-
lará a individualização da pena e adotará as penas de, ções que reconhecem e declaram propriamente os
EXCETO: direitos inerentes à dignidade de todo ser humano,
A) Privação ou restrição da liberdade. as garantias são disposições assecuratórias do
B) Perda de bens. exercício dos direitos.
C) Multa.
D) Prestação social alternativa. 17.Considerando a redação do art. 5º, inciso III, da Consti-
E) Caráter perpétuo. tuição da República Federativa do Brasil, de que “Nin-
guém será submetido a tortura nem a tratamento de-
15.Quanto aos direitos e garantias fundamentais na sumano ou degradante”, assinale a alternativa correta.
Constituição Federal de 1988, assinale a alternativa A) É proibido o uso de algemas durante a audiência de
correta. instrução e julgamento.
A) A pequena propriedade rural, assim definida em lei, B) É proibido o uso de algemas em todas as situações,
desde que trabalhada pela família, poderá ser objeto por atentar contra a dignidade humana do preso.
de penhora para pagamento de débitos decorrentes C) É desautorizado o uso de algemas em casos de re-
de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os sistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
meios de financiar o seu desenvolvimento. integridade física própria ou alheia, por parte do
B) Aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza- preso, sob pena de nulidade da prisão ou do ato
ção, publicação ou reprodução de suas obras, in- processual a que se refere, sem prejuízo da respon-
transmissível aos herdeiros devido à natureza per- sabilidade civil do Estado.
sonalíssima. D) Só é lícito o uso de algemas em casos de resistên-
C) Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, cia e de fundado receio de fuga ou de perigo à inte-
em locais abertos ao público, independentemente gridade física própria ou alheia, por parte do preso
de autorização, desde que não frustrem outra reuni- ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por
ão anteriormente convocada para o mesmo local, escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade civil e penal do agente ou da autoridade e de nulida-
competente. de da prisão ou do ato processual a que se refere,
sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
E) É desautorizado o uso de algemas em casos de re-
sistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à
integridade física própria ou alheia, por parte do
preso ou de terceiros, justificada a excepcionalida-
de por escrito, sob pena de responsabilidade disci-
plinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de
nulidade da prisão ou do ato processual a que se re- A abordagem acerca dos Direitos Humanos remete ao
fere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Esta- estudo dos Direitos dos Cidadãos, daquilo que é necessá-
do. rio como garantia dos Direitos Fundamentais e Deveres
Individuais e Coletivos (conforme o Título II da Constitui-
18.A Constituição Federal de 1988 em seu Título II dispõe ção de 1988 - CF/88). Essa é uma das principais atribui-
sobre os Direitos e Garantias Fundamentais. Os Direi- ções do Estado, entendido como um Estado Democrático
tos Humanos estão relacionados à existência do ser de Direito (art. 1o da CF/88) que deve garantir, entre ou-
humano e visam garantir tras coisas: "direito à vida, à liberdade, à igualdade, à se-
A) a intervenção estatal na esfera individual para o de- gurança e à propriedade" (art. 5o da CF/88).
senvolvimento social. Dessa forma, o Estado deve estabelecer uma política
B) o respeito à vida, à liberdade e dignidade para o de- legal, real e efetiva para cumprir essa tarefa. Por conse-
senvolvimento de sua personalidade. guinte, os Direitos Humanos são Políticos e constituem
C) a prerrogativa estatal para definição da liberdade e uma das principais preocupações do Estado que deve ter
dignidade humana. nos Direitos Fundamentais um importante foco da sua
D) o respeito às leis Nacionais acerca de sua própria atividade e preocupação.
definição de Direitos Humanos. No Brasil existe a Política Nacional de Direitos Huma-
E) o desenvolvimento econômico e social do ser hu- nos (PNDH) que defende, entre outras coisas, a primazia
mano em cada país. dos Direitos Humanos nas políticas internas e nas rela-
ções internacionais. Essas políticas institucionais são
importantes, pois é a partir delas que se pode buscar for-
mas de concretização dos Direitos Humanos.
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 No dia 13 de maio de 1996, o Presidente Fernando
B D D C C B C A D C Henrique Cardoso lançou oficialmente o Programa Nacio-
nal de Direitos Humanos (PNDH), tornando o Brasil o ter-
11 12 13 14 15 16 17 18 ― ―
ceiro país, depois da Austrália e das Filipinas, a atender a
A D B E E E D B ― ― recomendação da Conferência Mundial de Direitos Huma-
nos de Viena de preparar um plano de ação para proteção
e promoção dos direitos humanos. O PNDH é uma decla-
ração inequívoca do compromisso do Brasil com a prote-
ção e promoção dos direitos humanos de todas as pes-
soas que residem no, e transitam pelo, território brasileiro.
Com a colaboração da Universidade de São Paulo, através
do Núcleo de Estudos da Violência, o PNDH tornou-se
documento de referência obrigatória para o governo e a
sociedade na luta pela consolidação da democracia e do
estado de direito e pela construção de uma sociedade
mais justa.
Num estado federal como é o Brasil, os Estados da Fe-
deração têm um papel fundamental na implementação do
programa Nacional de Direitos Humanos e na luta contra
a violência, discriminação impunidade e pela efetiva pro-
teção dos direitos humanos no país. O PNDH propõe
ações governamentais que devem ser implementadas nos
Estados da Federação, pelos governos estaduais ou atra-
vés de parcerias entre o governo federal, governos esta-
duais, governos municipais e sociedade civil.
A questão dos Direitos Humanos (e de Políticas Públicas que possam assegurar a efetividade destes direitos) é bas-
tante complexa e envolve uma série de questões, desde os Direitos das crianças, adolescentes, idosos, até os Direitos
dos presos, das minorias, dos povos indígenas, enfim, Direitos de Todos.
O quadro a seguir trata dos principais aspectos da PNDH:

PNDH-1 PNDH-2 PNDH-3

1996 – Ênfase aos Direitos Civis e 2002 – Ênfase aos Direitos Soci- 2009/2010 – Aborda políticas
Políticos ais, Econômicos e Culturais atuais de Estado

Proteção e promoção à vida, se- Extensão de proteção a outros Conferir continuidade à integra-
gurança das pessoas, luta pela grupos vulneráveis, como afro- ção e ao aprimoramento dos me-
impunidade, proteção do direito descendentes, Gays, Lésbicas, canismos de participação existen-
de liberdade, de livre expressão, Travestis, Transexuais e Bissexu- tes e criar novos meios de cons-
classificação indicação, abolição ais – GLTTB. trução e monitoramento das polí-
do trabalho forçado, penas priva- ticas públicas brasileiras sobre
tivas de liberdade, proteção do direitos humanos.
direito a tratamento igualitário
perante a lei, proteção dos grupos
vulneráveis.

Grupos vulneráveis protegidos: Aborda-se o direito à saúde, à Garantir a igualdade na diversida-


crianças e adolescentes, mulhe- educação, à previdência e à assis- de, com respeito às diferentes
res, população negra, sociedades tência social (especialidades so- crenças, liberdade de culto e ga-
indígenas, estrangeiros, refugia- bre saúde mental, dependência rantia da laicidade do Estado bra-
dos e migrantes, terceira idade, química, HIV/AIDS), ao trabalho, à sileiro.
pessoas com deficiência. moradia, ao meio ambiente sau-
dável, à alimentação, à cultura, ao
lazer e à inserção nos sistemas
internacionais de proteção.

É preciso ressaltar ainda as diversas declarações de direitos do homem, como a Declaração Americana (1776), a
Declaração Francesa (1789) Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a Declaração da ONU (1948) Declaração
Universal dos Direitos Humanos, entre outras, que influenciaram o surgimento das proteções jurídicas dos direitos fun-
damentais em diversos países. Essas declarações despontaram como alternativas para garantia dos direitos tidos co-
mo essenciais à condição humana, tornando-se dever de todo Estado a garantia destes Direitos. O que não significar
dizer, como é fácil de perceber, que o Estado garanta a todos os indivíduos, seus direitos fundamentais: muitos direitos
ainda devem ser garantidos e outras tantas violações desses direitos precisam ser coibidas. Desde as declarações de
1776 e 1789, até a declaração de 1948 é possível destacar várias fases de um lento processo de consolidação de uma
política de direitos humanos e os especialistas no assunto costumam afirmar que os Direitos Humanos se afirmaram
historicamente em quatro gerações. Fachin (2015) prefere o termo “dimensão”. São elas:

1ª geração: Direitos Individuais (que pressupõe a igualdade formal perante a lei além de considerar o sujeito de forma
abstrata);

2ª geração: Direitos Coletivos (os direitos sociais passa a ser analisado em situações concretas, no contexto social);

3ª geração: Direitos dos Povos ou os Direitos de Solidariedade (basicamente compreende os direitos do consumidor e
os relacionados às questões ecológicas);

4ª geração: Direitos da Bioética e da Informática (relacionados à biotecnologia, bioengenharia e novas tecnologias de


informação e comunicação).
o
O desenvolvimento dos Direitos Humanos nas últimas Art. 2 O PNDH-3 será implementado de acordo com
décadas tem representado uma importante expressão do os seguintes eixos orientadores e suas respectivas dire-
Estado Democrático de Direito. Isso porque, segundo No- trizes:
berto Bobbio, Direitos Humanos e Democracia são ele- I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Esta-
mentos necessários do mesmo movimento histórico: sem do e sociedade civil:
direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há De- a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e so-
mocracia. Ainda segundo Bobbio, o homem, como indiví- ciedade civil como instrumento de fortalecimento da de-
duo, deve ser livre, e como ser social, deve estar com os mocracia participativa;
demais indivíduos em relação de igualdade. Liberdade e
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos
Igualdade são, portanto, os valores que servem de funda-
como instrumento transversal das políticas públicas e de
mento, não só de todas as Declarações de Direitos do
interação democrática; e
Homem, como de qualquer Estado Democrático de Direi-
c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de
to.
informações em Direitos Humanos e construção de me-
Vejamos dispositivos constantes no Decreto nº
canismos de avaliação e monitoramento de sua efetiva-
7.037/09, que aprova o Programa Nacional de Direitos
ção;
Humanos 3, dando continuidade às políticas governamen-
II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Hu-
tais nesse sentido.
manos:
a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento
DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009. sustentável, com inclusão social e econômica, ambien-
Aprova o Programa Nacional talmente equilibrado e tecnologicamente responsável,
de Direitos Humanos - PNDH- cultural e regionalmente diverso, participativo e não dis-
3 e dá outras providências. criminatório;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como su-
que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Consti- jeito central do processo de desenvolvimento; e
tuição, c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambien-
DECRETA: tais como Direitos Humanos, incluindo as gerações futu-
o
Art. 1 Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos ras como sujeitos de direitos;
Humanos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um
objetivos estratégicos e ações programáticas estabeleci- contexto de desigualdades:
dos, na forma do Anexo deste Decreto.
a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e
universal, indivisível e interdependente, assegurando a construção pública da verdade; e
cidadania plena; c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada
b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e ado- com promoção do direito à memória e à verdade, fortale-
lescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma cendo a democracia.
não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além
participação; dos responsáveis nele indicados, envolve parcerias com
c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e outros órgãos federais relacionados com os temas trata-
d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade; dos nos eixos orientadores e suas diretrizes.
o
IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Art. 3 As metas, prazos e recursos necessários para a
Justiça e Combate à Violência: implementação do PNDH-3 serão definidos e aprovados
a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sis- em Planos de Ação de Direitos Humanos bianuais.
o
tema de segurança pública; Art. 5 Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e
b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no os órgãos do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do
sistema de segurança pública e justiça criminal; Ministério Público, serão convidados a aderir ao PNDH-3.
o
c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalida- Art. 6 Este Decreto entra em vigor na data de sua pu-
de e profissionalização da investigação de atos crimino- blicação.
o o
sos; Art. 7 Fica revogado o Decreto n 4.229, de 13 de
d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com maio de 2002.
o
ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalida- Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188 da Indepen-
o
de policial e carcerária; dência e 121 da República.
e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de cri-
mes e de proteção das pessoas ameaçadas;
f) Diretriz 16: Modernização da política de execução
penal, priorizando a aplicação de penas e medidas alter-
nativas à privação de liberdade e melhoria do sistema 01.Assinale a alternativa correta acerca da classificação
penitenciário; e dos Direitos Humanos em gerações.
g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais A) Os direitos de liberdade são classificados como de
acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e primeira geração.
a defesa de direitos; B) Os direitos sociais ou de igualdade são classifica-
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos dos como de quarta geração.
Humanos: C) A segunda geração de direito compreende os direi-
a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios tos de liberdade.
da política nacional de educação em Direitos Humanos D) A terceira geração de direitos é marcada pelos direi-
para fortalecer uma cultura de direitos; tos tecnológicos, como a bioética.
E) A segunda geração de direitos envolve aqueles de-
b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da demo-
nominados fraternos, como o meio ambiente ecolo-
cracia e dos Direitos Humanos nos sistemas de educação
gicamente equilibrado.
básica, nas instituições de ensino superior e nas institui-
ções formadoras;
02.Considerando o que a doutrina majoritária dispõe so-
c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não for- bre o desenvolvimento e conquista dos direitos huma-
mal como espaço de defesa e promoção dos Direitos nos, pode-se afirmar que esse desenvolvimento histó-
Humanos; rico, classificado por gerações de direitos, pode ser,
d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Hu- cronologicamente, assim representado:
manos no serviço público; e A) direitos individuais; direitos coletivos e direitos so-
e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação de- ciais.
mocrática e ao acesso à informação para consolidação B) direitos individuais, direitos coletivos e liberdades
de uma cultura em Direitos Humanos; e negativas.
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade: C) liberdades positivas, liberdades negativas e direitos
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da ver- sociais.
dade como Direito Humano da cidadania e dever do Esta- D) direitos sociais; direitos de liberdade e direitos da
do; fraternidade.
E) direitos de liberdade; direitos sociais e direitos difu-
sos.
03.O Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3, mento; Promoção e proteção dos direitos ambien-
aprovado pelo Decreto nº 7.037, de 21 de dezembro tais como Direitos Humanos, incluindo as gerações
de 2009, é estruturado em eixos orientadores que con- futuras como sujeitos de direitos.
têm suas respectivas diretrizes. Nesse contexto nor-
mativo, estão incluídas no Eixo Orientador IV, que trata 04.A teoria das gerações ou dimensões dos direitos hu-
da Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à manos expõe perspectivas desses direitos em que se
Violência, as seguintes diretrizes: incluem em cada geração ou dimensão determinados
A) Garantia dos Direitos Humanos de forma universal, direitos e princípios. Conforme essa divisão clássica
indivisível e interdependente, assegurando a cida- da doutrina, é correto afirmar:
dania plena; Promoção dos direitos de crianças e A) os direitos de segunda geração ou dimensão se re-
adolescentes para o seu desenvolvimento integral, ferem aos direitos civis e políticos, compreendendo
de forma não discriminatória, assegurando seu di- os direitos de liberdade, englobando as liberdades
reito de opinião e participação; Combate às desi- clássicas, negativas ou formais.
gualdades estruturais; Garantia da igualdade na di- B) os direitos de quinta geração ou dimensão consis-
versidade. tem na possibilidade de participação na formação
B) Efetivação das diretrizes e dos princípios da política da vontade do Estado, retratando os direitos à de-
nacional de educação em Direitos Humanos para mocracia e à informação.
fortalecer uma cultura de direitos; Fortalecimento C) os direitos de quarta geração ou dimensão se ca-
dos princípios da democracia e dos Direitos Huma- racterizam por condensar os direitos e liberdades
nos nos sistemas de educação básica, nas institui- civis, políticas, econômicas, sociais e culturais.
ções de ensino superior e nas instituições formado- D) os direitos de terceira geração ou dimensão con-
ras; Reconhecimento da educação não formal como substanciam como titulares a coletividade, consa-
espaço de defesa e promoção dos Direitos Huma- grando o princípio da solidariedade e incluindo direi-
nos; Promoção da Educação em Direitos Humanos tos como o da paz, ao desenvolvimento, ao meio
no serviço público; Garantia do direito à comunica- ambiente equilibrado.
ção democrática e ao acesso à informação para E) os direitos de primeira geração ou dimensão são
consolidação de uma cultura em Direitos Humanos. aqueles relativos aos direitos econômicos, sociais e
C) Interação democrática entre Estado e sociedade ci- culturais, em que se acentua o princípio da igualda-
vil como instrumento de fortalecimento da demo- de.
cracia participativa; Fortalecimento dos Direitos
Humanos como instrumento transversal das políti- 05.Os direitos humanos são denominados com variados
cas públicas e de interação democrática; Integração termos. Assinale a alternativa que não é aceita con-
e ampliação dos sistemas de informações em Direi- temporaneamente, por expressar uma ideia ultrapas-
tos Humanos e construção de mecanismos de ava- sada sobre o tema.
liação e monitoramento de sua efetivação. A) direitos naturais
D) Democratização e modernização do sistema de se- B) direitos fundamentais
gurança pública; Transparência e participação po- C) direitos da pessoa humana
pular no sistema de segurança pública e justiça D) direitos humanos fundamentais
criminal; Prevenção da violência e da criminalidade E) diretos essenciais da humanidade
e profissionalização da investigação de atos crimi-
nosos; Combate à violência institucional, com ênfa- 06.Dentre os direitos e garantias fundamentais da Consti-
se na erradicação da tortura e na redução da letali- tuição da República Federativa do Brasil, é estatuído
dade policial e carcerária; Garantia dos direitos das que “o preso será informado de seus direitos, entre os
vítimas de crimes e de proteção das pessoas amea- quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a
çadas; Modernização da política de execução penal, assistência da família e de advogado”. Esse preceito
priorizando a aplicação de penas e medidas alterna- constitucional se refere:
tivas à privação de liberdade e melhoria do sistema A) à obrigação de se silenciar.
penitenciário; Promoção de sistema de justiça mais B) ao direito de liberdade.
acessível, ágil e efetivo, para o conhecimento, a ga- C) ao princípio da culpabilidade.
rantia e a defesa de direitos. D) ao direito subjetivo de não se autoincriminar.
E) Efetivação de modelo de desenvolvimento susten- E) à obrigação de produzir provas de sua inocência.
tável, com inclusão social e econômica, ambiental-
mente equilibrado e tecnologicamente responsável, 07.Os direitos humanos são de elevado grau de relevância
cultural e regionalmente diverso, participativo e não institucional e de impositiva aplicação. A sua violação,
discriminatório; Valorização da pessoa humana conforme a Constituição da República Federativa do
como sujeito central do processo de desenvolvi- Brasil, é um dos fundamentos para:
A) decretação do estado de sítio.
B) decretação do estado de defesa.
C) intervenção da União nos Estados.
D) intervenção interministerial federal.
E) decretação de calamidade pública.

08.O Programa Nacional de Direitos Humanos − PNDH −


O ordenamento jurídico brasileiro, na Constituição Fe-
foi elaborado pela primeira vez em 1996 e enfatizava
deral de 1988, aborda em seu texto diversas noções de
os direitos civis e políticos. Em 2002 foi reformulado e
justiça social, dentre elas a questão do gênero. A violên-
incorporou os direitos econômicos, sociais, culturais e
cia de gênero se define como qualquer tipo de agressão
ambientais. Está em vigor o programa lançado em
física, psicológica, sexual ou simbólica contra alguém em
2010 que incorpora o debate sobre a necessidade de
situação de vulnerabilidade devido a sua identidade de
ampliação dos mecanismos de participação e a cria-
gênero ou orientação sexual. Constata-se que as mais
ção e construção de monitoramento das políticas pú-
atingidas por essa coerção são pessoas do sexo femini-
blicas de Direitos Humanos no Brasil. O programa está
no. Contudo, vale lembrar que homens e minorias sexuais
estruturado em
e de gênero também podem ser alvos dessas agressões.
A) seis eixos orientadores.
B) nove diretrizes sociais. Em relação às mulheres, os Direitos Humanitários tra-
C) quatro ordenamentos jurídicos. zem em suas finalidades a premissa básica da igualdade
D) dois pilares estruturantes. e da não discriminação entre os sexos, em alusão ao ob-
E) sete ações principais. jetivo constitucional brasileiro da promoção do bem de
todos.
No plano do Direito Internacional dos Direitos Huma-
nos não existe uma definição precisa do que é violência
01 02 03 04 05 06 07 08 ― ― de gênero, pois, por muito tempo, o conceito de gênero foi
considerado como sinônimo de sexo. Por isso, a ONU
A E D D A D C A ― ―
(Organização das Nações Unidas) adota uma concepção
amplificada da definição de violência contra mulher em
alguns tratados internacionais que versam sobre o tema.
Discriminação Contra as Mulheres (CEDAW, sigla em
inglês) que foi promulgada em 1979 pelas Nações Unidas
e ratificada por 188 países. A regulamentação, que busca
estabelecer parâmetros mínimos nas ações estatais para
promover os direitos humanos das mulheres e reprimir
violações, define como discriminação:
“toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no
sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar
ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela
mulher, independentemente de seu estado civil, com
base na igualdade do homem e da mulher, dos direi-
tos humanos e liberdades fundamentais nos campos
político, econômico, social, cultural e civil ou em
qualquer outro campo” (artigo 1°, CEDAW).
Já a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e
Erradicar a Violência Contra a Mulher, a qual ocorreu no
ano de 1994 em Belém no Pará e que foi assinalada por
32 dos 35 Estados do continente americano, definiu essa
prática como uma ofensa à dignidade humana e manifes-
tação das relações de poder historicamente desiguais
entre mulheres e homens.
Não obstante, ressalta-se que embora os termos se-
jam utilizados como sinônimos, nem todo ato contra a
mulher é violência de gênero. Isso por que para que uma
agressão seja classificada como violência de gênero deve
ser direcionada a vítima em razão de sua identificação Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência
sexual ou de gênero. Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de
Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Pe-
Violência Doméstica nal; e dá outras providências.
A violência doméstica abarca comportamentos utiliza- Com 46 artigos distribuídos em sete títulos, ela cria
dos num relacionamento, por uma das partes, sobretudo mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica
para controlar a outra. As pessoas envolvidas podem ser e familiar contra a mulher em conformidade com a Consti-
casada ou não, ser do mesmo sexo ou não, viver juntas, tuição Federal (art. 226, § 8°) e os tratados internacionais
separadas ou namorar. Todos podemos ser vítimas de ratificados pelo Estado brasileiro (Convenção de Belém do
violência doméstica. Pará, Pacto de San José da Costa Rica, Declaração Ame-
ricana dos Direitos e Deveres do Homem e Convenção
As vítimas podem ser ricas ou pobres, de qualquer
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
idade, sexo, religião, cultura, grupo étnico, orientação se-
contra a Mulher).
xual, formação ou estado civil.
A violência doméstica engloba diferentes tipos de
abuso, tais como: LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006
a) violência emocional: qualquer comportamento do(a)
companheiro(a) que visa fazer o outro sentir medo ou 1) Objeto da Lei
inútil. Usualmente inclui comportamentos como: ame-
açar os filhos; magoar os animais de estimação; humi- Toda mulher, independente de classe, etnia, raça, ori-
lhar o outro na presença de amigos, familiares ou em entação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade ou
público, entre outros. religião, goza dos direitos inerentes à pessoa humana,
b) violência social: qualquer comportamento que intenta sendo-lhe asseguradas condições boas de vida, sem pas-
controlar a vida social do(a) companheiro(a), através sar por qualquer tipo de violência.
de, por exemplo, impedir que este(a) visite familiares Desse modo, serão asseguradas às mulheres condi-
ou amigos, cortar o telefone ou controlar as chamadas ções para o exercício dos direitos à vida, à saúde, à segu-
e as contas telefónicas, trancar o outro em casa. rança, à alimentação, à cultura, ao lazer, ao trabalho, à
c) violência física: qualquer forma de violência física que cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convi-
um agressor(a) inflige ao companheiro(a). Pode tradu- vência familiar e comunitária.
zir-se em comportamentos como: esmurrar, pontapear, O Estado é o responsável constitucional de assegurar
estrangular, queimar, induzir ou impedir que o(a) com- a assistência à família na pessoa de cada um e de criar
panheiro(a) obtenha medicação ou tratamentos. mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
d) violência sexual: qualquer comportamento em que o(a) relações. A Lei Maria da Penha se encarregou de atribuí-lo
companheiro(a) força o outro a protagonizar actos se- a incumbência de desenvolver políticas que visem garan-
xuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou tir os direitos humanos das mulheres no âmbito das rela-
forçar o companheiro para ter relações sexuais quando ções domésticas e familiares no sentido de resguardá-las
este não quer; pressionar, forçar ou tentar que o(a) de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
companheiro(a) mantenha relações sexuais desprote- violência, crueldade e opressão.
gidas; forçar o outro a ter relações com outras pesso- Entretanto, deve-se esclarecer que o dever de proteção
as. das mulheres em situação de violência NÃO É APENAS
e) violência financeira: qualquer comportamento que DO ESTADO. Deve-se considerar a colaboração de toda a
intente controlar o dinheiro do(a) companheiro(a) sem sociedade, inclusive dos órgãos e entidades públicas para
que este o deseje. Alguns destes comportamentos po- coibir práticas irregulares.
dem ser: controlar o ordenado do outro; recusar dar di-
nheiro ao outro ou forçá-lo a justificar qualquer gasto;
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir
ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de con-
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos ter-
trolo.
mos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Con-
venção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Vio-
Nesse contexto, foi aprovada em 2006, a Lei nº 11.340, lência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para
de 07 de agosto de 2006, que cria mecanismos para coibir Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher e
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos ter- de outros tratados internacionais ratificados pela Repú-
mos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Con- blica Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos
venção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis- Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu-
criminação contra as Mulheres e da Convenção Interame- lher; e estabelece medidas de assistência e proteção às
ricana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Conceito de Violência Doméstica e Familiar contra a Mu- 3) Crime enquadrado na Lei Maria da Penha
lher:
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência
No âmbito da unidade doméstica: doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
espaço de convívio permanente de omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
VIOLÊNCIA Ação ou Omissão pessoas, com ou sem vínculo fami- sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
DOMÉSTICA baseada no gênero liar, inclusive as esporadicamente patrimonial:
E FAMILIAR que lhe cause morte, agregadas. I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
lesão, sofrimento No âmbito da família: comunidade
CONTRA como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
físico, sexual ou formada por indivíduos que são ou
A MULHER ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
psicológico e dano se consideram aparentados, unidos
moral ou patrimonial por laços naturais, por afinidade ou agregadas;
por vontade expressa. II - no âmbito da família, compreendida como a comu-
Em qualquer relação íntima de afe- nidade formada por indivíduos que são ou se consideram
to: na qual o agressor conviva ou aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
tenha convivido com a ofendida, por vontade expressa;
independente de coabitação.
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, in-
Jurisprudência: O STJ já decidiu que a Lei Maria da dependentemente de coabitação.
Penha pode ser aplicada mesmo que não tenha havido Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas
coabitação, e mesmo quando as agressões ocorrerem neste artigo independem de orientação sexual.
quando já se tiver encerrado o relacionamento entre as
Art. 6º A violência doméstica e familiar contra a mu-
partes, desde que guardem vínculo com a relação anteri-
lher constitui uma das formas de violação dos direitos
ormente existente.
humanos.

2) Direitos da mulher
4) Das formas de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher
Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, ra-
ça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educaci-
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar
onal, idade e religião, goza dos direitos fundamentais
contra a mulher, entre outras:
inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
I - a violência física, entendida como qualquer conduta
oportunidades e facilidades para viver sem violência, pre-
que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
servar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento
moral, intelectual e social. II - a violência psicológica, entendida como qualquer
conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições
autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno de-
para o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à
senvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, ao
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cida-
ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação,
dania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
familiar e comunitária.
insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridiculari-
§ 1º O poder público desenvolverá políticas que visem
zação, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito das
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psico-
relações domésticas e familiares no sentido de resguar-
lógica e à autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº
dá-las de toda forma de negligência, discriminação, explo-
13.772, de 2018)
ração, violência, crueldade e opressão.
III - a violência sexual, entendida como qualquer con-
§ 2º Cabe à família, à sociedade e ao poder público
duta que a constranja a presenciar, a manter ou a partici-
criar as condições necessárias para o efetivo exercício
par de relação sexual não desejada, mediante intimida-
dos direitos enunciados no caput.
ção, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a co-
Art. 4º Na interpretação desta Lei, serão considerados mercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexuali-
os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as dade, que a impeça de usar qualquer método contracepti-
condições peculiares das mulheres em situação de vio- vo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou
lência doméstica e familiar. à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus
direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer VIII - a promoção de programas educacionais que dis-
conduta que configure retenção, subtração, destruição seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recur- ou etnia;
sos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os
suas necessidades; níveis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos
V - a violência moral, entendida como qualquer condu- humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e ao
ta que configure calúnia, difamação ou injúria. problema da violência doméstica e familiar contra a mu-
lher.
5) Assistência à Mulher e Situação de Violência Domésti- Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência
ca e Familiar doméstica e familiar será prestada de forma articulada e
conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saú-
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência
de, no Sistema Único de Segurança Pública, entre outras
doméstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de
normas e políticas públicas de proteção, e emergencial-
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados,
mente quando for o caso.
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-
governamentais, tendo por diretrizes: § 1º O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
mulher em situação de violência doméstica e familiar no
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Mi-
cadastro de programas assistenciais do governo federal,
nistério Público e da Defensoria Pública com as áreas de
estadual e municipal.
segurança pública, assistência social, saúde, educação,
trabalho e habitação; § 2º O juiz assegurará à mulher em situação de violên-
cia doméstica e familiar, para preservar sua integridade
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e
física e psicológica:
outras informações relevantes, com a perspectiva de gê-
nero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às con- I - acesso prioritário à remoção quando servidora pú-
sequências e à frequência da violência doméstica e fami- blica, integrante da administração direta ou indireta;
liar contra a mulher, para a sistematização de dados, a II - manutenção do vínculo trabalhista, quando neces-
serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica sário o afastamento do local de trabalho, por até seis
dos resultados das medidas adotadas; meses.
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos III - encaminhamento à assistência judiciária, quando
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a for o caso, inclusive para eventual ajuizamento da ação
coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacer- de separação judicial, de divórcio, de anulação de casa-
bem a violência doméstica e familiar, de acordo com o mento ou de dissolução de união estável perante o juízo
estabelecido no inciso III do art. 1º , no inciso IV do art. competente. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
3º e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal ; § 3º A assistência à mulher em situação de violência
IV - a implementação de atendimento policial especia- doméstica e familiar compreenderá o acesso aos benefí-
lizado para as mulheres, em particular nas Delegacias de cios decorrentes do desenvolvimento científico e tecnoló-
Atendimento à Mulher; gico, incluindo os serviços de contracepção de emergên-
V - a promoção e a realização de campanhas educati- cia, a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis
vas de prevenção da violência doméstica e familiar contra (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e
geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de prote- cabíveis nos casos de violência sexual.
ção aos direitos humanos das mulheres; § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão,
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, violência física, sexual ou psicológica e dano moral ou
termos ou outros instrumentos de promoção de parceria patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de
não-governamentais, tendo por objetivo a implementação Saúde (SUS), de acordo com a tabela SUS, os custos rela-
de programas de erradicação da violência doméstica e tivos aos serviços de saúde prestados para o total trata-
familiar contra a mulher; mento das vítimas em situação de violência doméstica e
familiar, recolhidos os recursos assim arrecadados ao
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mili-
Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas uni-
tar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos
dades de saúde que prestarem os serviços. (Vide Lei nº
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunci-
13.871, de 2019) (Vigência)
ados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça
ou etnia;
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso suspeitos e pessoas a eles relacionadas; (Incluído pela
em caso de perigo iminente e disponibilizados para o Lei nº 13.505, de 2017)
monitoramento das vítimas de violência doméstica ou III - não revitimização da depoente, evitando sucessi-
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus vas inquirições sobre o mesmo fato nos âmbitos criminal,
custos ressarcidos pelo agressor. (Vide Lei nº 13.871, de cível e administrativo, bem como questionamentos sobre
2019) (Vigência) a vida privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º des- § 2º Na inquirição de mulher em situação de violência
te artigo não poderá importar ônus de qualquer natureza doméstica e familiar ou de testemunha de delitos de que
ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substi- procedimento: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
tuição da pena aplicada. (Vide Lei nº 13.871, de 2019) I - a inquirição será feita em recinto especialmente pro-
(Vigência) jetado para esse fim, o qual conterá os equipamentos
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e próprios e adequados à idade da mulher em situação de
familiar tem prioridade para matricular seus dependentes violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à
em instituição de educação básica mais próxima de seu gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº
domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante 13.505, de 2017)
a apresentação dos documentos comprobatórios do re- II - quando for o caso, a inquirição será intermediada
gistro da ocorrência policial ou do processo de violência por profissional especializado em violência doméstica e
doméstica e familiar em curso. (Incluído pela Lei nº familiar designado pela autoridade judiciária ou policial;
13.882, de 2019) (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus III - o depoimento será registrado em meio eletrônico
dependentes matriculados ou transferidos conforme o ou magnético, devendo a degravação e a mídia integrar o
disposto no § 7º deste artigo, e o acesso às informações inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017)
será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de vio-
competentes do poder público. (Incluído pela Lei nº
lência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
13.882, de 2019)
entre outras providências:
I - garantir proteção policial, quando necessário, co-
6) Atendimento pela Autoridade Policial municando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
Judiciário;
Art. 10. Na hipótese da iminência ou da prática de vio- II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de sa-
lência doméstica e familiar contra a mulher, a autoridade úde e ao Instituto Médico Legal;
policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
de imediato, as providências legais cabíveis. dentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste de vida;
artigo ao descumprimento de medida protetiva de urgên- IV - se necessário, acompanhar a ofendida para asse-
cia deferida. gurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência ou do domicílio familiar;
doméstica e familiar o atendimento policial e pericial es- V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos
pecializado, ininterrupto e prestado por servidores - prefe- nesta Lei e os serviços disponíveis, inclusive os de assis-
rencialmente do sexo feminino - previamente capacita- tência judiciária para o eventual ajuizamento perante o
dos. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) juízo competente da ação de separação judicial, de divór-
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência cio, de anulação de casamento ou de dissolução de união
doméstica e familiar ou de testemunha de violência do- estável. (Redação dada pela Lei nº 13.894, de 2019)
méstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obe- Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e
decerá às seguintes diretrizes: (Incluído pela Lei nº familiar contra a mulher, feito o registro da ocorrência,
13.505, de 2017) deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os se-
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emoci- guintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos
onal da depoente, considerada a sua condição peculiar de no Código de Processo Penal:
pessoa em situação de violência doméstica e familiar; I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e
(Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) tomar a representação a termo, se apresentada;
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher II - colher todas as provas que servirem para o esclare-
em situação de violência doméstica e familiar, familiares cimento do fato e de suas circunstâncias;
e testemunhas terão contato direto com investigados ou
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ex- II - pelo delegado de polícia, quando o Município não
pediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, para for sede de comarca; ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de
a concessão de medidas protetivas de urgência; 2019)
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de III - pelo policial, quando o Município não for sede de
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais comarca e não houver delegado disponível no momento
necessários; da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
V - ouvir o agressor e as testemunhas; § 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar artigo, o juiz será comunicado no prazo máximo de 24
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indicando (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a
a existência de mandado de prisão ou registro de outras manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo
ocorrências policiais contra ele; dar ciência ao Ministério Público concomitantemente.
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
ou posse de arma de fogo e, na hipótese de existência, § 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendi-
juntar aos autos essa informação, bem como notificar a da ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não
ocorrência à instituição responsável pela concessão do será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído
registro ou da emissão do porte, nos termos da Lei nº pela Lei nº 13.827, de 2019)
10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do Desar-
mamento); (Incluído pela Lei nº 13.880, de 2019) 7) Procedimentos
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito poli-
cial ao juiz e ao Ministério Público. Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela causas cíveis e criminais decorrentes da prática de vio-
autoridade policial e deverá conter: lência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão
I - qualificação da ofendida e do agressor; as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo
II - nome e idade dos dependentes; Civil e da legislação específica relativa à criança, ao ado-
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas lescente e ao idoso que não conflitarem com o estabele-
solicitadas pela ofendida. cido nesta Lei.
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
pessoa com deficiência e se da violência sofrida resultou contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com compe-
deficiência ou agravamento de deficiência preexistente. tência cível e criminal, poderão ser criados pela União, no
(Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o
processo, o julgamento e a execução das causas decor-
§ 2º A autoridade policial deverá anexar ao documento
rentes da prática de violência doméstica e familiar contra
referido no § 1º o boletim de ocorrência e cópia de todos
a mulher.
os documentos disponíveis em posse da ofendida.
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-
§ 3º Serão admitidos como meios de prova os laudos
se em horário noturno, conforme dispuserem as normas
ou prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos
de organização judiciária.
de saúde.
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formula-
divórcio ou de dissolução de união estável no Juizado de
ção de suas políticas e planos de atendimento à mulher
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. (Incluído
em situação de violência doméstica e familiar, darão prio-
pela Lei nº 13.894, de 2019)
ridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias
Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de § 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violên-
Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes espe- cia Doméstica e Familiar contra a Mulher a pretensão
cializadas para o atendimento e a investigação das vio- relacionada à partilha de bens. (Incluído pela Lei nº
lências graves contra a mulher. 13.894, de 2019)
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou imi- § 2º Iniciada a situação de violência doméstica e fami-
nente à vida ou à integridade física ou psicológica da mu- liar após o ajuizamento da ação de divórcio ou de disso-
lher em situação de violência doméstica e familiar, ou de lução de união estável, a ação terá preferência no juízo
seus dependentes, o agressor será imediatamente afas- onde estiver. (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
tado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofen- Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os
dida: (Redação dada pela Lei nº 14.188, de 2021) processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, I - do seu domicílio ou de sua residência;
de 2019) II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
III - do domicílio do agressor.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preven-
representação da ofendida de que trata esta Lei, só será tiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo
admitida a renúncia à representação perante o juiz, em para que subsista, bem como de novo decretá-la, se so-
audiência especialmente designada com tal finalidade, brevierem razões que a justifiquem.
antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos pro-
Público. cessuais relativos ao agressor, especialmente dos perti-
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência nentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da
doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta intimação do advogado constituído ou do defensor públi-
básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a co.
substituição de pena que implique o pagamento isolado Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar inti-
de multa. mação ou notificação ao agressor .
Das Medidas Protetivas de
8) Medidas Protetivas de Urgência Urgência que Obrigam o Agressor
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofen- familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz po-
dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito) ho- derá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou
ras: separadamente, as seguintes medidas protetivas de ur-
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre gência, entre outras:
as medidas protetivas de urgência; I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao ór- com comunicação ao órgão competente, nos termos
gão de assistência judiciária, quando for o caso, inclusive da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 ;
para o ajuizamento da ação de separação judicial, de di- II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivên-
vórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de cia com a ofendida;
união estável perante o juízo competente; (Redação dada III - proibição de determinadas condutas, entre as
pela Lei nº 13.894, de 2019) quais:
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
providências cabíveis. testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo estes e o agressor;
sob a posse do agressor. (Incluído pela Lei nº 13.880, de b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu-
2019) nhas por qualquer meio de comunicação;
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser c) freqüentação de determinados lugares a fim de pre-
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Públi- servar a integridade física e psicológica da ofendida;
co ou a pedido da ofendida. IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
§ 1º As medidas protetivas de urgência poderão ser menores, ouvida a equipe de atendimento multidisciplinar
concedidas de imediato, independentemente de audiência ou serviço similar;
das partes e de manifestação do Ministério Público, de- V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
vendo este ser prontamente comunicado.
VI – comparecimento do agressor a programas de re-
§ 2º As medidas protetivas de urgência serão aplica- cuperação e reeducação; e (Incluído pela Lei nº 13.984,
das isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituí- de 2020)
das a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sem-
VII – acompanhamento psicossocial do agressor, por
pre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem amea-
meio de atendimento individual e/ou em grupo de apoio.
çados ou violados.
(Incluído pela Lei nº 13.984, de 2020)
§ 3º Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Públi-
§ 1º As medidas referidas neste artigo não impedem a
co ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas pro-
aplicação de outras previstas na legislação em vigor,
tetivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias
entender necessário à proteção da ofendida, de seus fa-
o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao
miliares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.
Ministério Público.
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da
§ 2º Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-
instrução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor,
se o agressor nas condições mencionadas no caput e
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Ministé-
incisos do art. 6º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de
rio Público ou mediante representação da autoridade po-
2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação
licial.
ou instituição as medidas protetivas de urgência concedi-
das e determinará a restrição do porte de armas, ficando o
superior imediato do agressor responsável pelo cumpri- Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
mento da determinação judicial, sob pena de incorrer nos anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018)
crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o § 1º A configuração do crime independe da competên-
caso. cia civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas. (Inclu-
§ 3º Para garantir a efetividade das medidas protetivas ído pela Lei nº 13.641, de 2018)
de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer momento, § 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a au-
auxílio da força policial. toridade judicial poderá conceder fiança. (Incluído pela Lei
§ 4º Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no nº 13.641, de 2018)
que couber, o disposto no caput e nos §§ 5º e 6º do art. § 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de outras sanções cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de
Processo Civil). 2018)
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for
de outras medidas: parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da vio-
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro- lência doméstica e familiar contra a mulher.
grama oficial ou comunitário de proteção ou de atendi- Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
mento; outras atribuições, nos casos de violência doméstica e
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus familiar contra a mulher, quando necessário:
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde,
do agressor; de educação, de assistência social e de segurança, entre
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem outros;
prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particula-
alimentos; res de atendimento à mulher em situação de violência
IV - determinar a separação de corpos. doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendi- administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quais-
da em instituição de educação básica mais próxima do quer irregularidades constatadas;
seu domicílio, ou a transferência deles para essa institui- III - cadastrar os casos de violência doméstica e fami-
ção, independentemente da existência de vaga. (Incluído liar contra a mulher.
pela Lei nº 13.882, de 2019) DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da soci- Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e crimi-
edade conjugal ou daqueles de propriedade particular da nais, a mulher em situação de violência doméstica e fami-
mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as seguin- liar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o
tes medidas, entre outras: previsto no art. 19 desta Lei.
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de vio-
agressor à ofendida; lência doméstica e familiar o acesso aos serviços de De-
II - proibição temporária para a celebração de atos e fensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, nos
contratos de compra, venda e locação de propriedade em termos da lei, em sede policial e judicial, mediante aten-
comum, salvo expressa autorização judicial; dimento específico e humanizado.
III - suspensão das procurações conferidas pela ofen- DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR
dida ao agressor; Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito contra a Mulher que vierem a ser criados poderão contar
judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da prá- com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a ser
tica de violência doméstica e familiar contra a ofendida. integrada por profissionais especializados nas áreas psi-
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório com- cossocial, jurídica e de saúde.
petente para os fins previstos nos incisos II e III deste Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisci-
artigo. plinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas
Do Crime de Descumprimento pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao
de Medidas Protetivas de Urgência juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, median-
te laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere me-
outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os
didas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído
familiares, com especial atenção às crianças e aos ado-
pela Lei nº 13.641, de 2018)
lescentes.
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avalia- E) se a vítima estiver representada por advogado, a re-
ção mais aprofundada, o juiz poderá determinar a mani- núncia ao direito de representação perante a autori-
festação de profissional especializado, mediante a indi- dade policial dependerá da sua anuência.
cação da equipe de atendimento multidisciplinar.
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro- 03.Segundo a Lei nº 11.340, de 07/08/2006, Capítulo II –
posta orçamentária, poderá prever recursos para a cria- Das Formas de Violência Doméstica e Familiar contra a
ção e manutenção da equipe de atendimento multidisci- Mulher, Art. 7º, acerca das formas de violência domés-
plinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. tica e familiar contra a mulher, entre outras, marque V
para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) A violência física entendida como qualquer con-
duta que ofenda sua integridade ou saúde corpo-
ral.
( ) A violência psicológica, mas não qualquer condu-
01. A Lei nº 11.340, de agosto de 2006, Lei Maria da Pe- ta. As que causem diminuição da autoestima,
nha, cria mecanismos de coibição à violência domésti- mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
ca e familiar contra a mulher. O Capítulo II – Das Me- manipulação, isolamento, vigilância constante,
didas Protetivas de Urgência, em sua Seção II, no arti- perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicu-
go 22, define cinco medidas protetivas de urgência. larização, exploração e limitação do direito de ir e
Sendo assim, no que se refere à conduta do agressor vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo
fica proibido: à saúde psicológica e à autodeterminação.
I. aproximar-se da ofendida, de seus familiares e das ( ) A violência sexual entendida como qualquer con-
testemunhas, com fixação de limite mínimo de dis- duta que a constranja a participar de relação se-
tância entre estes e o agressor. xual não desejada, que a induza a comercializar
II. o contato com a ofendida, seus familiares e teste- ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade,
munhas por qualquer meio de comunicação. ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
III. o uso e consumo abusivo de álcool e outras drogas sexuais e reprodutivos.
pelo agressor por tempo determinado judicialmente. ( ) A violência patrimonial entendida como qualquer
IV. frequentar lugares a fim de preservar a integridade conduta que configure retenção, subtração, des-
física e psicológica da ofendida. truição parcial ou total de seus objetos, instru-
V. frequentar lugares e ambientes onde são permitidos mentos de trabalho, documentos pessoais, bens,
uso e consumo de álcool. valores e direitos ou recursos econômicos, inclu-
indo os destinados a satisfazer suas necessida-
Está correto o que consta APENAS em des.
A) I, II e IV. ( ) A violência moral entendida como qualquer con-
B) III e V. duta que configure calúnia, difamação ou injúria.
C) III e IV.
D) II, IV e V. A sequência está correta em
E) I, II e III. A) V, F, F, V, V.
B) V, V, V, F, F.
02.Nos crimes relativos à violência doméstica ou familiar C) V, F, V, F, V.
contra a mulher, cujas ações penais sejam condicio- D) V, F, V, V, V.
nadas à representação da ofendida:
A) se a vítima manifestar a intenção de renunciar ao 04.Conforme a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006),
direito de representação na fase do inquérito, a au- assinale a alternativa INCORRETA.
toridade policial tomará por termo das suas decla- A) Aos crimes praticados com violência doméstica e
rações e ordenará o arquivamento. familiar contra a mulher, independentemente da pe-
B) a vítima poderá renunciar ao direito de representa- na prevista, não se aplica a Lei dos Juizados (Lei nº
ção a qualquer momento, em favor da harmonia da 9.099/1995).
vida em comum. B) A ação penal nos crimes de lesão corporal leve co-
C) a renúncia à representação poderá ser feita perante metidos em detrimento da mulher, no âmbito do-
o Ministério Público, em qualquer fase do processo. méstico e familiar, é pública incondicionada.
D) só será admitida a renúncia à representação peran- C) É vedada a aplicação, nos casos de violência do-
te o juiz, em audiência especialmente designada méstica e familiar contra a mulher, de penas de ces-
com tal finalidade, antes do recebimento da denún- ta básica ou outras de prestação pecuniária, bem
cia e ouvido o Ministério Público. como a substituição de pena que implique o paga-
mento isolado de multa.
D) Nas ações penais públicas condicionadas à repre-
sentação da ofendida de que trata essa Lei, só será
admitida a renúncia à representação perante o juiz,
em audiência especialmente designada com tal fi-
nalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvi-
do o Ministério Público. Considerando que a sociedade brasileira se constitui
E) À ofendida é facultada a opção de propor ação de de diferentes grupos étnico-raciais que a caracterizam,
divórcio e de partilha de bens no Juizado de Violên- em termos culturais, deve-se buscar a redução das desi-
cia Doméstica e Familiar contra a Mulher. gualdades, a fim de não comprometer o pleno desenvol-
vimento econômico, político e social do país.
05.Considerando as disposições da Lei Maria da Penha — Diante disso, com mais intensidade após a promulga-
Lei n.º 11.340/2006 —, assinale a opção correta. ção da Constituição Federal de 1988, enfrentamos no
A) A lei não enquadra como violência sexual a conduta Brasil o grande desafio de combater a discriminação raci-
de marido que mantém com sua esposa relações al, notadamente por conta de nosso histórico de desi-
sexuais sem o consentimento dela, haja vista o vín- gualdades sociais que afligem há muito tempo diversos
culo matrimonial. grupos no país, com destaque para afrodescendentes e
B) Para o poder público, a referida lei inclui unicamente povos indígenas que sofrem diariamente condutas de
o dever de estabelecer medidas que não ultrapas- preconceito e discriminação nos espaços público e priva-
sem a perspectiva penal. do.
C) Cabe ao delegado de polícia que instaurar inquérito No âmbito internacional, destacam-se dois instrumen-
para apuração de violência doméstica contra mu- tos relacionados à discriminação racial: Convenção Inter-
lher determinar a inclusão da vítima nos cadastros nacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-
de programas assistenciais do governo. criminação Racial, referente ao Sistema Global de Direitos
D) Os processos cíveis decorrentes da aplicação da re- Humanos, e a Convenção n. 111, da Organização Interna-
ferida lei serão ajuizados necessariamente no do- cional do Trabalho (OIT).
micílio da ofendida. Nesse contexto, a Convenção Internacional sobre a
E) A lei permite à autoridade competente a suspensão Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial,
de visitas do agressor a seus dependentes menores da ONU, foi promulgada no Brasil por meio do Decreto n.
de idade. 65.810, de 8 de dezembro de 1969, tratando-se de docu-
mento aprovado sob os efeitos do Pós-Segunda Guerra
06.Quanto à Lei Maria da Penha, Lei nº 11.340/2006, as- Mundial, momento em que se aumentavam as preocupa-
sinale a alternativa correta. ções com a eclosão de posturas antissemitas, de práticas
A) Prevê como critério de interpretação da lei os fins nazifascistas, de xenofobia, entre outros sentimentos de
sociais a que se destina, especialmente as condi- ódio, intolerância e atos violentos envolvendo diferencia-
ções peculiares das mulheres em situação de vio- dos grupos raciais.
lência doméstica e familiar.
Nos termos da citada Convenção, a expressão “discri-
B) Considera violência doméstica e familiar contra a
minação racial” significa qualquer distinção, exclusão,
mulher qualquer ação ou omissão que lhe cause
restrição ou preferência baseada em raça, cor, descen-
morte, sofrimento físico, sexual e psicológico.
dência ou origem nacional ou étnica, que tem por objetivo
C) Define como violência moral contra a mulher qual-
ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
quer conduta que lhe cause dano emocional ou di-
exercício em um mesmo plano de direitos humanos e
minuição da autoestima.
liberdades fundamentais no domínio político, econômico,
D) Não se aplica quando o agressor também é mulher.
social, cultural ou em qualquer outro domínio de sua vida
E) Prevê como medidas protetivas de urgência à ofen-
(art. I, parágrafo 1º).
dida o cancelamento de procurações por ela confe-
Nesse sentido, a Convenção prevê a adoção, pelos Es-
ridas ao agressor e a proibição temporária para ce-
tados-partes, de ações afirmativas como medidas de
lebração de atos e contratos de compra e venda.
promoção da igualdade no gozo e exercício de direitos.
um serviço público.
Para os efeitos da Convenção, consideram-se ações afir-
mativas as medidas instrumentais que visam garantir a
promoção e efetivação de direitos para os grupos ou indi-
víduos vulneráveis e sua duração encontra-se vinculada
01 02 03 04 05 06 ― ― ― ― ao cumprimento de seus objetivos.
A D A E E A ― ― ― ―
Desse modo, além de promover o combate à discrimi- RACISMO INSTITUCIONAL
nação racial, os Estados--partes se comprometem a ado-
tar, por todos os meios apropriados e sem tardar uma Deste Modo, o Racismo Institucional é basicamente o
política de eliminação da discriminação racial em todos tratamento diferenciado entre raças no interior de organi-
as suas formas de promoção de entendimento entre to- zações, empresas, grupos, associações e instituições
das as raças. Tais compromissos se resumem a: congêneres. Em resumo, e de forma coloquial, conside-
rando a problemática singular entre negros e brancos, é
(i) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de tratar o negro de uma forma e o branco de outra. É a pes-
discriminação racial contra pessoas, grupos de soa optar por um em prejuízo do outro, ou mesmo preferir,
pessoas ou instituições e zelar para que as auto- ou até, de forma indireta, ofertar tratamentos diferencia-
ridades públicas nacionais ou locais atuem em dos, de modo a privilegiar um em detrimento do outro,
conformidade com esta obrigação; sem qualquer respaldo legal.
(ii) Não encorajar, defender ou apoiar a discriminação Considerando a responsabilidade estatal por atos de
racial praticada por uma pessoa ou uma organi- seus agentes públicos que violem direitos humanos, tem-
zação qualquer; se a necessidade de que as entidades e Órgãos públicos
(iii) Tomar as medidas eficazes, a fim de rever as polí- promovam campanhas educativas e exponham o conteú-
ticas governamentais nacionais e locais e modifi- do legal da matéria.
car, sub-rogar ou anular qualquer disposição regu- O racismo institucional não se expressa em atos mani-
lamentar que tenha como objetivo criar a discri- festos, explícitos ou declarados de discriminação (como
minação ou perpetuá-la onde já existir; poderiam ser as manifestações individuais e conscientes
(iv) Tomar todas as medidas apropriadas, inclusive, que marcam o racismo e a discriminação racial, tal qual
se as circunstâncias o exigirem, medidas de natu- reconhecidas e punidas pela Constituição brasileira). Ao
reza legislativa, para proibir e pôr fim à discrimi- contrário, atua de forma difusa no funcionamento cotidia-
nação racial praticada por quaisquer pessoas, no de instituições e organizações, que operam de forma
grupo ou organização; diferenciada na distribuição de serviços, benefícios e
(v) Favorecer, quando for o caso, as organizações e oportunidades aos diferentes segmentos da população do
movimentos multirraciais, bem como outros mei- ponto de vista racial. Ele extrapola as relações interpes-
os próprios para eliminar as barreiras entre as ra- soais e instaura-se no cotidiano institucional, inclusive na
ças e desencorajar o que tende a fortalecer a divi- implementação efetiva de políticas públicas, gerando, de
são racial. forma ampla, desigualdades e iniquidades.
A produção e o uso do conceito de racismo institucio-
nal para a promoção de políticas de igualdade racial vêm
Também se mostra presente na Convenção a obriga-
se dando desde o final da década de 1960, vinculados a
ção dos Estados-partes de proibirem e eliminarem dos
contextos pós-coloniais de empoderamento e (re) defini-
territórios de sua jurisdição as práticas de segregação
ção de sujeitos políticos negros em âmbito transnacional.
racial e apartheid, divulgação e propagação de ideias ra-
cistas (por exemplo, superioridade racial) por parte de
instituições, grupos ou indivíduos, em especial a difusão CRIMES RESULTANTES DE PRECONCEITO
de ideias baseadas na superioridade ou ódio raciais, qual- DE RAÇA OU DE COR
quer incitamento à discriminação racial, assim como
quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, define os cri-
dirigidos a qualquer raça ou grupo de pessoas de outra mes resultantes de preconceito de raça ou de cor. Escla-
cor ou de outra origem étnica. rece que serão punidos, na forma desta Lei, os crimes
Fica muito claro que discriminação racial ou étnico ra- resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
cial NÃO é somente distinção baseada em cor de pele. etnia, religião ou procedência nacional. O bem jurídico
Nesse sentido, cabe esclarecimento simples sobre distin- protegido é o direito à dignidade humana (art. 1º, III, CB) e
ção entre raça e etnia. O conceito de raça se relaciona a direito à igualdade (art. 5º, CB).
fatores ligados a questões biológicas, tais como cor de Segue quadro com a definição das condutas crimino-
pele e traços físicos da pessoa. Já a etnia diz respeito a sas e suas respectivas sanções:
questões culturais, tais como a nacionalidade, religião,
tradições etc. Trata-se de povo com mesmo costume.
Crime Pena

Impedir ou obstar o acesso de al-


guém, devidamente habilitado, a reclusão de dois
qualquer cargo da Administração
a cinco anos
Direta ou Indireta, bem como das O Estatuto da Igualdade Racial, instituído pela Lei n.
concessionárias de serviços públicos 12.288, de 2 de julho de 2010, regulamentado pelo Decre-
to nº 8.136, de 5 de novembro de 2013, destina-se a ga-
Negar ou obstar emprego em empre- reclusão de dois
rantir à população negra a efetivação da igualdade de
sa privada a cinco anos
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais,
coletivos e difusos, e o combate à discriminação e às
Recusar ou impedir acesso a estabe-
reclusão de um demais formas de intolerância étnica.
lecimento comercial, negando-se a
servir, atender ou receber cliente ou a três anos Para os efeitos do Estatuto, considera-se discrimina-
comprador ção racial ou étnico-racial “toda distinção, exclusão, res-
trição ou preferência baseada em raça, cor, descendência
Recusar, negar ou impedir a inscrição ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular
ou ingresso de aluno em estabeleci- reclusão de três ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em
mento de ensino público ou privado a cinco anos igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades
de qualquer grau fundamentais nos campos político, econômico, social,
cultural ou em qualquer outro campo da vida pública ou
Impedir o acesso ou recusar hospe- reclusão de três privada” (art. 1º, parágrafo único, I).
dagem em hotel, pensão, estalagem a cinco anos

Impedir o acesso ou recusar atendi- Toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-


mento em restaurantes, bares, confei- reclusão de um Conduta rência baseada em raça, cor, descendência ou
tarias, ou locais semelhantes abertos a três anos origem nacional ou étnica.
ao público
Tenha por objeto anular ou restringir o reco-
Impedir o acesso ou recusar atendi- nhecimento, gozo ou exercício, em igualdade
reclusão de um Objeto ou Efeito
mento em estabelecimentos esporti- de condições, de direitos humanos e liberda-
vos, casas de diversões, ou clubes a três anos des fundamentais.
sociais abertos ao público
Nos campos político, econômico, social, cul-
Impedir o acesso ou recusar atendi- Abrangência tural ou em qualquer outro campo da vida
mento em salões de cabeleireiros, reclusão de um pública ou privada.
barbearias, termas ou casas de mas-
a três anos
sagem ou estabelecimento com as
mesmas finalidades Um ponto fundamental do Estatuto da Igualdade Raci-
al é a sua diretriz político-jurídica de inclusão das vítimas
Impedir o acesso às entradas sociais de desigualdade étnico-racial, a valorização da igualdade
em edifícios públicos ou residenciais reclusão de um étnica e o fortalecimento da identidade nacional brasilei-
e elevadores ou escada de acesso aos a três anos ra, reforçando-se a preocupação do Estatuto com a efeti-
mesmos vação das medidas necessárias para a igualdade, com
destaque sobretudo para a adoção de ações afirmativas
Impedir o acesso ou uso de transpor- destinadas a reparar as distorções e desigualdades soci-
tes públicos, como aviões, navios reclusão de um ais e demais práticas discriminatórias adotadas nas esfe-
barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ras pública e privada.
a três anos
ou qualquer outro meio de transporte
concedido
LEI Nº 12.288, DE 20 DE JULHO DE 2010.
Impedir ou obstar o acesso de alguém reclusão de dois
ao serviço em qualquer ramo das Institui o Estatuto da Igualdade Racial; altera as Leis
a quatro anos
Forças Armadas nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, 9.029, de 13 de abril de
1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, e 10.778, de 24 de
Impedir ou obstar, por qualquer meio reclusão de dois novembro de 2003.
ou forma, o casamento ou convivên-
a quatro anos
cia familiar e social
1) Objeto da Lei Art. 4º A participação da população negra, em condi-
ção de igualdade de oportunidade, na vida econômica,
Art. 1º Esta Lei institui o Estatuto da Igualdade Racial, social, política e cultural do País será promovida, priorita-
destinado a garantir à população negra a efetivação da riamente, por meio de:
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento
individuais, coletivos e difusos e o combate à discrimina- econômico e social;
ção e às demais formas de intolerância étnica. II - adoção de medidas, programas e políticas de ação
Parágrafo único. Para efeito deste Estatuto, conside- afirmativa;
ra-se: III - modificação das estruturas institucionais do Esta-
I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, do para o adequado enfrentamento e a superação das
exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e da
descendência ou origem nacional ou étnica que tenha por discriminação étnica;
objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar
exercício, em igualdade de condições, de direitos huma- o combate à discriminação étnica e às desigualdades
nos e liberdades fundamentais nos campos político, eco- étnicas em todas as suas manifestações individuais, ins-
nômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da titucionais e estruturais;
vida pública ou privada; V - eliminação dos obstáculos históricos, sociocultu-
II - desigualdade racial: toda situação injustificada de rais e institucionais que impedem a representação da
diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços e diversidade étnica nas esferas pública e privada;
oportunidades, nas esferas pública e privada, em virtude VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas ori-
de raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica; undas da sociedade civil direcionadas à promoção da
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existen- igualdade de oportunidades e ao combate às desigualda-
te no âmbito da sociedade que acentua a distância social des étnicas, inclusive mediante a implementação de in-
entre mulheres negras e os demais segmentos sociais; centivos e critérios de condicionamento e prioridade no
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se acesso aos recursos públicos;
autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou VII - implementação de programas de ação afirmativa
raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geogra- destinados ao enfrentamento das desigualdades étnicas
fia e Estatística (IBGE), ou que adotam autodefinição aná- no tocante à educação, cultura, esporte e lazer, saúde,
loga; segurança, trabalho, moradia, meios de comunicação de
V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas massa, financiamentos públicos, acesso à terra, à Justiça,
adotados pelo Estado no cumprimento de suas atribui- e outros.
ções institucionais; Parágrafo único. Os programas de ação afirmativa
VI - ações afirmativas: os programas e medidas espe- constituir-se-ão em políticas públicas destinadas a repa-
ciais adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a rar as distorções e desigualdades sociais e demais práti-
correção das desigualdades raciais e para a promoção da cas discriminatórias adotadas, nas esferas pública e pri-
igualdade de oportunidades. vada, durante o processo de formação social do País.

2) Dever de proteção Art. 5º Para a consecução dos objetivos desta Lei, é


instituído o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade
Racial (Sinapir), conforme estabelecido no Título III.
Art. 2º É dever do Estado e da sociedade garantir a
igualdade de oportunidades, reconhecendo a todo cida-
dão brasileiro, independentemente da etnia ou da cor da 3) Dos Direitos Fundamentais
pele, o direito à participação na comunidade, especial-
mente nas atividades políticas, econômicas, empresariais, Art. 6º O direito à saúde da população negra será ga-
educacionais, culturais e esportivas, defendendo sua dig- rantido pelo poder público mediante políticas universais,
nidade e seus valores religiosos e culturais. sociais e econômicas destinadas à redução do risco de
doenças e de outros agravos.
Art. 3º Além das normas constitucionais relativas aos
princípios fundamentais, aos direitos e garantias funda- Art. 7º O conjunto de ações de saúde voltadas à popu-
mentais e aos direitos sociais, econômicos e culturais, o lação negra constitui a Política Nacional de Saúde Inte-
Estatuto da Igualdade Racial adota como diretriz político- gral da População Negra, organizada de acordo com as
jurídica a inclusão das vítimas de desigualdade étnico- diretrizes abaixo especificadas:
racial, a valorização da igualdade étnica e o fortalecimen-
to da identidade nacional brasileira.
I - ampliação e fortalecimento da participação de lide- Art. 12. Os órgãos federais, distritais e estaduais de
ranças dos movimentos sociais em defesa da saúde da fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar in-
população negra nas instâncias de participação e contro- centivos a pesquisas e a programas de estudo voltados
le social do SUS; para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos
II - produção de conhecimento científico e tecnológico e às questões pertinentes à população negra.
em saúde da população negra;
III - desenvolvimento de processos de informação, co- Art. 13. O Poder Executivo federal, por meio dos ór-
municação e educação para contribuir com a redução das gãos competentes, incentivará as instituições de ensino
vulnerabilidades da população negra. superior públicas e privadas, sem prejuízo da legislação
em vigor, a:
Art. 9º A população negra tem direito a participar de I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e
atividades educacionais, culturais, esportivas e de lazer apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos diver-
adequadas a seus interesses e condições, de modo a sos programas de pós-graduação que desenvolvam temá-
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunidade e ticas de interesse da população negra;
da sociedade brasileira. II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de
formação de professores temas que incluam valores con-
Art. 10. Para o cumprimento do disposto no art. 9o, os cernentes à pluralidade étnica e cultural da sociedade
governos federal, estaduais, distrital e municipais adota- brasileira;
rão as seguintes providências: III - desenvolver programas de extensão universitária
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o aces- destinados a aproximar jovens negros de tecnologias
so da população negra ao ensino gratuito e às atividades avançadas, assegurado o princípio da proporcionalidade
esportivas e de lazer; de gênero entre os beneficiários;
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham es- IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos
paço para promoção social e cultural da população negra; estabelecimentos de ensino públicos, privados e comuni-
tários, com as escolas de educação infantil, ensino fun-
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclu-
damental, ensino médio e ensino técnico, para a formação
sive nas escolas, para que a solidariedade aos membros
docente baseada em princípios de equidade, de tolerância
da população negra faça parte da cultura de toda a socie-
e de respeito às diferenças étnicas.
dade;
IV - implementação de políticas públicas para o forta-
lecimento da juventude negra brasileira. Art. 14. O poder público estimulará e apoiará ações
socioeducacionais realizadas por entidades do movimen-
to negro que desenvolvam atividades voltadas para a
Art. 11. Nos estabelecimentos de ensino fundamental
inclusão social, mediante cooperação técnica, intercâm-
e de ensino médio, públicos e privados, é obrigatório o
bios, convênios e incentivos, entre outros mecanismos.
estudo da história geral da África e da história da popula-
ção negra no Brasil, observado o disposto na Lei no 9.394,
de 20 de dezembro de 1996. Art. 15. O poder público adotará programas de ação
afirmativa.
§ 1º Os conteúdos referentes à história da população
negra no Brasil serão ministrados no âmbito de todo o
currículo escolar, resgatando sua contribuição decisiva Art. 16. O Poder Executivo federal, por meio dos ór-
para o desenvolvimento social, econômico, político e cul- gãos responsáveis pelas políticas de promoção da igual-
tural do País. dade e de educação, acompanhará e avaliará os progra-
§ 2º O órgão competente do Poder Executivo fomenta- mas de que trata esta Seção.
rá a formação inicial e continuada de professores e a ela-
boração de material didático específico para o cumpri- Art. 17. O poder público garantirá o reconhecimento
mento do disposto no caput deste artigo. das sociedades negras, clubes e outras formas de mani-
§ 3º Nas datas comemorativas de caráter cívico, os festação coletiva da população negra, com trajetória his-
órgãos responsáveis pela educação incentivarão a parti- tórica comprovada, como patrimônio histórico e cultural,
cipação de intelectuais e representantes do movimento nos termos dos arts. 215 e 216 da Constituição Federal.
negro para debater com os estudantes suas vivências
relativas ao tema em comemoração. Art. 18. É assegurado aos remanescentes das comu-
nidades dos quilombos o direito à preservação de seus
usos, costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a
proteção do Estado.
Art. 19. O poder público incentivará a celebração das ção das atividades religiosas e sociais das respectivas
personalidades e das datas comemorativas relacionadas religiões;
à trajetória do samba e de outras manifestações culturais VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação
de matriz africana, bem como sua comemoração nas para divulgação das respectivas religiões;
instituições de ensino públicas e privadas. VIII - a comunicação ao Ministério Público para abertu-
ra de ação penal em face de atitudes e práticas de intole-
Art. 20. O poder público garantirá o registro e a prote- rância religiosa nos meios de comunicação e em quais-
ção da capoeira, em todas as suas modalidades, como quer outros locais.
bem de natureza imaterial e de formação da identidade
cultural brasileira, nos termos do art. 216 da Constituição Art. 25. É assegurada a assistência religiosa aos pra-
Federal. ticantes de religiões de matrizes africanas internados em
hospitais ou em outras instituições de internação coletiva,
Art. 21. O poder público fomentará o pleno acesso da inclusive àqueles submetidos a pena privativa de liberda-
população negra às práticas desportivas, consolidando o de.
esporte e o lazer como direitos sociais.
Art. 26. O poder público adotará as medidas necessá-
Art. 22. A capoeira é reconhecida como desporto de rias para o combate à intolerância com as religiões de
criação nacional, nos termos do art. 217 da Constituição matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores,
Federal. especialmente com o objetivo de:
§ 1º A atividade de capoeirista será reconhecida em I - coibir a utilização dos meios de comunicação social
todas as modalidades em que a capoeira se manifesta, para a difusão de proposições, imagens ou abordagens
seja como esporte, luta, dança ou música, sendo livre o que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao desprezo
exercício em todo o território nacional. por motivos fundados na religiosidade de matrizes africa-
§ 2º É facultado o ensino da capoeira nas instituições nas;
públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres tradicio- II - inventariar, restaurar e proteger os documentos,
nais, pública e formalmente reconhecidos. obras e outros bens de valor artístico e cultural, os mo-
numentos, mananciais, flora e sítios arqueológicos vincu-
Art. 23. É inviolável a liberdade de consciência e de lados às religiões de matrizes africanas;
crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos III - assegurar a participação proporcional de represen-
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos tantes das religiões de matrizes africanas, ao lado da
locais de culto e a suas liturgias. representação das demais religiões, em comissões, con-
selhos, órgãos e outras instâncias de deliberação vincu-
ladas ao poder público.
Art. 24. O direito à liberdade de consciência e de cren-
ça e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz afri-
cana compreende: Art. 27. O poder público elaborará e implementará po-
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relaci- líticas públicas capazes de promover o acesso da popula-
onadas à religiosidade e a fundação e manutenção, por ção negra à terra e às atividades produtivas no campo.
iniciativa privada, de lugares reservados para tais fins;
II - a celebração de festividades e cerimônias de acor- Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das ativi-
do com preceitos das respectivas religiões; dades produtivas da população negra no campo, o poder
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu
de instituições beneficentes ligadas às respectivas con- acesso ao financiamento agrícola.
vicções religiosas;
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso Art. 29. Serão assegurados à população negra a as-
de artigos e materiais religiosos adequados aos costumes sistência técnica rural, a simplificação do acesso ao cré-
e às práticas fundadas na respectiva religiosidade, ressal- dito agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logís-
vadas as condutas vedadas por legislação específica; tica para a comercialização da produção.
V - a produção e a divulgação de publicações relacio-
nadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz Art. 30. O poder público promoverá a educação e a
africana; orientação profissional agrícola para os trabalhadores
VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas negros e as comunidades negras rurais.
naturais e jurídicas de natureza privada para a manuten-
Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos qui- IV - os demais compromissos formalmente assumidos
lombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida pelo Brasil perante a comunidade internacional.
a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os
títulos respectivos. Art. 39. O poder público promoverá ações que assegu-
rem a igualdade de oportunidades no mercado de traba-
Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desen- lho para a população negra, inclusive mediante a imple-
volverá políticas públicas especiais voltadas para o de- mentação de medidas visando à promoção da igualdade
senvolvimento sustentável dos remanescentes das co- nas contratações do setor público e o incentivo à adoção
munidades dos quilombos, respeitando as tradições de de medidas similares nas empresas e organizações pri-
proteção ambiental das comunidades. vadas.

Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescen- Art. 40. O Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo
tes das comunidades dos quilombos receberão dos ór- ao Trabalhador (Codefat) formulará políticas, programas e
gãos competentes tratamento especial diferenciado, as- projetos voltados para a inclusão da população negra no
sistência técnica e linhas especiais de financiamento mercado de trabalho e orientará a destinação de recursos
público, destinados à realização de suas atividades pro- para seu financiamento.
dutivas e de infraestrutura.
Art. 41. As ações de emprego e renda, promovidas por
Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos qui- meio de financiamento para constituição e ampliação de
lombos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas pequenas e médias empresas e de programas de geração
nesta e em outras leis para a promoção da igualdade ét- de renda, contemplarão o estímulo à promoção de empre-
nica. sários negros.

Art. 35. O poder público garantirá a implementação de Art. 42. O Poder Executivo federal poderá implementar
políticas públicas para assegurar o direito à moradia ade- critérios para provimento de cargos em comissão e fun-
quada da população negra que vive em favelas, cortiços, ções de confiança destinados a ampliar a participação de
áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em processo negros, buscando reproduzir a estrutura da distribuição
de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâmica urbana e étnica nacional ou, quando for o caso, estadual, observa-
promover melhorias no ambiente e na qualidade de vida. dos os dados demográficos oficiais.

Art. 36. Os programas, projetos e outras ações gover- Art. 43. A produção veiculada pelos órgãos de comu-
namentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional de nicação valorizará a herança cultural e a participação da
Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei população negra na história do País.
nº 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar as
peculiaridades sociais, econômicas e culturais da popula- Art. 44. Na produção de filmes e programas destina-
ção negra. dos à veiculação pelas emissoras de televisão e em salas
cinematográficas, deverá ser adotada a prática de conferir
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, oportunidades de emprego para atores, figurantes e téc-
promoverão ações para viabilizar o acesso da população nicos negros, sendo vedada toda e qualquer discrimina-
negra aos financiamentos habitacionais. ção de natureza política, ideológica, étnica ou artística.
Parágrafo único. A exigência disposta no caput não se
Art. 38. A implementação de políticas voltadas para a aplica aos filmes e programas que abordem especificida-
inclusão da população negra no mercado de trabalho será des de grupos étnicos determinados.
de responsabilidade do poder público, observando-se:
I - o instituído neste Estatuto; Art. 45. Aplica-se à produção de peças publicitárias
II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar destinadas à veiculação pelas emissoras de televisão e
a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas em salas cinematográficas o disposto no art. 44.
as Formas de Discriminação Racial, de 1965;
III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratifi- Art. 46. Os órgãos e entidades da administração pú-
car a Convenção nº 111, de 1958, da Organização Interna- blica federal direta, autárquica ou fundacional, as empre-
cional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no sas públicas e as sociedades de economia mista federais
emprego e na profissão; deverão incluir cláusulas de participação de artistas ne-
gros nos contratos de realização de filmes, programas ou Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação ét-
quaisquer outras peças de caráter publicitário. nica o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à
Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judi-
4) Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial ciário, em todas as suas instâncias, para a garantia do
(SINAPIR) cumprimento de seus direitos.
Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mu-
lheres negras em situação de violência, garantida a assis-
Art. 47. É instituído o Sistema Nacional de Promoção
tência física, psíquica, social e jurídica.
da Igualdade Racial (Sinapir) como forma de organização
e de articulação voltadas à implementação do conjunto
de políticas e serviços destinados a superar as desigual- Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coi-
dades étnicas existentes no País, prestados pelo poder bir a violência policial incidente sobre a população negra.
público federal. Parágrafo único. O Estado implementará ações de
§ 1º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po- ressocialização e proteção da juventude negra em confli-
derão participar do Sinapir mediante adesão. to com a lei e exposta a experiências de exclusão social.
§ 2º O poder público federal incentivará a sociedade e
a iniciativa privada a participar do Sinapir. Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de
discriminação e preconceito praticados por servidores
Art. 48. São objetivos do Sinapir: públicos em detrimento da população negra, observado,
no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro
I - promover a igualdade étnica e o combate às desi-
de 1989.
gualdades sociais resultantes do racismo, inclusive medi-
ante adoção de ações afirmativas;
II - formular políticas destinadas a combater os fatores Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das
de marginalização e a promover a integração social da ameaças de lesão aos interesses da população negra
população negra; decorrentes de situações de desigualdade étnica, recor-
rer-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública,
III - descentralizar a implementação de ações afirmati-
disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.
vas pelos governos estaduais, distrital e municipais;
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à
promoção da igualdade étnica; 5) Financiamento das Iniciativas de Promoção da Igual-
dade Racial
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos
criados para a implementação das ações afirmativas e o
cumprimento das metas a serem estabelecidas. Art. 56. Na implementação dos programas e das ações
constantes dos planos plurianuais e dos orçamentos
anuais da União, deverão ser observadas as políticas de
Art. 49. O Poder Executivo federal elaborará plano na-
ação afirmativa a que se refere o inciso VII do art. 4o des-
cional de promoção da igualdade racial contendo as me-
ta Lei e outras políticas públicas que tenham como objeti-
tas, princípios e diretrizes para a implementação da Polí-
vo promover a igualdade de oportunidades e a inclusão
tica Nacional de Promoção da Igualdade Racial (PNPIR).
social da população negra, especialmente no que tange a:
I - promoção da igualdade de oportunidades em edu-
Art. 50. Os Poderes Executivos estaduais, distrital e
cação, emprego e moradia;
municipais, no âmbito das respectivas esferas de compe-
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educa-
tência, poderão instituir conselhos de promoção da igual-
ção, saúde e emprego, voltadas para a melhoria da quali-
dade étnica, de caráter permanente e consultivo, compos-
dade de vida da população negra;
tos por igual número de representantes de órgãos e enti-
dades públicas e de organizações da sociedade civil re- III - incentivo à criação de programas e veículos de
presentativas da população negra. comunicação destinados à divulgação de matérias relaci-
onadas aos interesses da população negra;
IV - incentivo à criação e à manutenção de microem-
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da
presas administradas por pessoas autodeclaradas ne-
lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ouvi-
gras;
dorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial, para
receber e encaminhar denúncias de preconceito e discri- V - iniciativas que incrementem o acesso e a perma-
minação com base em etnia ou cor e acompanhar a im- nência das pessoas negras na educação fundamental,
plementação de medidas para a promoção da igualdade. média, técnica e superior;
VI - apoio a programas e projetos dos governos esta- E) O Poder Público deve coibir a propagação de ódio
duais, distrital e municipais e de entidades da sociedade às religiões de matrizes africanas e a discriminação
civil voltados para a promoção da igualdade de oportuni- de seus seguidores por meios de comunicação so-
dades para a população negra; cial.
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da me-
mória e das tradições africanas e brasileiras. 02.De acordo com a Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da
Igualdade Racial, sobre a educação, analisar os itens
abaixo:
Art. 57. Sem prejuízo da destinação de recursos ordi-
I. Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de
nários, poderão ser consignados nos orçamentos fiscal e
Ensino Médio, apenas os públicos e não os priva-
da seguridade social para financiamento das ações de
dos, é obrigatório o estudo da história geral da Áfri-
que trata o art. 56:
ca e da história da população negra no Brasil.
I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito
II. Os conteúdos referentes à história da população
Federal e dos Municípios;
negra no Brasil serão ministrados no âmbito de to-
II - doações voluntárias de particulares; do o currículo escolar, resgatando sua contribuição
III - doações de empresas privadas e organizações não decisiva para o desenvolvimento social, econômico,
governamentais, nacionais ou internacionais; político e cultural do País.
IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou inter- III. Nas datas comemorativas de caráter cívico, os ór-
nacionais; gãos responsáveis pela educação incentivarão a
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de con- participação de intelectuais e representantes do
vênios, tratados e acordos internacionais. movimento negro para debater com os estudantes
suas vivências relativas ao tema em comemoração.

Art. 58. As medidas instituídas nesta Lei não excluem


Está(ão) CORRETO(S):
outras em prol da população negra que tenham sido ou
A) Somente o item I.
venham a ser adotadas no âmbito da União, dos Estados,
B) Somente o item II.
do Distrito Federal ou dos Municípios.
C) Somente os itens I e III.
D) Somente os itens II e III.
Art. 59. O Poder Executivo federal criará instrumentos E) Todos os itens.
para aferir a eficácia social das medidas previstas nesta
Lei e efetuará seu monitoramento constante, com a emis- 03.O Estatuto Nacional da Igualdade Racial estabelece
são e a divulgação de relatórios periódicos, inclusive pela que a população negra tem direito a participar de ativi-
rede mundial de computadores. dades educacionais, culturais, esportivas e de lazer
adequadas a seus interesses e condições, de modo a
contribuir para o patrimônio cultural de sua comunida-
de e da sociedade brasileira. Para o cumprimento do
referido dispositivo, os governos federal, estaduais,
distrital e municipais adotarão, entre outras, as se-
01.Tendo como referência o Estatuto da Igualdade Racial
guintes providências:
— Lei n.º 12.288/2010 —, assinale a opção correta.
I. Promoção de ações para viabilizar e ampliar o
A) Parte das disposições da referida lei carece de apli-
acesso da população negra ao ensino gratuito e às
cabilidade por contrariar o princípio constitucional
atividades esportivas e de lazer.
da igualdade e da proibição de discriminação.
II. Implementação de políticas públicas para o fortale-
B) Questões relativas a gênero não estão previstas na
cimento da juventude negra brasileira.
referida legislação, uma vez que seu objeto é a vul-
III. Apoio à iniciativa de entidades que mantenham es-
nerabilidade dos sujeitos em decorrência da raça.
paço para promoção social e cultural da população
C) Aos remanescentes de quilombos que estejam ocu-
negra.
pando suas terras será assegurado o direito a per-
manecer no território, a partir de concessão de direi-
Quais estão corretas?
to real de uso.
A) Apenas II.
D) Aquele que, em anúncios ou qualquer outra forma
B) Apenas I e II.
de recrutamento de trabalhadores, exigir aspectos
C) Apenas I e III.
de aparência próprios de raça ou etnia para empre-
D) Apenas II e III.
go cujas atividades não justifiquem essas exigên-
E) I, II e III.
cias estará sujeito à pena de detenção.
04.De acordo com a Lei nº 12.288, de 20 de julho de 2010, C) Adoção de medidas, programas e políticas de ação
que institui o Estatuto da Igualdade Racial, assinale a afirmativa.
afirmativa incorreta. D) Modificação das estruturas institucionais do Estado
A) Discriminação racial ou étnico-racial é toda situação para o adequado enfrentamento e a superação das
injustificada de diferenciação de acesso e fruição desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e
de bens, serviços e oportunidades, nas esferas pú- da discriminação étnica.
blica e privada, em virtude de raça, cor, descendên-
cia ou origem nacional ou étnica. 07.Com relação ao Estatuto da Igualdade Racial, Lei no
B) É dever do Estado e da sociedade garantir a igual- 12.288/2010, é correto afirmar que
dade de oportunidades, reconhecendo a todo cida- A) define ações afirmativas como sendo programas e
dão brasileiro, independentemente da etnia ou da medidas especiais adotadas exclusivamente pelo
cor da pele, o direito à participação na comunidade, Estado para correção das desigualdades sociais e
especialmente nas atividades políticas, econômi- para a promoção de igualdade de oportunidades.
cas, empresariais, educacionais, culturais e esporti- B) define políticas públicas como sendo ações, inicia-
vas, defendendo sua dignidade e seus valores reli- tivas e programas adotados pelo Estado e pelo se-
giosos e culturais. tor privado, mediante políticas de incentivo, para a
C) O direito à saúde da população negra será garantido correção das desigualdades sociais e para a pro-
pelo poder público mediante políticas universais, moção de oportunidades.
sociais e econômicas destinadas à redução do risco C) instituiu o Sistema Nacional de Promoção da Igual-
de doenças e de outros agravos. dade Racial como forma de organizar e articular o
D) A população negra tem direito a participar de ativi- conjunto de políticas e serviços destinados a supe-
dades educacionais, culturais, esportivas e de lazer rar as desigualdades étnicas prestado pelo poder
adequadas a seus interesses e a suas condições, de público federal, vedada a participação da iniciativa
modo a contribuir para o patrimônio cultural de sua privada.
comunidade e da sociedade brasileira. D) estabelece a obrigatoriedade de concessão de bol-
E) O poder público estimulará e apoiará ações socioe- sas por parte dos órgãos federais de fomento à
ducacionais realizadas por entidades do movimento pesquisa e à pós-graduação, para o incentivo de
negro que desenvolvam atividades voltadas para a programas de estudos voltados a temas pertinentes
inclusão social, mediante cooperação técnica, inter- à população negra.
câmbios, convênios e incentivos, entre outros me- E) estabelece que o direito à liberdade de consciência
canismos. e de crença e o livre exercício dos cultos religiosos
de matriz africana compreende acesso aos órgãos e
05.De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o estu- aos meios de comunicação para divulgação das
do da História geral da África e da História da popula- respectivas religiões.
ção negra do Brasil é obrigatório nos estabelecimentos
de ensino: 08.Em relação ao Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
A) Infantil e fundamental. 12.288/2010), assinale a alternativa correta.
B) Fundamental e médio. A) O critério adotado pelo Estatuto da Igualdade Racial
C) Médio, apenas. para definir população negra é o da autodeclaração.
D) Infantil, fundamental e médio B) Assegura a assistência religiosa aos praticantes de
E) Ensino superior. religiões de matizes africanas internados em hospi-
tais ou em outras instituições de internação coleti-
06.De acordo com a Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da va, excepcionando àqueles submetidos à pena pri-
Igualdade Racial, considerando-se por meio de que se- vativa de liberdade.
rá promovida, prioritariamente, a participação da popu- C) Garante aos remanescentes das comunidades dos
lação negra, em condição de igualdade de oportunida- quilombos, que estejam ocupando suas terras, o di-
de, na vida econômica, social, política e cultural do Pa- reito à desocupação indenizada.
ís, assinalar a alternativa INCORRETA: D) Obriga o ensino de capoeira nas instituições públi-
A) Criação de obstáculos históricos, socioculturais e cas e faculta nas instituições privadas.
institucionais que impedem a representação da di- E) Garante, na produção de filmes e programas desti-
versidade étnica nas esferas pública e privada. nados à veiculação pelas emissoras de televisão e
B) Promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar o salas cinematográficas, a contratação de atores, fi-
combate à discriminação étnica e às desigualdades gurantes e técnicos negros, em, pelo menos, 10%
étnicas em todas as suas manifestações individu- (dez por cento).
ais, institucionais e estruturais.
09.A Lei nº 7.716/1989, que define os crimes resultantes C) que a desigualdade de gênero e raça é a assimetria
do preconceito de raça e cor, alterada pela Lei no existente no âmbito da sociedade que acentua a
9.459/1997 prevê distância social entre mulheres negras e os demais
A) como crime a conduta de negar ou obstar emprego segmentos sociais.
em empresa privada, em razão de discriminação ou D) como ações afirmativas os programas e medidas
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce- especiais adotados pelo Estado para a correção das
dência nacional. desigualdades raciais, excluindo desse conceito le-
B) como causa de aumento de pena se quaisquer dos gal as ações da iniciativa privada.
crimes nela definidos forem praticados por inter- E) a participação da população negra, em condição de
médio de meios de comunicação social. igualdade de oportunidades, na vida econômica, so-
C) que os crimes nela definidos podem ser praticados cial, política e cultural do País, por meio de estímulo
na modalidade culposa. de iniciativas de promoção, preservando-se a igual-
D) como efeito automático da condenação a suspen- dade no acesso a recursos públicos.
são do funcionamento do estabelecimento particu-
lar, onde se praticaram quaisquer dos crimes nela 13.Para efeito do Estatuto da Igualdade Racial, conside-
definidos, pelo prazo máximo de 3 (três) meses. ra(m)-se
E) a todos os crimes nela definidos a pena de presta- A) discriminação racial ou étnico-racial: toda situação
ção de serviços à comunidade consistente em pro- injustificada de diferenciação de fruição de oportu-
mover atividades de promoção da igualdade racial. nidades, nas esferas pública e privada, em virtude
de raça.
10.Considerando as disposições da Lei Federal n. 12.288, B) desigualdade racial: a distinção baseada em des-
de 20/07/2010 que institui o Estatuto da Igualdade cendência que tenha por objeto restringir o reco-
Racial, assinale a alternativa correta sobre o significa- nhecimento, em igualdade de condições, de liberda-
do da sigla SINAPIR. des fundamentais no campo econômico.
A) Serviço de Integração e Autopromoção Racial C) desigualdade de gênero e raça: a assimetria exis-
B) Serviço Nacional de Apoio às Práticas de Integração tente no âmbito da sociedade que acentua a distân-
Racial cia social entre mulheres negras e os demais seg-
C) Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial mentos sociais.
D) Sistema Nacional de Promoção da Integração Racial D) população negra: o conjunto de pessoas que se au-
E) Sindicato Nacional de Participação Racial todeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor
ou raça usado pelo Ministério da Educação e Cultu-
11.Assinale a alternativa INCORRETA sobre a prática da ra.
capoeira de acordo com a Lei Federal n. 12.288, de 20 E) políticas privadas: as ações, iniciativas e programas
de julho de 2010, que institui o Estatuto da Igualdade adotados pela iniciativa privada no cumprimento de
Racial. suas atribuições institucionais.
A) O poder público garantirá o registro e a proteção da
capoeira, em todas as suas modalidades, como bem 14.No âmbito do Estatuto da Igualdade Racial, − Lei n.
de natureza imaterial e de formação da identidade 12.288/2010 − ações afirmativas são
cultural brasileira. A) as políticas voltadas para garantir equidade por
B) O poder público buscará garantir, por meio dos atos meio de cotas raciais para acesso à educação bási-
normativos necessários, a preservação dos elemen- ca pública, ao emprego, à moradia, à saúde, ao sa-
tos formadores tradicionais da capoeira nas suas neamento básico e outros serviços.
relações internacionais. B) aquelas que são voltadas à seleção por mérito, con-
C) A capoeira é reconhecida como desporto de criação dição socioeconômica, adesão a credo religioso,
nacional. partido político e outros critérios que revelem práti-
D) É obrigatório o ensino da capoeira nas instituições cas discriminatórias.
públicas e privadas pelos capoeiristas e mestres C) os programas e medidas especiais adotados pelo
tradicionais, pública e formalmente reconhecidos. Estado e pela iniciativa privada para a correção das
desigualdades raciais e para a promoção da igual-
12.O Estatuto da Igualdade Racial prevê dade de oportunidades.
A) o reconhecimento da capoeira como manifestação D) as medidas governamentais compensatórias per-
cultural regional. manentes destinadas a populações marcadamente
B) a inclusão de quilombolas nos usos e costumes, marginalizadas e desfavorecidas por condições de
tradições e manifestos próprios do local onde dese- desigualdades materiais.
jam se instalar, fora de suas comunidades, de modo
a diminuir as diferenças culturais.
E) a caridade pública e a filantropia das empresas pri- A) Poder Executivo Federal.
vadas, de caráter compulsório, facultativo ou volun- B) Poder Judiciário
tário, que produzem condição temporária de igual- C) Ministério Público.
dade racial. D) Secretaria da Cultura.
E) Poder Executivo Municipal.
15.Para fins do Estatuto da Igualdade Racial – Lei Federal
n. 12.288/2010, considera-se discriminação racial 18.Com relação à Lei n. 12.288/2010 (Estatuto da Igual-
A) fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbo- dade Racial), atente às assertivas abaixo e em seguida
los, emblemas, ornamentos, distintivos ou propa- responda ao que se pede.
ganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para I. Discriminação racial ou étnico-racial compreende-se
fins de divulgação do nazismo. como toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-
B) toda situação injustificada de diferenciação de rência baseada em raça, cor, descendência ou ori-
acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, gem nacional ou étnica que tenha por objeto anular
nas esferas pública e privada, em virtude de raça, ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício,
cor, descendência ou origem nacional ou étnica. em igualdade de condições, de direitos humanos e
C) a assimetria existente no âmbito da sociedade que liberdades fundamentais nos campos político, eco-
acentua a distância social entre negros e os demais nômico, social, cultural ou em qualquer outro campo
segmentos sociais. da vida pública ou privada.
D) negar emprego ou trabalho a alguém em autarquia, II. A centralização para a implementação das ações
sociedade de economia mista, empresa concessio- afirmativas pelos governos estaduais, distrital e
nária de serviço público ou empresa privada, por municipais constitui um dos objetivos do Sistema
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado Nacional de Promoção da Igualdade Racial.
civil. III. Como população negra deve-se compreender o con-
E) toda distinção, exclusão, restrição ou preferência junto de pessoas que adotam autodefinição preta
baseada em raça, cor, descendência ou origem na- ou parda para efeitos de fruição dos programas so-
cional ou étnica que tenha por objeto anular ou res- ciais estatuídos pela administração direta.
tringir o reconhecimento, gozo ou exercício, em
igualdade de condições, de direitos humanos e li- Está CORRETO o que se afirma
berdades fundamentais nos campos político, eco- A) apenas na afirmativa III.
nômico, social, cultural ou em qualquer outro campo B) em todas as afirmativas.
da vida pública ou privada. C) apenas nas afirmativas I e III.
D) apenas na afirmativa I.
16.O Estatuto da Igualdade Racial garante à população E) apenas na afirmativa II.
negra a igualdade de oportunidades, a defesa dos di-
reitos étnicos individuais, coletivos e difusos, e o 19.A expressão racismo institucional, utilizada em Orien-
combate à discriminação e intolerância racial. Entre tações Curriculares: Expectativas de Aprendizagem
suas proposições está a para a Educação Étnico-Racial se refere
A) destinação de cotas raciais nas instituições de en- A) à seleção praticada por uma organização na oferta
sino superior. de um serviço, por meios sub-reptícios, que resulta
B) destinação de cotas raciais em concursos públicos na exclusão devido à cor ou origem étnica.
federais. B) ao espaço escolar que se omite diante de práticas
C) política Nacional para População Quilombola. racistas detectadas e ao mesmo tempo desconstrói
D) desenvolvimento de ações multiraciais e culturais esteriótipos nos discursos sobre a origem étnica.
nas três esferas. C) à escala que determina o grau de importância das
E) política Nacional de Saúde Integral da População organizações e instituições na sociedade, conferin-
Negra. do menor importância àquelas que atendem classes
populares.
17.Com base na Lei n. 12.288/2010, sobre o Sistema Na- D) a normas institucionais que organizam as aprendi-
cional de Promoção da Igualdade Racial, no que se re- zagens considerando a diversidade de público
fere a sua organização e competência, é correto afir- atendido para promover a homogeneização das ex-
mar que a responsabilidade de elaboração do plano periências.
nacional de promoção da igualdade racial pertence E) ao fracasso coletivo de uma organização em ofere-
ao(à). cer um serviço apropriado e profissional às pesso-
as, devido a sua cor, cultura ou origem étnica.
20.O Estatuto da Igualdade Racial é uma lei destinada a
garantir à população negra a igualdade de oportunida-
des, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos
e difusos e o enfrentamento à discriminação e a outras
formas de intolerância étnica. Segundo o Estatuto da
Igualdade Racial, discriminação racial é toda
A) distinção, exclusão, restrição ou preferência basea-
1) Objeto: Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa
da em raça, cor, descendência ou origem nacional
com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
ou étnica que tenha por objeto anular ou restringir o
reconhecimento, gozo ou exercício, em igualdade de
condições, de direitos humanos e liberdades fun- Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pes-
damentais. soa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiên-
B) situação justificada de diferenciação de acesso e cia), destinada a assegurar e a promover, em condições
fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esfe- de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
ras pública e privada, em virtude de classe, raça, cor, fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
descendência ou origem nacional ou étnica. inclusão social e cidadania.
C) assimetria existente no âmbito da sociedade que
acentue a distância social entre mulheres negras e 2) Conceito de pessoa com deficiência
os demais segmentos sociais.
D) distinção, inclusão, restrição ou preferência basea-
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela
da em raça, cor, classe, gênero e descendência étni-
que tem impedimento de longo prazo de natureza física,
ca que tenha por intuito restringir ou negar o reco-
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
nhecimento ou exercício, em igualdade de condi-
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação
ções, de direitos humanos e liberdades fundamen-
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
tais.
com as demais pessoas.
E) assimetria de raça e gênero existente na sociedade
que produza, de forma injustificada, a igualdade de § 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, se-
acesso e fruição de bens, serviços e oportunidades, rá biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional
nas esferas pública e privada. e interdisciplinar e considerará:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do
corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pesso-
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 ais;
E D E A B A E A A C III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avali-
D C C C E E A D B A ação da deficiência.

3) Conceitos Importantes: Em provas anteriores as ban-


cas tem exigido conhecimento dos conceitos básicos
da lei.

- Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance


para utilização, com segurança e autonomia, de espa-
ços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações,
transportes, informação e comunicação, inclusive seus
sistemas e tecnologias, bem como de outros serviços
e instalações abertos ao público, de uso público ou
privados de uso coletivo, tanto na zona urbana como
na rural, por pessoa com deficiência ou com mobilida-
de reduzida;

- Desenho universal: concepção de produtos, ambientes,


programas e serviços a serem usados por todas as
pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto
específico, incluindo os recursos de tecnologia assisti- 4) Igualdade e Não Discriminação
va;
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à
- Tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, equi- igualdade de oportunidades com as demais pessoas e
pamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estra- não sofrerá nenhuma espécie de discriminação.
tégias, práticas e serviços que objetivem promover a § 1º Considera-se discriminação em razão da deficiên-
funcionalidade, relacionada à atividade e à participa- cia toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por
ção da pessoa com deficiência ou com mobilidade re- ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de
duzida, visando à sua autonomia, independência, qua- prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exer-
lidade de vida e inclusão social; cício dos direitos e das liberdades fundamentais de pes-
soa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações
- Barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
comportamento que limite ou impeça a participação § 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à
social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exer- fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
cício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de
movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de to-
à informação, à compreensão, à circulação com segu- da forma de negligência, discriminação, exploração, vio-
rança, entre outros, classificadas em: lência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desuma-
no ou degradante.
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada
espaços públicos e privados abertos ao público ou no caput deste artigo, são considerados especialmente
de uso coletivo; vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso,
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios com deficiência.
públicos e privados;
c) barreiras nos transportes: as existentes nos siste- Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil
mas e meios de transportes; da pessoa, inclusive para:
d) barreiras nas comunicações e na informação: qual- I - casar-se e constituir união estável;
quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
que dificulte ou impossibilite a expressão ou o re-
III - exercer o direito de decidir sobre o número de fi-
cebimento de mensagens e de informações por in-
lhos e de ter acesso a informações adequadas sobre re-
termédio de sistemas de comunicação e de tecno-
produção e planejamento familiar;
logia da informação;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterili-
e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos
zação compulsória;
que impeçam ou prejudiquem a participação social
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e
da pessoa com deficiência em igualdade de condi-
comunitária; e
ções e oportunidades com as demais pessoas;
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impe-
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
dem o acesso da pessoa com deficiência às tecno-
oportunidades com as demais pessoas.
logias;

Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade com-


- Comunicação: forma de interação dos cidadãos que
petente qualquer forma de ameaça ou de violação aos
abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a
direitos da pessoa com deficiência.
Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de
textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comu- Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os
nicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que
multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem
oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitali- remeter peças ao Ministério Público para as providências
zados e os modos, meios e formatos aumentativos e cabíveis.
alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias
da informação e das comunicações. 5) Atendimento Prioritário

Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber


atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; acomodação da pessoa com deficiência e de seu acom-
II - atendimento em todas as instituições e serviços de panhante.
atendimento ao público;
III - disponibilização de recursos, tanto humanos quan- Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em ob-
to tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade servação é assegurado o direito a acompanhante ou a
de condições com as demais pessoas; atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de
IV - disponibilização de pontos de parada, estações e saúde proporcionar condições adequadas para sua per-
terminais acessíveis de transporte coletivo de passagei- manência em tempo integral.
ros e garantia de segurança no embarque e no desembar-
que; Art. 23. São vedadas todas as formas de discrimina-
V - acesso a informações e disponibilização de recur- ção contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio
sos de comunicação acessíveis; de cobrança de valores diferenciados por planos e segu-
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; ros privados de saúde, em razão de sua condição.
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e
administrativos em que for parte ou interessada, em to- Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com
dos os atos e diligências. deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo
em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida,
6) Dos Direitos Fundamentais de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível
de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelec-
tuais e sociais, segundo suas características, interesses e
- Intervenção e tratamento:
necessidades de aprendizagem.

Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obri-


- Direito à Moradia
gada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a
tratamento ou a institucionalização forçada.
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com defici-
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da
ência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisi-
pessoa com deficiência é indispensável para a realização
ção de imóvel para moradia própria, observado o seguin-
de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa
te:
científica.
I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das uni-
dades habitacionais para pessoa com deficiência;
Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é
II - (VETADO);
um direito da pessoa com deficiência.
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de
acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades
- Direito à Saúde habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de
adaptação razoável nos demais pisos;
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pes- IV - disponibilização de equipamentos urbanos comu-
soa com deficiência em todos os níveis de complexidade, nitários acessíveis;
por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igua- V - elaboração de especificações técnicas no projeto
litário. que permitam a instalação de elevadores.
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com defi-
ciência na elaboração das políticas de saúde a ela desti-
- Direito ao Trabalho
nadas.

Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao traba-


Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados
lho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessí-
de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com deficiên-
vel e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as
cia, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados
demais pessoas.
aos demais clientes.
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou
de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes
Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à sa- de trabalho acessíveis e inclusivos.
úde da pessoa com deficiência no local de residência,
será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de
diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte e a
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com de- § 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de trans-
ficiência no trabalho a colocação competitiva, em igual- porte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as
dade de oportunidades com as demais pessoas, nos ter- jurisdições, consideram-se como integrantes desses ser-
mos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual viços os veículos, os terminais, as estações, os pontos de
devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o forne- parada, o sistema viário e a prestação do serviço.
cimento de recursos de tecnologia assistiva e a adapta-
ção razoável no ambiente de trabalho. Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a ofe-
recer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com
Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua
não possua meios para prover sua subsistência nem de frota.
tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um) Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mí-
salário-mínimo, nos termos da Lei no 8.742, de 7 de de- nimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétri-
zembro de 1993. cos e comandos manuais de freio e de embreagem.

- Direito à Previdência 7) Acessibilidade nas Vias Públicas

Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa
Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposen- com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de for-
tadoria nos termos da Lei Complementar no 142, de 8 de ma independente e exercer seus direitos de cidadania e
maio de 2013. de participação social.

Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura, Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso co-
ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportu- letivo já existentes devem garantir acessibilidade à pes-
nidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o soa com deficiência em todas as suas dependências e
acesso: serviços, tendo como referência as normas de acessibili-
I - a bens culturais em formato acessível; dade vigentes.
II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras
atividades culturais e desportivas em formato acessível; e Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso
III - a monumentos e locais de importância cultural e a privado multifamiliar devem atender aos preceitos de
espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e acessibilidade, na forma regulamentar.
esportivos.
Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espa-
- Direito ao Lazer ços públicos, o poder público e as empresas concessioná-
rias responsáveis pela execução das obras e dos serviços
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser devem garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e a
construídos observando-se os princípios do desenho uni- livre circulação e acessibilidade das pessoas, durante e
versal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, após sua execução.
conforme legislação em vigor.
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão dispo- 8) Acesso à Informação e à Comunicação
nibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus dormi-
tórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da in-
acessível. ternet mantidos por empresas com sede ou representa-
§ 2º Os dormitórios mencionados no § 1o deste artigo ção comercial no País ou por órgãos de governo, para uso
deverão ser localizados em rotas acessíveis. da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às in-
formações disponíveis, conforme as melhores práticas e
Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pes- diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida será
assegurado em igualdade de oportunidades com as de- Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a
mais pessoas, por meio de identificação e de eliminação produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, mé-
de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso. todos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem
sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida.
9) Direito à Participação na Vida Pública e Privada § 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão se-
rão obtidos pela integração dos sistemas de informação e
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com da base de dados de todas as políticas públicas relacio-
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de nadas aos direitos da pessoa com deficiência, bem como
exercê-los em igualdade de condições com as demais por informações coletadas, inclusive em censos nacio-
pessoas. nais e nas demais pesquisas realizadas no País, de acor-
do com os parâmetros estabelecidos pela Convenção
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da
tocolo Facultativo.
pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de opor-
tunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre
que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia as- Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da
sistiva. lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com defici- I - receba o benefício de prestação continuada previsto
ência em todo o processo judicial, o poder público deve no art. 20 da Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993, e
capacitar os membros e os servidores que atuam no Po- que passe a exercer atividade remunerada que a enquadre
der Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Públi- como segurado obrigatório do RGPS;
ca, nos órgãos de segurança pública e no sistema peni- II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o bene-
tenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência. fício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei no
8.742, de 7 de dezembro de 1993, e que exerça atividade
remunerada que a enquadre como segurado obrigatório
10) Dos Crimes e Infrações Administrativas
do RGPS.

Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de


pessoa em razão de sua deficiência:
LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015.

Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com De-
pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro ren- ficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência).
dimento de pessoa com deficiência: A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospi-
tais, casas de saúde, entidades de abrigamento ou con- LIVRO I
gêneres: PARTE GERAL

Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer TÍTULO I


meio eletrônico ou documento de pessoa com deficiência DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pen-
sões ou remuneração ou à realização de operações finan-
CAPÍTULO I
ceiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou
DISPOSIÇÕES GERAIS
para outrem.

Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pes-


11) Cadastro-Inclusão
soa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiên-
cia), destinada a assegurar e a promover, em condições
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro pú- fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua
blico eletrônico com a finalidade de coletar, processar, inclusão social e cidadania.
sistematizar e disseminar informações georreferenciadas
Parágrafo único. Esta Lei tem como base a Convenção
que permitam a identificação e a caracterização socioe-
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
conômica da pessoa com deficiência, bem como das bar-
tocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso Nacional
reiras que impedem a realização de seus direitos.
por meio do Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de
§ 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder 2008 , em conformidade com o procedimento previsto no
Executivo federal e constituído por base de dados, ins- § 3º do art. 5º da Constituição da República Federativa do
trumentos, procedimentos e sistemas eletrônicos. Brasil , em vigor para o Brasil, no plano jurídico externo,
desde 31 de agosto de 2008, e promulgados pelo Decreto
nº 6.949, de 25 de agosto de 2009 , data de início de sua c) barreiras nos transportes: as existentes nos siste-
vigência no plano interno. mas e meios de transportes;
d) barreiras nas comunicações e na informação: qual-
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamento que
que tem impedimento de longo prazo de natureza física, dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de
mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com mensagens e de informações por intermédio de sistemas
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação de comunicação e de tecnologia da informação;
plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições e) barreiras atitudinais: atitudes ou comportamentos
com as demais pessoas. que impeçam ou prejudiquem a participação social da
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, se- pessoa com deficiência em igualdade de condições e
rá biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional oportunidades com as demais pessoas;
e interdisciplinar e considerará: (Vigência) f) barreiras tecnológicas: as que dificultam ou impe-
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do dem o acesso da pessoa com deficiência às tecnologias;
corpo; V - comunicação: forma de interação dos cidadãos que
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pesso- abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Lín-
ais; gua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos,
III - a limitação no desempenho de atividades; e o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação
tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia,
IV - a restrição de participação.
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os siste-
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avali-
mas auditivos e os meios de voz digitalizados e os mo-
ação da deficiência. (Vide Lei nº 13.846, de 2019)
dos, meios e formatos aumentativos e alternativos de
comunicação, incluindo as tecnologias da informação e
Art. 3º Para fins de aplicação desta Lei, consideram-se: das comunicações;
I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance VI - adaptações razoáveis: adaptações, modificações e
para utilização, com segurança e autonomia, de espaços, ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus
mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transpor- desproporcional e indevido, quando requeridos em cada
tes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência
tecnologias, bem como de outros serviços e instalações possa gozar ou exercer, em igualdade de condições e
abertos ao público, de uso público ou privados de uso oportunidades com as demais pessoas, todos os direitos
coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa e liberdades fundamentais;
com deficiência ou com mobilidade reduzida; VII - elemento de urbanização: quaisquer componentes
II - desenho universal: concepção de produtos, ambien- de obras de urbanização, tais como os referentes a pavi-
tes, programas e serviços a serem usados por todas as mentação, saneamento, encanamento para esgotos, dis-
pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto tribuição de energia elétrica e de gás, iluminação pública,
específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva; serviços de comunicação, abastecimento e distribuição
III - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos, de água, paisagismo e os que materializam as indicações
equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, es- do planejamento urbanístico;
tratégias, práticas e serviços que objetivem promover a VIII - mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes
funcionalidade, relacionada à atividade e à participação nas vias e nos espaços públicos, superpostos ou adicio-
da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, nados aos elementos de urbanização ou de edificação, de
visando à sua autonomia, independência, qualidade de forma que sua modificação ou seu traslado não provoque
vida e inclusão social; alterações substanciais nesses elementos, tais como
IV - barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou semáforos, postes de sinalização e similares, terminais e
comportamento que limite ou impeça a participação soci- pontos de acesso coletivo às telecomunicações, fontes
al da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de de água, lixeiras, toldos, marquises, bancos, quiosques e
seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e quaisquer outros de natureza análoga;
de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à IX - pessoa com mobilidade reduzida: aquela que te-
compreensão, à circulação com segurança, entre outros, nha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentação,
classificadas em: permanente ou temporária, gerando redução efetiva da
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos mobilidade, da flexibilidade, da coordenação motora ou da
espaços públicos e privados abertos ao público ou de uso percepção, incluindo idoso, gestante, lactante, pessoa
coletivo; com criança de colo e obeso;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios X - residências inclusivas: unidades de oferta do Servi-
públicos e privados; ço de Acolhimento do Sistema Único de Assistência Soci-
al (Suas) localizadas em áreas residenciais da comunida-
de, com estruturas adequadas, que possam contar com Art. 6º A deficiência não afeta a plena capacidade civil
apoio psicossocial para o atendimento das necessidades da pessoa, inclusive para:
da pessoa acolhida, destinadas a jovens e adultos com I - casar-se e constituir união estável;
deficiência, em situação de dependência, que não dis- II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
põem de condições de autossustentabilidade e com vín-
III - exercer o direito de decidir sobre o número de fi-
culos familiares fragilizados ou rompidos;
lhos e de ter acesso a informações adequadas sobre re-
XI - moradia para a vida independente da pessoa com produção e planejamento familiar;
deficiência: moradia com estruturas adequadas capazes
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterili-
de proporcionar serviços de apoio coletivos e individuali-
zação compulsória;
zados que respeitem e ampliem o grau de autonomia de
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e
jovens e adultos com deficiência;
comunitária; e
XII - atendente pessoal: pessoa, membro ou não da
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
família, que, com ou sem remuneração, assiste ou presta
adoção, como adotante ou adotando, em igualdade de
cuidados básicos e essenciais à pessoa com deficiência
oportunidades com as demais pessoas.
no exercício de suas atividades diárias, excluídas as téc-
nicas ou os procedimentos identificados com profissões
legalmente estabelecidas; Art. 7º É dever de todos comunicar à autoridade com-
XIII - profissional de apoio escolar: pessoa que exerce petente qualquer forma de ameaça ou de violação aos
atividades de alimentação, higiene e locomoção do estu- direitos da pessoa com deficiência.
dante com deficiência e atua em todas as atividades es- Parágrafo único. Se, no exercício de suas funções, os
colares nas quais se fizer necessária, em todos os níveis juízes e os tribunais tiverem conhecimento de fatos que
e modalidades de ensino, em instituições públicas e pri- caracterizem as violações previstas nesta Lei, devem
vadas, excluídas as técnicas ou os procedimentos identi- remeter peças ao Ministério Público para as providências
ficados com profissões legalmente estabelecidas; cabíveis.
XIV - acompanhante: aquele que acompanha a pessoa
com deficiência, podendo ou não desempenhar as fun- Art. 8º É dever do Estado, da sociedade e da família
ções de atendente pessoal. assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a
efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à sexua-
CAPÍTULO II lidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à
habitação, à educação, à profissionalização, ao trabalho, à
DA IGUALDADE E DA NÃO DISCRIMINAÇÃO
previdência social, à habilitação e à reabilitação, ao trans-
porte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao turismo,
Art. 4º Toda pessoa com deficiência tem direito à ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços cien-
igualdade de oportunidades com as demais pessoas e tíficos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberda-
não sofrerá nenhuma espécie de discriminação. de, à convivência familiar e comunitária, entre outros de-
§ 1º Considera-se discriminação em razão da deficiên- correntes da Constituição Federal, da Convenção sobre os
cia toda forma de distinção, restrição ou exclusão, por Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo
ação ou omissão, que tenha o propósito ou o efeito de Facultativo e das leis e de outras normas que garantam
prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou o exer- seu bem-estar pessoal, social e econômico.
cício dos direitos e das liberdades fundamentais de pes-
soa com deficiência, incluindo a recusa de adaptações
Seção Única
razoáveis e de fornecimento de tecnologias assistivas.
Do Atendimento Prioritário
§ 2º A pessoa com deficiência não está obrigada à
fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
Art. 9º A pessoa com deficiência tem direito a receber
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade de:
Art. 5º A pessoa com deficiência será protegida de to-
I - proteção e socorro em quaisquer circunstâncias;
da forma de negligência, discriminação, exploração, vio-
lência, tortura, crueldade, opressão e tratamento desuma- II - atendimento em todas as instituições e serviços de
no ou degradante. atendimento ao público;
Parágrafo único. Para os fins da proteção mencionada III - disponibilização de recursos, tanto humanos quan-
no caput deste artigo, são considerados especialmente to tecnológicos, que garantam atendimento em igualdade
vulneráveis a criança, o adolescente, a mulher e o idoso, de condições com as demais pessoas;
com deficiência. IV - disponibilização de pontos de parada, estações e
terminais acessíveis de transporte coletivo de passagei-
ros e garantia de segurança no embarque e no desembar- Art. 13. A pessoa com deficiência somente será aten-
que; dida sem seu consentimento prévio, livre e esclarecido em
V - acesso a informações e disponibilização de recur- casos de risco de morte e de emergência em saúde, res-
sos de comunicação acessíveis; guardado seu superior interesse e adotadas as salva-
VI - recebimento de restituição de imposto de renda; guardas legais cabíveis.
VII - tramitação processual e procedimentos judiciais e
administrativos em que for parte ou interessada, em to- CAPÍTULO II
dos os atos e diligências. DO DIREITO À HABILITAÇÃO E À REABILITAÇÃO
§ 1º Os direitos previstos neste artigo são extensivos
ao acompanhante da pessoa com deficiência ou ao seu Art. 14. O processo de habilitação e de reabilitação é
atendente pessoal, exceto quanto ao disposto nos incisos um direito da pessoa com deficiência.
VI e VII deste artigo. Parágrafo único. O processo de habilitação e de reabi-
§ 2º Nos serviços de emergência públicos e privados, a litação tem por objetivo o desenvolvimento de potenciali-
prioridade conferida por esta Lei é condicionada aos pro- dades, talentos, habilidades e aptidões físicas, cognitivas,
tocolos de atendimento médico. sensoriais, psicossociais, atitudinais, profissionais e artís-
ticas que contribuam para a conquista da autonomia da
TÍTULO II pessoa com deficiência e de sua participação social em
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS igualdade de condições e oportunidades com as demais
pessoas.

CAPÍTULO I
Art. 15. O processo mencionado no art. 14 desta Lei
DO DIREITO À VIDA
baseia-se em avaliação multidisciplinar das necessida-
des, habilidades e potencialidades de cada pessoa, obser-
Art. 10. Compete ao poder público garantir a dignidade vadas as seguintes diretrizes:
da pessoa com deficiência ao longo de toda a vida.
I - diagnóstico e intervenção precoces;
Parágrafo único. Em situações de risco, emergência ou
II - adoção de medidas para compensar perda ou limi-
estado de calamidade pública, a pessoa com deficiência
tação funcional, buscando o desenvolvimento de apti-
será considerada vulnerável, devendo o poder público
dões;
adotar medidas para sua proteção e segurança.
III - atuação permanente, integrada e articulada de polí-
ticas públicas que possibilitem a plena participação soci-
Art. 11. A pessoa com deficiência não poderá ser obri- al da pessoa com deficiência;
gada a se submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, a
IV - oferta de rede de serviços articulados, com atua-
tratamento ou a institucionalização forçada.
ção intersetorial, nos diferentes níveis de complexidade,
Parágrafo único. O consentimento da pessoa com de- para atender às necessidades específicas da pessoa com
ficiência em situação de curatela poderá ser suprido, na deficiência;
forma da lei.
V - prestação de serviços próximo ao domicílio da pes-
soa com deficiência, inclusive na zona rural, respeitadas a
Art. 12. O consentimento prévio, livre e esclarecido da organização das Redes de Atenção à Saúde (RAS) nos
pessoa com deficiência é indispensável para a realização territórios locais e as normas do Sistema Único de Saúde
de tratamento, procedimento, hospitalização e pesquisa (SUS).
científica.
§ 1º Em caso de pessoa com deficiência em situação Art. 16. Nos programas e serviços de habilitação e de
de curatela, deve ser assegurada sua participação, no reabilitação para a pessoa com deficiência, são garanti-
maior grau possível, para a obtenção de consentimento. dos:
§ 2º A pesquisa científica envolvendo pessoa com de- I - organização, serviços, métodos, técnicas e recursos
ficiência em situação de tutela ou de curatela deve ser para atender às características de cada pessoa com defi-
realizada, em caráter excepcional, apenas quando houver ciência;
indícios de benefício direto para sua saúde ou para a saú-
II - acessibilidade em todos os ambientes e serviços;
de de outras pessoas com deficiência e desde que não
III - tecnologia assistiva, tecnologia de reabilitação,
haja outra opção de pesquisa de eficácia comparável com
materiais e equipamentos adequados e apoio técnico
participantes não tutelados ou curatelados.
profissional, de acordo com as especificidades de cada
pessoa com deficiência;
IV - capacitação continuada de todos os profissionais VII - atenção sexual e reprodutiva, incluindo o direito à
que participem dos programas e serviços. fertilização assistida;
VIII - informação adequada e acessível à pessoa com
Art. 17. Os serviços do SUS e do Suas deverão promo- deficiência e a seus familiares sobre sua condição de
ver ações articuladas para garantir à pessoa com defici- saúde;
ência e sua família a aquisição de informações, orienta- IX - serviços projetados para prevenir a ocorrência e o
ções e formas de acesso às políticas públicas disponí- desenvolvimento de deficiências e agravos adicionais;
veis, com a finalidade de propiciar sua plena participação X - promoção de estratégias de capacitação perma-
social. nente das equipes que atuam no SUS, em todos os níveis
Parágrafo único. Os serviços de que trata o caput des- de atenção, no atendimento à pessoa com deficiência,
te artigo podem fornecer informações e orientações nas bem como orientação a seus atendentes pessoais;
áreas de saúde, de educação, de cultura, de esporte, de XI - oferta de órteses, próteses, meios auxiliares de lo-
lazer, de transporte, de previdência social, de assistência comoção, medicamentos, insumos e fórmulas nutricio-
social, de habitação, de trabalho, de empreendedorismo, nais, conforme as normas vigentes do Ministério da Saú-
de acesso ao crédito, de promoção, proteção e defesa de de.
direitos e nas demais áreas que possibilitem à pessoa § 5º As diretrizes deste artigo aplicam-se também às
com deficiência exercer sua cidadania. instituições privadas que participem de forma comple-
mentar do SUS ou que recebam recursos públicos para
CAPÍTULO III sua manutenção.
DO DIREITO À SAÚDE
Art. 19. Compete ao SUS desenvolver ações destina-
Art. 18. É assegurada atenção integral à saúde da pes- das à prevenção de deficiências por causas evitáveis,
soa com deficiência em todos os níveis de complexidade, inclusive por meio de:
por intermédio do SUS, garantido acesso universal e igua- I - acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpé-
litário. rio, com garantia de parto humanizado e seguro;
§ 1º É assegurada a participação da pessoa com defi- II - promoção de práticas alimentares adequadas e
ciência na elaboração das políticas de saúde a ela desti- saudáveis, vigilância alimentar e nutricional, prevenção e
nadas. cuidado integral dos agravos relacionados à alimentação
§ 2º É assegurado atendimento segundo normas éti- e nutrição da mulher e da criança;
cas e técnicas, que regulamentarão a atuação dos profis- III - aprimoramento e expansão dos programas de
sionais de saúde e contemplarão aspectos relacionados imunização e de triagem neonatal;
aos direitos e às especificidades da pessoa com deficiên- IV - identificação e controle da gestante de alto risco.
cia, incluindo temas como sua dignidade e autonomia.
§ 3º Aos profissionais que prestam assistência à pes- Art. 20. As operadoras de planos e seguros privados
soa com deficiência, especialmente em serviços de habili- de saúde são obrigadas a garantir à pessoa com deficiên-
tação e de reabilitação, deve ser garantida capacitação cia, no mínimo, todos os serviços e produtos ofertados
inicial e continuada. aos demais clientes.
§ 4º As ações e os serviços de saúde pública destina-
dos à pessoa com deficiência devem assegurar:
Art. 21. Quando esgotados os meios de atenção à sa-
I - diagnóstico e intervenção precoces, realizados por úde da pessoa com deficiência no local de residência,
equipe multidisciplinar; será prestado atendimento fora de domicílio, para fins de
II - serviços de habilitação e de reabilitação sempre diagnóstico e de tratamento, garantidos o transporte e a
que necessários, para qualquer tipo de deficiência, inclu- acomodação da pessoa com deficiência e de seu acom-
sive para a manutenção da melhor condição de saúde e panhante.
qualidade de vida;
III - atendimento domiciliar multidisciplinar, tratamento Art. 22. À pessoa com deficiência internada ou em ob-
ambulatorial e internação; servação é assegurado o direito a acompanhante ou a
IV - campanhas de vacinação; atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição de
V - atendimento psicológico, inclusive para seus fami- saúde proporcionar condições adequadas para sua per-
liares e atendentes pessoais; manência em tempo integral.
VI - respeito à especificidade, à identidade de gênero e § 1º Na impossibilidade de permanência do acompa-
à orientação sexual da pessoa com deficiência; nhante ou do atendente pessoal junto à pessoa com defi-
ciência, cabe ao profissional de saúde responsável pelo Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, de-
tratamento justificá-la por escrito. senvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar:
§ 2º Na ocorrência da impossibilidade prevista no § 1º I - sistema educacional inclusivo em todos os níveis e
deste artigo, o órgão ou a instituição de saúde deve ado- modalidades, bem como o aprendizado ao longo de toda a
tar as providências cabíveis para suprir a ausência do vida;
acompanhante ou do atendente pessoal. II - aprimoramento dos sistemas educacionais, visando
a garantir condições de acesso, permanência, participa-
Art. 23. São vedadas todas as formas de discrimina- ção e aprendizagem, por meio da oferta de serviços e de
ção contra a pessoa com deficiência, inclusive por meio recursos de acessibilidade que eliminem as barreiras e
de cobrança de valores diferenciados por planos e segu- promovam a inclusão plena;
ros privados de saúde, em razão de sua condição. III - projeto pedagógico que institucionalize o atendi-
mento educacional especializado, assim como os demais
Art. 24. É assegurado à pessoa com deficiência o serviços e adaptações razoáveis, para atender às caracte-
acesso aos serviços de saúde, tanto públicos como priva- rísticas dos estudantes com deficiência e garantir o seu
dos, e às informações prestadas e recebidas, por meio de pleno acesso ao currículo em condições de igualdade,
recursos de tecnologia assistiva e de todas as formas de promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia;
comunicação previstas no inciso V do art. 3º desta Lei. IV - oferta de educação bilíngue, em Libras como pri-
meira língua e na modalidade escrita da língua portugue-
sa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e
Art. 25. Os espaços dos serviços de saúde, tanto pú-
em escolas inclusivas;
blicos quanto privados, devem assegurar o acesso da
pessoa com deficiência, em conformidade com a legisla- V - adoção de medidas individualizadas e coletivas em
ção em vigor, mediante a remoção de barreiras, por meio ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico
de projetos arquitetônico, de ambientação de interior e de e social dos estudantes com deficiência, favorecendo o
comunicação que atendam às especificidades das pes- acesso, a permanência, a participação e a aprendizagem
soas com deficiência física, sensorial, intelectual e men- em instituições de ensino;
tal. VI - pesquisas voltadas para o desenvolvimento de no-
vos métodos e técnicas pedagógicas, de materiais didáti-
cos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assisti-
Art. 26. Os casos de suspeita ou de confirmação de vi-
va;
olência praticada contra a pessoa com deficiência serão
objeto de notificação compulsória pelos serviços de saú- VII - planejamento de estudo de caso, de elaboração de
de públicos e privados à autoridade policial e ao Ministé- plano de atendimento educacional especializado, de or-
rio Público, além dos Conselhos dos Direitos da Pessoa ganização de recursos e serviços de acessibilidade e de
com Deficiência. disponibilização e usabilidade pedagógica de recursos de
tecnologia assistiva;
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, considera-
se violência contra a pessoa com deficiência qualquer VIII - participação dos estudantes com deficiência e de
ação ou omissão, praticada em local público ou privado, suas famílias nas diversas instâncias de atuação da co-
que lhe cause morte ou dano ou sofrimento físico ou psi- munidade escolar;
cológico. IX - adoção de medidas de apoio que favoreçam o de-
senvolvimento dos aspectos linguísticos, culturais, voca-
cionais e profissionais, levando-se em conta o talento, a
CAPÍTULO IV
criatividade, as habilidades e os interesses do estudante
DO DIREITO À EDUCAÇÃO
com deficiência;
X - adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com programas de formação inicial e continuada de professo-
deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo res e oferta de formação continuada para o atendimento
em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, educacional especializado;
de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível
XI - formação e disponibilização de professores para o
de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelec-
atendimento educacional especializado, de tradutores e
tuais e sociais, segundo suas características, interesses e
intérpretes da Libras, de guias intérpretes e de profissio-
necessidades de aprendizagem.
nais de apoio;
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da co-
XII - oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de
munidade escolar e da sociedade assegurar educação de
uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a am-
qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo
pliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo
de toda forma de violência, negligência e discriminação.
sua autonomia e participação;
XIII - acesso à educação superior e à educação profis- III - disponibilização de provas em formatos acessíveis
sional e tecnológica em igualdade de oportunidades e para atendimento às necessidades específicas do candi-
condições com as demais pessoas; dato com deficiência;
XIV - inclusão em conteúdos curriculares, em cursos IV - disponibilização de recursos de acessibilidade e de
de nível superior e de educação profissional técnica e tecnologia assistiva adequados, previamente solicitados
tecnológica, de temas relacionados à pessoa com defici- e escolhidos pelo candidato com deficiência;
ência nos respectivos campos de conhecimento; V - dilação de tempo, conforme demanda apresentada
XV - acesso da pessoa com deficiência, em igualdade pelo candidato com deficiência, tanto na realização de
de condições, a jogos e a atividades recreativas, esporti- exame para seleção quanto nas atividades acadêmicas,
vas e de lazer, no sistema escolar; mediante prévia solicitação e comprovação da necessi-
XVI - acessibilidade para todos os estudantes, traba- dade;
lhadores da educação e demais integrantes da comuni- VI - adoção de critérios de avaliação das provas escri-
dade escolar às edificações, aos ambientes e às ativida- tas, discursivas ou de redação que considerem a singula-
des concernentes a todas as modalidades, etapas e níveis ridade linguística da pessoa com deficiência, no domínio
de ensino; da modalidade escrita da língua portuguesa;
XVII - oferta de profissionais de apoio escolar; VII - tradução completa do edital e de suas retificações
XVIII - articulação intersetorial na implementação de em Libras.
políticas públicas.
§ 1º Às instituições privadas, de qualquer nível e mo- CAPÍTULO V
dalidade de ensino, aplica-se obrigatoriamente o disposto DO DIREITO À MORADIA
nos incisos I, II, III, V, VII, VIII, IX, X, XI, XII, XIII, XIV, XV, XVI,
XVII e XVIII do caput deste artigo, sendo vedada a cobran-
Art. 31. A pessoa com deficiência tem direito à mora-
ça de valores adicionais de qualquer natureza em suas
dia digna, no seio da família natural ou substituta, com
mensalidades, anuidades e matrículas no cumprimento
seu cônjuge ou companheiro ou desacompanhada, ou em
dessas determinações.
moradia para a vida independente da pessoa com defici-
§ 2º Na disponibilização de tradutores e intérpretes da ência, ou, ainda, em residência inclusiva.
Libras a que se refere o inciso XI do caput deste artigo,
§ 1º O poder público adotará programas e ações estra-
deve-se observar o seguinte:
tégicas para apoiar a criação e a manutenção de moradia
I - os tradutores e intérpretes da Libras atuantes na para a vida independente da pessoa com deficiência.
educação básica devem, no mínimo, possuir ensino médio
§ 2º A proteção integral na modalidade de residência
completo e certificado de proficiência na Libras; (Vigên-
inclusiva será prestada no âmbito do Suas à pessoa com
cia)
deficiência em situação de dependência que não dispo-
II - os tradutores e intérpretes da Libras, quando direci- nha de condições de autossustentabilidade, com vínculos
onados à tarefa de interpretar nas salas de aula dos cur- familiares fragilizados ou rompidos.
sos de graduação e pós-graduação, devem possuir nível
superior, com habilitação, prioritariamente, em Tradução e
Art. 32. Nos programas habitacionais, públicos ou
Interpretação em Libras. (Vigência)
subsidiados com recursos públicos, a pessoa com defici-
ência ou o seu responsável goza de prioridade na aquisi-
Art. 29. (VETADO). ção de imóvel para moradia própria, observado o seguin-
te:
Art. 30. Nos processos seletivos para ingresso e per- I - reserva de, no mínimo, 3% (três por cento) das uni-
manência nos cursos oferecidos pelas instituições de dades habitacionais para pessoa com deficiência;
ensino superior e de educação profissional e tecnológica, II - (VETADO);
públicas e privadas, devem ser adotadas as seguintes
III - em caso de edificação multifamiliar, garantia de
medidas:
acessibilidade nas áreas de uso comum e nas unidades
I - atendimento preferencial à pessoa com deficiência habitacionais no piso térreo e de acessibilidade ou de
nas dependências das Instituições de Ensino Superior adaptação razoável nos demais pisos;
(IES) e nos serviços;
IV - disponibilização de equipamentos urbanos comu-
II - disponibilização de formulário de inscrição de exa- nitários acessíveis;
mes com campos específicos para que o candidato com
V - elaboração de especificações técnicas no projeto
deficiência informe os recursos de acessibilidade e de
que permitam a instalação de elevadores.
tecnologia assistiva necessários para sua participação;
§ 1º O direito à prioridade, previsto no caput deste ar- Art. 35. É finalidade primordial das políticas públicas
tigo, será reconhecido à pessoa com deficiência benefici- de trabalho e emprego promover e garantir condições de
ária apenas uma vez. acesso e de permanência da pessoa com deficiência no
§ 2º Nos programas habitacionais públicos, os crité- campo de trabalho.
rios de financiamento devem ser compatíveis com os Parágrafo único. Os programas de estímulo ao empre-
rendimentos da pessoa com deficiência ou de sua família. endedorismo e ao trabalho autônomo, incluídos o coope-
§ 3º Caso não haja pessoa com deficiência interessa- rativismo e o associativismo, devem prever a participação
da nas unidades habitacionais reservadas por força do da pessoa com deficiência e a disponibilização de linhas
disposto no inciso I do caput deste artigo, as unidades de crédito, quando necessárias.
não utilizadas serão disponibilizadas às demais pessoas.
Seção II
Art. 33. Ao poder público compete: Da Habilitação Profissional e Reabilitação Profissional
I - adotar as providências necessárias para o cumpri-
mento do disposto nos arts. 31 e 32 desta Lei; e Art. 36. O poder público deve implementar serviços e
II - divulgar, para os agentes interessados e beneficiá- programas completos de habilitação profissional e de
rios, a política habitacional prevista nas legislações fede- reabilitação profissional para que a pessoa com deficiên-
ral, estaduais, distrital e municipais, com ênfase nos dis- cia possa ingressar, continuar ou retornar ao campo do
positivos sobre acessibilidade. trabalho, respeitados sua livre escolha, sua vocação e seu
interesse.
CAPÍTULO VI § 1º Equipe multidisciplinar indicará, com base em cri-
DO DIREITO AO TRABALHO térios previstos no § 1º do art. 2º desta Lei, programa de
habilitação ou de reabilitação que possibilite à pessoa
com deficiência restaurar sua capacidade e habilidade
Seção I
profissional ou adquirir novas capacidades e habilidades
Disposições Gerais de trabalho.
§ 2º A habilitação profissional corresponde ao proces-
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao traba- so destinado a propiciar à pessoa com deficiência aquisi-
lho de sua livre escolha e aceitação, em ambiente acessí- ção de conhecimentos, habilidades e aptidões para exer-
vel e inclusivo, em igualdade de oportunidades com as cício de profissão ou de ocupação, permitindo nível sufi-
demais pessoas. ciente de desenvolvimento profissional para ingresso no
§ 1º As pessoas jurídicas de direito público, privado ou campo de trabalho.
de qualquer natureza são obrigadas a garantir ambientes § 3º Os serviços de habilitação profissional, de reabili-
de trabalho acessíveis e inclusivos. tação profissional e de educação profissional devem ser
§ 2º A pessoa com deficiência tem direito, em igualda- dotados de recursos necessários para atender a toda
de de oportunidades com as demais pessoas, a condições pessoa com deficiência, independentemente de sua ca-
justas e favoráveis de trabalho, incluindo igual remunera- racterística específica, a fim de que ela possa ser capaci-
ção por trabalho de igual valor. tada para trabalho que lhe seja adequado e ter perspecti-
§ 3º É vedada restrição ao trabalho da pessoa com de- vas de obtê-lo, de conservá-lo e de nele progredir.
ficiência e qualquer discriminação em razão de sua con- § 4º Os serviços de habilitação profissional, de reabili-
dição, inclusive nas etapas de recrutamento, seleção, tação profissional e de educação profissional deverão ser
contratação, admissão, exames admissional e periódico, oferecidos em ambientes acessíveis e inclusivos.
permanência no emprego, ascensão profissional e reabili- § 5º A habilitação profissional e a reabilitação profis-
tação profissional, bem como exigência de aptidão plena. sional devem ocorrer articuladas com as redes públicas e
§ 4º A pessoa com deficiência tem direito à participa- privadas, especialmente de saúde, de ensino e de assis-
ção e ao acesso a cursos, treinamentos, educação conti- tência social, em todos os níveis e modalidades, em enti-
nuada, planos de carreira, promoções, bonificações e in- dades de formação profissional ou diretamente com o
centivos profissionais oferecidos pelo empregador, em empregador.
igualdade de oportunidades com os demais empregados. § 6º A habilitação profissional pode ocorrer em empre-
§ 5º É garantida aos trabalhadores com deficiência sas por meio de prévia formalização do contrato de em-
acessibilidade em cursos de formação e de capacitação. prego da pessoa com deficiência, que será considerada
para o cumprimento da reserva de vagas prevista em lei,
desde que por tempo determinado e concomitante com a
inclusão profissional na empresa, observado o disposto
em regulamento.
§ 7º A habilitação profissional e a reabilitação profis- para a garantia de seguranças fundamentais no enfren-
sional atenderão à pessoa com deficiência. tamento de situações de vulnerabilidade e de risco, por
fragilização de vínculos e ameaça ou violação de direitos.
Seção III § 2º Os serviços socioassistenciais destinados à pes-
Da Inclusão da Pessoa com Deficiência no Trabalho soa com deficiência em situação de dependência deverão
contar com cuidadores sociais para prestar-lhe cuidados
básicos e instrumentais.
Art. 37. Constitui modo de inclusão da pessoa com de-
ficiência no trabalho a colocação competitiva, em igual-
dade de oportunidades com as demais pessoas, nos ter- Art. 40. É assegurado à pessoa com deficiência que
mos da legislação trabalhista e previdenciária, na qual não possua meios para prover sua subsistência nem de
devem ser atendidas as regras de acessibilidade, o forne- tê-la provida por sua família o benefício mensal de 1 (um)
cimento de recursos de tecnologia assistiva e a adapta- salário-mínimo, nos termos da Lei nº 8.742, de 7 de de-
ção razoável no ambiente de trabalho. zembro de 1993 .
Parágrafo único. A colocação competitiva da pessoa
com deficiência pode ocorrer por meio de trabalho com CAPÍTULO VIII
apoio, observadas as seguintes diretrizes: DO DIREITO À PREVIDÊNCIA SOCIAL
I - prioridade no atendimento à pessoa com deficiência
com maior dificuldade de inserção no campo de trabalho; Art. 41. A pessoa com deficiência segurada do Regime
II - provisão de suportes individualizados que atendam Geral de Previdência Social (RGPS) tem direito à aposen-
a necessidades específicas da pessoa com deficiência, tadoria nos termos da Lei Complementar nº 142, de 8 de
inclusive a disponibilização de recursos de tecnologia maio de 2013 .
assistiva, de agente facilitador e de apoio no ambiente de
trabalho; CAPÍTULO IX
III - respeito ao perfil vocacional e ao interesse da pes- DO DIREITO À CULTURA, AO ESPORTE,
soa com deficiência apoiada;
AO TURISMO E AO LAZER
IV - oferta de aconselhamento e de apoio aos empre-
gadores, com vistas à definição de estratégias de inclu-
Art. 42. A pessoa com deficiência tem direito à cultura,
são e de superação de barreiras, inclusive atitudinais;
ao esporte, ao turismo e ao lazer em igualdade de oportu-
V - realização de avaliações periódicas;
nidades com as demais pessoas, sendo-lhe garantido o
VI - articulação intersetorial das políticas públicas; acesso:
VII - possibilidade de participação de organizações da I - a bens culturais em formato acessível;
sociedade civil.
II - a programas de televisão, cinema, teatro e outras
atividades culturais e desportivas em formato acessível; e
Art. 38. A entidade contratada para a realização de III - a monumentos e locais de importância cultural e a
processo seletivo público ou privado para cargo, função espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e
ou emprego está obrigada à observância do disposto esportivos.
nesta Lei e em outras normas de acessibilidade vigentes.
§ 1º É vedada a recusa de oferta de obra intelectual
em formato acessível à pessoa com deficiência, sob
CAPÍTULO VII qualquer argumento, inclusive sob a alegação de proteção
DO DIREITO À ASSISTÊNCIA SOCIAL dos direitos de propriedade intelectual.
§ 2º O poder público deve adotar soluções destinadas
Art. 39. Os serviços, os programas, os projetos e os à eliminação, à redução ou à superação de barreiras para
benefícios no âmbito da política pública de assistência a promoção do acesso a todo patrimônio cultural, obser-
social à pessoa com deficiência e sua família têm como vadas as normas de acessibilidade, ambientais e de pro-
objetivo a garantia da segurança de renda, da acolhida, da teção do patrimônio histórico e artístico nacional.
habilitação e da reabilitação, do desenvolvimento da au-
tonomia e da convivência familiar e comunitária, para a Art. 43. O poder público deve promover a participação
promoção do acesso a direitos e da plena participação da pessoa com deficiência em atividades artísticas, inte-
social. lectuais, culturais, esportivas e recreativas, com vistas ao
§ 1º A assistência social à pessoa com deficiência, seu protagonismo, devendo:
nos termos do caput deste artigo, deve envolver conjunto I - incentivar a provisão de instrução, de treinamento e
articulado de serviços do âmbito da Proteção Social Bási- de recursos adequados, em igualdade de oportunidades
ca e da Proteção Social Especial, ofertados pelo Suas, com as demais pessoas;
II - assegurar acessibilidade nos locais de eventos e tórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 (uma) unidade
nos serviços prestados por pessoa ou entidade envolvida acessível.
na organização das atividades de que trata este artigo; e § 2º Os dormitórios mencionados no § 1º deste artigo
III - assegurar a participação da pessoa com deficiên- deverão ser localizados em rotas acessíveis.
cia em jogos e atividades recreativas, esportivas, de lazer,
culturais e artísticas, inclusive no sistema escolar, em CAPÍTULO X
igualdade de condições com as demais pessoas.
DO DIREITO AO TRANSPORTE E À MOBILIDADE

Art. 44. Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, gi-


Art. 46. O direito ao transporte e à mobilidade da pes-
násios de esporte, locais de espetáculos e de conferên-
soa com deficiência ou com mobilidade reduzida será
cias e similares, serão reservados espaços livres e assen-
assegurado em igualdade de oportunidades com as de-
tos para a pessoa com deficiência, de acordo com a ca-
mais pessoas, por meio de identificação e de eliminação
pacidade de lotação da edificação, observado o disposto
de todos os obstáculos e barreiras ao seu acesso.
em regulamento.
§ 1º Para fins de acessibilidade aos serviços de trans-
§ 1º Os espaços e assentos a que se refere este artigo
porte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, em todas as
devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, de
jurisdições, consideram-se como integrantes desses ser-
boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos cor-
viços os veículos, os terminais, as estações, os pontos de
redores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas se-
parada, o sistema viário e a prestação do serviço.
gregadas de público e obstrução das saídas, em confor-
§ 2º São sujeitas ao cumprimento das disposições
midade com as normas de acessibilidade.
desta Lei, sempre que houver interação com a matéria
§ 2º No caso de não haver comprovada procura pelos
nela regulada, a outorga, a concessão, a permissão, a
assentos reservados, esses podem, excepcionalmente,
autorização, a renovação ou a habilitação de linhas e de
ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não
serviços de transporte coletivo.
tenham mobilidade reduzida, observado o disposto em
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de aces-
regulamento.
so nos veículos, as empresas de transporte coletivo de
§ 3º Os espaços e assentos a que se refere este artigo
passageiros dependem da certificação de acessibilidade
devem situar-se em locais que garantam a acomodação
emitida pelo gestor público responsável pela prestação do
de, no mínimo, 1 (um) acompanhante da pessoa com de-
serviço.
ficiência ou com mobilidade reduzida, resguardado o di-
reito de se acomodar proximamente a grupo familiar e
comunitário. Art. 47. Em todas as áreas de estacionamento aberto
ao público, de uso público ou privado de uso coletivo e em
§ 4º Nos locais referidos no caput deste artigo, deve
vias públicas, devem ser reservadas vagas próximas aos
haver, obrigatoriamente, rotas de fuga e saídas de emer-
acessos de circulação de pedestres, devidamente sinali-
gência acessíveis, conforme padrões das normas de
zadas, para veículos que transportem pessoa com defici-
acessibilidade, a fim de permitir a saída segura da pessoa
ência com comprometimento de mobilidade, desde que
com deficiência ou com mobilidade reduzida, em caso de
devidamente identificados.
emergência.
§ 1º As vagas a que se refere o caput deste artigo de-
§ 5º Todos os espaços das edificações previstas no
vem equivaler a 2% (dois por cento) do total, garantida, no
caput deste artigo devem atender às normas de acessibi-
mínimo, 1 (uma) vaga devidamente sinalizada e com as
lidade em vigor.
especificações de desenho e traçado de acordo com as
§ 6º As salas de cinema devem oferecer, em todas as
normas técnicas vigentes de acessibilidade.
sessões, recursos de acessibilidade para a pessoa com
§ 2º Os veículos estacionados nas vagas reservadas
deficiência. (Vigência)
devem exibir, em local de ampla visibilidade, a credencial
§ 7º O valor do ingresso da pessoa com deficiência
de beneficiário, a ser confeccionada e fornecida pelos
não poderá ser superior ao valor cobrado das demais
órgãos de trânsito, que disciplinarão suas características
pessoas.
e condições de uso.
§ 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
Art. 45. Os hotéis, pousadas e similares devem ser artigo sujeita os infratores às sanções previstas no inciso
construídos observando-se os princípios do desenho uni- XVII do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
versal, além de adotar todos os meios de acessibilidade, 1997 (Código de Trânsito Brasileiro) .
conforme legislação em vigor. (Vigência)(Reglamento)
§ 3º A utilização indevida das vagas de que trata este
§ 1º Os estabelecimentos já existentes deverão dispo- artigo sujeita os infratores às sanções previstas no inciso
nibilizar, pelo menos, 10% (dez por cento) de seus dormi- XX do art. 181 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997
(Código de Trânsito Brasileiro) .(Redação dada pela Lei nº TÍTULO III
13.281, de 2016) (Vigência) DA ACESSIBILIDADE
§ 4º A credencial a que se refere o § 2º deste artigo é
vinculada à pessoa com deficiência que possui compro- CAPÍTULO I
metimento de mobilidade e é válida em todo o território
DISPOSIÇÕES GERAIS
nacional.

Art. 53. A acessibilidade é direito que garante à pessoa


Art. 48. Os veículos de transporte coletivo terrestre,
com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de for-
aquaviário e aéreo, as instalações, as estações, os portos
ma independente e exercer seus direitos de cidadania e
e os terminais em operação no País devem ser acessíveis,
de participação social.
de forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.
§ 1º Os veículos e as estruturas de que trata o caput
Art. 54. São sujeitas ao cumprimento das disposições
deste artigo devem dispor de sistema de comunicação
desta Lei e de outras normas relativas à acessibilidade,
acessível que disponibilize informações sobre todos os
sempre que houver interação com a matéria nela regula-
pontos do itinerário.
da:
§ 2º São asseguradas à pessoa com deficiência priori-
I - a aprovação de projeto arquitetônico e urbanístico
dade e segurança nos procedimentos de embarque e de
ou de comunicação e informação, a fabricação de veícu-
desembarque nos veículos de transporte coletivo, de
los de transporte coletivo, a prestação do respectivo ser-
acordo com as normas técnicas.
viço e a execução de qualquer tipo de obra, quando te-
§ 3º Para colocação do símbolo internacional de aces-
nham destinação pública ou coletiva;
so nos veículos, as empresas de transporte coletivo de
II - a outorga ou a renovação de concessão, permissão,
passageiros dependem da certificação de acessibilidade
autorização ou habilitação de qualquer natureza;
emitida pelo gestor público responsável pela prestação do
serviço. III - a aprovação de financiamento de projeto com utili-
zação de recursos públicos, por meio de renúncia ou de
incentivo fiscal, contrato, convênio ou instrumento con-
Art. 49. As empresas de transporte de fretamento e de
gênere; e
turismo, na renovação de suas frotas, são obrigadas ao
IV - a concessão de aval da União para obtenção de
cumprimento do disposto nos arts. 46 e 48 desta Lei.
empréstimo e de financiamento internacionais por entes
(Vigência)
públicos ou privados.

Art. 50. O poder público incentivará a fabricação de ve-


Art. 55. A concepção e a implantação de projetos que
ículos acessíveis e a sua utilização como táxis e vans , de
tratem do meio físico, de transporte, de informação e co-
forma a garantir o seu uso por todas as pessoas.
municação, inclusive de sistemas e tecnologias da infor-
mação e comunicação, e de outros serviços, equipamen-
Art. 51. As frotas de empresas de táxi devem reservar tos e instalações abertos ao público, de uso público ou
10% (dez por cento) de seus veículos acessíveis à pessoa privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na
com deficiência. (Vide Decreto nº 9.762, de 2019) (Vigên- rural, devem atender aos princípios do desenho universal,
cia) tendo como referência as normas de acessibilidade.
§ 1º É proibida a cobrança diferenciada de tarifas ou § 1º O desenho universal será sempre tomado como
de valores adicionais pelo serviço de táxi prestado à pes- regra de caráter geral.
soa com deficiência.
§ 2º Nas hipóteses em que comprovadamente o dese-
§ 2º O poder público é autorizado a instituir incentivos nho universal não possa ser empreendido, deve ser ado-
fiscais com vistas a possibilitar a acessibilidade dos veí- tada adaptação razoável.
culos a que se refere o caput deste artigo.
§ 3º Caberá ao poder público promover a inclusão de
conteúdos temáticos referentes ao desenho universal nas
Art. 52. As locadoras de veículos são obrigadas a ofe- diretrizes curriculares da educação profissional e tecno-
recer 1 (um) veículo adaptado para uso de pessoa com lógica e do ensino superior e na formação das carreiras
deficiência, a cada conjunto de 20 (vinte) veículos de sua de Estado.
frota. (Vide Decreto nº 9.762, de 2019)(Vigência) § 4º Os programas, os projetos e as linhas de pesquisa
Parágrafo único. O veículo adaptado deverá ter, no mí- a serem desenvolvidos com o apoio de organismos públi-
nimo, câmbio automático, direção hidráulica, vidros elétri- cos de auxílio à pesquisa e de agências de fomento deve-
cos e comandos manuais de freio e de embreagem. rão incluir temas voltados para o desenho universal.
§ 5º Desde a etapa de concepção, as políticas públicas dezembro de 2000 , nº 10.257, de 10 de julho de 2001 , e
deverão considerar a adoção do desenho universal. nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012 :
I - os planos diretores municipais, os planos diretores
Art. 56. A construção, a reforma, a ampliação ou a mu- de transporte e trânsito, os planos de mobilidade urbana e
dança de uso de edificações abertas ao público, de uso os planos de preservação de sítios históricos elaborados
público ou privadas de uso coletivo deverão ser executa- ou atualizados a partir da publicação desta Lei;
das de modo a serem acessíveis. II - os códigos de obras, os códigos de postura, as leis
§ 1º As entidades de fiscalização profissional das ati- de uso e ocupação do solo e as leis do sistema viário;
vidades de Engenharia, de Arquitetura e correlatas, ao III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
anotarem a responsabilidade técnica de projetos, devem IV - as atividades de fiscalização e a imposição de
exigir a responsabilidade profissional declarada de aten- sanções; e
dimento às regras de acessibilidade previstas em legisla- V - a legislação referente à prevenção contra incêndio
ção e em normas técnicas pertinentes. e pânico.
§ 2º Para a aprovação, o licenciamento ou a emissão § 1º A concessão e a renovação de alvará de funcio-
de certificado de projeto executivo arquitetônico, urbanís- namento para qualquer atividade são condicionadas à
tico e de instalações e equipamentos temporários ou observação e à certificação das regras de acessibilidade.
permanentes e para o licenciamento ou a emissão de
§ 2º A emissão de carta de habite-se ou de habilitação
certificado de conclusão de obra ou de serviço, deve ser
equivalente e sua renovação, quando esta tiver sido emi-
atestado o atendimento às regras de acessibilidade.
tida anteriormente às exigências de acessibilidade, é con-
§ 3º O poder público, após certificar a acessibilidade dicionada à observação e à certificação das regras de
de edificação ou de serviço, determinará a colocação, em acessibilidade.
espaços ou em locais de ampla visibilidade, do símbolo
internacional de acesso, na forma prevista em legislação
Art. 61. A formulação, a implementação e a manuten-
e em normas técnicas correlatas.
ção das ações de acessibilidade atenderão às seguintes
premissas básicas:
Art. 57. As edificações públicas e privadas de uso co-
I - eleição de prioridades, elaboração de cronograma e
letivo já existentes devem garantir acessibilidade à pes-
reserva de recursos para implementação das ações; e
soa com deficiência em todas as suas dependências e
II - planejamento contínuo e articulado entre os setores
serviços, tendo como referência as normas de acessibili-
envolvidos.
dade vigentes.

Art. 62. É assegurado à pessoa com deficiência, medi-


Art. 58. O projeto e a construção de edificação de uso
ante solicitação, o recebimento de contas, boletos, reci-
privado multifamiliar devem atender aos preceitos de
bos, extratos e cobranças de tributos em formato acessí-
acessibilidade, na forma regulamentar.
vel.
§ 1º As construtoras e incorporadoras responsáveis
pelo projeto e pela construção das edificações a que se
refere o caput deste artigo devem assegurar percentual CAPÍTULO II
mínimo de suas unidades internamente acessíveis, na DO ACESSO À INFORMAÇÃO E À COMUNICAÇÃO
forma regulamentar.
§ 2º É vedada a cobrança de valores adicionais para a Art. 63. É obrigatória a acessibilidade nos sítios da in-
aquisição de unidades internamente acessíveis a que se ternet mantidos por empresas com sede ou representa-
refere o § 1º deste artigo. ção comercial no País ou por órgãos de governo, para uso
da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às in-
Art. 59. Em qualquer intervenção nas vias e nos espa- formações disponíveis, conforme as melhores práticas e
ços públicos, o poder público e as empresas concessioná- diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.
rias responsáveis pela execução das obras e dos serviços § 1º Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade
devem garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e a em destaque.
livre circulação e acessibilidade das pessoas, durante e § 2º Telecentros comunitários que receberem recursos
após sua execução. públicos federais para seu custeio ou sua instalação e lan
houses devem possuir equipamentos e instalações aces-
Art. 60. Orientam-se, no que couber, pelas regras de síveis.
acessibilidade previstas em legislação e em normas téc- § 3º Os telecentros e as lan houses de que trata o § 2º
nicas, observado o disposto na Lei nº 10.098, de 19 de deste artigo devem garantir, no mínimo, 10% (dez por cen-
to) de seus computadores com recursos de acessibilidade
para pessoa com deficiência visual, sendo assegurado com deficiência, em caso de sua utilização, aplicando-se,
pelo menos 1 (um) equipamento, quando o resultado per- no que couber, os arts. 30 a 41 da Lei nº 8.078, de 11 de
centual for inferior a 1 (um). setembro de 1990 .
§ 1º Os canais de comercialização virtual e os anún-
Art. 64. A acessibilidade nos sítios da internet de que cios publicitários veiculados na imprensa escrita, na in-
trata o art. 63 desta Lei deve ser observada para obtenção ternet, no rádio, na televisão e nos demais veículos de
do financiamento de que trata o inciso III do art. 54 desta comunicação abertos ou por assinatura devem disponibi-
Lei. lizar, conforme a compatibilidade do meio, os recursos de
acessibilidade de que trata o art. 67 desta Lei, a expensas
do fornecedor do produto ou do serviço, sem prejuízo da
Art. 65. As empresas prestadoras de serviços de tele-
observância do disposto nosarts. 36 a 38 da Lei nº 8.078,
comunicações deverão garantir pleno acesso à pessoa
de 11 de setembro de 1990 .
com deficiência, conforme regulamentação específica.
§ 2º Os fornecedores devem disponibilizar, mediante
solicitação, exemplares de bulas, prospectos, textos ou
Art. 66. Cabe ao poder público incentivar a oferta de
qualquer outro tipo de material de divulgação em formato
aparelhos de telefonia fixa e móvel celular com acessibili-
acessível.
dade que, entre outras tecnologias assistivas, possuam
possibilidade de indicação e de ampliação sonoras de
todas as operações e funções disponíveis.Art. 67. Os ser- Art. 70. As instituições promotoras de congressos,
viços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o seminários, oficinas e demais eventos de natureza cientí-
uso dos seguintes recursos, entre outros: fico-cultural devem oferecer à pessoa com deficiência, no
mínimo, os recursos de tecnologia assistiva previstos no
I - subtitulação por meio de legenda oculta;
art. 67 desta Lei.
II - janela com intérprete da Libras;
III – audiodescrição.
Art. 71. Os congressos, os seminários, as oficinas e os
demais eventos de natureza científico-cultural promovi-
Art. 68. O poder público deve adotar mecanismos de dos ou financiados pelo poder público devem garantir as
incentivo à produção, à edição, à difusão, à distribuição e condições de acessibilidade e os recursos de tecnologia
à comercialização de livros em formatos acessíveis, in- assistiva.
clusive em publicações da administração pública ou fi-
nanciadas com recursos públicos, com vistas a garantir à
Art. 72. Os programas, as linhas de pesquisa e os pro-
pessoa com deficiência o direito de acesso à leitura, à
jetos a serem desenvolvidos com o apoio de agências de
informação e à comunicação.
financiamento e de órgãos e entidades integrantes da
§ 1º Nos editais de compras de livros, inclusive para o
administração pública que atuem no auxílio à pesquisa
abastecimento ou a atualização de acervos de bibliotecas
devem contemplar temas voltados à tecnologia assistiva.
em todos os níveis e modalidades de educação e de bibli-
otecas públicas, o poder público deverá adotar cláusulas
de impedimento à participação de editoras que não ofer- Art. 73. Caberá ao poder público, diretamente ou em
tem sua produção também em formatos acessíveis. parceria com organizações da sociedade civil, promover a
capacitação de tradutores e intérpretes da Libras, de
§ 2º Consideram-se formatos acessíveis os arquivos
guias intérpretes e de profissionais habilitados em Braille,
digitais que possam ser reconhecidos e acessados por
audiodescrição, estenotipia e legendagem.
softwares leitores de telas ou outras tecnologias assisti-
vas que vierem a substituí-los, permitindo leitura com voz
sintetizada, ampliação de caracteres, diferentes contras- CAPÍTULO III
tes e impressão em Braille. DA TECNOLOGIA ASSISTIVA
§ 3º O poder público deve estimular e apoiar a adapta-
ção e a produção de artigos científicos em formato aces- Art. 74. É garantido à pessoa com deficiência acesso a
sível, inclusive em Libras. produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, mé-
todos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem
Art. 69. O poder público deve assegurar a disponibili- sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida.
dade de informações corretas e claras sobre os diferentes
produtos e serviços ofertados, por quaisquer meios de Art. 75. O poder público desenvolverá plano específico
comunicação empregados, inclusive em ambiente virtual, de medidas, a ser renovado em cada período de 4 (quatro)
contendo a especificação correta de quantidade, qualida- anos, com a finalidade de:
de, características, composição e preço, bem como sobre
os eventuais riscos à saúde e à segurança do consumidor
I - facilitar o acesso a crédito especializado, inclusive na condução das questões públicas, sem discriminação e
com oferta de linhas de crédito subsidiadas, específicas em igualdade de oportunidades, observado o seguinte:
para aquisição de tecnologia assistiva; I - participação em organizações não governamentais
II - agilizar, simplificar e priorizar procedimentos de relacionadas à vida pública e à política do País e em ativi-
importação de tecnologia assistiva, especialmente as dades e administração de partidos políticos;
questões atinentes a procedimentos alfandegários e sani- II - formação de organizações para representar a pes-
tários; soa com deficiência em todos os níveis;
III - criar mecanismos de fomento à pesquisa e à pro- III - participação da pessoa com deficiência em organi-
dução nacional de tecnologia assistiva, inclusive por meio zações que a representem.
de concessão de linhas de crédito subsidiado e de parce-
rias com institutos de pesquisa oficiais;
TÍTULO IV
IV - eliminar ou reduzir a tributação da cadeia produti-
DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA
va e de importação de tecnologia assistiva;
V - facilitar e agilizar o processo de inclusão de novos
Art. 77. O poder público deve fomentar o desenvolvi-
recursos de tecnologia assistiva no rol de produtos distri-
mento científico, a pesquisa e a inovação e a capacitação
buídos no âmbito do SUS e por outros órgãos governa-
tecnológicas, voltados à melhoria da qualidade de vida e
mentais.
ao trabalho da pessoa com deficiência e sua inclusão
Parágrafo único. Para fazer cumprir o disposto neste
social.
artigo, os procedimentos constantes do plano específico
§ 1º O fomento pelo poder público deve priorizar a ge-
de medidas deverão ser avaliados, pelo menos, a cada 2
ração de conhecimentos e técnicas que visem à preven-
(dois) anos.
ção e ao tratamento de deficiências e ao desenvolvimento
de tecnologias assistiva e social.
CAPÍTULO IV
§ 2º A acessibilidade e as tecnologias assistiva e soci-
DO DIREITO À PARTICIPAÇÃO NA VIDA al devem ser fomentadas mediante a criação de cursos de
PÚBLICA E POLÍTICA pós-graduação, a formação de recursos humanos e a
inclusão do tema nas diretrizes de áreas do conhecimen-
Art. 76. O poder público deve garantir à pessoa com to.
deficiência todos os direitos políticos e a oportunidade de § 3º Deve ser fomentada a capacitação tecnológica de
exercê-los em igualdade de condições com as demais instituições públicas e privadas para o desenvolvimento
pessoas. de tecnologias assistiva e social que sejam voltadas para
§ 1º À pessoa com deficiência será assegurado o direi- melhoria da funcionalidade e da participação social da
to de votar e de ser votada, inclusive por meio das seguin- pessoa com deficiência.
tes ações: § 4º As medidas previstas neste artigo devem ser rea-
I - garantia de que os procedimentos, as instalações, valiadas periodicamente pelo poder público, com vistas
os materiais e os equipamentos para votação sejam ao seu aperfeiçoamento.
apropriados, acessíveis a todas as pessoas e de fácil
compreensão e uso, sendo vedada a instalação de seções Art. 78. Devem ser estimulados a pesquisa, o desen-
eleitorais exclusivas para a pessoa com deficiência; volvimento, a inovação e a difusão de tecnologias volta-
II - incentivo à pessoa com deficiência a candidatar-se das para ampliar o acesso da pessoa com deficiência às
e a desempenhar quaisquer funções públicas em todos os tecnologias da informação e comunicação e às tecnologi-
níveis de governo, inclusive por meio do uso de novas as sociais.
tecnologias assistivas, quando apropriado; Parágrafo único. Serão estimulados, em especial:
III - garantia de que os pronunciamentos oficiais, a I - o emprego de tecnologias da informação e comuni-
propaganda eleitoral obrigatória e os debates transmiti- cação como instrumento de superação de limitações
dos pelas emissoras de televisão possuam, pelo menos, funcionais e de barreiras à comunicação, à informação, à
os recursos elencados no art. 67 desta Lei; educação e ao entretenimento da pessoa com deficiência;
IV - garantia do livre exercício do direito ao voto e, para II - a adoção de soluções e a difusão de normas que vi-
tanto, sempre que necessário e a seu pedido, permissão sem a ampliar a acessibilidade da pessoa com deficiência
para que a pessoa com deficiência seja auxiliada na vota- à computação e aos sítios da internet, em especial aos
ção por pessoa de sua escolha. serviços de governo eletrônico.
§ 2º O poder público promoverá a participação da pes-
soa com deficiência, inclusive quando institucionalizada,
LIVRO II CAPÍTULO II
PARTE ESPECIAL DO RECONHECIMENTO IGUAL PERANTE A LEI

TÍTULO I Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o


DO ACESSO À JUSTIÇA direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade
de condições com as demais pessoas.
CAPÍTULO I § 1º Quando necessário, a pessoa com deficiência se-
rá submetida à curatela, conforme a lei.
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2º É facultado à pessoa com deficiência a adoção de
processo de tomada de decisão apoiada.
Art. 79. O poder público deve assegurar o acesso da
§ 3º A definição de curatela de pessoa com deficiência
pessoa com deficiência à justiça, em igualdade de opor-
constitui medida protetiva extraordinária, proporcional às
tunidades com as demais pessoas, garantindo, sempre
necessidades e às circunstâncias de cada caso, e durará
que requeridos, adaptações e recursos de tecnologia as-
o menor tempo possível.
sistiva.
§ 4º Os curadores são obrigados a prestar, anualmen-
§ 1º A fim de garantir a atuação da pessoa com defici-
te, contas de sua administração ao juiz, apresentando o
ência em todo o processo judicial, o poder público deve
balanço do respectivo ano.
capacitar os membros e os servidores que atuam no Po-
der Judiciário, no Ministério Público, na Defensoria Públi-
ca, nos órgãos de segurança pública e no sistema peni- Art. 85. A curatela afetará tão somente os atos relaci-
tenciário quanto aos direitos da pessoa com deficiência. onados aos direitos de natureza patrimonial e negocial.
§ 2º Devem ser assegurados à pessoa com deficiência § 1º A definição da curatela não alcança o direito ao
submetida a medida restritiva de liberdade todos os direi- próprio corpo, à sexualidade, ao matrimônio, à privacida-
tos e garantias a que fazem jus os apenados sem defici- de, à educação, à saúde, ao trabalho e ao voto.
ência, garantida a acessibilidade. § 2º A curatela constitui medida extraordinária, deven-
§ 3º A Defensoria Pública e o Ministério Público toma- do constar da sentença as razões e motivações de sua
rão as medidas necessárias à garantia dos direitos previs- definição, preservados os interesses do curatelado.
tos nesta Lei. § 3º No caso de pessoa em situação de institucionali-
zação, ao nomear curador, o juiz deve dar preferência a
Art. 80. Devem ser oferecidos todos os recursos de pessoa que tenha vínculo de natureza familiar, afetiva ou
tecnologia assistiva disponíveis para que a pessoa com comunitária com o curatelado.
deficiência tenha garantido o acesso à justiça, sempre
que figure em um dos polos da ação ou atue como teste- Art. 86. Para emissão de documentos oficiais, não será
munha, partícipe da lide posta em juízo, advogado, defen- exigida a situação de curatela da pessoa com deficiência.
sor público, magistrado ou membro do Ministério Público.
Parágrafo único. A pessoa com deficiência tem garan- Art. 87. Em casos de relevância e urgência e a fim de
tido o acesso ao conteúdo de todos os atos processuais proteger os interesses da pessoa com deficiência em
de seu interesse, inclusive no exercício da advocacia. situação de curatela, será lícito ao juiz, ouvido o Ministé-
rio Público, de oficio ou a requerimento do interessado,
Art. 81. Os direitos da pessoa com deficiência serão nomear, desde logo, curador provisório, o qual estará su-
garantidos por ocasião da aplicação de sanções penais. jeito, no que couber, às disposições do Código de Proces-
so Civil .
Art. 82. (VETADO).
TÍTULO II
Art. 83. Os serviços notariais e de registro não podem DOS CRIMES E DAS INFRAÇÕES ADMINISTRATIVAS
negar ou criar óbices ou condições diferenciadas à pres-
tação de seus serviços em razão de deficiência do solici- Art. 88. Praticar, induzir ou incitar discriminação de
tante, devendo reconhecer sua capacidade legal plena, pessoa em razão de sua deficiência:
garantida a acessibilidade. Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
Parágrafo único. O descumprimento do disposto no § 1º Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) se a vítima
caput deste artigo constitui discriminação em razão de encontrar-se sob cuidado e responsabilidade do agente.
deficiência.
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput deste blico eletrônico com a finalidade de coletar, processar,
artigo é cometido por intermédio de meios de comunica- sistematizar e disseminar informações georreferenciadas
ção social ou de publicação de qualquer natureza: que permitam a identificação e a caracterização socioe-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. conômica da pessoa com deficiência, bem como das bar-
§ 3º Na hipótese do § 2º deste artigo, o juiz poderá de- reiras que impedem a realização de seus direitos.
terminar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, § 1º O Cadastro-Inclusão será administrado pelo Poder
ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobedi- Executivo federal e constituído por base de dados, ins-
ência: trumentos, procedimentos e sistemas eletrônicos.
I - recolhimento ou busca e apreensão dos exemplares § 2º Os dados constituintes do Cadastro-Inclusão se-
do material discriminatório; rão obtidos pela integração dos sistemas de informação e
II - interdição das respectivas mensagens ou páginas da base de dados de todas as políticas públicas relacio-
de informação na internet. nadas aos direitos da pessoa com deficiência, bem como
por informações coletadas, inclusive em censos nacio-
§ 4º Na hipótese do § 2º deste artigo, constitui efeito
nais e nas demais pesquisas realizadas no País, de acor-
da condenação, após o trânsito em julgado da decisão, a
do com os parâmetros estabelecidos pela Convenção
destruição do material apreendido.
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Pro-
tocolo Facultativo.
Art. 89. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos,
§ 3º Para coleta, transmissão e sistematização de da-
pensão, benefícios, remuneração ou qualquer outro ren-
dos, é facultada a celebração de convênios, acordos, ter-
dimento de pessoa com deficiência:
mos de parceria ou contratos com instituições públicas e
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. privadas, observados os requisitos e procedimentos pre-
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) vistos em legislação específica.
se o crime é cometido: § 4º Para assegurar a confidencialidade, a privacidade
I - por tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, e as liberdades fundamentais da pessoa com deficiência
testamenteiro ou depositário judicial; ou e os princípios éticos que regem a utilização de informa-
II - por aquele que se apropriou em razão de ofício ou ções, devem ser observadas as salvaguardas estabeleci-
de profissão. das em lei.
§ 5º Os dados do Cadastro-Inclusão somente poderão
Art. 90. Abandonar pessoa com deficiência em hospi- ser utilizados para as seguintes finalidades:
tais, casas de saúde, entidades de abrigamento ou con- I - formulação, gestão, monitoramento e avaliação das
gêneres: políticas públicas para a pessoa com deficiência e para
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e identificar as barreiras que impedem a realização de seus
multa. direitos;
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem não II - realização de estudos e pesquisas.
prover as necessidades básicas de pessoa com deficiên- § 6º As informações a que se refere este artigo devem
cia quando obrigado por lei ou mandado. ser disseminadas em formatos acessíveis.

Art. 91. Reter ou utilizar cartão magnético, qualquer Art. 93. Na realização de inspeções e de auditorias pe-
meio eletrônico ou documento de pessoa com deficiência los órgãos de controle interno e externo, deve ser obser-
destinados ao recebimento de benefícios, proventos, pen- vado o cumprimento da legislação relativa à pessoa com
sões ou remuneração ou à realização de operações finan- deficiência e das normas de acessibilidade vigentes.
ceiras, com o fim de obter vantagem indevida para si ou
para outrem: Art. 94. Terá direito a auxílio-inclusão, nos termos da
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e lei, a pessoa com deficiência moderada ou grave que:
multa. I - receba o benefício de prestação continuada previsto
Parágrafo único. Aumenta-se a pena em 1/3 (um terço) no art. 20 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e
se o crime é cometido por tutor ou curador. que passe a exercer atividade remunerada que a enquadre
como segurado obrigatório do RGPS;
TÍTULO III II - tenha recebido, nos últimos 5 (cinco) anos, o bene-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS fício de prestação continuada previsto no art. 20 da Lei nº
8.742, de 7 de dezembro de 1993 , e que exerça atividade
remunerada que a enquadre como segurado obrigatório
Art. 92. É criado o Cadastro Nacional de Inclusão da
do RGPS.
Pessoa com Deficiência (Cadastro-Inclusão), registro pú-
Art. 95. É vedado exigir o comparecimento de pessoa 03.A respeito da capacidade civil, levando em conta a Lei
com deficiência perante os órgãos públicos quando seu nº 13.146/2015:
deslocamento, em razão de sua limitação funcional e de A) O direito ao recebimento de atendimento prioritário
condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus despro- da pessoa com deficiência não abrange a tramita-
porcional e indevido, hipótese na qual serão observados ção processual e os procedimentos judiciais em que
os seguintes procedimentos: for parte ou interessada.
I - quando for de interesse do poder público, o agente B) A pessoa com deficiência – assim entendida aquela
promoverá o contato necessário com a pessoa com defi- que tem impedimento de longo prazo de natureza
ciência em sua residência; física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em in-
II - quando for de interesse da pessoa com deficiência, teração com uma ou mais barreiras, pode obstruir
ela apresentará solicitação de atendimento domiciliar ou sua participação plena e efetiva na sociedade em
fará representar-se por procurador constituído para essa igualdade de condições com as demais pessoas – é
finalidade. considerada capaz para casar-se e constituir união
estável, exercer direitos sexuais e reprodutivos e
Parágrafo único. É assegurado à pessoa com deficiên-
conservar sua fertilidade, mas não para exercer o di-
cia atendimento domiciliar pela perícia médica e social do
reito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção.
Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), pelo serviço
C) A menoridade cessa aos dezoito anos completos,
público de saúde ou pelo serviço privado de saúde, con-
quando a pessoa fica habilitada à prática de todos
tratado ou conveniado, que integre o SUS e pelas entida-
os atos da vida civil. Contudo, a incapacidade ces-
des da rede socio-assistencial integrantes do Suas, quan-
sará, para os menores, dentre outras hipóteses le-
do seu deslocamento, em razão de sua limitação funcio-
galmente elencadas, pelo desempenho de funções
nal e de condições de acessibilidade, imponha-lhe ônus
inerentes a cargo público comissionado ou de pro-
desproporcional e indevido.
vimento efetivo.
D) Qualquer pessoa com mais de dezesseis anos pode
casar, independentemente de autorização de seus
pais e representantes legais.
E) A curatela de pessoas com deficiência afetará tão
01.Ainda com referência à Lei nº 13.146/2015, que insti- somente os atos relacionados aos direitos de natu-
tui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Defici- reza patrimonial e negocial, isto é, sua definição não
ência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), o Art. 27 alcança o direito ao próprio corpo, à sexualidade, ao
dispõe que “A educação constitui direito da pessoa matrimônio, à privacidade, à educação, à saúde, ao
com deficiência, assegurados sistema educacional in- trabalho e ao voto.
clusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de
toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvol- 04.Leia o fragmento a seguir:
vimento possível de seus talentos e habilidades físi- A lei 13.146/2015, tem como base a Convenção sobre
cas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas os Direitos das Pessoas com Deficiência, é instituída a
características, interesses e ________________ (Estatuto da Pessoa com Deficiência),
A) faixa etária. destinada a assegurar e a promover, em condições
B) aspirações pessoais. de___________________, o exercício dos direitos e das li-
C) expectativas familiares. berdades fundamentais por pessoa com deficiência,
D) possibilidades econômicas. visando à sua____________ e cidadania.
E) necessidades de aprendizagem.
Assinale a opção que completa corretamente a lacuna
02. Ao estabelecer condições de alcance para pessoa com do fragmento acima:
deficiência ou com mobilidade reduzida utilizar, com A) Lei do Intérprete Libras/ ensino aprendizagem/ in-
segurança e autonomia, espaços, mobiliários, equipa- clusão educacional
mentos urbanos, edificações, transportes, informa- B) Lei da Libras /comunicação visual/ inclusão cultu-
ções e comunicação, inclusive seus sistemas e tecno- ral.
logias, bem como outros serviços e instalações aber- C) Lei da acessibilidade/ comunicação em libras/ lín-
tos ao público, de uso coletivo ou privado, tanto na zo- gua natural
na urbana quanto na rural, a legislação garante a pes- D) Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiên-
soa nessa situação o direito à: cia/ igualdade/ inclusão social
A) mobilidade. D) adaptação.
B) acessibilidade. E) inclusão. 05.A Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência estabele-
C) funcionalidade. ce, em relação aos direitos fundamentais do deficiente
que:
A) A pessoa com deficiência poderá ser obrigada a se 08.Segundo o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.
submeter a intervenção clínica ou cirúrgica, ressal- 13.146/2015) a pessoa com deficiência está obrigada
vado o tratamento ou a institucionalização forçada. à fruição de benefícios decorrentes de ação afirmativa.
B) À pessoa com deficiência internada ou em observa- C E
ção é assegurado o direito a acompanhante ou a
atendente pessoal, devendo o órgão ou a instituição 09.A educação constitui direito da pessoa com deficiên-
de saúde proporcionar condições adequadas para cia, assegurados sistema educacional inclusivo so-
sua permanência em tempo integral somente quan- mente no ensino fundamental e médio, de forma a al-
do em observação. cançar o máximo desenvolvimento possível de seus
C) Nos programas habitacionais, públicos ou subsidia- talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e
dos com recursos públicos, a pessoa com deficiên- sociais, segundo suas características, interesses e ne-
cia ou o seu responsável goza de prioridade na cessidades de aprendizagem.
aquisição de imóvel para moradia própria, no per- C E
centual mínimo de 10% das unidades habitacionais.
D) É assegurado à pessoa com deficiência que não 10.Em qualquer intervenção nas vias e nos espaços pú-
possua meios para prover sua subsistência nem de blicos, o poder público e as empresas concessionárias
tê-la provida por sua família o benefício mensal de responsáveis pela execução das obras e dos serviços
meio salário mínimo. devem garantir, de forma segura, a fluidez do trânsito e
E) Os hotéis, pousadas e similares devem ser constru- a livre circulação e acessibilidade das pessoas, duran-
ídos observando-se os princípios do desenho uni- te e após sua execução.
versal, além de adotar todos os meios de acessibili- C E
dade, disponibilizando, pelo menos, 10% de seus
dormitórios acessíveis, garantida, no mínimo, 1 uni- 11.A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência
dade acessível. (Lei Federal Nº 13.146, de 6 de julho de 2015) é desti-
nada a assegurar e a promover, em condições de
06.De acordo com os conceitos previstos no Estatuto da igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades
Pessoa com Deficiência − Lei n°13.146/15, é correto fundamentais da pessoa com deficiência, visando à
afirmar: sua inclusão social e cidadania.
A) Considera-se pessoa com deficiência aquela que
tem impedimento de longo prazo de natureza física, Sobre o direito à educação prevista na Lei, é incorreto
mental ou sensorial, excluídos os impedimentos de afirmar:
ordem intelectual. A) A educação constitui direito da pessoa com defici-
B) Acompanhante é aquele que acompanha a pessoa ência, assegurado sistema educacional inclusivo
com deficiência, podendo ou não desempenhar as em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda
funções de atendente pessoal. a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvi-
C) Tecnologia assistiva ou ajuda técnica são aquelas mento possível de seus talentos e habilidades físi-
que dificultam ou impedem o acesso da pessoa cas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas
com deficiência às tecnologias. características, interesses e necessidades de
D) Residências inclusivas são moradias com estrutu- aprendizagem.
ras adequadas capazes de proporcionar serviços de B) responsabilidade do poder público assegurar à pes-
apoio coletivos e individualizados que respeitem e soa com deficiência o acesso à educação superior e
ampliem o grau de autonomia de jovens e adultos à educação profissional e tecnológica em igualdade
com deficiência. de oportunidades e condições com as demais pes-
E) Barreiras arquitetônicas são aquelas existentes nas soas.
vias e nos espaços públicos e privados abertos ao C) Incumbe ao poder público assegurar, criar, desen-
público ou de uso coletivo. volver, implementar, incentivar, acompanhar e avali-
ar a oferta de profissionais de apoio escolar, com
07.A Lei n. 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Defici- formação superior em Pedagogia.
ência) determina o oferecimento de todos os recursos D) É vedada às instituições privadas, de qualquer nível
de tecnologia assistida disponíveis para que a pessoa e modalidade de ensino, a cobrança de valores adi-
com deficiência tenha garantido o acesso à justiça, cionais, de qualquer natureza em suas mensalida-
sempre que figure em um dos polos da ação ou parti- des, anuidades e matrículas, de alunos com neces-
cipe da lide posta em Juízo, salvo na condição de tes- sidades especiais.
temunha.
C E
12.O Art. 2º da Lei nº 13.146/2015, que institui a Lei Bra- C) utilizar, de forma privativa, 10% (dez por cento) das
sileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatu- vagas para automóveis em áreas de estacionamen-
to da Pessoa com Deficiência), dispõe que: “Conside- to aberto ao público, de uso público ou privado de
ra-se pessoa com deficiência aquela que tem impedi- uso coletivo e em vias públicas;
mento de longo prazo de natureza física, mental, inte- D) frequentar os prédios públicos, mediante utilização
lectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou de rampas ou elevadores que serão obrigatoriamen-
mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e te instalados nos órgãos públicos, que facultativa-
efetiva na sociedade em igualdade de condições com mente podem proporcionar a acessibilidade nos
as demais pessoas”. seus sítios da internet;
E) ser livremente incluída no trabalho, vedada a sua
De acordo com o § 1º desse artigo, a avaliação da de- colocação competitiva, em igualdade de oportuni-
ficiência, quando necessária, será dades com as demais pessoas, nos termos da legis-
A) biointelectossocial. lação trabalhista e previdenciária.
B) biopsicoambiental.
C) biopsicossocial. 15.A edição do Estatuto da Pessoa com Deficiência, Lei
D) socioambiental. Federal nº 13.146/2015, constitui importante passo
E) intelectossocial. para inclusão das pessoas com deficiência, para efeti-
vação do princípio da igualdade material, bem como
13.Julgue os itens a seguir, referentes ao Estatuto da para o fortalecimento e evolução do Estado Democrá-
Pessoa com Deficiência. tico de Direito.
I. Nos processos seletivos para ingresso em curso
oferecido por instituição de ensino superior privada, De acordo com o mencionado diploma legal, a pessoa
deve ser disponibilizada tradução completa do edi- com deficiência tem direito a receber atendimento pri-
tal em LIBRAS. oritário, sobretudo com a finalidade de:
II. As locadoras de veículos devem oferecer, em sua A) celeridade no andamento dos processos adminis-
frota, no mínimo, 5% de veículos adaptados, e estes trativos em geral, nas esferas municipal, estadual e
devem ter direção hidráulica. federal, no âmbito dos Poderes Executivo, Legislati-
III. Nos processos seletivos para instituição de ensino vo e Judiciário, exceto para fins de recebimento de
superior pública, é vedada a concessão de dilação restituição de imposto de renda;
de tempo para candidato com deficiência. B) atendimento em todas as instituições e serviços
IV. O poder público é obrigado a instituir políticas de médicos ao público, inclusive sendo dispensada a
acessibilidade por meio de incentivos fiscais para a observância aos protocolos de atendimento médico,
oferta de veículos acessíveis a pessoas com defici- em situação de serviços de emergência públicos e
ência. privados;
C) disponibilização de recursos, tanto humanos quan-
Estão certos apenas os itens to tecnológicos, que garantam atendimento em
A) I e II. igualdade de condições com as demais pessoas,
B) I e III. com prazo máximo de cinco dias para obter infor-
C) II e IV. mações e documentos em órgãos públicos;
D) I, III e IV. D) disponibilização de recursos, tanto humanos quan-
to tecnológicos, que garantam atendimento em
14.A Lei nº 13.146/2015 institui a Lei Brasileira de Inclu- igualdade de condições com as demais pessoas,
são da Pessoa com Deficiência destinada a assegurar não sendo tal direito extensivo ao acompanhante da
e a promover, em condições de igualdade, o exercício pessoa com deficiência ou ao seu atendente pesso-
dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa al;
com deficiência, visando à sua inclusão social e cida- E) tramitação processual e procedimentos judiciais e
dania. O citado estatuto legal estabelece que a pessoa administrativos em que for parte ou interessada, em
com deficiência tem direito a: todos os atos e diligências, não sendo tal direito ex-
A) receber atendimento prioritário, sobretudo com a fi- tensivo ao acompanhante da pessoa com deficiên-
nalidade de tramitação processual e procedimentos cia ou ao seu atendente pessoal.
judiciais e administrativos em que for parte ou inte-
ressada, em todos os atos e diligências; 16.Um Técnico Judiciário, no exercício de suas ativida-
B) ser beneficiada com isenções fiscais que compen- des, pratica discriminação contra um colega de serviço
sem as limitações decorrentes de sua deficiência, em razão de sua deficiência física. Nesse sentido, de
mas não tem prioridade no recebimento de restitui- acordo com a Lei n° 13.146/2016, o Técnico Judiciário
ção de imposto de renda; comete crime punível com pena de
A) reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. C) Telecentros comunitários não podem receber recur-
B) reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. sos públicos federais para seu custeio ou sua insta-
C) reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. lação e lan houses devem possuir equipamentos e
D) reclusão, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. instalações acessíveis.
E) reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. D) Os telecentros e as lan houses devem garantir, no
mínimo, 20% de seus computadores com recursos
17.Na história recente do Brasil, o legislador se dedicou a de acessibilidade para pessoa com deficiência vi-
disciplinar e a ampliar os direitos dos portadores de sual, sendo assegurado pelo menos 1 (um) equipa-
deficiência, estabelecendo uma rede de proteção. Mui- mento, quando o resultado percentual for inferior a
tos foram os diplomas legais editados nesse sentido 1 (um).
tal como a Lei Nº 13.146/2015.
19.A residência inclusiva, conforme prevista no Estatuto
Considerando a referida lei, no tocante à proteção legal da Pessoa com Deficiência, será oferecida à pessoa
do portador de deficiência, assinale a alternativa corre- com deficiência em situação de dependência que não
ta. disponha de condições de autossustentabilidade,
A) São absolutamente incapazes de exercer pessol- A) sem vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
mente os atos da vida civil os que, por enfermidade no âmbito do SUAS.
ou deficiência mental, não tiverem o necessário dis- B) com vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
cernimento para a prática desses atos. no âmbito do SUS.
B) O Poder Judiciário pode cobrar do usuário com de- C) sem vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
ficiência, mediante tarifa, a despesa extra que tiver no âmbito do SUS.
para lhe dar amplo acesso a prédios e serviços pú- D) com vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
blicos. no âmbito do SUAS.
C) A pesquisa científica envolvendo pessoa com defi- E) com vínculos familiares fragilizados ou rompidos,
ciência em situação de tutela ou de curatela deve no âmbito da Previdência Social.
ser realizada, em caráter excepcional, apenas quan-
do houver indícios de benefício direto para sua saú- 20.Segundo expressamente previsto na Constituição Fe-
de ou para a saúde de outras pessoas com defici- deral, constitui direito social da pessoa com deficiên-
ência e desde que não haja outra opção de pesquisa cia:
de eficácia comparável com participantes não tute- A) ter garantida cadeira de rodas ou outro veículo mo-
lados ou curatelados. torizado ou não para circulação em espaços públi-
D) É crime, punido com pena de a 4 anos de reclusão, cos.
negar à pessoa com deficiência visual acompanha- B) proibição de discriminação na participação comuni-
da de cão-guia o direito de ingressar e de permane- tária.
cer com o animal em todos os meios de transporte C) ter garantida meia entrada em espaços culturais de
e em estabelecimentos abertos ao público, de uso acesso pago.
público e privados de uso coletivo. D) proibição de qualquer discriminação no tocante a
E) O Ministério Público tem legitimidade exclusiva pa- salário.
ra propor as medidas judiciais destinadas à prote- E) proibição de identificação ostensiva de sua defici-
ção de interesses coletivos, difusos, individuais ência em espaços de concentração de pessoas.
homogêneos e individuais indisponíveis da pessoa
com deficiência. 21.Claudiomir é proprietário de uma escola particular de
ensino médio. De acordo com a Lei no 13.146/2015, a
18.Sobre o acesso à comunicação, estabelece a Lei nº instituição de Claudiomir, deve assegurar, criar, de-
13.146/2016 que: senvolver, implementar, incentivar, acompanhar e ava-
A) É facultada a acessibilidade nos sítios da internet liar,
mantidos por empresas com sede ou representação A) facultativamente, a adoção de medidas de apoio
comercial no País ou por órgãos de governo, para que favoreçam o desenvolvimento dos aspectos
uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe linguísticos, culturais, vocacionais e profissionais,
acesso às informações disponíveis, conforme as levando-se em conta o talento, a criatividade, as ha-
melhores práticas e diretrizes de acessibilidade bilidades e os interesses do estudante com defici-
adotadas internacionalmente. ência.
B) Os sítios devem conter símbolo de acessibilidade B) obrigatoriamente, a oferta de educação bilíngue, em
em destaque. Libras como primeira língua e na modalidade escrita
da língua portuguesa como segunda língua, em es-
colas e classes bilíngues e em escolas inclusivas.
C) obrigatoriamente, as pesquisas voltadas para o de- D) a deficiência não afeta a plena capacidade civil da
senvolvimento de novos métodos e técnicas peda- pessoa, inclusive para exercer o direito à guarda, à
gógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
de recursos de tecnologia assistiva. adotando, em igualdade de oportunidades com as
D) obrigatoriamente, a formação e disponibilização de demais pessoas.
professores para o atendimento educacional espe-
cializado, de tradutores e intérpretes da Libras, de 24.Em 2015 foi sancionada a Lei nº 13.146/2015, que
guias intérpretes e de profissionais de apoio. instituiu o Estatuto da Pessoa com Deficiência. Obser-
E) facultativamente, a oferta de ensino da Libras, do va-se que esse Estatuto estabelece mudanças relacio-
Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia nadas à proteção da dignidade da pessoa com defici-
assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais ência, avançando em muitos aspectos relacionados à
dos estudantes, promovendo sua autonomia e par- garantia de direitos, à cidadania, à educação, à acessi-
ticipação. bilidade, ao trabalho e ao combate ao preconceito e à
discriminação. A respeito do assunto, considere as se-
22.Considere a seguinte situação hipotética: O programa guintes afirmativas:
habitacional “residência: viva com harmonia” prevê a 1. O Estatuto garante à pessoa com deficiência direito
entrega de 200 unidades habitacionais. Nesse caso, à igualdade de oportunidades e a não sofrer ne-
considerando que o programa é subsidiado com recur- nhuma espécie de discriminação, negligência, ex-
sos públicos, de acordo com a Lei nº 13.146/2015, pa- ploração, violência, tratamento degradante ou de-
ra pessoa com deficiência sumano e opressão.
A) deverá ocorrer a reserva de, no mínimo, 3 unidades 2. Outros avanços na legislação contidos no Estatuto
habitacionais. referem-se à plena capacidade civil da pessoa com
B) deverá ocorrer a reserva de, no mínimo, 6 unidades deficiência, garantindo-lhe o direito de constituir
habitacionais. família, casar-se, realizar planejamento familiar e
C) deverá ocorrer a reserva de, no mínimo, 12 unidades decidir sobre o número de filhos.
habitacionais. 3. A Lei incube ao poder público assegurar, criar, de-
D) não há necessidade de reserva de unidade habitaci- senvolver, implementar, incentivar, acompanhar e
onal uma vez que o programa não possui mais que avaliar sistemas educacionais inclusivos em todos
300 unidades no total. os níveis e modalidades.
E) não há necessidade de reserva de unidade habitaci-
onal porque o programa não é público, mas subsidi- Assinale a alternativa correta.
ado com recursos públicos. A) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
23.A Lei nº 13.146/2015 instituiu a Lei Brasileira de Inclu- C) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
são da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa D) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
com Deficiência). Acerca dos dispositivos desta lei, é E) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
correto afirmar que
A) considera-se pessoa com deficiência aquela que 25.O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº
tem impedimento, ainda que de curto prazo, de na- 13.146/15), ao tratar da questão da igualdade e da não
tureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, discriminação, estabelece que:
em interação com uma ou mais barreiras, pode obs- A) a deficiência afeta a plena capacidade civil da pes-
truir sua participação plena e efetiva na sociedade. soa, inclusive para exercer direitos sexuais e repro-
B) a avaliação da deficiência, quando necessária, será dutivos;
psicológica, realizada por equipe multiprofissional e B) a pessoa com deficiência não está obrigada à frui-
interdisciplinar, e considerará, dentre outros aspec- ção de benefícios decorrentes de ação afirmativa;
tos, os impedimentos nas funções e nas estruturas C) a pessoa com deficiência não pode exercer direta-
do corpo e da mente. mente o direito à guarda, à tutela, à curatela e à
C) toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade adoção;
de oportunidades com as demais pessoas e poderá D) os profissionais da área de saúde devem promover
sofrer apenas a discriminação positiva, que é aque- a esterilização compulsória da pessoa com defici-
la que não tem o efeito de prejudicar ou anular o ência;
exercício das liberdades fundamentais. E) a deficiência não compromete a plena capacidade
civil da pessoa, exceto para casar-se e constituir
união estável.
26.A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência No caso em tela, de acordo com o Estatuto da Pessoa
destina-se a assegurar e a promover, em condições de com Deficiência, a interdição das respectivas mensa-
igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades gens ou páginas de informação na internet, sob pena
fundamentais por pessoa com deficiência, visando à de desobediência, pode ser determinada pelo:
sua inclusão social e cidadania. A) delegado de polícia, diretamente, antes ou no curso
do inquérito policial;
De acordo com o citado diploma legal: B) delegado de polícia, diretamente, apenas no curso
A) devem ser oferecidos todos os recursos de tecnolo- do inquérito policial;
gia assistiva disponíveis para que a pessoa com de- C) membro do Ministério Público ou delegado de polí-
ficiência tenha garantido o acesso à justiça, mas os cia, diretamente, no curso do inquérito policial;
direitos da pessoa com deficiência não serão garan- D) juiz, membro do Ministério Público ou delegado de
tidos por ocasião da aplicação de sanções penais; polícia, diretamente, no curso do inquérito policial;
B) está garantido à pessoa com deficiência prioridade E) juiz, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
no atendimento e serviços públicos, exceto quando ainda antes do inquérito policial.
se tratar de questão tributária, como o recebimento
de restituição de imposto de renda;
C) é assegurado à pessoa com deficiência, indepen-
dentemente de possuir meios para prover sua sub- 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
sistência por si só ou por sua família, o benefício
E B E D E E E E E C
mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da lei
do Sistema Único de Assistência Social; 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
D) o poder público promoverá a participação da pes- C C D E E A C B D D
soa com deficiência, exceto quando institucionali-
21 22 23 24 25 26 27 28 ― ―
zada, na condução das questões públicas, sem dis-
criminação e em igualdade de oportunidades; C B D E B E E E ― ―
E) a pessoa com deficiência tem direito a receber
atendimento prioritário, sobretudo com a finalidade
de tramitação processual e procedimentos judiciais
e administrativos em que for parte ou interessada,
em todos os atos e diligências.

27.O prefeito, ao decidir construir a nova sede da prefeitu-


ra municipal, foi informado por sua assessoria que de-
veria observar o princípio do desenho universal. Con-
siderando o disposto no Estatuto da Pessoa com Defi-
ciência, é correto afirmar que a informação passada
pela assessoria é indicativa de que a futura sede deve
ser projetada de modo que
A) seja usada por todas as pessoas, sem necessidade
de adaptação ou projeto específico.
B) seja plural, facilitando a integração das pessoas
que tenham alguma deficiência.
C) seja padronizada, não podendo destoar dos padrões
da Organização Nacional dos Municípios.
D) seja concebida de modo a estimular a sensibilidade
de todas as pessoas com deficiência.
E) padronizada, não podendo destoar dos demais pré-
dios do Município.

28.João praticou e incitou discriminação contra Maria, em


razão de sua deficiência mental, na medida em que
publicou indevidamente fotos e vídeos da vítima com
comentários em tom jocoso e depreciativo, por inter-
médio de meios de comunicação social na internet. O
fato chegou ao conhecimento do delegado de polícia,
que instaurou inquérito policial.
sordenada, algum terreno de propriedade, seja ela pública
ou particular. Desse modo, devido a falta de planejamen-
to, geralmente não contam com acessos fáceis a serviços
públicos essenciais.
As favelas constituem a expressão viva das desigual-
dades sociais, da marginalização e exclusão social de
parte da população das grandes cidades do mundo sub-
O crescimento das cidades assumiram um importante
desenvolvido ou em desenvolvimento. No Brasil esse
papel no processo de desenvolvimento humano, se mos-
aglomerado de construções é denominado favela, no Peru
trando como reflexo das sociedades que abrigam. Por
– barriadas, no Chile – callampas, na Venezuela – barrios,
certo, as influências recíprocas entre a cidade como terri-
entre outros. Hoje as favelas se tornaram parte da paisa-
tório físico e a sociedade que nela habitam são decisivas
gem de várias cidades brasileiras.
no estabelecimento das relações sócio-espaciais que irão
determinar a qualidade de vida dos seus habitantes. No Brasil, as favelas são consideradas uma espécie de
bairro popular. Assim, uma das principais características
O direito à cidade recebeu especial destaque na Cons-
desses aglomerados, é a precariedade das casas, ondem
tituição de 1988 que, em seu artigo 182, dispões sobre o
faltam infraestrutura adequada, e sobra informalidade.
pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade,
Além disso, as favelas também são vistas como conse-
associadas à garantia do bem estar de seus habitantes:
quência direta do déficit habitacional do país, além da má
distribuição de renda.
“A política de desenvolvimento urbano, exe-
A partir de 1980 as favelas vêm passando por uma po-
cutada pelo Poder Público Municipal, con-
lítica de urbanização e a integração desses espaços à
forme diretrizes gerais fixadas em lei, tem
cidade fez surgir o termo "comunidade", como forma de
por objetivo ordenar o pleno desenvolvimen-
amenizar o estigma da palavra favela.
to das funções sociais da cidade e garantir o
bem estar de seus habitantes.”
Direitos das Pessoas Moradoras de Favelas

Entre as funções sociais da cidade estabelecidas pelo


Estatuto da Cidade, se destacam a habitação, o trabalho, O direito das pessoas moradoras de favelas tem como
a circulação e o lazer, visando a plena integração dos ponto de partida o processo de consolidação de políticas
seres humanos, seu crescimento educacional e cultural, públicas voltadas à melhoria das condições de moradia
num ambiente saudável e ecologicamente equilibrado. nas favelas, que são genericamente identificadas como
Surge daí o território dos “excluídos”, demandando “novo” Políticas de Regularização, uma vez que é desta forma
direito sobre as políticas públicas implementadas nestes que a maioria dos programas tem se apresentado nas
territórios, moradia em geral dos menos favorecidos e últimas décadas.
mais carentes de implementação de políticas que lhes Notamos que a noção de regularização se converteu
garantam melhores qualidades de vida e a acesso à cida- no grande símbolo, e/ou no principal eixo articulador de
de em sentido amplo. políticas integradas de intervenção do Estado nas favelas,
e junto a este conceito está uma série diversificada de
medidas, algumas delas de difícil conjugação. Dentre elas,
Conceito de Favela
destacam-se aquelas que visam:

Favela é o conjunto de habitações populares precari-


(i) a formalização da propriedade da moradia;
amente construídas e desprovidas de infraestrutura (rede
de esgoto, de abastecimento de água, de energia, de pos- (ii) a dotação de infraestruturas urbanas na área sob
to de saúde, de coleta de lixo, de escolas, de transporte intervenção;
coletivo etc.). (iii) a adoção de medidas de legalização urbanística,
As favelas estão localizadas em áreas ocupadas irre- edilícia e fiscal; e até mesmo
gularmente nas encostas dos morros, nas margens de (iv) a implementação de ações voltadas ao desenvol-
córregos, rios, canais, mangues etc. As casas são cons- vimento econômico e social .
truídas em madeira ou alvenaria, muitas com mais de um
andar, sem espaçamento entre uma e outra, criando uma População em situação de rua
área densamente povoada.
Segundo a definição do Instituto Brasileiro de Geogra- A população em situação de rua é aquela na pobreza
fia e Estatística (IBGE), favela é um conjunto de domicí- extrema, com os vínculos familiares interrompidos ou
lios, que contam com no mínimo 51 unidades. Geralmen- fragilizados, que usa logradouros como espaço de mora-
te, esse aglomerado de residências ocupa, de forma de-
dia e sustento. Similar, a população em situação de errâ- DECRETO Nº 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009.
ncia é definida pela itinerância fora do perímetro urbano –
em rodovias, por exemplo.
Institui a Política Nacional para a População em Situa-
O Decreto Presidencial nº 7.053, de 23 de dezembro de ção de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamen-
2009, em parágrafo único do artigo primeiro, define as to e Monitoramento, e dá outras providências.
pessoas em situação de rua, em linhas gerais, como "o
grupo populacional heterogêneo que possui em comum a
Art. 1º Fica instituída a Política Nacional para a Popu-
pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou
lação em Situação de Rua, a ser implementada de acordo
fragilizados e a inexistência de moradia convencional
com os princípios, diretrizes e objetivos previstos neste
regular e que utiliza os logradouros públicos e as áreas
Decreto.
degradadas como espaço de moradia e de sustento, de
forma temporária ou permanente, bem como as unidades Parágrafo único. Para fins deste Decreto, considera-se
de acolhimento para pernoite temporário ou como mora- população em situação de rua o grupo populacional hete-
dia provisória. Esta definição expressa o não acesso des- rogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os
ta população aos direitos. vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a ine-
xistência de moradia convencional regular, e que utiliza os
Um dos reflexos do intenso processo de exclusão so-
logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço
cial é a população em situação de rua que, em decorrên-
de moradia e de sustento, de forma temporária ou perma-
cia da ocupação do solo urbano estar baseada na lógica
nente, bem como as unidades de acolhimento para per-
capitalista de apropriação privada do espaço mediante o
noite temporário ou como moradia provisória.
pagamento do valor da terra, não dispõe de renda sufici-
ente para conseguir espaços adequados para a habitação
e, sem alternativas, utiliza as ruas da cidade como mora- Art. 2º A Política Nacional para a População em Situa-
dia. ção de Rua será implementada de forma descentralizada
Conforme definição da Secretaria Nacional de Assis- e articulada entre a União e os demais entes federativos
tência Social, a população em situação de rua se caracte- que a ela aderirem por meio de instrumento próprio.
riza por ser um grupo populacional heterogêneo, compos- Parágrafo único. O instrumento de adesão definirá as
to por pessoas com diferentes realidades, mas que têm atribuições e as responsabilidades a serem compartilha-
em comum a condição de pobreza absoluta, vínculos das.
interrompidos ou fragilizados e falta de habitação con-
vencional regular, sendo compelidas a utilizar a rua como Art. 3º Os entes da Federação que aderirem à Política
espaço de moradia e sustento, por caráter temporário ou Nacional para a População em Situação de Rua deverão
de forma permanente. instituir comitês gestores intersetoriais, integrados por
Entre os principais fatores que podem levar as pesso- representantes das áreas relacionadas ao atendimento da
as a irem morar nas ruas estão: ausência de vínculos população em situação de rua, com a participação de
familiares, perda de algum ente querido, desemprego, fóruns, movimentos e entidades representativas desse
violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas segmento da população.
e doença mental.
Embora grande parte dos estudos sobre esse tipo de Art. 4º O Poder Executivo Federal poderá firmar con-
população tenha sido realizada no século XX, há registros vênios com entidades públicas e privadas, sem fins lucra-
de sua existência desde o século XIV. Portanto, a popula- tivos, para o desenvolvimento e a execução de projetos
ção em situação de rua não teve a devida atenção nos que beneficiem a população em situação de rua e estejam
séculos anteriores, e sua abordagem pode ter sido impul- de acordo com os princípios, diretrizes e objetivos que
sionada pelo aumento de seu contingente, visto que a orientam a Política Nacional para a População em Situa-
cada ano mais indivíduos utilizam as ruas como moradia. ção de Rua.
Apesar da realização de alguns programas sociais,
poucas políticas públicas são desenvolvidas para soluci- Art. 5º São princípios da Política Nacional para a Popu-
onar esse problema. As Organizações Não Governamen- lação em Situação de Rua, além da igualdade e equidade:
tais (ONGs) e as Instituições Religiosas se destacam nos
I - respeito à dignidade da pessoa humana;
serviços de amparo a essas pessoas, atuando na distri-
II - direito à convivência familiar e comunitária;
buição de alimentos, roupas e cobertores. Outro trabalho
de assistência são os abrigos temporários e os albergues III - valorização e respeito à vida e à cidadania;
que, de um modo geral, são considerados insuficientes IV - atendimento humanizado e universalizado; e
para suprir a demanda dessa população. V - respeito às condições sociais e diferenças de ori-
gem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual
e religiosa, com atenção especial às pessoas com defici- V - desenvolver ações educativas permanentes que
ência. contribuam para a formação de cultura de respeito, ética
e solidariedade entre a população em situação de rua e os
Art. 6º São diretrizes da Política Nacional para a Popu- demais grupos sociais, de modo a resguardar a observân-
lação em Situação de Rua: cia aos direitos humanos;
I - promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, VI - incentivar a pesquisa, produção e divulgação de
sociais, culturais e ambientais; conhecimentos sobre a população em situação de rua,
contemplando a diversidade humana em toda a sua am-
II - responsabilidade do poder público pela sua elabo-
plitude étnico-racial, sexual, de gênero e geracional, nas
ração e financiamento;
diversas áreas do conhecimento;
III - articulação das políticas públicas federais, estadu-
VII - implantar centros de defesa dos direitos humanos
ais, municipais e do Distrito Federal;
para a população em situação de rua;
IV - integração das políticas públicas em cada nível de
VIII - incentivar a criação, divulgação e disponibilização
governo;
de canais de comunicação para o recebimento de denún-
V - integração dos esforços do poder público e da so-
cias de violência contra a população em situação de rua,
ciedade civil para sua execução;
bem como de sugestões para o aperfeiçoamento e melho-
VI - participação da sociedade civil, por meio de enti- ria das políticas públicas voltadas para este segmento;
dades, fóruns e organizações da população em situação
IX - proporcionar o acesso das pessoas em situação
de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramen-
de rua aos benefícios previdenciários e assistenciais e
to das políticas públicas;
aos programas de transferência de renda, na forma da
VII - incentivo e apoio à organização da população em legislação específica;
situação de rua e à sua participação nas diversas instân-
X - criar meios de articulação entre o Sistema Único de
cias de formulação, controle social, monitoramento e
Assistência Social e o Sistema Único de Saúde para quali-
avaliação das políticas públicas;
ficar a oferta de serviços;
VIII - respeito às singularidades de cada território e ao
XI - adotar padrão básico de qualidade, segurança e
aproveitamento das potencialidades e recursos locais e
conforto na estruturação e reestruturação dos serviços de
regionais na elaboração, desenvolvimento, acompanha-
acolhimento temporários, de acordo com o disposto no
mento e monitoramento das políticas públicas;
art. 8o;
IX - implantação e ampliação das ações educativas
XII - implementar centros de referência especializados
destinadas à superação do preconceito, e de capacitação
para atendimento da população em situação de rua, no
dos servidores públicos para melhoria da qualidade e
âmbito da proteção social especial do Sistema Único de
respeito no atendimento deste grupo populacional; e
Assistência Social;
X - democratização do acesso e fruição dos espaços e
XIII - implementar ações de segurança alimentar e nu-
serviços públicos.
tricional suficientes para proporcionar acesso permanen-
te à alimentação pela população em situação de rua à
Art. 7º São objetivos da Política Nacional para a Popu- alimentação, com qualidade; e
lação em Situação de Rua: XIV - disponibilizar programas de qualificação profissi-
I - assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro onal para as pessoas em situação de rua, com o objetivo
aos serviços e programas que integram as políticas públi- de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho.
cas de saúde, educação, previdência, assistência social,
moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e
Art. 8º O padrão básico de qualidade, segurança e con-
renda;
forto da rede de acolhimento temporário deverá observar
II - garantir a formação e capacitação permanente de limite de capacidade, regras de funcionamento e convi-
profissionais e gestores para atuação no desenvolvimen- vência, acessibilidade, salubridade e distribuição geográ-
to de políticas públicas intersetoriais, transversais e inter- fica das unidades de acolhimento nas áreas urbanas,
governamentais direcionadas às pessoas em situação de respeitado o direito de permanência da população em
rua; situação de rua, preferencialmente nas cidades ou nos
III - instituir a contagem oficial da população em situa- centros urbanos.
ção de rua; § 1º Os serviços de acolhimento temporário serão re-
IV - produzir, sistematizar e disseminar dados e indica- gulamentados nacionalmente pelas instâncias de pactua-
dores sociais, econômicos e culturais sobre a rede exis- ção e deliberação do Sistema Único de Assistência Soci-
tente de cobertura de serviços públicos à população em al.
situação de rua;
§ 2º A estruturação e reestruturação de serviços de tado por meio do acesso às políticas públicas e aos ór-
acolhimento devem ter como referência a necessidade de gãos do sistema de justiça e defesa de direitos.
cada Município, considerando-se os dados das pesquisas §1º Considera-se população em situação de rua o gru-
de contagem da população em situação de rua. po populacional heterogêneo que possui em comum a
§ 3º Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou
Combate à Fome, por intermédio da Secretaria Nacional fragilizados e a inexistência de moradia convencional
de Assistência Social, fomentar e promover a reestrutura- regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas
ção e a ampliação da rede de acolhimento a partir da degradadas como espaço de moradia e de sustento, de
transferência de recursos aos Municípios, Estados e Dis- forma temporária ou permanente, bem como as unidades
trito Federal. de acolhimento para pernoite temporário ou como mora-
§ 4º A rede de acolhimento temporário existente deve dia provisória.
ser reestruturada e ampliada para incentivar sua utiliza- §2º Consideram-se crianças e adolescentes em situa-
ção pelas pessoas em situação de rua, inclusive pela sua ção de rua os sujeitos em desenvolvimento com direitos
articulação com programas de moradia popular promovi- violados, que utilizam logradouros públicos e/ou áreas
dos pelos Governos Federal, estaduais, municipais e do degradadas como espaço de moradia ou sobrevivência,
Distrito Federal. de forma permanente e/ou intermitente, em situação de
vulnerabilidade e/ou risco pessoal e social pelo rompi-
Art. 9º Fica instituído o Comitê Intersetorial de Acom- mento ou fragilidade do cuidado e dos vínculos familiares
panhamento e Monitoramento da Política Nacional para a e comunitários, prioritariamente em situação de pobreza
População em Situação de Rua, integrado por represen- e/ou pobreza extrema, com dificuldade de acesso e/ou
tantes da sociedade civil e por um representante e res- permanência nas políticas públicas, sendo caracterizados
pectivo suplente de cada órgão a seguir descrito: por sua heterogeneidade, como gênero, orientação sexual,
identidade de gênero, diversidade étnico-racial, religiosa,
I - Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presi-
geracional, territorial, de nacionalidade, de posição políti-
dência da República, que o coordenará;
ca, deficiência, entre outros.
II - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome;
Art. 2º As ações de promoção, proteção e defesa dos
III - Ministério da Justiça;
direitos humanos das pessoas em situação de rua devem
IV - Ministério da Saúde;
se guiar pelos princípios da Política Nacional para a Popu-
V - Ministério da Educação; lação em situação de Rua, conforme o Decreto nº
VI - Ministério das Cidades; 7.053/2009, quais sejam:
VII - Ministério do Trabalho e Emprego; I - respeito à dignidade da pessoa humana;
VIII - Ministério dos Esportes; e II - direito à convivência familiar e comunitária;
IX - Ministério da Cultura. III - valorização e respeito à vida e à cidadania;
IV - atendimento humanizado e universalizado; e
Art. 13. A Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e V - respeito às condições sociais e diferenças de ori-
Estatística - IBGE e a Fundação Instituto de Pesquisa gem, raça, idade, nacionalidade, gênero, orientação sexual
Econômica Aplicada - IPEA prestarão o apoio necessário e religiosa, com atenção especial às pessoas com defici-
ao Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitora- ência.
mento da Política Nacional para a População em Situação
de Rua, no âmbito de suas respectivas competências.
Art. 3º As pessoas em situação rua, bem como pesso-
as com trajetória de rua, devem participar ativamente dos
RESOLUÇÃO Nº 40, DE 13 DE OUTUBRO DE 2020 processos decisórios de planejamento, execução, monito-
ramento e avaliação de ações voltadas para o seu aten-
Dispõe sobre as diretrizes para promoção, proteção e dimento, com a valorização da escuta ativa, protagonismo
defesa dos direitos humanos das pessoas em situação de e autonomia nas decisões e acordos, a partir de, mas não
rua, de acordo com a Política Nacional para População somente, ações públicas coletivas, como forma de garan-
em Situação de Rua. tia de participação na implementação e monitoramento,
fortalecimento dos Comitês Intersetoriais de Acompa-
nhamento e Monitoramento da Política Nacional para
Art. 1º Esta Resolução se destina a estabelecer diretri-
População em Situação de Rua (CIAMP Rua) e formação
zes para promoção, proteção e defesa dos direitos huma-
popular permanente, inclusive a nível municipal, estadual
nos das pessoas em situação de rua, crianças, adolescen-
e distrital.
tes, adultas e idosas, que devem ser garantidos pelo Es-
Art. 4º Os entes federados devem desenvolver estraté- DIREITOS HUMANOS E DIREITO À CIDADE E À MORADIA
gias e condições para assegurar o acesso da população
em situação de rua às políticas sociais destinadas ao Art. 22 É responsabilidade do Estado garantir e pro-
conjunto da população. mover o direito à cidade, à terra, à moradia e ao território,
devendo formular e executar políticas públicas adequa-
Art. 5º Os estados, municípios e o Distrito Federal, nos das para essa finalidade, além de estabelecer mecanis-
termos do Decreto nº 7.053/2009, devem instituir e man- mos para a reparação desses direitos quando violados e
ter comitês gestores intersetoriais para acompanhamento para prevenir novas violações.
e monitoramento das respectivas políticas para a popula-
ção em situação de rua, composto de forma paritária por Art. 23 O Estado deve garantir às pessoas em situação
órgãos e instituições governamentais e não governamen- de rua o direito à cidade, constituído entre outros pelo
tais, que tenham políticas direcionadas para população direito de:
em situação de rua para que possam dialogar e pactuar
I - ir e vir;
políticas locais de acordo com as especificidades de cada
II - permanecer em espaço público;
território e com o perfil local dessa população.
III - acessar equipamentos e serviços públicos
Parágrafo único. É vedada a remoção de pessoas em
Art. 6º Com a finalidade de evitar a criminalização e
espaços públicos pelo fato de estarem em situação de
culpabilização das pessoas pela situação de rua em que
rua.
se encontram, os programas, projetos, serviços e todo
tipo de atendimento direcionados para esta população
devem considerar que este fenômeno social inclui fatores Art. 24 O domicílio improvisado da pessoa em situa-
estruturais que marcam a sociedade brasileira como a ção de rua é equiparado à moradia para garantia de sua
desigualdade social, o desemprego, a insuficiência de inviolabilidade.
renda, a falta de moradia, o racismo, os quais são poten-
cializados pelo não acesso aos direitos e políticas soci- Art. 25 O recolhimento de qualquer documento e obje-
ais. tos pessoais das pessoas em situação de rua, por agen-
tes públicos e privados, configura violação aos direitos
Art. 7º As políticas públicas devem considerar a hete- dessa população, infringindo os direitos fundamentais da
rogeneidade da população de rua, notadamente quanto a: igualdade e propriedade.
I - nível de escolaridade, condições de saúde, faixa etá-
ria, origem, relações com o trabalho e com a família; Art. 26 Os municípios e o Distrito Federal devem articu-
II - condições para cuidados e higiene pessoal; lar, fomentar e orientar para que sejam implementados
III - condições de acesso aos transportes públicos; espaços/serviços destinados à guarda de pertence, à
higiene, ao acesso à água potável e às condições de au-
IV - características culturais, étnicas, geracionais, de
tocuidado das pessoas em situação de rua, consistindo
gênero, de orientação sexual, de identidade de gênero,
em banheiros públicos com condições para banhos, sani-
religiosas e relacionadas à sua naturalidade e nacionali-
tários, vestiários, etc., garantindo-se gratuidade para as
dade;
pessoas em situação de rua e contratando-se, preferenci-
V - vínculos familiares e/ou comunitários;
almente, pessoas em situação de rua, especialmente em
VII - histórico de atendimento. locais com grande concentração de pessoas nessa situa-
ção.
Art. 8º Os programas, projetos, serviços, ações e ativi-
dades direcionados para as pessoas em situação de rua Art. 27 A União, os estados, municípios e o Distrito Fe-
devem contemplar o disposto na Lei Brasileira de Inclu- deral devem fomentar ações de mobilidade específicas
são, com atenção para as especificidades das pessoas para a população em situação de rua, garantindo gratui-
com deficiência e mobilidade reduzida. dade no transporte local, intermunicipal e interestadual.
Parágrafo único. As pessoas com deficiência podem
utilizar todos os serviços públicos, e configura violação de
Art. 28 O direito humano à moradia deve ser prioritário
direitos humanos segregá-los/as nos serviços voltados
na elaboração e na implementação das políticas públicas,
para pessoas com deficiência.
garantindo o acesso imediato à moradia segura, dispersa
no território e integrada à comunidade, juntamente com o
acompanhamento de equipe flexível que responda às
demandas apresentadas pela pessoa em situação de rua
como participante no processo de inclusão.
§1º Entende-se por moradia dispersa, as unidades ha- Art. 65 As revistas pessoais de pessoas em situação
bitacionais espalhadas no território do município, em lo- de rua, em abordagens policiais, devem ser evitadas e,
cais urbanizados e com infraestrutura, preferencialmente quando indispensáveis, deve ser assegurado que estas
em regiões centrais, com acesso a bens, serviços e inte- sejam realizadas por agentes do mesmo gênero da pes-
grada à comunidade, não sendo permitida a concentração soa abordada.
de pessoas em situação de rua superior à 15% do total de
moradores/as num mesmo prédio ou empreendimento Art. 66 A prisão para averiguação é ilegal e a situação
habitacional. de rua não pode ser utilizada como fundamento para sua
§2º Entende-se como equipe flexível a equipe compos- realização.
ta por profissionais que dará apoio individualizado e do-
miciliar ao/à participante e auxiliará nas suas demandas
Art. 67 A União, os estados e o Distrito Federal devem
emergenciais e na articulação do acesso às políticas pú-
estabelecer a notificação nacional e unificada das situa-
blicas e serviços de forma a promover a integração do/a
ções de violência e demais violações de direitos humanos
participante à comunidade.
sofridas pela população em situação de rua, inclusive a
violência institucional, desde o boletim de ocorrência,
DIREITOS HUMANOS E SEGURANÇA PÚBLICA como forma de qualificar os dados oficiais em todo o
território brasileiro, combatendo a subnotificação e permi-
Art. 59 O direito humano da população em situação de tindo o efetivo monitoramento da averiguação dessas
rua à segurança pública consiste na garantia de convi- situações.
vência social pacífica nos espaços e logradouros públicos §1º Os boletins de ocorrência policial devem conter
em igualdade de condições com as/os demais cida- um campo próprio para identificação de pessoa em situa-
dãs/cidadãos, com preservação de sua incolumidade, de ção de rua, sempre que esta figurar como vítima ou autora
sua privacidade e de seus pertences, assegurando aten- do fato.
ção protetiva dos órgãos e agentes públicos contra práti- §2º Cabe aos estados atuar em articulação com os
cas arbitrárias ou condutas vexatórias ou violentas. municípios para orientar a inclusão de campos próprios
para identificação de pessoas em situação de rua nos
Art. 60 Os/as agentes de segurança pública devem registros das Guardas Municipais.
atuar para coibir atos ilegais de retirada de documentos e
pertences das pessoas em situação de rua. Art. 68 A União, os estados e o Distrito Federal devem
implementar programa para garantir a proteção e segu-
Art. 61 Os/as agentes de segurança pública devem rança da pessoa em situação de rua vítima e/ou testemu-
preservar o domicílio improvisado da pessoa em situação nha de violência e demais violações de direitos que faz
de rua, respeitando a sua inviolabilidade e privacidade. denúncia nos canais de comunicação de denúncias.

Art. 62 Os/as agentes de segurança pública devem DIREITOS HUMANOS E SISTEMA DE JUSTIÇA
participar de capacitações continuadas em direitos hu-
manos para atuar como orientadores/as e garantido- Art. 71 A população em situação de rua tem direito a
res/as de direitos dessa população, de modo a protegê-la amplo acesso aos órgãos do sistema de Justiça e defesa
de violações contra ela perpetradas, além de contribuir dos direitos.
com informações para que acesse os serviços a que têm §1º O atendimento deve ser prioritário, desburocrati-
direito. zado e humanizado, sem necessidade de agendamento.
§2º A equipe de atendimento deve ser multidisciplinar,
Art. 63 Os/as agentes de segurança pública, no exercí- adequada às características dessa população, com capa-
cio de suas atribuições junto às pessoas em situação de citação sistemática para atuação na garantia dos direitos
rua, devem primar suas condutas pela urbanidade e pelo humanos das pessoas em situação de rua.
absoluto respeito à dignidade da pessoa humana, sendo §3º A falta de documento pessoal, ausência de com-
obrigatório que estejam identificados/as com o uso de provação de residência ou o tipo de vestimenta não pode-
crachá ou de outra forma de identificação funcional, por- rão ser utilizados para vedação ao atendimento desta
tando-o em local visível durante o trabalho com esse gru- população.
po populacional.

Art. 72 Os órgãos de defesa dos direitos da população


Art. 64 A situação de rua por si só não configura fun- em situação de rua, notadamente as Defensorias Públicas
dada suspeita para justificar a abordagem e busca pes- e o Ministério Público, devem assegurar e priorizar o
soal.
acesso das pessoas em situação de rua a seus equipa- órgãos de defesa da população em situação de rua, no
mentos, de forma desburocratizada e sem necessidade de sentido de fiscalizar e monitorar os serviços públicos
agendamento prévio, estabelecendo estratégias que faci- destinados à população em situação de rua, promovendo
litem sua escuta e atendimento. ações de responsabilização dos agentes públicos ou pri-
vados por eventuais violações de direitos humanos.
Art. 74 A ausência de moradia ou de comprovação de
residência não poderá ser utilizada como fundamentação Art. 94 A ausência de moradia ou de comprovação de
para decretação de prisão e/ou conversão em pena mais residência não poderá ser utilizada como obstáculo ao
gravosa. prosseguimento de uma ação judicial de proteção dos
direitos de pessoas em situação de rua e nem como fun-
Art. 75 O Poder Judiciário deverá priorizar a aplicação damentação para sua extinção, sem resolução de mérito.
de outras medidas cautelares em regime aberto, para
evitar a aplicação da monitoração eletrônica, devido à Art. 95 A Defensoria Pública, o Ministério Público e o
dificuldade de acesso à energia elétrica à população de Judiciário poderão articular com extensões universitárias,
rua. grupos de pesquisa, centros/diretórios acadêmicos e
Parágrafo único: Em caso de aplicação da medida cau- escritórios modelos para uma atuação conjunto para
telar de monitoramento eletrônico, o Judiciário deve ga- promoção de serviços de orientação jurídica para a popu-
rantir meios para o carregamento do equipamento. lação em situação de rua.

Art. 76 Os sistemas de justiça estaduais e distrital de-


vem atuar de forma articulada no sentido de criar e forta-
lecer rede de proteção interinstitucional à população em
situação de rua, promovendo capacitações sistemáticas 01.Favelização é o processo de surgimento e crescimento
de seus trabalhadores e agentes sobre a identificação e do número de favelas em uma dada cidade ou local.
defesa das violações de direitos humanos contra a popu- Trata-se de um problema social, pois tais moradias
lação em situação de rua, bem como estabelecendo es- constituem-se a partir das contradições econômicas,
tratégias de monitoramento das violações de direitos históricas e sociais, o que resulta na formação de ca-
sofridas por essa população no nível local. sas sem planejamento mínimo, oriundas de invasões e
ocupações irregulares. O processo de favelização das
Art. 77 O Judiciário deve criar ou fortalecer programa cidades ocorre especialmente em virtude:
ou serviço já instituído de caráter multidisciplinar e inter- A) da urbanização desordenada e do processo de in-
setorial voltado ao acolhimento, atendimento e acompa- dustrialização.
nhamento de pessoas em situação de rua que passam B) da crescente falta de postos de trabalho.
pelas audiências de custódia, com intuito de garantir a C) da ausência de espaços adequados à ocupação nos
compreensão da situação psicossocial apresentada, bem grandes centros urbanos.
como a implicação e efetividade da medida aplicada em D) da carência dos recursos públicos para investimen-
relação às condições sociais da população que vive em to em moradias.
situação de rua, bem como realizar encaminhamentos do E) da desinformação da população sobre a disponibili-
âmbito da proteção social. dade de empregos.

02.A intensa e acelerada urbanização brasileira resultou


Art. 78 A União, estados e o Distrito Federal devem
em sérios problemas sociais urbanos, dentre os quais,
apoiar a criação e financiar as ações de Centros de Defe-
podemos destacar:
sa dos Direitos Humanos da População em situação de
A) Falta de infraestrutura, limitações das liberdades
Rua, com atuação articulada com o sistema de justiça.
individuais e altas condições de vida nos centros
urbanos.
Art. 79 A União deve criar mecanismos de inclusão das B) Aumento do número de favelas e cortiços, falta de
pessoas em situação de rua nos programas de proteção a infraestrutura e todas as formas de violência.
pessoas ameaçadas. C) Conflitos e violência urbana, luta pela posse da terra
e acentuado êxodo rural.
Art. 80 A Defensoria Pública e o Ministério Público de- D) Acentuado êxodo rural, mudanças no destino das
vem atuar, de forma articulada com as organizações da correntes migratórias e aumento no número de fa-
sociedade civil, com os Comitês Intersetoriais de Acom- velas e cortiços.
panhamento e Monitoramento da Política Nacional para E) Luta pela posse da terra, falta de infraestrutura e al-
População em Situação de Rua (CIAMP Rua) e demais tas condições de vida nos centros urbanos.
03.Nas grandes cidades brasileiras, a falta de moradia e o
aumento do desemprego estão diretamente relaciona-
dos com a existência de que tipos de habitação?
A) Favelas e condomínios.
B) Favelas e cortiços.
C) Mansões e vilas. Considerando os inúmeros instrumentos que estipu-
D) Vilas e bairros. lam os direitos e a situação dos suspeitos e acusados, o
E) Lugarejos e condomínios. fato de que haja somente um instrumento protegendo as
vítimas da criminalidade e do abuso de poder nos oferece
04.O Decreto nº 7.053/2009, que institui a Política Nacio- uma visão desconcertante das prioridades em questão.
nal para a População em Situação de Rua, Não parece justo que seus direitos e situação sejam pro-
A) pressupõe o acolhimento temporário de pessoas tegidos tão precariamente quando comparados aos níveis
em situação de rua preferencialmente nas cidades de proteção oferecidos aos infratores.
ou nos centro urbanos. A proteção concedida às vítimas do crime é muito limi-
B) dispõe que não poderá o Comitê Intersetorial de tada, quando comparada ao número de instrumentos
Acompanhamento e Monitoramento da Política Na- destinados à proteção dos direitos dos suspeitos e pes-
cional em Situação de Rua convidar pessoas em si- soas acusadas nas áreas de captura, detenção, preven-
tuação de rua a participar de suas atividades. ção e detecção do crime.
C) tem como um dos objetivos garantir o retorno com- A Declaração das Nações Unidas sobre os Princípios Fun-
pulsório das pessoas em situação de rua ao merca- damentais de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e
do de trabalho. do Abuso do Poder (Declaração das Vítimas) é o único
D) prevê o recolhimento de objetos que caracterizem instrumento internacional que oferece orientação aos
estabelecimento permanente em local público, Estados Membros sobre a questão da proteção e repara-
quando impedirem a livre circulação de pedestres e ção às vítimas da criminalidade e do abuso de poder. A
veículos. Declaração não é um tratado e, conseqüentemente, não
E) elenca como uma das características da população cria obrigações legais aos Estados.
em situação de rua a utilização de logradouros pú- Somente uns poucos dispositivos de tratados criam
blicos e áreas degradadas, sempre de forma perma- obrigações legais aos Estados Partes com respeito aos
nente. tratamento das vítimas do crime e do abuso do poder.
Entre eles:
05.O Decreto Federal nº 7.053, de 2009, “Institui a Políti-
 o direito exequível das vítimas de captura ou deten-
ca Nacional para a População em Situação de Rua e
ção à indenização;
seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Moni-
 as vítimas de pena cumprida em virtude de erro ju-
toramento Entre as Diretrizes e dá outras Providên-
dicial deverão ser indenizadas;
cias”. Entre as Diretrizes da Política Nacional para a
 as vítimas de tortura possuem o direito exequível à
População em Situação de Rua (Art. 6º), assinale a al-
indenização justa e adequada.
ternativa INCORRETA.
A) Responsabilidade do poder público pela sua elabo-
ração e financiamento. A Declaração das Vítimas define “vítimas de crime” co-
B) Promoção dos direitos civis, políticos, econômicos, mo sendo:
sociais, culturais e ambientais.
C) Participação da sociedade civil, por meio de entida- as pessoas que, individual ou coletivamente,
des, fóruns e organizações da população em situa- tenham sofrido danos, nomeadamente a sua
ção de rua, na elaboração, acompanhamento e mo- integridade física ou mental, ou sofrimento
nitoramento das políticas públicas. de ordem emocional, ou perda material, ou
D) Assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro grave atentado a seus direitos fundamen-
aos serviços e programas que integram as políticas tais, como consequência de atos ou omis-
públicas de saúde, educação, previdência, assistên- sões que violem as leis penais em vigor em
cia social, moradia, segurança, cultura, esporte, la- um Estado Membro, incluindo as que proí-
o
zer, trabalho e renda. bem o abuso do poder (artigo 1 )

A Declaração das Vítimas afirma ainda que uma pes-


soa pode ser considerada uma vítima quer o autor seja ou
01 02 03 04 05 ― ― ― ― ― não identificado, capturado, julgado ou declarado culpa-
A B B A D ― ― ― ― ― do, e quaisquer que sejam os laços de parentesco deste
com a vítima (artigo º). O termo “vítima” inclui também a
família próxima ou dependentes da vítima, assim como as A Declaração dos Princípios Básicos de Justiça para
pessoas que tenham sofrido algum dano ao intervirem em Vítimas da Criminalidade e do Abuso do Poder (Declara-
nome da vítima. ção das Vítimas) oferece algumas diretrizes para se defi-
Também estabelece disposições relativas ao “acesso à nir a responsabilidade do estado e os direitos das vítimas.
justiça e ao tratamento, restituição, indenização e assistên- Em seu artigo 4o, a Declaração das Vítimas declara que
cia equitativos”, afirmando os seguintes direitos a serem as vítimas devem ser tratadas com compaixão e respeito
exercidos pelas vítimas da criminalidade e abuso de po- por sua dignidade.
der:
Direitos das Vítimas
 de serem tratadas com dignidade e respeito. Tem
direito ao acesso às instâncias judiciárias e a uma “Vítimas diretas” são aquelas que, individual ou coleti-
reparação eficaz e rápida; vamente, tenham sofrido diretamente os danos da violên-
 de beneficiarem-se da criação de procedimentos de cia física, psicológica ou emocional – quer tenha sido
reparação, oficiais ou oficiosos, que sejam eqüitati- consumada ou tentada –, e, como “vítimas indiretas”, os
vos, de baixo custo e acessíveis (artigo 5º); familiares e/ou outros dependentes da vítima direta. Tra-
 de serem informadas da função das instâncias que tando-se especificamente dos feminicídios, utilizar-se-á
conduzem os procedimentos, do âmbito, das datas também a expressão “vítimas sobreviventes” para aque-
e do progresso dos processos e da decisão de suas las vítimas diretas cujo desfecho fatal não se consumou.
causas, especialmente quando se tratar de crimes Toda vítima de violação de direitos humanos tem direi-
graves e quando tenham pedido essas informações to à justiça, que se traduz na obrigação do Estado de ini-
(artigo 6º a); ciar uma investigação pronta e imparcial sobre os fatos
 de apresentarem suas opiniões e que estas sejam alegados; no direito de ver os responsáveis identificados
examinadas nas fases adequadas do processo e sancionados e a consequente reparação civil dos danos
quando seus interesses pessoais estejam em jogo causados; no direito de conhecer as circunstâncias dos
(artigo 6º b); crimes, os motivos e os responsáveis pelos fatos de que
 de receberem assistência adequada ao longo de foram vítimas (direito à verdade); e no direito a um pro-
todo o processo (artigo 6º c); cesso e julgamento livres de estereótipos e preconceitos,
 à proteção de sua privacidade e às medidas que ga- e que não deturpem sua memória para justificar a violên-
rantam sua segurança e a de sua família, preser- cia sofrida (direito à memória).
vando-as de intimidação e represálias (artigo 6º d);
 de que se evitem demoras desnecessárias na reso-
Conceito de Revitimização
lução das causas e na execução das decisões que
lhes concedam indenizações (artigo 6º e);
 de beneficiarem-se de mecanismos extrajudiciários O conceito de revitimização tem sido aplicado para
de resolução de disputas, incluindo a mediação, a descrever a situação enfrentada por mulheres, crianças e
arbitragem e as práticas de direito costumeiro ou adolescentes vítimas de violência, quando seu sofrimento
as práticas autóctones de justiça, que devem ser é prolongado pelo atendimento inadequado nos serviços
utilizados, quando adequados, para facilitar a conci- onde tenham buscado atendimento.
liação e obter a reparação em favor das vítimas. A revitimização expressa-se como o atendimento ne-
gligente, o descrédito na palavra da vítima, o descaso
Qualquer pessoa vítima de captura ou detenção ilegal com seu sofrimento físico e/ou mental, o desrespeito à
terá direito à reparação. Este dispositivo intitula qualquer sua privacidade, o constrangimento e a responsabilização
vítima de captura ou detenção ilegal a reivindicar uma da vítima pela violência sofrida. A Criminologia também
indenização, ao passo que o dispositivo análogo do artigo trata de formas de revitimização considerando, além da
5.5 da CEDH garante indenização somente na eventuali- vitimização primária (o crime ou violação de direito sofri-
o
dade de violação do artigo 5 . da), a vitimização secundária, como resultado da inter-
A indenização é devida a uma pessoa que é sentencia- venção das chamadas instâncias de controle social –
da em um julgamento final, por um erro judicial. A captura polícia e judiciário – especialmente durante os procedi-
ilegal pode ser um elemento de um erro judicial. O fato de mentos de registro e investigação policial e do processo
que a indenização em si é uma matéria de interesse do- criminal; e a vitimização terciária, quando a vítima é dis-
méstico e, como tal, dever ser tratada na legislação naci- criminada e/ou culpabilizada por aqueles indivíduos e/ou
onal, aplica-se igualmente a todos estes instrumentos. grupos que deveriam constituir sua rede apoio – familia-
res, amigos, entre outros.
Reparação dos danos na doutrina e jurisprudência sobre o tempo desse paga-
mento e pensionamento.
O ordenamento brasileiro prevê mecanismos que viabi- O art. 949 do mesmo Código Civil também abrange os
lizem a reparação dos danos. A vítima sobrevivente ou as casos de lesão ou outra ofensa à saúde, cabendo indeni-
vítimas indiretas poderão agir de três formas: zação nas hipóteses mencionadas. A vítima sobrevivente
1) aguardar o desfecho da ação penal, e com o trânsi- do feminicídio poderá inclusive pleitear indenização pelo
to em julgado dessa decisão ingressar no juízo cí- dano estético permanente e irreparável que tenha supor-
vel; ou tado em razão dos danos causados pelo ofensor, sem
prejuízo do dano moral e material, lucros cessantes,
2) ingressar desde logo no juízo cível com a ação de
traumas psíquicos e outros exemplos trazidos pela dou-
reparação de danos; ou
trina e jurisprudência.
3) requerer que a reparação seja fixada na sentença
Para todos esses casos de indenização e pedidos de
penal condenatória.
reparação de danos de forma integral, tanto na esfera
criminal, como na cível e contra o Estado, algumas dili-
Diretrizes para investigar, processar e julgar com pers- gências são necessárias na busca de provas que nortea-
pectiva de gênero as mortes violentas de mulheres. Cabe rão a fixação do quantum indenizatório e sua extensão.
à vítima sobrevivente ou às vítimas indiretas a decisão
Outra é a situação da obrigação de indenizar do Esta-
sobre a forma de ação a ser adotada, porém as orienta-
do, na modalidade de responsabilidade subjetiva, caso
ções e informações sobre cada alternativa, bem como
que merece destaque na reparação de danos em prol das
seus possíveis resultados – inclusive com relação ao
vítimas sobreviventes ou vítimas indiretas em casos de
tempo necessário ao julgamento das ações – deverão ser
feminicídio, quando ocorre a “culpa do serviço” ou “falta
disponibilizadas de modo a ser possível identificar a me-
de serviço”.
lhor maneira de se pleitear em juízo a reparação. De modo
geral, tem se identificado (pelos operadores do direito)
uma subutilização do art. 387, IV, do CPP.
A Lei 11.340/2006 propicia uma cultura de representa-
ção da vítima em juízo, sendo fundamental que promoto-
re(a)s de justiça, defensore(a)s público(a)s e advoga-
do(a)s, postulem a reparação de danos materiais e imate-
riais em favor da vítima de forma integral, acostando aos
autos os elementos probatórios necessários, de modo
que o juiz(a), observando o contraditório e a ampla defe-
sa, possa ao final fixar o valor de justa reparação dos
danos na sentença.
A par dessas discussões da esfera criminal e a repara-
ção de danos, há casos em que o tema poderá ser melhor
debatido e trazido aos autos em ação indenizatória cível
própria, com o objetivo de discutir de forma mais detalha-
da inclusive o quantum de fixação para reparar o dano e
toda a sua abrangência contra o autor do fato criminoso
ou ilícito.
A ampla reparação para as vítimas sobreviventes e in-
diretas com previsão de pagamentos para o sustento da
família ou pagamento de indenização por danos estéticos
encontra respaldo legal no Código Civil Brasileiro (CCB),
no artigo 948, que abrange os danos patrimonial, imaterial
ou moral, de acordo com o caso concreto, aplicando-se
aos casos de feminicídio consumado ou tentado, com as
ressalvas correspondentes à absolvição. Na perspectiva
transformadora anteriormente mencionada, no caso dos
feminicídios, caberá ao operador jurídico auferir, no caso
concreto, como se dará tal reparação, considerando se a
vítima direta era provedora do sustento da família, a exis-
tência de menores dependentes, e/ou demais parentes
dependentes, respaldando-se em parâmetros existentes
sem praticar, em sua vida privada, os atos libidinosos que
reputam prazerosos. A liberdade sexual deve ser reco-
nhecida como um direito essencial de todo ser humano.
O escritório de direitos humanos da ONU documentou
uma ampla gama de violações dos direitos humanos co-
metidos contra indivíduos com base em sua orientação
sexual e identidade de gênero.
São eles:

» Ataques violentos, que vão desde abuso verbal


agressivo e intimidação psicológica até agressão
física, espancamentos, tortura, sequestro e assas-
O respeito às diferenças existentes entre cada ser hu-
sinatos seletivos.
mano constitui pressuposto de uma sociedade democrá-
tica que, como tal, reconhecendo a singularidade de cada » Leis discriminatórias, muitas vezes usadas para
indivíduo e a complexidade que disso emerge, assegura- assediar e punir as pessoas LGBT, incluindo leis
lhe direitos e garantias que, em verdade, são inerentes a que criminalizam relações consensuais de pessoas
toda e a qualquer pessoa. do mesmo sexo, que violam os direitos à privacida-
de e à não discriminação.
Nesse contexto, o reconhecimento de direitos e garan-
tias referentes à liberdade de um ser humano (inclusive » Cerceamento à liberdade de expressão, restrições
no que tange à sua orientação sexual) representa não ao exercício dos direitos de liberdade de associa-
uma faculdade ou um "favor" conferido pelo Estado para o ção e reunião, incluindo as leis que proíbem a divul-
deleite de pessoas determinadas. Não se trata de algo gação de informações sobre a sexualidade entre
guardado no campo do supérfluo da existência humana. pessoas do mesmo sexo, sob o pretexto de restrin-
gir a propagação da chamada “propaganda” LGBT.
Com efeito, a liberdade atinente à orientação sexual de
cada pessoa, assim como, por exemplo, a sua liberdade » Tratamento discriminatório, que pode ocorrer de di-
de consciência, de pensamento e de expressão, encontra versas formas diariamente, incluindo locais de tra-
inquestionável guarida na esfera dos direitos humanos balho, escolas, lares e hospitais. Sem leis nacio-
fundamentais, porquanto intrínseca e visceralmente liga- naisque proíbam a discriminação por terceiros com
da ao indivíduo. base na orientação sexual e na identidade de gêne-
ro, estes tratamentos discriminatórios continuam
A Constituição da República Federativa de 1988 possui
sem controle, deixando poucos recursos para as
como um de seus objetivos fundamentais promover o
pessoas afetadas.
bem de todos, sem qualquer espécie de discriminação
(art. 3°, IV, da CRFB), sendo certo que o princípio da digni-
dade da pessoa humana e o princípio da igualdade (art. Nesse contexto, a falta de reconhecimento legal das
5°, caput, da CRFB) impõem o respeito social à diversida- relações de pessoas do mesmo sexo ou da identidade de
de e obstam que a realidade vivenciada por uma pessoa gênero de uma pessoa também pode ter um impacto dis-
que se relaciona sexual e afetivamente com outra do criminatório em muitas pessoas LGBT.
mesmo sexo seja ignorada pelo Estado, porquanto, ne-
cessariamente, aos pares homoafetivos deve ser assegu- Na Resolução nº 40/2020 consta que:
rada a mesma proteção conferida às pessoas que prefe-
rem constituir família com alguém do sexo oposto, em
CAPÍTULO IX
virtude dos princípios aludidos, e, por óbvio, porque isso
DIREITOS HUMANOS E LGBTI
expressa autonomia de vontade, tendo o ser humano li-
berdade para dispor da própria sexualidade.
Ademais, prevê a CF/88 que a família é a base da soci- Art. 131 Lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, tra-
edade e tem especial proteção do Estado (art. 226, caput), vestis e intersexos - LGBTI em situação de rua devem ter
e que é livre o planejamento familiar (art. 226, §7°). seus direitos humanos protegidos, sendo-lhes garantida
uma vida livre de violência, exclusão, discriminação e
Conclui-se que práticas discriminatórias, além de in-
preconceito, com respeito à orientação sexual e identida-
constitucional e ilegal, incompreensível o preconceito que
de de gênero.
ocorre contra homossexuais, bissexuais, transexuais,
enfim, contra aqueles que são apontados, inacreditavel- Parágrafo único: Para fins desta Resolução considera-
mente, como pessoas supostamente imbuídas de "depra- se:
vação", como se pessoas heterossexuais, atraídas por I - Cisgênero: Pessoa que se identifica com o gênero
pessoas do sexo oposto, não praticassem ou não pudes- igual ao do sexo de nascimento.
II - Transgênero: Termo genérico que vale para qual-
quer pessoa que se identifique com um gênero diferente
ao do sexo de nascimento, a exemplo de homens trans,
mulheres trans e travestis.
III - Identidade de Gênero: Forma como cada pessoa
sente que ela é em relação ao gênero masculino e femini- A Constituição Federal de 1988 traz como um de seus
no. Nem todas as pessoas se enquadram na noção biná- princípios o repúdio à tortura e às penas degradantes,
ria de homem/mulher. desumanas ou cruéis.
IV - Orientação Sexual: forma como nos sentimos em
relação à afetividade e sexualidade. Os conceitos de ho- Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
mossexualidade, bissexualidade, heterossexualidade e distinção de qualquer natureza, garantindo-se
assexualidade são os tipos de orientação sexual. Esse aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
conceito também é conhecido como orientação afetivo- no País a inviolabilidade do direito à vida, à li-
sexual, uma vez que não diz respeito apenas a sexo. berdade, à igualdade, à segurança e à proprie-
V - Intersexo: pessoas que nascem com qualquer vari- dade, nos termos seguintes:
ação de caracteres sexuais, incluindo cromossomos, (...)
gônadas e/ou órgãos genitais, que fogem aos padrões III - ninguém será submetido a tortura nem
socialmente determinados para os sexos masculino ou a tratamento desumano ou degradante; (…)
feminino.
A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insusce-
Art. 132 As pessoas em situação de rua travestis e tível dos benefícios da graça e da anistia. Apesar desse
transsexuais devem ser tratadas pelo pronome de trata- histórico e de a Constituição de 1988 determinar que a
mento que desejarem e ter seu nome social reconhecido, prática de tortura não possibilitaria o benefício da fiança,
caso solicitem. Também deve ser feito o uso dos espaços anistia ou graça, apenas em 1997, o legislador brasileiro
coletivos separados por gênero, como banheiros, vestiá- tipificou a prática dessa ignomínia. Contudo, ao fazê-lo, o
rios e alojamentos, conforme à sua identidade de gênero. legislador não respeitou a melhor técnica legislativa, nem
se atentou à definição internacional de tortura.
Art. 133 Os serviços de atendimento para a população De fato, a definição de tortura, segundo o direito inter-
em situação de rua devem considerar que as mulheres nacional, compreende três elementos, o material, a quali-
cisgênero e homens trans demandam atenção específica ficação do sujeito ativo e o teleológico. O elemento mate-
em relação às questões fisiológicas, devendo ser ofertado rial é o referente ao sofrimento físico ou mental que é
absorvente, contraceptivo, acompanhamento ginecológi- infligido à vítima. O segundo elemento exige que o sujeito
co e obstétrico no pré-natal, no parto e pós-parto. ativo do delito seja funcionário público. O elemento teleo-
lógico exige uma finalidade específica, qual seja a busca
de uma informação ou confissão, ou a imposição de cas-
Art. 134 Os homens transsexuais em situação de rua
tigo pessoal.
que ainda possuírem os órgãos reprodutores do gênero
feminino, deverão ser contemplados com o disposto nos A gravidade da tortura reside no fato de ela viola o bem
arts do Capítulo VIII que os beneficiará, principalmente em jurídico função pública, pois é com seu abuso — já que o
relação à gravidez e manutenção da guarda dos filhos e funcionário público age extrapolando os limites legais de
filhas. sua atividade —, que se submete alguém à tortura. Exa-
tamente porque o torturador atua abusando dos poderes
funcionais. De certa forma, há uma pluraridade de bens
Art. 135 As travestis e mulheres transsexuais em situ- jurídicos ofendidos, como as garantias fundamentais da
ação de rua que ainda possuírem os órgãos reprodutores pessoa humana e o exercício da função pública. Além
do sexo masculino, demandam atenção específica em disso, obviamente, há uma ofensa a bens jurídicos indivi-
relações às suas questões fisiológicas. Parágrafo Único: duais, como a liberdade e a integridade física ou psíquica.
As travestis e mulheres transsexuais devem ser contem-
O que torna a tortura grave é precisamente o fato de
pladas com o disposto nos arts do Capítulo VIII.
que é um crime pluriofensivo que, além de bens individu-
ais, por ser praticado por agente estatal, viola as garantias
fundamentais, o exercício da função pública, de modo a
atentar contra o Estado Democrático de Direito. Por isso,
dentre os maiores defeitos da lei brasileira, avulta-se a
opção por definir a tortura como um crime comum.
O legislador brasileiro, contrariando tal preocupação § 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
internacional, de reconhecer na tortura uma prática em função ou emprego público e a interdição para seu
que os direitos fundamentais do homem são afetados — exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
mais que apenas sua integridade física ou psíquica —, § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetí-
definiu o crime de tortura como um delito comum, sem vel de graça ou anistia.
exigir para a sua configuração a condição de funcionário § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei,
público, ao contrário da legislação espanhola e portugue- salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da
sa e da Convenção da ONU de 1984. pena em regime fechado.
Por outro lado, nas duas primeiras modalidades típi- Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quan-
cas, exige-se como meio para a imposição do sofrimento do o crime não tenha sido cometido em território na-
físico ou psíquico o uso da violência ou da grave ameaça, cional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o
olvidando que há uma série de outros meios que podem agente em local sob jurisdição brasileira.
impor tais sofrimentos — principalmente o psíquico —,
Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
sem que possam ser classificados como violência ou
blicação.
grave ameaça.
Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de
Vejamos a Lei nº 9.455/1997, que define os crimes de
13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do Ado-
tortura.
lescente.

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou
mental:
01.No que diz respeito ao crime de tortura, assinale a
a) com o fim de obter informação, declaração ou
alternativa correta.
confissão da vítima ou de terceira pessoa;
A) o crime de tortura é afiançável
b) para provocar ação ou omissão de natureza B) o crime de tortura é suscetível de anistia
criminosa; C) a condenação deve acarretar a perda do cargo pú-
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; blico e a interdição para seu exercício pelo triplo do
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou prazo da pena aplicada
autoridade, com emprego de violência ou grave ame- D) constitui crime de tortura submeter alguém, sob sua
aça, a intenso sofrimento físico ou mental, como guarda, com emprego de grave ameaça, a intenso
forma de aplicar castigo pessoal ou medida de cará- sofrimento mental, como forma de aplicar castigo
ter preventivo. pessoal
Pena - reclusão, de dois a oito anos. E) o crime de tortura é suscetível de graça
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pes-
soa presa ou sujeita a medida de segurança a sofri- 02.Após a Segunda Guerra Mundial, adotada e proclama-
mento físico ou mental, por intermédio da prática de da a Declaração Universal dos Direitos Humanos, os
ato não previsto em lei ou não resultante de medida direitos inerentes à pessoa humana passam a ser pro-
legal. tegidos mundialmente. No Brasil, os atos de tortura e
as tentativas de praticar atos dessa natureza são coi-
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condu-
bidos.
tas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Marque abaixo a alternativa CORRETA quanto ao crime
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave de tortura.
ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez A) O crime de tortura é inafiançável, embora suscetível
anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezes- de graça ou anistia.
seis anos. B) Se o crime de tortura é cometido contra maior de 60
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um ter- (sessenta) anos aumenta-se a pena em de 1/3 (um
ço: terço) até à metade.
I - se o crime é cometido por agente público; C) Se o crime de tortura é cometido por agente público,
II – se o crime é cometido contra criança, gestan- a pena é aumentada de 1/3 (um terço) até à meta-
te, portador de deficiência, adolescente ou maior de de.
60 (sessenta) anos; (Redação dada pela Lei nº D) Não se constitui crime de tortura o constrangimento
10.741, de 2003) de alguém com o emprego de violência ou grave
III - se o crime é cometido mediante sequestro. ameaça, causando-lhe sofrimento físico, em razão
de discriminação racial ou religiosa.
E) Constitui crime de tortura: constranger alguém com
emprego de violência ou grave ameaça, causando-
lhe sofrimento físico ou mental com o objetivo de
obter alguma informação, declaração ou confissão.

03.Acerca do crime de tortura, marque a alternativa COR- A tortura e outras formas de tratamentos cruéis, de-
RETA. sumanos ou degradantes são proibidos em todas as cir-
A) Constitui-se crime de tortura, somente quando cau- cunstâncias. Estes tipos de atos possuem consequências
sar dano psíquico a outrem. adversas duradouras para a vítima, o perpetrador, a agên-
B) Caso o crime de tortura seja cometido por agente cia de aplicação da lei, o sistema de justiça e a sociedade
público, aumenta-se a pena de um terço à metade. em geral.
C) Nas situações previstas em lei, no crime de tortura, Não existem circunstâncias excepcionais que possam
o juiz poderá arbitrar fiança. justificar o não cumprimento desta norma, devendo ser
D) Constitui-se crime de tortura submeter alguém, sob constantemente lembrada pelo comando da agência de
sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de aplicação da lei. Este deve adotar uma série de medidas
violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento fí- para prevenir a ocorrência de tortura, incluindo um pro-
sico ou mental, como forma de aplicar castigo pes- cesso claro e regulado de investigação e interrogatório,
soal ou medida de caráter preventivo. respeito pelas garantias judiciais e permissão para que os
E) Em qualquer situação o condenado por crime de locais de detenção sejam inspecionados por órgãos ex-
tortura iniciará o cumprimento da pena em regime ternos.
fechado. O direito à liberdade e à segurança pessoais está con-
sagrado em inúmeros documentos universais e regionais,
04.O agente público que submeter alguém, sob sua guar- sendo um dos direitos humanos básicos mais antigos em
da, poder ou autoridade, com emprego de violência ou existência. Devem-se seguir procedimentos rígidos e
grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, manter as garantias judiciais fundamentais se os Estados
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de restringirem este direito.
caráter preventivo, pratica o delito de: Além disso, qualquer restrição deverá estar sujeita ao
A) tortura com aumento de pena. controle judicial. Nesse sentido, é importante ter em men-
B) tortura. te que a privação da liberdade afeta os direitos de um
C) maus-tratos com aumento de pena. indivíduo além da sua liberdade pessoal e de movimen-
D) exposição a perigo. tos. O poder de capturar e deter uma pessoa, desse modo,
E) maus-tratos. precisa ser regulamentado meticulosamente pela lei e
exercido em total conformidade com as normas e padrões
internacionais aplicáveis nessa matéria.

01 02 03 04 ― ― ― ― ― ―
Garantias judiciais
A C D B ― ― ― ― ― ―

Essas garantias constituem o principal meio de prote-


ção dos direitos fundamentais. Podem ser classificadas
em ordinárias e constitucionais. A atividade judicial tem o
papel de instrumento garantidor dos direitos fundamen-
tais por meio da análise do direito à jurisdição, o que se
faz sempre em um processo.
A satisfação do direito à tutela jurisdicional efetiva
exige mais que o procedimento legalmente instituído,
mais que igualdade de oportunidades de acesso à justiça;
exige o procedimento legítimo, o que requer sejam obser-
vados os princípios constitucionais que garantam a ade-
quada participação das partes e do juiz, como: os do juiz
natural, da igualdade, do contraditório, da publicidade e da
motivação das decisões.
Direitos Pré-Processuais O Código de Processo Penal ainda permite à autorida-
de policial a recusa de instauração de inquérito quando o
Também conhecida como informal, são direitos que requerimento não apresentar conjunto indiciário mínimo
surgem antes do processo ser instaurado. A grande van- ou quando o fato não ostentar contornos de criminalida-
tagem de os cidadãos optarem pela fase pré-processual é de. Em tais hipóteses, cabe recurso ao órgão competente
o processo que comporta matéria jurídica passível de na estrutura administrativa da polícia (artigo 5º, § 2º do
conciliação se encerra antes mesmo de qualquer movi- Código de Processo Penal). No âmbito federal, a compe-
mentação processual (antes da citação do ente público tência pertence à Superintendência da Polícia Federal.
requerido). O inciso II do artigo 5º do Código de Processo Penal
A lei outorga a determinados órgãos a competência autoriza o próprio juiz a requisitar inquérito policial. Isso
para a investigação da existência dos crimes comuns, em vem perturbando alguns doutrinadores visto que nos ca-
geral, e de sua respectiva autoria. É a chamada polícia sos de ação penal pública, a privatividade da ação é do
judiciária (artigo 144 da Constituição Federal). Porém, tal Ministério Público, o que não é conveniente o juiz ter essa
tarefa não é exclusiva ou privativa da polícia. O Código de faculdade.
Processo Penal, em seu artigo 4º, ressalta a atribuição Ainda, o inquérito policial tem prazo certo para a con-
investigatória a outras autoridades, como em procedi- clusão das investigações, sendo, em regra, de 10 dias
mentos administrativos. para acusado preso e 30 dias quando solto. Na Justiça
A fase de investigação é, portanto, em regra, promovi- Federal o prazo é de 15 dias estando preso, podendo ser
da pela polícia judiciária, tem natureza administrativa e é prorrogado por mais 15 dias. Quando solto, a regra é co-
realizada anteriormente à provocação da jurisdição penal. mum: 30 dias.
E é por isso que se fala em fase pré-processual. Trata- Nos casos em que há os crimes de tóxicos, o prazo é
se de procedimento que apura cabal e completamente os de 30 dias para conclusão das investigações quando o
esclarecimentos do caso penal, dirigindo-se à formação acusado se encontra preso, e de 90 dias quando solto.
da opnio delicti (convencimento) do responsável pela Este prazo ainda poderá ser duplicado, mediante repre-
acusação. O juiz nessa fase é totalmente alheio à quali- sentação da autoridade policial, sempre que justificado.
dade da prova. O juiz aqui somente intervém para tutelar
violações ou ameaças de lesões a direitos e garantias das
partes. Pode, porém, exercer atos de natureza jurisdicio-
nal, somente quando provocado e resguardando a efetivi-
dade da função jurisdicional.
O convencimento do encarregado da acusação poderá
ser levados a cabo até mesmo por particular, pelo enca-
minhamento de documentação ou informações suficien-
tes à formação do convencimento. Aqui destaca-se que
não há qualquer previsão legal ou procedimento previsto
em lei, quer-se dizer, então, que eventuais elementos pro-
batórios poderão ser fornecidos por ele, desde que prove-
nientes de atividade lícitas.
Observa-se que o inquérito não é indispensável a pro-
positura da ação penal, podendo a acusação formar o seu
convencimento a partir de outros elementos informativos.
Aqui há uma temática interessante sobre os princípios
do contraditório e da ampla defesa.A jurisprudência naci-
onal fixa como regra a não aplicação e tais princípios à
fase de investigação. A doutrina diverge. Há uma crescen-
te doutrinária de que ao menos o contraditório no inquéri-
to policial seria exigência constitucional.
É verdade que há de se pensar nesses princípios na
fase pré-processual. Ora, em relação as provas periciais, o
contraditório já deveria ser presente.
Procedimento igual vemos no caso de ação penal pri-
vada, cuja legitimação para a instauração pertence ao
particular ou legitimado.
em discriminação de qualquer natureza; quando tais do-
res ou sofrimentos são infligidos por um funcionário pú-
blico ou outra pessoa no exercício de funções públicas,
ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou
aquiescência.”
A Constituição Federal de 1988 cita a tortura como
prática inadmitida, violadora dos direitos fundamentais,
assim como o legislador infraconstitucional brasileiro
tratou de tipificar a conduta como crime em lei própria.
A tolerância em relação à prática da tortura é algo
01.Assinale a alternativa correta consoante a Lei de Tor-
abominável bem antes de sua proibição legal, e este in-
conformismo foi encabeçado por um movimento principi- tura (Lei nº 9.455/1997).
ado pelo Iluminismo, cujo objetivo era apontar a cruelda- A) O crime de tortura é imprescritível e insuscetível de
graça ou anistia.
de e os malefícios gerados por tal prática, que servia ape-
B) Aquele que se omite diante de condutas tipificadas
nas para diminuir o ser humano à posição mais humilhan-
como tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou
te diante da humanidade. Entretanto, apesar de todas as
apurá-las, incorre na pena de detenção de dois a
estruturas criadas para a criminalização da tortura, tem-
quatro anos.
se que ela ainda é um método constantemente exercido
C) Se do crime de tortura resulta lesão corporal de na-
por agentes públicos em muitas ocasiões.
tureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de
Na atualidade, considerando os mais recentes trata-
quatro a doze anos.
dos e convenções internacionais que proíbem expressa-
D) Se o crime de tortura é cometido mediante seques-
mente o uso da tortura, somados ao marcante flagrante
tro, aumenta-se a pena de um sexto até dois terços.
de abuso praticado por policiais militares, que fundou no
E) A condenação acarretará a perda do cargo, da fun-
clamor e a insatisfação pública, despertaram no legisla-
ção ou do emprego público e a interdição para seu
dor a necessidade de tratar a tortura como crime autô-
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada.
nomo, instituindo então a Lei 9.455/1997.
A problemática do crime de tortura amplia-se por atin- 02.Nos termos da Convenção contra a Tortura e outros
gir diretamente o respeito ao princípio da dignidade hu- Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degra-
mana, e este, por vez, possui importância inigualável e é dantes, a tortura é
ainda a força motriz de todo o ordenamento jurídico pá- A) proibida em toda e qualquer circunstância, seja
trio. ameaça ou estado de guerra, instabilidade política
A consideração mais importante está na total impos- interna ou qualquer outra emergência pública, sen-
sibilidade de admitir qualquer relativização do respeito do um crime impróprio em que a qualidade de agen-
devido à dignidade humana, o que conduz diretamente à te público é causa de aumento de pena.
discussão de se o direito a ser torturado é mesmo um B) permitida excepcionalmente em estado de guerra,
direito absoluto e qual o seu alcance na legislação nacio- sendo um crime próprio que tem como sujeito ativo
nal (se limitado aos agentes públicos ou se aplicável um agente público.
também no âmbito das relações entre particulares). C) permitida excepcionalmente para o combate ao ter-
A Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou rorismo, sendo um crime impróprio em que a quali-
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984, ratifi- dade de agente público é causa de aumento de pe-
cada pelo Brasil no ano de 1989, foi o marco para a com- na.
preensão conceitual do crime de tortura, pois não havia, D) proibida em toda e qualquer circunstância, seja
até então, uma construção jurídica sobre o conceito de ameaça ou estado de guerra, instabilidade política
tortura. Os períodos históricos referenciados tratavam a interna ou qualquer outra emergência pública, sen-
tortura de diversas formas, ora como castigo, ora como do um crime próprio que tem como sujeito ativo um
instrumento processual, sem muitos relatos de sua defi- agente público.
nição legal ou filosófica, que veio a aderir ao ordenamento E) permitida excepcionalmente em estado de guerra,
pela ratificação da Convenção, ao afirmar que: sendo um crime impróprio em que a qualidade de
“O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores agente público é causa de aumento de pena.
ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infligidos
intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, dela ou de
terceira pessoa, informações ou confissões; de castigá-la
por ato que ela ou terceira pessoa tenha cometido ou seja
01 02 ― ― ― ― ― ― ― ―
suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pes-
soa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado E D ― ― ― ― ― ― ― ―
Desse modo, para aumentar as possibilidades de êxito
na competição, indivíduos que têm os mesmos objetivos
tendem a se unir, formando grupos. Não se deve imaginar
que os conflitos e as disputas na sociedade sejam algo
necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as dis-
Conceitos de Políticas Públicas putas servem como estímulos a mudanças e melhorias na
sociedade, se ocorrerem dentro dos limites da lei e desde
A função que o Estado desempenha em nossa socie- que não coloquem em risco as instituições.
dade sofreu inúmeras transformações ao passar do tem- Assim, o interesse público – o qual, por sua vez, reflete
po. No século XVIII e XIX, seu principal objetivo era a se- as demandas e expectativas da sociedade – se forma a
gurança pública e a defesa externa em caso de ataque partir da atuação dos diversos grupos. Durante a apresen-
inimigo. tação de suas reivindicações os grupos tentam obter
Entretanto, com o aprofundamento e expansão da de- apoio de outros grupos, mas também sofrem oposição
mocracia, as responsabilidades do Estado se diversifica- daqueles que têm outras reivindicações contrárias. O
ram. Atualmente, é comum se afirmar que a função do interesse público se forma, portanto, por meio da disputa
Estado é promover o bem estar da sociedade. de todos os grupos da Sociedade Civil Organizada (SCO).
Para tanto, ele necessita desenvolver uma série de
ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como Resumindo: As políticas públicas são as ações ou me-
saúde, educação, meio ambiente. Para atingir resultados didas de um governo cujo objetivo é resolver uma situ-
em diversas áreas e promover o bem-estar da sociedade, ação problemática para a sociedade. Em alguns casos,
os governos se utilizam das Políticas Públicas que podem não é possível simplesmente resolver a questão defini-
ser definidas da seguinte forma: conjunto de ações e de- tivamente e, nesse momento, a política pública pode vir
cisões do governo, voltadas para a solução (ou não) de no sentido de aplacar, ou minimizar, os impactos soci-
problemas da sociedade. ais decorrentes de um problema. Ou seja, as políticas
São, portanto, a totalidade de ações, metas e planos públicas têm impacto na vida dos cidadãos.
que os governos (nacionais, estaduais ou municipais)
traçam para alcançar o bem-estar da sociedade e o inte-
No caso do Brasil, as políticas públicas acontecem a
resse público. É certo que as ações que os dirigentes pú-
nível federal, estadual e municipal, tendo como alvo os
blicos (os governantes ou os tomadores de decisões)
setores específicos da sociedade. As políticas públicas
selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles en-
são desenvolvidas e aplicadas pelo governo que, em
tendem serem as demandas ou expectativas da socieda-
muitos casos, conta com a participação de organiza-
de. Ou seja, o bem-estar da sociedade é sempre definido
ções não governamentais (ONG’s) e também com a
pelo governo e não pela sociedade.
iniciativa privada.
Isto ocorre porque a sociedade não consegue se ex-
pressar de forma integral. Ela faz solicitações (pedidos ou
demandas) para os seus representantes (deputados, se- Princípios das Políticas Públicas
nadores e vereadores) e estes mobilizam os membros do
Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como Os Princípios de Politicas Públicas são diferentes dos
prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente Princípios Normativos (Princípios da Administração Pú-
da República) para que atendam as demandas da popula- blica), pois os Princípios de Politicas Públicas colocam
ção. questões que são mais difícil de resolver, portanto, não
As demandas da sociedade são apresentadas aos diri- são princípios exatos como o Principio da Publicidade
gentes públicos por meio de grupos organizados, no que que exige que os atos da administração pública sejam
se denomina de Sociedade Civil Organizada (SCO), a qual sempre oficial, ou tão objetivos como o Principio da Lega-
inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades de lidade que faz com que a Administração Pública só atue
representação empresarial, associação de moradores, desde que haja previsão legal.
associações patronais e ONGs em geral. Nesse sentido, vislumbra-se que esses Princípios es-
As sociedades contemporâneas se caracterizam por pecíficos de Politicas Públicas não são óbvios e imedia-
sua diversidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, tos, assim, colocam algumas questões/decisões funda-
língua, renda, profissão, como de ideias, valores, interes- mentais aos gestores públicos/administrador público
ses e aspirações. No entanto, os recursos para atender a sobre qual modelo a ser adotado, e, por consequência, tal
todas as demandas da sociedade e seus diversos grupos modelo adotado será guiado por um princípio especifico.
(a SCO) são limitados ou escassos. Como conseqüência,
os bens e serviços públicos desejados pelos diversos
indivíduos se transformam em motivo de disputa.
UNIVERSALIZAÇÃO x FOCALIZAÇÃO te/especializada nessas causas, enquanto que as politi-
cas intersetoriais irão atacar diversas causas ao mesmo
Quando o administrador público esta elaborando uma tempo.
determinada politica pública a primeira questão que se Então quando se fala de políticas intersetoriais, vis-
coloca é se essa politica pública será universal ou será lumbra-se em uma forma de pensar integralmente a reali-
focalizada, ou seja, já se coloca a primeira escolha entre o dade, bem como sendo políticas transversais, ou seja, são
Principio da Universalização ou o Principio da Focaliza- transversais porque alcançam diversos setores ao mes-
ção. mo tempo e entrelaçam esses setores, ao invés de indivi-
Segundo o Princípio da Universalização a política pú- dualizá-los.
blica será igualmente acessível a todos os cidadãos, ou Ainda na política na Intersetorialidade, estamos falan-
seja, não existem critérios para diferenciar quem tem do também da incorporação de múltiplos atores na elabo-
acesso e quem não tem acesso, como por exemplo, o ração e na implementação, ou seja, quando falamos em
Sistema Único de Saúde – SUS, este é de acesso univer- uma política de combate a pobreza que precisa necessa-
sal, pois não existem critérios que afastem determinada riamente envolver a politica de educação e saúde, é im-
pessoa de acesso ao SUS, ou seja, terá acessibilidade ao portante colocar gestores públicos dos Ministérios da
SUS até mesmo aquela pessoa que tem condições sufici- Saúde e da Educação para discutirem juntos com o Minis-
entes para ter o mais caro do plano de saúde privado, ou tério de Desenvolvimento Social ou Secretaria de Assis-
seja, para ter acesso ao SUS não precisa comprovar ne- tência Social, ou seja, é importante criar fóruns que pos-
cessidade de um atendimento a saúde publica, pois a sibilitem o contato entre diversos setores.
saúde publica é por princípio universal. Esses diferentes atores vão também compartilhar re-
Diferentemente são as politicas públicas Focalizadas, cursos, responsabilidades e ações por meio de uma inte-
como por exemplo, o programa “Bolsa Família”, este é ração continuada, ou seja, além da reunião de ministros e
focalizado, pois o benefício do “Bolsa Família” depende da secretários de setores distintos, a interação tem que se
renda familiar, assim só será acessível quando a renda dar de forma mais profunda do que a mera reunião, bem
familiar estiver a baixo da determinada linha de renda, ou como a gestão pública precisa criar sistemas para inte-
seja, não terá acesso ao beneficio do “Bolsa família” a grar efetivamente diferentes setores, como por exemplo,o
família que tiver uma renda alta, portanto, vislumbra-se combate à violência doméstica, pois é uma questão que
que esta politica pública do programa “Bolsa Família” não tem que ser enfrentada não só pelas secretarias de políti-
é universal. cas para as mulheres, mas também pelas secretarias de
trabalho e assistência social em conjunto com as secreta-
rias de politicas para as mulheres.
ESPECIALIZAÇÃO x INTERSETORIALIDADE

PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE x CONTROLE SOCIAL


São dois princípios distintos que também demandam
uma escolha do administrador público se determinada
política pública será especializada ou intersetorial. O controle social é um princípio que sociedade deve
A politica intersetorial se aplica em geral como uma exercer o controle sobre o Estado.
estratégia para enfrentamentos de problemas cujas cau- Na perspectiva do controle social são criadas esferas
sas são multidimensionais e complexos. Como por exem- em que possibilitam a sociedade participar e fiscalizar as
plo, a pobreza que é considerada um problema complexo, politicas públicas, ou seja, são ferramentas que possibili-
que tem causas multidimensionais, e que não se resume, tam a democratização da gestão pública e o exercício da
como geralmente as pessoas entendem,a questão de democracia nas diversas áreas das politicas públicas.
renda ou de classe social,poisa questão de renda e/ou Em contrapartida, as políticas que adotam caracterís-
social é um dos aspectos da pobreza, haja vista que exis- ticas de presunção de legitimidade entendem que o pró-
tem questões relacionadas a acesso ao trabalho, a for- prio processo que deu origem a uma determinada legisla-
mação profissional, educação, acesso a moradia, acesso ção legitima a politica, ou seja, por exemplo, um processo
a saúde, idade, enfim, diversos aspectos que se a política de debate que envolveu o Poder Executivo e o Legislativo,
de enfrentamento a pobreza fosse incorporada a perspec- é um debate em que os representantes eleitos pelo povo
tiva intersetorial ela terá que colocar diferentes setores tomam determinadas decisões. Assim, vislumbra-se que o
para dialogar. próprio fato de serem representantes eleitos já justifica a
Diferentemente de uma politica especializada que legitimidade, ou seja, presume-se que a politica é legitima.
identifica um fenômeno como uma relação de causa e Em contrapartida, as políticas que explanam no Con-
efeito. Assim, se o entendimento for que a pobreza é uma trole Social, mesmo depois de um processo democrático
questão meramente de renda e de classe social, deverá envolvendo o Poder Executivo e o Poder Legislativo, elas
ser feito uma política que é focada especificamen-
podem ainda assim precisar de participação ou de um - Identificação e elaboração do Problema
controle por meio da população. - Formação da Agenda
Ainda tratando do Controle Social é necessário expla- - Formulação de Alternativas
nar sobre 2 conceitos que sempre estão presentes em - Tomada de decisão
políticas públicas. São conceitos que falam sobre a rela-
- Implementação
ção entre a ponta e o topo das políticas públicas.
- Avaliação
Nessa perspectiva podemos entender que a ponta po-
- Extinção
de ser tanto entendida como Municípios e os Estados em
oposição ao topo que é a União, quanto em relação a pró-
pria estrutura interna da burocracia Estatal, no sentido em
que temos os burocratas de ponta que são aqueles que
aplicam ás políticas públicas na ponta, ou como chama-
mos no “chão” das políticas públicas, ou seja, são os ges- 01.O papel da burocracia na formulação das políticas
tores que estão próximos da população e que têm contato públicas, conforme modelos de análise contemporâ-
direto com aqueles que se beneficiam das políticas públi- neos, é
cas. A) restrito aos funcionários que ocupam as posições
mais altas na hierarquia e participam das arenas de
GOVERNANÇA DEMOCRÁTICA decisão política.
B) inexistente, pois os burocratas preponderantemente
implementam as políticas públicas.
Governança democrática é uma nova maneira de go-
C) inexistente, pois a burocracia apenas implementa
vernar que vai além da democracia representativa, ou
as políticas públicas.
seja, apenas eleger os representantes e confiar que au-
D) compartilhado entre funcionários de alto e baixo
tomaticamente eles irão tomar decisões que condizem
escalão que formulam e implementam políticas pú-
com que a sociedade acredita é muito pouco.
blicas.
A ideia de Governança Democrática se baseia na no-
E) restrito aos funcionários de alto e baixo escalão que
ção de interação social, ou seja, é muito importante apro-
formulam e implementam políticas públicas.
ximar o governo da sociedade de uma forma interativa, e,
para isso ocorrer, os mecanismos do controle social são
02.O transporte público na cidade de São Paulo represen-
muito importantes.
ta uma política pública
As politicas que se baseiam em Governança Democrá- A) regulatória.
tica tem como finalidade a construção de cidadania. In- B) distributiva.
clusive o conceito de Governança Democrática esta sen- C) redistributiva.
do implementado por empresas privadas como uma for- D) empreendedora.
ma de democratizar sua própria gestão. Portanto, é um E) majoritária.
conceito que pode ser aplicado tanto pelo governo quanto
por iniciativas privadas. 03.Assinale a opção que apresenta fases do ciclo de polí-
ticas públicas.
Ciclos de Políticas Públicas A) Formulação, execução e reversão.
B) Elaboração, formulação e avaliação.
É uma forma de visualizar e interpretar a vida de uma C) Organização, implementação e extinção.
política pública. Por meio do ciclo, é possível observar que D) Planejamento, execução e acompanhamento.
as políticas públicas se desenvolvem em fases sequen- E) Planejamento, elaboração e acompanhamento.
ciais e interdependentes.

Todavia, apesar de o ciclo proposto servir de guia so-


bre como compreender a formulação e implementação de 01 02 03 ― ― ― ― ― ― ―
políticas públicas, é mais comum que as fases se apre-
sentem fora da ordem proposta pelo esquema teórico e, A B B ― ― ― ― ― ― ―
além disso, as fases podem se misturar ou ocorrerem
concomitantemente.
São muitos os normativos humanitários que tratam de
direitos mínimos do preso, como forma de garantir que a
prisão será uma exceção. As regras mínimas de prisão da
ONU atuam justamente na definição de garantias às pes-
soas que estão com a liberdade restrita.
No contexto da legislação brasileira temos a LEP – Lei
de Execuções Penais, que atua no mesmo sentido. Assim,
transitando em julgado a sentença para a acusação e
havendo recurso da defesa, se o réu estiver encarcerado
por prisão preventiva aberta estará a possibilidade de
execução provisória. Para tanto, é preciso que o juízo de
conhecimento determine a expedição da guia de recolhi-
mento provisória (verificar os arts. 8º a 11 da Resolução
n. 113, de 20 de abril de 2010, do CNJ, dispõe sobre o
procedimento relativo à execução de pena privativa de
liberdade e de medida de segurança), e seu envio à Vara
de Execução competente, onde deverá tramitar a execu-
ção propriamente dita, e, consequentemente, os pedidos a
ela relacionados.
Os direitos das pessoas presas são assegurados pela
Constituição Federal e pela Lei de Execução Penal (Lei n.
7.210, de 1984). Mesmo privado de liberdade, o preso
deve manter seus direitos de cidadão como educação,
saúde, assistência jurídica e trabalho para remição da
pena.
O preso tem o direito de ter acesso ao trabalho remu-
nerado e à reserva de dinheiro resultado de seu trabalho.
Uma parcela fica depositada em caderneta de poupança
para ser resgatada quando o preso sair da prisão. A outra
parte deve atender à indenização dos danos causados
pelo crime, se determinados judicialmente; à assistência
familiar; a pequenas despesas pessoais e ao ressarci-
mento ao Estado das despesas realizadas com a manu-
tenção do condenado.

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