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justica e temperanca seriam as virtudes in- telectuais que deveriam guiar a aco das pessoas e o relacionamento entre Filosofia moderna (séc. XVI - séc. XIX) Principais questoes Assim como a filosofia medieval foi in- dissociavel da religido crista, a histéria da filosofia moderna esteve totalmente ligada ao desenvolvimento cientifico e as novas concepsdes de mundo abertas por ele. A partir do trabalho do astrénomo polo- nés Nicolau Copérnico (1473-1543), por exemplo, desconstruiu-se a ideia de que a Terra era o centro do universo. Com a nova representacao do sistema solar, na qual a Terra @ os demais planetas giram em tomo do Sol, a astronomia se desenvolve- ria de forma impressionante e surgia uma nova compreensio sobre o lugar do ser humano no universo. Essa mudanca ficou conhecida como revolucdo copernicana. Junto a ela, deve-se ainda relembrar 0 papel do italiano Galileu Galilei (1564- -1642) e sua proposta de matematizacao da natureza. Com ela, a matematica fora alcada a grande linguagem por meio da qual o conhecimento da natureza poderia progredir. Dessa forma, durante 0 sécu- lo XVII ocorreu tanto o desenvolvimento da filosofia a partir de métodos derivados da mateméatica quanto uma crescente compreensio mecanicista da natureza em, que as causas formais ¢ finals foram des- cartadas em prol da explicacio unicamen: te apoiada em termos de causa eficiente. Além disso, @ preciso destacar uma reestruturacao na compreensio da ideia de experimento empirico. Por meio dos resultados obtidos pelas observagdes por telescépio de Galileu, a ciéncia moderna se definiu pela busca rigorosa de dados empiricos ¢ por sua orientagao em inferir deles conhecimentos gerais. Em outras palavras, a ciéncia deixou de ser guiada por proposicées particulares para leis gerais sobre 0 comportamento dos corpos. Por isso, dizemos que a cién- cia moderna é indutiva, Com 0 filésofo inglés Francis Bacon (1561-1626) € 0 posterior desenvolvimento do empirismo, ocorreu a primeira tentativa sistematica de relacionar filosofia e ciéncia em um novo método abrangente para o desen- volvimento do conhecimento. O marco desse pensamento foi a obra de Bacon 0 novo Organon, de 1620, em referéncia 20 Organon aristorélico. Essas transformagoes levantariam qu tes de teoria do conhecimento que atra- vessariam toda a filosofia moderna a pa: tir da grande divisdo entre racionalistas € empiristas. O racionalismo Por racionalismo entendemos a posigao filosofica que da primazia d razio sobre a sensibilidade na obtengao de conhecimen- to. Para 05 fildsofos racionalistas do século XVII, 0 conhecimento verdadeiro é 0 que deriva da necessidade da ordem da razdo, Nao por outro motivo, todos os grandes fildsofos racionalistas — René Descartes, Baruch Spinoza e Gottfried Leibniz - tam- bem estudavam matematica, Digitalizado com CamScanr 185 Além disso, para um racionalista como Descartes, é importante que a mente humana nao seja compreendida como uma tabula rasa que comega a ganhar contetido a partir das experiéncias. Uma das ideias basicas do racionalismo é que j4 trazemos em nés certas ideias verda- deiras a partir das quais 0 conhecimento pode comegar. Tais ideias sao chamadas por Descartes de ideias inatas. Essas ideias tém como predicados essen- ciais sua clareza e distingao. Eternamente verdadeiras, elas funcionariam como fundamentos para a reflexao filoséfica. Descartes buscou em seu projeto retomar a tradicdo da “filosofia primeira”, desen- volvendo-a sobre novas bases. Sua meta- fisica é, em outras palavras, uma tentativa de fundagao para todo o saber. A partir desse objetivo, Descartes colo- cou em aco 0 seu método, que se ba- seava em quatro regras basicas: evidén- cia, anélise, sintese e revisdo. A regra da evidéncia nos diz que devemos aceitar como verdadeiro apenas aquilo que é im- possivel colocar em diivida. A andlise nos diz que o conhecimento deve comecar sempre pelos elementos mais simples e, por isso, & preciso decompor 0 complexo. A sintese é 0 movimento complementar da anilise - ordenagao do mais simples ao mais complexo — visando dar inteligi- bilidade aquilo que é estudado. Por fim, a revisdo funciona como uma regra de prudéncia, que nos diz que o sujeito deve revisar constantemente cada passo dado nas ordens da razio para que nada seja omitido. © procedimento do racionalis- mo cartesiano, ao se apoiar no método e 186 ese das ideas inatas, eF@ basicamente na dedutivo. Oempirismo Para o empirismo, mento sao 0s dados prove sibilidade. E apenas a partir dele que ara- zo pode estabelecer conexes e produzir Essa primazia do sensivel a fonte do conheci- provenientes da sen. conhecimento. s foi uma marca comum aos trés grandes filésofos empiristas do século XVI: John Locke, David Hume e George Berkeley, ‘Assim como empirismo e racionalismo diferem quanto a fonte do conhecimen- to, diferem também em rela¢do ao pro- blema do inatismo das ideias. Contrério 8 posicao racionalista, John Locke, por exemplo, defendeu que a mente humana nada mais é do que uma tabula rasa, tal como uma folha em branco. £ apenas a partir das experiéncias e sensacées que as pessoas comecam a formar ideias sobre as coisas. Logo, o empirismo sera basica- mente indutivo, partindo da sensibilidade e buscando estabelecer conhecimentos mais gerais. O mais radical dos fildsofos empiristas foi David Hume. Ele levou ao extremo 0 primado da experiéncia ao afirmar que Mesmo as relagdes de causa e efeito ape- Nas seriam um habito que contraimos ao vermos dois acontecimentos que se dio sempre um ao lado do outro, Isto é, para Hume, a causalidade nao algo a prior, tal como uma lei da natureza. A proposi- $40 € radical, pois onde a tradigao racio- nalista vé necessidade no encadeamento dos fenémenos, Hume via apenas uma crenca baseada em repeticdes sensiveis. Digitalizado com CamScanr Isso, de certa forma, parece quebrar nos- sas premissas elementares quando faze- mos ciéncia e metafisica. Por esse motivo, muitos filésofos compreenderam que o empirismo radical de Hume nos levava ao ceticismo. Filosofia contemporanea (séc. XIX - séc, XXI) Principais questées A partir do século XX, a filosofia se pluralizou em uma série de tendéncias e correntes, cada uma com seus desenvolvi- mentos e questdes préprios. Por um lado, ocorreu um desenvolvimento da légica, co que permitiu que velhos problemas fi- loséficos fossem retomados de uma nova perspectiva. Essa corrente foi chamada de filosofia analitica. Além disso, a relacao entre filosofia e ciéncia se tornou mais complexa, recon figurando a propria atividade filos6fica. A critica do positivismo légico é dirigi- da contra a metafisica por meio de um critério de verificacdo da linguagem a filosofia. Por fim, questées advindas da filosofia moderna foram prolongadas por meio de uma abordagem cada vez mais interdisciplinar, o que levou a um contato entre muitas areas do saber, tais como a ciéncia politica, a psicologia e as artes, Tanto a teoria critica de Habermas quanto o pés-estruturalismo de Foucault ede Gilles Deleuze (1925-1 995) seguiram essa tendéncia. A filosofia analitica Um dos tracos distintivos da filosofia contempornea é 0 que os historiadores da filosofia costumam chamar de giro lin- guistico, ou seja, a centralidade que a lin- guagem teria no pensamento filosdfico a partir do século XX. Apoiados nos tiltimos desenvolvimentos da matemitica e da I6- gica, Gottlob Frege (1848-1925), Russel (1872-1970) e Wittgenstein (1889-1 951) itiam propor que, sendo a filosofia uma ati- vidade discursiva (e, portanto, linguistica) ea linguagem uma estrutura l6gica que permite a significagio das palavras, muitos dos problemas da filosofia poderiam ser resolvidos por meio de uma analise lagica da linguagem. Com essa proposta, @ filo- sofia analitica se consagrou. Em um primeiro momento, a filosofia analitica se desenvolveu como uma ané- lise semantica e sintaxica da linguagem, tentando determinar o real sentido dos problemas filosdficos e a melhor maneira de resolvé-los. Posteriormente, ela iria se deter sobre 0 uso comum e pratico da linguagem. Nesse primeiro momento, a princi- pal contribuicao foi do filésofo alemao Gottlob Frege. Sua questao central era sobre a semantica propria & linguagem que utilizamos para comunicar algo que existe no mundo. Frege afirmava que 0 pensamento discursivo visa uma comuni- cacao objetiva e, por isso, sua estrutura nao é determinada subjetivamente, mas pelo sentido e pela referéncia que se quer comunicar. € pela referéncia de um pensamento que podemos determinar se ele é verdadeiro ou falso. Digitalizado com CamScanr 187 188 Partindo de um debate com Frege e Russel, Wittgenstein escreveu um dos livros mais influentes desse perfodo, 0 Tractatus Logico-philosophicus (1921). Nele, 0 fil6sofo defende que toda lin- guagem apenas pode se referir a algo No mundo, isto é, algo que existe ob- jetivamente. Para além disso, apenas € possfvel o mostrar e nao o falar. Consequentemente, para Wittgenstein, ‘questdes de ética, estética e metafisica nao podem ser tratadas pela linguagem de forma adequada e, por isso, deveria- Mos nos calar a respeito de certas ques- t6es. A filosofia analitica da linguagem seria entéo compreendida como tera- Péutica. Por meio da anilise ldgica da linguagem visou-se desfazer problemas Que somos incapazes de responder pela linguagem. Ciéncia ou metafisica? Com o positivismo légico do Circulo de Viena - grupo de estudos coordenado Por Moritz Schlick (1882-1936), que du- fou entre 1922 e 1936 ~ a anlise légica da linguagem chegou ao ponto de afirmar ue néio ha questdes metafisicas. Haveria apenas questdes cientificas que devem ser Tesolvidas por meio de experimentos em- piticos. Para a filosofia, caberia o papel de esclarecer enganos no uso da linguagem, Nos auxiliando na obtencao do verdadeiro conhecimento positivo da ciéncia, © positivism légico, entretanto, nao conseguiu decretar o fim da metafisica, mas investiga, por meio do critério de verificagao, de que modo as proposigées metafisicas carecem de sentido. Dessa forma, percebeu-se que tal posico con, tinha, ela propria, certas premissas que poderiam ser chamadas de metafisicas, Aideia de uma ciéncla pura era entao fj, losoficamente criticada, pois toda ciéngjg traz em si certas premissas elementares nao discutidas. Essas discussGes origina. ram os desdobramentos contemporaneos em filosofia da ciéncia. Habermas e a modernidade como projeto inacabado Durante o século XX, ocorreu uma que- rela entre aqueles que defendiam os pri cipios modernos e aqueles que ~ a partir das décadas de 1950 e 1960 - acredita. vam que tais princi i0s j4 nao correspon- diam as expectativas de emancipacao da sociedade contemporanea. Tais principios podem ser caracterizados pela crenca na razio e na decorrente racionalizacao das esferas constitutivas da vida social. A mo- dernidade fora, entéo, marcada por uma forma de narrativa progressista na qual a Historia se tornou a Histéria do desenvol- vimento racional da humanidade. Aexperiéncia das duas grandes guerras undiais e das tensdes da Guerra Fria, aliada 4 destruicao provocada pelo de- senvolvimento industrial, fez que muitos defendessem uma era pés-moderna em ue os velhos ideais de progresso e de azo teriam se mostrado enganosos. 0 fil6sofo alemao Jiirgen Habermas - Fepresentante da segunda geracao da Escola de Frankfurt — criticou fortemente tal disposicao P6s-moderna. Para ele, é Certo que 0 projeto moderno conheceu Digitalizado com CamScanr patologias e bloqueios em suas expec. tativas de emancipacao, mas o dever da teoria & exatamente diagnosticar tais bloquetos e contribuir para a superacao deles. Habermas, entdo, defende que a modernidade é um projeto inacabado que deve ser recuperado e posto em pro. gresso a partir do uso critico da razdo. Sua teoria critica desenvolve longamente tal tentativa de dar novo impulso ao projeto racionalista moderno. Critica e criacao: Foucault e Deleuze 0 fil6sofo francés Michel Foucault foi um dos pensadores que mais contribuiu para a reflexdo sobre a relacao entre filo- sofia e as outras dreas do conhecimento, Com base em uma pesquisa histérica, cujas abordagens ficaram conhecidas como arqueologia do saber, genealogia do poder e arqueogenealogia, Foucault investigou as relacdes entre saber e po- der - entre conhecimento e técnicas de governo — realizando uma leitura profun- damente critica de nossa modernidade. Uma das maiores inovagées do pensa- mento foucaultiano foi abrir a reflexao filosdfica para objetos que tradicional- Mente nao tinham relacio com ela. Para criticar as relacdes entre saber e poder, Foucault nao partia da ideia de conhe- cimento em geral, mas de anilises, por exemplo, em relacéo ao saber médico. Para analisar 0 controle dos corpos, ele analisou historicamente os dispositivos que visam disciplinar a sexualidade das Pessoas. Para pensar questées ligadas ao direito e ao Estado, ele pensou o papel Constitutivo de instituigées disciplinares, Como as prises, as escolas e os hospitais Psiquidtricos. Em suma, com Foucault, a filosofia se tornou uma reflexao critica sobre uma Série de discursos e praticas que visam Governar a sociedade. Nessa atitude, a filosofia pode negar os excessos e abusos de tais discursos e préticas. Essa resistén- cia € a pratica ético-politica por excelén- cla, pratica por meio da qual buscamos Negar a atual configuracao da sociedade. Gilles Deleuze foi um filésofo francés Muito préximo a Foucault. Ele também. buscou aproximar a filosofia de outras reas, como a ciéncia e as artes. Deleuze afirmava que a atividade central de todo fildsofo era criar conceitos. Isso significa entender a filosofia como uma atividade ctiativa na qual o conhecimento produzi- do por ela nao é mera descrigio de fatos, mas uma ampliacdo de sua compreensao Por meio das criagdes conceituais filosfi- cas. Para Deleuze, assim como a filosofia, tanto a arte quanto a ciéncia também sao atividades criadoras. Mas a filosofia é a Gnica que cria conceitos, pois é sua ativi- dade essencial. A tarefa critica da filosofia na contemporaneidade No entanto, hoje em dia é possivel estabelecer uma funcdo para a filoso- fia? Entre as muitas respostas possiveis, pode-se destacar sua atitude critica, Por critica devemos entender uma ope- ragdo determinada por dois momentos complementares. Primeiramente, uma — ‘Digitalizado com CamScanr 189 Pergunta direcionada ao momento em ue vivernos, ou seja, uma demanda por explicacio e ‘Compreensao de nossa socie- dade, Costumes, valores e cultura: “quem somos?” “Como vivemos?” “Nossa orga- nizago social é justa e boa?” “Ela permite ue as pessoas sejam felizes?” etc. Por Meio dessa atitude, aprendemos a ques- tionar regras e valores que organizam Nossa vida social, refletindo sobre a sua legitimidade e razdo de ser. Esse primeiro momento é complemen- tado por uma reflexdo normativa, isto é, uma reflexao sobre como as coisas “de- veriam ser”. A filosofia como critica néo apenas amplia nossa compreensao sobre © mundo, como também busca desenvol- ver suas potencialidades internas, abrindo Novos caminhos e formas de pensar e vi- ver 0 fenémeno humano. Por isso, quando fealizamos uma critica a algo, nao fazemos Para destru-lo, mas sim porque cremos que Muitos aspectos do mundo poderiam ser di- ferentes, o que melhoraria a vida de todos, Ao realizar essa atividade critica, per- cebe-se como a filosofia realiza uma sin- tese entre teoria e pratica: ao pensarmos sobre 0 mundo podemos transformé-lo, Propondo solugées aos seus problemas e, 0 mesmo tempo, a urgéncia pratica dos problemas convoca e exige que repense- mos constantemente o mundo. Heidegger e a ontologia fundamental O projeto de Martin Heidegger foi de- finido como o desenvolvimento de uma ontologia fundamental, que, com base 190 ae na releitura dos mestres 9T€G0S do passa, do, visava langarnovasIU28 Sobre opp blema do ser. Essa releitura CJ tradigio, aliada a0 desejo de renovacao de sey; pressupostos, influenciou a metafisica @ a ontologia no século XX. ' ‘A questio central do fil6sofo alemag era questionar aquilo em que as sucess. vas leituras dos cléssicos acabaram esta, bilizando como 0 entendimento natura) do ser. Heidegger insistia que, apesar de utilizarmos constantemente 0 verbo ser, 9 fazemos basicamente de forma irrefletida, No fundo, nés nao sabemos bem ao certo o que queremos dizer quando afirmamos que algo 6. Para Heidegger a ontologia — como ciéncia do ser ~ foi tomada na histéria da filosofia como ciéncia do ente, isto é, um saber que visa determinar a esséncia daquilo que existe enquanto coisa, ou objeto, para o conhecimento, Na modernidade, esse papel foi paulati- namente deslocado para as ciéncias que buscam definir objetivamente suas reas de estudo, apoiando-se em uma nogdo irrefletida de ser. Contra isso, Heidegger propée a dis- tingao entre ser e ente, Por um lado, te- mos os estudos das coisas (entes) e suas definigdes essenciais; de outro, temos a Pergunta pelo ser como ser. A isso ele chamou de diferenca ontolégica e deu a filosofia o papel de voltar a pensar o ser, 0 fundamento daquilo que nao se confunde Com as coisas, mas que as constitui como algo existente. Novamente encontramos aqui a tentativa de dar conta da unidade Genérica do Sere sua diferenciagao mdl- tipla nos entes, Digitalizado com CamScanr 192 telacao sobre a ideia de uma unidade e, Portanto, da multiplicidade e da diferenga. Trata-se de Pensar, entao, que toda unida- de é construfda e indissociavel de uma teia de relagées que a determina internamente. Aestrutura em movimento € seu carater politico O que comumente se chama de pés-es- {truturalismo foi constituido com base em uma apropriacao critica de certas ideias estruturalistas. A grande critica do pés ~estruturalismo ao estruturalismo. pode ser sintetizada em dois pontos principais: 1) A estrutura tem uma histéria e, con- sequentemente, é preciso, para sua real compreensao, recuperar a his- toria de sua formacao, sua génese. 2) Nao basta uma anélise lingufstica ou cultural, é preciso mostrar como as estruturas sao concretas e sociais, ou seja, como as relacées de oposicio que elas estabelecem sao também. relacées politicas. Com sua arqueologia, genealogia e ar- quegenealogia, Michel Foucault buscou realizar uma critica de certos sistemas hist6ricos de pensamento que deter- minavam muitas de nossas praticas de governo. Foucault entao mostrava como nosso saber nao estava absolutamente fundado, conhecendo diversas transfor- mages na histéria. Além disso, Foucault afirmava que todo saber acaba sempre por excluir e silenciar certas experiéncias que nao se coadunam completamente aos seus resultados € pressupostos. Nao por acaso, Foucault estudou longamente a histria da psiquiatia, da medicina egy sexualidade a partir de diferentes sistema, de saber e de poder que esses temas en. gendraram no decorrer dos séculos, Ng possibiidade de reflexdo Sobre a estruturg ena sua abertura histérica, Foucault vig a possibilidade ético-politica de transfor. magées emancipadoras. Por outro lado, Jacques Derrida desen. volveu algumas das intuig6es de Saussure até o limite, criando uma nova forma de pratica filos6fica. Derrida denominou sya pratica de desconstrugao, que deve ser entendida como uma leitura minuciosa dos textos classicos de filosofia em que se busca uma interpretacao nova e criativa a partir de certos pontos de indecisio dubiedade que todo sistema apresenta, Para Derrida, apés a figura de Deus ¢ do ser humano estarem no centro da re. flexao filos6fica, chegara 0 momento da filosofia reconhecer a linguagem como a base de todo pensamento. Sendo, po- rém, a linguagem uma estrutura aberta ¢ sempre transformavel dentro da histéria, era tarefa da filosofia reler os classicos de forma inovadora, abrindo 0 campo de sentido que eles legaram a nés. Isto é, Derrida recusa que exista uma leitura tl- tima dos textos, defendendo que é sem- pre possivel interpreté-los de outra forma, desvelando outras camadas de sentido, Ou mesmo enfatizando ambiguidades € Virtualidades que passaram despercebidas tradicionalmente. A leitura da desconstru- a0 € engajada e vé na possibilidade de transformacao da tradicao e dos velhos conceitos a possibilidade de abertura de Novas possibilidades ético-politicas. Digitalizado com CamScanr articulacao entre ling Kristeva Propde um luistica e psicanélise, ae a Separacao entre as Ntaticas da lingua e seu cardter coe normalmente associa- ae - Ela argumenta que esse Ultimo aspecto foi deixado de lado pela reflexdo filoséfica, mas que é fundamental em toda linguagem, pois é indissociavel da propria experiéncia de um corpo fa- lante, de uma lingua que nao é apenas um sistema de signos — como queria 0 estruturalismo — mas é um sistema ener- gizado pela forca da fala e dos desejos de um corpo. A partir de tal recupera¢ado, Kristeva desenvolveu um pensamento fe- minista voltado para a valorizacdo politica do corpo e do desejo, marcado pela bina- ridade entre homens € mulheres, dentro das ciéncias humanas em geral. ae bigitalizado com CamScanr

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