Setembro de 1991 © SR. PRESIDENTE (Magno Bacelar) — Concedo a palavra ao nobre Senador Marco Maciel. © SR. MARCO MACIEL (PFL — PE. Promuncia 0 se- guinte discurso.) — Sr. Presidente, Srs. Senadores. a gentileza do amigo ¢ escritor Edilberto Coutinho me fez chegar, em primeira mao, 0 ultimo liveo do grande pensador brasiiciro DIARIO DO CONGRESSO NACIONAL (Sesi0 ID) Sabado 14 sus Joss Guitherme Merquior — Liberalizmo — Antigo e Moder no. A morte precoce impediu ao Autor ver publicada a obra gue, como bem assinaloa Tose Mario Pereira, constital a pro- Bria’“Suma” de sua brilhante ¢ intemacionsimente reconhe- Gida trajetéria intelectual. Prefaciado pelo Deputado Roberto Campos, 0 livro de Merquior —"um dos esprritos mais vivos e melhor informados Ge nosso tempo”, conforme a feliz expresso de Claude Levi Strause — busca Contextualizar historicamente © Liberalismo. Partindo de determinados pressupostos tedricos, discute suas ralzes, aprodunda a andlise de seu periodo classico (01780-1860), reflete sobre suas manifestagdes conservadorae = upicas do Século dezenove —e culmina seu estudo disse- cando o Liberalismo contemporaneo, profundamente mar sado peto componente social ‘registra. que aqui fago do lancamento em lingua portu- guesa do livro de Merquior, justifica'se por numerosas 7azdes. ‘Alem de seu valor intriaseco — uma extraordinaria pesquiss Sobre a evolugdo da teoria liberal, escrita com “erudigso, lronia ¢ paixio", como destacou 0 Professor Pierre Manent 6 livro nes ajuda a compreender que o Liberalismo tent @ faz Histéria; € um movimento verdadeiramente interna: Nessa perspectiva, © Partido da Frente Liberal, do qual fui um dos fundadores ¢ a quem tenho a honra de liderar Besta Casa, situate confortavelmente na marcha da Flistoria, ‘Sua doutrina esta embasada numa filosoria humanista e antiau- tonitatia que, aaseida do ideario ilurninista do século dezoito, soube evoluir e se transformar, de modo a oferecer respostas dequadas 20s novos desafios apresentados por uma sociedade Que altera, rapida e agudamente, a face do mundo. ‘Aprendemos com Ortega ¥ Gasset que o Liberalismo é “a forma suprema de generosidade: é 0 direlto assegurado pela maioria as minorias....A determinagao de conviver com © inimigo e ainda, o que é mais, com um inimigo fraco"- Constatamos com Merquior que a sdciedade continua marcada por uma “diaistica continua, embora cambiante, entre 0 eres eimento da liberdade © 0 fmpeto em diregdo a uma maior igualdad Crel estar af, Sr. Presiderite ©'Srs. Senadores, a sintese mais perfeita ¢ ficl do processo evolutivo da idéla liberal, Em verdade, o Liberalierno que hoje professamos—-conguan- to trisutérto da Ciissica deftsa dps direitor humanos, da Or dom legalmente constituida, do governo representative Tes. masdvel, da liberdade de efenga e de opiniso —avanga No Eentido da conguista da autentica liberdade social. ‘Este final de séeulo tem confirmado, cada dia com maior intensidade, a tendencia de o liberalisma democrasica se unr Yersalizar come forma definitiva de governo. Mals que ama postura filosatica, 0 modemo Liberaiiamo contubstancia.se Eomo uma atitude de vida. Ao envolver a politica com um forte sentido élico c moral, tal como preconizado por Ortega y Gasset, ele amplia sua juta em prol da liberdade, mas enter Gendo-a, a meu ver. estéril, sem a busca da igualdade En¢ ¢ o Liberalismo que defendemos. Esta é a concepsSo que, para nds, dignifica a politica e estimula = incessante Ehminhada do homem em busca de sua humanizagso. "Bra o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Multo bem!) © SR. PRESIDENTE (Magno Bacelar) — Na presente sesso terminou 0 prazo para apresentagao de emendas a0 Projeto de Resolucio o” 61, de 1991, de autoria do Senador