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Rec Sociologia
Rec Sociologia
As mudanças no Estado brasileiro, nos anos 1990, são decorrentes da crise econômica e
política e das transformações no cenário internacional. Uma das mudanças diz respeito ao
Estado e ao seu papel na sociedade contemporânea globalizada. Passou-se a questionar o
Estado, sobretudo o Estado social, cujas medidas protecionistas, segundo setores liberais,
emperravam a economia. A pregação em torno de um Estado mínimo adquiriu força e
norteou as políticas econômicas de diversos países. Dessa forma, nas décadas de 1980 e
1990, segundo Harvey (1993), uma onda neoliberal voltou-se contra o Estado do Bem-Estar
Social, os trabalhadores e os sindicatos, levando ao extremo a acumulação do capital,
através da competição internacional, reestruturação produtiva, flexibilização da legislação
do trabalho, inovação tecnológica etc.
Nesse processo, a autonomia dos Estados nacionais foi questionada pelos atores
econômicos e por parcelas da sociedade civil e o poder político viu-se pressionado pelas
exigências de um Estado minimalista e a obrigação de baixar os custos de produção para
atrair o grande capital.
Na nova ordem social, denominada na literatura por globalização, as organizações
supranacionais reguladoras, como o FMI, Banco Mundial e outros organismos
internacionais, buscam subordinar e condicionar as economias dos Estados, sobretudo
periféricos, reduzindo a autonomia e a soberania dos países. Pelo fato dos mesmos usarem
suas divisas para investir em todo o mundo.
Em verdade cresce o poder das empresas transnacionais/megaempresas e fica diluído o
poder do Estado. O desenvolvimento das corporações está relacionado ao processo de
reconstrução do Estado e da economia, ou seja, o Estado é pressionado a facilitar a
circulação do grande capital pelo mundo, produzindo condições ótimas de atração de capital
financeiro e produtivo como a mão de obra de baixo custo e qualificada, as relações de
trabalho flexíveis e a infraestrutura.
O contraditório nessa lógica é que, ao mesmo tempo em que estimula a liberdade plena ao
mercado, atua no sentido de favorecer o capital transnacional, com políticas de incentivos e
atração, essa indústria multinacional pressionava para obter incentivos e financiamento
público para se instalar no estado. Diante da recusa do governo local, a empresa
instalou-se em outro estado da federação valendo-se de beneficios. O Estado tem sido
objeto de disputa entre o capital e as classes sociais mais vulneráveis, que precisam do
Estado a seu favor.
Quanto às relações entre o Estado e o mercado, não existe unanimidade sobre o papel do
Estado na economia. Os liberais defendem a não-intervenção, enquanto os keynesianos
acreditam que o Estado tem o papel de intervir na economia, de intermediar conflitos e
buscar submeter o mercado à política. Com a perspectiva de recessão econômica, o Estado
é obrigado a interferir, governo devolveu parte dos impostos aos contribuintes para aquecer
o mercado, além de adotar medidas para evitar uma crise de maiores proporções, indicando
que o Estado continua tendo um importante papel, inclusive na condução da economia,
apesar das pregações contrárias.
Há movimentos que se contrapõem à globalização homogeneizadora, pois, se as decisões
são tomadas num plano supranacional e global, as ações políticas ocorrem em nível local,
em que são vividos e sentidos os seus efeitos.
O impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho