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PSICODRAMA BIPESSOAL Sua técnica, seu terapeuta e seu paciente Rosa Cukier 0K UFC/BU/BH 06m: is 8 ll il wt Psicodrama bipessoal RAB ROI1RIT Il O que € 0 psicodrama bipessoal? Por psicodrama bipessoal se designa a abordagem terapéutica otiunda do psicodrama, que nao faz uso de egos auxiliares ¢ alende apenas a um paciénte de cada vez, configurando uma siluagao de relacao bipessoal, ou seja, um paciente e um terapeuta, A tarefa de descrever esse tipo de psicodrama apresenta uma série de problemas peculiares. Primeiro, é dificil dizer quem o inventou. Tem-se a impressdo de que cle sempre esteve ai, como um filho bastardo do dr. Moreno, de quando em vez também mencionado por outros autores. O prdprio nome utilizado para se referir a esta modalidade psicote- rpica varia de autor para autor. Psicodrama a dois para Moreno, psicodra- ma bipessoal para Bustos, psicoterapia da relagdo para Fonseca, psicoterapia psicodramatica individual bipessoal pata os mais rigorosos com a teoria; enfim, todas essas sao formas de nomear terapias psicodramaticas indivi- duais que nao fazem uso de egos auxiliares. Algumas questées tedricas importantes morfia de nomes: (0 aglutinadas nesta poli- 1. Prescindir do contexto grupal e do papel de ego auxiliar implica desfigurar o tipo de trabalho que Moreno chamou de psicodrama. Nao seria mais respeitoso assumir um desvio tedtico, utilizando outro nome para esse tipo de psicoterapia, como, por exemplo, psicoterapia psicodramatica? 2. O termo bipessoal descteve o mimero de clientes (grupo ou um pa- ciente), ou se refere ao ntimero de terapeutas (terapeuta ¢ ego auxiliar ou terapeuta tinico?), Ndo seria preferivel especificar individual e bipessoal, para dar conta dessas nuangas? 3. O psicodrama de Moreno consistiu em sua maior parte de atos terapéu- licos e nao de terapias processuais, tal qual realizamos hoje em dia. Nao deveriamos utilizar outro nome para uma abordagem psicotenipica processual’? 17 \ | 4, Bo que dizer da assimilagao de influéncias tedricas e praticas outras, tais como da psicanilise e da gestalt-terapia? Como deve se chamar um psicodrama que acaba incluindo esses e outros procedimentos? A literatura atual nfo apresenta um consenso a esse respeito, mas existe uma tendéncia em nosso meio, como bem diz Perazzo*, de se consagrar o nome — psicodrama bipessoal —, apesar dos questionamen- tos tedricos que este suscita, Pessoalmente acredito que, se um determinado nome ou jargao é eleito por um grande numero de pessoas, isso por si sé jé mostra sua eficdcia significante. O termo psicodrama bipessoal é simples ¢ sintético: diz claramente ser psicodrama e incluir apenas duas pessoas. Além disso, creio que o psicodrama realizado hoje em dia nao é semelhante aquele ensinado por Moreno, nem quando atendemos em grupo'e nem mesmo quando utiliza- mos um ego auxiliar. Por isso, a questao do respeito a Moreno me parece mais complexa do que simplesmente trocar um nome. O psicodrama mudou, evoluiu, sobretudo aqui no Brasil. Nunca se escreveu tanto a respeito dessa abordagem como ultimamente. Nao temos que estar atados as colocagdes de Moreno, fazendo delas nossas consetvas tedricas. E preciso ponderar, por exemplo, sobre o fato de Moreno estar extremamente comprometido com um enfrentamento a psicandlise, que, para cle, era um método de trabalho oposto e totalmente divergente do seu. Nao fazia sentido, dentro dessa oposigao, avalizar um psicodrama com um enquadre bipessoal. Concordo com Bustos? quando ele diz que a psicandlise e o psico- drama, se tomados como alternativas absolutas, determinam uma parciali- zago empobrecedora dos possiveis beneficios que poderiam extrair uma da outra. Nao cteio que Moreno pensasse assim, mas eu penso. Além disso, acho que podemos mostrar nosso respeito a Moreno nao s6 quando explicitamos claramente o que ele pensava, mas também quando usamos de nossa espontaneidade para criar a partir daquilo que ele deixou. E isso o que pretendo fazer, comegando por rastrear a literatura, a fim de conhecer 0 que pensam os outros autores sobre esse tema, com destaque ao préprio Moreno. 1. O psicodrama bipessoal na literatura A 4 coi - on F Rojas-Bermudez’ assinala que a evoluigio do enquadre das técnicas psico- terdpicas iniciou-se com a situagio bipessoal na psicanillise, seguindo-se a terapia individual no grupo e, mais tarde, a terapia grupal propriamente dita. ~ 18 O psicodrama bipessoal representa, portanto, um retrocessof Come+ gando por Moreno”, vemos que ele raramente menciona essa possibilidade da técnica, e quando o faz é de forma algo pejorativa; O psicodrama a dois, paralelo da situagdo psicanalitica do diva, vem sendo experimentado, de tempos em tempos, mas é interessante apontar que o psicodramatista, em sua pritica particular, prefere muitas vezes empregar sua enfermeira como ego auxiliar a fim de manter impoluta sua propria identidade de diretor. Apesar desse depoimento, sabemos que, pelo menos em duas oca- sides, Moreno fez uso de um atendimento bipessoal®: no caso Rath e no Psicodrama de Adolf Hitler. Esses casos clinicos no patecem, entretanto, ter tido maior impacto em sua obra, uma vez que em nenhum momento Moreno formalmente prescinde ou questiona.a fung4o do ego auxiliar. «A fungio do ego auxiliar foi considerada indispensdvel na situagio expe- timental do psicodrama, como um conceito para a compreensao do proceso interpessoal que ocorre no palco,-assim como um instrumento para-o tratamento’. (grifo da autora) Ag ego auxiliar sao atribuidas trés fungdes: ator — representando os papéis exigidos pelo munde do sujeito, agente terapéutico e investigador social. Uma das atribuigdes do ego auxiliar, segundo Moreno, é ser um observador participante. Moreno chega a pressagiar que essa modalidade de observagao romperia a dificuldade metodoldgica das ciéncias humanas, comparadas as ciéncias exatas. De‘alguma forma a distancia Gtima para uma observacio cientifica seria ganha através do terapeuta, que observa o ego auxiliar, que por sua vez é também um observador, mas um observador-participante. Se rastrearmos um pouco mais o pensamento de Moreno, percebere- mos que também para ele houve mudangas na forma de conceber a fungdo de ego auxiliar. No inicio temos a impressio de que a fungao principal do ego auxiliar era ocupar o lugar do outro que nao estava presente na sesSio, © que o proprio terapeuta podia fazer isso. : +08 pacientes recorrem ao psiquiatra para serem ajudados a enitentar um: conflito social, onde outra pessoa tem um papel essencial. Este situagao. forgou-nos a dar o primeiro passo na nova técnica. Q psiquiatra passou a serum exo -auxiliar, Ble ainda era o principal agente no processo.de.cura.., lo as inter-relagdes_envolvidas_numa neurose social_se tornaram ampli demais, opsiquiaua y mpelido a usar outros agentes terapéulticos ¢aafastar-se da cena, para converter-se num ego auxiliar a distancia’. (grifo da autora) wg 19 os A técnica psicodramatica evolui de forma a incluir cada vez mais egos auxiliares: A técnica exig a, habitualmente, mais de um auxiliar terapéutico para o paciente, isto é, auxiliares que induzissem 0 prdprio paciente a artancat ¢ representantes dos principais papéis que a situagio © 0 préprio paciente pudessem requerer. Em vez. de um ego auxiliar, foram necessdrios numero- Sos egos auxiliares. Pot conseguinte chegou-sea isto ocgoauxiliar origi Opsiquiatra, manteve-se a uma certa distancia, mas cercou-se de uma equipe de egos auxiliares’ quem ele coordenava e pata que esbocava, em suas Jinhas gerais, 0 rumo e 9 objective do tratamento psicodramatca”. (erifo da autora) A criagdo desta fungao ego auxiliar parece servir também como critica de Moreno ao papel do psiquiatra classico e A postura rigida dos terapeutas da época. A luz da sociometria ele perecbeu que a tele-terapéu- lica estava distribuida por toda a comunidade e que a tarefa principal do médico era tornd-la efetiva ¢ guid-la para os canais apropriados. --Para superar esta desvantagem (da furngdo tradicional do psiquiatra) desenvolvemos a fungio ego que, segundo esperivamos, ampliaria 0 Ambito ¢ aumentaria a flexihilidade de seu papel (0 papel do psiquiatra)™ ...O psiquiatra principal tem de ser posto fora de agao, a fim de ser removido da cena; torna-se um ego auxiliar a distancia. A sua fungdo reduziu-se a decidir qi poderia ser o melhor agente terapéutico para quem e a ajudar potmnreerroera) Enfim, 0 psicodrama a dois nao meteceu muita dedicagao de Moreno e, absolutamente, nao foi considerado uma modalidade terapéutica impor- tante. Bustos!?, citando conversas que teve com Moreno, afirma que ele ‘Considerava o psicodrama a dois um exemplo de antiespontaneidade ¢ que se devia 4 incapacidade do diretor para incluir outros em seu trabalho. Além de Moreno, outros autores minimizam a importancia do psico- drama bipessoal. E 0 caso de Bermudes, na Argentina, ¢ Vitor C, Dias, no Brasil. Rojas-Bermudez!* considera a relagio estrutural dt telacao triangular, 4 qual se agrcgam o jogo de personager alheios. O ego auxiliar na fungao de ator ¢/ou investigadc indisj nqguadr ‘apéutico, uma vez que cons! ta, a unidade funcional. miditica uma proprios e U6 parte 1, junto com ..Aunidade funcional 60 subsistema responsével, do ponto de vista técnico, pelo sucesso dos objetivos propostos a nivel grupal e individual", Rojas-Bermudez tampouco deu muita énfase ao trabalho bipessoal. E dificil, inclusive, encontrar mengées dessa modalidade psicoterapica em. sua obra. Vitor C. Dias! considera 0 psicodrama bipessoal mais desvantajoso do que vanlajoso, € © objetiva, claramente, as dificuldades desta modalidade técnica. Um dos mai é aque juestio da asians lerapéutica. gar OS papcis complemeniares do pi sian (por Tate de um ego Tuxiliar para [azé-[o) propiciaria uma alta probabilidade de contaminacdo contratransferencial, prejudicando seu papel de diretor, que ficaria abandonado nessas ocasides. Além disso, a falta de um ego auxiliar empobreceria_o instrumental dramatico, que ficaria restrito ao psi sicodrama interno e ao onirodrama, facilitando o uso indiscriminado dos depoimentos e do compartilhar. Do ponto de vista do cliente, a perda di da distancia ‘erapéutica (vivida no jogo de papéis como terapeuta) o: ‘causaria uma cao de desprotecao, um estimulo da carga transferencial ¢ um prejuizo em sua capacidade de observagao. Além disso, segundo Vitor, a relagdo dual € artificial e nao tem paralelos na vida real. 2. Abordagens alternativas para terapias psicodramaticas individuais Em nosso meio, alguns autores buscaram a seu modo solucionar aquilo que, muito acertadamente, José Fonseca'® chama de “ “angustia do psico- seu setting de psicoterapia indivi dual”. Essa. angustia é de natureza eminentemente | técnica, uma vez que o manancial de manejos terapéuticos deixado por Moreno se refere sobretu- do ao trabalho grupal, onde a agao, caracteristica central da abordagem psicodramatica, facilmente se desenrola. Como incorporar essa dimensio ao trabalho terapéutico na auséncia de egos auxiliares € de grupo? Esse tem sido o impasse desses autores. Fonseca!’ desenvolve 0 que ele chama de terapia da relagao, onde utiliza procedimentos de ago (duplo-espelho, inversio de papéis, concre-h lizagio, maximizagio, presentificagio e também psicodrama intemo) cf verhais (interagio coloquial, assinalamento verbal ¢ corporal, interpreta- do). 1a técnica é que: Como este autor explicita, o essencial de s portanto, expressando sua posigao ‘sua emogao através de seu pa| el (papel dé tempeuta, ou seja, de forma terapéutica)””. Quanto aos procedimentos de agao, o caracteristico do autor éo que ele nomina de “técnica_de_guerrilhas”, ou seja, dramatizagdes_curtas centradas na troca de papéis, no jogo de duplo, e em, flashes de psicodrama jhiterno, ou técnica do videotelpe (em vez da cldéssica montagem de cena), ——Além de Fonseca, outros autores buscaram formas de manejar a ago no psicodrama bipessoal. Luis Altenfelder Filho” enfatiza a utilizagao do desenho — psicograma — na sitnagao a dois, sobretudo com pessoas que er itheuld de para dramatizar du por um temor excessivo ao descontrole, ou por limitagGes fisicas. . Através do desenho do material conflitivo, e com a adequada utiliza- g4o das técnicas classicas de dramatizagao: troca de papel, espelho, concre- tizagdo, onirodrama e outras, consegue-se um trabalho psicodramatico, sem necessidade do ego auxiliar. Sé a técnica do duplo fica limitada nestas situagdes. J4 Arthur Kaufman”? propde como alternativa de abordagem em psicodrama bipessoal a utilizagao de um estojo terapéutico, composto de varios tipos de brinquedos: bebés, bonecos seriados etc. Acredita que é possivel a utilizag&o de brinquedos para representar as figuras internalizadas, além de fatos e sentimentos dificeis de descrever ou reconhecer, e, a partit dessa representacdo, recorter a técnica psicodta- matica. Além disso, vé no emprego desses recursos lidicos.a vantagem de minimizar a necessidade de 0 paciente recorrer a mecanismos de defesa mais regressivos, principalmente porque considera mais “inofensiva” essa forma de trabalhar seus problemas. 3. O psicodrama bipessoal de Bustos A autoridade que melhor avalizou a utilizagao do psicodrama bipessoal no Brasil foi sem duvida o dr. Dalmito M. Bustos. Para ele*’, a psicoterapia psicodramatica individual bipessoal, ou psicoterapia psicodramatica bipes- soal™, simplesmente, é aquela situagdo terapéutica que envolve um pa- ciente ¢ um terapeuta. Ela repete o modelo relacional mie-filho, é um vinculo mais protetor, mas também mais temido. E indicada_nos inicios de terapia, exatamente porque propicia a ago das primeitas relagoes afetivas, fornecendo um contexto apeul ‘otetor, Unico de atengao ¢ Além disso, o processo individual propicia um sistema de autoco- nhecimento mais apurado, fornecendo um contexto onde as unicas tensdes provém do vineulo com 6 terapeuta, —, O moo / reoperctvl o 4 En Jesn-k 22 ae paras 23 cones i — Quanto as indicagGes, Bustos ™ considera que 0 psicodrama indivi- dual é quase sempre indicado antes de um processo grupal. So fuas excegbes a essa regra: 1. Para pacientes que chegam a terapia com 'um maior nivel de intégrago jos conilitos se referem, fundamentalmente, & estera das relagses lindo insight suficiente sobre as MotivagSes de seus 2. Para pacientes com caracteteopatias crénicas, os quais geralmente nio aproveitam a relagao bipessoal, trazendo pouco material As sessoes indivi- duais, tornai is ¢ penusas. O grupo terapéutico pode ser, para 7 onde participam de um processo mais passiva- mente, até que lentamente os conflitos expostos por seus companheiros de grupo comecem a mobilizd-los. Neste momento, costumam comecar a pedir sessdes individuais a fim de prosseguir o tratamento em ambas as formas de terapia, ou prosseguem sé com a terapia individual, Excluindo essas duas situagdes, Bustos recomenda 6. tratamento individual numa freqiiéncia de duas sessdes semanais durante um periodo que varia de seis mesesa dois anos, espago de tempo considerado suficiente para que o paciente se integre a um grupo terapéutico. A respeito da metodologia, esse autor utiliza técnicas verbais efou psicodramaticas de acordo com o tipo de conflito. As técnicas psicodrai Gicas utilizadas incluem a montagem classica, substituindo o ego auxiliar ‘por almofadas ou objetos da sala, aos quais‘o terapeuta da vida, emprestan- do a sua Voz, sua forga, mas raramente contracenando diretamente coi o pacienté. Bustos também utiliza outras téchicas, tais como o psicodrama interno, jogos dramaticos, que discriminaremos mais adiante. 4, Meu enfoque Muitos profissionais acham que o psicodrama bipessoal é a forma de trabalho com a qual temos que nos conformar, na falta de pacientes suficientes para compor grupos terapéuticos, ou na falta de condigdes finaneeiras para se pagar um ego auxiliar. Por outro lado, sabemos que uma grande majoria desses mesmos profissionais experimentou, durante seus anos de formagio e aperfeigoamento, pelo menos um periodo de terapia bipessoal. O que faz com que um método seja bom para o proprio ana ‘mas nio para seu paciente? Parece que é dificil assumir e justifiear a pritica do psicodrama bipessoal, provavelmente pela falta de aval de Moreno. 23 eT em 4 Para mim, 0 psicodrama bipessoal nao consiste nessa abordagem terapéutica “menor”, ou necessariamente prepatatora pata uina (erapid grupal, como pensam muitos autores, Gosto quatide Moisés Aguiar’ se refere a ele como “o teatro ¢: pontiines ¢ em uma de suas mais criativas formas”. “TX condigio de ser um individuo precede a condigio de ser um elemento num grupo: por isso, compreender esse individuo em todas as suas nuangas, desde as peculiaridades de suas ptimeitas trocas afetivas até a complexa estruturagdo de seus conflitos e defesas atuais, é primordial para qualquer procedimento terapéutico. O desenvolvimento emocional do individuo perpassa, necessaria- mente, uma fase autocentrada, onde o outro nao & percebido em sua exterioridade, mas sim como parte integrada do ego que, 40s poucos, ganha diferenciagao. Nesse sentido, a atengao focal, a continéncia ¢ acei- tagao que 0 psicodrama bipessoal garante, repete 0 modelo relacional mae-bebé, cuja importancia creio ja ter sido suficientemente roconhecida por todas as abordagens psicolégicas até hoje conhecidas. Além disso, 0 outro também estd presente e disponivel para o contato, quando e como o paciente o necessitar. Esse outro tem uma natureza bipartida, com um pdlo concreto vivamente atuado pelo terapeuta em sua relagiio real com o paciente, e um pélo simbélico — atuado pelo paciente nos contrapapéis de sua vida. Por outro lado, se considerarmos 0 ponto de vista de Piaget”®, veremos que o funcionamento cognitivo evolui de uma forma concreta para outras cada vez mais complexas ¢ abstratas. A presenga de um ego auxiliar na cena terapéutica parece responder bem a essa necessidade evolutiva de perpassar uma fase concretista, na medida em que o ego auxiliar se oferece para concretizagao do mundo interno do paciente (seus sentimentos, suas emogées, a forma como intro- jeta seus vinculos significativos). Ou seja, se, por um lado, o ego auxiliar facilita a apreensio do material simbolico € abstrato, por outro, configura uma situagio afetiva triangular, -_mais elaborada e exigente. Sua nao ulilizagao tem, portanto, vantag desvantagens. Uma das desvantagens referidas se relaciona com a questio da perda de distancia terapéutica e as concomitantes confus contratransferenciais dela resultante. ‘A isso eu gostatia de acrescentar que o psicodrama bipessoal nao se propde a estimular ou eriar nenhuma neurose de transferéneia, mas nao tem também a pretensio de que esses desviantes da relagdo télica normal nic ocorram, Eles ocorrem sim, em qualquer forma de terapia e com qualquer manejo téenico. Ja se passou quase um século desde que Freud °° fez essa Ses transferenciais © \ ee A S a 2 Fates eS aun teeene 24 Ae Hae perpen pe bipsen® descoberta ¢, sem diivida, temos condigdes hoje em dia de lidar com essas questdes quando elas ocorrerem. Tgualmente somos capazes, ainda que isso exija algum treino, de lidar com a sobrecarga de fungGes que o papel de terapeuta requer nessas condigées Nao acho que 0 terapeuta perca seu papel de dirctor, mesmo gue, eventualmente, contracene com 0 pacienté (Verbalmente como o Taz Fon- Seca; emprestando partes suas, como Bustos; ou mesmo diretamente, como As vezes acontece). Esse é 0 nosso papel fundamental, e, ainda que por vezes nos sintamos confusos, nao creio que seja o dramatizagGes 0 respons emergente. A propria supervisdo, enquanto etapa intrinseca de nosso trabalho profissional, nosmostra que muitas vezes sobrepomos ao papel profissio- nal ruidos de nossa vida emocional, ¢ isso independe de sermos terapeutas m de grupo, de trabalharmos com um tinico paciente ou de contratarmos um g? ego auxiliar. to de atuar nas vel por essa confusio, mas antes, 0 material \ Enfim, talvez a maior perda no trabalho psicodramatico bipessoal se Q de um referencial técnico classico e concomitante necessi- d si as s Lembro que exalamente & isto se refere Moreno, nao enquanto uma perda, mas enquanto um ganho de criagao e espontaneidade. Nos capitulos seguintes, tratarei de expor diferentes técnicas utiliza- das no psicodrama bipessoal ¢, através dos casos descritos, exemplificar formas de manejar as dificuldades encontradas. Comegarei descrevendo o enquadre basico, depois explorarei diferentes formas de aquecimento e, finalmente, mostrarei diversos procedimentos utilizados no desenrolar ¢ desfecho das sessées. len J wor th bersdea A pongiqurnud Garr 0 Go-fwe orcas Ct Victor Dids .b, Moretl* ‘ Loge, Kuo mitt Roos Berm Daliro Boster S0eIe Josd Fousees, Boy rto Martin as

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