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pameile ainvusy Eotagdo I: Pacionte do 42 anos, portador de HIV vai ao am= bulatorio com queixa de cefaleia, initablidade, febre e rigi- ez de nuca. Evolulu com perda da consciéncia e fol inter- nado em UTI. Foi solicitada bidpsia pelo diagnéstico dite- rencial com neoplasias. A partir da imagem histologca baixo, descreva os achados e indique © diagnéstico. Diagnéstico: Criptococose cerebral Estagao 2: Quais 03 achados ciinicos ¢ microscopicos da neurocisticercose? es A criptococose & a ptincipal micose que atinge 0 SNC, sendo de distribuicdo mundial. € causada pelo Cryptococ- cous neoformans, um fungo arredondacio (levedura), que se reprodus por brotamenta simples. Ofungo & circundad por espessa e6psula gelatinosa mucopolissacaridioa (3 0 5 mm), que s¢ cora com 0 PAS ou mucicarmim (essa cép- sula protege os fungos da fagocitose por macréfagos). O Criptococo ¢ encontrado como saprotita no solo, em fruras estiagadas © particularmente em fezes ressecadae de Pombo (€ conhecicia como “doenga do pombo"). Noo é descrita transmissdo inter-humana. A maioria dos casos cocorre em portadores de Imunodeficléncias (p. ex, Als) ouneoplasias do sisterna linfoide TRANSMISSAO (ser humano se infecta por inalagdo (por conta de chuvas € trabalho no solo, por exemplo). Nos pulmBes a doenga & Via de rega ossintomatica e de resclugdo esponténea. Contude pede haver disseminagéio hemategénica para o SNC, onde o fungo prolifera no liquor. Geralmerte, quando Leticia Cavaicar 1 doenga se manifesta no SNC néo 6 mais possivel detectar @ lesdo pulmonar. MANIFESTACOES CLINICAS Monitestagées clinicas de meningosncefalite crBnica + Celaitia + Initabilidlacte + Confusdio mental até coma * Nouseas e vomitos Paresias de nervas cranionos Edema de papila Fobre e rigidez de nuca, MACROSCOPIA ‘A ctiptococose do sistema nervoso central éa complicago mals grave desta micose protunda. Os tungos atingem o c6robr0 por vie homategénica a partir do um foco pulmo~ nar. Reproduzemse ne liquor. preenchendo 0 espago su- baracnéideo (entre a aracnéide e a pia-méiter) & pene trando nos espacos de Virchow-Robin. Estes sdo prolonga~ mentos do espago subaracnéideo ao longo dos vasos mai~ ores que penetram no cérebro. Normaimente sao muito deigados e preenchidos por liquor. 0 eresemento dos fun- .g0s leva d dllatagdo dos espacos ecompressdio dos vases, com Isquemia cerebral, Macroscopicamenta, 0 c&rebro fica com a meninge espessada @ aspecto gelatinoso, Ao corte, 6 possvel observar pequenos cistos no cortex ou nos nti- cleos da base, correspondentes acs espagos de Virehow- Robin distendidos por fungos Rortanto: Fungos preenchem © espago subaracnbideo dando aspecto gelatinoso ao I quar; pequenos cistos de contetido geiatinoso geram difi- culdade na circulagto liquérica, o que pode levar a dilata- 00 ventricular. Figura, Neurccriptocacose. Notam-se sulcos do cértex cerebral dis~ ‘engidos (eepessamento das meninges, okargamento de sulcos © dda regido subaracndide) por material gaiarinosa que, no exame ‘microscpico, demonstra ser canstituido por numarosos fungos da espicie Cryptoceccus neoformans. © grande numero de parastas claiga cs sukos e também dtonde os eepazos de Vichow-Robin, (0 seja, 08 prolongamentos do espaco subaracnéides que acom- panham os vasos logo que penetram no tecido nervoso. Estes 2s [pagos, que normolmente sao diminutos ou microsc6picos, tornam- 20 visiveie macrescopicamente na forma de pequenos eletoe no Interior do porénquima. 0 ocimuio dos fungos nos venisiculos pode levor a hidrocefaila, Figura. Neurocriptococose: presenga de cistointraparenquimataso e sulco alargado. MICROSCOPIA ‘A ef4peula mucopolissacaridica tem papel fundamertal ibindo a fagocitose e adsorvendo e neutralizando anticor- pos. A reagao Inflamateria 6 minima. € importante saliertar que em casos de infecgtio por criptococos, a gemulagdo ou brotamento 6 (nico. Mais de uma gemulacéio nto criptococo. ‘HRD Do CORTEX CEREBRAL Figura. Microscopic: e2pessamento da laptomennge, auleze alar- {gados e cistos intraparenquimatoses. Figura. Espago subarocnéideo @ espages de vichow-robin cheios de fungos. A reagdo inflamatéria é minima. FUNGOS SEPARADOS POR SUAS CAPSULAS ; Bee MACROFAGOS: «oO a sega tingos Sam RAS Sonor more re a oe Via Wk - & BROTAMENTO A ‘SIMPLES, MEMBRANA <—pe DUP CONTOI i Figura. Reprodugao dos fungos é por brotamento simpes “+ Fepessamento cias meninges, dlargamento os sulcos @ do regio subaracneide + Aspecto gelatinase do liquor + Piesenca de elstos intraparenquimatosos ge~ lotinosos: s60 cistersoes dos espagos de Vir- ‘chow, onde hai proliteragao co fungo. + Pode haver dletagdo dos ventifculos: ceviio @ dificuldade na circulagde liquérica pela presenca de cistos gelatinasos Macroscopia “= Presanga de fungos no espaso do Vi Robin e no espero subaracnéide; ‘+ Espessamento da leptomeninge; + Sloo8 alargodios: + Chatoe intraparenquimatosos; + Visuaizag0 das efpeulas mucopoliseacart- leas doliritando os fungos; +Visualtagao do processo do. brotemento simple pprio do criptococo Norns ‘A infestagéo pela larva da Taenia solum o Cysticercus cellulosae, § a parasitose do SNC mais comum em nosso meio. (A larva da T. saginata, 0 Cystice:cus bovis, nao pa- rasta 0 homem). As les6es sao Cronicas, Nao aro graves 0U loteis, atingindo populagae joven e economicamento ativa Meroscopa: TRANSMISSAO ©.homem é 0 hospedelto definite da Taenla solum Abriga: no Intestino o verme adulto (salitéria), e elimina nas fezes (08 proglotes maduros contendo ovos embrionados (em- bri6foros). Estes, ingeridos pelo hespedelro intermediario (poreo), perdem a casca por aga do suco gastiico. Os embrides (oncosteras) penetram na mucosa gfstrica © ‘G0 por vio sanguined aos tecidos. onde s@ desenvolvem em cisticercos. A ingesttio de came suina mal cozida, con- taminada com cisticercos, leva ao desenvolvimento da té- ‘ia no intestino humane, completando-se o ciclo. A neuro cisticercose ocorre quando o homem ingere os oves & as~ ume © papel do hoapedoiro intormadiério. © hamem pedo senvr de hospedeiro intermedidrio quando ovos de T.solium chegam ao estémago, o que pode ocorrer em trés condi~ oes: + Heteroinfestagdie, mois comum, quando sdo iingeridos 108 contidos em égua ou alimentos contaminados com fezes humanes ou manipulados por portadores ce teni- ase: + Autoinfestagéo externa: portadores de teniase que se au- tecontarrinam com ovos pela via fecal-ora + Autoinfestagdo Intema: resultante de suposto refuxo de contetido intestinal para estémago (duvicosa) LOCAIS DE INFECCAO (© SNC 6 a sade mais comum e. menos freqientemente, os globos octiares, miscuo esquelético e tecido celular sub- cutineo. A localizagto nos dois ditimos & assintomética. No lho 0 cisticerco geralmente se situa na cordide e com seu crescimento descola a retina ou a perfura e ganha ohumer Vitreo. Causa reagés inflamatéria, come exsudato no vitreo, intes, idociclites, uveites, cotarcta e panoftalmia. A Leticia Cavalcante - FAHE: evolugdo € para opacificagtio dos meios e cagueira. NO SNC a infestagdo costuma ser maltipia. FORMAS DE CISTICERCO Formas de cisticerco: Ha duas, cellulosce e racemosa, A ferma mais comum 6 a collulosan, que con siste de vesicula esférica (|-2 cm), contendo li- uido limpido e incolor. A cabaca da larva ou ‘@2cdtex esta invaginada na vesicula e presa a pared intora por um col Os cisticarcos ras meninges de convexidade e no tecido nerveso 0 do tipo calluosae e comumente causom ‘openas discreta reagao Inflamatérta cronica. cisticeRco cEUMLOSAE Quondo cistisercos se localzam nas cisternas da base ou ras ventriculos podam sotrertrars~ formagoo em que novas vesiculas rotam da ‘membrana, tamando aspecto de bogos de wva. Esto forma chara-se cistcerco racemosa. No pprocesso, parde 0 escblex Os csticorcos race- ‘motos provocam reagée Inflarnatérla itonaa 1a leptemerings com granulomas e fibrese que dificutam a circulagéo liquérica (leptome- ningite cronica cisticercosica). cisticerco RACEMOSO MANIFESTACOES CLINICAS ‘+ Sindrome de hipertensdo intracraniana + Sindrome convulslva: predominam ciises localizedas do tipo Bravais~Jacksan, com generalizagéo secundéria * Com menor frequéncia podem também ser observadas ‘sindromes peiquiétricas e sinais de localizagéo, como he- miparesias, dstirbios cerebelares ou disfungbes dos ner- vos cranianos. CISTICERCO CELLULOSAE O cisticerco tem uma cabega (escélex) invaginada no in- terior de uma vesicula, delimitada por uma membrana que faz contato com o tecido do nespedeiro. A membrana tem asicamente duas_camadas, uma extema, delgada densa, chomada camada quitinosa, e uma interna. frouxa e mais espessa, chamada areolar. Na superficie da ca- mada externa observam-s2 microvilosidadas, que aumen- tam a superficie de absorgao de nutrientes pelo parasita, 0 escélex contém rudimentos de tubo digestivo e do aparelho de fixate da futura tania Enquanto © cisticereo perma- nece vivo (até alguns anos), a reagdo inflamatdria nos te- Cidos viginhos ¢ geralmente pequena. No caso aqui obser vado hé apenas leve espessamento fibroso da leptome- inge com discreto infitrado inflamatorlo crénico. Quando © cisticerco morte, sofre caleificagde e a reago inflamaté- fia acentua-se devido & lberagéie de antigenos. isto & a regra para. forme cellulosae. Contudo,« forma racemosa causa teagdo inflamatéria crdnica intensa, especialmente na leptomeninge da base. + A forma mals comum é a celiulosae, que consiste de ve sicula estérica (1-2 em), contendo liquide fimpido e inco- toe + Acabecada lnrvo ou eecblex esté invaginada na vestoula € presa & parede interna por um colo. * Cortes do escélex revelam formagées tubulares revesti- dos + por epitélio, que constituem o aparetho digestivo rudimen- tar. + Por vezes notam-s0 aatileos, que a larval utilzaré para fi- xar-se no intestino. A membrana da vesicula tem uma. camada exteina delgada, mas densa e com microvilosi~ dades, que foz contato com 0 hospedeiro. Mais interna~ mente hé outa camada, mais espessa e frowea, com ca~ naliculs. += Cisto pequeno Macroscopia | + Bem dalimitado + Lore espessamenta da meninge ‘= Espessamento e fibrose da leptomeninge: Mcroscopa | + Pre ‘* Discreta resposta infamatoria nga de escélex LEPTONENNGE —_conTex it CA REACAO runs) Figura. Presenga de escolex menos microvilosidades e, por isso, menor resposta inflamatéria, Figura. Discreta fibrose. Leticia Cavalcante - FAHESP/IESVAP- Figura. Cisto pequeno, ndo induz uma resposta inflamatoria 160 grande, bem dalimitads, quadro clinica mais brands, @ ha presenca de espessamento. CISTICERCO RACEMOSO © cisticerco racemoso recebe este nome devido 6 abun= déncia de vesiculas que tomam aranjo em bagos de uva. Esta forma ndo tem escélex. A infestagdo é mais grave que na forma cellulosae porque o volume ocupado pelo pora- sita € maior, causando compressao cerebral, efeito de massa e desvio de estutuias. A reagdo inflamatéria tom= bém € mais intensa, causando lepmeningite cronica de base, vasculites com endaiterite ¢ lesbes em raizes de ner- vos cranianos. Nesta lémina observam-se as membranas ‘colapsadas deum cisticerco racemoso apés retiraca cit gica. Aestiutura é semethante as membraras do cisticerco celulosae, mas a quantidade de membranas 6 muito Malor. As membronas so mais sinuosas, sua superticie & ondulada e microviosidades sto numerosas. + Quandio cisticercos se localizom nas elstemas da base ou 1nos ventriculos pociem sofrer transformagdo em que no- vas vesiculas brotam da membrana, tomando aspecto de bagos de uva. Esta forma chama-se cisticerco race- moso. No processo, perde 0 escdlex. + A forma racemosa expande-ee no eepago eubaraonéi- deo da base ¢ pode penetrar no sulco de Sylvius ou na fissura interhemisférica. Forma cistos volumosos (3 ou mais cm), ocupa espago e desloca estruturas, com des- Wo da linna média e eventualmente hernias + 0s cisticercos racemosos provocam reagéio inflamatéria intensa na leptomeninge, com granulomas e fibrose que Gificutam a circulagdo liquérica (leptomeningite cronica cisticercésico). +A membrana se prolifera, aumentardo a superticie de contato ¢ provocando uma maior resposta:intlamatoria Quanto mais membrana, maior © tamanho dos cistos, o que provoca um efelto de massa Isso pode gerar com= pressdo das estruturas ¢ até mesmo resuitar em uma hi- pertensdo intracraniana. + Assintomaticos + Sindrome de Fipertensdo intracraniana + sindrome convulsiva «= Sindrome: peiquidtricas © dinaie de lacalzagto, come hari- paresias, distirbios cerebelores ou disfungdes dos nerves cra~ © escoex ficando somente a membrana, esta qe se prolfea, Ha resposta isarmatira moor (ganuometoso), devi @ frie su- pericie de conta. Presenga tombim de cistos grandes. Mcroi~ lookiadee na euparfie, aumenta a euperfci de cantato @ au- mentao resposta intamotéria, inte - FAHESP/IESVAP- Leticia Caval Figura. 0 cisticerco dexouume cavidade, Ocisticerco racemaso 6 Urra forma da forva da Tenia sollum que desenvolve vars veaf= ‘culas lembrando bagos de uva, mos néo apresenta sectilex. + Presenca de cavidede onde o cisticerco es~ acoso a tova instalado. + Auséncia do escblor + Resposta fiamatéria intensa. (granuoma- tesa) Remereeetl| Precensa de cto moines + Naior quantidade de membranas: mais sinu- ‘or08, com superficie ondulada + Mcroviosiaades mais numerasas aay Criptococose cerebral http: / Janotpatunicamp br/pecasneurod§ htm! http: / /anatpatunicamp.br/lamneuro9.ntm! hito:/ /anatpatunicamp.br/taneucriptococose.htm! Cisticerco racemoso bttos://anatpot unicamp br /taneucisticercose ntml httos://anatpot unicamp b/lamneurol2 html inttns://anatpat unicamp br /pecasnewo50 htm Cisticerco cellulosce hito://anatpatunicamp.br/lamneuroll.htm! http: / /anatpatunicamp.br/ pecasneuro47.ntm!

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