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EXPOSICAO GERAL Para balizar esta nova etapa, permitam-me que, a guisa de pontos de referéncia, passe a indicar algumas teses sucintas, Em seguida, voltaremos a elas de forma metédica. 1. Nao se pode separar uma operacao de pensamento, seja em que €poca for, das condiges técnicas de inscrig&o, transmis- sdo € estocagem que a tornam possivel (neste sentido, a escrita alfabética e a leitura sao técnicas). 2. A ferramenta mnemotécnica é a primeira dessas condi- g6es. Em cada época, é definida pelos suportes e procedimentos de memorizagao dos vestigios. 3, O sistema dominante de conservagiio dos vestigio: estocagem e circulagao) serve de nticleo organizador 2 fera de determinada época em determinada so termo designa um meio de transmissao e transport gens e dos homens, com os métodos de elal intelectuais que lhe correspondem. 4, Na realidade hist6rica, nao ha midiasfe Cada uma € 0 resultado do compromisso ent das e utensflios novos e imbrica, umas de épocas diferentes, volugao técnica dos meios de transmissio material d4 lor a sucessiio hist6rica, aparecimento e €Xxtingdo, dos licos vivos para este ou aquele estado do mundo, x * + cer bastante anddino ou exterior; além uco em toda a parte a idéia de que ha cuidado: aqui se trama um drama; culturas como drama. Explico-me. ivas, 0 homo sapiens é 0 mais adapta- adapt ilidade define-o como um ser , Nao programado, produto de seus ma. No entanto, o que ele s, no se adaptam a qualquer Aevol G40 bioldgica, nao 76es adquiridas, ainda que mento critico. No entanto, o racion, é 0 ocupante natural do nicho audiovisual no inspirada adquire 0 direito de Cidadania; assim, o individual critico acaba por desempenhar, no dmago da ca sual, o papel de “gringo” mais ou ciate aa ela audiovi- Nao hé concordancia entre as linhas de evolugio i a Integrado, estagios de desenvolvimento midiolégico. O a : ectual eos tem como reverso a permanente possibilidade de a cultural. Neste aspecto, seja dito de Passagem e com tod: ve humildade, a midiologia teria tantos titulos, feta mais, do a a ecologia para ser reconhecida de utilidade publica. Em ee vamos reclamar um ministério. a alismo laico, 0 das Luzes, nao qual a Vaticinagao DE NIETZSCHE A HAECKEL A nogio de midiasfera é a aplicagao, ao universo das trans- missGes e transportes, da nogao de “meio” que conhecemos bem, ou julgamos conhecer. Na realidade, qualquer meio intelectual estd estruturado por um médium central (os circulos “humanis- tas” pela oficina gréfica, a intelligentsia laica pela escola, o meio revoluciondrio pelo partido, etc.); ora, 0 que os homens de _ pensamento conhecem menos é seu préprio meio de pensamento. Um meio cultural aparece como natural aqueles que vivem em _ Seu interior, no proprio momento. Transparéncia ordinaria do ium para os autores de mensagens. A filosofia grega nem a saber o que suas categorias légicas ficam devendo a lingua grega. O racionalista cldssico nem chegaa saber e colunas, aos quadros € arbores- “razao grafica”. A | ‘ria romAntica a linearidade co considerando unicamente 0 ponto de vista social, que é que sabemos a respeito do meio soft: ‘grego, do meio humanista sob a Renasces principio do século ae ae yr cont oy acumulado po! ike )prios, la letr: 1 j4 nfo despertam o interesse dog aturalmente, trabalham em seus terminais até mesmo nas mesas de montagem, nos omo autores ou produtores de emissdes, ecnico, um outro universo mental, um a do pensamento. BE maquinal, um meio, le ser maquinal, isto é, para que apar 1 ’ Reparem na lingua francesa, médium snos francéfonos, minoritdrios em seus paises, aos franceses da gema, a vantagem de perceber lingua porque sabem que ela é mortal. Com- r todos os detalhes do médium e estdo mais e nds em sua salvaguarda. Focalizar as media E E preciso que um meio cause irrita: no: SOs pés para chamar a atengdo. Duran- ondutor, ele se dissimula sob a aparéncia los desabrochamentos. Trotski, evocando alta condutibilidade das idéias.” No 0 descobre — vox clamans in deserto comunicativa do Norte, anéloga 4 1 | do planeta, com a proliferagao dos a em nossa Vida cotidiana esses le uma pentria por damente, cada um & celerar a tomada gios no siléncio das tespectivas i como “cultura”, mas como nat dido, ponto zero das Mensag. somente um intelectual, mas ut te, republicana ou socialista, membro, porta mais ou menos alégena (um Pouco ¢ no Canad§), perceberd melhor as im de midiasfera porque tera mais d suportar seu meio. Sabe o que yai desa quando o ultimo monotipista desempre sempre: um mundo, uma histéria, u: tipogréfica Reforma-Reptiblica-Revol presente € vocé nio sabia que ja era porque tudo isso consegue manter-se y. ecologia das culturas poder ser algi assenhora, paradoxalmente, de nosso espirito de forma contra- natural. E inevitavel que o estudo das condigGes de vida tenha a ver com a morte j4 que elas s6 aparecem diante de nds em seu creptisculo. Compreende-se que, em Le Crépuscule des idoles, Nietzsche tenha feito esta observacao: “Que a teoria do meio, uma verdadeira teoria de neurasténicos, se tenha tornado sacros- Santa, na Franga, e tenha encontrado crédito junto dos fisidlogos, eis 0 que faz surgir pensamentos bem tristes.” Afastemos, por um momento, esses pensamentos sombrios. Nietzsche falava de fisiologia, a culpa nao é dele; com certeza, nao tinha ouvido falar de seu compatriota Haeckel que acabava de forjar, em 1866, 0 r ecologia para designar o estudo do mundo circundante e sre Seres Vivos estabelecem com ele. Cem anos sostarfamos de ajudar no transporte da descoberta do a natureza para 0 terreno da cultura. - Ela nao exi i s ste, entao, ‘ureza Partilhada, Pedestal escon. ens. Parece é ai m intelectual dooy ae ae Protestan- nto, de uma minoria ‘omo OS naturais do Quebec licagdes da atual mudanga uldade do que outros 4 parecer, no fim deste dia, gado fechar os olhos para ma cultura, a seqiiéncia ugdo. Era o seu momento um momento do passado ivoa margem. Jamais uma © de natural porque ela se longamento e sob as categorias da evolucg as lentas mutagGes e catdstrofes climaticas, nico no horizonte do meio vivo, encontramos, defini¢ao forte que 0 bidlogo d4 4 palavra ptativa a um meio (Jacques Ruffié) n sélido ponto de partida. E, em seguida i tético cendrio darwiniano, inaparente emir, pela vida” travada pelas formacgoes simb6licas om as outras. Sera que se pode estabelecer uma entre a selegdo natural e uma selecao midiolé- is? Veremos que a hipdtese nao tem nada de ns a ecolégico vai ser negociado por nés, através de recaugoes ou regras de anilise. e lado a questao de saber se uma idéia “é” uma lula, um protozo4rio ou um metazodrio. E um d a melhor maneira de quebrar 0 animismo tiria, talvez, em retirar-lhes a alma para lhes dar a acompanha). A questao nao € tratar as idéias ‘mas Como organismos vivos, isto é, antes ndo entidades. Nenhum ser vivo se sempre ligado a um mundo circundante, ica € que ele modifica. Pela nutrigao, m que, no princfpio do século ologia” ou ciéncia da génese das > Tracy ~ no diziam outra coisa: por cia entendiam fendmenos naturais ii ismo vivo e sensivel, a ygia estuda as relagdes de se o meio nao vivo, aS acao qu o lado onde dormita um eso explicacao, é preciso de maneir, ‘a geral, que, pelo Menos, haj 5 a haja dois niyo; sue haja de descrigdo, j4 que explicar € sem, re ieied ae diferentes O espago das Mensagens nao ¢ auton ma COisa a outray espera do mididlogo para : © internamentar Dens i €stejam 4 se interessem pela estrutur, interna de um campo con ou pelas regras internas d Quanto a néds, estamos y Se pretendem erradicar aqui ou l4uma doen nao utilizem detefon para m: saneamento dos cursos de de uma floresta Pode rep chamados para dissertar qual nasceu, em nosso pai: » €m vez de mergulhar no romance, pensem j ata bras, p elagdes de Coexisténcig ‘OS Conjuntos discursivog. saimos Para ver, Fa qualquer do sono, ‘alar a mosca tsé-tsé agua e na Ceitual, pelas re le Construgiio d Oltados Para o Xterior, Obre a estrutura “Tol associada ao telégrafo elétrico, divulgador do fato do dia, faz o folhetim regular que, Por sua vez, faz o romance popular, etc. O principio de Populagao 2 Nao tratar do elemento, do individuo, que é seme abstracao, porque nenhuma idéia se reproduz, a oa 1 triunfa por si s6. As idéias andam a caga em co a ; a uma idéia fossilizada, as idéias vir f , malta. Tratar, portanto, das. am em conta 0 fato de que as populacdes entre si, que nem todas tém as mesmas faculdades os diferentes sistemas de transmissio. No mesmo s com tempo de vida bastante curto, mas com, de multiplicagao; outras apresentam grande speranga de vida mais prolongada. Viver, para pre sobreviver. As sociedades civilizadas pro- sies ameagadas de extingAo que nao podem resisti; entregues a si mesmas, seriam eliminadas ntes mais aptos. Para elas, siio reservados parques b a forma de escolas especializadas, gruptisculos, sitas, associagGes devidamente autorizadas. rdiretamente sobre espécies de idéias vivas, it6rio de circulagao, modificando sua taxa de equilfbrios entre espécies diferentes. Cada tipo exigéncias ecolégicas, seu meio favoravel; é, uele onde nasceu. As ideologias tém seu nicho o — “uma espécie, um nicho” — parece ter uma © mesmo nicho, a competi¢ao degenera em uma delas. Veremos que a espécie “socialis- mM ipografico onde otimiza suas chances gue se reproduzir fora daf: o nicho mente, ha fendmenos de recicla- | provocados, outros acidentais. A rninho, origindrios da Europa, América. O calvinismo tam- cristaos nao con-

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