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Iii Cboe: Congresso Brasileiro de Organização Do Espaço E Seminário de Pós-Graduação em Geografia
Iii Cboe: Congresso Brasileiro de Organização Do Espaço E Seminário de Pós-Graduação em Geografia
III CBOE
XV SEMINÁRIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ANAIS
ISBN: 978-85-89082-74-7
Organização
Darlene Aparecida de Oliveira Ferreira
Bernadete Aparecida Caprioglio de Castro
Samuel Frederico
ANAIS
ISBN: 978-85-89082-74-7
ISBN: 978-85-89082-74-7
https://cboeunesp.wixsite.com/cboe
Congresso Brasileiro de Organização do Espaço, 3., 2021
Anais do III Congresso Brasileiro de Organização do Espaço ; XV Seminário de Pós
Graduação em Geografia [recurso eletrônico] / organizadores: Darlene Aparecida de
Oliveira Ferreira, Bernadete Aparecida Caprioglio de Castro, Samuel Frederico – Rio
Claro : UNESP - Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2021
2011 p. : il., figs., gráfs., tabs., quadros, fots., mapas
ISBN 978-85-89082-74-7
CDD 910
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP,
Campus de Rio Claro/SP
31 DE MAIO, 02 E 04 DE JUNHO DE 2021.
RESUMO
Neste artigo analisamos a densidade de concentração de atividades comerciais e de serviços em
Ribeirão Preto – SP como indicador da centralidade intraurbana desta cidade. Demonstramos que esta
cidade apresenta uma multiplicação de áreas centrais ao longo do tecido urbano, sem que com isso seu
centro principal perca capacidade de exercer importante um papel na centralidade urbana. Os pares
desconcentração – reconcentração são discutidos no decorrer do texto, é com eles que compreendemos
que as novas concentrações não ocorrem de maneira “desordenada”, mas formam outras, de novo tipo,
principalmente onde se instalam grandes plataformas comerciais e de serviços como os shopping
centers.
Palavras-chave: Centro; centralidade; multicentralidade; policentralidade; Ribeirão Preto.
RESUMEN
En este artículo analizamos la densidad de concentración de actividades comerciales y servicios en
Ribeirão Preto - SP como indicador de la centralidad intraurbana de esta ciudad. Demostramos que
esta ciudad tiene una multiplicación de áreas centrales a lo largo del tejido urbano, sin que su centro
principal pierda su capacidad de jugar un papel importante en la centralidad urbana. Los pares
desconcentración-reconcentración se discuten a lo largo del texto, es con ellos que entendemos que las
nuevas concentraciones no se dan de forma “desordenada”, sino que forman nuevas, especialmente
donde se instalan grandes plataformas comerciales y de servicios como shopping centers.
Palabras clave: Cientro, cientralidad; multicêntrico; policcentralidad; Ribeirão Preto.
Introdução
Metodologia
Desenvolvimento
Daremos início a este tópico com uma breve descrição sobre Ribeirão Preto,
localizada no Estado de São Paulo. Este município possui uma população estimada em 604
682 habitantes, segundo o último censo demográfico. Levando em consideração sua posição
hierárquica na rede urbana brasileira, ela aparece na posição de Capital regional B,
polarizando um total de 71 municípios (IBGE, 2008).
Como podemos perceber a partir da tabela 1, Ribeirão Preto teve grande avanço
populacional a partir da década de 1960, tendência que se manteve estável nas décadas
seguintes e, se as estimativas do IBGE estiverem corretas, manteve-se com crescimento
acelerado acrescendo em seu contingente populacional aproximadamente 100.000 habitantes
por década. Estas informações podem indicar uma cidade que possui um grande dinamismo
econômico e que, por isso, sustenta um crescente número de habitantes.
A partir dos estudos realizados por Ruano (2015) e Carli (2015; 2019), podemos
identificar quatro períodos de crescimento do centro de Ribeirão Preto, os quais discorreremos
brevemente. De início destacamos que o povoamento intensivo do município ocorrerá com a
expansão da produção de café no Estado de São Paulo e a criação da Estrada de Ferro
O terceiro período de expansão do centro está situado entre as décadas de 1940 e 1960.
Apesar do pequeno crescimento territorial, este momento foi caracterizado por maior
diferenciação funcional das atividades do centro. De acordo com Carli (2019), o entorno da
Praça XV de Novembro é direcionado às elites e, por outro lado, o entorno da Estação
Mogiana às classes populares.
No período de 1940 até final dos anos 1960, de acordo com Calil Jr. (2003),
ocorreu a terceira expansão do centro, com pouco crescimento no que diz
respeito ao tamanho da área ocupada, nos dois setores, da praça e da estação.
Pois, ocorreu apenas a inserção de duas quadras na direção sul e leste, ao
redor da Praça XV de Novembro e o crescimento do comércio popular,
atacadista e das indústrias nas proximidades da estação (CARLI, 2019, p.
118).
O último período destacado por Calil Jr. (2003) (apud Carli, 2019) corresponde às
décadas de 1960 a 1980. Este momento é marcado por uma nova popularização do centro,
sobretudo devido ao abandono da área pela população de alta renda para as atividades de
Fonte: IBGE; Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Organização: Victor Hugo Quissi.
Fonte: IBGE/CNEFE, 2010. Projeto cartográfico: Késia A. A. Silva e Vanessa Lacerda. Organização
dos dados: Victor Hugo Quissi.
Discutindo os novos conteúdos dos centros e das periferias na cidade, bem como as
múltiplas escalas que expressam as relações entre ambos, Sposito e Góes (2013) destacam que
a urbanização atual pode ser caracterizada como difusa. Esta expressão busca dar conta dos
atuais processos de espraiamento do tecido urbano, que redefinem a localização residencial e
das atividades comerciais e de serviços, alterando a antiga estrutura centro-periférica que
tanto marcou as cidades do século XX.
Se por um lado permanecem lógicas segregativas, assinaladas por uma ruptura de uma
parte em relação ao todo da cidade (SPOSITO, 2013), novas formas de diferenciação e
distinção socioespaciais emergem no bojo de uma sociedade social e espacialmente
fragmentada. Prévôt-Schapira (2001), Prévôt-Schapira e Pineda (2008) e Gusmán e
Hernández (2013) destacam que neste contexto há o rompimento de laços de solidariedade e o
A partir da revisão empreendida por Sposito e Góes (2013), Sposito (2013) e Sposito e
Sposito (2020), percebemos a articulação entre formas e processos espaciais na composição
da cidade fragmentada em construção. Como primeiro aspecto, já descrito mais
detalhadamente nos parágrafos anteriores, destacamos a formação de novas centralidades e a
perda relativa da hegemonia exercida pelo centro principal, revelando uma estrutura
multi(poli)nucleada (SPOSITO, 2010). A disseminação de guetos, espaços exclusivos e
enclaves territoriais (SPOSITO; SPOSITO, 2020) expressam a repartição e formação de
espaços exclusivos no interior das cidades, justapondo áreas marcadas pela segmentação nos
conteúdos e usos do espaço urbano. “Tais espaços revelam distância e separação, bem como,
do ponto de vista da compreensão do que é a vida urbana, indicam grande afastamento da
ideia de cidade como espaço de integração e como globalidade” (SPOSITO; SPOSITO, 2020,
p. 7, tradução nossa).
Considerações Finais
Das formas podemos depreender processos espaciais, como seu contrário também é
verdadeiro. Tendo em vista os resultados obtidos e a discussão empreendida, identificamos a
tendência à fragmentação socioespacial na cidade de Ribeirão Preto. Como uma das
dimensões deste processo destacamos as mudanças na estrutura urbana e a formação de uma
poli(multi)centralidade, com as novas e velhas concentrações comerciais e de serviços
modificando a centralidade intraurbana.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer ao meu orientador Prof. Dr. Eliseu Savério Sposito pela
orientação neste projeto de pesquisa. Agradeço também aos membros do Grupo de Pesquisa
Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GAsPERR) e à Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento desta pesquisa.
Bibliografia
SANTOS, M. A natureza do espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção – São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 2002.
VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil – São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincon Institute,
2001.
WHITACKER, A. M. Centro da cidade, centralidade intra-urbana e cidades médias. In: MAIA, D. S.;
SILVA, W. R.; WHITACKER, A. M. Centro e centralidade em cidades médias. - 1. ed. – São
Paulo: Cultura Acadêmica, 2017a.
WHITACKER, A. M. Centro da cidade: consolidação e expansão. In: MAIA, D. S.; SILVA, W. R.;
WHITACKER, A. M. Centro e centralidade em cidades médias. - 1. ed. – São Paulo: Cultura
Acadêmica, 2017b.