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Q Gapitio-mor Pedro-da Rocha Franco —%¥— SUA PROLE A 25 de Julho de 1754 achando-se o Capttio-mor Pedro da Rocha Franco na Villa do Aquiraz, onde ti- nha ido, ao que parece, procurar remedio d’sua_moles- ‘tia, ahi fez o seu testamento, e falleceu ‘no dia seguinte (26) com 79 annos de idade. Nascera em 1675 no ‘Con- selho do Téjo em Portugal numa locdlidade chamada— Logar da Igreja. Efa filho legitimo de Manoel Maria e de-Maria Rodrigues, segundo as declarag6es feitas no dito testamento, aberto pelo Ouvidor Alexandre de Pro- enca Lemos a 4 de Agosto do mesmo anno. Rocha Franco fof o homem mais rico do districto da Granja; verdade é que sua fortuna nao era muito licita; porque a mér parte de seus escravos eram in- dios escravisados. Foi casado com D, Victoria Rodrigues Camara, que em 1787 ainda existia. Dizem que esta moca fora producto dos amores da filha de um principal da Ibiapaba (D. Philippe), e fora creada no hospicio dos Pes, Jesuitas como engeitada, Seu protector, um dos Padres, nao querendo casal- a com os da terra (indios-ou mestigos) foi a Portugal, d’onde trouxe-lhe Pedro da Rocha para esposo. O casamento de D. Victoria deve ter sido feito de 1715 a 1716, A6 de Agosto de 1714 j4 era concedida uma data de terra requerida por ella e Miguel de Faria da Ca- DU INSTITUTO DO CEARA 393 mara: donde parece que ou a mesma D. Victoria fora primeiramente casada com o dito Faria da Camara, ou este era seu irmo, e-por issb algtiem, que mio podia apparecer na questéo, requeria em rome de ambos. Pur- gue néo se pode admittir que uma filha-familia usur- pe as attribuicdes dos paes. Acreditavel se torna o facto de Rocha Franco ter vindo de encommmenda para casar coin D, Victoria pela critica, que inda hoje se faz aos antigos portuguezes dali, dizendo-se que elles no rol das metcadorias, que pediam para Portugal, pediam igualmente noivos para casarem com as filhas. O Capitdo-mér Pedro da Rocha Franeo possuindo uma fortuna avaliada em 12:612$890 apenas deixou em dinheito 41$220. Morava no sitio Santo Antonio do [buassti com duas leguas de terra onde fez um sobradinho de taipa e uma capella dedicada ao dito Santo, a qual paramentou a sua custa, Era homem de algum gosto : possuia varios fatos de panofina e de setim, jolas de brithantes, e pot- cdo de ouro em pd, luxo indispensavel aos ricos daquel- le tempo. Deixou onze filhos: 1.°—Maria Rodrigues da Ca- mara, casada com o sargento-médr Jodo de Siqueira Caim- pos, que morreu pouco temp» depois deixando a nnt- Iher na pobresa. Esta sobreviveu até 1793. 2.°—Antonio da Rocha Franco (Licenciado) com 36 annos de edade. 3.°—Ignacia Rodrigues da Camara (35 annos), casa- da com Manoel Martins dos Santos, 4°®—José Rodrigues da Rocha (32). 5.°—Clara Rodrigues da Camara (32), casada com Antonio Ribeiro de Moraes, 6.° —Manoel Rodrigues da Rocha (31). 7.°—Anna Rodrigues da Camara (29), casada com o Licenciado Antonio Ferreira Alvarenga, Este foi sogro do porluguez Antonio Vaz dus Santos, pae de D. Anna REV, DO ENSTITUTO 50 34 REVISTA TRIMENSAL Joaquina do Rosario, D, Maria Antonia. do Espirito San- to e D Francisca de tal, as quaes se casaram com Gui- Iherme Fontaneilles, Placido Fontaneilles (u) e o Capitéo Joao Fontaneilles, filhos do francez Joao Fontaneilles (6). 8."°—Pedro Rodrigues da Rocha (27). 9."—Isabel Rodrigues da Camara (25). Era casada; porém ignoramos o nome do marido. Este abandonou-a devendo ao sogro 225§ rs. 10,°—Francisca Rodrigues da Camara (23), casada com Manoel Machado Coelho, 11°—Quiteria (11). Casou-se depois da morte do pae com Domingos Luiz. O Capitio-mér possuia 39 escravus, 2475 cabecas de gado vacum e cavallar o todas as terras comprehen- -didas entre o littoral e a Ibiapaba desde o Timonha até o Camocim. Do inventario constam: O sitio Santo Antonio (Ipt- assti) com duas leguas de comprimento sobre uma, de largura, que ficou para D. Victoriae D Maria; 0 sitio Ginipapo com tres leguas (c} entre o Riacho de Dentro e 0 Jrapud, que coube a Antonio da Rocha; o sitio Sam- baitiba com duas e meia leguas do /rapud ao Ubary, que coube a Manoel Rodrigues; o sitio Riacho com duas alé a Barra, que coube a José Rodrigues; o sitio Riacho de Baixo com tres que coube o Pedro Rodrigues; 0 sitio Tapuid com cinco, que coube a D. Quiteria; 0 si- tio Riacho de Dentro, que coube a D, Ignacia; 0 sitio Timonha (dote de D. Clara) com duas; 0 sitio Saraiva (a) Viacido Fontaneilies teve um fitho do mesmo nome. Este foi casado com D. Geminiana de Pinho Fontenelle ¢ falle- ceu a 13.de Julho de 1867. Sdo seus filhos : D.or Placido de Pinho, Tenente-Coronel Salustiano de Pinho, Major Margal de Pinho, Felisardo de Pinu ¢ Dt Maria Antonia de Pinho, casada com v D.or Emesto Marques da Silva, que constituem hoje-a importante familia /'iaho, de Vigosa. (6) Depois de algum tempo a familia comegou a mudat este sobrenome em Fontenelte. (c) D'aqui em deante entende-se sempre uma legua de largura. Do INSTITUTO DO CHARA 395 com duas e meia, que coube a D. Anna; o sitio Hauna, com duas, ligado pelo poente ao Timonha, e separado na Varzea dos Angicos pelo riacho Extremas, que coube a D. Isabel, o sitio, que segtte do ftauna até a serrae pelo rio acima até a fazenda Barra, com tres leguas, o qual coube a D, Francisca. E mais as fazendas /nnumas, e S. Goncalo nas ca- beceiras Gorgueia, tudo no Piauhy. Naquelle anno (1754) era Juiz de orphaos Fran- cisco Moreira de Sousa; tinha patente de capitao-mdr, Antonio Gomes Leite e de coronel, Domingos Ferreira de Veras, de quem adiante fallaremos;e havia um gran- de creador chamado Balthasar de Carvalho. Um esctavo, de primeira qualidade, custava 80$, um cavallo de carga, idem, 4$; e um bol, idem, 2$. © sitio Santo Antonie com’ duas leguas de terra; um sobradinho de taipa e uma capella paramentada, foi avaliado tudo em 800$. J. Henrique.

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