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“io Ferramentas anuais reunidos nesta colegio oferecem a instrumentacao necessaria para o trabalho intelectual nos diferentes niveis e nas mais diversas areas. O estudante que esta se preparando para o vestibular, o pesquisador de humanas ou exatas que escreve uma tese, o funcionario que redige um documento etc. encontrarao aqui informacdes preciosas e orientacdes igentes para o seu trabalho. Isa a5-aab-2025-x ut "Martins Fontes Apresentagio 1K Introd xut 4, Sozinho no siléncio do seu quarto: por onde comecar 1 Aspedtos da esferaacaciémica de comunicagio 1 Aarte de dissestar 17 ‘Aoorganizagio, a fluéncia ea clareza do texto 17 A pessoa do discurso. 28 2, Aumente 0 ridio e dé a mao: 0 possivel e necessério encontto com outros dizeres 95 Posicionamentos profissionais 35 A apresentagaio do resultado das leituras 41 Oineditismo das idéias 47 3, Com a forga do set canto, apresente-se ao leitor 53, (© material colhido para andlise 53 saber na esfera académica 68 tagies finais 76 Capitulo1 — Sozinho no siléncio do seu quarto: por onde comesar 'o no eis cua das plano bem cfereste resid etrea nba excita earl que prepa, OuMER Rave 1.1. Aspoctos da esfera académica de comunicasée ‘Quando estver escrevend unigos e también ros seus i dado por meu orientador de {gps signfcaria, na concepgio dk dissertaci, pense nos seus = esse conselho me foi ilo, Esctever para os ami- , exibir nossa capacidade de articular criativamente as idéias e apresenté-lasvde ma- neira que nosso piiblico nos identifique como autores do texto, influenciando, suscitando apreciagdes de diversas or- seriam aqueles com quem devera cipando objegses, conttapondo idé le mundo ~ dessa tensdo entre dissonantes nasceria nosso texto. De fato, esse consehosintetiza inimerosaspectos que estio em jogo quando temos como meta publicar no: balho; 0 principal deles, sem dtivida, diz respelto ao leitor, ot leitores, que temos em mente quando optamos por es- crever no meio académico. Na academia, a questio do leitor é bastante complexa, Y do grupo profissional a quem ditigimos nosso deveios pensar também na banca examinadora, © isso cria mais um ponto de tensdo na equacao acima, mais ‘uma vor com a qual precisamos dialogar. cpl 11 Fsse leitor que avalia é invatiavelmente, mot grandes preocupagies para as pessoas que me procuram, sendo a principal delas quanto ao padrao de eserita acadé- mica que se deve seguir. Nesse aspecto, nio basta nos in- teirarmos das normas legitimadas nem pensarmos em ves- tir outra roupagem, mais formal, para nos comunicarmos, ‘0 que estaria de acordo com a produgéo de um t diente — fazer-reativo — e nfo de um trabalho feito-pe -omo me referi na introdugio, Além do mais, conce~ inguagem como algo exterior a nés, como um mero instrumento de comunicagéo de pensameritosjé prontos é uum equtvoco. 1.1.1. O que esté om jogo quando decidimos escrever na esfera académica de comunicagdio A definigio de géneros do discurso de Bakhtin (1997) pode nos esclarecer sobre o que seria essa escrita académi- Segundo o autor, os enunciacos, quaisquer que sea eles, embora individuais, sio regulados pelas esferas de Ho da lingua, as quais elaboram tipos relativamente es- 1. Enuncedo, para xy, 6 vido real da comucagboveba; comport, pols um nium fina belts, endo 1 hi ence de cos ‘ops da seu fi, enuciodorreposas dos culos pa ox ual eligi, Ets, aver denamina de afi respnsva, podem eno concordar, sor, Ig velar ete (Babin, 1957, op. 279326), 2vcapiio 1 is de enunciados, que seriam os géneros do discurso.A ia que temos da forma do nosso enunciado, isto é, de um género preciso do discurso, drige-nos em nosso pro- cesso discursivo, dita-nos 0 seu tipo com suas articulacoes estilo. indo escreyemos uma carta, ou um e-mail, um amigo préximo, as palavras fluem com certa liberda- de, a pontuagéo que aprendemos na escola vai sendo dei- yada de lado, exageramos nas exclamagées e reticéncias, damos por suposto que nosso amigo se lembra de aconte- cimentos aos quais apenas fazemos alusio em frases corta- das ou entrecortadas por noticias navas que lembram os fatos antigos. Tambgm acreditamos que te da felicidade de receber noticias, po dard aos nossos erros de portugues, que relemos, nosso enunciado, também tom, e nda nos preocupamos em super certo estado de espitito do momer vento do que em exibir nosso dominio das regras do bem-dizer. O etz0, nesses momentos, pade até favorecer nossa expressividade. Mas entio, nesse mesmo dia em que escrevemos a igo, precisamos também enviar uma carta ao De- revisio de uma multa de trinsito que nos tamente. Nada de retieéncias ou excla~ ‘mages, e muito menos de frases pela metade, A ordem é acionar nossos conhecimentos sobre o modo-padiro de fa- Tar com autoridades ptiblicas, até para melhor convencé-las de nossos argum ¢ exibir um certo conhecimento », mum tom contundente, mas respeitoso, de quem i as hierarquias da ordem soc 1 nada de erros e portugués; c, na releitura, 6 bom lembrar de usar 0 di- Em um mesmo dia, fomos entéo capazes de montat, dear clo recutsos jd arqutvados dois géneros de discurso completamente diferentes, ditigidos a leitores di- apf 163 langatnos tos dos quais nos apropriamos, e que construfdos de longa data, por outros antes de 16s € pelos que visio. s, aptos a utilizar com seguranga formas- e relativamente estaveis de estruturagio de unt to, studé-los, portanto, nao é tarefa fécil, mas, sem mi heterogeneidade, o autor classificou-os em secundatios, sendo que faz parte dos tiltimos 0 .0 cientifico, caracterizado como aparecendo “... em cit- incias de uma comunicago cultural mais complexa e smente mais evoluida” (Bakhtin, op. cit, p.281). Nes- ssfera de comunicagio cabe ao autor definir seus intuitos, -ger o tema, dando-the um certo acabamento de acordo a abordagem do problema, do material, dos objetivos a serem atingidos também do contexto extraverba ‘O conceito de extraverbal ¢ muito importante, pois reendlemos o sentido global da palavra também con- ndo a relagao reciproca dos interlocutores, o papel ea igo daqueles para quem dirigimos o que temos a dizer, O amigo intimo, a autoridade... Bakhtin (1997, p. 283) afitma ainda que, embora o ennciado possa refletir a individualidade de quem fala, “nem totios os géneros séo (..) propicios ao estilo indivi- ‘ue gop deg dopoktrio cmon lngiogen- parse comuiet (Ec Fs, 1996p. 240 ca A scapl ‘Quero aqui ressaltar que, tratando-se do discurso cien- tifico, precisamos estar atentos, primeiramente, para dois aspectos fundamentais, a saber: nele no cabem simplifica~ Ges, idéias de senso comum, pois estamos na ordem da Complexa tarefa de construgio de saberes; e devemos ob- servar formas de organizagio do enun legitimadas ¢ estabelecidas pelas finalidades dessa esfera de atividade Jumana para efetivarinos o didlogo com o leitor. ‘Mas hi ainda um terceiro fator, gualmente fundamen tal: ndo devemnos abdicar de nossa expressividade, o que nos remete & idéia de que um enunciado, qualquer que seja ele, ‘nunca é absolutamente neutro, Neutra é a palavzaisolada, que nao é de ningugm nem comporta um juizo de valor, es- tando pois a servgo do usuétio que dela se apropriaré para compor seu enunciado — este sim sempre apresentara um ponto de vista, um posicionamento (ct. Bakhtin, 1997, pp. 308-9) e, portanto, um certo estilo pessoal, urna maneita propria de articulacéo. ‘Nessa medida, considerando que o estilo é uma pro- priedade essencial do enunciado e que diz respeito & ma- neita como forma e contetico sto articilados organicamen- te em fungio de um todo acabado, cabe ao autor ser ativo nessa articulagio; no pode, pois, ligar o piloto aut utiizando-se de formas consagradas quando 0 cont aque pretende se referir pede outras, muttas vezes inovado- fou mesmo empregé-las sem saber a que remetem 0 lam. Quero dizer corn iss0 que 0 ciente do alcance das escolhas tes & composigio estética do que pretende dizer, scolhas nao ividuais, mas tualizadas em situagGes dial Na verdade, essa é uma questao delicada, pois diz, res- peito ao intezcdmbio constante entre o que & pessoal e 0 gue € colgtivo. Pergunta entao o autor diante da complexa tarefa de compor sua dissertagio: como posso inazer algo de ‘meu a terrenos~ linguagem esrita texto acndémico ~ construt- dios por tes inesmo de minha existéncia? cept Lembro entio que, como diz Bakhtin (1997), gem nao é s6 prética cognitiva (referente, portanto, apenas & aprendizados formais, a aquisigSes de conhecimentos jé ramente tomamos palavras que perten- cem & comunidade; 0 que devolvemos € sempre a expres- sto de uma maneita de pensar, pois as mesmas palavras, dependendo da forma particular como sio enunciadas em. tum contexto especifico, podem significa coisas completa- mente diferentes, as vezes até contrérias, 1.1.2. As mesmos palavras, outros contextos, inémeros sontidos... Um exemplo: diante das palavras: "Deus salve a Igre- escritas em um pedaco de papel, sem nada dito antes ‘ou depois, o leitor pode ser remetido a um discurso 1 50, imaginando que seu autor deveré orar em favor di tituisto citada, Se for solicitado que as lea em vor. pto- ccurard dara elas uma entonagao condizente com esse tipo de discurso, certamente conhecido. I, inclusive, uma face Itidica da.tinguagem, em que podemos brincar d por exemplo, um padre; usamos entio de nossag re cias, de experiéncias jonamos nossos ar vos, 8 vezes j temente, poréin, Josias de Souza, jomalista e ar- desert pode exer una bruxa a iene an vn clo mel eo, ard /cam uma face namo /.pasend manteiga no pi pesand mani gare pio. | lizou uma reportagem exaiamente com aquelas palavras. Observers sua intengio: CCNBB 5. A Lim artigo publicado na Folha, dom Aloysio José Leal Penna ataca textos em que o rep6rter [o prép da reportage] apontou pecades flantrépicos de entidades ider a depoimentos, ndimeros, ci- ponsével pelo stor de Edueegéo tangenteflossfica Fou de “renga reli- lose” e de “visbes do cosmo”. Deus salve a Ipeja, Bem, o objetivo do jomnalista era denunciar ainstituigéo ipular dados a fim de continuar sendo favorecida feceral que isenta en- or Eronomicamente prio de tidades flantrépicas de determinados impostos, Para isso, {oj idnico e fez uma provocagéo, ullizando-se de palavias bastante caras nos discursos dos denunciados ~ pecado, fi- losofia, Deus, salva, Igreja ~ para compor sua entinciagao, diga-se, bastante contundente e sagaz, Veja que 0 uso que fez delas foi, portanto, completamente diferente. De fato, ao lermas o texto de Josias de Sowza, entoa- mos a frase em questio de maneira totalmente diversa da ue entoarfamos diante de um folheto de missa Isso porque, logo de inicio, organizamo-nos diante de uma enunciagéo de acordo com o género discursivo de que faz parte e pre vemos a maneira como seré articulada, as palavras e formas ago que serdo ulilizadas e como oserio, Gricos ete isso no muda o fato de que os contextos em que usamos determinadas palavras so sempre tinicos para cada um de nds, Ainda que se repitam, respondemos a cles de maneiras diferentes, pois vemos e per diversamente, sendo que somos const tanto pelo que podemos como pelo que nto podemos ver. lossa pratica discursiva cotidiana é composta de nos- sasinteng6es* comunicativas de momento, como denunciat, 4.35 vis ans nt tbe doo a so ethane nd 50, nl, no bev da liad, inguagem seja segundo Bakhtin 1997), & sempre izrepetivel: ".. todas ns partilhamos do inico” (Clarke Holquist op. cit, p. 9). ia como a tarefa de eserever reporia a aspectos com- a questdes humanas fundamentais. Pensando no deste limo ~ 0 texto académico 6, pois, a situagio qual seja,um determinado campo de saber com suas condicées reais de comunicagéo, sua ra, o momento pelo qual passa, suas dividas e conhe- ‘o meio social mais amplo (as razdes pelas quais se produz nar a estrutura de HA 08 amigos e inimigos, os pates profissionais, com os quais mantemos uma telagdo mais simétrca, ¢ 0s co ponentes da banca examinadora, com os quais a rel ao contgario, é assimétrica, Esse complexo contexto ext verbal, essa composigio de forgas nos orienta na elabora- fo verbal Certa vez, um autor explicitou muito claramente essa questo, muitas vezes conflituosa, Dada a abordagem do problema da dissertagdo, que propunha o intercdmbio en- tre duas dreas distintas do saber, a banca examinadora era composta por um profissional de uma delas, porém 0 lei- tor majoritério seria da outra, por sinal, érea da qual o tra- _era font read conhecnento na qual ni abo camo fd 0 cone fois soc Be capo 1 balho acaclémico fazia parte. Surgiram dificuldades para atender a esses dois leitores: 0 primeiro dispensava algu- ‘mas informagées sobre o percurso profssional do autor, exi- gindo maior objetividade na articulacio de conhecimen- certamente, entenderiam me- Inor o trabalho se aquelas informagées thes fossern ofereci- das mais minuciosamente. & de fato, um conflito, Sugeri que o autor ndo se estendesse muito em seu percurso pro- fissional, atendendo a0 leitor examinador, mas que selecio- nasse alguns dados importantes para contemplar oleitor-par profissional. Se, por acaso,o primeiro fizesse objegtes a essa composi¢ao, o autor-avaliado poderia argumentar a favor de sua escolha,justanénte evocando o outro leitor para quem a dissertagio era ditigida Nessas horas é que nos afirmamos com nossos dize- tes, assumindo o risco de fazer escolhas. Embora o poder do examinador seja, de fato, iio podemos simplesmente nos submeter a ele, sem contra-argumentar; também nao podemos ignorar essas relagées hierdquicas, corremos 0 risco de apresentar um traba-~ Iho sem lastro, um vo livre que pode terminar em sui académico, O ideal 6 procutar contemplar os diversos lei- totes, ou as mais variadas facetas de cada tender a perfeigio, mas equilibrando o trabalho com mo- ‘mentos mais atrativos para uns e menos para outros, ofe- recendo diversas portas de entrada no texto. Quando a conciliagdo nao for possivel, justficar as escolhas, com a preciosa e fundamental contribuigiio do orientador, é im- prescindivel. Alls, o orientador também é um leitor que precisa ser contemplado; por isso, a escollia do professor que iré acom- panhar o autor no proceso de trabalho exige cuidados. Alm de se inteirar sobre as condigdes desse profissional de orienté-to no contetido das idéias, 6 preciso que 0 orien- tando procure se informar sobre a forma de condugio do tbalho, se © orientador privilegia mais a obediéncia as ‘opto 69 normas, pouco velorizando noves formas de apresentagéo das idéias ou se, ao contrario, € mais maleéve] em sua ava~ liagéo do material, acolhendo marcas pessoais de Gio, obviamente respeitando a esfera de com que o dizer se inser. i Cae: [Ni estou aqui fazendo um juizo de valor; so mane ras diversas de orientar, ambas plausiveis e suficientemente legitimadas. O importante que o autor do texto académi co procute, dentro do possivele de suas caracteristicas pes soais, condigGes extraverbais favordveis ao rcluo process de composigao da dissertagéo. ‘sfera acadlémica de comunicagéo '@ Comunicegio 5 1m Bxpresséo de uma maneita de pens p partir de pelavras que pertencem a comunidad ‘Quem 60 seu leitor? o qe eva impiniru tom de cumple, a 30 i a referendar posiconamentos. lugar tw Banca examinadore eo ‘mais elevaco na order hi 1.2, A arte de dissertar Jé tendo consciéncia do que significa apresentar 0 seu dizer em uma esfera académica, que o autor com orar uma dissertagao, jus- tamente o tipo de la nessa esfera, O texto dissertativo tem como func expor, apresentar ferentes formas dos saberes, bem como cans- (Dol oy, 1996), Para que insira seu trabalho no arsenal de conheci- veis, que o localize no movimento reflexivo € preciso que o aut entio, a estudar e conhecer os, parcial ou. wente, como para referendé-los, ou supers-los em al- ‘guns aapectos, S6 assim paderd afizmar-se com o seu di contribuindo na construgao de saberes, Também é necessé rio que 0 autor consiga analisa, avaliar € fo e carac- terizacio dos fatos, das razies, das provas, examinando-se as raz6es contrétias & tese e prevenindo-se de abjegdes” Geverino, 2002, pp, 185-6). 1.2.1, Dizer bem dito, dizer com arte aqui na la por Reboul (2000) no livro Introdugio a i retoma as ngBes da retérica la como “arte de persuadir pelo discurso” (op cit, p. XIV), sendo persuasio a capacidade de levar a crere no necessariamente de leva a fazer. Mas pergunta 0 autor: néo seria também a arte de manipular e até mesmo ara responder, Rebou! (op. it) retoma abi mando que a retérica é uma invengao grega que, em sua origem, tinha como pretensio defender qualquer causa € {qualquer tese, num tempo em que néo existiam advoga- dos ¢ as pessoas precisavam de preceitos praticos para se defender diante da justia, Bra a retética judickria, segun- ddo-a qual a capacidade de convencer se sobrepée & verdad, endo que sio justamente as piores causas que necessi- tam de maior apelo zet6rico®. Nessa époce, o slogan que do ‘minava era: "transformar 0 argumento mais fraco no mais forte” (op. ct, p.3), oque dava ao discurso um poder mui- to grande. Bt de l6gica e pelo encanto do: portanto, a do discurso, a CO discurso, nessa perspectiva, no tem nenhum outro o ser o de convencer, de vencer 0 interlo- vio-o de replicar, Sendo assim, “a fina é encontrar overdadeiro, mas do- devotada ao saber, 15, Segundo xe, o elirics o 9alica anda os cos, anes os ge Ino ebjlo d paso Shrove proce de eae Saree en eerlgi does do rode pbc, rn Bret rece dried compensa cn overdo “Todos nés conhecemos muito bem discursos dessa na- tureza, pols ainda hoje, ou talvez hoje mais do que nunca, ‘fo largamente utilizados em diversos contextos, um deles 6 da propaganda, especialmente a politica. Desde as pode- osas imagens de caztos possantes, quando o Brasil é um dos recordistas em acidentes de transito, os incentivos ao vicio Ge fumar, quando comprovadamente se sabe que o cgarto prejudica a saide, até a mudanga de visual acompanhada He discursos mais brandos por politicos de esquerda e de irita, o que se vé é a intengao de dominar 0 out través desse dominio ganhar poder, econdmico elou fico, masnio o compromisso com 0 outro, a tespons Ge de propagar e avaliar que acontece na realdade. (op. cit) continua, retomando as transfor- téricas pelas quais a retdrica foi pasando. A ¢a- quer um persuaclr qualquer um elevou-se 86 actitavel se estivesse “a servigo de uma e nobre, e que nao pode ser censurada, tan- quer outra técnica, pelo mau uso que dela fa- las 6 com Aristoteles, segundo 0 au: fo reconheceu seus limites e { condigo humana, r.de exercitar-se, fa desorientar 0 adversétio, como, por exemplo, finginda imparcialidade por meio de objegSes 20 proprio diseurso, éimportante seguir certas regras de racio- fi ar argumentos plaustveis sempre em favor de 3, no caso do discurso ret6rico, nao éa ividade, mas sim, dentre outros (filosofia teologia, publicidade etc.) das ciéncias humanas, nas quais, mais do que demonstrat certezas, trata-se de chegar a provas mais ou menos convincentes € arazes mais ou menos razoéveis,o que dé lugar a arte €& agéo humana, copa 16 13 fa de comunicar o que foi possivel aprender empirico para apenas impor-se palavra, O resultado é um discurso pouco intel tando ao leitor somente constatar: pana, que autor erudito, eragir com o texto, conversar com o autor dis- cordando, concordando em part, refletindo sobre novos aprendizados. Sendo assim, considero fundamental que, antes de mais nada, 0 autor se pergunte qual a sua intengéo ao produzir conhecitnento, para entio iniciar a orgenizagio de seu tra- balho reafirmando-a, discernindo no que sua dissertagio ird contribuir para o crescimento ¢ desenvolvimento humanos e com qual linguagem ird se apresentar ao leitor Em termos de construgio da dissertagéo, para quem opta por compartilhar um saber, uma estratggia eficiente & a organizagio Idgiea e o levantamento de argumentos a partir da aco, que seria o material empitico, Certa vez, acompanhei a angi tor que havia elaborado determinads pectos teéricos que deveria ab versos capitulos j4 condlufdos, plano concretizado, tador, de que a disserta- ja bem, De fato, a teoria apresentada era tio vasta que 0 torse perdia, nao conseguindo memorizaros aspectos ciais que lhe permitiiam fazer links com 0 caso clinico, Ocor- gue soavam como meras curiosidades, pois nao eram apro- veitadas no decorrer do trabalho. Ressalto, poréi, que de modo algum esse tipo de pro- blema depde contra o autos, ou mostra uma dificuldade es- pectfica, insuperével. Ao contréio; muitas vezes precisa- izar um plano de trabalho para entio equivocamos no cé 10 escolhido. K naturale pate, sn, do processo de elaboragfo de uma dis- sertagdo.A arte também esté na disposicao de rever, mudar de idéia em busca de um texto mais bem acabado, dos outros trabalhos que apreciei apresentavam wma inguagem hermética e equivocada justamente porque par- iam da idéia de convencer pela exbicio de um vasto con- tetido teérico que nao se vinculava a0 que fora observado na prética, na agao realizada em campo, Isso pode dar a im- pressio ao leitor de que o material coletado para andl nada arescentou,servindo apenas para confirmar algo jé sa. bido teoricamente, quando, na verdade, o que amplia e en- riquece a teoria é 0 movimento ininterrupto, as indmeras nuances, contradicdes,idase vindas que se observa na pri tica, Obviamente, um certo aporte te6rico jé faz parte do conhecimento do autor quando ele nica o trabalho de cam- po; sem ele, no podera efetivar trabalhar com suas hips- teses iniciais. O desafio , pois, néo perder de vista nenhum desses dois espectos e procurar sempre compor organica ‘mente teoria e pratica, Infelizmente, ainda esté presente em nossa sociedade a valorizagio de uma linguagem despojada de vida, que teluz.como’ouro falso; impossivel no nos impregnarmos dela. A questéo & mesmo de escolha: ou nos deixamos le- ‘ar por essa ideologia do bem-

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