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Relativização Da Coisa Julgada - Jus - Com.br - Jus Navigandi
Relativização Da Coisa Julgada - Jus - Com.br - Jus Navigandi
Como acreditar que a segunda decisão seja efetivamente mais justa que a primeira e
não mais injusta ainda?
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A coisa julgada, como é sabido, trata-se da forma técnica e meio jurídico pelo qual
uma decisão torna-se definitiva, ou seja, não pode ser modificada por recursos,
rediscutida ou alterada. Não se trata propriamente de um instrumento de justiça, mas sim
de transmissão da segurança jurídica aos julgados, ao passo que evita o ingresso de
novas demandas idênticas, levando ao caos das discussões sem fim.
A coisa julgada material constitui garantia fundamental incrustada no art. 5º, XXXVI, da
Carta Magna. Além disto, ganha caráter de cláusula pétrea, conforme dispõe o art. 60,
§4º, IV do mesmo diploma legal.
Entra em campo, então, a batalha entre dois valores de imensa importância em nosso
ordenamento jurídico: a segurança jurídica x justiça.
I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;
VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
seja provada na própria ação rescisória;
Neste contexto, parte da doutrina entende que a decisão judicial não pode
permanecer imutável quando for injusta ou inconstitucional. Ao passo que nestes casos,
poderia ser revista a qualquer tempo por critérios e meios atípicos.
No que tange o parâmetro para “grave injustiça”, muito temos a considerar. Ora, em
primeiro lugar, na prática judiciária, a parte vencida poucas vezes se convence de que sua
derrota foi justa. Ainda, nem sempre a decisão proferida coincidirá com o ideal de justiça
da população.
A justiça é algo que sempre será um ideal a ser alcançado, algo que até hoje nunca
fomos capazes de atingir. Ou seja, falar em relativização da coisa julgada utilizando por
sustentáculo o conceito de uma decisão injusta, nunca trará a justiça em sua plenitude, ao
passo que uma decisão justa aos olhos de alguém, não é necessariamente justa a outro
alguém.
Conforme Luiz Guilherme Marinoni, admitir a ocorrência de uma injustiça será afirmar
que o Estado- Juiz errou num julgamento que se cristalizou, e obviamente implica aceitar
que o Estado-Juiz pode errar no segundo julgamento, quando a ideia de ‘relativizar’ a
coisa julgada não traria qualquer benefício ou situação de justiça”. (MARINONI, Luiz
Casas
Guilherme.à Venda na Planta
“O princípio da segurança jurídica dos atos jurisdicionais - a questão da
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relativização
Bissoni da coisa julgada material”. Relativização da coisa julgada – enfoque Udinese
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crítico. Fredie
APOSTAR R$ 30 Didier Jr. (org.). 2 ed. Salvador: JusPodivm, 2006, p. 163.).
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Ora, se houve um primeiro erro, como esperar que o segundo julgamento alcance o
ideal acreditado por todos? Como acreditar que a segunda decisão seja efetivamente
mais justa que a primeira e não mais injusta ainda? Assim, abrir um novo julgamento da
causa, com exclusivo fundamento de que o anterior foi injusto, mostra-se muito perigoso.
Naquela ocasião, o instituto da coisa julgada não fora aplicado de forma imutável,
nos termos do art.60, § 4º, IV, da Constituição Federal, aplicando-se a relativização em
nome do princípio constitucional da dignidade humana, vez todo indivíduo tem direito de
saber se é ou não é o pai biológico de uma criança.
Por tudo isto, entendo que a imutabilidade das decisões judiciais cobertas pela coisa
julgada é, em princípio, a regra geral e deve ser respeitada. Porém, excepcionalmente a
relativização da coisa julgada é possível à vista da análise de um conjunto de argumentos
e sopesada com valores de imperativa relevância, sejam previstos na Constituição
Federal ou para resguardar questões sagradas e inerentes à dignidade da vida humana.
DIDIER Jr, Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Vol 2. 5ª ed: jusPodivm, 2010, p.
443.
Resp nº 1110578/SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 21-5-2010; AgRg nº 958.908/RS, Rel.
Min. Hamilton Carvalhido, DJe de 24-2-2010; EResp nº 435.835/SC, Rel. Min. Francisco
Peçanha Martins, Rel. p/ acórdão Min. José Delgado, DJ 4-6-2007; AgRg no Ag. nº
803.662/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, DJ de 19-12-2007.
Sobre a autora
Ingryd dos Santos Mousse
Pós-graduanda em Direito Processual Civil pelo Complexo Educacional
Damásio de Jesus. Bacharel em Direito pela Universidade Nilton Lins.
Atualmente atua como Advogada do escritório jurídico Andrade & Câmara
Advogados.