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Desigualdade Social

A desigualdade social é um processo existente dentro das relações da


sociedade, presente em todos os países do mundo. Faz parte das relações sociais,
pois determina um lugar aos desiguais, seja por questões econômicas, de gênero,
de cor, de crença, de círculo ou grupo social. Prejudicando e limitando o status social
dessas pessoas, além de seu acesso a direitos básicos, qualidade de vida e diversas
oportunidades.
É um ciclo vicioso onde quem é pobre se mantém pobre e quem é rico se torna ainda
mais.
Vários teóricos e pensadores buscam entender esse fenômeno. Boa parte deles, em suas
teorias, culpa a existência da desigualdade social num vértice em comum: a concentração
do dinheiro, ou seja, a má distribuição de renda. Sendo a desigualdade social o fruto da
concentração de dinheiro e poder a uma parte muito pequena da população, o que resta à
grande parcela da sociedade é dividir o restante.
Há também outras formas de desigualdade, como a de gênero, onde no sistema patriarcal,
mulheres recebem salários mais baixos que um homem,mesmo fazendo o mesmo trabalho,
com o mesmo grau de ensino e cumprindo os mesmos horários. E a desigualdade racial, já
que há preconceito e discriminação racial em diversos âmbitos ainda.
De acordo com o estudo liderado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a concentração de renda aumentou em 2018 no país. Os dados mostram que o
rendimento mensal dos 1% mais ricos do país é quase 34 vezes maior do que o rendimento
da metade mais pobre da população.
Ainda, o estudo mostrou que a renda dos 5% mais pobres caiu em 3%, enquanto a renda
dos 1% mais ricos aumentou em 8%. Assim, o Índice de Gini – instrumento utilizado para
medir a desigualdade no Brasil – voltou a subir. Em 2018, alcançou o número de 0,509. Vale
lembrar que o índice varia de zero a um. Quanto mais próximo de um, pior é a distribuição
de renda no país.
Estado Nacional Contemporâneo

As mudanças no Estado brasileiro, nos anos 1990, são decorrentes da crise econômica e
política e das transformações no cenário internacional. Uma das mudanças diz respeito ao
Estado e ao seu papel na sociedade contemporânea globalizada. Passou-se a questionar o
Estado, sobretudo o Estado social, cujas medidas protecionistas, segundo setores liberais,
emperravam a economia. A pregação em torno de um Estado mínimo adquiriu força e
norteou as políticas econômicas de diversos países. Dessa forma, nas décadas de 1980 e
1990, segundo Harvey (1993), uma onda neoliberal voltou-se contra o Estado do Bem-Estar
Social, os trabalhadores e os sindicatos, levando ao extremo a acumulação do capital,
através da competição internacional, reestruturação produtiva, flexibilização da legislação
do trabalho, inovação tecnológica etc.
Nesse processo, a autonomia dos Estados nacionais foi questionada pelos atores
econômicos e por parcelas da sociedade civil e o poder político viu-se pressionado pelas
exigências de um Estado minimalista e a obrigação de baixar os custos de produção para
atrair o grande capital.
Na nova ordem social, denominada na literatura por globalização, as organizações
supranacionais reguladoras, como o FMI, Banco Mundial e outros organismos
internacionais, buscam subordinar e condicionar as economias dos Estados, sobretudo
periféricos, reduzindo a autonomia e a soberania dos países. Pelo fato dos mesmos usarem
suas divisas para investir em todo o mundo.
Em verdade cresce o poder das empresas transnacionais/megaempresas e fica diluído o
poder do Estado. O desenvolvimento das corporações está relacionado ao processo de
reconstrução do Estado e da economia, ou seja, o Estado é pressionado a facilitar a
circulação do grande capital pelo mundo, produzindo condições ótimas de atração de capital
financeiro e produtivo como a mão de obra de baixo custo e qualificada, as relações de
trabalho flexíveis e a infraestrutura.
O contraditório nessa lógica é que, ao mesmo tempo em que estimula a liberdade plena ao
mercado, atua no sentido de favorecer o capital transnacional, com políticas de incentivos e
atração, essa indústria multinacional pressionava para obter incentivos e financiamento
público para se instalar no estado. Diante da recusa do governo local, a empresa
instalou-se em outro estado da federação valendo-se de beneficios. O Estado tem sido
objeto de disputa entre o capital e as classes sociais mais vulneráveis, que precisam do
Estado a seu favor.
Quanto às relações entre o Estado e o mercado, não existe unanimidade sobre o papel do
Estado na economia. Os liberais defendem a não-intervenção, enquanto os keynesianos
acreditam que o Estado tem o papel de intervir na economia, de intermediar conflitos e
buscar submeter o mercado à política. Com a perspectiva de recessão econômica, o Estado
é obrigado a interferir, governo devolveu parte dos impostos aos contribuintes para aquecer
o mercado, além de adotar medidas para evitar uma crise de maiores proporções, indicando
que o Estado continua tendo um importante papel, inclusive na condução da economia,
apesar das pregações contrárias.
Há movimentos que se contrapõem à globalização homogeneizadora, pois, se as decisões
são tomadas num plano supranacional e global, as ações políticas ocorrem em nível local,
em que são vividos e sentidos os seus efeitos.
O impacto das novas tecnologias no mercado de trabalho

David Autor, do MIT e dos maiores especialistas em mercado de


trabalho, traz contribuição importante para entendermos impactos de novas
tecnologias no mercado de trabalho nas últimas décadas e perspectivas futuras.
O artigo “The Labor Market Impacts of Technological Change: From Unbridled Enthusiasm
to Qualified Optimism to Vast Uncertainty” oferece uma contribuição importante para
entendermos melhor esta relação.
Como o título do artigo sugere, o pensamento acadêmico sobre o assunto foi
mudando ao longo do tempo em uma direção progressivamente mais pessimista.
Autor examina essa evolução com base em quatro paradigmas que foram sucessivamente
sendo propostos para explicar os efeitos das novas tecnologias sobre o mercado de
trabalho dos Estados Unidos e de outras economias avançadas.
O primeiro e mais influente baseia-se na ideia de que a desigualdade de salários resulta
de uma corrida entre, de um lado, o progresso tecnológico, que aumenta a demanda por
qualificação, e de outro lado a oferta dessas qualificações pelo sistema educacional. Em
particular, quando o progresso tecnológico é mais rápido que a oferta de qualificações, a
demanda por trabalho aumenta mais do que a oferta, o que resulta em elevação dos
salários dos trabalhadores mais qualificados.
Embora neste paradigma novas tecnologias possam aumentar a desigualdade, isso
acontece por meio do aumento da produtividade e dos salários dos trabalhadores com
maior escolaridade. No entanto, as evidências empíricas revelam que nas últimas décadas
houve uma queda expressiva do salário real de trabalhadores sem ensino superior.
Para entender por que isso aconteceu, Autor analisa um segundo paradigma, que
denomina modelo de tarefas-polarização. Ele se baseia no fato de que, nas últimas
décadas, tarefas rotineiras foram sendo automatizadas, resultando em queda do emprego e
salário dos trabalhadores com qualificação intermediária, por outro lado, trabalhadores de
qualificação elevada que exercem atividades não-rotineiras associadas ao pensamento
abstrato e criatividade tiveram aumento de emprego e salários. Outro grupo que teve
aumento de emprego foi o de trabalhadores de baixa escolaridade que exercem atividades
não-rotineiras de natureza manual mas com baixos salários e ausência de proteção social.
Embora ajude a entender por que as novas tecnologias resultaram em queda do salário
real dos trabalhadores com ensino médio, essa abordagem desconsidera que o progresso
tecnológico também cria novas tarefas e ocupações. Isso remete ao terceiro paradigma,
que interpreta o impacto das novas tecnologias como resultante de uma corrida entre, de
um lado, a automação de tarefas existentes, que reduz empregos, e de outro a criação de
novas tarefas e empregos.
O último paradigma diz respeito aos efeitos da inteligência artificial (AI) sobre
o mercado de trabalho. A principal diferença em relação às tecnologias anteriores é
que as novas modalidades de AI, podem inferir relações tácitas que não são passíveis de
codificação. Por isso, as tecnologias de AI podem vir a substituir trabalhadores que exercem
atividades não-rotineiras, com grande potencial disruptivo sobre o mercado de trabalho.
Autor apresenta um conjunto de recomendações de políticas públicas e mudanças
institucionais de modo a fazer com que os ganhos de produtividade da economia americana
venham a ser compartilhados por toda a sociedade por meio da criação de bons empregos,
como: educar e treinar a força de trabalho para satisfazer as demandas criadas pelas novas
tecnologias. Além da necessidade de aumentar a proporção de trabalhadores com ensino
superior, mudanças institucionais no mercado de trabalho americano, incluindo uma
elevação do salário mínimo e um aumento da abrangência e flexibilidade do sistema de
seguro desemprego e redirecionar o sistema de inovação no sentido de estimular o
surgimento de tecnologias que complementem em vez de substituir o trabalho.
Uberização do trabalho

O conceito de uberização do trabalho pode ser definido como um novo modelo de


trabalho, que, na teoria, se coloca como mais flexível, no qual o profissional presta serviços
conforme a demanda e sem que haja vínculo empregatício.
Exemplo disso são os motoristas de aplicativos, que prestam serviços para determinadas
plataformas, mas sem que haja uma regulamentação efetiva e que garanta os seus direitos
trabalhistas. Esse modelo de trabalho é defendido por algumas empresas, especialmente as
de tecnologia.
O termo uberização do trabalho, como você já deve imaginar, faz referência ao modelo de
negócio da Uber, que é uma plataforma que reúne motoristas autônomos e os conecta com
passageiros em busca de um meio de transporte. Assim, o aplicativo retém uma parte do
lucro desse motorista e repassa o restante ao prestador de serviço.
No entanto, a relação de trabalho entre a Uber e os motoristas parceiros não segue as
condições previstas pelo regime CLT. O conceito de prestação de serviço adotado pela
empresa propõe uma relação mais informal e por demanda com os motoristas cadastrados
na plataforma.
Contudo, o que para as empresas pode ser um benefício, para os trabalhadores representa
a perda de direitos trabalhistas e condições mínimas de trabalho, como uma remuneração e
jornada de trabalho mais justa.
Ao estabelecer um percentual de ganhos dentro desses aplicativos, as plataformas
impedem que esses trabalhadores definam o preço do seu próprio serviço. Por
consequência, para ter lucro com esse tipo de prestação de serviço, os profissionais
precisam executar uma jornada de trabalho ainda maior do que em empregos formais.
Para os trabalhadores informais, os dados não são animadores. Ao invés de atividades
bem remuneradas e com condições mais flexíveis para o profissional, o que vem
acontecendo é o oposto, com destaque para uma jornada de trabalho exaustiva, baixa
remuneração e perda de direitos trabalhistas.
O capitalismo de plataforma tem se mostrado ineficiente em garantir as condições
de trabalho mínimas, parte disso é causado pela falta de uma regulamentação para o setor.
Há, no entanto, a intenção do governo em regulamentar o trabalho por aplicativo. A
proposta prevê a contribuição para o INSS, mas deixa claro não haver vínculo empregatício
entre os prestadores de serviços e as plataformas digitais.
Porém, somente a regulamentação dessa categoria não resolve todas as questões
relacionadas às consequências da uberização do trabalho, como a remuneração
desproporcional e a falta de uma representação eficaz para a classe, por exemplo.
Novas empresas estão surgindo no mercado com a preocupação em minimizar os
impactos causados pela uberização do trabalho. É o caso do AppJusto, uma plataforma de
delivery que busca garantir condições melhores aos entregadores cadastrados, a começar
pela remuneração.
O AppJusto surgiu com o propósito de viabilizar um modelo de economia de plataforma
mais justo e que ofereça autonomia de verdade aos participantes. Entretanto, a plataforma
ainda está em estágio inicial e captando recursos para expandir a sua área de abrangência.
Nos últimos anos, as plataformas digitais se tornaram não apenas uma oportunidade, mas
também uma solução para outro setor muito importante da economia brasileira,o
cooperativismo.
Isso é o que chamamos de cooperativismo de plataforma. O cooperativismo de plataforma
pode ser visto como uma alternativa à uberização do trabalho já que visa uma governança
democrática e uma economia digital mais justa. Na prática, essas plataformas são geridas
pelos próprios trabalhadores, isto é, os profissionais deixam de ser apenas prestadores de
serviços e assumem a propriedade da plataforma. Esse tipo de iniciativa garante aos
profissionais uma remuneração mais justa e um repasse de lucros mais democrático.

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