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A CULTURA ESCOLAR NA SOCIEDADE NEOLIBERAL A. I. Pérez Gomez ‘Tradusio: Emani Rosa Consultoria, supervisio e revisiio técnica desta edigo: Silvia Maria Oliveira ‘Mestra em Educaeo, Coordensdora do Instituto de Politica Lingiifstica, SC. Porto Alegre, 2001 Sumario INTRODUGAO..... escola como cruzamento de O conceito de cultura A escola como cruzamento de Cultura ..ssssssvessreeeeereiee culturas CAPITULO 1 A CULTURA CRITICA........ P6s-modernidade .. difuso conceito de pés-modemidade Caracteristicas que adornam a pés-modernidade Pés-modernidade ou radicalizagdo da modernidade O vazio do pensamento pés-modero .. Etnocentrismo, relativismo e universalidade .. Etnocentrismo. Relativismo Universalidade e diferenga . 4 Razio e ética: para uma nova racionalidade da representagaio € da agao. Falta de fundamentagio ¢ desnudamento como eixos | da racionalidade. j Pluralidade e perplexidade no terreno da ética Dos procedimentos aos contexidos: o dilema \4 igualdade-liberdade .. Abertura, discrepancia e convergéncia entre sujctoe razio’ a pritica democritica Crise epistemoldgica: a mudanga de regime nas ciéncias sociais.. Peculiaridades epistemolégicas da perspectiva interpretativa e construtivista A cultura erttica ea fungdo educativa da escola. CAPITULO 2 A CULTURA SOCIAL... Economia de livre mercado Da produgio de bens a realizagdo de servigos Globalizacao dos intercmbios Flexibilidade e desregulagio Deterioragio do estado de bem-estar: desemprego, precariedade e desprotectio social Incremento da desigualdade nacional ¢ internacional wenn 90 A especulagao financeira como a I6gica natural da economia do mercado ... enn oO Politica . Globalizagao e ressurgimento dos nacionalismos Flutuagio, abertura e desigualdade na estrutura social As atribulagdes da democracia maltratada pelo mercado Revolucdo eletrénica, informagao ¢ opinido piiblica .. Opinio piblica e estruturacdo social O influxo dos meios na socializagao dos laddos Valores ¢ tendéncias que presidem os processos de socializagdo na época pés-moderna ... 116 CAPITULO 3 A CULTURA INSTITUCIONAL ...02.- 131 A politica educativa nas sociedades pds-modernas: da igualdade de oportunidades @ desregulagao do mercado .. Escolarizagao e sociedade pés-modema: efici mercantilizagao Ensino piblico versus ensino privado: confronto e mesticagem de dois sistemas educativos... 132 133 141 -— ‘Mudanga e reforma: da implantago de reformas ao estimulo do desenvolvimento individual e institucional A escola como organizagéo A obsesstio pela eficiéncia na instituigdo escolar. 0 movimento das escolas eficazes Dimensées no funcionamento organizativo das escola: da organizagio instrumental ao desenvolvimento sociocultural. 150 150 156 Avcultura docente «ro Tsolamento do docente e autonomia profissional Colegialidade burocratica e cultura de colaboragio ... Saturagio de tarefas e responsabilidade profissional . Ansiedade profissional e caréter flexfvel e criativo da funcao docente 163 168 171 175 Desenvolvimento profissional do docente .. se A tortuosa evolugio do conceito de profissa0 docente serv Repensar a fungio docente e seu desenvolvimento profissional . A reconstrugio do pensamento prético do docente através da reflexdo sobre a pratica Autonomia e controle democratico: a critica ao conceito de profissionalidade .... CAPITULO 4 A CULTURA EXPERIENCIAL.. Desenvolvimento psiquico, cultura e construcao de significados.. ‘As posigGes inatistas e idealistas.... A interpretagao mecanicista As posigdes construtivistas.. Construcdo de significados, qualidade cognitiva e subjetividade ... Fatores que desencadeiam a construgio de significados A elaborago simbélica como proceso de construgo de significados. Mecanismos e recursos na construgio de significados Desenvolvimento da inteligéncia e construgo da subjetividade .. A estrutura do contexto @ a construgao de significados.... A interpretagio ecol6gica do contexto As caracteristicas da estrutura semantica contextual pés-moderna .... As regras de interago na construgio de significados: o modelo de Bernstein. s CAPITULO 5 A CULTURA ACADEMICA Fungdes e propésitos da escola Aprendizagem relevanie e conhecimento disciplinar: a transcendéncia dos contextos de conhecimento. A escola como espaco ecolégico de vivencia cultural A vivencia critica da cultura no espago escola reprodugiio a escola como recriagao .. O ensino educativo e a vivéncia critica da cultura .. da escola como Referéncias Bibliograficas ots “egg scindfvel com- exidade, la mais que as aimportancia nterpretam de tituigaio. Mas tensio € faci uncionamento ral local. Isso Ges locais que iblico e & ten- nte, a relevan- inamento. Por ) de organiza- dizagem de si amento coma ras, a partir da escola facilite 0 cultural co- cessfrio, além jue 0 potencia lucativos. As- Ifbtio entre as a colaborago eetual de cada iva participa- io € na recon- rar egucativa, pe por tradi- utonomia dos prSpria insti- 10 mecanismo_ de comunica- inigo forte © $ elaborados, Sprios das pe- io académico, escolare pode s esto clara e s de modo ob- Yeuram meca- nfidveis. Pelo com cédigos ‘A Cuttura Escotar na Soctepape Neoutperat, 163 restritos ¢ elaborados mesclados de forma flextvel, categorias difusas, com fron- teiras permedveis e grandes espagos de intersego, papéis e fungées também fle- xiveis e intercambidveis, préprios do predominio das pedagogias invisiveis, ou do que denominamos vivéncias culturais, tem correspondéncia com uma concep- sao mais holistica da organiza¢ao como entidade sociocultural com finalidade em si mesma, orientada para valores, mais propfcia para facilitar o intercfimbio edu- cativo, ou seja, a vivencia reflexiva de uma cultura plural, aberta, indeterminada e emergente, que estimule o desenvolvimento auténomo dos individuos e a cria- tividade da coletividade. Por tiltimo, ¢ com a alga de mira sempre fixa na fungio educativa da escola, cabe lembrar com Gil Calvo (1995) que a instituicdo escolar facilitaré melhor 0 intercdmbio cultural reflexivo, aberto e plural requerido se a estrutura e 0 funcio- namento de sua organizae3o dispdem de uma quantidade de variedade interna (Complexidade ou diversidade de opgdes alternativas) que possa aceitar e incor- porar, nfo sem conflito, a quantidade de variedade e de complexidade que mani- festa 0 contexto exterior. Contra a tendéncia defensiva da escola de se fechar e se fossilizar em si mesma sobre raquiticos e obsoletos esquemas de conduta rotinei- 10s, diante do incremento progressivo da complexidade técnica e da aleatorieda- de imprevisivel do contexto social, a resposta organizativa adequada deve ser ofensiva, isto é, um clima de intercdmbio e experiéneia no qual tenha espago a complexidade e a incerteza, vividas a partir da cooperagaio democratica e da re- flexio pessoal, de modo que cada individuo possa enfrentar a complexidade € a incerteza a partir da construgao de seus préprios critérios de valoragio e de sele- ao. A propria natureza reflexiva e consciente da vivencia escolar pode propor alternativas provis6rias ¢ experimentais de convivéncia democritica e de recria- da cultura e satisfagdo de necessidades, que se oferecem como opgdes rele- vantes ¢ alfernativas & natureza arbitréria e interessada dos intercdmbios sociais, regidos pela rentabilidade mercantil A CULTURA DOCENTE A sala de aula 6 0 santuério dos professores. O caréter sacrossanto da sala de aula é um elemento central da cultura escolar que é preservada e protegida através do isolamento do professor ¢ da hesitagio de pais, administradores e colegas na tentativa de violé-la... oisolamento se vincula & autonomia na mente dos professores, Na cultura da escola, se _mantém aqueles aspectos que podem se considerar menos educativos: a dependéncia da opinitio de especialistas externos, a inseguranga, a incapacidade para adotarriscos pabli- 0s, a negagiio de interesses pessoais vinculada ao incremento da alienago do trabalho, a ‘utlizacdo ambfgua do isolamento como méscara de autonomia, a supressfio das emogbes, a desconfianga de outros professores,a tendéncia estreita a se concentrar exclusivamente nos meios, negando a discussio dos objetivos educativos... (Bullough, 1987, p. 92) Embora na determinagaio e manutencio da cultura da escola existam muitos fatores e agentes, podemos considerar que essa cultura 6 prioritariamente a cultu- ra dos professores como grupo social, como grémio profissional. Podemos det 164A. 1. Perez Gomez, ~nir d cultura dos docentes como 0 conjunto de crengas, valores, domifiantes que determinam o que este grupo social consider contexto profissional, assim como os modos politicamente corretos de pensar, seritir, atuar e se relacionar entre si. Na cultura deste grupo social, sera necessario idagar as regras explicitas e ocultas que regulam seus comportamentos, as hist6- rias e os mitos que configuram e dao sentido a suas tradig6es ¢ identidades, assim como os valores e as expectativas que de fora pressionam a vida da escola e da aula (Sergio-Vani e Starrat, 1990, 1984; Dilin, 1993). A cultura docente € um complexo fenémeno, cuja compreensio requer a andlise de trés nfveis distintos e complementares (Hodgkinson, 1983 e Dailin, 1993): um primeiro nfvel transracional, no qual os valores so concebidos como propostas-metafisicas, fundamentados em crengas, cédigos éticos ¢ intuigées \ ~~ morais; um segundo nivel,racional) no qual-os valores se fundamentam nas nor- 2 \_mas e nas expectativas do context6 social e dependem da justificacdo coletiva; e um terceiro nivel sub-racional, no qual os valores sdo experimentados como sen- timentos e.preferéntias pesSoais, esto impregnados de contaminagdes emotivas e podem ser considerados basicamente amorais ou associais. Dificilmente enten- deremos a cultura docente e a cultura escolar sem atender As determinagdes plu- rais, conscientes e inconscientes, individuais.e sociais, racionais e sentimentais, convergenites e discrepantes, dos valores, das expectativas e dos comportamentos das pessoas ¢ dos grupos. Além disso, € evidente que a cultura docente cbnstitui o componente privile- ¢giado da cultura da escola tomo instituicdo, do que denominamos estrutura de patticipagdo social ¢ de estrutura de tarefas académicas. A cultura docente se especifica nos métodos que se utilizam na classe, na qualidade, no sentido e na orientago das relagdes interpessoais, na definigao de papéis e fungdes que de- sempenham, nos modos de gestio, nas estruturas de patticipagao e nos processos ] de tomada de decisdes. Tudo isso compe uma estrutura de poder, um equiltbrio * de interesses sempre parcial e provis6rio, e, ainda que possamos distinguir ten- déncias majoritérias que influem na cultura docente durante um longo perfodo de tempo, € verdade que a significago concreta de tais aspectos comuns se especifica pelas caracteristicas das peculiares interagbes que definem cada contexto escolar. Por outro lado, a cultura docente se encontra, na atualidade, como considera Hargreaves (1994), numa delicada encruzilhada, vivendo uma terisio inevitével e) preocupante entre as exigéncias de um coritexto social mével, mutave}, flexivel incerto, caracterizado pela complexidade teendlogica, pela pluralidade cultural ¢ pela dependéncia dos movimentos do livre mercado mundial por um lado, e as rotinas, as convencdes e os costumes estéticos e monoliticos de um sistema esco- lar sem flexibilidade, opaco e burocritico por outro. Nesta inevitavel tensdo, os docentes se encontram cada dia mais inseguros ¢ indefesos, se sentem ameagados / por uma evolugao acelerada a que nao podem ow nao sabem responder. As certe- zas morais ou ideol6gicas de antes so questionadas e se desvanecem, sem en- contrar substitutos nem compensagGes vilidas e criveis. Por isso, com lamentével i freqliéncia, suas reagdes sao ineficazes, se caracterizam pela passividade, inéreia ‘A Cuvtura Esco1ak Na Socigpape NeouiperaL 165 s ou regresso a comportamentos gregérios, conservadores € obsoletos que dio pri- u ‘mazia ao isolamento ou ao autoritarismo, i, A cultura docente, fundamentalmente conservadora adquire maior relevan- ° cia quanto menor é a autonomia, independéncia e seguranca profissional dos do- + centes. E chavé sua compreensio pela forca de suas motivages e pela importéin- n cia de suas repercussdeS na vida social e académica dos estudantes. A cultura a 1 docente proporciona significado, abrigo e identidade aos docentes nas incertas e conflitantes condigdes de trabalho. Assumindo a cultura dos docentes, seus valo- a res e suas formas de atuar, os professores e as professoras se sentem protegidos 4 pela forga e pelas rotinas do grupo de colegas, pelos sinais de identidade da pro- ° fissiio, Aprendemos logo que reproduzir papéis, métodos e estilos habituais € a s melhor estratégia para evitar problemas e conflitos com os colegas e com os agentes - exteriores: familia e Administrago. Por isso, podemos afirmar que a cultura do- © cente € um fator importante a ser considerado em todo projeto de inovagio, pois : a mudanga e a melhora da prética no requerem apenas a compreensio intelectual, s dos agentes envolvidos, mas, fundamentalmente, sua vontade decidida de-trans- formar as condigdes que constituem a cultura herdada,>y | Na determinagao da qualidade educativa dos processos de ensino-aprendi- : zagem, a cultura docente é de vital importancia, pois ndio apenas determina a natureza das interagGes entre colegas, como também 0 sentido e a qualidade das interagdes com os estudantes. De forma explicita ou de forma latente, a cultura docente modela a maneira particular de construir a comunicagao em cada sala de aula e em cada escola, ¢ cada vez é mais evidente que a qualidade educativa dos processos escolares reside na natureza dos processos de comunicacao que ali se favorecem, induzem ou condicionam. E verdade que a cultura escolar também se compe das importantes determinagdes provenientes da cultura dos estudantes, normalmente configurada como cultura de resisténcia ou oposigao em suas milti- plas ¢ divergentes manifestagdes (Varela, 1991; Foucault, 1982; Willis, 1988, 1990).'* A compreensio que os alunos tém da situagao escolar pode ser substan- cialmente diferente da que os professores tém. Por exemplo, com frequéncia, os estudantes entendem a escola nao principalmente como um espago de aprendiza- gem, mas como umdligar de socializacdo}em que, as vezes, a aprendizagem é inclusive contraproducente. Por is80, muitos dos conflitos entre docentes e estu- dantes tém suas rafzes em opostas definigdes da situago escolar. ‘No entanto, a cultura dos alunos se mostra dependente da cultura dos docen- tes, se encontra substancialmente mediada pelos valores, pelas rotinas e pelas normas que 0s docentes impdem. Inclusive, nos processos ¢ nas situagdes de maior contestacdo, é uma reagiio & impermeabilidade da cultura dos docentes que permanecem de maneira mais prolongada e com maiores cotas de poder na insti- tuigdo escolar. + Convém, também, considerar que a cultura docente facilita ou atrapalha os processos de reflexio e intervengdo autonoma dos préprios colegas e dos estu- dantes; por isso, se constitui no fator imediato de maior importancia na determi- nagio da qualidade dos processos educativos. Entretanto, nao pode se considerar 166 A.1. Perez Gomez, tum fator autOnomo exclusivamente condicionado pelas experiéncias histGricas vrcumuladas nos padres de atuagio do grémio profissional. A cultura docente } Gue determina os valores e os modos de interagio prOprios de cada escola é, por as vez, um efeito das pressbes e das expectativas externas, das exigéncias dos ] processos de socializagio e das exigencias situacionais do resto dos agentes, ewolides. Como afirma Gitlin (1987), nem @ estrutura da escola, nem @ cultura docente por si mesmas determinam 0 comportamento do professor. O / comportamento do docente reflete, antes de tudo. um delicado e emergente Gompromisso entre seus valores, inferesses e ideologias e a pressio da estru~ ura escolar- oo ‘Da mesma forma, é conveniente manter um entendimento didatico entre 0 comportamento situacional do docente ¢ sua dependéncia da cultura profissional erdada e compartilhada pelo grémio. Os estudos do pensamento do professor, especialmente aqueles que se detém na andlise das teorias implicitas (Pérez. Gé- ner, 1990, Rodrigo e Marrero, 1994), assim como os estudos sobre a formacto do pensamento pratico (Pérez Gémez, 1996, Clandinin ¢ Conelly, 1983; Schén, : 1983, 1987...) tomam manifesto que, enfim, 0 substrato pedagégico do docente, configurado pela incorporagao lenta, persistente.¢ no-reflexiva de ‘cultura do- ‘ente, 60 fator decisivo na determinagao da conduta académica ¢ profissional do . Jovente, em interagao com as exigéncias imediatas de seu eendrio concreto de atuagio. ‘por iltimo, na cultura docente, podemos distinguir com Hargreaves (1994) duas dimensdes fundamentais: 0 contetido ea forma? Entendemos por contetido da cultura docente os valores, as crengas, as atitudes, os habitos e os pressupostos substantivos compartilhados por um grupo de docentes ov por ma comunidade profissional mais ampla; enquanto que a forma da cultura docente esta configura- da pelos padrées caracterfsticos que manifestam as relagbes € OS modos de inte dio entre docentes, A forma da cultura docente define as condligoes coneretas em que se desenvolve 0 trabalho dos docentes, especialmente modo como se arti- culam suas relagdes com o resto dos colegas. © conteiido da cultura docente esté relacionado de modo fundamental com 0 cconceito de educagio que posstiem tedrica e praticamente, assim como com suas implicagées na determinagao da ‘vida académica cotidiana. Refere-se, portanto, a tina enorme diversidade de aspectos que compéem a constelagio de seu pens feito pedagdgico, desde as teorias implicitas mais gerais ¢difusas até as estraté- gis € téenicas concretas de atuagio. O curriculo, os processos de ensino e apren- Gizagem, 0 sentido e os modos de avaliacto, a funcio da escola, @ organizago {natitucional, os proprios papéis docentes, os processos de socializagio dent © fora da escola, o desenvolvimento do individuo, assim como o sentido © 8 evolu- ‘gio da sociedade, so todos componentes melhor e pior definidos, reflexionados ¢ sistematizados do contetido da cultura docente. ‘Como pode-se entender com facilidade, 0 contetido da cultura docente est estreitamente relacionado com a especifica fungao social que a escolaadquire em cada época e em cada contexto, ¢ sua regulagio politica e administra assim Lr ‘A Cuvtura EscoLar Na Sociepape NeouBerat 167 as hist6ricas ura docente -scola é, por géncias dos dos agentes sola, nem a srofessor. O fico entre © profissional jo professor, : (Pérez G6- formacio 983; Schon, do docente, cultura do- sfissional do conereto de saves (1994) or contetido sressupostos comunidade 4 configura- os de intera- oneretas gm mo se a pental como no com suas + portanto, a e seu pensa; té as estraté- ino ¢ apren- organizagao gio dentro Joe aevolu- -flexionados docente esta aadquire em rativa, assim ‘como com 0 conhecimento pedagégico acumulado na tradigao teérica e prética deste ambito académico e profissional, o qual desenvolverei no capitulo corres- pondente a cultura académica. No entanto, por sua estreita vinculagio com os determinantes € os valores que definem a forma da cultura docente na instituigdo escolar, os contetidos desta cultura também irio aparecendo na anélise seguinte Pode-se adiantar, em todo caso, que os valores qe constituem 0 contetido da cultura docente também se encofitram num moreno decisive de mudanga de restruturagdio, provocado pelas exigéncias que a economia de livre mercado, orien- tada para o beneficio ea rentabilidade, e as condigdes sociais e culturais da época p6s-moderna esto exercendo sobre a escola. A busca da eficécia, do rendimento académico, a flexibilidade, a incerteza e a preparago tecnolégica so constantes que encontraremos no horizonte atual da cultura escolar e docente, elaborada nunrclima social de racionalidade instrumentals Pode-se afirmar com Gitlin (1987, 1990) que as tendéncias majoritérias na cultura escolar estio induzindo um papel docente que enfatiza o desenvolvimento das habilidades técnicas e de gestio, 0 isolamento dos professores e a desconexio com os alunos. De qualquer forma, é necessério destacar que as caracterfsticas dominantes da cultura docente, tanto em seus contetidos como em suas formas, nao supdem de modo algum a determinag3o definitiva da atuago nem do pensamento dos docentes. $20 marcos simbélicos e estruturais que condicionam, mediam, mas no determinam a capacidade individual ow coletiva. Como afirmam Bullough, (1987) e toda a corrente de andlise micropolitica, a vida dentro das escolas é complexa, confusa, indeterminada e frequlentemente contradit6ria, de modo que rem os professores nem os alunos se comportam de forma consistente com as prioridades da instituigdo, a definigao social do currfculo ou as expectativas so- ciais majoritérias. Sempre existe uma margem de liberdade para expressar a auto- nomia, a resisténcia, a diversidade ¢ a diserepaincia, Por isso, as caracterfsticas que definem dé maneira prioritéria as relagdes dos docentes com sua tarefa e com seus colegas no podem se considerar catego- rias fechadas. Sao, em prinefpio, amplos intervalos de longo percurso, nos quais podemos encontrar formas diversificadas e, inclusive, contraditérias de entendi- mento e atuacdo. Por exemplo, 2s vezes 0 isolamento do docente € condigo de autonomia profissional e, outras vezes, é um fator que gera estancamento ¢ medi- ocridade. Por esta razio, me parece mais adequado tratar as peculiaridades da cultura dos docentes como espacos delicados de coinfronto dialético,, Levando em consideragio as prevengdes anteriores, entre as caracteristicas mais relevantes que definem na atualidade a forma da cultura docente, destaca- ‘mos as seguintes: = Isolamento do docente e autonomia profissional. = Colegialidade burocratica e cultura de colaboragéo. Saturacdo de tarefas e responsabilidade profissional. ~ Ansiedade profissional e cardter flexivel e criativo da funcdo docente.

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