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Livro Fisica Termica
Livro Fisica Termica
e Mecânica Estatística
Orfeu Bertolami
Setembro de 1991
(Revisão: Ano Lectivo 2020/2021)
Conteúdos
Parte I Termodinâmica 1
1 Introdução 3
iii
7 Princípios da Termodinâmica 59
7.1 Princípio Zero . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
7.2 Primeiro Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
7.2.1 Aplicações do Primeiro Princípio para Sistemas cujos estados
podem ser representados no diagrama (p, V ) . . . . . . . . . . 64
7.3 Segundo Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
7.3.1 Enunciados do Segundo Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . 72
7.3.2 Ciclo de Carnot . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
7.3.3 A variável de Estado Entropia: Propriedades dos ciclos . . . . 85
7.3.4 Paradoxo de Gibbs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
7.3.5 Máquinas Térmicas e Refrigeradores . . . . . . . . . . . . . . 96
7.3.6 Limites de Aplicabilidade do Segundo Princípio . . . . . . . . 110
7.4 Terceiro Princípio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
iv
11 Transmissão de Energia Térmica 165
11.1 Convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
11.2 Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
11.3 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171
11.3.1 Considerações teóricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 175
11.4 Calor Específico dos Sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 185
Bibliografia 217
Apêndices 227
A Breve Revisão de Análise Vectorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
B Relação Geral entre Cp e CV . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
v
Parte I
Termodinâmica
Capítulo 1
Introdução
d d
F~i (t) = p~i (t) = mi ~vi (t), i = 1, . . . , NA , (1.1)
dt dt
Massas não variáveis
∗
Aqui, h é a constante de Planck e c é a velocidade da luz no vácuo: h = 6, 626 070 15 × 10−34 J s;
c = 299 792 458 m/s.
†
Mole é a quantidade de uma substância química uniforme cuja massa, expressa em grama é
numericamente igual ao peso atómico ou molecular, ν.
3
1. Introdução
Assim, em cada instante o sistema seria caracterizado por uma porção no Espaço
de Fase (~xi , p~i ):
p~i
B(tf )
A(0)
~xi
Figura 1.1: Espaço de Fase do sistema. Nesta figura A(0) e B(tf ) são os estados
inicial e final, respectivamente.
(a) A temperatura existe apenas para sistemas que compreendem um grande número
de partículas;
(b) A temperatura não é uma grandeza mecânica no sentido em que o são a massa,
o momento linear, a energia, etc. É uma grandeza colectiva.
4
1. Introdução
FES, FEL, Q
Mecânica Estatística no Equilíbrio
FM
∆tM ∆tR
FA
FN
FPE Termodinâmica
∆tM & ∆tR
FCQ
? Mecânica Física dos
Estatística Processos
fora do Estatísticos
Equilíbrio
dX ∆X ∆X dX
Equilíbrio: Fora do Equilíbrio: .
dt ∆tR ∆tR dt
5
Capítulo 2
1712. Thomas Newcomen inventa a bomba de água movida por um motor a vapor;
7
2. Brevíssima Introdução Histórica
1780. A. Lavoisier especula que a perda de energia cinética dos corpos é transmitida
aos átomos;
1810. Humphry Davy induziu a electrólise da água, isto é, a decomposição das liga-
ções químicas por correntes eléctricas;
1820. H. C. Ørsted descobre que efeitos magnéticos são produzidos por correntes
eléctricas – Lei de Biot-Savart:
~
~ = µ0 J~ + µ0 ε0 ∂ E ;
∇×B
∂t
1822. Seebeck demonstra que calor pode produzir electricidade e, em 1834, como a
matéria pode ser arrefecida pela electricidade;
1831. M. Faraday induziu uma corrente eléctrica por meio de um campo magnético
cujo fluxo através de uma superfície variável:
ˆ ¨
E= ~ · d~r,
E Φ= ~ · ~n dS
B
Γ S
dΦ ~
E =− ~ = − ∂B .
=⇒ ∇ × E
dt ∂t
8
2. Brevíssima Introdução Histórica
1852. Lorde Kelvin formula o 2.o Princípio da Termodinâmica e especula que o Uni-
verso evoluiria até à sua morte térmica;
dS
Isto é, > 0 e, logo, o crescimento da entropia determina a direcção do
dt
tempo!
S(T = 0 K) = 0 (2.1)
9
2. Brevíssima Introdução Histórica
n → p + e− + ν̄e ,
Não Observado
S = kB ln Ω (2.2)
Entropia
Probabilidade de um dado Microestado
está gravada no seu túmulo. Boltzmann suicidou-se em 1906 após ter errone-
amente interpretado o impacto das suas ideias aquando de um aceso debate
com defensores das ideias de Mach (Zermelo e Ostwald);
10
2. Brevíssima Introdução Histórica
E = nhν, n = 0, 1, 2, . . . ; (2.3)
†
R. Brown, botânico inglês, observou o movimento irregular de partículas de pólen suspensas
num fluido (1827).
11
Capítulo 3
Princípio de Conservação de
Energia
13
3. Princípio de Conservação de Energia
um sistema e o meio ambiente num dado universo pode ser esquematizada da seguinte
forma:
Meio Ambiente
Sistema
Calor Trabalho
Energia Interna
Universo
Figura 3.1
t = t0 : Ec = 0 Ep = mgh0 EM = Ec + Ep = mgh0
1 1
Ec = mv 2 = mg 2 t2
t1 > t > t 0 : 2 2 Ep = mgh EM = mgh0
= mg(h0 − h)
1 2h0
t = t1 : Ec = mg 2 = mgh0 Ep = 0 EM = mgh0
2 g
∗
Considera-se que h0 R⊕ , onde R⊕ é o raio da Terra. Portanto, a aceleração da gravidade
pode ser tomada como constante:
GM⊕
g(h) = k~g k = ' 9, 8 m/s2
(R⊕ + h)2
14
3. Princípio de Conservação de Energia
h(t)
h0
t0 t1 t2 t3 t
Figura 3.2
15
3. Princípio de Conservação de Energia
conservação da Mecânica.
Simetria Conservação
16
3. Princípio de Conservação de Energia
h(t)
h0
t0 t1 t2 t3 t
Figura 3.3
U =0
~v (t0 )
(i) (ii)
Figura 3.4
Contudo, por força das colisões das moléculas que compõem a bola, entre si e com as
moléculas do ar, vai-se gradualmente gerando uma energia cinética interna relativa
que degrada a energia mecânica (ver Figura 3.5). Esta energia relativa é precisamente
a Energia Interna, que designaremos pela letra maiúscula U .
17
3. Princípio de Conservação de Energia
U 6= 0
~v 0 (t)
Figura 3.5
ou, infinitesimalmente,
18
3. Princípio de Conservação de Energia
ou, infinitesimalmente,
onde também a troca de calor é expressa por meio de uma diferencial não exacta.
Naturalmente, a generalização acima pode ser estendida de modo a abranger todas
as formas de energia:
∆U = −W + Q, (3.4a)
ou, infinitesimalmente,
dU = −d̄W + d̄Q. (3.4b)
19
3. Princípio de Conservação de Energia
Q1 Jacto de Água
W (Condensada)
A Q2
Água
Fogo
Mina
20
3. Princípio de Conservação de Energia
21
Capítulo 4
Temperatura e Equações de
Estado
4.1 Temperatura
O estado térmico de um corpo é caracterizado pela grandeza temperatura. A mu-
dança da temperatura de um corpo tem como consequência a alteração de muitas das
suas propriedades (dimensão, densidade, elasticidade – Challenger’s O-rings, condu-
tividade eléctrica, etc.). Assim, estas propriedades podem ser utilizadas para medir
a temperatura. Termómetros que costumamos utilizar fazem uso da variação volu-
métrica do álcool ou mercúrio. As escalas conhecidas são baseadas nas propriedades
da água: fusão do gelo e ebulição da água.
Celsius Fahrenheit Réaumur Kelvin
Ebulição da água 100 Co
212 F o
80 Réo 373,15 K
23
4. Temperatura e Equações de Estado
Termómetros mais fiáveis são aqueles que contêm um gás a volume constante.
Estes baseiam-se na Lei de Charles e Gay-Lussac dos gases ideais (que discutiremos
mais adiante) e que estabelece a proporcionalidade directa entre pressão e tempe-
ratura. Pode-se assim determinar a temperatura absoluta independentemente do
termómetro. Um esquema destes termómetros é apresentado abaixo (Figura 4.1)
Pressão Externa
Substância cuja
Gás
Hg temperatura se
deseja determinar
Figura 4.1
O volume do gás é mantido constante por meio da pressão exterior, pelo que
poderemos determinar a temperatura medindo-se a pressão. Por exemplo:
p0 ∝ T0 (fusão do gelo),
p1 ∝ T1 (ebulição da água),
logo
p0 T0
= . (4.2)
p1 T1
Verifica-se experimentalmente que, ao fixar p0 como sendo por exemplo a pressão
atmosférica (1 atm), a razão p1 /p0 é independente do gás no limite p → 0.
p1 /p0
O2
N2
1,36609
1
H2
p0 p
Figura 4.2
24
4.2. Variáveis Macroscópicas
Consequentemente,
T1
= 1, 36609 (4.3)
T0
e, através da escala Celsius T1 − T0 = 100 o C, segue que na «Escala Absoluta»:
T0 = 273, 15 K. (4.4)
Fi = −Kij xj , i, j = 1, 2, 3, (4.5)
25
4. Temperatura e Equações de Estado
Esta relação é denominada Equação de Estado. Por exemplo, para um fluido com
propriedades magnéticas,
~ T)
V = V (p, B,
(4.7)
~ =M
M ~ (p, B,
~ T)
B (material)
H (aplicado)
Figura 4.3
26
4.3. Estados em Equilíbrio
p
B
Superfície Característica
Figura 4.4
27
4. Temperatura e Equações de Estado
que este, a cada estágio, esteja em equilíbrio). Assim, um sistema que, por meio
de uma transformação, é levado do estado A para o estado B pode, por meio da
transformação reversa, ser trazido de B para A.
A B
Inicialmente
Equilíbrio fA (p, V, T ) = 0
t = 0
A B Fora de Equilíbrio
Variáveis p, T não têm sentido;
t>0
Rep. aproximada: divisão em pe-
quenas células pi (t), Ti (t)
A B
t=T Equilíbrio f (p, V, T ) = 0
Figura 4.5
28
4.5. Representações planas da superfície característica
p
R
Superfície Característica
Transformação em Equilíbrio
T1
T2
Figura 4.7
29
4. Temperatura e Equações de Estado
Esta dependência pode, contudo, ser simplificada; por exemplo, para a tempera-
tura: Homogeneidade
f (p, V, T, . . .) = 0. (4.11)
30
Capítulo 5
A ideia de explicar a diversidade das substâncias Terra, Ar, Fogo e Água através
da existência de corpúsculos indivisíveis, os átomos, surgiu na Grécia pré-socrática,
entre outros, através de Leucipo (500 a.C.) e Demócrito (150 a.C.), seus mais ve-
ementes defensores. No Timeus, Platão (427 a.C.) associa aos elementos básicos
formas geométricas∗ distintas que determinavam as propriedades e ligações daquelas
substâncias.
Presentemente, compreendemos a diversidade das substâncias químicas através
do entendimento das ligações entre os 94 elementos naturais existentes na Tabela
Periódica dos Elementos. Estas ligações são essencialmente de natureza electro-
magnética e as valências químicas podem ser consideradas no âmbito da Mecânica
Quântica. As propriedades das reacções químicas, tais como, por exemplo, as suas
velocidades, são estudadas num ramo da Termodinâmica denominado Cinética Quí-
mica.
Os átomos, enquanto partículas fundamentais indivisíveis no sentido que assim
entendiam os filósofos gregos, estão associados, na Física Moderna, às partículas
elementares denominadas quarks, leptões e bosões. Os quarks são partículas com spin
∗
À Terra associou um Hexaedro (isto é, um cubo); à Água um Icosaedro; ao Ar um Octaedro e
ao Fogo um Tetraedro.
31
5. Propriedades Gerais das Substâncias
Intensidade Partícula(s)
Spin da(s) Teoria
Interacção Carga relativa (a Intermediá- Alcance (m)
Partícula(s) Quântica
1 GeV) ria(s)
Nuclear
«Cor» 10 Gluões 1 10−15 QCD
Forte
Electro-
Eléctrica 1/137 Fotão 1 ∞ QED
magnética
Nuclear Isospin Bosões W±
10−10 1 10−18 SM
Fraca Fraco e Z0
Massa ou
Gravítica 10−38 Gravitão? 2 ∞ ?
Energia
32
5.1. Constituintes e Fases da Matéria
Fermiões
d d d e−
L L L L
e−
Teoria Electrofraca
Bosões
Bosões Intermediários
γ, W+ , W− , Z0 (sem cor)
Electrofracos
Bosões Intermediários
G1 , . . . , G8 (Gluões) (com cor)
da Interacção Forte
33
5. Propriedades Gerais das Substâncias
34
5.1. Constituintes e Fases da Matéria
Tabela 5.3: Descrição dos estados sólido, líquido e gasoso devido à sua forma e
volume
p (atm)
II
L C
1 III
S
0,00604
X G
T = 273, 16 K
I
35
5. Propriedades Gerais das Substâncias
p∝T (5.3a)
V ∝ T. (5.3b)
pV = cT, (5.4)
36
5.2. Gases Ideais ou Perfeitos
p p
Isotérmica
Isocórica
V T
~v
~v
Figura 5.4
lembre-se que h~v i = 0; segue que a variação do momento linear aquando de uma
colisão com a parede é dada por
37
5. Propriedades Gerais das Substâncias
hEc i ∝ T, (5.15)
pV = N kB T, (5.16)
38
5.2. Gases Ideais ou Perfeitos
É costume definir-se a equação dos gases perfeitos para um mole de gás, isto é
para uma massa de gás igual ao seu peso molecular expresso em gramas. Um mole
contém um número fixo de moléculas, o número de Avogadro,
pV = νRT, (5.18)
39
5. Propriedades Gerais das Substâncias
z z
y
y0
x y
y
Assim, a energia interna por molécula do gás é dada pela soma das diversas
contribuições:
U 1 1 1 1 1 1 1
= mvx2 + mvy2 + mvz2 + Iωx2 + Iωz2 + mvy∗2 + k0 (y − y0 )2 , (5.25)
N 2 2 2 2 2 2 2
onde I é o momento de inércia do sistema diatómico, ω é a velocidade de rotação
em torno dos eixos x e z, vy∗ é a velocidade de vibração ao longo do eixo y e k0 é a
constante elástica da mola ou da ligação química entre os átomos que compõem as
moléculas do gás.
A energia interna (5.25) pode ser estimada usando o Princípio de Equipartição
da Energia para cada uma das várias contribuições quadráticas para a energia dos
graus de liberdade acima, ou seja,
1 7
U = 7 × N × kB T = νRT. (5.26)
2 2
Contudo, devido ao facto de a nível fundamental a energia ser quantizada e devido
à natureza dos níveis vibracionais, apenas a temperaturas muito elevadas é que os
40
5.2. Gases Ideais ou Perfeitos
valores que são confirmados experimentalmente para gases diluídos a baixas pressões
(Tabela 5.4).
Mencionemos que uma mistura de diversos gases é governada por leis semelhantes
àquelas obedecidas por um gás quimicamente homogéneo. Denomina-se pressão
parcial de uma componente de uma dada mistura de gases à pressão que cada
componente exerceria se ocupasse sozinha o volume ocupado pela mistura à mesma
temperatura. Uma mistura de gases obedece à Lei de Dalton (1802) que estabelece
que
41
5. Propriedades Gerais das Substâncias
A pressão (p) exercida por uma mistura de n gases é igual à soma das pressões
parciais (pi ) de todas as componentes da mistura, isto é,
n
X
p= pi . (5.30)
i=1
A Lei de Dalton é válida para gases perfeitos e é apenas aproximadamente obedecida
por gases reais.
Um exemplo de uma mistura de gases é o ar que é composto por cerca de 20,946%
de gás O2 , 78,084% de gás N2 , 0,934% de gás Ar, 0,041361% de CO2 , 0,001818%
de Ne, 0,000524% de He, 0,000187% de CH4 , 0,000114% de Kr e vestígios de outros
compostos em percentagens inferiores.
pV
N kB T Gás Ideal
He
3 H2
2
N2
CO2
1 H2 O
1
2
O modelo microscópico que construímos acima para um gás ideal assumia que
as moléculas que compunham o gás não ocupavam nenhum volume e que estas não
interagiam entre si. Estas hipóteses podem ser facilmente modificadas de modo a
tomar o modelo macroscópico mais realístico.
42
5.3. Gases Reais e a Equação de Estado de van der Waals
V → V − b, (5.31)
43
5. Propriedades Gerais das Substâncias
p
T = 0, 85Tc
T = 0, 9Tc
T = 0, 95Tc
T = Tc
T = 1, 1Tc
Gás Ideal
Figura 5.7
a energia interna de um gás de van der Waals não ser função exclusiva da tempera-
tura. Consequentemente, a capacidade térmica molar a volume constante, CV , eq.
(5.28), não é uma constante. Tais considerações são igualmente válidas para líquidos
e sólidos, onde, naturalmente, as interacções moleculares são mais importantes.
Gases reais podem ser, em algumas situações, vantajosamente descritos por equa-
ções de estado fenomenológicas diferentes da equação de van der Waals. Exemplos
destas equações fenomenológicas são as seguintes (ν = 1):
44
Capítulo 6
f (p, V, T ) = 0 (6.1a)
f (p + dp, V + dV, T + dT ) = 0. (6.1b)
∂f ∂f ∂f
(p + dp, V, T ) dp + (p, V + dV, T ) dV + (p, V, T + dT ) dT = 0. (6.3)
∂p ∂V ∂T
45
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
∂f ∂f
É costume indicar-se: fp0
= (p + dp, V, T ) ≡ , etc.
∂p ∂p V,T
Consequentemente, a relação (6.3) mostra que existe uma relação linear entre dp,
dV , e dT entre pontos vizinhos A e A0 .
Consideremos alternativamente (6.1a) para a mesma transformação para uma
carta (p, V ):
∂T ∂T
T = T (p, V ) : dT = dp + dV. (6.4)
∂p V ∂V p
Em geral,
∂f
∂X ∂Y X,Z fY0
= − =− 0 . (6.8)
∂Y Z
∂f fX
∂X Y,Z
É trivial que
∂f
!−1
∂f
∂p ∂V 1
− ∂f = − ∂V
∂f
=⇒ = , (6.9a)
∂p T
∂p
∂V ∂p ∂V T
46
6.1. Transformações Infinitesimais e Relações Fundamentais
e em geral,
∂X 1
= ∂Y
. (6.9b)
∂Y Z ∂X Z
e em geral:
∂X ∂Y ∂Z
= −1 . (6.10b)
∂Y Z ∂Z X ∂X Y
Exemplos:
∂p
onde ∂T V é o coeficiente de aumento de pressão a volume constante.
47
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
48
6.1. Transformações Infinitesimais e Relações Fundamentais
l Filme
~σ
F
Figura 6.1
O filme exerce na haste uma força 2σl (o 2 resulta do facto de serem duas
superfícies de filme)† :
kF~σ k = 2σl. (6.18)
†
Definição alternativa: σ ≡ 1 W
2 A
= 1 Fx
2 lx
.
49
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
Transformações Reversíveis (TR) são aquelas nas quais a cada instante de evolu-
ção do sistema, este permanece em equilíbrio. Deste modo, a cada momento o sistema
pode ser representado por um ponto sobre a superfície característica f (p, V, T ) = 0.
Este tipo de transformações são ideais pois exigem que o sistema não seja levado
para um estado fora do equilíbrio. Isto significa que as TR são efectuadas muito
lentamente (de facto, a velocidade zero), de modo a que durem um tempo infinito.
Transformações deste tipo são ditas quase-estáticas. As transformações reais são,
por oposição, efectuadas num tempo finito.
Exemplo: Se uma força for imprimida‡ muito rapidamente, o sistema será levado
a um estado oscilante em torno do equilíbrio. Ao contrário, se a força for efectuada
lentamente, este induzirá um deslocamento dh (ver Figura 6.2).
dh
Gás a
pressão p
Figura 6.2
dF F
d̄W = p S dh, p= = . (6.20)
dS S
Porém,
dV = S dh =⇒ d̄W = p dV § ; (6.21a)
50
6.2. Formas diferenciais d̄W e d̄Q (δW e δQ)
onde o integral é tomado sobre toda a transformação entre estados inicial (A) e final
(B). No diagrama (V, p):
p
V1 V2 V
(2)
A(p1 , V1 ) D
V
Figura 6.3
Escrevendo esta expressão para os dois caminhos da Figura 6.3, tem-se que:
ˆ C ˆ B
(1)
WAB = p1 dV +
p2 dV = p2 (V2 − V1 )
A C
ˆ D ˆ B
(2)
WAB = p1 dV + p2 dV = p1 (V2 − V1 ).
A D
Comparando as duas expressões vem que
(1) (2)
WAB 6= WAB . (6.22b)
51
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
com d~l = (dx, dy, 0). Por meio do Teorema de Stokes (ver Apêndice A para uma
revisão de conceitos de Análise Vectorial) podemos transformar um integral de linha
num integral de fluxo do operador rotacional do vector C:~
I ¨
~ ~
C · dl = ~ · dS,
(∇ × C) ~ (6.26)
Γ S
∂N ∂M
~ =
onde Γ = ∂S é a fronteira da superfície S, ∇ × C (x, y) − (x, y) ~k e dS
~
∂x ∂y
tem componentes (0, 0, dx dy); portanto a condição de independência de caminho de
integração traduz-se:
I ¨
∂N ∂M
dΩ = − dx dy (6.27)
Γ S ∂x ∂y
ou
∂N ∂M
(x, y) = (x, y). (6.28)
∂x ∂y
Assim, diz-se que a forma diferencial é fechada ou que dΩ é um diferencial total
exacta quando esta satisfaz a condição (6.28); segue então que, nestas condições, o
integral ˆ
dΩ = Ω(B) − Ω(A) (6.29)
A→B
depende apenas dos valores de Ω em A e B e não do caminho de integração.
52
6.2. Formas diferenciais d̄W e d̄Q (δW e δQ)
d̄W = p dV + 0 dp (6.30a)
∂p ∂0
= 1 6= 0 = , (6.30b)
∂p ∂V
tem-se que d̄W não é uma diferencial exacta e, portanto, representamo-la por
dW −→ d̄W.
¶
Quando associadas à mudança de estado de um corpo temos o chamado calor latente (recebido
e fornecido): QL = mL.
53
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
Logo,
" #
∂T ∂T
d̄Q = CV dT + l dV = CV dp + dV + l dV = λ dp + µ dV, (6.34)
∂p V ∂V p
d̄W = p dV = 0, (6.38)
54
6.2. Formas diferenciais d̄W e d̄Q (δW e δQ)
de modo a que se tem uma equação diferencial de primeira ordem, cuja solução
constitui uma família de curvas.
Para um gás ideal. esta equação pode ser resolvida:
1
pV = N kB T ou T = pV,
N kB
portanto
V p
CV dp + Cp dV = 0 (6.42a)
N kB N kB
dp dV
CV + Cp = 0. (6.42b)
p V
Definindo γ ≡ Cp /CV e integrando
ˆ p 0 ˆ V
dp dV 0 p V
0
+γ 0
= 0 =⇒ ln + γ ln =0
p0 p V0 V p0 V0
=⇒ pV γ = p0 V0γ (6.43a)
ou ainda,
e usando que
∂T ∂T
d̄Q = µ dV + λ dp = CV dp + Cp dV,
∂p V ∂V p
55
6. Relações entre coeficientes de uma Transformação Infinitesimal
tem-se
∂Q ∂T
1 ∂p V 1 λ 1 CV ∂p V
χQ ≡ + = = ∂T
(6.47)
V0 ∂Q V0 µ V0 Cp ∂V p
∂V p
∂T
1 −1 1 ∂p V
χT ≡ − =V ∂T
. (6.48)
V0 ∂p ∂T 0 ∂V p
∂T V ∂V p
Consequentemente,
χQ CV 1
= = . (6.49)
χT Cp γ
A condição de diferenciabilidade exacta pode ser demonstrada, alternativamente,
da seguinte forma. Seja Ω = Ω(x, y) e, portanto,
∂Ω ∂Ω
dΩ = dx + dy, (6.50)
∂x y ∂y x
ou, como anteriormente,
dΩ = M (x, y) dx + N (x, y) dy
∂Ω ∂Ω
M (x, y) = N (x, y) = .
∂x y ∂y x
56
6.2. Formas diferenciais d̄W e d̄Q (δW e δQ)
obtém-se, finalmente
∂x ∂y ∂x
= , (6.57)
∂y g ∂z g ∂z g
ou, invertendo,
∂x ∂y ∂z
=1. (6.58)
∂y g ∂z g ∂x g
57
Capítulo 7
Princípios da Termodinâmica
59
7. Princípios da Termodinâmica
ET = Ep + Ec + U, (7.1)
de modo a que a energia total permaneça constante, não havendo a acção de forças
sobre o sistema. Assim, sendo A e B estados sucessivos de um sistema isolado e
mecanicamente inerte, segue que:
UA = UB . (7.2)
UB − UA = −W, (7.3)
∆U + W = Q, (3.4a)
∗
+W é convencionalmente definido como o trabalho realizado pelo sistema.
60
7.2. Primeiro Princípio
ou seja, a energia interna do sistema é uma variável de estado de modo que a sua
variação diferencial é exacta, assim como dV, dp e dT ; em oposição, as variações
diferenciais de W e Q não são exactas (excepto quando reversíveis) pois representam
processos.
Uma transformação é dita cíclica quando o estado inicial e o final coincidem.
Segue do Primeiro Princípio que:
W = Q, (7.5)
isto é, o trabalho realizado pelo sistema durante uma transformação cíclica é igual
ao calor absorvido. A igualdade (7.5) exprime o veto termodinâmico à existência
dos chamados «perpetuum mobile» de primeira espécie, isto é, de máquinas que
funcionam indefinidamente à custa da violação da conservação da energia.
A relação entre a definição abstracta de calor e a sua definição calorimétrica faz-
-se por meio do Primeiro Princípio. A unidade calorimétrica de calor denomina-se
caloria e é definida como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura
de um grama de água, sob a pressão atmosférica, de 14,5 o C para 15,5 o C. Assim,
para m gramas de água, temos para a variação de energia interna e para o trabalho
realizado da expressão (∆T = 1 o C):
∆U = ∆US + ∆UA
W = WS + WA ,
ou
∆US + ∆UA + WS + WA = 0;
61
7. Princípios da Termodinâmica
Q = −m(∆uA + wA ). (7.8)
Se um dado sistema for descrito não apenas pelos valores de pressão, volume e tempe-
ratura, mas por um conjunto de parâmetros ai (i = 1, 2, . . . , n) e pela temperatura,
então a expressão (7.10) deve ser generalizada:
n
X
d̄Q = dU + Ai dai (7.11)
i=1
62
7.2. Primeiro Princípio
Até aqui considerámos apenas os sistemas fechados, isto é, sistemas que não
trocam energia por meio de interacções com outros corpos e cujo número de partículas
permanece constante. Todavia, é frequente estudar-se sistemas em equilíbrio com um
número variável de partículas.
A variação do número de partículas de um sistema pode ter várias causas. Por
exemplo, ao conviverem em equilíbrio fases líquida e gasosa de uma dada substância,
a variação do volume ou da temperatura do sistema provoca a variação do número
de partículas em cada uma das fases (o número total de partículas é obviamente
constante). Reacções químicas envolvem também a variação do número de par-
tículas de uma dada espécie. A propagação de energia sem suporte material por
meio da radiação, envolve a emissão de corpúsculos, os fotões, cujo número varia
em função da temperatura do corpo emissor. Exemplos dramáticos de variações
no número de partículas encontram-se no mundo das partículas elementares, onde
ocorre abundantemente a criação e aniquilação de partículas. Esta produção e des-
truição de partículas elementares está restrita pelos Princípios de Conservação de
Energia, Momento Linear, Momento Angular, Carga Eléctrica, Número Bariónico
(exceptuando-se as Teorias de Grande Unificação), Número Leptónico Específico,
etc.; porém estes não impedem que pares de partículas e respectivas antipartículas
se aniquilem produzindo fotões ou vice-versa.
O estado de um sistema com um número variável de partículas é definido pelos
parâmetros a1 , . . . , an , pela temperatura T e pelo número de partículas de uma dada
.Xr
espécie N1 , . . . , Nr ou concentração destas ci = Ni Nj .
j=1
A energia interna de um sistema com um número variável de partículas varia
também em função do número de partículas ganhas ou perdidas por este. Assim, o
Primeiro Princípio (3.4b) pode ser generalizado de modo a abranger a variação do
número de partículas:
r
X
dU = −d̄W + d̄Q + µj dNj , (7.13)
j=1
63
7. Princípios da Termodinâmica
devem ser satisfeitos, como por exemplo o da conservação da Massa nas reacções
Xr
químicas mj di Nj = 0.
j=1
Se for descrito por parâmetros a1 , . . . , an e pela temperatura, então a generali-
zação de (7.11) é a seguinte:
n
X r
X
dU = d̄Q − Ai dai + µj dNj . (7.14)
i=1 j=1
A grandeza
∂U
µj = (7.15)
∂Nj Q,a1 ,...,an
64
7.3. Segundo Princípio
P~
Gás
(p, V, T )
Figura 7.1
65
7. Princípios da Termodinâmica
p dV > d̄W.
Com o intuito de calcular o Calor trocado pelo gás com o exterior da mesma
forma que o Trabalho é calculado, temos por analogia entre as condições (5.1) e a
66
7.3. Segundo Princípio
p→T
(7.26)
V →S
das quais seguem que o calor trocado entre o gás e o exterior pode ser calculado tal
como indicado pela equação (6.21a), através da expressão:
para uma transformação elementar. Para uma transformação reversível finita, entre
estados A e B, tem-se:
ˆ B
Q= T dS. (7.27b)
A
Logo, a função de estado Entropia torna possível o cálculo do Calor envolvido numa
transformação reversível.
Finalmente, esgotando a analogia, resulta que, para uma transformação irrever-
sível:
dU = T dS − p dV. (7.29)
A equação (7.29) é particularmente interessante uma vez que envolve apenas funções
de estado que caracterizam o sistema. Segue então que, numa transformação entre
estados inicial A e final B, apesar de existirem vários caminhos possíveis com dife-
rentes trocas de Calor e Trabalho, a variação de energia interna pode ser calculada
considerando-se um caminho reversível, envolvendo variações de volume e entropia
(Figura 7.2).
67
7. Princípios da Termodinâmica
Superfície Característica
f (p, V, T, S, . . .) = 0
A
Via reversível
Figura 7.2
dT dV
dS = νCV + N kB , (7.30)
T V
TB VB
∆S = S(B) − S(A) = νCV ln + N kB ln . (7.31)
TA VA
68
7.3. Segundo Princípio
(T, pi , Vi ) (T, pf , Vf )
(a) (b)
W =0 (7.32a)
Q = 0. (7.32b)
∆U = 0. (7.33)
Tf = Ti . (7.34)
Porém, o resultado é-nos perfeitamente compreensível uma vez que a energia interna
de um gás é função exclusiva da temperatura, U = U (T ). Assim, o resultado (7.34)
segue imediatamente de (7.33).
A questão seguinte a tratar refere-se à variação da entropia. Como a expansão
livre do gás corresponde a uma transformação irreversível, a expansão (7.29) não pode
ser utilizada. Vejamos como é possível considerarmos uma transformação reversível
entre os estados inicial e final da experiência de Joule e usar a expressão (7.29), ou
melhor, a equação (7.31) para o cálculo da variação da entropia. Para tal, usemos
uma fonte de calor à temperatura T , em contacto com um recipiente que contém
um gás ideal (o recipiente agora não é termicamente isolado), mantendo este a uma
temperatura constante. A parede divisória é substituída por um pistão submetido a
uma força que equilibra a pressão do gás constantemente (Figura 7.4).
69
7. Princípios da Termodinâmica
Fonte Fonte
de Calor de Calor
Temp. T Temp. T
(T, pi , Vi ) (T, pf , Vf )
Figura 7.4
Concluímos portanto que, no cálculo das variações das funções de estado que ca-
racterizam um dado sistema, ainda que as transformações reais sejam irreversíveis
e, logo, d̄W 6= p dV e d̄Q 6= T dS, é sempre possível usar-se as equações para as
transformações reversíveis desde que os estados inicial e final coincidam.
Mostremos agora como estas ideias podem ser usadas para se obter uma relação
entre as capacidades térmicas a volume e a pressão constantes, para um gás ideal.
Para tal, comparemos o que se passa numa expansão irreversível de um gás ideal
com pressão externa nula com o que se passa na expansão adiabática reversível
(Figura 7.5).
F~
Figura 7.5
70
7.3. Segundo Princípio
porém, para uma transição isobárica, obtemos através da equação de estado (5.16):
logo,
Cp = CV + R † . (7.38)
Cp
γ≡ > 1, (7.40)
CV
donde se deduz que, no plano (V, p), a curva correspondente a uma transformação
adiabática (pV γ = const.) tem, em módulo, uma derivada maior do que uma curva
isotérmica (pV = const.) como indicado na Figura 7.6‡ :
†
Para uma relação geral válida para quaisquer substâncias, ver Apêndice B.
‡
É relativamente fácil de ver este resultado:
const. dp const. p
Isotérmica: p= =⇒ =− =−
V dV V2 V
const. dp γ const. γp
Adiabática: p= =⇒ = − γ+1 = −
Vγ dV V V
Assim sendo, desde que γ > 1,
dp dp
dV >
.
Adiabática dV Isotérmica
71
7. Princípios da Termodinâmica
p0
pV = const.
pV γ = const.
V0 V
Figura 7.6
W = Q, (7.41)
isto é, o trabalho efectuado pelo gás em expansão é igual ao calor absorvido, ocor-
rendo ainda uma mudança de volume. Logo a conversão (7.41) não é o único resultado
final.
72
7.3. Segundo Princípio
Informação ←→ «Neguentropia».
73
7. Princípios da Termodinâmica
74
7.3. Segundo Princípio
admitindo-se que o sistema pode voltar do estado B ao estado A por uma transfor-
mação adiabática efectuando um trabalho d̄W1 , então
Assim somando membro a membro as equações (7.50) e (7.51), obtemos que, para
quaisquer transformações cíclicas, o trabalho d̄W + d̄W1 é conseguido pela conversão
não compensada de calor
d̄Q = d̄W + d̄W1 > 0. (7.52)
Segue então que o estado A não pode ser alcançado por meio de uma via adiabática
a partir de B.
Se d̄Q < 0, admitindo-se possível o retorno do sistema ao estado A a partir do
estado B por meio de uma transformação adiabática, então obtém-se algo análogo a
(7.52):
A→B→A: d̄Q = d̄W + d̄W1 < 0. (7.54)
Tal desigualdade mostra que, num ciclo, o sistema cede uma quantidade de calor
em função do trabalho que sobre este é efectuado. Tal transformação não contradiz
o Segundo Princípio de modo a que uma via adiabática do estado B ao estado
A é possível. Contudo, se a transformação B → A estiver em equilíbrio, o ciclo
será reversível e, consequentemente, considerando a sua evolução inversa recairemos
75
7. Princípios da Termodinâmica
76
7.3. Segundo Princípio
Como a energia interna de um sistema (na equação (7.56) acima) é uma função
de variáveis independentes extensivas homogénea de primeira ordem, podemos então
escrever por meio do Teorema de Euler¶ que:
r
X
∂U ∂U ∂U
U= S+ V + Nj . (7.57)
∂S V,Nj ∂V S,Nj ∂Nj S,V,Nk
j=1
j6=k
Substituindo nesta equação as derivadas pelos seus valores dados pela equação (7.56),
obtemos:
r
X
U = T S − pV + µj Nj . (7.58)
j=1
(i) Estas eram todas cíclicas, isto é, os estados inicial e final coincidiam e a efici-
ência da máquina dependia da sua capacidade de repetir o ciclo inicial com a
maior fidelidade possível;
¶
O Teorema de Euler estabelece para uma função homogénea de Grau k diferenciável,
f (λx1 , . . . , λxn ) = λk f (x1 , . . . , xn ), que:
n
X ∂f
xi (x1 , . . . , xn ) = kf (x1 , . . . , xn ).
i=1
∂xi
77
7. Princípios da Termodinâmica
Carnot foi então levado a enunciar um princípio cuja formulação é bastante pró-
xima dos Postulados de Kelvin e de Clausius do Segundo Princípio. Notemos que
o enunciado de Carnot do Segundo Princípio da Termodinâmica precede em muitos
anos a formulação do Primeiro Princípio. O enunciado de Carnot é essencialmente
o seguinte:
Para que uma máquina térmica (cíclica) produza trabalho, esta necessita de uma
fonte quente donde extrai calor e de uma fonte fria de onde o calor é rejeitado.
Noutros termos,
Fonte Quente
Temperatura TH
QH
M W
QC
Fonte Fria
Temperatura TC
Figura 7.7
Para melhor clarificar o seu Princípio, Carnot inventou um ciclo idealizado per-
corrido por uma máquina térmica hipotética que, independentemente da substância
operante, passava sucessivamente por expansões isotérmica e adiabática e posterior-
mente por compressões da mesma natureza (Figura 7.8).
78
7.3. Segundo Princípio
Expansão
Isotérmica
TH TH
A B
Compressão Expansão
Adiabática Adiabática
D C
Compressão
TC Isotérmica TC
Figura 7.8
Tal ciclo é hoje referido como Ciclo de Carnot e é, como veremos, de central
importância na Termodinâmica. No diagrama (V, p) o ciclo de Carnot é apresentado
na Figura 7.9.
D B
W
Figura 7.9
79
7. Princípios da Termodinâmica
W = QH − QC . (7.60)
Um dos aspectos mais importantes do Ciclo de Carnot deve-se ao facto das suas
propriedades serem independentes da substância operante. Assim, imaginemos que
esta substância seja um gás ideal e calculemos então as variáveis termodinâmicas de
relevância. Temos para cada uma das operações:
a) Expansão Isotérmica:
ˆ B
VB
WAB = p dV = νRTH ln >0
A VA
∆U = 0 =⇒ QH = QAB = WAB (7.64)
QH
∆S =
TH
c) Compressão Isotérmica
VD
QC = QCD = WCD = νRTC ln <0 (7.66)
VC
|QC |
∆S = −
TC
80
7.3. Segundo Princípio
d) Compressão Adiabática
81
7. Princípios da Termodinâmica
Teorema. Se existirem diversas máquinas térmicas cíclicas, algumas das quais re-
versíveis operando em ciclos entre as temperaturas TH e TC , então todas as máquinas
reversíveis têm o mesmo rendimento, ao passo que as não reversíveis têm rendimen-
tos que nunca excedem a eficiência das máquinas reversíveis.
e mostramos que:
82
7.3. Segundo Princípio
QC Q0
(i) ≤ 0C
QH QH
QC Q0
(ii) Se M2 for reversível então = 0C .
QH QH
QH N0
= , (7.79)
Q0H N
0 = Q1T ≡ N 0 Q0H − N QH
(7.79)
Q2T ≡ N 0 Q0C − N QC
(7.79)
0
∴ WT = −Q2T ≤ 0 =⇒ Q2T ≥ 0 =⇒ N Q0C ≥ N QC =⇒ QH Q0C ≥ QC Q0H
Post. de Kelvin Q0C QC
=⇒ ≥ =⇒ η 0 ≤ η (7.80)
Q0H QH
Q0C QC Q0 QC
0 ≤ =⇒ 0C = =⇒ η 0 = η.
QH QH QH QH
(7.79) & (7.80)
Q.E.D.
Assim, embora a igualdade entre as razões (7.73) tenha sido demonstrada para
um gás ideal, o teorema acima assegura que esta é verdade para qualquer máquina. É
exactamente por esta razão que o Ciclo de Carnot é de especial importância. Percor-
rendo uma máquina este ciclo, as transformações envolvidas são todas reversíveis, e,
naturalmente, o rendimento da máquina é dado por (7.72), para qualquer substância
operante. O teorema acima garante então que qualquer máquina reversível tem o
mesmo rendimento que a máquina de Carnot. Concluímos assim que a razão entre
os calores QC /QH é independente da máquina em questão sendo consequentemente
83
7. Princípios da Termodinâmica
uma função universal das temperaturas das fontes TC e TH . Embora esta função
já tenha sido estabelecida acima, vejamos como as ideias aqui discutida permitem,
conforme demonstrado pela primeira vez por Lord Kelvin, a construção da Escala
Absoluta de Temperaturas. Consideremos que em geral,
QC
= f (TC , TH ), (7.81)
QH
f (T0 , TC )
f (TC , TH ) = , (7.82)
f (T0 , TH )
QC f (T0 , TC )
= . (7.85)
QH f (T0 , TH )
84
7.3. Segundo Princípio
Consideremos um sistema S que passa por um processo cíclico. Supõe-se que durante
esse ciclo, S recebe ou expele calor para um conjunto de fontes com temperaturas
T1 , . . . , Tn . Sejam os calores trocados entre o sistema e as fontes Q1 , . . . , Qn (Q > 0
representa calor recebido pelo sistema). Mostremos que
n
X Qi
≤ 0. (7.89)
Ti
i=1
Igualdade refere-se a ciclos reversíveis
Introduzem-se, além das n fontes especificadas acima, uma outra fonte de calor a
uma temperatura arbitrária T0 e também n ciclos reversíveis (n ciclos de Carnot
C1 , . . . , Cn ) operando entre as temperaturas T1 , . . . , Tn e a temperatura T0 . Seja
Ci o ciclo que opera entre temperaturas Ti e T0 , tal que este liberte um calor Qi à
temperatura Ti igual ao calor cedido por S a Ti . Usando que
Qi Ti
= , (7.90)
Q0 T0
temos que a quantidade de calor absorvido por Ci da fonte T0 é:
(i) T0
Q0 = Qi . (7.91)
Ti
Consideremos agora o ciclo composto por um ciclo S e um ciclo de cada um
dos ciclos de Carnot C1 , . . . , Cn . A troca líquida de calor em cada uma das fontes
85
7. Princípios da Termodinâmica
As expressões (7.89) e (7.93) são contraditórias excepto se o ciclo complexo for re-
versível, onde
n
X Qi
= 0. (7.94)
Ti
i=1
Se, ao invés de considerarmos que o sistema troca calor um número finito de
fontes a temperaturas T1 , . . . , Tn , imaginarmos que o sistema troca calor com uma
distribuição contínua de fontes, as somas em (7.89) e (7.94) devem ser substituídas
H
por integrais sobre todo o ciclo ( ). Se d̄Q designa a quantidade de calor infinitesimal
recebida pelo sistema de uma fonte a temperatura T , os resultados (7.89) e (7.94) são
reescritos da seguinte forma: I
d̄Q
≤0 (7.95)
T
e I
d̄Q
=0 (7.96)
T
86
7.3. Segundo Princípio
B
(I)
A (II)
Figura 7.10
Ou seja: ˆ ˆ
dQ dQ
(I)
= (II)
(7.97)
A−→B T A−−→B T
ou I
dQ
(I) (II)
= 0. (7.98)
A−→B − −→A T
É precisamente a propriedade (7.97) que permite definir a função de estado do
sistema entropia: ˆ A
dQ
S(A) ≡ , (7.99)
O T
onde se escolheu um estado de equilíbrio O como o estado padrão. Se considerarmos
dois estados de equilíbrio A e B, temos
ˆ B ˆ A
dQ dQ
S(B) − S(A) = − .
O T O T
Como os integrais acima são efectuados sobre transformações reversíveis, segue que
ˆ B ˆ A ˆ B ˆ O
dQ dQ dQ dQ
S(B) − S(A) = + − = +
O T O T O T A T
ˆ B
dQ
= (7.100)
A T
87
7. Princípios da Termodinâmica
Note-se que a definição da função entropia dada pela expressão (7.99) requer a
escolha arbitrária do estado padrão O. Se, pelo contrário, tivéssemos escolhido como
estado padrão um estado O0 , então:
ˆ A ˆ A ˆ O ˆ O0
0 dQ dQ dQ dQ
S (A) = = + = S(A) −
O0 T O T O0 T O T
de onde implica que (eq. (7.100))
A entropia de qualquer sistema à temperatura absoluta zero pode ser sempre tomada
como igual a zero.
∂U ∂U
d̄Q = dT + + p dV,
∂T V ∂V T
CV
logo,
d̄Q 1 ∂U 1 ∂U
dS = = dT + + p dV, (7.103)
T T ∂T V T ∂V T
88
7.3. Segundo Princípio
ou
S = νCV ln T + νR ln V + a (7.31a)
S = νCp ln T − νR ln p + νR ln(νR) + a, (7.31b)
ou seja,
∂U ∂p
=T −p . (7.105)
∂V T ∂T V
89
7. Princípios da Termodinâmica
U = U1 + U2 (7.111a)
W = W1 + W2 . (7.111b)
Q = Q1 + Q2 , (7.112)
e, consequentemente,
ˆ A ˆ A ˆ A
dQ dQ1 dQ2
S(A) = = + = S1 (A) + S2 (A), (7.113)
O T O T O T
ˆ B
dQ
S(B) − S(A) ≥ . (7.114)
A T
Transformação reversível
90
7.3. Segundo Princípio
B
I
A R
Figura 7.11
I R
onde o ciclo A →
− B−
→ A é claramente irreversível. Por meio de (7.95),
I
dQ
≤ 0.
→A T
I R
A→
− B−
Então,
ˆ B ˆ A
dQ dQ
+ ≤ 0,
A T I B T R
Q.E.D.
ou seja, para qualquer transformação que ocorre num sistema isolado, a entropia do
estado final não pode ser nunca inferior à do estado inicial.
O resultado (7.115) aplica-se apenas a sistemas isolados. É possível, por meio de
um sistema externo, reduzir a entropia de um corpo. A entropia do sistema integrado
não pode, contudo, diminuir.
Quando um sistema isolado atingir o máximo de entropia consistente com a
sua energia, este não pode sofrer nenhuma outra transformação uma vez que este
resultaria numa diminuição da entropia. Assim, o estado de máxima entropia é o
estado mais estável de um sistema isolado.
Vejamos seguidamente alguns exemplos.
91
7. Princípios da Termodinâmica
A B TB > TA
Figura 7.12
Q Q
SA = SB = −
TA TB
Q Q
S = SA + SB = − > 0, (7.116)
TA TB
uma vez que TB > TA .
B ∼T
A
Q
Figura 7.13
Q
>0
SB = (7.117)
T
SA não diminui porque o calor cedido a B tem origem no trabalho mecânico.
92
7.3. Segundo Princípio
Para determinar a função f (Ω), utilizemos o facto de a entropia ser uma grandeza
extensiva. Considerando um sistema composto por duas partes com entropias S1 e
S2 e probabilidades Ω1 e Ω2 :
Porém,
S = S1 + S2 (7.121)
Ω = Ω1 Ω2 ; (7.122a)
logo
f (Ω1 Ω2 ) = f (Ω1 ) + f (Ω2 ), (7.122b)
f (x + x) = f (x) + f (1 + )
f (x) + xf 0 (x) = f (x) + f (1) + f 0 (1). (7.124)
S = kB ln Ω + constante (7.126)
93
7. Princípios da Termodinâmica
Vimos acima que a entropia é uma variável de estado extensiva (eq. (7.121)).
Contudo, Gibbs mostrou o resultado (algo surpreendente) que o aumento de entropia
de uma mistura de gases diferentes a pressão e temperatura constantes não depende
da natureza dos gases, de modo a que a mistura de duas massas de um gás não
implique o aumento de entropia. Tal facto é designado, após Gibbs, por paradoxo
de Gibbs.
Da expressão (7.31) para a variação da entropia de um gás ideal, obtemos, para
um estado inicial arbitrário e ν moles de gás:
V
S = ν CV ln T + R ln + S0 . (7.127)
N
Considerando agora a mistura de dois gases ideais diferentes que se encontram inici-
almente em recipientes separados por uma parede semi-permeável. Assim, a mistura
faz-se sem a intervenção de calor ou trabalho e sem a variação da entropia do sistema.
Temos então o Teorema de Gibbs (1878):
Teorema (Gibbs). A entropia de uma mistura de gases ideais é igual à soma das
entropias de cada um dos gases quando estes ocupam separadamente o volume de
toda a mistura à temperatura desta.
Tomemos inicialmente gases diversos separados por uma parede e que ocupam
volumes V1 e V2 à temperatura T . A entropia destes é dada por
V1
SI = S1 (T, V1 ) + S2 (T, V2 ) =ν1 CV1 ln T + R ln + S01
N1
V2
+ ν2 CV2 ln T + R ln + S02 (7.128)
N2
Após a mistura quando cada gás ocupar o volume V1 + V2 :
V1 + V2
SII = S1 (T, V1 + V2 ) + S2 (T, V1 + V2 ) =ν1 CV1 +V2 ln T + R ln + S01
N1
V1 + V2
+ ν2 CV2 ln T + R ln + S02 .
N2
(7.129)
94
7.3. Segundo Princípio
que indica que a variação da entropia de uma mistura isotérmica deve-se, exclu-
sivamente, à contribuição dos termos que envolvem o volume na expressão da en-
tropia (7.127). Os outros termos em (7.127) são irrelevantes para o problema em
questão.
Para o caso particular de gases que têm um mesmo número de partículas (mol1 =
ν2 = ν) e ocupam o mesmo volume (V1 = V2 = V ) temos:
V
SI = 2νR ln , (7.131)
N
2V
SII = 2νR ln ; (7.132)
N
∆S = SII − SI = 2N kB ln 2. (7.133)
∆S = 0, (7.134)
uma vez que o sistema não foi submetido a qualquer transformação termodinâmica.
95
7. Princípios da Termodinâmica
Máquinas Térmicas
(b) Para produzir trabalho, as máquinas térmicas necessitam de uma fonte quente
assim como de uma fonte fria.
A máquina consiste em dois pistões ligados por uma mesma haste. Os pistões
movem-se em fases opostas com a rotação da haste. O espaço entre os pistões é pre-
enchido por um gás estando cada um daqueles em contacto com fontes fria e quente.
Entre as duas porções de gás existe um dispositivo R, denominado Regenerador,
cuja função é permitir a passagem de gás mantendo a diferença de temperatura en-
tre as partes quente e fria. Nas Figuras 7.14 e 7.15 representa-se o funcionamento
da Máquina de Stirling esquematicamente e no diagrama (V, p), respectivamente.
96
7.3. Segundo Princípio
Quente Frio
R QC R
1→2 2→3
R R
QH
3→4 4→1
Figura 7.14
p
QH
2
4
TH
QC
TC
1
V
Figura 7.15
2 → 3 O pistão esquerdo desce e o direito sobe (∆V = 0), porém o gás frio é forçado
através de R sendo aquecido pelo calor QR (cedido por R);
97
7. Princípios da Termodinâmica
(iii) Nenhum calor é perdido ou ganho através das paredes dos cilindros
1
V
Figura 7.16
98
7.3. Segundo Princípio
– A Máquina a Vapor
Esta máquina pode ser entendida por meio das mudanças de pressão e volume
de uma massa constante de água, que é levada de um condensador, através de um
aquecedor, para uma câmara de expansão e, em seguida, de volta para o condensador.
A água no condensador está a uma pressão menor que a da atmosfera e está a uma
temperatura menor que a de ebulição. Por meio de uma bomba, a massa de água
é transportada para a fornalha onde a água é transformada em vapor (o processo
ocorre a pressão constante). O vapor é, então, superaquecido a pressão constante,
fluindo para um cilindro, no qual se expande de forma aproximadamente adiabática
contra um pistão, até que a sua pressão e temperatura caiam atingindo o equilíbrio
com o condensador. No condensador, o vapor condensa finalmente, completando,
assim, um ciclo completo.
A análise exacta do processo completo é bastante complexa, uma vez que ocorrem,
em geral, os seguintes fenómenos:
(i) Aceleração e turbulência causadas pela diferença de pressão que é necessária
para levar o vapor de uma ponta à outra do aparato;
(ii) Atrito;
Cr
5
2
3 QH 4
1
QC
6
Figura 7.17
99
7. Princípios da Termodinâmica
Fonte Quente
QH
Condensador
Cilindro e Pistão
Fervedor
QC
Fonte Fria
Figura 7.18
0, 06 ≤ η ≤ 0, 12. (7.136)
100
7.3. Segundo Princípio
Pequena história:
1880. Gottlieb Daimler e Karl Benz (Mannheim) – 1.o motor a gasolina (η ' 0, 28)
Nos motores a gasolina, o ciclo envolve 6 processos distintos, quatro dos quais
exigem movimentação do pistão e são denominados por tempos (strokes):
101
7. Princípios da Termodinâmica
QH
4
5 QC
p0
1
V2 V1 V
Figura 7.19
T1 V1γ−1 = T2 V2γ−1 ;
T3 V2γ−1 = T4 V1γ−1 ;
102
7.3. Segundo Princípio
Analogamente, ao longo de 4 → 1,
ˆ T1
QC = − νCV dT = νCV (T4 − T1 ).
T4
QC T4 − T1
η =1− =1− ;
QH T3 − T2
T4 V1γ−1 = T3 V2γ−1
T1 V1γ−1 = T2 V2γ−1 ,
logo,
V1
r≡ , (7.137)
V2
e γ−1
V2 1
η =1− =1− . (7.138)
V1 rγ−1
103
7. Princípios da Termodinâmica
Nos motores a gasolina construídos, r não pode ser feito maior que 10 dado que,
se se tiver maior r, o aumento de temperatura aquando da compressão da mistura
ar–gasolina é suficientemente alta para provocar a explosão antes da fagulha eléctrica.
Tal evento é denominado pré-ignição. Para r = 9 e γ = 1, 5 (γar = 1, 4):
1
η = 1 − √ = 0, 667. (7.139)
9
p
QH
2 3
4
5 QC
1
V2 V3 V1 V
Figura 7.20
104
7.3. Segundo Princípio
T1 V γ−1 = T2 V2γ−1
1
(7.141)
T V γ−1 = T3 V3γ−1
4 1
CV T4 − T1 1 T4 − T1
η =1− =1− (7.142)
Cp T3 − T2 γ T3 − T2
V2 V3
= (pV2 = νRT2 ) (7.143)
T2 T3
De (7.141) temos
e, logo,
1 (1/rE )γ − (1/rC )γ
η =1− , (7.144)
γ 1/rE − 1/rC
onde
V1
rE ≡ − razão de expansão
V3
(7.145)
V1
rC ≡ − razão de compressão
V2
Na prática, a razão de compressão do motor de Diesel pode ser feita muito maior
do que a de um motor a gasolina, uma vez que não há risco de pré-ignição desde que
apenas ar seja comprimido. Tomando, por exemplo, rC = 15, rE = 5 e γ = 1, 5:
1 (1/5)1,5 − (1/15)1,5
η =1− ' 0, 64. (7.146)
1, 5 1/5 − 1/15
Porém, o rendimento real do motor de Diesel é muito inferior por razões essencial-
mente semelhantes às que prejudicam a eficiência do motor a gasolina.
Desde que apenas ar seja comprimido no motor de Diesel, é possível que o ciclo
seja completo em apenas dois tempos. Assim, cada ciclo alternadamente é um ci-
clo de potência e a potência é deste modo duplicada. Tal é efectuado da seguinte
105
7. Princípios da Termodinâmica
Refrigeradores
Estudámos até agora máquinas que efectuam ciclos nos quais calor é absorvido de
uma fonte quente, trabalho é realizado no exterior e uma quantidade de calor mais
modesta é rejeitada. Um sistema cíclico é dito refrigerador quando o resultado
líquido do ciclo é a extracção de calor de uma fonte a uma temperatura baixa,
a libertação de uma quantidade maior de calor, sendo trabalho efectuado sobre o
sistema. Um ciclo nestas condições funciona no sentido oposto ao dos sistemas que
analisámos até agora e é denominado refrigerante.
Curiosamente, o ciclo de Stirling, quando invertido, constitui um refrigerador
bastante eficiente. As fases de operação de um refrigerador a funcionar segundo um
ciclo de Stirling invertido são os seguintes:
106
7.3. Segundo Princípio
QH
3
1
TH
QC
TC
4
V
Figura 7.21
Fonte Quente
Temperatura TH
QH
R W
QC
Fonte Fria
Temperatura TC
Figura 7.22
107
7. Princípios da Termodinâmica
108
7.3. Segundo Princípio
Cr
QH
1 TH 4
p1
p2 3, TC
TC 2
QC
Figura 7.23
109
7. Princípios da Termodinâmica
∗∗
O Primeiro Princípio, enquanto versão generalizada do Princípio de Conservação de Energia,
aplica-se, naturalmente, a qualquer sistema.
110
7.3. Segundo Princípio
Smax
Figura 7.24
111
7. Princípios da Termodinâmica
buraco negro. As propriedades térmicas dos Buracos Negros podem ser deduzidas tal
como na Termodinâmica usual através de quatro princípios [17, 18, 19, 20, 21, 22].
A especificidade das propriedades termodinâmicas da interacção gravitacional
devem-se primordialmente ao facto de sistemas ligados gravitacionalmente terem
calor específico negativo, assim calor é permitido fluir entre dois objectos ligados
gravitacionalmente de modo a que o objecto mais quente fique mais quente enquanto
que o mais frio fique mais frio. Esta propriedade é compartilhada também pelos
buracos negros e cordas quânticas a altíssimas temperaturas (T ' 1032 K).
112
7.4. Terceiro Princípio
113
7. Princípios da Termodinâmica
ou
X
d(U − T S) = −S dT − Ai dai ; (7.155)
i
e, consequentemente,
∂S ∂ai
=− , (7.159)
∂Ai T ∂T Ai
114
Capítulo 8
Potenciais Termodinâmicos e
Relações de Maxwell
dU = T dS − p dV. (7.29)
(a) Entalpia: H = U + pV
A construção destas variáveis pode ser efectuada de forma mnemónica por meio
do diagrama:
V F T
U G
S H p
115
8. Potenciais Termodinâmicos e Relações de Maxwell
dF = −S dT − p dV (8.1a)
dG = −S dT + V dp (8.1b)
dH = T dS + V dp (8.1c)
dU = T dS − p dV (8.1d)
∂S ∂p
= (8.2a)
∂V ∂T V
T
∂S ∂V
− = (8.2b)
∂p T ∂T p
∂T ∂V
= (8.2c)
∂p S ∂S p
∂p ∂T
− = (8.2d)
∂S V ∂V S
116
8.1. Interpretação das energias livres de Helmholtz e de Gibbs
onde ˆ B
dQ
≤ S(B) − S(A), (8.5)
A T
e, sendo a temperatura constante, segue que:
ˆ B
QAB = dQ ≤ T (S(B) − S(A)); (8.6)
A
finalmente,
117
8. Potenciais Termodinâmicos e Relações de Maxwell
Temos então que a variação negativa da energia livre de Helmholtz é maior que o
trabalho realizado, sendo igual somente aquando de transformações reversíveis. Para
um sistema isolado, WAB = 0 e, portanto,
ou
dW dF dF
= (A) − (B), (8.10)
dT dT dT
onde dF (A) = F (A0 ) − F (A) e dF (B) = F (B 0 ) − F (B). Usando que F (A) =
U (A) − T S(A) e diferenciando,
e, como WAA0 = 0,
dQA = dU (A), (8.12)
portanto,
dQA dU (A)
dS(A) = = (8.13)
T T
e, consequentemente,
dF F (A) U (A)
(A) = −S(A) = − ; (8.14)
dT T T
analogamente,
dF F (B) U (B)
(B) = −S(B) = − . (8.15)
dT T T
Finalmente, usando (8.14) e (8.15), obtém-se
dW
W −T = −∆U, (8.16)
dT
118
8.1. Interpretação das energias livres de Helmholtz e de Gibbs
F = U − T S = CV T + U0 − T (CV ln T + R ln V + S0 ), (8.18)
logo
p(V (B) − V (A)) ≤ F (A) − F (B) (8.21)
G = F + pV = U − T S + pV (8.22)
de modo a que
G(B) ≤ G(A). (8.23)
G = Cp T + U0 − T (Cp ln T − R ln p + S0 + R ln R) − RT + pV
= Cp T + U0 − T (Cp ln T − R ln p + S0 + R ln R). (8.24)
119
8. Potenciais Termodinâmicos e Relações de Maxwell
é quase evidente (comparar, por exemplo, com a eq. (8.3b)). Na verdade, o con-
junto de transformações envolvidas na passagem da descrição por meio de um sis-
tema termodinâmico por meio de um conjunto de variáveis para uma outra descrição
efectuada através de outras variáveis, são as mesmas envolvidas na passagem, na
Mecânica Analítica, da Formulação Lagrangeana à Formulação Hamiltoniana. Tais
transformações são conhecidas por transformações de Legendre.
Em geral, uma combinação ao acaso de variáveis não dá origem a funções de
estado, uma vez que existem constrangimentos entre elas, como por exemplo o re-
querimento de consistência dimensional.
Consideremos a diferencial exacta,
Y1 ≡ Y(A1 , X2 , . . . , Xn ) = Y − A1 X1
Y2 ≡ Y(X1 , A2 , X3 , . . . , Xn ) = Y − A2 X2
..
.
Yn ≡ Y(X1 , . . . , Xn−1 , An ) = Y − An Xn (8.27)
Y1,2 ≡ Y(A1 , A2 , X3 , . . . , Xn ) = Y − A1 X1 − A2 X2
..
.
X
Y1,...,n ≡ Y(A1 , A2 , . . . , An ) = Y − Ai Xi
i
Cada uma das transformações Y representa uma nova função cujas variáveis inde-
pendentes são indicadas entre parênteses. Uma propriedade útil destas novas funções
120
8.2. Transformações de Legendre
é que, uma vez que sabido que a função Y tem como variáveis um certo conjunto (o
indicado dentro de parênteses), então as n variáveis restantes são obtidas através da
diferenciação de Y. Claramente, tal não ocorreria caso as variáveis fossem tomadas
arbitrariamente. Consideremos os seguintes exemplos:
De (8.27) temos
Y1 = Y1 (A1 , X2 , X3 ) = Y − A1 X1 , (8.29)
logo
∂Y1 ∂Y1 ∂Y1
dY1 = dA1 + dX2 + dX3 ; (8.30)
∂A1 X2 ,X3 ∂X2 A1 ,X3 ∂X3 A1 ,X2
porém, de (8.29)
dY1 = dY − A1 dX1 − X1 dA1 , (8.31)
121
8. Potenciais Termodinâmicos e Relações de Maxwell
122
8.2. Transformações de Legendre
L = L(qi ,q̇i , t) = T − V
n
1X
T = mi q̇i2 , V = V (q1 , . . . , qn ),
2
i=1
∂V
mi q̈i = − Eq. Newton (3N equações)
∂qi
pi ∂V
q̇i = , ṗi = − .
m ∂qi
123
Capítulo 9
Equação de Clapeyron
125
9. Equação de Clapeyron
L
h
g
f
e
dc
T
LV ab
Figura 9.1
Apliquemos agora esta equação para o sistema líquido vapor na região LV no dia-
grama (V, p). Nesta região, as pressões e densidades do líquido e vapor dependem
126
9. Equação de Clapeyron
m = m1 + m2 (9.2a)
V = m1 v1 (T ) + m2 v2 (T ) (9.2b)
U = m1 u1 (T ) + m2 u2 (T ). (9.2c)
logo,
dV = [v2 (T ) − v1 (T )] dm, (9.4)
ou
dQ
= u2 (T ) − u1 (T ) + p(v2 (T ) − v1 (T )) ≡ L. (9.6)
dm
A expressão (9.6) define a quantidade de calor por unidade de massa necessária
para vaporizar um líquido, isto é, L é o Calor Latente (em geral L = L(T )).
Equações (9.4) e (9.5) referem-se a transformações isotérmicas, pelo que a razão
destas resulta em:
∂U u2 (T ) − u1 (T )
= (9.7)
∂V T v2 (T ) − v1 (T )
e, utilizando (9.6) vem que
∂U L
= − p; (9.8)
∂V T v2 (T ) − v1 (T )
127
9. Equação de Clapeyron
dp L ∆s
= = . (9.9)
dT T (v2 (T ) − v1 (T )) ∆v
dp
Como exemplo, calculemos a razão dT para a mistura água-vapor à temperatura
de ebulição. Temos
logo∗
dp
= 3, 6 × 104 dyn cm−2 K−1 (9.10)
dT
dp
Um valor aproximado para dT pode ser obtido desprezando-se, na equação (9.9),
v1 em comparação com v2 e usando a equação de estado de um gás perfeito para o
cálculo de v2 . Isto é:
pV2 νRT m2 RT
= , & ν= =⇒ pv2 =
m2 m2 M M
substituindo em (9.9)
dp LM
= p, (9.11)
dT RT 2
ou
d LM
ln p = . (9.12)
dT RT 2
∗
Na expressão (9.10) utilizou-se unidades CGS, muitas vezes empregues em diversas áreas da
física. Este sistema de unidades baseia-se no uso de centímetro e grama ao invés do metro e
quilograma usado nas unidades SI. Assim sendo, as unidades de grandezas derivadas ficam diferentes
das unidades SI:
Força Energia
dyn
Sistema
CGS erg
(dine)
N J
SI
(newton) (joule)
Conversão 1 dyn = 10 −5
N 1 erg = 10−7 J
128
9. Equação de Clapeyron
dp
= 3, 56 × 104 dyn cm−2 K−1 (9.13)
dT
Se o calor latente de vaporização L puder ser considerado independente da tem-
peratura, podemos então integrar a eq. (9.12):
ML
ln p = − + const. (9.14)
RT
logo
dp
= −1, 35 × 108 dyn cm−2 K−1 , (9.16)
dT
ou seja, um acréscimo de pressão de 134 atm baixa o ponto de fusão do gelo em 1 K.
Deve notar-se que o ponto de fusão do gelo decresce com o aumento da pressão.
Sob este aspecto, a água tem um comportamento anómalo, pois a maioria das subs-
tâncias comporta-se da maneira oposta. Tal diferença deve-se ao facto do gelo ser
menos denso que a água, em confronto com a maioria das substâncias cujo estado
sólido é mais denso que o líquido correspondente.
Este comportamento anómalo da água (gelo) é de grande importância na geologia,
sendo este fenómeno responsável pelo movimento dos glaciares. Quando uma massa
de gelo encontra uma formação rochosa, a pressão do gelo contra a rocha baixa o
ponto de fusão do gelo, levando ao derretimento deste. Uma vez removida a pressão
o congelamento faz-se rapidamente. Assim, grandes massas de gelo são capazes de
circum-navegar obstáculos.
129
Parte II
Mecânica Estatística
Capítulo 10
Distribuição Canónica de
Maxwell-Boltzmann
133
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
Vi
Vf
Figura 10.1
ln Ωf − ln Ωi = NA (ln Vf − ln Vi ). (10.3)
S = kB ln Ω, (10.4)
134
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
135
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
associando este número às propriedades macroscópicas dos sistemas, tal como em (10.4).
De modo geral, para sistemas com um grande número de partículas e com um
espectro de energia não limitado, o número de microestados Ω(U ) cresce muito ra-
pidamente com U .
Consideremos agora a contagem de microestados de dois sistemas isolados do
exterior e inicialmente entre si, caracterizados pelas variáveis termodinâmicas indi-
ciadas na Figura 10.2.
U1A U2A
V1A V2A
N1A N2A
Figura 10.2
Removendo agora a restrição de que os dois sistemas estão isolados entre si (Fi-
gura 10.3), segue então que:
U ∗ = U1 + U2 , (10.10)
onde tomamos, inicialmente, um valor para U1 e efectuamos a soma sobre essa ener-
gia.
U1 U2
V1 V2
N1 N2
Figura 10.3
136
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
Ω1 (U1 )Ω2 (U ∗ − U1 )
P1 (U1 ) = , (10.12)
ΩT (U ∗ )
β1 = β2 . (10.16)
137
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
T, UF T,
F
V V
F N
N
Figura 10.4
U ∗ = UjF + j . (10.19)
Recordemos que, por definição, uma fonte não muda a sua temperatura e o seu estado,
quando em contacto térmico com um sistema; assim, para qualquer microestado j,
U ∗ ' UjF . Segue então, por meio da expansão em série de Taylor do logaritmo de
Ω(UjF ) em torno de U ∗ que:
ln Ω(UjF ) = ln Ω(U ∗ − j )
1 ∂Ω
= ln Ω(U ∗ ) − j (U ∗ ) + . . . ; (10.22)
Ω ∂U ∗
introduzindo a definição de β (eq. (10.15)) temos
ln Ω(UjF ) = ln ΩT (U ∗ ) − βj + . . .
ln Ω(U ∗ − j ) ' ln [Ω(U ∗ ) exp(−βj )] , (10.23a)
e ainda
Ω(U ∗ − j ) ' Ω(U ∗ )e−βj . (10.23b)
138
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
ω1 ω3
ω2
ω5
ω4 ··· ω
ωn
Figura 10.5
139
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
140
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
da Termodinâmica:
ˆ ˆ
3 dH ∂f dH
H = f (~v , t) ln f (~v , t) d v =⇒ = (1 + ln f ) d3 v =⇒ ≤ 0,
dt ∂t dt
onde f (~v , t) e a distribuição resultante de uma molécula A a colidir com uma molécula
B e que obedece à equação de Boltzmann (ver referências [8, 9, 10]):
n
X ¨
∂f p~ ∂f
+ · ∇f + F~ · = g I(g, Ω)[fA0 fB0 − fA fB ] dΩ d3 p, (10.29)
∂t m ∂~
p
λ=1
n1 + n2 + . . . + nz = N. (10.30)
Definindo gk = ωk /ω tem-se
ω1 + ω2 + . . . + ωz = ω (10.31a)
141
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
e
g1 + g2 + . . . + gz = 1. (10.31b)
N!
P (Ω) = g n1 g n2 · · · gznz . (10.33)
n1 ! n2 ! · · · nz ! 1 2
∗
Este teorema corresponde a uma generalização do teorema binomial de Newton:
n
! !
n
X n n−k k n n!
(x + y) = x y e = ,
k k k!(n − k)!
k=0
para polinómios:
X n! n
(x1 + . . . + xp )n = xn1 · · · xp p .
n1 ,...,np n1 ! · · · np ! 1
n1 +...+np =n
142
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
Assim,
n
X
ln n! = ln 1 + ln 2 + . . . + ln(n − 1) + ln n = ln m. (10.37)
m=1
Esta soma pode ser aproximada pelo integral da função logaritmo (Figura 10.6).
Essa aproximação é especialmente precisa no limite de grandes n’s.
ln m
ln 6 ∼ ln x
ln 5
ln 4
ln 3
ln 2
2 3 4 5 6 m
Figura 10.6
Logo†
ˆ n
ln n! ' ln x dx = [x ln x − x]n1
1
ln n! ' n ln n − n + 1. (10.38)
143
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
ln P (Ω) = N ln N − N + n1 ln g1 − n1 ln n1 + n1 + n2 ln g2 − n2 ln n2 + n2 + . . .
z
X z
X z
X
= N ln N −
N
+ ni ln gi − ni ln ni + ni
i=1 i=1 i=1
z
X
gi
= N ln N + ni ln . (10.41)
ni
i=1
dN = 0
144
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
Somando estas equações, obtemos que o coeficiente de cada dni deve anular-se
separadamente, ou seja:
gi
ln + λ1 − λ2 i dni = 0 (10.46)
ni
e ainda
ni
ln − λ1 = −λ2 i . (10.47)
gi
Tomando λ1 = ln A e λ2 = β, obtém-se
logo,
N
A= , (10.50)
Z
onde Z é a função de partição:
z
X
Z= gi e−βi . (10.51)
i=1
145
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
Obtemos assim a expressão para o número mais provável de partículas com ener-
gia i :
gi e−βi
ni = N . (10.52)
Z
ni
N
6
gi > gj =⇒ ni > nj
i
Figura 10.7
1 1
E = mv 2 = m vx2 + vy2 + vz2 . (10.53)
2 2
n
X ˆ ˆ ∞ ˆ ∞ ˆ ∞
gi → ω= dvx dvy dvz . (10.55)
i=1 −∞ −∞ −∞
Como estamos interessados nos valores médios de v, v 2 , etc. – hvx i = hvy i = hvz i = 0
e, por simetria, vx2 = vy2 = vz2 = v 2 /3 – a função integranda depende apenas
de v. Logo, podemos utilizar coordenadas esféricas no espaço das velocidades, tendo
~v como raio vector:
146
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
vz ~v = vx ~i + vy ~j + vz ~k
~
ev
~v ~
eϕ
θ
vx = v sin θ cos ϕ
~
eθ
vy = v sin θ sin ϕ
ϕ
vy vz = v cos θ
vx
Figura 10.8
Consequentemente,
ˆ ∞ ˆ ∞ ˆ ∞
I= F (vx , vy , vz ) dvx dvy dvz
−∞ −∞ −∞
ˆ ˆ ˆ
2π π ∞ ∂(vx , vy , vz )
=
G(v) dv dθv dϕv (10.56)
0 0 0 ∂(v, θv , ϕv )
tal que§
∂vx ∂vx ∂vx
∂v
∂v ∂θv ∂ϕv
∂(vx , vy , vz )
= det
∂v
y ∂vy
∂θv
∂vy
∂ϕv
= −v 2 sin θv (10.57)
∂(v, θv , ϕv )
∂vz ∂vz ∂vz
∂v ∂θv ∂ϕv
portanto,
ˆ 2π ˆ π ˆ ∞
I= G(v)v 2 sin θv dv dθv dϕv
0
ˆ 0
∞
0
2
I = 4π v G(v) dv. (10.58)
0
§
O caso geral desta transformação seria (x, y, z) → (u1 , u2 , u3 ) tal que
˚ ˚
∂(x, y, z)
F (x, y, z) dx dy dz = G(u1 , u2 , u3 ) du1 du2 du3 ,
R3 R3 ∂(u1 , u2 , u3 )
onde,
∂x ∂x ∂x
∂(x, y, z) ∂u
∂y
1 ∂u2
∂y
∂u3
∂y
= det
∂u1 ∂u2 ∂u3
.
∂(u1 , u2 , u3 )
∂z ∂z ∂z
∂u1 ∂u2 ∂u3
147
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
dI0 dI1
I2 = − I3 = −
dλ dλ
(10.64)
d2 I0 dI2 d2 I1 dI3
I4 = + 2 = − I5 = + 2 = −
dλ dλ dλ dλ
¶
À distribuição de Gauss está associada a chamada Função Erro (de Gauss):
ˆ x
2 2
erf(x) = √ e−u du,
π 0
com
lim erf(x) = 1.
x→∞
onde (2n − 1)!! representa o produto de todos os naturais ímpares até (2n − 1).
148
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
etc.
149
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
e a velocidade quadrática média v 2 :
´∞
2 nv v 2 dv I4 ( 2km
BT
) 3kB T
v = ´∞ 0
= m =
0 nv dv
I2 ( 2kB T ) m
r
p 3π
=⇒ hv 2 i = hvi . (10.71)
8
Comparemos estas velocidades com a velocidade mais provável vP que é dada
dnv
pela condição dv = 0:
d −λv2 2 2 1
0= e v = 2v e−λv (1 − λv 2 ) =⇒ vP = √ ; (10.72)
dv λ
βm
segue que (relembre-se que λ = 2 ):
r s
2kB T 2RT
vP = = ; (10.73a)
m µ
r
2vP 8kB T
hvi = √ = ; (10.73b)
π πm
r r
p 3 3kB T
hv 2 i = vP = . (10.73c)
2 m
Graficamente,
nv
vP hvi p 2 v
hv i
Figura 10.9
150
10.1. Demonstração Estatística da distribuição de Maxwell-Boltzmann
Note que vP c de modo que não são necessárias quaisquer correcções relati-
vistas.
Foi necessário mais de meio século para que a lei de distribuição de Maxwell
pudesse ser testada experimentalmente. Para tal, fez-se necessário obter um feixe
molecular (Dunoyer, 1911) e um selector de velocidades (Stern, 1920). A configura-
ção experimental é esquematizada nas Figuras 10.10 e 10.11 tal como feito por El-
dridge (1927).
o
Discos Selectores 60
Forno
Detector
4c
m
Sala do Forno Sala do Feixe
Figura 10.10
Figura 10.11
151
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
v 2 exp(−mv 2 /2kB T )
onde f (v 2 ) = I2 . Assim,
ˆ ∞ ˆ π/2 ˆ 2π
n 2 /2
Nc = v 3 e−βmv dv cos θv sin θv dθv dϕv , (10.76)
4πI2 0 0 0
152
10.2. Aplicações da distribuição de Maxwell-Boltzmann
θ
~v
ϕ
y
x
Figura 10.12
hvi 2π n hvi
Nc = n = , (10.77)
4π 2 4
Comecemos por assumir que uma molécula com diâmetro d se move com veloci-
dade vM num gás com densidade n = N/V e que as moléculas restantes se encon-
tram em repouso. Claramente segue que, num intervalo ∆t, a molécula desloca-se
∆x = vM ∆t, colidindo com todas as moléculas cujos centros se encontram a uma
distância menor que o diâmetro d. Neste intervalo, a molécula colidirá com as mo-
léculas que estiverem contidas no cilindro com base πd2 e altura ∆x (Figura 10.13).
153
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
∆x = vM ∆t
A = πd2
Figura 10.13
p = nkB T (10.83)
154
10.2. Aplicações da distribuição de Maxwell-Boltzmann
dh
P~
Figura 10.14
Tratando o ar da atmosfera como um gás ideal, podemos, por meio de (10.83), obter:
dp = kB T dn(h), (10.86)
155
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
dp = n(~r )F~ (~r ) · d~r = −n(~r )∇V (~r ) · d~r = −n(~r ) dV (~r ). (10.90)
dn(~r ) dV (~r )
=− , (10.91)
n(~r ) kB T
156
10.2. Aplicações da distribuição de Maxwell-Boltzmann
onde n0 ≡ n(~r0 ) e ~r0 é uma origem arbitrária. Assim, como acima, a probabilidade
de se encontrar moléculas sob a acção de um campo de forças conservativo, entre ~r
e ~r + d~r é dada por:
V (~r ) 3
dP (~r ) ∝ exp − d ~r. (10.93)
kB T
Naturalmente, considerando-se também a energia cinética das moléculas obtería-
mos ao invés de (10.93):
E(~r, ~v )
dP (~r, ~v ) ∝ exp − d3~r d3~v , (10.94)
kB T
onde
1
E(~r, ~v ) = mv 2 + V (~r ); (10.95)
2
a expressão (10.94) fornece a probabilidade de se encontrar uma molécula entre ~r
e ~r + d~r e velocidade no intervalo [~v , ~v + d~v ]. Notemos que, novamente, o maior
número de moléculas concentram-se nos estados de menor energia.
E(qi , q̇i ) = αqi2 + γ q̇i2 + Ê(q1 , . . . , qi−1 , qi+1 , . . . , qN ; q̇1 , . . . , q̇i−1 , q̇i+1 , . . . , q̇N ),
(10.98)
157
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
´∞ h 2
i ´∞ h i(
2 exp − βmvx dv x2 (
(
v x exp (βk
− (0( dx
1 −∞ x 2 (−∞ (( (
h 2
i(
h i ´∞
(
= m ´ 2 βk x2 (
(
2 ∞ βmvx exp − 0(
dx
−∞ exp − 2 dvx ( ( (
(−∞
(( ( 2
´∞ h i ´ h i (
2 ((
x 2 exp − βk0 x2 dx ∞ exp(− (βmv
(( x
dvx
1 −∞ 2 (−∞ ( ( 2
= m ´ h i ´
(
h 2
i((
∞
(
2 ∞ βk0 x2
((−
exp (βmv
(( x
dvx
−∞ exp − 2 dx (−∞
(( 2
1 2I2 1 2 1 1
= k0 = k0 = = kB T. (10.103)
2 2I0 2 2βk0 2β 2
Consequentemente, a energia média do oscilador é
hEi = kB T, (10.104)
158
10.2. Aplicações da distribuição de Maxwell-Boltzmann
10.2.5 Paramagnetismo
~
B ... ... ~ 6= 0
M
Figura 10.15
E0 = −µB (10.106a)
E1 = µB (10.106b)
159
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
n
X
µB
hµi = Pi µi = P0 µ − P1 µ = µ tanh . (10.109)
kB T
i=0
N µ2 B
M∼ . (10.111)
kB T
M
Nµ
µB
kB T
Figura 10.16
k
Relembre-se que:
ex − e−x
1 + x − (1 − x)
lim tanh x = lim = lim = lim x = 0
x→0 x→0 ex + e−x x→0 1 + x + (1 − x) x→0
lim tanh x = 1
x→∞
160
10.3. Entropia, Informação e o Demónio de Maxwell
onde, obviamente,
N
X
Pj = 1. (10.113)
j=1
I = KI ln N. (10.114)
N = 2n , (10.116)
161
10. Distribuição Canónica de Maxwell-Boltzmann
A transmissão da palavra pode ser fiel, isto é, sem erros e, neste caso, a infor-
mação mantém-se ou pode envolver um erro de um ou mais símbolos. Em geral, no
processo de transmissão há sempre perda de informação. Notemos que na Mecânica
Estatística, a situação é análoga. O número de casos, N ; corresponde ao número de
microestados Ω na equação (10.4). Notemos que uma restrição do número possível
de microestados devido a informação conhecida acerca do sistema implica numa di-
minuição da entropia. Esta relação entre o conteúdo informacional e a diminuição
de entropia sugere a identificação:
ou
S1 = S0 − I, (10.119b)
162
10.3. Entropia, Informação e o Demónio de Maxwell
163
Capítulo 11
1) Convecção;
2) Condução;
3) Radiação.
11.1 Convecção
Denomina-se convecção à transmissão de energia entre as partes de um fluido
aquecido desigualmente, envolvendo, como resultado, o movimento relativo das partes
do fluido. Segundo sejam as causas do movimento do fluido distinguem-se dois tipos
de termotransferência, a saber:
(i) Convecção livre quando o fluido move-se por acção da gravidade e, como resul-
tado da heterogeneidade das densidades das partes do fluido que se encontra
desigualmente aquecido. Este é o processo responsável pela transmissão da
energia do centro das estrelas (que tem origem na fusão nuclear) para a super-
fície destas, onde a energia é, então, radiada. A convecção livre está também
165
11. Transmissão de Energia Térmica
(ii) Convecção forçada quando o movimento relativo das partes do fluido deve-se à
acção de bombas, ventiladores, etc.
V
X(~r, t)
S
~j = X~v
Figura 11.1
~j = X~v , (11.1)
166
11.1. Convecção
DX ∂X
≡ + ~v · ∇X. (11.5)
Dt ∂t
A equação de conservação da massa pode ser imediatamente deduzida da equa-
ção (11.4) fazendo X(~r, t) = ρ(~r, t):
∂ρ
(~r, t) + ∇ · ρ(~r, t)~v = 0. (11.6)
∂t
Um fluido é dito incompressível quando a derivada convectiva de ρ(~r, t) anula-se
e, consequentemente:
∇ · ~v = 0, (11.7)
∂ρ
(~r, t) + ~v · ∇ρ(~r, t) = 0. (11.8)
∂t
Um fluido diz-se viscoso quando a um deslocamento ~v que é a este imposto,
houver uma força restauradora líquida dada para um fluido incompressível por‡ :
F~ = ξ∇2~v , (11.9)
167
11. Transmissão de Energia Térmica
168
11.2. Condução
11.2 Condução
Na Condução de calor acontece a transmissão de energia entre corpos em contacto
a temperaturas diferentes e, contrariamente à convecção, não há transporte global de
matéria entre os corpos. Incidentalmente foi este transporte de matéria que induziu
a ideia equivocada de que o calor era uma substância, o «calório».
A Lei de Condução de Calor foi estabelecida por Fourier em 1808:
Matematicamente,
~q = −κ∇T (~r, t), (11.19)
onde o vector densidade de corrente de calor ~q ou fluxo de calor por unidade de área
é definido num meio com calor específico, c, num volume, V , encerrado por uma
superfície S como
Q
~q = ~v , (11.20)
V
sendo Q o calor escoado através de S com velocidade ~v . O coeficiente κ em (11.19)
é denominado coeficiente de condutividade térmica e
Tabela 11.1
169
11. Transmissão de Energia Térmica
∂T
χ∇2 T (~r, t) + ~v · ∇T (~r, t) = (~r, t) − aF(~r ), (11.28)
∂t
que se reduz à versão de Lagrange (11.26) quando o fluido estiver em repouso.
Consideremos o exemplo bastante familiar de uma barra condutora, de compri-
mento L, cujas extremidades se encontram em contacto térmico com fontes de calor
170
11.3. Radiação
dT
(x) = A (11.30)
dx
e
T (x) = Ax + B, (11.31)
T (0) = B = T1 (11.32a)
T2 − T1
T (L) = AL + T1 = T2 =⇒ A = (11.32b)
L
temos, finalmente,
T2 − T1
T (x) = x + T1 , (11.33)
L
ou seja, a temperatura decresce linearmente ao longo da barra.
11.3 Radiação
171
11. Transmissão de Energia Térmica
Aλ + Rλ = Iλ . (11.35)
Aλ
aλ ≡ ; (11.36a)
Iλ
Rλ
rλ ≡ , (11.36b)
Iλ
(ii) Lei de Kirchhoff (1860): A razão entre o poder emissivo, eλ , de um corpo, isto
é, entre a sua capacidade de radiar a um comprimento de onda λ, e o seu poder
de absorção depende exclusivamente da temperatura do corpo e não da sua
natureza:
eλ
= f (T ). (11.37)
aλ
Veremos posteriormente que f (T ) ∝ T 4 .
(iii) O espectro da energia radiada por um corpo por unidade de tempo e a potência
emitida ou intensidade I(T, λ) depende da temperatura T e do comprimento
de onda λ da radiação emitida segundo a Figura 11.2.
I(T, λ)
T3
T2
T1
Figura 11.2
172
11.3. Radiação
T3 > T2 > T1 ;
(11.38)
(3) (2) (1)
λmax < λmax < λmax .
Figura 11.3
173
11. Transmissão de Energia Térmica
(v) Lei de Stefan (1879): A energia radiada por um corpo através da sua superfície
A, é proporcional à quarta potência da sua temperatura:
L ∝ M 3,4 ,
T ∝ M 0,5 .
A taxa de consumo de hidrogénio determina a evolução de uma estrela e esta evolução corresponde
a uma trajectória no diagrama H-R. Assim, a Sequência Principal divide a evolução das Gigantes
Vermelhas dilatadas pelo arrefecimento da estrela, da evolução das Anãs Brancas que se contrariam
após o consumo de certa percentagem do seu hidrogénio, aquecendo-se neste processo.
174
11.3. Radiação
0 ≤ e ≤ 1, (11.44)
~ = ρc
∇·D (11.46)
~ =0
∇·B (11.47)
~
~ + ∂B = 0
∇×E (11.48)
∂t
~
~ = J~c + ∂ D ,
∇×H (11.49)
∂t
junto das equações constitutivas¶
~ ≡ ε0 E
D ~ + P~ (11.50)
~ ≡ 1B
H ~ −M ~. (11.51)
µ0
175
11. Transmissão de Energia Térmica
~
P~ = ε0 χe E, (11.53)
M ~
~ = χm H, (11.54)
segue que
~ = εE,
D ~ ε = ε0 (1 + χe ) (11.55)
~ = µH,
B ~ µ = µ0 (1 + χm ) (11.56)
~ =0
∇·D (11.57)
~ =0
∇·B (11.58)
~
~ + ∂B = 0
∇×E (11.59)
∂t
~
~ = ∂D ,
∇×H (11.60)
∂t
Tomando por exemplo o rotacional da equação (11.59) e usando as equações (11.55)
e (11.57), obtemos
∂ 2~
~ = −µ
∇×∇×E ~ = −µε ∂ E
∇×H
∂t ∂t2
~ = ∇(∇ · E)
∇×∇×E ~ − ∇2 E
~ = −∇2 E
~
logo
∂2E~
~ − µε
∇2 E = 0; (11.61)
∂t2
¶
Além destas expressões, é possível retirar de (11.46) e (11.49) a equação de continuidade para
as densidades de carga e corrente:
∂ρc
∇ · J~c + = 0. (11.52)
∂t
Integrando esta equação num volume V:
˚ ‹
d
ρc dV = J~c · ~n dS
dt V S=∂V
176
11.3. Radiação
~
∂2D
~ − µε
∇2 D = 0; (11.63)
∂t2
2~
~ − µε ∂ B = 0.
∇2 B (11.64)
∂t2
E ~ 0 ei(ωt−~k·~r)
~ =E (11.65)
~ =B
~ 0e i(ωt−~k·~
r)
B (11.66)
ω
k~kk = ; (11.67)
v
~ = 0 =⇒ ~k · E
~ =∇·B
∇·E ~ = ~k · B
~ = 0 =⇒ ~k ⊥ E
~ e ~k ⊥ B.
~ (11.68)
~
E
~k
~
B
Figura 11.4
177
11. Transmissão de Energia Térmica
T dS = dU + p dV, (7.29)
178
11.3. Radiação
Consequentemente, se S = S(V, T ),
∂S ∂S
dS = dV + dT (11.74)
∂V T ∂T V
donde segue que
∂S 4 Eem
= (11.75a)
∂V T 3 T
∂S V dEem
= (11.75b)
∂T V T dT
e, portanto
∂2S ∂ V dEem ∂ 4 Eem
= = (11.76)
∂V ∂T ∂V T dT ∂T 3 T
ou
1 dEem 4 1 dEem Eem
= − 2 . (11.77)
T dT 3 T dT T
Resolvendo agora esta equação tem-se que
ˆ ˆ
dEem dT
=4 + C =⇒ Eem = σ̂T 4 , (11.78)
Eem T
onde σ̂ é uma constante relacionada com σ (Eq. (11.43))
O tratamento de Planck para a radiação do corpo negro permitirá, como será
visto, determinar a constante de Stefan-Boltzmann (Eq. (11.43)):
π 2 kB
4
σ= ' 5, 670374419 × 10−8 W m−2 K−4 . (11.79)
60~3 c2
A lei do deslocamento de Wien pode ser demonstrada considerando-se o efeito
Doppler, a pressão exercida pela radiação num espelho móvel hipotético e considera-
ções termodinâmicas. Wien (1893) mostrou que a distribuição espectral da densidade
de energia da radiação electromagnética contida numa cavidade é dada pela equação:
ν
I(ν, T ) = ν 3 F , (11.80)
T
onde F é uma função da razão ν/T .
É interessante notar que a lei de Stefan-Boltzmann é consequência da lei de Wien.
Para compreender esta relação, integremos I(ν, T ) sobre todas as frequências,
ˆ ∞ ˆ ∞ ν
Eem Wem
= = I(ν, T ) dν = ν3 F dν, (11.81)
γ eA 0 0 T
onde tomámos γ uma constante. Fazendo x = ν/T e usando x como variável de
integração, obtemos
179
11. Transmissão de Energia Térmica
ˆ ∞
Eem Wem
= = T4 x3 F (x) dx. (11.82)
γ eA 0
Constante independente de T
c = λν, (11.83)
de modo que:
I(ν, T ) dν = I(λ, T ) dλ (11.84)
e
|dν| |dλ|
= . (11.85)
ν λ
Introduzindo na lei de Wien a eq. (11.80):
I(ν, T ) dν ν ν4 ν c4 c
I(λ, T ) = = I(ν, T ) = F = 5F . (11.86)
dλ λ λ T λ λT
Busquemos agora o máximo de I(λ, T ) visando obter a lei do deslocamento:
c
dI c4 5 c c dF
(λ, T ) = 5 − F − 2 F0 =0 F0 = (11.87)
dλ λ λ λT λ T λT dλ
isto é
c c 0 c
5F + F = 0, (11.88)
λmax T λmax T λmax T
naturalmente a solução completa da equação diferencial acima exige o conhecimento
de F (x) (x ≡ c/λT ); é, no entanto, fácil notar que o produto λmax T = const. é uma
solução de (11.88). Obtemos então a lei do deslocamento.
A determinação da função F (c/λT ) não pode ser feita por argumentos exclusi-
vamente termodinâmicos. Faz-se necessário portanto, lançar-se mão de um modelo.
Naturalmente, espera-se que a forma da função F (c/λT ) seja independente do mo-
delo adoptado. O modelo em causa é aquele que descreve as propriedades de emissão
de radiação de um corpo negro uma vez que este é o melhor emissor e que pode ser
180
11.3. Radiação
~
cEem~n = S, (11.89)
No caso do corpo negro, o fluxo de energia I(ν, T ) para o exterior de uma cavidade
será dado pela componente do vector de Poynting normal à abertura (área ~a unitária).
Como a radiação na cavidade é isotrópica, esta sai para o exterior com ângulos
no intervalo 0 < θ < π/2. Consequentemente, devemos considerar a média da
radiação emitida em todas as direcções e calcular a quantidade emitida no intervalo
0 < θ < π/2. Temos então:
ˆ ∞ ˆ 2π ˆ π/2
1
I(ν, T ) dν = S~ · ~a sin θ dθdϕ; (11.91)
0 4π 0 0
ˆ ∞ ˆ 2π ˆ π/2
c
I(ν, T ) dT = sin θ cos θ Eem dθdϕ;
4π 0
0
ˆ ∞ 0 ˆ
c 1 c ∞
= u(ν, T ) dν × 2π × = uν dν, (11.92)
4π 0 2 4 0
logo
c
I(ν, T ) = u(ν, T ). (11.93)
4
O cálculo de u(ν, T ) assume que a radiação consiste de osciladores harmónicos
elementares. Consequentemente, a energia radiada é dada pelo produto do número de
modos de oscilação pela energia média de um oscilador em equilíbrio à temperatura
T:
4πν 2
u(ν, T ) = 2 × hEi , (11.94)
c3
n.o de modos
radiação elect. transversal ' 2 − dim oscil. harmónico
181
11. Transmissão de Energia Térmica
= n0 , n = 0, 1, 2, . . . (11.99)
de modo que a energia média deveria ser obtida pela substituição dos integrais no
caso usual clássico por somas. A energia média clássica é dada pela distribuição
canónica:
´ ∞ −β ˆ ∞
e d d d 1
hi = ´ ∞ −β
0
=− ln e−β d = − ln β −1 = = kB T, (11.100)
0 e d dβ 0 dβ β
182
11.3. Radiação
8πν 2 0
u(ν, T ) = . (11.102)
c3 eβ0 − 1
onde h é uma constante universal. Tal escolha satisfaz a exigência de que a tempe-
ratura apareça na forma ν/T . Tem-se assim a lei da radiação de Planck:
8πhν 3 1
u(ν, T ) = . (11.104)
c3 ehν/kB T − 1
8πν 3 h 1 8πν 2
u(ν, T ) = = kB T + . . . , (11.106)
c3 1+ hν
+ ... − 1 c3
kB T
isto é a lei de Planck coincide com a fórmula clássica (11.95) para grandes compri-
mentos de onda.
k
Série Geométrica: 1 + x + x2 + . . . = 1
1−x
, |x| < 1.
183
11. Transmissão de Energia Térmica
184
11.4. Calor Específico dos Sólidos
185
11. Transmissão de Energia Térmica
CV
3NA kB
Figura 11.5
∗∗
Dada a expressão (11.114) para a energia interna, é fácil obter a capacidade térmica:
∂U
+ k
hν
t 2 ehν/kB T
hν
2
ehν/kB T
B
CV = = 3NA hν hν/k T 2
= 3N A k B hν/k
. (11.116)
∂T V (e B − 1) kB T (e B T − 1)2
186
Capítulo 12
Fundamentos da Mecânica
Quântica
187
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
e
h
0 = hν = ~ω ~= ω = 2πν, (11.103)
2π
com
h = 6, 62607015 × 10−34 J s (exacto), (11.105)
188
12.2. Dualidade Onda–Partícula e a Hipótese de Fotões
O efeito fotoeléctrico foi descoberto por Hertz em 1887, que quando envolvido
nas famosas experiências com ondas electromagnéticas notou que o comprimento da
faísca induzida no circuito secundário era reduzido quando os terminais de separação
da faísca eram protegidos da luz ultravioleta originada por faíscas no circuito primá-
rio. Experiências sucessivas levadas a cabo por Hallwach, Elster e Gutel, Ladenburg
e Lenard determinaram que:
(i) Placas metálicas polidas quando irradiadas, emitem electrões e não iões positi-
vos;
Luz
Vácuo
Cátodo Ânodo
Figura 12.1
189
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
V (volt)
E = eV = hν − W
V = he ν − W
e
Figura 12.2
190
12.2. Dualidade Onda–Partícula e a Hipótese de Fotões
plica que a radiação electromagnética comporta-se algumas vezes como uma onda e
outras vezes como uma colisão de partículas.
Recordemos que muitas das propriedades observadas dos electrões haviam sido
compreendidas por J. J. Thomson numa elegante série de experiências (1897). Es-
tes envolviam a determinação da energia cinética de electrões através da medida da
diferença de potencial eléctrico que estes atravessavam. Isto é, tem-se para a con-
figuração abaixo (Figura 12.3), onde e é o módulo da carga negativa do electrão:
1 1
mv 2 = mv02 + eV (12.4)
2 2
e, naturalmente, se v0 ' 0
1
mv 2 ' eV. (12.5)
2
− +
~v0 ~v
Figura 12.3
y
~v +
` −
x
Figura 12.4
191
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
+
~
qE
V
M~g
−
Figura 12.5
192
12.2. Dualidade Onda–Partícula e a Hipótese de Fotões
M g = qE (E = V /`) q = n1 e, (12.13)
193
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
~k = p~ = 2π p~ . (12.25)
~ h
Contudo, uma vez que k~kk representa o número de vibrações por unidade com-
primento (assim como ν representa o número de vibrações por unidade de tempo),
esta grandeza está necessariamente ligada ao comprimento de onda
194
12.3. Hipótese de de Broglie
h h
λ= = . (12.28)
p mv
Assim, dependendo do contexto experimental, uma partícula pode manifestar-se
como uma onda
E p
~
ψ = Ae−i( ~ t− ~ ·~r) . (12.29)
2a sin θ
λ= . (12.30)
n
Figura 12.6
195
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
§
1 eV = 1, 602176634 × 10−19 J (escala da física atómica)
1 MeV = 106 eV (escala da física nuclear)
1 GeV = 109 eV (escala da física de partículas hadrónicas)
102 GeV (escala das interacções electrofracas)
1015 GeV (escala da unificação das interacções electrofraca e forte)
1019 GeV (escala da unificação das interacções electrofraca, forte e gravitacional)
196
12.4. Medida da Posição de Electrão e Princípio de Incerteza de Heisenberg
Ecrã
Lente
Fotão
Electrão
Figura 12.7
197
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
hν
∆ps ' 2 sin θ. (12.32)
c
Portanto, temos para o produto
λ hν
∆x∆px ∼ 2 sin θ ' 4π~, (12.33)
sin θ c
donde se conclui que a determinação do estado cinemático e dinâmico de uma par-
tícula envolve sempre uma indeterminação do momento e/ou posição. É possível
mostrar-se com grande generalidade que
198
12.5. Equação de Schrödinger e Interpretação da Função de Onda
∂ψ E ∂ψ
(~r, t) = −i ψ(~r, t) =⇒ i~ (~r, t) = Eψ(~r, t), (12.37a)
∂t ~ ∂t
i2 ~ 2 p2
∇2 ψ(~r, t) = ∇ · ∇ψ(~r, t) = 2 k~pk2 ψ(~r, t) =⇒ − ∇2 ψ(~r, t) = ψ(~r, t)
~ 2m 2m
(12.37b)
~2 2 ∂ψ
− ∇ ψ(~r, t) + V (~r, t)ψ(~r, t) = i~ (~r, t). (12.38)
2m ∂t
Como nesta equação, todos os termos agem sobre a função de onda, estes podem
na verdade ser vistos como operadores. A equação de Schrödinger é uma equação
diferencial linear complexa a derivadas parciais. As soluções desta equação são, em
geral, complexas, facto que requer que alguma atenção seja prestada aquando da
interpretação física destas soluções como veremos abaixo.
A equação pode ser simplificada pelo procedimento de separação de variáveis.
Supõem-se que o potencial V (~r, t) seja conservativo, isto é independente do tempo
e que a função de onda possa ser escrita como o produto de funções que dependem
exclusivamente da posição e do tempo:
e para a parte espacial obtemos uma equação dita de valores próprios (eigenvalues)
~2 2
− ∇ + V (~r ) Φ(~r ) = E Φ(~r ). (12.42)
2m
199
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
∂
igualmente o operador i~ ∂t dá-nos a energia da partícula:
∂ψ
i~ (~r, t) = E ψ(~r, t). (12.44)
∂t
Assim, os preceitos básicos do formalismo quântico podem ser sintetizados se-
gundo os seguintes postulados:
200
12.5. Equação de Schrödinger e Interpretação da Função de Onda
Vimos que a função de onda ψ(~r, t) é em geral complexa uma vez que a equação
de Schrödinger assim o é também. Portanto, a função de onda não descreve de facto
uma onda concreta. A interpretação adiantada por Born é de natureza estatística
baseando-se na ideia de que |ψ(~r, t)|2 = ψ(~r, t)ψ ∗ (~r, t) é uma densidade de probabili-
dade. Esta probabilidade revela-nos então a possibilidade de um sistema se encontrar
no estado descrito pela função de onda, num elemento de volume ∆V :
logo
ˆ ˆ
∂ ~
2 3
|ψ(~r, t)| d r = − (ψ ∗ ∇2 ψ − ψ∇2 ψ ∗ ) d3~r
∂t 2mi Ω
Ω
ˆ
~
=− ∇ · (ψ ∗ ∇ψ − ψ∇ψ ∗ ) d3~r. (12.51)
2mi Ω
201
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
Ω
Ω0
dS
~
n
∂Ω
Figura 12.8
onde
~j = ~ (ψ ∗ ∇ψ − ψ∇ψ ∗ ) (12.53)
2mi
é a corrente de probabilidade. Obtemos então a equação de conservação da proba-
bilidade na forma diferencial:
∂ρ
+ ∇ · ~j = 0, (12.54)
∂t
onde ρ = |ψ|2 é a densidade de probabilidade. Esta equação é completamente análoga
à equação de conservação da massa na Mecânica de Fluidos e da carga eléctrica no
Electromagnetismo. A versão integral desta equação é válida para qualquer volume
Ω. Contudo, como a condição de normalização é imposta por meio de uma integração
em todo o espaço e ψ(~r, t) se anula no exterior de Ω0 , é suficiente integrar-se sobre
qualquer volume que contém Ω0 .
A validade da normalização pode ser entendida uma vez que, através da separação
de variáveis na equação de Schrödinger,
202
12.6. Partículas Idênticas e o Princípio de Exclusão de Pauli
p~
t ~r(t0 ) p~(t0 )
d~
p
Eqs. de Newton: = F~
t0 dt
~r(t) p~(t)
~r
Figura 12.9
p~
Vmin
~r
Figura 12.10
203
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
A função de onda para este sistema ψ(~r1 , ~s1 , ~r2 , ~s2 ) – s denotando spin – é indicada
por ψ(1, 2) = Φ(1, 2)e−iEt/~ .
∗∗
Subentende-se que, havendo dependência dos spins das partículas, estes são também trocados
(1 ↔ 2) sem afectar contudo a simetria do operador Hamiltoniano.
204
12.6. Partículas Idênticas e o Princípio de Exclusão de Pauli
ou
[Ĥ, P̂12 ]Φ(1, 2) = 0, (12.63)
O facto do operador P̂12 comutar com o operador Hamiltoniano indica que aquele
é conservado no tempo, uma vez que operadores evoluem segundo a equação de
Heisenberg‡‡ :
d ∂  i
= − [Â, Ĥ] (12.65)
dt ∂t ~
††
Por exemplo,
∂ ∂ψ ∂
[x̂, p̂x ]ψ = x̂, −i~ ψ = x −i~ − −i~ xψ = i~ψ.
∂x ∂x ∂x
Em geral,
1 se i = j
[x̂i , p̂j ] = i~δij , com δij = .
0 se i 6= j
‡‡
Esta equação é análoga à equação da mecânica clássica envolvendo os parênteses de Poisson de
uma variável dinâmica A:
dA ∂A
= + {A, H}P P
dt ∂t
onde
N
X ∂A ∂H ∂A ∂H
{A, H}P P ≡ − ,
i=1
∂qi ∂pi ∂pi ∂qi
e qi e pi são as coordenadas e momentos generalizados para um sistema com N graus de liberdade.
205
12. Fundamentos da Mecânica Quântica
ou seja
dP̂12
= 0. (12.66)
dt
Consideremos então os valores próprios do operador P̂12 :
logo α = ±1; assim os valores próprios de P̂12 são ±1. Tal facto implica que os esta-
dos próprios (eigenstates) correspondentes a estes valores próprios são combinações
simétrica e anti-simétrica:
1
Φ(S) (1, 2) = √ [Φ(1, 2) + Φ(2, 1)]; (12.68a)
2
(A) 1
Φ (1, 2) = √ [Φ(1, 2) − Φ(2, 1)]. (12.68b)
2
Sendo o operador P̂12 constante no tempo segue que estados simétricos ou anti-
-simétricos num tempo inicial t0 , permanecerão sempre simétricos e anti-simétricos.
Um facto de extrema importância descoberto por Pauli em 1925, a conhecida
relação spin-estatística, estabelece que a simetria e anti-simetria sob a troca de
duas partículas é uma característica das partículas e não uma propriedade que pode
ser alcançada por meio da preparação do estado inicial do sistema. A relação spin-
-estatística tem o seguinte enunciado:
206
12.6. Partículas Idênticas e o Princípio de Exclusão de Pauli
Uma solução de
H uE (1, 2, . . . , N ) = E uE (1, 2, . . . , N ) (12.71)
é
uE (1, 2, . . . , N ) = uE1 (x1 , ~s1 ) uE2 (x2 , ~s2 ) · · · uEN (xN , ~sN ), (12.72)
onde, naturalmente,
E = E1 + E2 + · · · + EN . (12.73)
207
Capítulo 13
Distribuições Quânticas
209
13. Distribuições Quânticas
arranjos pode ser obtido tomando-se o z no início da sequência, o que pode ser feito
de gs formas distintas, e escrevendo as restantes gs − 1 + ns letras sucessivamente e
em ordem arbitrária. Assim, o número total de arranjos é
ou seja
X
ln PBE (Ω) = [ln(gs + ns − 1)! − ln(gs − 1)! − ln ns !]. (13.6)
s
Como gs , ns 1, obtemos, por meio da aproximação de Stirling,
X
ln PBE (Ω) = [(gs + ns ) ln(gs + ns ) − gs ln gs − ns ln ns ]. (13.7)
s
210
13.1. Estatística de Bose-Einstein
onde s = hνs = ~ωs . Note-se que a condição do número de partículas ser constante
(no caso de fotões) é abandonada, assim:
X
d ln PBE (Ω) = [ln(gs + ns ) + 1 − ln ns − 1] dns
s
X
gs + ns
= ln dns = 0 (13.9)
s
ns
X
s dns = 0 (13.10)
s
logo
gs + ns gs + ns
ln = λs =⇒ = eλs . (13.12)
ns ns
Assim, a distribuição de Bose-Einstein (1924) é dada pela expressão:
gs
ns = , (13.13)
eλs −1
ou, em geral,
g
n= , (13.14)
eλ −1
a qual dá origem à densidade de energia
Fotão só tem 2 graus de liberdade físicos
nhν 4πν 2 dν
uν dν = dν = 2 × 3 × hν λhν
V c e −1
# modos/Volume
isto é,
8πhν 3 dν
uν dν = ; (13.15)
c3 eλhν − 1
1
esta distribuição corresponde precisamente à distribuição de Planck se λ = β = kB T .
Assim, a partir da distribuição de Bose-Einstein pode obter-se a distribuição do corpo
negro de Planck por meio de argumentos completamente gerais.
Considerámos acima um gás de fotões, cujo número é obviamente não conservado,
se invés considerássemos, por exemplo, átomos cujo spin total fosse s = 0, 1, . . . estes
211
13. Distribuições Quânticas
nhν 4πhν 3 dν
=
V c3 eβ − 1
4π (hν)2 d(hν)V 4π 2 d V
n= 3 = , (13.19)
c h3 eβ − 1 c3 h3 eβ − 1
4π p2 dp g
γ = pγ c =⇒ n = 3
V β = β
h e −1 e −1
4πV 2 4πV √ 3
g = 3 p dp = 3 2m d. (13.20)
h h
Segue então que a distribuição de Bose-Einstein (1924) para bosões cujo número
total é conservado é dado por:
√
dn = F () d
√
4πV 2m3
= 3 λ1 +β d. (13.21)
h e −1
A grandeza λ1 pode ser determinada a partir da condição
ˆ ˆ ∞
√
dn = F () d = nV = N. (13.22)
0
212
13.2. Estatística de Fermi-Dirac
213
13. Distribuições Quânticas
214
13.2. Estatística de Fermi-Dirac
logo
gs − ns
ln = λ1 + λ2 s (13.34)
ns
e consequentemente
gs
ns = λ +λ 2 s
. (13.35)
e 1 +1
1
A distribuição de Fermi-Dirac é obtida tomando-se λ1 ∈] − ∞, +∞[ e λ2 = β = kB T .
Substituindo o valor de gs bosónico multiplicado por um factor 2 devido ao spin
obtemos: √
√ 8πV 2m3
dn = F () d = 3 λ1 +β d. (13.36)
h e +1
O parâmetro de degenerescência determina-se como anteriormente através da condi-
ção: ˆ ˆ ∞ √
dn = F () d = nV = N ; (13.37)
0
nh3
A= (2πmkB T )−3/2 + · · · (A 1). (13.38)
2
Para A 1 tem-se
2/3
h2 3n
ln A = −λ1 = + ··· (A 1), (13.39)
2mkB T 8π
215
13. Distribuições Quânticas
nh3
A= + ··· , (13.42)
2(2πmkB T )3/2
216
Bibliografia
Análise Vectorial
Teorema H
[8] K. Huang. Statistical Mechanics. John Wiley & Sons, Inc., New York, 1987.
217
Bibliografia
Catástrofe Gravitérmica
[17] J. D. Bekenstein. «Black holes and the second law». Lettere al Nuovo Cimento,
4 (1972), 737 doi:10.1007/bf02757029
[18] J. D. Bekenstein. «Black holes and entropy». Physical Review D, 7 (1973), 2333
doi:10.1103/physrevd.7.2333
218
Bibliografia
219
Índice de Autores
221
Índice de Autores
Dalton, J. «Essay IV. On the expansion of elastic fluids by heat». Memoirs of the
Literary and Philosophical Society of Manchester, 5 (1802), 2, 595–602.
Davisson, C. J.; Germer, L. H. «Reflection of Electrons by a Crystal of Nickel».
Proceedings of the National Academy of Sciences, 14 (1928), 4, 317–322. doi:
10.1073/pnas.14.4.317.
Broglie, L. de. Recherches sur la théorie des quanta. Tese de doutoramento. Migration
- université en cours d’affectation, Paris 1924.
Debye, P. «Zur Theorie der spezifischen Wärmen». Annalen der Physik, 344 (1912),
14, 789–839. doi:10.1002/andp.19123441404.
Dieterici, C. «Ueber den kritischen Zustand». Annalen der Physik, 305 (1899), 11,
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Dirac, P. A. M. «On the theory of quantum mechanics». Proceedings of the Royal
Society of London. Series A, Containing Papers of a Mathematical and Physical
Character, 112 (1926), 762, 661–677. doi:10.1098/rspa.1926.0133.
Ehrenhaft, F. «Über die Messung von Elektrizitätsmengen, die kleiner zu sein schei-
nen als die Ladung des einwertigen Wasserstoffions oder Elektrons und von des-
sen Vielfachen abweichen». Kaiserliche Akademie der Wissenschaften in Wien,
Sitzungsberichte Mathematisch-Naturwissenschaftliche Klasse, 119 (IIa) (1910),
815–867.
Einstein, A. «Plancksche Theorie der Strahlung und die Theorie der Spezifischen
Wärme». Annalen der Physik, 22 (1907), 180–190, 800.
Einstein, A. «Über einen die Erzeugung und Verwandlung des Lichtes betreffenden
heuristischen Gesichtspunkt». Annalen der Physik, 17 (1905), 132–148.
Eldridge, J. A. «Experimental test of Maxwell’s Distribution Law». Physical Review,
30 (1927), 6, 931–935. doi:10.1103/PhysRev.30.931.
Euler, L. «Principes généraux de l’état d’équilibre des fluide». Mémoires, 11 (1757),
217–273.
Euler, L. «Principes généraux du mouvement des fluides». Mémoires, 11 (1757),
274–315.
Faraday, M. «VI. Experimental researches in electricity.-Seventh Series». Philosophi-
cal Transactions of the Royal Society of London, 124 (1834), 77–122. doi:10.
1098/rstl.1834.0008.
222
Índice de Autores
223
Índice de Autores
224
Índice de Autores
225
Índice de Autores
Wien, W. «Die obere Grenze der Wellenlängen, welche in der Wärmestrahlung fester
Körper vorkommen können; Folgerungen aus dem zweiten Hauptsatz der Wär-
metheorie». Annalen der Physik, 285 (1893), 633–641.
Wien, W. «Eine neue Beziehung der Strahlung schwarzer Körper zum zweiten Haupt-
satz der Wärmetheorie». Sitzungsberichte der Königlich Preußischen Akademie
der Wissenschaften zu Berlin, 55 (1893).
Wien, W. «Ueber die Energievertheilung im Emissionsspectrum eines schwarzen
Körpers». Annalen der Physik, 294 (1896), 8, 662–669. doi : 10 . 1002 / andp .
18962940803.
226
Apêndices
Apêndice A
onde, nas expressões anteriores, θAB ∈ [0, π] e ~n são, respectivamente, o ângulo entre
~eB
os vectores A ~ e o vector normal (unitário) a estes vectores.
229
A. Breve Revisão de Análise Vectorial
Operadores Diferenciais
~ = A(x,
Sejam f = f (x, y, z) um campo escalar e A ~ y, z) um campo vectorial.
∂ ∂ ∂
Podemos introduzir o operador diferencial: ∇ ≡ ~ex ∂x + ~ey ∂y + ~ez ∂z , de forma a
definir:
– Gradiente
∂f ∂f ∂f
∇f = ~ex + ~ey + ~ez = grad f (A.3)
∂x ∂y ∂z
– Divergência
~≡ ∂Ax ∂Ay ∂Az ~
∇·A + + = div A (A.4)
∂x ∂y ∂z
– Rotacional
~= ∂Az ∂Ay ∂Ax ∂Az ∂Ay ∂Ax
∇×A − ~ex + − ~ey + − ~ez (A.5)
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
~ex ~ey ~ez
= det
∂x
∂ ∂
∂y
∂ = rot A
∂z
~
Ax Ay Az
– Laplaciano
– ∇(f g) = ∇f g + f ∇g
~ · B)
– ∇(A ~ =A
~ × (∇ × B)
~ +B
~ × (∇ × A)
~ + (A
~ · ∇)B
~ + (B
~ · ∇)A
~
~ = ∇f · A
– ∇ · (f A) ~
~ × B)
– ∇ · (A ~ =B
~ · (∇ × A)
~ −A
~ · (∇ × B)
~
~ = ∇f × A
– ∇ × (f A) ~+f∇×A
~
~ × B)
– ∇ × (A ~ = (B
~ · ∇)A
~ − (A
~ · ∇)B
~ + A(∇
~ ~ − B(∇
· B) ~ ~
· A)
230
A. Breve Revisão de Análise Vectorial
~ =0
– ∇ · (∇ × A)
– ∇ × (∇f ) = 0
~ = ∇(∇ · A)
– ∇ × (∇ × A) ~ − ∇2 A
~
– Integral de Volume ˚
f dV
V
– Teorema do Gradiente:
I
∇f · d~r = f (q) − f (p) (A.8)
Γ
– Teorema de Stokes:
¨ I
~ · dS
(∇ × A) ~= ~ · d~r
A (A.10)
S Γ≡∂S
231
A. Breve Revisão de Análise Vectorial
F~ = −∇V + ∇ × A
~ (A.11)
com
˚ ‹
1 ∇0 · F~ (~r 0 ) 0 1 F~ (~r 0 ) ~0
V (~r ) = 0
dV − · dS (A.12)
4π V k~r − ~r k 4π ∂V k~r − ~r 0 k
˚ ‹
~ r) = 1 ∇0 × F~ (~r 0 ) 0 1 F~ (~r 0 ) ~0
A(~ dV + × dS (A.13)
4π V k~r − ~r 0 k 4π ∂V k~r − ~r 0 k
∂ ∂
e ∇0 = ~ex ∂x 0 + ~
ey ∂y ez ∂z∂ 0 . Este resultado é especialmente importante quando
0 + ~
Assim pelo teorema de Helmholtz, existe uma função escalar V tal que F~ = −∇V e
ˆ B
V (A) − V (B) = F~ · d~r.
A
232
Apêndice B
233