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Os sonhos, o Inconsciente e a

primeira tópica freudiana


Disciplina: Fundamentos da Psicanálise
Docente: Esp. Queli Cristina S. Ferreira
Roteiro – Unidade II
• Os sonhos como formação do inconsciente: • A primeira tópica freudiana;
elaboração primaria e elaboração
secundária;
• Aparelho psíquico e os três pontos de vista
de seu funcionamento;
• A interpretação do sonho – O sonho como
realização de desejo;
• Processo primário e processo secundário;
• Sobre os estudos dos sonhos;
• O recalque;
• Sobre o esquecimento e a “descoberta do
inconsciente”;
Sobre os Sonhos
• O que é o sonho?

• O sonho como guardião do sono – tenta impedir o despertar


incorporando estímulos externos e internos;

• O sonho alucina – no sonho, não dizemos que pensamos, mas


que vivenciamos;

• Sonho é diferente do estado de vigília – substitui pensamentos


por ”vivência”; pensamentos ocorre em conceitos, enquanto no
sonho pensa por imagens;

• Os sonhos não são absurdos mas possuem um sentido – Os


sonhos são realizações de desejo.
O conteúdo do sonho

• Conteúdo manifesto do sonho – aquilo que o individuo


sonha e lembra de forma imprecisa ao acordar. Tal como o
indivíduo relata, antes de submter a investigação analítica.

• Pensamento oníricos latentes - aquele que está oculto.


Constituído por restos diurnos, recordacões da infância,
estimulos corporais;

• Elaboração onírica ou trabalho do sonho – é o que


transforma o conteúdo latente em conteúdo manifesto;
Mecanismos da elaboração onírica

CONDENSAÇÃO:
• “Um dos modos essenciais do funcionamento
dos processos inconscientes. Uma
representação única representa por si só
várias cadeias associativas, em cuja
interseção ela se encontra”. (Laplanche e
Pontalis, 2016)
• No sonho, o trabalho de condensação, aponta
para um número indeterminado de
interpretações. “Sempre resta a possibilidade
de que outro sentido se manifeste por meio do
sonho”. (FREUD,1900)
Mecanismos da elaboração onírica

CONDENSAÇÃO:
• “... ocorre por meio da omissão, uma vez que o sonho não
é uma tradução fiel, ou uma projeção ponto por ponto, dos
pensamento oníricos, e sim uma reprodução extremamente
incompleta e lacunar deles”. (FREUD, 1900)

• “...condensação como efeito da censura e um meio de


escapar dela”. (LAPLANCHE E PONTALIS, 2016)
Mecanismos da elaboração onírica
Deslocamento:
• ”Fato de a importância, o interesse, a intensidade de
uma representação ser suscetível de se destacar dela
para passar a outras representações originalmente
pouco intensas, ligadas a primeira por uma cadeia
associativa”. (LAPLANCHE E PONTALIS, 2016)

• “O resultado desse deslocamento é que o conteúdo


onírico não se assemelha mais ao núcleo dos
pensamentos onírico – o sonho apenas reproduz uma
distorção do desejo onírico que se encontra no
inconsciente”. (FREUD, 1900)
Mecanismos da elaboração onírica
Figurabilidade:
• os pensamentos dos sonhos sofrem uma seleção e uma transformação que os tornam
aptos a serem representados em imagens, sobretudo visuais”.

• “A exigência que todas as significações, até os pensamentos mais abstratos, exprimam-


se por imagens figuradas”;

• Eliminar ou substituir as articulações lógicas e orientar os deslocamentos para


substitutos figurados.

• Os discursos, as palavras figuram no sonho como elementos significativo, e não no


sentido que têm na linguagem verbal”. (LAPLANCHE E PONTALIS, 2016)
Sobredeterminação
•“A formação é resultante de diversas causas (…), elementos inconscientes mútiplos, que podem
organizar-se em sequências significativas diferentes, cada uma das quais, a um certo nível de
interpretação”. É efeito do trabalho de condensação. (LAPLANCHE E PONTALIS, 2016)

• Freud vai dizer que o efeito da sobredeterminação, dá ao sonho a possibilidade de conter em


um único conteúdo manifesto, a séries de pensamentos latentes totalmente diferentes;

•Para Freud, a sobredeterminação não é uma característica apenas dos sonhos mas de qualquer
formação do inconsciente. Faz referência a multiplicidade de fatores determinantes.
Elaboração secundária

• Consiste em modificar o “sonho a fim de que ele apareça sob a forma de


uma história coerente e compreensível”;
• “A finalidade da elaboração secundária é fazer com que o sonho perca sua
aparência de absurdidade”. (GARCIA-ROZA, 2009)
A interpretação do sonho
(Garcia-Roza,2009)

• O que é interpretado não é o sonho, mas seu relato; o relato parece


inteligível; A função da interpretação é podruzir a inteligibilidade desse
sentido oculto.

• “A pessoa que sonha sabe o significado de seu sonho, apenas não sabe
que sabe, e isso ocorre porque a censura a impede de saber”;

• Para a interpretação, associação livre;

• “O sonho recordado é, pois, substituto deformado de outra coisa, de um


conteúdo inconsciente, ao qual se pretende chegar através da
interpretação”. (Garcia-Roza,2009)
O sonho como realização disfarçada de desejo
inconsciente (FREUD,1900)

• “Um desejo que ficou insatisfeito durante durante o dia pode,


quando muito, contribuir para induzimento de um sonho, mas
será incapaz ele mesmo de produzir um sonho”.
• Os únicos desejos capazes de produzir um sonho são desejos
inconsciente;
• Sobre sonhos desagradaveis: “…seu conteúdo escapou, em
parte, a ação da censura, deixando aflorar um desejo
inconsciente que, por ser inaceitável, produziu ansiedade”.
• Sonhos de punição: São realização de desejo, o desejo do
sonhador de se punir por ter um desejo proibído.
• A interpretação dos sonhos é a ‘via régia’ que
leva ao conhecimento das atividades
inconscientes da mente;
• “...os sonhos são também o ponto de articulação
entre o normal e o patológico”. Os sonhos são
os sintomas de uma pessoa sadia; “Todos
Sobre os somos mais ou menos neuróticos”. Ou seja, a
atividade inconsciente da mente é universal.
estudos dos • Freud rompe com o referencial anatômico-
neurológico, a partir da interpretação dos
sonhos sonhos, “não se trata mais de ‘neurônios’, mas
de sentidos a serem interpretados”.
• Metapsicologia – “conjunto de modelos
conceituais mais ou menos distantes da
experiência”, modelos abstratos do mental;
• “O esquecido era algo penoso para o individuo,
não significava, necessariamente, sempre algo
ruim, mas podia ser algo bom que se perdera ou
que fora intensamente desejado”;

• Freud observava que, na tentativa de


Sobre o rememoração, os pacientes se deparavam com
ideais e/ou imagens que causavam grande
esquecimento constrangimento;

• Sobre o esquecimento do sonho: “...a


resistência psíquica ao sonho é a principal
envolvida nesse esquecimento”. (Freud,1900)
• Resistência – “...forca psíquica que se opunha a
tornar consciente, a revelar um pensamento”;

A “descoberta • Repressão (Pcs – Cs) – “Em sentido amplo:


operação psíquica que tende a fazer
do desaparecer da consciência um conteúdo
inconsciente” desagradável ou inoportuno – ideia, afeto...”.

• Inconsciente – “...conjunto dos conteúdos não


presentes no campo da consciência”;
Primeira tópica freudiana – Estrutura do
aparelho psíquico
• Inconsciente – “...conteúdos aos quais foram recusados o acesso ao sistema
pré-consciente-consciente devido a ação do recalque”;

• Seus conteúdos são representantes das pulsões. Fortemente investidos pela


energia pulsional, procuram retornar a consciência e a ação, mas só podem ter
acesso ao sistema Pcs-Cs nas formações de compromisso, depois de terem sido
submetidos a censura (sonhos, sintoma);

• Processo primário de funcionamento, utiliza do mecanismo de condensação e


deslocamento. Um sistema psíquico com logica própria, atemporal. Não é um
deposito, mas uma regra de associação, onde os desejo que não são admitidos
na consciência passam por um processo de desligamento;
Primeira tópica freudiana – Estrutura do
aparelho psíquico
• Pré-consciente – “Sistema situado entre o
sistema inconsciente e a consciência; separado do
primeiro pela censura, comanda o acesso a
consciência”;

• Conteúdos acessíveis a consciência; processo


secundário de funcionamento.

• “É aquilo que não está na consciência, nesse


momento, e no momento seguinte pode estar”;
Primeira tópica freudiana – Estrutura do
aparelho psíquico
• Consciente – “sistema do aparelho
psíquico que recebe ao mesmo tempo as
informações do mundo exterior e do
mundo interior”, qualificando-as conforme
o nível de prazer e desprazer;
• Processo secundário de funcionamento;
pensamento, atenção, raciocínio, juízo
critico; funções perceptivo-cognitiva-
motoras;
Aparelho psíquico
• Conjunto de todas as instancias e força psicológicas que constituem a psique humana; Diz respeito a uma
capacidade de transmitir e de transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas e
instancias;

• Freud entende que dentro do aparelho psíquico ocorre uma relação de forças que se integram ou se
pressionam, como os estudos sobre força e pressão na Física sugeriam;

• “Sua função é manter ao nível mais baixo possível a energia interna de um organismo”. (Laplanche e
Pontalis, 2016)

• Os estudos sobre o modo de funcionamento do psiquismo marcam a virada do século. Em 1900, Freud
publica A Interpretação dos sonhos, livro de repercussão, grande contribuição e influência na época.
• Econômico – “...hipótese de que os processos
psíquicos consistem na circulação e repartição
de uma energia suscetível de aumento, de
diminuição, de equivalências ”, “existe uma
quantidade de energia que ‘alimenta’ o processo
psíquico”;

A Metapsicologia
leva em conta três • Tópico – “O aparelho psíquico é constituído de
sistemas (lugares) psíquicos distintos, com
pontos de vista do natureza e modo de funcionamento diferentes.
funcionamento
psíquico:
• Dinâmico – Considera os fenômenos psíquicos
como resultantes do conflito e da composição
de forças que exercem pressão e estão
continuamente ativas. “A origem dessas forças é
a pulsão”;
Os dois modos de funcionamento do Aparelho
Psíquico (LAPLANCHE E PONTALIS, 2016)

Processo primário Processo secundário


• Caracteriza o sistema inconsciente; • Caracteriza o sistema pré-consciente-
consciente;

• A energia psíquica livre – escoa-se livremente


para a descarga de maneira mais rápida e • A energia psíquica ligada – seu movimento
mais direta, passando sem barreiras de uma para descarga é retardado ou controlado. As
representação para outra segundo o representações são investidas de maneira
mecanismo de deslocamento e de mais estável, a satisfação é adiada, permitindo
condensação; assim experiências mentais que põem a prova
os diferentes caminhos possíveis da
satisfação.
• Recalque – “processo psíquico universal, na medida
em que estaria na origem da constituição do
inconsciente como campo separado do resto do
psiquismo”.

RECALQUE • Operação pela qual o sujeito procura repelir ou manter


no inconsciente representações (pensamentos,
imagens, recordações) ligadas a uma pulsão; No
formulação para além do texto “A recalcamento, o afeto se separa/desliga das
interpretação do sonhos” representações;

• “...produz-se nos casos em que a satisfação de uma


pulsão – suscetível de proporcionar prazer por si
mesma – ameaçaria provocar desprazer relativamente
a outras exigências”. (LAPLANCHE E PONTALIS,
2016)
• Objeto de estudo: a formação do sonho, o trabalho do
sonho e a sua interpretação.
• “Um livro excepcional, cujo o autor é simultaneamente
o sonhador, o teórico e o narrador. 223 sonhos: 47
A interpretação dos próprios e 176 de pacientes ou pessoas do seu circulo.
sonhos (Roudinesco e Plon, 1998)
• “...é um marco na história da cultura por conceber um
Livro publicado em novembro de 1899, sofisticado modo de funcionamento psíquico que se
datado 1900. subtrai às modalidades de racionalidade até então
vigentes na filosofia e na ciência”. (prefácio - Tánia
Rivera)
• Base para o movimento surrealista – “o sonho é
tomado por Freud como pictograma – escrita em
imagens –, uma charada que põe em jogo a
linguagem, decompondo o signo de maneira a
desdobrá-lo em uma notável plurivocidade”.
BIBLIOGRAFIA
• Freud, S. Edição Standart Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund
Freud.Rio de Janeiro:Imago, 1996.
__A interpretação dos sonhos, 1900.

• GAY, P. Freud: uma vida para nosso tempo. In: Denise Bottmann. Ed. 2. São Paulo:
Companhia das Letras, 2012.

• Laplanche e Pontalis. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

• Roudinesco e Plon. Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998.

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