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ESTRUTURA GENÉTICA EM POPULAÇÕES DE Tabebuia cassinoides:
IMPLICAÇÕES PARA O MANEJO FLORESTAL E A CONSERVAÇAO GENÉTICA I
RESUMO ABSTRACT
SEBBENN, A. M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
SEBBENN, A. M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
cassinoides: uma sem influência antrópica (população Equilíbrio de Hardy-Weinberg (He)' número
natural) e outra que sofreu intervenção através de
manejo tradicional (população manejada). O manejo médio de alelos por loco (Â), porcentagem de
~
tradicional caracteriza-se pelo corte dos indivíduos locos polimórficos (P) e índices de fixação de
acima de 15 em de DAP, com posterior rebrota e/ou Wright (f), estimativas .obtidas a partir do
regeneração por sementes, vindo o corte a seguir programa BIOSYS-l (Swofford & Selander, 1989).
quando os indivíduos regenerados alcançarem As freqüências alélicas foram estimadas por:
novamente o DAP mínimo comercial (15 em), com
idade de aproximadamente 7 anos. A população natural
Pi) = ni;ln.j, onde Pij = freqüência do alelo i na
está localizada na Estação Ecológica da Juréia, do população j; ni) = número de ocorrência do alelo i
Instituto Florestal de São Paulo, municípiode Iguape, SP. na população t. n.j = número total de aleios
A
amido de milho (penetrose 30) a 13%, combinado com A estimativa média sobre os locos de Ho e He
113de arnido de batata (Sigma). As "corridas" foram
foi obtida pela média aritmética entre todos os locos
realizadas no Laboratório de Reprodução e Genética
analisados (monomórficos mais polimórficos). O
de Espécies Arbóreas (LARGEA), em geladeira com
temperatura de 5°C, mantendo-se a corrente constante valor P foi calculado pela média aritmética do
em 35 miliampéres nos eletrodos. As enzimas foram número total de alelos pelo número de
extraídas de tecidos foliares de árvores adultas e locas, sendo que um loco foi considerado
plântulas com um ano de idade, empregando-se polimórfico quando a freqüência do alelo mais
aproximadamente 20 mg de tecido de limbo foliar, 10 mg comum não ultrapassava 95%. O valor  foi
de areia lavada, 7 mg de PolivinilPirrolidona (pVP 40), obtido pela divisão do número total de alelos
7 mg de Polivinil Pirrolidona (PVP-60) e 200 pelo número total de locos. O índice f foi
microlitros de solução de extração número 3 de Soltis
estimado para a média dos locas pela expressão
& Soltis (1989) para tecidos com alta concentração
(Weir, 1996):
de compostos secundários. O tampão do eletrodo e
do gel utilizado foi o Histidina, pH 6,6. As
isoenzimas reveladas foram: Alfa-Esterase (a-EST-
E.C. 3.1.1.1), Fosfoglucomutase (pGM-E.C. 2.7.5.1), f
6-Fosfogluconato Desidrogenase (6PGDH-E.C.
1.1.1.44), Fosfoglucose Isomerase (PGI-E.C.
5.3.l.9), Isocitrato Desidrogenase (IDH-E.C. A significância de f foi obtida a partir
1.l.1.42), Malato Desidrogenase (MDH-E.C. de 10.000 reamostragens "bootstrap" sobre locos.
1.1.1.37), Peroxidase (pO-E.C. 1.11.1.7) e Xiquimato O teste de Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW)
Desidrogenase (SKDH-E. C. 1.l.1.25). O protocolo foi realizado pelo teste exato de Haldane, fornecido
de revelação das isoenzimas é o mesmo apresentado também pelo programa BIOSYS-l (Swofford &
por Alfenas (1998). Selander, 1989).
SEBBENN, A M. et al. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
progênies como aleatórios e de populações como dentro das progênies; F correlação entre alelos
=
fixo. Assim, de acordo com Weir, a variável xij dentro de indivíduos de diferentes populações;
A
corresponde ao alelo '~." na população "i", f = correlação entre alelos dentro de indivíduos
portanto, quando xij estava presente, recebeu o dentro de populações.
valor 1,0 e quando estava ausente recebeu o valor A análise das freqüências alélicas das
zero. O modelo estatístico para a análise árvores adultas foi realizada com base no modelo
hierárquica de indivíduos dentro de progênies foi: estatístico:
Yijk = m +j; + bj(i) + gk(ij)
em que, Yijk = freqüência do alelo k, dentro do em que, Yikl = freqüência do gene I, dentro do
indivíduo i, dentro da progênie i; m = média geral indivíduo k, dentro da população i; m = média geral
das freqüências alélicas; j; = efeito da progênie i,
da freqüência alélica; Pi = efeito fixo da população
com i = 1, 2, ..., a; bf(iJ = efeito do indivíduo i, dentro
i, com i = 1, 2, ..., a; bk(i;: efeito do indivíduo k,
da progênie i, comi = 1, 2, ..., b.; gk{ij) = efeito do
dentro da população i, com k = 1, 2, ..., b-:
alelo k, dentro do indivíduo i, dentro da progênie i,
gl(ik) = efeito do gene I, dentro do indivíduo k, dentro
com k = 1, 2, ..., nij. Os parâmetros genéticos
A da população i, com 1 = 1, 2, ..., n». Os parâmetros
estimados foram: f)F = divergência genética entre A
alelos, dentro de indivíduos de diferentes progênies; entre árvores dentro de populações; F = índice de
A
fixação médio para o conjunto das populações;
f = índice de fixação ou correlação entre alelos A
(*) RITLAND, K. Multilocus mating system program MLTR: version 1.1. Canada: University of Toronto, 1997. (Não publicado).
SEBBENN, A. M. et aI. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
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A
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(l+ê!111 •
1J
--
n
1+ f
+ ----=--
2n
A
Pgm-2, Prx-l, Idh-l e 6Pgdh-l, alelo 3 no loco
ce-Est-I e alelo 1 no loco ce-Est-Z,
população natural. Comportamento semelhante é
na
4 0,109 '"t;l
~
0,754 0,974 0,930 0,667 0,947 0,763 0,918 0,719 0,570 0,933 0,777 1,000 0,759 '~"
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Adultos 2 0,158 0,009 0,053 0,333 0,053 0,237 0,082 0,211 0,404 0,077 0,233 0,223
..''""
Manejada 3 0,088 0,018 0,018 0,070 0,026 0,018 s
c
~
~
(Iguape) 1 0,712 0,948 0,915 0,753 0,900 0,775 0,719 0,635 0,657 0,970 0,974 1,000 0,763
::
~
Progênies 2 0,242 0,036 0,032 0,247 0,100 0,225 0,281 0,290 0,343 0,030 0,026 0,215 s
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105
SEBBENN, A M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
3.2 Distribuição da Variabilidade Genética Entre e de freqüência rara « 5%), os quais são de grande
Dentro de Populações importância evolutiva para a espécie florestal em
caso drástico de alterações ambientais, como
As análises da estrutura genética das aumento na poluição e mudanças climáticas
populações mostraram, tanto para indivíduos (Krusche & Geburek, 1991). Alelos raros
adultos como para progênies, baixa divergência contribuem pouco para medidas de divergência
A
genética entre populações (ê p < 5%), indicando genética entre populações (e p). o efeito de
que mais de 95% da variabilidade genética se encontra amostragem ou deriva genética causado pelo corte
distribuída dentro das populações (TABELA 3). A seletivo, retirando indivíduos com DAP superiores a
maioria dos estudos realizados com espécies 15 em, parece ser a causa da perda de alei os raros.
arbóreas (tanto tropicais como temperadas), Estudos em espécies florestais, avaliando a
utilizando marcadores genéticos co-dominantes variabilidade genética em populações sob seleção
(isoenzimas e microssatélites), têm revelado que a para o melhoramento genético, têm revelado resultados
mãior parte da variabilidade genética se encontra semelhantes. Mori (1993), estudando diferentes
dentro das populações (Hamrick & Godt, 1990). A intensidades de seleção em clones de Eucalyptus
divergência genética entre populações, na maioria grandis, observou a perda de alelos de freqüência
das situações, não supera o patamar de 5%. inferior a 5%, quando a intensidade de seleção era
Maiores valores de divergência genética são de 40% e de alei os com freqüência inferior a 17%,
encontrados quando são estudadas muitas quando a intensidade de seleção utilizada era de
populações, representando uma grande diversidade 17%. Hamrick (1991), comparando 16 populações
de habitats de ocorrência das espécies e/ou existem naturais de Pinus taeda com 2 pomares de sementes
grandes diferenças na taxa de cruzamento entre melhoradas, observou a perda de aproximadamente
populações. Desta forma, como aqui se estudou 40% dos alelos raros com a seleção. Tais resultados
apenas duas populações, distanciadas de somente mostram que a redução do tamanho das populações
100 km, grandes diferenças não eram esperadas. A leva à perda de alelos de baixa freqüência, sendo
baixa diferenciação entre a população natural e a tanto maior a perda quanto maior a redução do
manejada indica que o manejo, até este momento, tamanho da população, em concordância com as
não causou grandes mudanças nas freqüências predições teóricas postuladas pela literatura corrente,
alélicas das populações, isto é, as freqüências que avalia os efeitos do tamanho amostral sobre a
alélicas mantiveram-se parcialmente estáveis entre deriva genética (Crow & Kimura, 1970; Mettler &
populações. Porém, ocorreu a perda de alguns alelos Gregg, 1973; Hart & Clark, 1989; Hedrick, 1999).
SEBBENN, A. M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
A A
TABELA 3 - Índice de fixação médio dentro de populações (f), conjunto das populações ( F), divergência
A A
genética entre progênies «() f) e divergência genética entre populações «() p)' em indivíduos
adultos e progênies de duas populações de 1'. cassinoides.
Progênies'
A
0,195 0,165 0,162
()f
[0,152 a 0,224] [0,126 a 0,205] [0,111 a 0,203]
0,047 0,039
[0,015 a 0,083] [0,l52 a 0,225]
SEBBENN, A. M. el ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
TABELA 4 - Tamanho da amostra (n),c1ones repetidos (nc/ones), número de indivíduos diferentes (n'), número
médio de alelos por loco (Â) e porcentagem de locos polimórficos (p), heterozigosidade
observada (fi o ), heterozigosidade esperada (li e), índice de fixação (j), tamanho efetivo
A
populacional (N),
e
relação entre tamanho efetivo e tamanho da amostra (fi e /n '), taxa de
cruzamento multilocos (i m)' unilocos (t s ), entre aparentados (i m - ts ), taxa de
autofecundação (S), correlação da taxa de cruzamento (f s
) e correlação de paternidade (P p
),
em populações de indivíduos adultos e progênies de T. cassinoides.
Adultos Progênies"
n 56 57 110 100
nc/ones 10 2
n 46 55
2,7 (0,2) 2,4 (0,2) 2,5 (0,2) 2,3 (0,2)
Â
/>(95%) 92,3% 84,6% 84,6% 76,9%
A
0,895 (0,048) 0,783 (0,104)
tlll
A A
0,175 (0,040) 0,092 (0,048)
tm -t s
0,105 0,217
Rev. Inst. Flor., São Paulo, v. \3, n. 2, p. 99-) \3, dez. 200 J.
108
SEBBENN, A. M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
Nas progênies, o índice de fixação dentro- sendo ambos com apenas uma copia. O menor
...•.
número de cIones na população manejada,
de populações (I) e o conjunto das populações
...•. possivelmente está associado ao processo de
(F ) apresentaram valores positivos altos e exploração, isto é, o corte seletivo teria eliminado
significativamente diferentes de zero (TABELA 3), os cIones na população natural.
com exceção do J, na população natural, O número de alei os por locos (Â) e a
indicando excesso de homozigotos e que a porcentagem de locos polimórficos (p) foram
endogamia é comum tanto nas progênies da maiores nas árvores adultas do que nas progênies
população natural como na manejada, mas ena população natural em relação à manejada
especialmente na última. No entanto, avaliando-se (TABELA 4). Primeiro, isto mostra que ocorreu.
estes mesmos índices nos adultos, observa-se deriva genética durante o processo de reprodução
valores positivos e não significativamente diferentes e, segundo, que o manejo reduziu os níveis de
de zero, demonstrando ausência de endogamia e variabilidade genética entre e dentro de locos. As
sugerindo seleção para heterozigotos entre a fas~ de A
entre a fase de plântulas e a fase adulta também foi ( H e) e o índice de fixação dentro das
detectada em Pinus ponderosa (Linhart et al.,
1981), Pseudotsuga menziensii (Shaw & AIIard, populações (f) também foram muito superiores
1982), Abies balsamae (Neale & Adams, 1985), nas plantas adultas em relação às progênies,
Picea mariana (Boyle & Moergenstern, 1986), sugerindo a presença de deriva genética devido
Pinus radiata (Plessas & Strauss, 1986), ao sistema de reprodução, manejo e seleção
Eucalyptus rhodantha (Sampson et ai., 1989), contra homozigotos nas populações.
Euterpes edulis (Reis, 1996), Eucalyptus De forma interessante, as heterozigosidades
argutifolia (Kennington & James, 1997), Genipa e o índice de fixação foram semelhantes nos adultos
americana (Sebbenn et ai., 1998), Eucalyptus da população natural e manejada, mas as
marginata (Millar et aI., 2000), Metrosideros heterozigosidades caíram e o índice de fixação
excelsa (Schimidt-Adams et aI., 2000) e Cariniana aumentou drastricamente na geração de progênies.
legalis (Sebbenn et ai., 2000), entre outros. Este Na população natural, a heterozigosidade observada
fenômeno é altamente favorável à manutenção da caiu e a esperada e o índice de fixação subiram nas
variabilidade genética em populações naturais. progênies, demonstrando que esta população,
Contudo, se o efeito gargalo causado pelo manejo apesar de perder variabilidade genética (H o ) e
seletivo for muito intenso, o parentesco dentro das A
gerações) levando à erosão genética das populações . evolutivo ( H e ) com o processo de reprodução. Já
...•.
população natural foram detectados seis indivíduos tropicais comuns, uma He média de 0,146.
repetidos, sendo dois com uma cópia e quatro com duas Tais resultados, comparados com os aqui
cópias, totalizando 10 possíveis cIones. Na manejada obtidos, demonstram que T. cassinoides
foram detectados apenas dois indivíduos repetidos, apresenta altos níveis de variabilidade genética.
SEBBENN, A. M. et aI. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
A alta variabilidade pode ser atribuída ao fato A eliminação total das porta-sementes e a
de a espécie ser comum, apresentar alta densidade redução do DAP mínimo de corte para 12 em,
espacial, sofrer seleção contra homozigotos e que é a proposta atual dos manejadores, poderá,
apresentar eficientes mecanismos de dispersão com o passar das gerações, levar à degradação
de genes (pólen e sementes), permitindo assun, genética e à redução na produtividade das
uma intensa troca gênica entre e dentro populações sob manejo. A determinação do
de populações. número mínimo de porta-sementes a serem
De modo geral, estes resultados indicam mantidos por hectare pelo manejo deve ser feita
que certos níveis de endogamia são naturalmente "
com base no N e . A estimativa do tamanho efetivo
gerados nas progênies de T. cassinoides, pelo
"
processo de reprodução, porém, o corte seletivo populacional ( N e) foi obtida para os adultos
realizado pelo manejo está alterando drasticamente "
o sistema de reprodução da espécie, gerando
considerando o provável parentesco «() p) e a
maiores níveis de endogamia nas populações sob "
endogamia presente dentro das populações (f). O
manejo. Este comportamento já havia sido descrito
"
como plausível por Sebbenn et al. (2000), apesar de coeficiente () p> mede a divergência genética entre
os autores não terem avaliado a geração de
populações a partir do parentesco dentro das
indivíduos adultos "
populações. li, o N e para progênies foi medido
3.4 Manejo Florestal e Conservação Genética pelo coeficiente de parentesco ou coancestralidade
"
entre plantas dentro de progênies «() f) e pela
A variabilidade genética foi menor na "
população manejada (TABELA 4) devido à perda endogamia no conjunto das progênies (f)
de alelos raros e aumento na taxa de (TABELA 4).
autofecundação e endogamia nas progênies. O corte o
tamanho efetivo foi semelhante entre a
seletivo leva à exclusão de genótipos e, população natural e a manejada, tanto para
consequentemente, à perda de aleIos por deriva as progênies como para' as plantas adultas.
genética, como já discutido anteriormente. Como a Contudo, a relação entre o tamanho efetivo e o
espécie se regenera por rebrota, após o corte, os tamanho amostral, excluindo-se os clones idênticos
genótipos não são efetivamente eliminados das (n ') foi maior na população natural de indivíduos
populações, mas excluídos dos eventos reprodutivos, adultos (0,19) do que na manejada (0,16),
entre a fase de corte e a fase em que a regeneração indicando que cada 100 árvores adultas na
entra novamente em reprodução. A redução da população natural e manejada correspondem,
respectivamente, a 19 e 16 árvores de uma
população reprodutiva, pelo manejo, causa um
população infinita sem parentesco, endogamia e
efeito conhecido como gargalo genético, que é o
praticando cruzamentos aleatórios (pop. panmítica
afunilamento da base genética da população, tendo
ideal). Para progênies, tal relação foi idêntica
como conseqüências a deriva genética, caracterizada
(0,29), apesar do menor tamanho amostral na
pela perda de alelos de baixa freqüência e o aumento "
do grau de parentesco e dos níveis de endogamia população manejada. O N e das plantas adultas foi
dentro das populações (Ellstrand & Elam, 1993). expressivamente inferior aos apresentados pelas
Desta forma, as freqüências alélicas das próximas "
progênies, para ambas as populações. O Ne é
gerações sempre serão dominadas pelas freqüências
mais afetado pelo parentesco dentro das
alélicas das porta-sementes, devido a estas
populações do que pela endogamia. Portanto, a
produzirem maior quantidade de pólen e óvulos.
presença de parentesco dentro das populações
Para tanto, é necessária a manutenção de um "
número de porta-sementes por hectare que minimize causa maior redução no N e' do que a endogamia
os efeitos adversos da deriva genética. por si só.
SEBBENN, A M. et aI. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
o
tamanho efetivo de 50 plantas tem sido Os resultados obtidos neste estudo, apesar
preconizado como mínimo para a conservação de esperados pela teoria corrente em genética de
genética de uma população a curto prazo (Frankel & populações, são preliminares, sendo importante a
Soulé, 1981). Como este tamanho foi determinado avaliação genética de um número maior de
para espécies que apresentam gerações discretas, sem populações manejadas e naturais, a fim de sedimentar
sobreposição de gerações, Sebbenn et ai. (2001)* melhor os resultados observados. Assim, sugere-se em
sugeriram que este número seja ampliado em um futuro estudo, a análise de mais uma população
espécies florestais para pelo menos 60. Adotando-se natural e três manejadas. O tamanho amostral para
tal recomendação, os resultados mostraram que para plantas adultas pode ser o mesmo aqui utilizado
se manter o tamanho efetivode 60 plantas por população, (> 50 árvores/população), mas o de progênies deve
é necessário preservar pelo menos 318 [(46 x 60)/8,7] ser ampliado para aproximadamente 30 progênies
árvores por população. Definindo arbitrariamente a por população e 10 plantas por progênie, com base
área ocupada por uma população de T cassinoides em Sebbenn et ai. (2001).
em, no máximo 4 hectares, a conservação in situ de
80 (318 árvores/4 ha) árvores por hectare, permite a
preservação do tamanho efetivo de 60. Sebbenn et ai. 5 CONCLUSÕES
(2000) determinaram com base em estimativas
1. A distribuição da variabilidade genética entre e
otimistas, a necessidade de preservar 60 árvores porta-
dentro de populações revelou que mais de 95%
sementes por hectare para a conservação de um tamanho
da variabilidade genética se encontra distribuída
efetivo de 50 plantas por hectare, resultado muito
dentro das populações.
semelhante ao encontrado diretamente com avaliação
do tamanho efetivo das populações de indivíduos 2. A divergência genética entre a população
adultos. Tendo em vista que ocorrem aproximadamente manejada e a natural, apesar de baixa, revelou a
324 indivíduospor hectare com DAP superior a 15 cm**, perda de aleios raros, por deriva genética,
80 árvores por hectare, correspondem à conservação de causada pelo manejo realizado.
apenas 25% do total dos indivíduos,logo, a exploração de
3. O manejo realizado causou a perda de a1elos raros,
75% das árvores com DAP superior a 15 em. As
redução nas heterozigosidades,porcentagem de locos
plantas preservadas como porta-sementes devem estar
polimórficose aumento no coeficientede endogamia.
em plena fase reprodutiva e distribuídas
uniformemente por toda a área dos caixetais, a fim de 4. As progênies foram compostas por misturas de
otimizar os cruzamentos e reduzir a probabilidade de meios-irmãos, irmãos-completos e indivíduos de
selecionardones idênticose indivíduos aparentados. autofecundação.
O aumento no número de porta-sementes 5. Para efetivar o manejo sustentável da espécie,
possivelmente reduz a taxa de autofecundação, pela considerando o componente genético, é
menor distância entre as plantas e, principalmente, necessária a conservação de pelo menos 80
aumentando o número de indivíduos contribuintes árvores porta-sementes por hectare.
para as freqüências alélicas das próximas gerações,
reduzindo assim as chances de perda de alelos por
deriva genética. Recomenda-se também que 6 AGRADECIMENTOS
populações sejam conservadas intactas in situ, em
toda área de ocorrência natural da espécie e ex situ Os autores são gratos aos técnicos Elza
com material igualmente coletado de toda a área de M. Ferraz e Gelson D. Fernandes pelo apoio
ocorrência. Para a conservação ex situ recomenda-se, técnico no laboratório de eletroforese de isoenzimas
com base em Sebbenn et al. (2001), que pelo menos do Departamento de Ciências Florestais da
30 populações sejam amostradas, sendo em cada uma ESALQ/USP e à FAPESP pelo financiamento do
coletada sementes de pelo menos 15 árvores. projeto (processo nº 95/04638-0).
(*) SEBBENN, A. M.; VENCOVSKY, R.; KAGEYAMA, P. Y. Tamanho e número de populações para a conservação genética de espécies florestais.
São Paulo: Instituto Florestal, 2001. 37 p. (Em preparação).
(**) Marquesini, dados não publicados.
SEBBENN, A. M. et ai. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
SEBBENN, A M. et al. Estrutura genética em populações de Tabebuia cassinoides: implicações para o manejo florestal e a conservação genética.
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