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I — AS ABORDAGENS HOLISTICAS E REDUCIONISTAS 0s procedimentos metodolégicos utilizados na and lise dos fendmenos estdo relacionados com a natureza do objeto de estudo e com a visao-de-mundo adotada pelo cientista. Ao lado da estrutura conceitual hé neces sidade de que haja disponibilidade da instrumentacdo tecnolégica para a coleta de informacoes e efetiva aca0 analitica. O desenvolvimento tecnol6gico possibilita a produgio de novos equipamentos mais capazes e ade- quados as pesquisas cientificas, favorecendo ampliar a obtencdo de dados, a compreensao, 0 diagndstico € ‘0 manejo dos sistemas de organizagao complexa..No setor da Geografia, por exemplo, atualmente hd maior embasamento tecnolégico dispontvel para 0 estudo das organizagées espaciais, permitindo pesquisas mais acu- radas a respeito da estrutura, dindmica e evolugao dos sistemas inclusos no campo de acao dessa disciplina De modo semelhante, nao ha como omitir, por exemplo, co desenvolvimento nos campos especfficos da Meteoro- logia, Climatologia, Hidrologia e Geomorfologia. ‘As perspectivas envolvendo a anélise ecol6gica, a geogréfica e a ambiental englobam estudos conside- rando a complexidade do sistema ¢ o estudo das suas partes componentes.(A. abordagem holisticajsistémica “é necessaria_ para compreender_ como as entidades “ambientais fisicas,.por exemplo, expressando-se em onganizagées espaciais, se-estruturam e funcionam como diferentes unidades complexas em si mesmas € a hierarquia de aninhamento. Simultanea e interati vamente ha necessidade de focalizar os subconjuntos ‘e partes componentes em cada uma delas, a fim de “melhor conhecer seus aspectos ¢ as relacdes entre eles. re nie ie ae are at eorctansiant ae RA ES acaaicade ‘A abordagem reducionista também se enquadra como basica na pesquisa dos sistemas ambientais, sem con- traposigao com a holistica _Acexposicao encontra-se direcionada para focalizar as. concepgdes de mundo, as nogées de unidade, totalidade e complexidade e os aspectos das abordagens holfstica e reducionista. ‘A — AS CONCEPCOES DE MUNDO ‘A significancia e a valorizagao a respeito do meio ambiente estéo relacionados com a visio de mundo imperante em cada civilizacio) apresentando inclusive hnuangas em seus segmentos sécio-econdmicos. Por essa 12240, o relacionamento entre o homem e o meio ambiente possui variagbes de regio para regiio e a0 longo da historia. A formagdo dessa estrutura conceitual realiza-se de modo difuso ou sistematizado, envolvendo 0s conhecimentos do senso comum, 0 religioso, 0 filos6- fico e 0 cientifico. No contexto da civilizacao ocidental ‘hd varias concepgées sobre ngtureza e se torna oportuno compreendé-las. Isto ae visdo-de-mundo prevale- cente sobre a natureza comanda as explicagdes sobre as caracteristicas, funcionamento, utilizacdo e percepcao dos riscos provenientes dos eventos ambientais. Coman- dda as escalas de valorizagio, as decisoes e as atitudes ddas pessoas e grupos socials Essas concepgdes n40 s40 excludentes no tempo e no espaco, mesclando-se comp: ‘meni ‘da sociedade e, por vezes até, na vida do proprio individuo. - ‘Uma visio-de-mundo encontra-se relacionada com © tonhecimento religioso) assinalando que a natureza foi criada pelos designios de Deus, sendo obra pura € perfeita. Baseando-se na seqiiéncia do ato da criacdo Gesemis em Génesis, pondera-se que o homem constitui © #9 Seale que a natureza toda encontra-se a sua Sspomibilidade, bastando simplesmente utilizé-la ¢ Ssaituit 05 Deneficios. Os acidentes ambieniais e as organizadaje a dinamica dos sistemas que a desencadeia Funciona nas fronteiras do cao Um exemplo institucional desse desenvolvimento cientifico a respeito da complexidade é representado pela criagao do Santa Fé Institute, em 1987, reunindo fisicos, bidlogos, especialistas em computacao e de diversas outras categorias de cientistas, formando um grupo interativo de pesquisadores. A tematica de pesquisa encontra-se ligada com a ciéncia da complexidade, {ocalizando os sistemas complexos que produzem ordem. Ha reconhecimento consensual sobre a existéncia de sistemas complexos na evolugdo da matéria (sistemas iisicos), na evolugao dos seres vivos (sistemas biolégicos), na evolugao da sociedade (sistemas sociais) ena economia (sistemas econdmicos), por exemplo. A9 lado dessas categoriais h4 que reconhecer a existéncia de sistemas complexos expressos pelas organizacies espaciais (sistemas geogréficos), nos quais a espacialidade na superficie terrestre_torna-se caracteristica inerente e fundamental. Em decorréncia, (0s seus subconjuntos também sio sistemas complexos, {ais como os sistemas ambientais fisicos (geossistemas), 0s sistemas sécio-econémicos, os ecossistemas, 08 sistemas urbanos, os sistemas hidroldgicos, os sistemas geomorfol6gicos, etc: (C— HOLISMO E REDUCIONISMO ‘A compreensao dos fendmenos que percebernos tem sido organizada, desde 0 século XVII, no mundo ocidental, através de dois principais tipos de procedimentos, denominados de abordagem analitica € abordagem holistica Alabordagert analiticaencontra-se mais desenvolviga ‘nas atividades cientificas, necesSiria 3 andlise interpretacio. Essa reducao encontra sua contrapartida 4 sec Se 2 seneralizaco (A ciéncia tem por ob- So explicar. generalizar e determinar as causas, de Sedo que as hipoteses sejam formuladas e verificadas Szavés de comparacdes ¢ experimentos, e as teorias Ssciuem enunciados expressando leis da naturezal Nessa abordagem, o procedimento metodoldgico desenvolve-se focalizans 6 proba oes oe em seu nivel jor na hlerarquia da complexidade” as proprieds- es dos dtomos sio melhor explicados em termos de suas particulas fundamentais, a vida das células pelo estudo de suas caracteristicas quimicas, enquanto as Plantas so melhor referenciadas pelas seus aspectos floristicos. Na Petrologia, as rochas s40 consideradas fm torno dos seus minerals componentes(No conte, cimento geogréfico jd se considerou como itieal catalo. gar separadamente todas as facetas do meio ambiente fisico e de todos os fatos e distribuicao das atividades humanas em determinado lugar. Nessa perspectiva, a Geografia encontra-se caracterizada pela desagregacie em inimeros elementos componentes Essa abies geral € denominada de reducionismo, definida mais formalmente como conceitos ou enunciados redefinidos em termos que so mais elementares ou Basicos. ‘A outra abordagem considera que a andlise do fe- nomeno deve ser realizada em seu proprio nivel his. Farquico, e nao em funcdo do conhecimento-adquirido os componentes de nivel inferior. Isso significa que ela procurafompreender 0 conjunto mais do que suas artes e sugere que o todo € maior que a somatéria das propriedades e relacdes de suas partes) pois hd o surgimento de novas propriedades que nao emergem do conhecimento das suas partes constituintes. Dessa ‘maneira, leva a considerar a8 condigdes de emergéneja -asnovas qualidades, que geralmente devem estar els cionadas como arranjo dos elementos, trutura ‘do sistema, Essa abordagem é denominada deftolsticad, definida como a concepeao de que 0 todo possui pro Priedades que rido podem ser explicadas em termos de SeUS consTituintes individuals. © termo holismo foi utilizado por Jan Smuts, aca- demico sul-africano, em 1926, mas inicialmente foi sufocado por idéias envolvendo tanto 0 misticismo como 0 vitalismo, pois surgia como um conceito da ‘metatisica. Posteriormente, 0 termo foi resgatado e atualmente vem sendo usado & aplicado em termos de omponenies erelagdesinternas de unidades inserdas em seus niveis hierérquicos. Considera que na natu a verifca-se a tendéncia para produzir “conjuntos" a bari de grupamento ordenado de esruturasunitérias) Essa tendéncia funcional de organizagao pode ser reco. nhecido em varias categorias de “conjuntos”, levando 4 doutrina de que o funcionamento global (do todo) afeta a8 suas partes components, sendo contraria & anlise 'solada pois as partes nao poderiam ser estudadas e compreendidas_individualmente. Por exemplo, uma organizagao, instituigao ou sociedade é exemplo de um ‘odo, Em conseqtiéncia, as aces individuais s6 podem ser plenamente compreendidas em relacdo ao contexto social do todo. O holismo também leva 3 formulagao de que a Ciéncia se constitui em um sistema integrado, complexo, © ndo como colecdo de disciplinas e setores disparatados) A concepedo de se utilizar unidades complexas, como um todo de natureza integrada representande entidades interativas de lugares e regides nao ¢ nova em Geografia.\GLACKEN (1967) descreveu como a antiga civilizacdo grega elaborou varios conceitos para explicar a sua visdo considerando as relacées consis. lentes e explicativas entre clima e sociedade, ou eae Solos e personalidades.\A proposicao conceitual sobre 38 regides, desenvolvida entre os gedgrafos franceses, exemplifica uma afinidade quase-organica das comu, nidades com o melo ambiente fisico. A funcionalidade integrativa das regides na face da Terra transparece cxplicitamente desde as obras de Car! Ritter. concep- £0 holistica também constitui a base paras obra de Alexandre von Humboldt, sobre Cosmos. A nogio de ecossistema, como sendo sistema interativo e dinimico relaclonando conjuntamente plantas, animals e mate. "ais Inorginicos em determinada rea, foi exposta com ‘Clareza por STODDART (1967).}A nogao de totalidade, em termos do materialismo histérico, também repre. senta uma_concepgio holistica. Mais recentemente, ganhou realce a proposi¢ao sobre GAIA) elaborada por James LOVELOCK (1984; 1988; 19917. A concepeao de geossistema, de SOTCHAVA (1977) e a estruturagao da Ecologia da Paisagem (NAVEH e LINDERMANN, 1984, ‘995; TESER, 1991) enquadram-se no contexto das abordagens holisticas. Outra designagao corresponde 4 Geoecologia (HUGGETT, 1995) Toma-se inadequado entender que haja oposicao, cout as Perspectivas reducionista e holistica. (Elas complementam-se e se tornam necessdrias aos proce. dimentos de andlise em todas as discplinas cientificas} O fundamental € sempre estar ciente da totalidade de sistema abrangente, da complexidade que o caracte- Fiza e da sua estruturagdo hierérquica. (\ abordagem teducionista vai focalizando elementos componentes em cada nivel hierérquico do sistema, mas em cada hlerarquia também se pode individualizar as eritidades ¢ compreendé-las em sua totalidade) Sob uma concep¢o reformulada, substitui a antiga concepgao de analisar arte por parte e, depois, realizar a sintese. © desenvolvimento da aplicabilidade dos sistemas dlinamicos e comportamento castico em Geociéncias € crescente na tiltima década, interagindo com o uso da abordagem analitica fractal e multifractal para o estudo das estruturas e expressividade geométrica Il — DEFINICAO E TIPOLOGIA. DE SISTEMAS © wocabulo sistema, representando conjunto organi 2ado de elementos e de interacdes enire os elementos, possui uso antigo e difuso no conhecimento cientifico (p. ex. sistema solar). Todavia, a preocupagao em se reali- zar abordagem sistémica conceitual e analitica rigorosa surgiu explicitamente na Biologia teorética, na década de 30.(Em fungao de usar da analogia com os sistemas biolégitos, a abordagem foi absorvida e adaptada em varias outras disciplinas. A partir da década de 80 a analogia referencial esté relacionada com os sistemas dindmicos, desenvolvidos na Fisica e Quimica) O conceito de sistemas foi introduzido na Geomorfo- logia por CHORLEY, em 1962, e varios aspectos dessa abordagem foram considerados por CHRISTOFOLETTI (1979), STRAHLER (1980), HUGGETT (1985) e SCHEI- DEGGER (1991) (CHORLEY e KENNEDY (1971)}salientaram o aspecto conectivo do conjunto, formando uma unidade, escre- vendo que “um sistema é um conjunto estruturado de objetos e/ou atributos. Esses objetos e atributos consis. tem de componentes ou varidveis (isto €, fendmenos que sao passiveis de assumir magnitudes variaveis) que “exibem relagdes discerniveis um com os outros e ope- Tam conjuntamente como um todo complexo, de acordo ‘com determinado padrao” Mais recentemente, ao fazer breve revisdo sobre a teoria de sistemas, HAIGH (1985) assinalou que “um sistema é uma totalidade que é criada pela integracao de um conjunto estruturado de partes Componentes, cujas intettelagdes estruturais e funcionais, criam uma inteireza que nao se encontra implicada por aquelas partes componentes quando desagregadas”. Quando se conceituam os fendmenos como sistemas, ‘uma das principais atribuigées e dificuldades est{ em identificar 0s elementos, seus atributos (varidvels) e suas ‘elacées, a fim de delinear com clareza a extensao abran- ‘gida pelo sistema em foco. Praticamente, (s sistemas envolvidos na andlise ambiental funcionam dentro de ‘um ambiente, fazendo parte de um conjunto maiog Esse conjunto maior, no qual se encontra inserido o sistema Particular que se estd estudando, pode ser denominado de‘universo} o qual compreende o conjunto de todos 05. fendmenos-e eventos que, através de suas ane apresentam influéncias condicionadares no sistema focalizado, e também de todos os fendmenos € rem alteragdes € mudancas por causa “do comportamento do referido sistema particular. No Ambito do universo, a fim de estabelecer uma ordem “classificatoria, pode-se_considerar_os_primeiros-como gistemas antecedentes ou controlantes e os segundos comojsistemas subseqiientes ou controlados] Entretanto, ind se deve pensar que exista apenas um encadeamento linear, seqiiencial, entre os sistemas antecedentes, 0 sis- tema que estd se estudando ¢ os sistemas subseqientes. través do mecanismo de retroalimentacdo (feedback), '9s sistemas subseqiientes podem voltar a exercer influ- éncias sobre os antecedentes, numa perteita interacdo entre todo 0 universo) (es a andlise e modelagem ambiental deve-se estar eignte de que distinguir um sistema na multiplicidade Definigio e rpologiadesisemas «5S das caracteristicas e fenémenos da superficie terrestre € ato mental, cuja aco procura abstrairo referido sistema da realidade envolvente. O_procedimento de abstrair, procurando estabelecer os elementos componentes © as relacdes existentes, depende da formacdo intelectual e da_percepcio ambiental apresentada pelo pesquisador. ‘A fim de diminuir a subjetividade envolvida na decisao, CAMPBELL (1958) propés algumas normas para serem consideradas pelo observadar:@)a proximidade espacial de suas unidades;(b) a similaridade de suas unidades;¢) 0 objetivo comum das unidades, e/d) a padronagem dis: tinta ou reconhecivel de suas unidades. Individualmente, qualquer uma dessas regras pode ser desobedecida sem acarretar prejutzos para 0 discernimento do sistema. Por exemplo, nem sempre os elementos components de um sistema esto préximos, contiguos, uns dos outros. Nos sistemas ambientais fisicos, a contiguidade é observada com maior freqiéncia, mas num sistema industrial os ele ‘mentos (fontes de matérias-primas, fdbricas e postos de vvendas) nao apresentam contiguidade espacial. Todavia, o.entrosamento desses critérios permite estabelecer que Tides, tendo em vstaa transformagdo do input ecebido, representam o elo de signficincia do sistema, (0s sistemas podem ser lassficados conforme etios variados, Para a andlise ambiental, o critério funcional e 5-da composicfo integrativa sao os mais importantes) Levando em considera¢ao o critério funcional, Fors- ter, Rapoport e Trucco distinguem os seguintes tipos de Sistemas 4@))sisternas isoladoss4o aqueles que, dadas as condiges “Tniciais, nao softem mais nenhuma perda nem recebern energia ou matéria do ambiente que os circundam. Dessa maneira, conhecendo-se a quantidade inicial je energia li téria, pode- calcular exatamente o evoluir do sistema e qual 0 tempo que decorrerd até o seu final. Richard J. CHOR- LEY (1962) jd assinalou que a concepe0 davisiana do ‘clo de erosio ilustra perfeitamente essa perspectiva, ois se inicia com soerguimento brusco antes que os ‘pfocessos tenham tempo de modificar a paisagem. O cielo comega com o maximo de energia livre devido ao soerguimento e, com 0 decorrer do tempo, os processos vao atuando e rebaixando o conjunto até que aleance o estdgio final, quando a energia livre € diminuta; isso devido a quase uniformidade da érea que foi aplainada em fungao do nivel de base, consti tuindo a denominada peneplanicie. A perspectiva em sistemas isolados favorece a abordagem dos fenome nos através do tratamento-evolutivo e hist6rico, pois pode-se predizer o comego e a sucessao das etapas até 0 seu final (pr Sito i Toa] manttm relacdes come demais sistemas do universo no qual funcionam, odendo ser subdivididos em + pechados quando hé_permuta de_energi “Gecebimento e perda), mas nao de matéri ‘planeta Terra pode ser comsiderado como sisteina ‘do isolado fechado, pois recebe energia solar € também a perde por meio da radiacao para as camadas extra-atmosféricas, mas nao recee nem perde matéria de outros planetas ou ‘ston a nao ser em propor¢do insignificante, quase nula, 0 ciclo __hidrol6gico representa outro exemplo. Os processos Telacionados com as passagens para os estados sélidos, liquido e gasoso, além de representar tro¢a de energia, representa uma transferéncia muito sade dessa energia entre as regides da superficie terresire, como das regides quentes para as temperadas. Entretanto, o volume de agua existente no globo permanece constante; * labertos|sa0 aqueles nos quais ocorem constantes trocas de energia e matéria, tanto recebendo como pettlendo. Os sistemas abertos sao os mais comuns, podendo ser exemplificados por umabacia hidrografica, vertente, homem, cidade, industria, animal e muitos outros. Levando em consideragao critérios para a complexidade da composido integrativa, CHORLEY ¢ KENNEDY (1971) propdem uma classificagdo estrutural e distinguem onze tipos de sistemas. Entre eles, todavia, consideram que os mais relevantes para o campo de a¢ao da Geografia Fisica e anélise ambiental si0 os quatro primeiros.-As definigdes e as caracteristicas s40 as Seguintes: i (@Jsistemas morfoldgicds - sao compostos somente pela associagio das propriedadesfisicas dos sistemas e de seus elementos componentes, ligados com os aspecigs geométricos e de composigao, constituindo os sistemas menos complexos das estruiuras_naiurais. Correspondem as formas, sobre as quais se podem escolher diversas varidveis a serem medidas (comprimento, altura, largura, declividade, granulometria, densidade outras). A coesio e a diregao da conexidade entre tais varidveis so reveladas pela andlise de correlagao. (Funcionalmente, os sistemas morfol6gicos podem ser isolados, fechados ou abertos. Os que normalmente Dertencem ao interesse do pesquisador ambiental sio abertos ou fechados, e muitas de suas propriedades podem ser consideradas como respostas ou ajustamentos a0 fluxo de energia ou matéria através do sistema em seqiigneia aos quais estao ligados) Por exemplo, a densidade de drenagem é uma resposta. 3 hidrologia da érea; a densidade de estradas & resposta Yinlensidade demogréfica e econémica de uma area No contexto da geomorfologia, as redes ce drenagem, as vertentes, as praias, os canais fluviais, as dunas ¢ 25 restingas sio exemplos de sistemas morfoldgicos, ros quais se podem distinguir, medir ¢ correlacionar 2s varidveis geométricas e as de composicio. stemas em segiténcia ou encadeantes{ — sao compostos Por cadsla de subsisemas pessiieto tanto grandeza como localizacao espacial, que sio dinamicamente relacionados por uma cascata de matéria e energia. O posicionamento dos subsistemias E contiguo e nesta seqiiéncia a saida (ouput) de matéria eenergia de um subsistema toma-se a entrada (input) para o subsistema de localizacao_adjacente. Nos sistemas em seqiiéncia a relevancia da andlise incide na caracterizagdo dos fluxos de matéria e energia e nas transformagdes ocorridas em cada subsistema, Importante ¢ lembrar que dentro de cada subsistema deve haver um regulador que trabalhe a fim de repartir © input tecebido de matéria ou energia em dois caminhos: armazenando-o (ou depositando) ow tazendo-o atiavessar o subsistema e torando-o um output do referido subsistema, For exemplo, no subsistema vertente, a 4gua recebida pode ser armazenada nos poros das rochas ou ser transferida | para os ros (escoamento superficial) ou para o lengol subterr’neojno subsistema lencol subterraneo, a gua pode ser armazenada ou ser transferida para as plantas e rios; no subsistema vegetagio, a dgua pode ser armazenada nas plantas ou ser transferida para a almosfera, através da transpirag3o; no subsistema rio, a carga recebida de agua e de detritos pode ser armazenada ou depositada no leito ou.nas planicies de inundagio, ou ser transferida para os lagos e mares. No estudo dos sistemas em seqiiéncia, a focalizagzo analitica principal esta em verificar as relages entre entrada ea salts: Conforme grau de detalhamento ‘que se deseje obier, trés maneiras distintas podem ser aplicadas (CHORLEY e KENNEDY, 1971; figura 1.1) @ jcaixa branca — a tentativa é feita no sentido de identificar e analisar as estocagens,fluxos e outros processos, a fim de obter conhecimento detalhado claro de como a organizacao_intema do sistema funciona a fim de transformar um input em out- ps ©) caixa cinza — envolve conhecimento parcial dp funcionamento do sistema, quando o interesse se centraliza apenas em mimero_limitado de subsistemas, no se considerando as suas operagdes internas; +) caixa preta —o sistema em seu todo é tratado como unidade, sem qualquer consideracao_a_propdsito de sua organizagio e funcionamento interno. A atencdo dirige-se somiente para 0 cardter do ouput resultante de inputs identificados. @sistemas de processos-respostas)— sao formados pela combinacao de sistemas morfoldgicos e sistemas em seqiiéncia. (Os sistemas em seqiéncia indicam 9 ;processo, enquanto 0 morfoldgico representa a fo a tesposta a determinado funcionamento. Ao definit os sistemas de processos-respostas, a énfase maior estd focalizada para identificar as relagdes entre 0 Figura 1.1 — As maneiras de se analisar 0s sistemas em se- giiéncia, através das caixas preta, cinza e branea (conforme Chorley'e Kennedy, 1971). processo eas formas que dele resultam, caracterizando ‘a globalizacao do sistema. Conseqiientemente, pode: se definire estabelecer um equilibro entre o processo “ea forma, de modo que qualquer alteragio no sistema em seqiiéncia serd refletida por altera¢ao na estrutura do sistema morfolégico (isto é, na forma), através de reajustamento das varidveis, em vista a alcangar um ‘0 equilfbrio, estabelecendo uma nova forma. Por outro lado, as ateragbes ocorridas nas formas podem alterar a maneira pela qual 6 proceso se téaliza, "produzindo modificagoes na qualidade dos inputs fornecidos a0 sistema morfoldgico. Por exemplo, Aumentando a capacidade de infiltragio de determinada drea, havers diminuigao no escoamento superficial e na densidade da drenagem, o que reflete na diminuicdo da declividade das vertentes. Essa diminui¢do, por sua vez, facilita a capacidade de infiltragdo e diminui 0 escoamento superficial. Ao contrdrio, diminuindo a capacidade de infiltragdo de uma drea, havers aumento do escoamento superficial € da densidade da drenagem, o que reflee em maior declividade das vertentes. Este aumento, por sua vez, dificult a capacidade de infiltraglo e aumentar 0 escoamento superficial (Sistemas controlados)— sao aqueles que apresentam © datuagao do homem sobre os sistemas de process Tesposias. A complexidade é aumentada pela intervengao hiimana. Quando se examina a estrutura dos sistemas de processo-respostas, verifica-se que hd certas variveis chaves, ou vdlvulas, sobre as quals 0 Thomem pode intervir para produzir moditicagdes na de sistemas 7 distribuigao de matéria e energia dentro dos sistemas em seqiiencia e, conseqiientemente, influenciar nas Tormas que com ele estdo relacionadas, Por exemplo, “modificando a capacidade de infiltragao de determinada rea ou a movimentagao de areias em determinada praia, o homem pode produ, consciente ou inadvertidamente, modificagdes consideréveis na densidade de drenagem ou na geometria da praia Conseqtiéncias também podem ser atribuidas intervenc3o humana, introduzindo novas espécies vegetais ou novas atividades de uso do solo na organiza¢ao regional de determinadas dreas, causando os impactos antrdpicos no sistema ambiental, —r- No desenvolvimento do presente trabalho utiliza-se de modo subjacente a caracterizagio funcional, mas estabelece-se uma alteracao no tocante a proposta de CHORLEY e KENNEDY (1971), Em vez de usar as denominagdes da complexidade da composigao ‘estrutural como sendo categorias de sistemas, ‘emprega-se a nomenclatura para distinguir categorias ‘os procedimentos analiticos sobre os sistemas, como 4 proposto em trabalhos anteriores (CHRISTO- FOLETTI, 1983; 1986-87; 1989; 1990). Dessa maneira, realiza-se a andlise morfoldgica de sistemas, a andlise ‘os processos em sistemas ea andlise da interacio formas e processos em sistemas, Em conseqiiéncia, a “quarla categoria encontra-se relacionada com’a ‘aValiagao dos sistemas e atividades de planejamenia, delineando os procedimentos de interferéncia. ‘Uma outra tipologia de sistemas, atribuida a WEAWER (1958), fo introduzida por WILSON (1981) nos estudos ambientais e por THORNES e FERGUSON (1981) na Geomorfologia, e adotada por HUGGETT (1985). Essa lassificaao distingue trés tipos principais 6s simples, 08 complexos mas desorganizados © os complexos e onganizados. istemas simples): s0 0s compostos por um conjunto de componentes con Eonathater to fos_conjun- famente € agindo um sobre os outros conforme determinadas leis. Como exemplo, o sistema solar € composto pelo Sol e seus planetas, No ambito geomorfoldgico, os matacées existentes em uma vertente pociem ser considerados como formando uum sistema simples. As condigées requeridas para deslocar os matacées e prever sua trajetéria, uma vez deslocados, podem ser previstas em fungao de leis mecanicas envolvendo as forgas, resisténcias e equagdes de movimento. De modo semelhante, 0 movimento dos planetas em torno do Sol pode ser previsto em fungao das leis newtonianas. sistemas conplexos mas desorgantzadoy: si formados por um conjuito de compdnentes, ma 9s objetos si0 considerados como interagindo de janeita fraca ou acidental. Um exemplo ¢ descrito mo 0 gas em um jarro. O sistema poderia consistir milhdes de particulas, colidindo uma com as outras De modo semelhante, as incontaveis particulas 8 Sisremas e modelos individuais de um regolito poderia ser considerado ‘como sistema complexo, mas desorganizado. Em ambos, as interagoes entre as particulas sio mais. acidentais"€ muito numerosas_para serem_estu- adas individualmente, de modo que medidas de agregacao devem ser empregadas; = « [sistemas complexos e organizados;essa concep¢a0 sobre sistemas é recente, e os seus componentes sio vistos como interagindo fortemente uns com (95 outros para formar um sistema complexo e de natureza organizada. Muitos sistemas biolégicos fe ecossisiemas S40 dessa categoria. Muitos sisté- Tas na superficie Terrestre apresentam alto grau de regularidade e conexdes fortes, e podem ser pensados como sistemas altamente complexos € organizados. Um sistema de vertente, como sen- do um sistema de processo — resposta, poderia 0 {ser colocado nessa categoria. Outros exemplos incluem solos, rios e praias. Ill — DEFINICAO E TIPOS DE MODELOS A palavra modelo possui muitas nuangas em seu significado. De modo geral pode ser compreendido como sendo “qualquer representacao simplificada da realidade” ou de um aspecto do mundo real que surja Zomo de Tnteresse 40 pesquisador, que possibilite re- constrilir a realidade, prever um comportamento, uma ‘ransformagao ou uma evolugao. A defini¢ao apresen- tada por HAGGETT e CHORLEY (1967; 1975) ainda per- janece como sendo mais adequada, assinalando que ‘modelo é uma estruturacao simplificada da realidade que supostamente apresenta, de forma generalizada, caracteristicas ou relagées importantes. Os modelos $30 aproximacées altamente subjetivas, por nao incluirem todas as observagdes ou medidas associadas, mas 40 valiosos por obscurecerem detalhes acideniais e por ‘permitirem 6 aparecimento dos aspectos fundamentais da realidade’) Nesse procedimento de transposicao ¢ elaboragio de um esquema representativo, deve-se salientar que nao é a realidade em si que se encontra representada, mas sim a nossa visdo.¢ a maneira de Zomo percebemos e compreendemos essa realidade. ‘Unis Outta Tocalizagao definidora € representada pelo enunciado elaborado por BERRY (1995a), considerando que “um modelo é uma representagao da realidade sob uma forma material (representa¢io tangivel) ou forma Hibolica (representagio absirata)” Em seu trabalho exemplifica que 2 modelagem no campo dos sistemas de informacio geografica envolvem representacao sim- blica das propriedades locacionais (onde), assim como Sos auibutos emdtios(o que) e femporas (auando) descrevendo as caracieristicas © condigdes do espaco e tempo, ‘A questio dafifpologia }ios modelos é assunto que surge amide, multas vezes confundindo a tematica do modelo com as caracteristicas de sua organizagéo. CHORLEY (1964) forneceu uma estrutura inicial para a classificagio dos modelos comumente usados em Geografia, cujo esquema foi ampliado e revisto com referéncia especial para a Geomorfologia (CHORLEY, 1967; 1975). Posteriormente, WOLDENBERG (1985) apresentou uma formulagdo revista do esquema composto por CHORLEY (1967; 1975). Um esquema similar aos propostos por ambos foi também exposto por HAINES-YOUNG e PETCH (1986). Tendo como fun- damentagdo a modelagem em hidrologia, direcionada principalmente aos estudos sobre bacias de drenagem, SINGH (1995) apresentou classificacao de modelos com base em diversos critérios. Em prosseguimento, apresenta-se também uma classificacao dos modelos de simulagio. No campo da Climatologia McGUFFIE e HENDERSON-SELLERS (1996) e HENDERSON-SEL- LERS e McGUFFIE (1997) organizaram sistematizagao para os modelos aplicados nos estudos climatol6gicos. De modo complementar, considerando a modelagem sob a perspectiva dos sistemas de informacdo geogré- fica, BERRY (1995a) apresentou quadro tipolégico dos modelos em SIG. No verbete inserido no dicionério do vocabulério utilizado em Geografia, BRUNET, FERRAS e THERY (1993) consideram que 0s gedgrafos utilizam sobre- tudo as seguintes categorias de modelos, no tocante a linguagem utilizada: a) modelos matemticos, que eventualmente sao apreseiitados sob a forma de equa- ges, com os da gravitagao e da regressao; b) modelos de sistemas, denominados também como esquemas Tégicos, que procuram representar a estrutura do sis- tema e identificar os elementos, fluxos e retroalimen- iacdes; c) modelos preditivos que, construidos como ‘imagens de sistemas, como matrizes de relagdes entre jlementos de um sistema espacial, prevéem a sua evolugdo quando se modificam alguns parametro , certas condic6es de input e valores das varidveis de seus elementos e das relagdes; d) modelos grdficos, ou mais adequadamente corométicos, que representai estrutura de um espaco determinado, de um campo ge- ‘ogrifico. A corematica estd relacionada,com a andlise e interpretagao das estruturas espaciais por meio do ‘Teconhecimento e composicao dos coremas. BRUNET (1980) observa que o corema constitui_a estrutura elementar do da unidade geografica, correspondendo as leis da organizagio espacial. As malhas, redes, dissimetrias, gravitagdes frentes e afrontamentos, interfaces e sindpses s40 consideradas como fatores da origem dos coremas. Os coremas compéem-se em estruturas de estruturas, o que resulta na existéncias de ipos recorrentes (corotipos) e, localmente, de arranjos espaciais tinicos. A — A TIPOLOGIA DOS MODELOS EM GEOMORFOLOGIA CONFORME CHORLEY E WOLDENBERG ‘A configuragdo tipolégica delineada por CHORLEY (1967) e WOLDENBERG (1985) distingue as seguintes categorias; 1 — Modelos andlogos naturais 0s modelos anélogos naturais tem a finalidade de esclarecer determinada categoria de.fendmenos ou sis- ‘emas, traduzindo_seus aspectos supostamente impor- tantes ou caracteristicos por meio de uma representacao analégica considerada mais simples, melhor conhecida ou sob um aspecio mais prontamente observivel do que as ocorréncias na natureza. Pode-se identificar duas classes de modelos andlogos naturais,o hist6rico © 0 espacial. 1.1 —[0s andlogos histéricos bgrupam os fendmenos (geomorfoldgicos, por exemplo) em relagio as suas Posigdes imaginadas nas seqiiéncias controladas pelo ‘tempo, pressupondo que o acontecido antes acontecer novamente, ou que o evento passado é importante para © que existe agéra. De modo semelhante, os aconte- cimentos antigos so interpretados em rela¢do aos, acontecimentos atuais, tomando como principio que “o presente & a chave do passado”. Assim, o fenémeno em estudo € considerado como parte de uma seqiiéncia de eventos reais, individuais e inter-relacionadios, com alto grau de similitude, 1,2 —[Os andlogos espaciais|relacionam um conjunto de fendmenos a outros, pressupondo que as observagies sobre uma paisagem ou sobre um_processo em deter- “minado lugar, talvez mais féceis de fazer ou de cardter ‘mais simples do que em outras 4reas, auxliaré na com- preensao das formas e dos processos ein outros lugares. ‘A comparagdo com outras reas consideradas de alguma forma semelhante permitiré que se facam generalizagdes mais significativas e com maior confianca sobre uma determinada drea em estudo. 2 — Andlogos abstratos s modelos andlogos abstratos fundamentam-se na perspectiva de que a pesquisa pode ser melhor reali- zada pela andlise da estrutura do sistema envolvido na problematica focalizada pela pesquisa, discernindo as suas partes supostamente componentes, de modo que 0 funcionamento de cada parte e as interacdes entre elas ‘possam ser examinadas convenientemente, levando a uuma possivel organiza¢ao completa dos componentes inum todo funcional. Os modelos andlogos abstratos, também denominados como corres is temas fisicos (CHORLEY, 1967) hadc fungao da atividade mental de abstragao a respeito da ordem na natureza, ‘nilfiude entre o modelo e a realidade. Essa categoria de ‘modelos € a que mais adequadamente se enquadra nos procedimentos metodoldgicos convencionais, sendo os primeiros a serem aplicados nas analises quantitativas ligadas com as Geociéncias, nas décadas de 1930 ¢ 1940. ‘Kabordagem de Robert E. HORTON (1932; 1945), sobre andlise hidrolégica em bacias hidrogréficas, representa um exemplo, Definigio € tipos de modelos 9 Pode-se distinguir trés categorias diferentes no con- junto dos modelos andl logos abstratos, em face dos procedimentos de modelagei 2.1 —JModelos experimentais (“Hardware models”)4 Os modelos experimentais baseiam-se na construcao de experimentos visando simular concretamente as ‘caracteristicas e a composigao dos sistemas ambienials, “aifim de exercer controle sobre as variavels e compre- ender a dinamica dos processos. Ha que se registrar 0s critérios diferentes valorizados por CHORLEY (1967) e WOLDENBERG (1985). [CHORLEY (1967)/distingue os nescal modelos andlogos.(Os modelos emfscalaao rigorosa- iiente imitativos de um segmento do mundo real, com o qualse parecem sob alguns aspectos bastante obvios (isto 6, sendo compostos em grande parte dos mesmos tipos de materiais). A semelhanca pode algumas vezes ‘vantagens mais dbvias sao o alto grau de controle que pode ser conseguido sobre a condigues experiments simplificadas ¢ a maneira pela qual o tempo pode ser comprimido. Entre as dificuldades, dois problemas surgem como pertineniies: a) as mudancas de escala afetam_as relagoes entre cértas propriedades do mo- delo e do mundo real (p. ex., proporgao das escalas) de diferentes maneiras, de forma que, por exemplo, as proporgdes cineméticas das escalas (Isto é, as que no implicam em velocidades e aceleragdes) se comportam diferentemente das suas proporgdes lineares (isto é, as ue implicam em comprimentos e formas); b) dificulda- des semelhantes ocorrem com as tentativas de produzir _Proporgies significativas de escalas dinamicas (isto 6, as que implicam em forcas de gravidade, tais como massa ¢ inércia).Os modelos experimentais concretos para simular 0 desenvolvimento de meandros, 0 movimento das geleiras, a dindmica litoranea e a construgao de barragens so exemplos dessa categoria Os modelos experimentais andlogog envolvem ‘mudancas radicais nos procedimentos imifativos das “condigdes ambientais pelos quais 0 modelo é cons- truido. Os objetivos 40 mais limitados do que os “modelos experimentais em escala, porque se destinam ‘a reproduzir apenas alguns aspectos da estrutura rede de relacdes, identificadas no modelo simplifica ‘ou no sistema idealizado do segmento do mundo real. Essas transformacdes so obviamente bastante dificeis, e grandes fontes potenciais de “ruidos” (isto é, confu: sdo extrinseca), porque devem ser feitas presungdes importantes, muitas vezes questionaveis, no tocante a adequacio das mudangas sobre os meios envolvidos. ‘Um exemplo desses modelos concretos andlogos & fornecido por LEWIS e MILLER (1955), usando uma mistura de caulim para simular alguns aspectos da deformacao e abertura de fendas num glaciar de vale. Mais recentemente, os modelos andlogos tenderam a ser ‘substituidos pelos procedimentos da informatica, cujos dowucy se me wm euolla dul» Grvobager 40 programas funcionam considerando a combinagio de Gados sobre as variaveis colhidos em experimentos ou ‘mensurados no mundo real ea modelagem matematica YOLDENBERG (1985), a propésito dos modelos experimentais (“hardware”), identifica trés categorias: pein Li sagplpraaranacaareys anal ‘usando materiais idéntiGos aqueles encontrados na hhatureza, Algumas vezes utiliza-se uma porgao Iimitada do sistema natural. Por exemplo, SCHUMM (1956) ao estudar as badlands de Perth Amboy; © modelos dinamicamente similares mas_geome- tricamente dissimilares, Utiliza-se de relacoes adimen nais envolvendo os parimetros dinamicos, ou mbsmo de materiais naturais, mas as relacoes Beométricas escalares sao alteradas. Por exempld, "ADAMS et al. (1985), considerandoo transporte de sedimentos em relagao ao desenvolvimento de delta fluvial, de BAND (1985), sobre a simulagao do desenvolvimento de vertentes em relagao 3 magni tude e freqiiéncia da erosdo dos fluxos de transbordamento em drea abandonada de mineragao de ouro, e de ROY (1985), nos modelos otimos para (0s angulos de ramificacao fluvial; © )substituigdo de materiais anslogos para simular form, "Scomporiamento dinimica. Exemplos de ROCHEL&t ‘al. (1985), para o desenvolvimento das redes de canais pelo sapeamento das guas subterréneas em Sedimentos finos, como anslogos para alguns val em Marte, e de GREELEY etal (1985) para a abrasio eélica na Terra e em Marte. (B= Modelos matemdticos: Os modelos matematicos Sab absitagdes no sentido dé substituirobjetos, forcas eventos, ec, For uma expresso que contém varlive Parimetios e consiantes matemsticas (KRUMBEIN € GRAIBYLL, 1965), envolvendo a adogao de “um certo numero de idealizagdes dos varios Tendmenos estudados “ea atribuigao, as varias entidades envolvidas, de algumas propriedades estritamente definidas” (NEYMAN e SCOTT, 1957). As caractei senciais dos fendmenos “so anélogas _simbolos abstratos, que podemos registrar. Os fendmenos observados assemelham-se a algo extremamente simples, com muito poucos atributos. A semelhanca ¢ tao grande que as equacées sao um tipo de modelo funcional, pelo ‘qual podemos prever caracteristicas da coisa real que nunéa_observamos” (DANIEL, 1955). No caso da Geomoriologia, o tipo comum de modelo matemético diz respeito_a afirmagbes simplificada c ‘caracieristicas importantes do mundo real (em geral ‘geomeétricas), que podem ser transformadas, segundo. Pressuposigées relativas ao funcionamento basico do “Sistema (em geral relacionadas com as mudangas através do tempo), produzindo, pela verificacao das previ do modelo, em relagdo as situades apropriadas do ‘mundo real, algumas informagdes sobre os mecanismos basicos envolvidos ¢ a sucessio de mudancas sgeométricas as quais a superficie da Terra & submetida através do tempo. As previsdes dos modelos matemsticos podem ser verificadas em relacao ao mundo Teat- Dessa “tmaneira, a correspondéncia ou a divergéncia entre 0 mundo real e 05 efeitos previstos pelo modelo indicam 0 Sucesso que se obtém na construc3o do modelo em relacao ao sistema real ‘Os modelos matemsticos podem ser comumente distinguidos em trés classes; deterministicos, “probabilisticos ou estocésticos, e de otimizagao. EID — Modelos deterministicos! Os modelos mate- indticos deterministicos (si0 baseados nas nodes matemiticas classicas de relacoes exatamente previsiveis, entre variéveis independentes e dependentes e consistem num conjunto de afirmagdes matematicas especificadas (deduzidas da experiéncia ou da intuigd0), a partir das quais conseqiiéncias tinicas podem ser deduzidas pela argumeniagao_matematica,) Esses modelos geralmente encontram-se fundamentados no conhecimento, ou nas ressuposigoes, sobre as leis dos processos fisicos e quimicos. Um exemplo comum envolve a transformagao os perfis de vertentes (SCHEIDEGGER, 1961; 1991), considerando 0 formato inicial e as condigdes dos processos atuantes em sua evolugao. 2.2°3 — Modelos probabilisticos ou estocdsticos:) Os Tmiodelos probabilisticos ou estocéstices Sa0/expressoes que envolvem variaveis, parametros_e constantes matemiticas, juntamente com um ou mais componentes aleatdrios resuliantes de flutuac6es imprevisiveis dos dados de observacao ou da experimentacao} Os modelos probabilisticos sdo-as bases para a slmulagao,podendo assumir tés Caminhamentos 3 simulacdo de Markov, que se baseia nos_estados precedentes do sistema para simular os-estados posteriores. Representa uma cadeia de acontecimentos sucessivos. MORISAWA (1985) utilizou desse proceso para analisar as propriedades topol6gicas das redes de drenagem ‘em 4reas deltaicas. De modo geral foi bem aceito & aplicado pelos geomorfélogos, sendo aplicado para ‘aandlise do desenvolvimento das cavernas caledrias (CURL, 1959), para distinguir as variagdes aleat6rias regionais e locais em perfis longitudinais dos rios do Arizona (MELTON, 1962), e para o desenvolvimento dos pertis longitudinais dos cursos gua, pressupondo que a temperatura e a altura absoluta acima do nivel de base possam ser intercambiadas, e que ha continuidade na gerag3o interna da entropia (taxa de aumento da entropia do sistema + taxa de vazao da entropia = taxa de geracao interna da entropia), por LEOPOLD e LANGBEIN (1962). . ‘+ simulagdo Monie Carlo, na qual_o evento simulado independente dos esiados prévios do sistema. Esse modelo ainda foi pouco utilizado em Geomoriologia, mas é amplamente utilizado em estudos hidrolégicos e na andlise do processo de difusao no setor da Geografia Humana; de_otimizagao,_promovendo_a “‘maximizagao ou minimizagao de alguma forca ou ‘Critério. Por exemplo, para simular o estado provavel de entropia maxima, ou os estados de eficiéncia maxima ou de custos minimos. O estudo de ROY (1985) para estabelecer os modelos de otimizagao dos angulos de ramificacao fluvial é um caso. ‘Modelos de desenho experimental} modelagem temas ambientais envolve o reconhecimento de que, dentro de determinada amplitude dos dados de abservagao, existem certas partes componentes significativas dos sistemas que podem ser identiicadas © analisadas pelo emprego de um desenho (projeto) ex- perimental adequado. De modo geral, predominam os Procedimentos e técnicas estatisticas em sua formulagao. As generalizagdes estatisticas envolvem somente 0 uso de regress0es simples, miiltiplas ou tridimensionais. © modelo de desenho (design) experimental & construido com referéncia a algum outro modelo conceitual sobre a natureza do problema, usando definicées operacionais adequadas para as suas partes componentes. Para essa finalidade, coletam-se os dados considerados relevantes as suas_caracterfsticas geométricas e dinamicas, produzindo-se uma “matriz de dados” ou “estrutura organizada de dados” Essa matriz de dados ¢ analisada por meio de técnicas de regressio, Por exemplo, para produzir um sistema variavel simples, no qual as correla¢des identificadas envolvem a ditec3o € a intensidade da causalidade presumida. WOLDENBERG (1985) assinala trés nuangas para esses ‘Modelos: @)as regressdes entre as varléveis sugerem a intensidade das relagdes e diregdes da causalidade; as relagGes entre as varidveis permitem predigdes sobre as formas. Nesse caso, a causalidade ndo se encontra necessariamente implicada; 9) as observagdes nao-paramétticas, incluindo a Presenga ou auséncia de dados, criam testes para as hipdteses miltiplas de trabalho (apresentadas em 1890 por Chamberlin). As observagdes eliminam determinadas hipéteses e criam novos quebra- cabegas (“puzzles”) demandando novas hipéteses. 3. — Modelos que sintetizam sistemas Os modelos procurando sintetizar os sistemas tem a finalidade de fornecer um quadto global da totalidade “osistema, estabelecendo o grau de conhecimento sobre as partes componentes, interagdes entre os elementos funcionamento interativo entre os inputs e outputs do sistema, 0 objetivo & compreender o sistema como um todo em vez de se basear no estudo detalhado de elementos individuais do sistema ou numa determinada seqiiéncia encadeante dos processos envolvidos em uma Categoria de fluxo. Tais modelos permitem avaliagbes e refere sua complexidade organizacional, aos niveis denominados de “caixas branca, cinza preta” ‘sts nuanas tipol6gicas podem ser consideradas como dem 1 Definicdo € ti sendo © tentativas para especificagdo completa do sistema, “Considerando a sua estrutura e funcionamento, com base no esclarecimento dos inputs, outputs, retroalimentacio e evolucio, Geralmente encontram- Se fundamentados nos trabalhos envolvendo os desenhos (projetos) experimentais; representacao do conhecimento parcial sobre o sistema (abordagem em caixa cinza), focalizando os inputs, ‘outputs e retroalimentac3o, mas sem examinar todos ‘05 mecanismos internos; Jabordagem em caixa preta. A representagdo nao identifica os processos infernos, que s4o pobremente ‘conhecidos. A confiabilidade do modelo baseia-se nos volteios intuitivos. De modo geral, essa conexao en: tte 0 ponto de partida e o produto final pode ser exemplificada por dois casos: a) 98 sistemas em equilfbrio sio dependentes da Tetroalimentaedo negativa, Em conseqiiéncia, a forma (resposta morfolégica) atinge a geometria representativa do estado constant ("steady state”) MORISAWA (1985) aplica esse elacionamento para estabelecer as propriedades topolégicas das redes de drenagem em areas deltaicas; blos_sistemas de conotacio_histérica sao “condicionados pelo tempo” e_envolvem retroalimentac3o positiva. Sob esse aspecto, as “Tespostas podem ser reforcadas e crescentes em sua intensidade, gerando modificagbes que podem ser ciclicas nos estados seqiienciais do sistema, Ha semelhanga com os modelos naturais anslogos, em que as paisagens antigas podem predizer a forma futura das paisagens atuals, B—A TIPOLOGIA PROPOSTA POR HAINES-YOUNG EPETCH HAINES-YOUNG e PETCH (1986) procuram salientar uuma outra definiggo sobre modelos, considerando a funcionalidade para a atividade cientifica, mostrando que sdo_mecanismos pelos quais as premissas sao usadas para possibilitar conclusoes. Em fungao dessa logicidade interna, mostram que “os modelos sao instrumentos usados para elaborar predigées™ A tipologia proposta Baseia-se nos critérios de como sao construfdos utilizados no teste sobre hipsteses, considerando tres aspectos: @ seo modelo é deterministico ou estocistico: @se o modelo é parcial ou plenamente especificado; e@ © seo modelo ¢ “hardware” ou “softwar 9 O primeiro aspecto representa a estrutura dom que se organiza 0 modelo; o segundo refere-se 20 cofffewda empirico, enquanto 0 terceiro se relaciona com aS) condigies do procedimento usado na modelagem (figura 1.2), 12 Sistemas e modelos Figura 1.2 —Classificacto dos modelos, conforme Haines-Young e Petch (1986) (© — A TIPOLOGIA DOS MODELOS EM HIDROLOGIA, CONFORME SINGH Ao apresentar revisio introdutéria a propésito da mo: delagem aplicada as bacias hidrogréficas, SINGH (1995) sintetiza classificacao de modelos utilizados em estudos hidrol6gicos, pois so de diferentes tipos e desenvolvi dos para objetivos diferenciados. Todavia, os critérios de classificagao so possivels porque muitos modelos ‘compartilham das mesmas similaridades estruturais- ‘pressuposicdes. Em face dessa perspectiva, apresenta tipologia dos modelos conforme trés critérios: descri¢ao de processos, grandezas escalares e téenicas de resolucao. Absorve-se tals esquemas classificatdrios, pois consti- ‘tuem referenciais titeis a todos os setores envolvidos com a modelagem de sistemas ambientais. 1 — Classificacdo baseada em processos SINGH (1995) salienta que, sob a perspectiva hidro- \6gica sabre as bacas hidrogeRSGas cat mela dev -abranger cinco componentes (figura 1.3):,a geometria do sistema, envolvendo as caracteristicas e os processos ts; as leis governantes; as condicoes, ntes, € 0 output. Dependendo do tipo suas finalidades, tais componentes po- dem ser combinados de maneiras diferenciadas. Dessa maneira, esta categoria de modelos compreende todos Figura 1.3 — Componentes do modelo hidroldgico para as bacias, de drenagem (conforme Singh, 1995) aqueles que focalizam os processos que contribuem para o output do sistema Os modelos sobre processos podem ser genéricos: (Cumped) ou distribuidos (figura 1.4). Osimodelos gem {cog analisam os processos ocorrentes na bacia em Seu ‘conjinfo, sem se preocupar com as variagoes espaciais “dos processos, inputs, condigGes limitantes e caracteris- ticas (geométricas) da bacia. Representa simplificacSo. nha qual a média da varidve Sfmt O sistema. Por exemplo, o valor médio da precipitaeso_ fem uma bacia hidrogréfica. A implicagdo é que, nas bacias de drenagem, os inputs e as respostas podem ser representadas matematicamente usando-se apenas uma dimensao espacial ou temporal. Dessa maneira, no se consideram as variagSes intemnas da precipitacao, vegetacdo, solos, geologia ou topografia. \s modelos distribuidos]explicitamente levam ex considerario&valblidate espacial dos componentes e dos valores das varidveis no interior da bacia hidrogss- fica. Os modelos abordando os processos de precipitacso escoamento podem levar em conta essa variabilidade espacial. Todavia, a deficiéncia de dados de campo © experimentais, na_pratica, 840 obstéculos & formule ai smente distribuldos, ocorrendo = ‘apresentacao de modelos que englobam caracteristicas genéricas sobre componentes com informacdes Sobre a variabilidade espacial de outros aspectos. Tais mode Jos podem ser considerados como quase-distribuides. servindo de exemplos os modelos Sistema Hidroldgsce Europeu (SHE), 0 modelo matemético deterministice distribuido (HM); modelo de manejo das éguas aguaceiros (Storm Water Management Model, SWMM @ 0 modelo do National Weather Service River Forecast ‘System. (NWSRFS). Na descricao dos processos em ambas as categorias de modelos, a abordagem pode ser deterministica, esi céstica ou mista. Nos casos em que a descrigao € fete por meio das leis de probabilidade para algumas pares do modelo e por meio de expressbes deterministicas pam outras, tomna-se oportuno caracterizar 0s modelos come sendo quase-deterministicos ou quase-estocdisticos. Figura 1.4 — Classificagio de modelos considerando a descrigao dos processos (conforme Singh, 1995) 2 — Classificagao baseada em escalas temporais A grandeza da escala temporal pode ser como critério para distinguir tipologias den ‘em Hidrologia e Climatologia. A escala temporal pode ser definida como uma combinacao de dois intervalos temporais (DISKIN e SIMON, 1979). Um desses inter- ~Walos € usado para os inputs e compuitagbes internas. gundo corfesponde ao intervalo temporal usado ‘Para o output e calibragem do modelo. Com base nes- 'sa descricao, SINGH (1995) observa que os modelos podem ser classificados como sendo: a) baseados em tempo-continuo ou eventos; b) baseados em perfodo didrio; ©) baseados em periodo mensal, e d) perfodos temporal (conforme Singh, 1995) Definigio € ripos de modelos 13 anuais (figura 1.5). Essa classificagao encontra-se fun- damentada na categoria dos dados disponiveis para 0 manejo e computacio. Se ocorrer disponibilidade de “atdos para intervalos menores, tais como em horas ou em minutos, o modelo poderé ser enquadrado nessas ‘pees. A escolha do intervalo de tempo a ser empre- gado sempre estd ligada ao objetivo que se pretende nna modelagem. 3 — Classificagao baseada na escala espacial Levando em conta a grandeza espacial das bacias hhidrograticas, os modelos hidrol6gicos podem ser classi ‘cados em categorias direcionadas para pequenas, médias ‘e grandes bacias (figura 1.5). Os limites de grandeza para essas classes sao arbitrérios, estabelecidos em fungao das possibilidades de andlise e disponibilidade de informa- ‘G0 em vez do significado fisico e dindmico. Em geral, ostuma-se considerar como pequenas bacias aquelas com érea inferior a 100 km*; como médias as situadas na grandeza entre 100 e 1.000 km? e como grandes as que possuem rea maior que 1.000 km. Por exemplo, MOLDAN e CERNY (1994), para as pesquisas a respeito da biogeoquimica de pequenas bacias hidrogréficas, consideram oportuno englobar as que possuem grandeza inferior a 5 kw’. SINGH (1995) mostra que a questao relevante se rela- ciona com a homogeneidade e ponderagao dos processos hiidrol6gicos, sendo fundamentals distinguir duas fases para a geracio do escoamento em bacias: a fase das vertentes e a fase dos canals. As grandes bacias possuem ‘edes de canais bem desenvolvidos e a fase canal, como 4 estocagem nos canals, é processo dominante, ¢ sao menos sensiveis 4s precipitagées de curta duracao e alta intensidade, Nas pequenas bacias, por outro lado, a fase das vertentes € 0 escoamento superticial sio os predominantes, possuindo rede de canais ainda nao perfeitamente es tabelecida e s30 mais sensiveis as precipitacées de curta duragao e alta intensidade. Por outro lado, a medida que aumenta a grandeza espacial hi a ppossibilidade de ocorrer variagdes “jas caracteristicas internas da bacta, ‘evendo:se levar em consideragao a distribuicao espacial desses aspectos. Outro aspecto relevante encontra-se relacionado com as categorias de _uso do solo, que sao fatores influin- ‘do_nas_caracteristicas hidrol6gicas. Conforme a predominancia do uso do solo, SINGH (1992) classificou as bacias como sendo: a) agricolas, b) uurbanas, c) forestadas; d) desérticas; Figura 1.5 — Classificago das baclas de drenagem considerando as escalas espacial e €) montanhosas; ) ‘Paiaastnilas esas eb) mistas. 14 Sistemas e modelos 4 — Classificacao baseada nas técnicas de resoluca0 Confor Sgicos de resolucao, 0s modelos podem ser classificados em ‘iuméricos, andlogos e analfticos (figura 1.6). Os modelos numéricos apresentam_tipologia_diferenciada, Correspondendo aos modelos de diferenca finita, ‘elemento finito, elementos limitantes, coordenadas ajustadas aos limites e mistos. D— CLASSIFICACAO DOS MODELOS DE SIMULACAO EM HIDROLOGIA Em muitos projetos os pesquisadores, planejadores e cengenheiros ambientais encontram dificuldades para 0 desenvolvimento das pesquisas, dos planejamentos e das tomadas-de-decisao téenicas em virtude da caréncia ou ‘mesmo inexisténcia de registro de dados. Essa dificuldade torna-se comum na andlise dos fenémenos climéticos e hidrol6gicos. Para superar tais questdes, costuma-se utilizar dos modelos de_sintese e de_simulacdo como instrumentos para gerar seqtiéncias artficiais de dados a fim de serem aplicadas na racionalizagao das andlises em pesquisa e tomadas-de-deciso como, por exemplo, no controle das cheias, construgao de barragens, sistemas de abastecimento de aguas e recursos hidricos. A imulaciq é definida como a descrico matematica ac poe os um stems alee oe Teas Thidricos-a-uma série de eventos durante um pre- determinado perfodo de tempo. Em hidrologia, por @xemplo, a simulacao pode ser aplicada para calcular a ‘média didria, mensal ou sazonal dos escoamento fluvial utilizando como base os dados da precipitagao, ou computar a descarga hidrografica resultante de um aguaceiro conhecido ou hipotetizado, ou simplesmente para preencher lacunas existentes nas séries de informagdes registradas em estacdes hidrol6gicas ou climéticas. Na perspectiva hidrol6gica, a simulagio é Figura 1.6 — Classificagao de modelos considerando as téenicas, de resolucdo (conforme Singh, 1995) utilizada geralmente para gerar hidrégratos ae escoamento a partir de dads da precipitacso © és Baca de drenagem. Os modelos de[sintese)possuem a potencialidade = ampliar os procedimentos de simulac0, sendo wilizadios ‘Twranldlise de séries temporais com a finalidade de gener seqiiéncias sintéticas de dados sobre precipliacaeiaat escoamento fluvial (didrias, mensais, sazonais e= anuais), que podem ser empregados para preencher l= unas existentes em registros e para analisar 2 acai “wTongo-prazo da capacidade das microbacias © es reservatorios na previsdo de chelas ou quantificar = escoamento a partir de seqiiéncias sintéticas @2 precipitacdo. Os procedimentos de andlise sintésics possibilitam ao pesquisador superar a inadequabssaaae “dos dads, particularmente nos casos em que os =i “Gisponiveis sao ainda de curta duracao. Os registros Se curta duragao so ampliados para escalas temporais mae Tongas, preservani ticas estatisticas das series justagem 3 ume distribuigao de probabilidade predeterminads. Em virtude da ampla difusdo das técnicas computacionais na andlise dos sistemas de recurses: hidricos subterraneos e superficiais, ocorres © desenvolvimento de muitos procedimentos de simulagse Considerando a natureza diversificada dos modelos simulagao que foram desenvolvidos, também suniraam: variadas tentativas de classificdos, proliferando © ws de adjetivos e de critérios diferenciados. VIESSMAN Se e LEWIS (1996) estabelecem a seguinte classificarse descritiva dos modelos de simulagao, procurando sia Js em categorias para escolhas opcionais: fa) modelos fisicos vs. matemdticos:\Os modelos fsicos Tneluem tecnologias andlogas e principios d= six tude aplicados aos modelos em pequenas escalas. Par ‘exemplo, o escoamento simulado em laborat6rio pode ser realizado como sendo redugao escalar de 1:10 e== relagdo ao da natureza. Por outro lado, os modelos matematicos baselam-se em enunciados matemssioas para representar o sistema. A teoria do hidnesais unitétio € modelo matematico da resposia de ms bacia hidrogréfica aos varios eventos chuvosos: (Ghmodeioscontinuos vs. discetos}0s modelos contimam “ estabelecem a modelagemt Cofitinua dos processos ge ocorrem, tais como os modelos fisicos, anslogss © alguns modelos digitais. Todavia, em muitos models digitais de simulagao ha necessidade e vantagens exe se fragmentar as informagdes espaciais e temporai em segmentos de determinada grandeza, qualificandie entao os modelos discretos; (QYnodetos dindmicos vs. estdticos:| Os processes Gee ~envolvem mudangas a0 longo do tempo e interaeSes variando temporalmente podem ser simuladas Se modelos dinamicos. Ao contrério, os modelos estas procuram examinar os processos independentes is tempo; (©jrotats dear vs cneclial 0s modelo Mdescritivos sio estabelecidos para analisar os fenémenos observados por meio do empirismo e do uso de fundamentos bésicos, tais como os pres. supostos da continuidade ou conservagao do momento. Os modelos conceituais baseiamse nas concepeées teéricas para caractrizar e interpreta 0s fentémenos, em ver de descreveraocorréncia empiica do processo fisico. Os modelos elaborados sob as perspectvas de usar dainteligencia artifical sistemas especializados na modelagem de sistemas hidri¢os podem ser clasificados como concetuais: rodelos genérieos vs. distribuiios} Os modelos que ignoram as variagdes espacais dos parametros no in- terior do sistema sio designados como de parametros genéricos. Um exemplo €0 uso do hidrdgrafo unitario para predizer a distribuigao temporal do escoamento Superficial para diferentes aguaceiros sobre dreas de drenagem homogéneas. Os modelos de parimettos distribufdos levam em consideracio as variagbes espaciais do comportamento do processo no interior do sistema, Muitos modelos de simulagao de dguas subterraneas levam em conta as varlagoes no armazenamento transmissividade, com informagdes colhidas para cada unidade de uma rede de celulas superposta& dea espacial do agifero; ‘As duas categorias baseiam-se no recebimento de in- puts pelo sistema e no processo de sua transformagao Para output. No modelo de caixa preta, a trans- formagio é assinalada como genérica apresentando pequena ou nenhuma base fisica dos processos. Nos modelos em caixa cinza e/ou branca, a descrigao imitativa da estrutura dos processos encontta-se _exposta de modo mais detalhado; ynodelos estocdsticos vs. determinsticos| Muitos processos estocésticos podem ser focalizados por abordagens deterministicas se excluir consderagbes dos parametros ou inputs aleatéios. Os modelos de simulagio determingstica descrevem o comportamento do ciclo hidrolégico em termos de relacdes matematicas delineando as interagdes das varias do ciclo. Freqientemente, tas modelos sioestruturados para simular um valor do escoamento, horério ou disrio, a partir de determinadas quantidades ¢a precipitagio na érea da bacia de drenagem. O modelo verfcado ou calibrado comparando-se os resultados da simulagio com os registro existentes. Quando modelo se encontra ajustado para encaixaro periodo de dados conhecidos, pode-se gerar a extensio adicional de periodos na série temporal: in)modelos baseados em eventos vs. contimuas)Os sistemas hidrol6gicos podem ser investigados em maior detalhe quando se diminui 0 tamanho do periodo temporal. Muitos models hidroldgicos sobre processos de curta duragao podem ser considerados 2. Definigdo e ripos de modelos | 15 como simulagao-de-eventos, em contraste com os O)modeios de batango Rdran i preAUEGE) Muitos modelos podem ser Classificados conforme a sua finalidade. Uma distingao importante reside om verlcar ovo model SE ces plz as ono futuras usando informapaes sintétcas sabre at breiptaesecondiges da baca de drenagem ou se prope a verificar os eventos histéricos. 0 modelo de balango hidrico pode ser dfinido como tun meds le fui Ge sses GaleSTTEATETEsates Rstrico nos infusoe, deflunos © mdangas go artnstealinetio pia @ enema ee osteo Salentar que os modelos de simula iilmente comeyam pela estruturapio das moseos de balags Slee alan a pardaset gis gE Teferdobalango em qualquer modelo de smilaao para as condipes furan E— A TIPOLOGIA DOS MODELOS EM CLIMATOLOGIA 0 objetivo da modelagem em Climatologia é simular 08 processos e predizer os efeitos resultantes nas mudancas e nas interagdes internas, Considerando as “atividades ligadas 4 modelagem desenvolvidas pelos Grupos de Trabalho integrantes do Painel Intergo- vernamental sobre Mudangas Climaticas, HENDERSON SELLERS e MeGUFFIE (1997) consideram que os modelos climaticos podem ser classificados em trés categorias: modelos climdticos globais, modelos de impactos ‘Simaticos e modelos integrados de avaliagio, As duas ‘ltimas categorias dependem diretamente dos resultados obtidos nos modelos climaticos globais (figura 1.7). Estes autores também especificam que os modelos de o sistema climatico em fun¢ao dos principios fisicos, ‘quimicos, biol6gicos e, talvez, também dos sociais. Por essa Tazi0, 0 modelo climatico pode ser considerado como compreendendo uma série de equacses. que expressam essas leis, devendo ser uma simplificacao do ‘mundo real. Quanto mais complexa for a representagio, mais dificil se torna 0 uso do modelo, até mesmo ém Computadores muito velozes, e os resultados sempre s30 meras aproximacoe: 1 ~ 0s modelos climéticos de circulagao geral Os modelos climadticos globais foram derivados dos modelos de previsio de tempo, e a modelagem incorpora ‘muito da_matemética e fisica da atmosfera e ‘Particularmente focaliza os processos dindmicos € a Fadiacdo. Somente sao designados pela sigla GCM. ntretanto essa sigla é passfvel de ser interpretada em dois aspectos. O primeiro termo é mais recente e refere se como sendo 0 modelo climético global (“global cli ‘mate model”); 0 segundo mais antigo e refere-se como sendo 0 modelo de circulacdo global ou geral (“general or global circulation model”. Como o tiltimo termo também se refere ao modelo de previsao do tempo, nos 16 estudos climéticos a sigla GCM é compreendida como significando modelo climético de circulacdo sgeral (“general circulation climate del”). Tais modelos podem ser alizados em termos de sua com plexidade, considerando a acopla: ‘gem de elementos e suas rela em fungdo de uma hierarquia, Considerando as caracteristi- cas da superficie terrestre, uma distingdo pode ser atribuida, distin-guindo-se os modelos de circulacao geral dos oceanos (OG- CMs) € os modelos de circulacao geral da atmosfera (AGCMSs). Outra preocupacao crescente na modela- ‘gem climatica reside no desenvol vimento de modelos acoplados, incorporando os componentes ¢ as relagdes entre atmosfera, oceanos e reas glaciérias, visando inclu- sive a incorporacao da biosfera e das atividades s6cio-econdmicas. Dessas atividades de pesquisas surgem os modelos acoplando as relagdes entre oceanos e atmos- fera, designados como OGCMs e AGCMs. A complexidade aumenta quando se incorpora as relagdes com a biosfera, redundando nos modelos chamados AOBGCMs, ou quando se tenta incorporar as mudangas na atmosfera, oceanos e até na quimica dos solos Os modelos climéticos globais de grande escala, desenvolvidos para simular o clima do planeta, realizam simplificagdes devido as interacdes que se realizam nas diferentes escalas espaciais e temporais (WASHINGTON E PARKINSON, 1986; TRENBERTH 1992), 0 que resulta em nuangas e tipos diferenciados para essa categoria de modelos climati- cos. HENDERSON-SELLERS ¢ McGUFFIE (1997) especificam que os principais componentes que dévem ser considerados na elaboragio de um modelo Go-sistema climatico sao: a) fatiagio-Tmput e absorgsota A Fadiagdo solar e a emiss4o da__pigurat.7 — Categorias de modelos climéticas: a) esquema de modelo climético global radiagao infravermelha); b) di (GcM); b) passage escalonada de um GCM para ura madelo de impacto climatic; ¢) namica (movimento em torno do modelo integrado de avaliacdo incluindo, como componente, 0 GCM ou alguns de seus globo pelos ventos e correntes resultados (adaptado de Hendersor. Sellers e McGuff, 1997) Aes anaes he ee“ meme ppeenenenes meme Senet oceanicas, assim como os movimentos verticais como a conveceao e formagao das éguas profundas):; c) processos superficiais (mares e geleiras continentais, neve, Tegetacio); d) quimica (isto é, mudangas da quantidade de carbono entre oceanos, continentes e atmosiera),.¢ _€) resolucao tanto na escala temporal quanto na espacial (tesolucoes especificas no modelo para o periodo de tempo e para as escalas vertical ¢ horizontal). A importancia relativa desses processos também pode ser avaliada sob o critério de hierarquia, no contexto de uma pirdmide de modelagem climatica (figura 1.8) ‘As arestas da parte inferior da piramide representa 68 elementos bésicos dos GCMs, e a complexidade vai aumentando a medida que se caminha para 0 topo. Dessa maneira, também expressa a hierarquizagao dos modelos climaticos de circulagao geral (HENDERSON-SELLERS e McGUFFIE, 1997). Nas proximidades da base da piramide situam-se os modelos climaticos mais simples, que Incorporam apenas um processo primério. Por exemplo, 0s modelos de balango energético sio modelos unidimensionais predizendo a variagao da temperatura da superficie de acordo com a latitude (SELLERS, 1969) Os modelos climéticos unidimensionais sobre a radiagdo e convecedo calculam o perfil da temperatura vertical pela modelagem dos processos radiativos e pelo ajustagem convectiva, que estabelece uma pre- determinada taxa de mudanca. Os modelos estatisticos bidimensionais sobre a dinamica calculam os processos superficiaise a dinamica em uma estrutura zonal média, ‘com uma atmostera apresentando caracteristicas verticais, especificadas. Outros modelos bidimensionais também calculam as reacdes quimicas e uma atmosfera zonal Boros 49) 2.0 $0 (ener atl ineninonc stip dacwceice | 47, média. Nesse contexto, 0s GCMs apreendem a natureza tridimensional da atmosfera e oceanos e procuram representar todos os processos climaticos julgados como relevantes. HENDERSON SELLERS e McGUFFIE (1997) também mostram que hierarquizagao similar pode set aplicada aos modelos climaticos ligados com os oceans. 2.— 0s modelos sobre impactos climaticos ‘A modelagem de impactos climaticos é abrangente e complexa, incorporando os resultados da modelagem ‘climatica geral e conhecimentos relacionados com a ecologia, condigdes sociais e econdmicas (figura T.7 (b) fe superior da figura 1.8). Os modelos de impactos climéticos sdo mais simples em sua formulagéo matematica e surgem como sendo de base empirica, dependendo das informagées contidas nas séries iemporais. Em conseqiiéncia, a aplicabilidade € mais direcionada para as escalas local e regional (HEN. DERSON-SELLERS, 1997). A modelagem procura analisar as conseqiiéncias das mudangas climaticas sobre o nivel dos mares, condigdes ambientais, regimes hidrolégicos, cobertura florestal, agricultura, atividades sociais, vida urbana e condigdes de satide, por exemple. 3 — Modelos integrados de avaliagao (Os modelos integrados de avaliac3o desenvolveram- se em funcao da necessidade de se manter a coeréncia avaliativa das mudangas climaticas nas relagoes entre ‘0s aspectos sotiais, politicos e econémicos, e entre os aspectos fisicos e bioldgicos (ROTMANS et al., 1994)) Duias caracteristicas distinguem esta categoria dos demais tipos de modelos: oferecem valor maior do que as abordagens unidisciplinares © propiciam informagoes relevantes aos responsdveis pelas tomadas-de-decisio K construgao dos modelos inte grados de avaliagao escalonam-se desde 0 uso de poucas equacées, representando respostas simples, até 0s conjuntos muito complexos de equacdes procurando captar todos 08 processos (humanos e fisicos) envolvidos nas mudangas climé ticas. No primeiro caso, 0 input do modelo climatico ¢ simplesmente ‘uma mudanga na temperatura média global acompanhando uma ago especificada, mas no segundo caso um modelo de circulagao geral pode se tornar um componente do modelo integrado de avaliagao (HEN DERSON-SELLERS e McGUFFIE, 1997; figura 1. 7 ¢) ‘CONPLEXIDADE CRESCENTE, Figura 1.8 — As pirdmides da modelagem climética: a pirdmide inferior representa os componentes do modelo de clima global, enquanto a pirdmide superior representa aspectos do modelo de impacto ltmdtico e do modelo integrado de avatiagao (adaptado de Henderson. Sellers e McGuffe, 1997)

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