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INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA BIM

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 3

2. CONCEITUAÇÃO – O QUE É BIM E O QUE NÃO É BIM .................................. 6

2.1 O Que é BIM? ................................................................................................ 6

2.2 O Que Não é BIM? ......................................................................................... 9

2.2.1 Nem Tudo Que é 3D é BIM. Mas, se For BIM, Será 3D: ........................... 10

2.2.2 Soluções que, Utilizando Múltiplas Referências 2D (Desenhos ou


Documentos), Emulam Modelos Tridimensionais: .............................................. 10

2.2.3 Soluções 3D que não são Baseadas em Objetos Paramétricos e


Inteligentes: ........................................................................................................ 10

2.2.4 Soluções que não Realizam Atualizações Automáticas: ........................... 10

2.2.5 Softwares e Soluções 3D que não Atuam como Gestores de Bancos de


Dados Integrados não são BIM .......................................................................... 11

3. POR QUE ADOTAR O BIM? ............................................................................. 12

3.1 A Demanda por Produtividade e Rentabilidade............................................ 12

3.2 A Demanda por Produtividade e Rentabilidade............................................ 14

4. CICLO DE VIDA DOS EMPREENDIMENTOS ................................................... 17

5. BIM PARA PROPRIETÁRIOS E GERENTES DE INSTALAÇÕES ................... 20

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22
1. INTRODUÇÃO

Em 1982 foram inseridos numa calculadora os primeiros códigos de


programação de um sistema para elaboração de um projeto em 3D de uma
usina nuclear na Hungria. A calculadora era de 64K e o sistema era o ArchiCad.
Gallello, presidente da Graphisoft, desenvolvedora do sistema, relata este fato
lembrando que o ingresso da computação na arquitetura ocorreu nos anos 1980,
“revolucionou o processo de criação, de projeto e até mesmo a criação do espaço”
(FRANK, 2008). A partir dessa época, então, a sigla CAD (Computer Aided Design)
passou a representar essa tecnologia.

Para Scheer et al (2007) a tecnologia CAD é a inovação mais importante dos


últimos 40 anos. Este autor indica três gerações distintas na evolução do
uso do computador em arquitetura: a primeira é a do desenho assistido por
computador, a segunda a modelagem geométrica e, por fim, a modelagem do produto,
com início no final da década de 1980 (KALES;ARDITI, 2005 apud SCHEER ET
AL, 2007). O principal objetivo desta última geração é a conjunção de dois
grupos de informações: as informações geométricas, que dizem respeito às
características espaciais do produto, tais como forma, posição e dimensões e as
não-geométricas, onde se incluem custo, resistência, peso, dentre outras
características. Esta conjunção, aliada a uma abordagem colaborativa de todo
o ciclo de vida do empreendimento, compõe a tecnologia BIM (Building Information
Modeling).

Na fase de projeto, a tecnologia BIM, mais do que uma ferramenta para


desenho, propicia ao arquiteto a possibilidade de conceber um projeto construindo
seu modelo parametrizado, o que permite que visualize a volumetria, estime
custos, quantifique e qualifique o material aplicado, observando e ajustando
conforto ambiental e outros itens projetuais, e facilitando a comunicação entre
os diversos profissionais integrantes do processo. As modificações e
aperfeiçoamentos ao projeto são processados automaticamente nas planilhas de
custos, nas plantas baixas e elevações da construção, permitindo um incremento
significativo na qualidade da comunicação e, conseqüentemente, na qualidade
do produto final, a edificação. Vários trabalhos (KIVINIEMI, 2005; GARCIA et
al., 2003) relacionam esse conjunto de itens para o desenvolvimento
coordenado de modelos de empreendimentos. Cheng e Law (2002) propõem que
uma equipe de projeto utilize simultaneamente softwares de planejamento, de
acompanhamento, de organização, para estimativa de custos e de visualização do
progresso da construção, afirmando que num ambiente diversificado, a engenharia
simultânea e a interoperabilidade da informação desempenham um papel
importante no gerenciamento do empreendimento.

A implantação de novas tecnologias baseadas em BIM no entanto,


pressupõe a reestruturação das empresas através da reorganização dos
processos, da implementação de uma nova forma de organização do trabalho
e de um novo modo de pensar o processo de projeto, visto agora de forma totalmente
integrada. Além disso, o uso do BIM requer novas qualificações do profissional,
aquisição de novos equipamentos, e uma nova forma de lidar com os demais
agentes no processo (JUSTI, 2008).

Observa-se na Europa e Estados Unidos o crescimento da aplicação do


conceito BIM em projetos de arquitetura e engenharia, tratando de forma
integrada os elementos de projeto, da obra e processos gerenciais a partir da
formulação de modelos virtuais (FIESP, 2008). As experiências internacionais vêm
confirmando a forte tendência de adoção da tecnologia, que tem demonstrado
um grande potencial para ser aplicada no desenvolvimento de projetos da
indústria de AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção), melhorando a
produtividade e proporcionando aumento da qualidade.

Motivados pelas inúmeras possibilidades e facilidades apresentadas


pela tecnologia BIM, alguns escritórios de projeto brasileiros acompanharam
o movimento internacional, lançando-se na vanguarda da aplicação dos sistemas
BIM em suas empresas ainda no início dos anos 2000. Tal processo intensificou-
se nos últimos anos, frente à evolução dos programas e estímulos para compra
dos softwares, fazendo-os migrar para a prateleira dos escritórios, mas
não definitivamente para as máquinas dos projetistas.

A escassez de mão-de-obra especializada, a resistência à mudança,


o alto investimento com máquinas e treinamento, como veremos adiante, são
alguns fatores que dificultam a implantação efetiva da tecnologia nos escritórios de
projeto do país. Devido a riscos e incertezas as empresas acabam criando
barreiras e aguardando a consolidação da tecnologia para sua implantação
(NASCIMENTO; SANTOS, 2003).

A indústria nacional precisa acompanhar a evolução mundial, buscando


adaptações da tecnologia BIM ao perfil brasileiro de forma a facilitar a sua
implantação em maior escala no país, buscando a modernização dos processos
da construção civil.
2. CONCEITUAÇÃO – O QUE É BIM E O QUE NÃO É BIM

Algumas referências apontam que o termo BIM teria sido utilizado


primordialmente por Charles Eastman, professor da Georgia Tech School of
Architecture e diretor do Digital Building Laboratory. Charles Eastman teria
conceituado BIM como sendo “um modelo digital que representa um produto, que, por
sua vez, seria o resultado do fluxo de informações do desenvolvimento do seu projeto”.
Os dados ou informações geradas no desenvolvimento do projeto deveriam
representar o produto, como ele de fato seria construído no mundo real, e este
conceito teria surgido em decorrência do desenvolvimento de um padrão para o
intercâmbio de dados de produtos, utilizado na Norma ISO 10303 – Automation
systems and integration – Product data representation and Exchange.

Essa norma ISO teria sido desenvolvida para garantir a apresentação, a


integração e o intercâmbio de dados de produtos industriais por computadores, sem
ambiguidade, e independente do sistema nativo, nos quais esses dados teriam sido
‘produzidos’ ou dos quais seriam originados.

A popularização do termo BIM também estaria relacionada ao trabalho do


renomado consultor americano Jerry Laiserin, especialista em tecnologia aplicada às
construções.

2.1 O Que é BIM?

 Em Building Information Modeling - BIM é um conjunto de políticas,


processos e tecnologias que, combinados, geram uma metodologia para gerenciar o
processo de projetar uma edificação ou instalação e ensaiar seu desempenho,
gerenciar as suas informações e dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em
objetos virtuais), através de todo seu ciclo de vida.
• BIM é um processo progressivo que possibilita a modelagem, o
armazenamento, a troca, a consolidação e o fácil acesso aos vários grupos de
informações sobre uma edificação ou instalação que se deseja construir, usar e
manter. Uma única plataforma de informações que pode atender todo o ciclo de vida
de um objeto construído.
• BIM é uma nova plataforma da tecnologia da informação aplicada à
construção civil e materializada em novas ferramentas (softwares), que oferecem
novas funcionalidades e que, a partir da modelagem dos dados do projeto e da
especificação de uma edificação ou instalação, possibilitam que os processos atuais,
baseados apenas em documentos, sejam realizados de outras maneiras (baseados
em modelos) muito mais eficazes.

BIM não deve ser considerado uma tecnologia tão nova, embora o termo
seja relativamente novo.

Figura 1: Os fundamentos do BIM.

Fonte: Adaptado de SUCCAR, 2017.


O American Institute of Architects – AIA define BIM como “uma tecnologia
baseada em um modelo que está associado a um banco de dados de informações
sobre um projeto”.

Já para o National Institute of Building Standards– NIBS, BIM é “uma


representação digital das características físicas e funcionais de uma instalação e um
recurso de compartilhamento de conhecimento que viabiliza a obtenção de
informações sobre uma instalação, formando uma base confiável para que decisões
sejam tomadas durante seu ciclo de vida, definido desde a sua concepção até a
demolição”.

A Administração de Serviços Gerais dos Estados Unidos – GSA – United States


General Services Administration descreve BIM como sendo “o desenvolvimento e o
uso de um modelo digital de dados, não apenas para documentar o projeto de uma
construção, mas também para simular a construção e a operação de uma nova
construção ou de uma instalação já existente que se deseje modernizar. O modelo de
informações de construção resulta de um conjunto de dados referentes aos objetos,
que são representações inteligentes e paramétricas dos componentes da instalação.
A partir desse conjunto de dados, vários usuários podem extrair visões apropriadas
para a realização das suas análises específicas e o embasamento dos seus
correspondentes feebacks que possibilitam a melhoria da concepção do projeto”.

O National Building Information Modeling Standards – NBIMS define BIM como:


“Uma representação digital das características físicas e funcionais de uma instalação.
Um modelo BIM é um recurso para o compartilhamento de informações sobre uma
instalação ou edificação, constituindo uma base de informações organizada e
confiável que pode suportar tomada de decisão durante o seu ciclo de vida; definido
como o período desde as fases mais iniciais de sua concepção até a sua demolição.
Uma das premissas básicas do BIM é a colaboração entre os diferentes agentes
envolvidos nas diferentes fases do ciclo de vida de uma instalação ou edificação, para
inserir, extrair, atualizar ou modificar informações de um modelo BIM para auxiliar e
refletir os papéis de cada um destes agentes envolvidos”.

BIM não deve ser considerado uma tecnologia tão nova, embora o termo seja
relativamente novo. Soluções similares ao BIM têm sido utilizadas em diversas
indústrias, onde a complexidade logística (ex. uma montagem em alto-mar – offshore)
ou a repetição de um mesmo projeto (ex. indústria automobilística ou de aviação)
exigiam e permitiam um maior investimento no desenvolvimento dos projetos e
especificações. O que é novo é o acesso da indústria da construção civil a essa
ferramenta, que só se tornou possível pelo aumento da facilidade de aquisição de
hardwares (computadores pessoais com grande capacidade de processamento) e
softwares.

Por definição, BIM é aplicável a todo o ciclo de vida de um empreendimento,


desde a concepção e a conceituação de uma ideia, para a construção de uma
edificação ou instalação (ou da constatação da necessidade de construir algo),
passando pelo desenvolvimento do projeto e incluindo a construção, e também após
a obra pronta, entregue e ocupada, no início da sua fase de utilização. Neste último
caso, os modelos BIM poderão ser utilizados para a gestão da própria ocupação e
para o gerenciamento da manutenção. Portanto, trata-se de algo abrangente demais,
e este é um dos motivos que dificultam uma adequada compreensão do que é BIM e,
também, das novas formas de realizar processos, utilizando esta nova plataforma de
trabalho, que é baseada em modelos, e não apenas em documentos, desenvolvidos
pela tecnologia predecessora CAD – Computer Aided Design.

2.2 O Que Não é BIM?

À medida que o BIM começa a ganhar mais importância e relevância no


mercado, surgem também iniciativas que poderiam ser descritas como BIM wash. Ou
seja, ocorre um processo semelhante ao que aconteceu há alguns anos com a
chamada tecnologia verde, quando foi usado o termo green wash para distinguir e
definir iniciativas falsas e oportunistas das verdadeiras propostas de soluções
sustentáveis, que possuíam objetivos reais de preservação do meio ambiente.
Alguns softwares já circulam no mercado travestidos como soluções BIM. Por
isso é importante atentar para alguns pontos que podem ajudar no processo de
discernimento entre o que é BIM e o que não é BIM.
2.2.1 Nem Tudo Que é 3D é BIM. Mas, se for BIM, Será 3D:

Soluções que possibilitam apenas a modelagem e a visualização gráfica em 3D


de uma edificação ou instalação, que utilizam objetos que não incluem outras
informações além da sua própria geometria, não podem ser consideradas como
soluções BIM.

2.2.2 Soluções que, Utilizando Múltiplas Referências 2D (Desenhos ou


Documentos), Emulam Modelos Tridimensionais:

Estes tipos de softwares não permitem a extração automática de quantidades,


não realizam atualizações automáticas, nem tampouco possibilitam a realização de
simulações e análises.

2.2.3 Soluções 3D que não são Baseadas em Objetos Paramétricos e Inteligentes:

Existem algumas soluções que são capazes de desenvolver modelos


tridimensionais de edificações e instalações, mas que não utilizam objetos
paramétricos e inteligentes. Embora esses modelos tenham uma aparência bastante
similar aos gerados por soluções BIM, as alterações e modificações – que são comuns
e previsíveis, considerando toda a evolução e a maturação natural de um projeto, ou
durante os processos de coordenação entre diferentes disciplinas (arquitetura X
estruturas X instalações, por exemplo) –, são muito trabalhosas. Eles acabam
tomando muitas horas de trabalho e, ainda, como o nível de qualidade depende
exclusivamente da atenção do usuário, tornam-se muito mais passivos de erros e
inconsistências. Em outras palavras, quaisquer alterações ou posicionamento de
objetos num trabalho em desenvolvimento são difíceis, demoradas e não automáticas.

2.2.4 Soluções que não Realizam Atualizações Automáticas:

Para revisões e alterações realizadas numa determinada ‘vista’, alguns


softwares que não são BIM não provocam automaticamente a atualização das demais
vistas e relatórios de um mesmo projeto ou trabalho em desenvolvimento. Neste caso,
o usuário precisa executar comandos específicos, e, se por um descuido isso não
acontecer, parte do seu trabalho poderá apresentar inconsistências e erros.

2.2.5 Softwares e Soluções 3D que não Atuam como Gestores de Bancos de Dados
Integrados não são BIM

Nas soluções BIM, o modelo tridimensional de um prédio ou instalação que se


pode visualizar e manusear na tela de um computador é uma das formas possíveis de
se ‘enxergar’ o conjunto de dados e informações que constituem esse prédio ou essa
instalação. O BIM oferece outras formas de ‘visualização’ desses mesmos dados,
como listas, tabelas, planilhas, etc. Além disso, caso o usuário faça alguma alteração
de informação, por exemplo, em uma tabela, ela será refletida, imediata e
automaticamente, em todas as outras formas de visualização.

A alteração em uma tabela, por exemplo, da largura de um determinado tipo de


porta, inserida e repetida em diversos ambientes de um modelo, provocará a alteração
automática das imagens tridimensionais nos ambientes onde a porta tiver sido
representada. Em outras palavras, como os softwares BIM trabalham como gestores
de bancos de dados integrados, não importa o formato de visualização utilizado
durante a realização de uma modificação ou revisão; o sistema deverá atualizar,
automaticamente, todas as demais possíveis organizações ou visualizações dos
dados, sejam imagens tridimensionais, tabelas, relatórios ou documentos.
3. POR QUE ADOTAR O BIM?
3.1 A Demanda por Produtividade e Rentabilidade

Estudos internacionais comprovam que há muitos anos indústria da construção


vem apresentando uma queda na produtividade do trabalho, em particular se
comparada com as demais indústrias manufatureiras. Mesmo quando consideramos
a produtividade total dos fatores, que é uma ponderação entre os principais pontos
que permitem uma visão mais abrangente da produtividade, na comparação da
construção com o restante da indústria, serviços e mesmo a agropecuária é negativa.
Embora analisar a produtividade na construção constitua tarefa complexa, seja pela
dificuldade de estabelecer parâmetros financeiros comparáveis, seja tanto pela
variabilidade interna no setor, em que coexistem segmentos muito mecanizados,
como na infraestrutura com outros que dependem fortemente do trabalho no canteiro,
como nas edificações, esses estudos coincidem na avaliação de que o desempenho
da construção é inferior aos demais setores da economia.

A comparação internacional é ainda mais difícil, mas indica que, embora seja
um fenômeno mundial, a diferença entre países é significativa, destacando-se a
China, com ganhos acima de 7% ao ano.

Entretanto, nenhum setor da economia pode ter diferenças de desempenho


muito significativas em relação aos demais, sob pena de se tornar pouco atrativo para
os investidores. E em todos os setores os ganhos de produtividade recentes se deram
com base em uso intensivo de tecnologia de informação. A automação da indústria
automobilística e aeronáutica só foi possível a com a adoção de tecnologias de projeto
que integraram em um mesmo banco de dados a concepção e a produção, assim
como na agropecuária grande parte dos ganhos decorreu do uso de equipamentos
vinculados a sistemas de localização georreferenciados e uso de bancos de dados
integrados aos sistemas de operação de equipamento e gerenciamento de rebanhos.
Mesmo os ganhos por meio de melhorias genéticas dependem de análise
computacionais complexas.

O BIM é a base para um sistema integrado de concepção, produção e uso na


construção, ou seja, é o caminho para o setor alcançar patamares de produtividade
mais elevados e, por extensão, rentabilidade, que sejam comparáveis aos demais
setores da economia. Nesta ótica temos fatores externos à construção que direcionam
para a adoção desta inovação.

Por reformular por completo o processo de projeto e apresentar como


resultados novos produtos que, por sua vez, geram novas oportunidades e modelos
de negócios, o BIM se caracteriza como uma inovação tecnológica disruptiva4 ou
radical. Isto significa que sua implantação depende de uma reestruturação da
organização que o adotar, num impacto que se espraia por todos seus parceiros.

É claro que uma mudança desse porte exige investimentos e prazos que só se
justificam se os benefícios forem relevantes para todos os participantes de sua cadeia
de produção. Daí surge o questionamento sobre sua adoção, pois, no caso da
construção, temos interesses e condições de participação muito variados. Como
ilustra a Figura 2, são abrangidos desde setores de fornecimento de materiais até a
comercialização e assistência técnica, sendo incluídos segmentos informais com
grande relevância no consumo e na produção em geral.
Figura 2: Os fundamentos do BIM.

Fonte: Adaptado de DECONCIC, 2008.

3.2 A Demanda por Produtividade e Rentabilidade

Na etapa de concepção temos duas qualidades importantes que afetam a


produtividade da construção: a latência nas respostas e decisões e a efetividade das
soluções, ou seja, se a solução indicada realmente atende aos requisitos do
empreendimento. Ambas são significativamente melhoradas com o uso de processos
BIM.
A questão da latência nas respostas e decisões nos processos CAD ou
tradicionais está intimamente vinculada ao fato de o processo ser sequenciado e
segmentado. Cada consulta deve ser direcionada a um especialista. Por sua vez, nem
sempre basta uma disciplina para obtermos a melhor solução, por isso os processos
decisórios implicam diversas consultas, resultando em prazos bastante longos para
chegar a um consenso.

Já no processo de projeto BIM a comunicação é síncrona, direcionada a todos


os participantes de modo simultâneo e com todos habilitados a acessar o banco de
dados em que a questão foi apresentada e no qual as soluções devem ser sugeridas.
Isto permite uma abordagem de colaboração entre os parceiros, na qual todos podem
perceber as necessidades dos demais, facilitando e melhorando enormemente a
qualidade do processo decisório.

Além disso, o BIM permite diversos tipos de simulações, tanto de processos,


como de produtos, o que possibilita que várias soluções possam ser previamente
testadas e comparadas entre si de modo relativamente fácil. O que tanto pode ser,
por exemplo, a análise de diferentes propostas de cenários de aproveitamento em
estudos de viabilidade, como o estudo de fluxos de pessoas em um local público, o
consumo de energia ou o sequenciamento na execução da obra. Isso é
particularmente importante para o planejamento da obra, pois permite avaliar com
bom grau de confiança se o cronograma físico proposto é realmente efetivo e viável.

Estes aspectos resultam nos principais ganhos que as organizações de projeto


podem obter em decorrência da implantação de processo de projeto BIM:

• Maior produtividade, expressa em horas técnicas por metro quadrado de


projeto. É razoável estimar um incremento de 25% a 50% a partir do momento que a
equipe domine os processos;

• Maior rentabilidade por posto de trabalho (idem);

• Redução de prazos de serviços (embora nas etapas iniciais do projeto haja


um incremento de consumo de recursos, o qual é amplamente compensado nas
etapas finais, sendo os prazos totais reduzidos em cerca de 25%);

• Redução de revisões, a principal causa de retrabalho; alguns estudos chegam


a indicar 90% de redução;

• Potencial de oferta de novos serviços e produtos, tais como quantitativos de


alta confiabilidade, animações walkthrough e experiências de realidade virtual etc.,
que, por sua vez, melhoram a competitividade e o posicionamento de mercado da
empresa, assim como seu faturamento.
Entretanto, para o monitoramento destes ganhos é imprescindível um sistema
de controle de desempenho e seguir uma classificação dos serviços conforme seu
porte e complexidade, caso contrário as comparações não serão válidas. Mas uma
das primeiras dificuldades no Brasil é exatamente que poucas empresas fazem
controle destes indicadores, e a implantação desses sistemas de monitoramento
muitas vezes é um primeiro passo para a melhoria dos processos.

Outro aspecto importante a considerar é o fato de que a implantação de BIM


em escritórios de projeto exige investimentos muito relevantes quando cotejados com
o faturamento destas empresas, em particular no caso brasileiro. Se comparado com
os Estados Unidos, países europeus ou asiáticos, o setor de projetos no Brasil sofre
com uma baixa valorização de seus serviços, ao lado de uma elevada taxação, tanto
nas empresas como nos equipamentos e softwares. Isso resulta que,
proporcionalmente, o investimento na implantação do BIM será muito mais pesado
para projetistas que em outros segmentos da construção, ou quando comparado com
empresas de projeto destes países.

Ainda assim a experiência tem demonstrado que os resultados são


compensadores, mesmo que ainda não estejam disponíveis dados de levantamentos
mais precisos. Para o sucesso da implantação, é fundamental, porém, planejamento
cuidadoso e, ponto importante, completa revisão dos procedimentos de projeto e de
contratação dos serviços. Para o sucesso do BIM é necessário investir em
infraestrutura tecnológica, mas principalmente em pessoas, que certamente são o
ponto mais importante. Equipamentos podem ser comprados e substituídos com
relativa facilidade, a operação de um aplicativo depende em geral de algumas horas
de treinamento. Mas o domínio do processo de projeto exige larga experiência, e
traduzi-la para o ambiente BIM também exigirá prazos significativos. O maior
patrimônio de uma organização de projeto ou de construção é o conhecimento de
seus colaboradores; adaptar esse conhecimento a um novo processo é imprescindível
para uma implantação bem-sucedida do processo de projeto BIM.
4. CICLO DE VIDA DOS EMPREENDIMENTOS

A seguir, dois exemplos de representação do ciclo de vida de um


empreendimento. Embora existam diferentes ilustrações que o representam, as
figuras organizam, esclarecem e ajudam a entender quais são os principais conceitos
relacionados a ele:

Figura 3: Representação do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção civil.

Fonte: Adaptado de DECONCIC, 2008.


Figura 4: Representação em círculo do ciclo de vida de um empreendimento típico da construção
civil.

Fonte: Adaptado de DECONCIC, 2008.

Essa segunda ilustração do ciclo de vida dos empreendimentos indica a


possibilidade de início de um novo ciclo após o término da vida útil do objeto ou
instalação construída.
O novo ciclo poderia ser definido, por exemplo, pelo início de um novo período
de vida útil, após uma reforma em que foi mantido o mesmo uso para a edificação, até
a situação limite da demolição completa, com o desenvolvimento de um novo objeto
no mesmo endereço.

Em qualquer dos casos, podemos chamar de etapa pré-obra, incluídas todas


aquelas atividades que precedem os primeiros serviços realizados no endereço
específico de cada canteiro, que ocorrem nas fases mais iniciais dos
empreendimentos. Abrange a concepção e a conceituação, assim como os estudos
de viabilidade, de validação de investimentos, as análises de riscos, os projetos,
orçamentos e o processo de licitação para contratação da etapa de construção. De
forma análoga, conceituou-se a fase de ‘encerramento e pós-obra’, caracterizada
pelas atividades relacionadas ao comissionamento de um empreendimento recém-
concluído.

Um dos aspectos mais importantes nesta etapa se refere às exigências


estabelecidas pela ABNT NBR 15575/2013, norma técnica de desempenho para
edificações habitacionais, em especial as incumbências e responsabilidades dos
agentes envolvidos na produção de edificações. Para estar de acordo com essa
normatização, os projetistas e contratantes devem estabelecer e comunicar a Vida Útil
de Projeto (VUP) para vários subsistemas construtivos, tais como estruturas,
segurança contra incêndio, estanqueidade (da edificação e dos componentes), pisos
internos, vedações, cobertura, e sistemas hidrossanitários. Na prática, a aplicação da
ABNT NBR 15575/2013, dentre várias outras adaptações, exige uma revisão nos
documentos utilizados na conclusão e na entrega da obra e do ‘pós-obra’.

As representações dos ciclos de vida do empreendimento das figuras são


genéricas, ou seja, representam duas das possibilidades de sequenciamento de
fases, mas as variações podem ser diversas. O ‘Processo de Compra e Contratação’,
por exemplo, pode ser considerado como parte integrante da fase de Engenharia
Detalhada, pertencendo, portando, à fase de Planejamento, mas também é bastante
possível, e até comum, em alguns mercados, que o ‘Processo de Compra e
Contratação’ seja classificado como integrante da própria fase de Obra/Construção,
ou seja, como parte integrante da Etapa de Execução (EPC).
5. BIM PARA PROPRIETÁRIOS E GERENTES DE INSTALAÇÕES

Proprietários podem obter benefícios significativos em projetos utilizando


processos e ferramentas BIM para agilizar a entrega de edifícios de maior qualidade
e melhor desempenho. O BIM facilita a colaboração entre os participantes do projeto,
reduzindo erros e modificações em obra, levando a um processo de entrega mais
eficiente e confiável, que reduz o tempo e o custo do empreendimento. Existem muitas
áreas potenciais para as quais o BIM pode contribuir. Proprietários podem utilizar um
modelo de edifício para:

• aumentar o valor do edifício por meio do projeto e análise de consumo de


energia baseados em BIM para melhorar o desempenho geral do edifício;

• reduzir a duração do cronograma da aprovação ao término utilizando modelos


do edifício para coordenar e pré-fabricar o projeto, reduzindo o tempo da mão de obra
no canteiro;

• obter estimativas de custo confiáveis e precisas por meio de quantitativos


automáticos diretamente do modelo do edifício, fornecendo realimentação mais cedo
no projeto, quando as decisões terão os maiores impactos;

• garantir a conformidade do programa por meio de análises contínuas do


modelo do edifício em relação aos requisitos do proprietário e aos códigos de
construção locais;

• produzir instalações exigidas pelo mercado, reduzindo o tempo entre decisões


de contratação e a construção em si e permitindo a seleção das tecnologias mais
recentes ou tendências de acabamentos;

• otimizar o gerenciamento e a manutenção das instalações utilizando o modelo


as-built do edifício como uma base de dados para salas, espaços e equipamento.

Esses benefícios estão disponíveis para todos os tipos de proprietários:


pequenos e grandes, construtores de vários edifícios ou de edifícios únicos, privados
ou institucionais. Os proprietários ainda estão por perceber todos os benefícios
associados com o BIM ou com o emprego de todas as tecnologias e processos
discutidos. Mudanças significativas nos processos de entrega, escolha de prestadores
de serviços e abordagem em relação aos projetos são necessários para que se
obtenham os benefícios do BIM. Atualmente, os proprietários estão reescrevendo a
linguagem contratual, as especificações e os requisitos do projeto, para que
incorporem o uso de processos e tecnologias BIM em seus projetos o máximo
possível. Os proprietários que estão investindo em iniciativas BIM estão alcançando
vantagens no mercado por meio da entrega de instalações de maior valor e custo
operacional reduzido. Atentos a essas mudanças, alguns deles estão liderando
ativamente iniciativas para implementar ferramentas BIM em seus projetos, auxiliando
e dando suporte ao treinamento e à pesquisa sobre BIM.

Figura 5: A) Processo tradicional, com documentação baseada em desenhos e estágio único. B)


Sistema de banco de dados tradicional para gerenciamento de facilidades. C) Entregas de
documentação baseadas em BIM através de todo o processo de projeto e operação.

*A inclinação da linha indica o esforço.


D) Configuração de banco de dados de gerenciamento de facilidades necessário para produzir e
manter a informação.
E) Integração do Gerencimento de Facilidades com sistemas de gestão empresarial.
F) Utilização da documentação “as-built” para modernizações.
G) Atualização do banco de dados de gerencimento de facilidades.

Fonte: Adaptado de SUCCAR, 2017.


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