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EM n® 0125/2019 ME. Brasilia, 23 de Maio de 2019 Excelentissimo Senhor Presidente da Repiiblica, 1 Submeto a elevada consideragio de Vossa Exceléncia a minuta anexa de Proposta de Emenda a Constituigao, que inclui no Capitulo I Dos Principios Gerais da Atividade Econémica, do Titulo VII ~ Da Ordem Econdmica e Financeira, 0 Artigo 174-A e 0 Artigo 174-B que “Dispée sobre a natureza juridica dos conselhos profissionais”. 2. A proposta visa consolidar 0 entendimento de que os conselhos profissionais nlio integram a estrutura da Administracdo Pablica, assim como definir parametros ¢ limites para criag4o das entidades de fiscalizago com base em critérios da doutrina da regulamentagao das profissdes. A medida também afasta, definitivamente, qualquer hipétese de equiparagio da organizagao dos conselhos profissionais as autarquias integrantes da Administragdo Publica, mediante a definigo de que conselhos sio entidades privadas sem fins lucrativos que atuam em colaboragio com 0 poder pablico, as quais se aplicam as regras do direito privado e a legislagao trabathista. 3 A abordagem registra avangos para além do aspecto juridico-formal da organizago dos conselhos profissionais ¢ adentra 0 campo da regulagdo do mercado de trabalho. Nesse sentido, respeitada a liberdade de exercicio profissional e de associagao, constitucionalmente asseguradas, cumpre ao Poder Pablico disciplinar tZo somente as hipdteses de interesse da coletividade em que se justifica a regulamentagio e fiscalizago mediante a criagfo de conselhos profissionais, na qualidade de entidades privadas sem fins lucrativos que atuam em colaboraglo com 0 poder piiblico, bem como os limites de atuagio dessas entidades no que diz respeito ao poder de tributar ¢ aplicar sangdes. 4 Os conselhos de fiscalizago profissionais posse especificidades que os distinguem das estruturas tipicas da Administragao Pablica, Uma caracteristica que os destaca é a composicao do 6rgio colegiado integralmente formado por representantes da classe de profissionais disciplinada pela entidade, eleitos por seus assaciados, e os mesmos que elaboram os regulamentos a serem seguidos pela classe. A Administragio Piblica nao influencia ou participa de suas decisdes. ‘Ademais, os recursos de que dispdem so oriundos das coniribuigdes pagas pela respectiva categoria, nao lhes sendo destinados recursos orcamentarios piblicos, nem fixadas despesas pela Lei Orgamentiria Anual - LOA. Ainda, os conselhos profissionais no se submetem ao regime juridico de direito piblico aplicével aos entes integrantes da Administragao Pablica, mas sim, a0 regime juridico de direito privado, mesmo com a observancia de alguns principios ¢ regras do direito piblico nao Thes retiram, contudo, os atributos essenciais da ampla independéncia, autonomia ¢ a atuacao desatrelada da administragao publica federal para o bom desempenho do seu mister. 5, Independentemente de discussdes formais sobre a natureza juridica dos conselhos 019 i a ~ 00 c oO o profissionais, considera-se fundamental o entendimento sobre 0 papel dessas organizagées para a coletividade, 0 que justifica a sua relag3o com o Poder Publico. Nesse sentido, a discussio requer visio estratégica e de futuro, buscando-se compreender a dindmica tecnolégica e seus impactos sobre as profissdes © o mercado de trabalho, de modo a no criar obstéculos ao desenvolvimento econémico ¢ social do pats. 6 Destaca-se que, nos iiltimos anos, a questo envolvendo a natureza juridica dos conselhos profissionais repercutiu dentro da Administragio, tendo surgido na jurisprudéncia entendimentos dispares, alguns contriérios ao entendimento defendido por este Ministério, classificando os conselhos profissionais na categoria de autarquias pertencentes & Administragio Pablica. Z Nessa linha, faz-se relevante ponderar sobre os riscos decorrentes da nio pacificago dessa disparidade de entendimento a respeito da natureza juridica dos conselhos profissionais: + Implicagdes de ordem administrativa, especialmente as decorrentes do entendimento de que se aplica aos empregados dos conselhos profissionais a Lei n° 8.112/1990, ainda que o § 3° do art. 58 da Lei 9.469/1998 nao tenha sido declarado inconstitucional, ou o art. 40 da Constituigao Federal que assegura o regime de previdéncia. + Implicagdes organizacionais, pois os conselhos tém autonomia para autogerit-se ¢ organizar-se, no sendo supervisionados por érgio do Poder Executivo. Suas decisdes nfo passam por controle técnico ou hierdrquico, ¢ cabem exclusivamente aos associados, em sua forma organizada ¢ deliberada internamente. + Implicagdes de ordem orcamentiria e financeira, pois as contribuigdes recebidas pelos conselhos nao constituem receitas da Unio, e tampouco os orgamentos e as execugdes financeiras dessas instituigdes sdo regidos pelas regras da Administragio Piblica Federal + Implicagdes de ordem socioeconémica, tendo em vista a interferéncia sobre a liberdade de organizagao das profisses e as repercussdes em diversos setores de atividades com a criagdo de entraves ao mercado de trabalho. 8 Por fim, chama-se a atengio para os riscos de burocratizagio, via criagio de procedimentos ¢ rotinas para atendimento as corporagdes profissionais em detrimento do uso dos recursos piblicos visando & criago de valor piiblico para toda a sociedade. 9. Desta forma, a fim de evitar eventuais prejuizos decorrentes da lacuna constitucional, faz-se necessirio explicitar a natureza juridica dos conselhos profissionais e o regime juridico aplicavel aos seus trabalhadores no texto Constitucional 10. Essas, Senhor Presidente, so as razSes que justificam o encaminhamento da Proposta de Emenda a Constituigio, que ora submeto a elevada consideragdo de Vossa Exceléncia. Respeitosamente, Assinado eletronicamente por: Paulo Roberto Nunes Guedes C n.108/2019 E alteragées: PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUICAO Dispe sobre a natureza juridica dos conselhos profissionais. Artigo Unico. A Constituigéo passa a vigorar com as seguintes “Art. 174-A. A lei ndo estabelecera limites ao exercicio de atividades profissional ou obrigagdo de inscric&io em conselho profissional sem que a auséncia de regulacdo caracterize risco de dano concreto a vida, 4 satide, 4 seguranca ou a ordem social.” (NR) “art. 174-B. Os conselhos profissionais sdo pessoas juridicas de direito privado, sem fins lucrativos, que atuam em colaboracao com 0 Poder Piblico. § 1° © pessoal dos conselhos profissionais sujeita-se as regras da legislacao trabalhista. § 2° Lei federal dispora sobre as seguintes matérias relativas aos conselhos profissionais: 1 - a criagdo; II - 0 principios de transparéncia aplicdveis; III - a delimitag3o dos poderes de fiscalizac&o e de aplicac3o de sangées; e IV - 0 valor maximo das taxas, das anuidades e das multas. § 3° E vedado aos conselhos profissionais promover, facilitar ou influenciar a adogdo de praticas anticompetitivas em sua drea de atuacao. § 4° A imunidade de que trata a alinea “c” do inciso VI do caput e 0 § 4° do art. 150 se estende aos conselhos profissionais.” (NR) Brasilia, 'SARAN - PEC- ESTABELECE NATUREZA JURIDICA DOS CONSELHOS PROFISSIONAIS (S4) a a a ° a ~~ oO 3 a < oO a a

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