You are on page 1of 280

UNIVERSIDADE 

FEDERAL DO PIAUÍ 
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA À DISTÂNCIA 
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 

MÉTODOS DE SISTEMÁTICA 
ZOOLÓGICA 
 
Janete Diane Nogueira‐Paranhos  
Leonardo Sousa Carvalho 
Mauro Sérgio Cruz Souza Lima 
 
 
 
 

TERESINA  
DEZEMBRO DE 2012 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ 
CENTRO DE EDUCAÇÃO ABERTA À DISTÂNCIA 
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
 
 
 

MÉTODOS DE SISTEMÁTICA ZOOLÓGICA 
 
 
Prof.ªM.Sc.  Janete  Diane  Nogueira  Paranhos.  Departamento  de  Biologia, 
Centro de Ciências na Natureza – Universidade Federal do Piauí. 
 
Prof.  M.Sc.  Leonardo  Sousa  Carvalho.  Campus  Amílcar  Ferreira  Sobral  – 
Universidade Federal do Piauí. 
 
Prof.  Dr.  Mauro  Sérgio  Cruz  Souza  Lima.  Campus  Amílcar  Ferreira  Sobral  – 
Universidade Federal do Piauí. 
 
 
 
 
TERESINA 
DEZEMBRO DE 2012 

2
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

NOGUEIRA-PARANHOS, Janete Diane; CARVALHO,


Leonardo Sousa; LIMA, Mauro Sérgio Cruz Souza
Métodos de Sistemática Animal. / Janete Diane
Nogueira Paranhos, Leonardo Sousa Carvalho, Mauro
Sérgio Cruz Souza Lima. Teresina: CEAD, 2012.

XXp.

1. Nomenclatura Zoológica. 2. Coleções Científicas. 3.


Métodos de Coleta. 4. Taxidermia. 5. Fixação. I. Título.

3
APRESENTAÇÃO

Caro(a) leitor(a),

A Sistemática é uma das disciplinas mais básicas da Biologia e é definida


como a disciplina que estuda a diversidade biológica, a Biodiversidade do planeta e
as relações entre os organismos, entre as espécies.

A Sistemática Zoológica é de fundamental importância para as ciências que


lidam com os animais. Para entendermos o papel dos seres vivos na natureza,
primeiro temos que saber como as espécies são e como se relacionam umas com
as outras em seu ambiente natural.

Desta forma, este livro foi escrito para servir de material didático para
disciplinas que tratem de assuntos relacionados à Sistemática Zoológica e foi
estruturado para fundamentar os conhecimentos, especialmente, de alunos de
graduação. No final de cada unidade são propostas atividades objetivando a fixação
e avaliação da aprendizagem. Portanto, aproveitem este material básico para
estudo.

Esperamos que vocês se interessem pela Sistemática Zoológica e desejamos


sucesso e bons estudos!!!!

Profª. M.Sc. Janete Diane Nogueira-Paranhos


Prof. M.Sc. Leonardo Sousa Carvalho
Prof. Dr. Mauro Sérgio Cruz Souza Lima

4
AGRADECIMENTOS

Este livro foi desenvolvido a partir de grande esforço de pesquisa bibliográfica


realizada por nós, autores. Tivemos também importante colaboração de Alexandre
Vasconcellos (UFPB) e Ranyse Querino Barbosa da Silva (EMBRAPA Meio Norte),
aos quais somos muito gratos por suas contribuições àesta obra; além de Sidclay
Calaça Dias (INPA) e Francisco Marques de Oliveira Neto, pelas fotografias
disponibilizadas. Agradecemos, ainda, aos nossos amigos e familiares que
contribuíram direta ou indiretamente para a realização desta obra.

5
Sumário
 
UNIDADE 1  7 

A Sistemática Zoológica  7 

Capítulo 1 – classificação Zoológica e Histórico da Sistemática .......................................... 8 

Capítulo 2 – Importância e Objetivos da Sistemática Zoológica ....................................... 29 

Capítulo 3 – Nomenclatura Zoológica ................................................................................ 41 

UNIDADE 2  73 

Coleta, Preparação e Armazenamento de Material Zoológico  73 

Capítulo 4 ‐ Métodos e Técnicas de Coleta e Preparação de Invertebrados .................... 74 

Capítulo 5 ‐ Métodos e Técnicas de Coleta e Preparação de Vertebrados ..................... 153 

Capítulo 6 – Coleções Zoológicas: panorama geral e perspectivas ................................. 229 

SAIBA MAIS  253 

APÊNDICE: A mochila do pesquisador  256 

SOBRE OS AUTORES  262 

REFERÊNCIAS  264 

 
 
 

6
UNIDADE 1 
A Sistemática Zoológica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Objetivos da unidade 
1. Conceituar classificação zoológica, táxon e categorias taxonômicas; 
2. Mostrar a importância da Sistemática Zoológica; 
3. Apresentar um histórico do desenvolvimento da Sistemática Zoológica; 
4. Caracterizar e diferenciar as principais escolas de Sistemática; 
5. Apresentar as regras de nomenclatura zoológica.

7
Capítulo 1 – classificação Zoológica e
Histórico da Sistemática

Leonardo Sousa Carvalho & Janete Diane Nogueira-Paranhos

Um dos objetivos a que se propõe a Zoologia é o de dar um conhecimento


definido de todo o Reino Animal. Tal objetivo norteou os zoólogos desde a mais
remota antiguidade, e os fez tentar agrupar os animais para um estudo mais
sistemático. Foi dessa forma que surgiu a Sistemática Zoológica, que é a ciência da
classificação dos animais. A Sistemática Zoológica se preocupa com a identificação,
a classificação e a nomenclatura.
Para a classificação, inicialmente foram levadas em consideração
características morfológicas que se revelaram secundárias e levaram a certos erros
de agrupamento. Atualmente são considerados dados, tais como: a fisiologia, a
embriologia, a distribuição geográfica, a morfologia, o compartilhamento de
estruturas homólogas, semelhançcas genéticas, citogenéticas ou moleculares, entre
outros. Passamos, dessa forma, de uma taxonomia estática, e às vezes enganosa,
para uma taxonomia dinâmica e funcional.
A preocupação com a Sistemática remonta à época de Aristóteles (384–322
a.C), conhecido como o “Pai da Zoologia”, quepercebeuhaver particularidades
encontradas em uns animais que não eram encontradas em outros. Criou, então,
um Sistema de classificação que foi utilizado porcerca de 2000 anos. Foi o primeiro
naturalista a classificar os organismos vivos de acordo com suas características
morfológicas, anatômicas e fisiológicas, dividindo os animais em dois grupos:
Enaima (animais com sangue), e Anaimas (animais sem sangue).
Aristóteles, em seu livro Historia animalium (350 a.C.), classificou os
organismos em relação àuma hierárquica “escada da vida”, em que as criaturas
eram organizadas em uma escada graduada de crescente perfeição, das plantas

8
até os homens. O método lógico aristotélico tinha como base a divisão de classes
mais inclusivas em subclasses remanescentes. Um exemplo é a classificação
dicotômica, em que um determinado grupo de coisas é dividido em dois subgrupos.
Esse tipo de classificação descendente se repetiria até que o mais baixo grupo de
“espécies” (compreendidas como subclasses subordinadas à classe mais inclusiva)
não pudesse mais ser dividido. No entanto, o próprio Aristóteles questionou a
validade de sua divisão lógica, ao não utilizá-la na sua classificação dos animais,
que acabou por não constituir uma hierarquia elaborada (SANTOS, 2008).
Mas, então, o que é classificar?
Segundo Mateus (1989), classificar é determinar a classe e, por extensão, os
grupos taxonômicos a que pertence certo material, cuja localização taxonômica era,
até então, desconhecida. De acordo com Capellari (2008), classificar é o ato de
agrupar ou ordenar coisas ou seres, qualificando-os e distribuindo-os em conjuntos
ou classes. A classificação pressupõe o estabelecimento das relações filogenéticas,
ou seja, das relações de parentesco entre os grupos. Também lhe interessa dar
explicação do aparecimento dos grupos. Portanto, preocupa-se com as causas e as
modalidades da evolução. Ou seja, classificar é determinar, é ordenar, é agrupar, é
relacionar.
Aclassificação zoológica, então, é a ordenação dos animais em classes ou
grupos com base nas suas semelhanças e relações. Essas semelhanças podem ser
fenéticas, manifestada pela semelhança total ou filogenética, resultantesdo
processo de evolução por descendência comum. Assim, como diz Hickmanet al.,
(2009), a teoria da ancestralidade comum de Darwin é o princípio subjacente que
dirige a busca em direção à ordenação da diversidade da vida animal.
A “pedra angular” da classificação zoológica é a espécie; e, sobre ela,
repousa todo o “edifício” da classificação. Muitas são as definições de espécie. Aqui,
utilizamos o conceito de Lineu, isto é, o conceito de espécie tal como Lineu
entendia. Sendo a espécie a unidade da taxonomia, todos os problemas que lhe
dizem respeito têm interesse em Sistemática. Um dos grandes méritos de Lineu
consiste na ordenação dos grupos de animais, segundo uma hierarquia; e
considerar a espécie como grupo unitário, a partir da qual se constituem grupos
cada vez mais extensos, isto é, de categorias mais elevadas. Admite que a espécie
é susceptível de apresentar modificações em relação à forma padrão. Quando tal
acontece, consideram as formas que se afastam do padrão como variedades.
9
Podemos considerar, ainda, que os híbridos não fazem parte de uma classificação
biológica específica, ou seja, não possuem posição filogenética correta na história
evolutiva. Eles são o produto do cruzamento entre dois indivíduos diferentes, em
geral membros de espécies distintas.
Muitos são os conceitos de espécie; e estes têm sido alterados desde que
foram criados, assim que surgem melhores conhecimentos e alguma inconsistência
em relação ao conceito anterior. John Ray (1627–1705), um cientista inglês, foi o
primeiro a desenvolver um conceito moderno de espécie e realizou alguns esforços
para classificar uns poucos grupos orgânicos de maneira cientificamente conduzida.
Segundo Ray, nenhum critério seria mais seguro para a determinação das espécies
que as características distintivas que se perpetuam na propagação da semente.
Assim, não importa o que ocorrer de variações nos indivíduos ou na espécie, pois,
se eles brotam da semente de uma planta, são variações acidentais e não motivos
para distinguir uma espécie. Animais que, da mesma forma, diferem
especificamente, preservam suas espécies distintas de forma permanente, pois uma
espécie nunca brota a partir semente de outra ou vice-versa. Como por exemplo: a
semente de um laranjeira sempre dará origem à outra laranjeira e nunca à uma
mangueira, pois são espécies distintas. Igualmente, a laranjeira nascida a partir de
uma semente, não necessariamente, será igual à árvore que lhe deu origem, pois
isto é variação intraespecífica.
Storer et al. (1989) define espécie como um grupo de indivíduos que têm
muitos caracteres em comum e diferem de todas as outras formas em um ou mais
aspectos. Todos os indivíduos de uma espécie provêm de um antepassado comum
e podem cruzar entre si para produzir prole fértil que se assemelha aos pais.
No século XVIII, o zoólogo, botânico e médico sueco Carolus Linnaeus
(1707 – 1778), ou simplesmente Lineu, conhecido como o “pai da taxonomia”,
lançou as bases reais para a classificação e nomenclatura modernas. Lineu foi o
primeiro a propor uma classificação racional do mundo vivo (na realidade sua
classificação engloba o mundo vivo e o mundo mineral). Ele dividiu e subdividiu o
Reino Animal até as espécies baseado em caracteres estruturais e deu a cada
espécie um nome distintivo binomial. Seu sistema para nomear, ordenar e classificar
os organismos é utilizado até hoje, com modificações. Lançou as bases da
classificação biológica em sua obra Systema Naturae (décima edição em 1758),
admitindo a existência de seis classes de animais: mamíferos, aves, anfíbios (que
10
incluía os répteis), peixes, insetos e vermes (que reunia todos os demais
invertebrados).
Georges Cuvier (1769 – 1832), um zoólogo e naturalista francês, ficou
conhecido por estabelecer a extinção como um fato, sendo ele o mais influente
proponente do catastrofismo na geologia no início do século XIX, e oposição às
teorias evolucionárias de Lamarck e Geoffroy Saint-Hilaire. Cuvier, em sua obra
de 1817, “Règne animal distribué d’après son organisation” (Distribuição do Reino
Animal Após Sua Organização) dividiu os animais em quatro ramos: Vertebrata
(peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos), Mollusca (moluscos e Cirripedia),
Articulata (anelídios, crustáceos, insetos e aranhas) e Radiata (equinodermos,
nematóides, cnidários e rotíferos).
No século XIX, a anatomia e a classificação foram assuntos de grande
interesse e muitos sistemas foram propostos, como o do naturalista francês Jean-
Baptiste Lamarck (1744 – 1829). Lamarck, além de suas contribuições na biologia
evolutiva, é reconhecido por sua publicação de 1801, o livro “Système des animaux
sans vertèbres”, uma grande obra sobre a classificação dos invertebrados, um
termo que ele mesmo criou. Rudolf Leuckart (1822 – 1898), zoólogo alemão é
reconhecido por uma série de trabalhos na área de parasitologia e também por
dividir a classificação de Cuvier, separando o grupo Radiata em dois filos:
Coelenterata e Echinodermata.
O biólogo, anatomista comparativo e paleontólogo inglês Richard Owen
(1804 – 1892) é reconhecido pela criação do termo Dinosauria e pela sua declarada
oposição à teoria de evolução por meio da seleção natural de Charles Robert
Darwin (1809 – 1882); pois concordava que a evolução existe, porém discordava
que era tão simples quanto Darwin dizia. Owen produziu uma extensa contribuição à
Sistemática Zoológica, descrevendo inúmeros grupos de invertebrados (ex.: dividiu
os moluscos da classe Cephalopoda em duas ordens, Dibranchiata e
Tetrabranchiata), peixes (apresentando diversos ensaios sobre peixes pulmonados
e dipnóicos, entre outros), répteis (descrevendo muitos dinosauros), aves
(produzindo trabalhos monográficos sobre o kiwi, a extinta moa e o takahe, entre
outras aves) e mamíferos (ex.: reconheceu e nomeu os dois grupos naturais de
ungulados típicos, os com dedos ímpares, Perissodactyla, e os com dedos pares,
Artiodactyla).

11
O geólogo e paleontólogo Louis Agassiz (1807 – 1873) trabalhou com
taxonomia de peixes atuais e fósseis, produzindo uma grande série de publicações
como “History of the Freshwater Fish of Central Europe” (História dos Peixes de
Água Doce da Europa Central) de 1830 e os cinco volumes da obra “Recherches
sur les poissons fossiles” (Estudos sobre peixes fósseis) publicados entre 1833 e
1843. Seus achados paleontológicos fizeram ser necessária uma nova classificação
de peixes, proposta posteriormente por ele, porém já ultrapassada. Agassiz ainda
trabalhou com moluscos e equinodermos durante sua carreira, produzindo obras
memoráveis, como “Etudes critiques sur les mollusques fossiles” (Estudos Críticos
dos Moluscos Fósseis).
O naturalista britânico Charles Darwin, conteporâneo de Owen e Agassiz,
entre outros, juntamente com o naturalista, geógrafo, antropólogo e biólogo galês
Alfred Russel Wallace (1823 – 1913), desenvolveram as teorias de evolução
orgânica, que resultaram em uma mudança profunda de perspectiva na Sistemática,
assim como em todas as outras ciências da vida e mesmo fora de suas fronteiras
(DE PINNA, 2001). Ambos enviaram à Linnean Society de Londres no dia 1º de
julho de 1858, uma breve comunicação apresentando o conceito de seleção natural;
porém tal conceito só foi consagrado após a publicação de A Origem das Espécies
(título original “On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the
Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life”, que significa “Sobre a
Origem das Espécies por Meio da Selecção Natural ou a Preservação de Raças
Favorecidas na Luta pela Vida”), em 1859 (FONSECA, 2008). Tal obra é
considerada um dos livros científicos mais influentes já escritos, pela solidez e
amplitude dos argumentos em favor da evolução, incluindo dados anatômicos,
morfológicos, embriológicos, ecológicos, comportamentais, biogeográficos e
geológicos (FONSECA, 2008).
Entendeu-se então que os grupos naturais de organismos eram
simplesmente reflexos de relações evolutivas. As classificações passaram a ser
vistas como representações da história evolutiva e avaliadas de acordo com seu
sucesso em representar essa história. Aqui, causas e efeitos se misturam, pois para
o próprio Darwin a existência de padrões taxonômicos era uma das principais
evidências da evolução. Para ele, a hierarquia dos seres vivos só poderia ter sido
tão bem definida se fosse resultado de um processo histórico de descendência com
modificação – isto é, evolução (DE PINNA, 2001).
12
Posteriormente, o zoólogo alemão Ernst Haeckel (1834 – 1919) foi um dos
pioneiros na construção de árvores filogenéticas baseadas na comparação de
similaridades compartilhadas pelos organismos e criou termos como “antropogenia”,
“filo”, “filogenia”, “ecologia” (SANTOS, 2008) e ainda descreveu o Reino Protista,
táxon aparentemente polifilético para os padrães atuais (WILLMANN 2003). É
necessário esclarecer que o nome “Protista”, organismos unicelulares conforme
proposto por Haeckel (1866), diz respeito à animais distribuídos por vários reinos do
sistema atual de classificação (CAVALIER-SMITH, 1998). Para discussão mais
completa sobre isto, ver Corliss (1988).
Posteriormente, as idéias de Darwin foram somadas a novas descobertas e
teorias, como aquelas de genética, propostas por Gregor Mendel (1822 – 1884).
Então formulou-se a “síntese da teoria evolutiva” ou “teoria sintética da evolução” –
erroneamente denominada por alguns de “teoria neodarwinista”, como lembra
MAYR (1982). Segundo SANTOS (2008), os principais arquitetos dessa síntese
(mas que nunca se reuniram, de fato, em um grupo sob a mesma égide) foram
Theodosius Dobzhansky, Julian Huxley, Ernst Mayr, George G. Simpson e George
L. Stebbins, bem como Sergeevich Chetverikov, Ronald A. Fisher, John Burdon S.
Haldane, Cyril D. Darlington e Sewall Wright. A ramificação na Sistemática da teoria
sintética da evolução deu origem ao que hoje se chama taxonomia clássica ou
evolutiva, cujos expoentes são os supracitados Mayr e Simpson (SANTOS, 2008).
O biólogo alemão Ernest Mayr (1904 – 2005) revolucionou os conceitos
evolutivos em sua época, propondo teorias para perguntas que nem memso Charles
Darwin conseguia responder: como várias espécies podem evoluir a partir de um
único ancestral comum? Mayr tratou a resposta desta pergunta com uma nova
definição para o conceito de espécies. Em seu livro de 1942 “Systematics and the
Origin of Species” (Sistemática e a Origem das Espécies) ele escreveu que uma
espécie não é apenas um grupo de indivíduos morfologicamente similares, mas um
grupo que pode reproduzir apenas entre eles mesmos, excluindo todos os outros.
Quando populações dentro de uma espécie se tornavam isoladas pela geografia,
estratégia de alimentação, seleção sexual ou por outros meios, elas poderiam
começar a diferir de outras populações através de deriva genética e seleção natural;
e através do tempo, poderiam evoluir para novas espécies. As mais significativas e
rápidas reorganizações genéticas ocorrem em populações extemamente pequenas
que foram isoladas (como populações presentes em ilhas).
13
A taxonomia clássica, então, seguia à risca a tradição de Darwin, Wallace e
Haeckel no que tange ao não desenvolvimento de um método objetivo para a
obtenção das classificações biológicas (SANTOS, 2008). Sistematas como Georges
Simpson viam na prática classificatória uma mistura de ciência e arte, uma vez que
se fazia necessário o balanceamento de um amplo espectro de considerações e o
equilíbrio não partia de um método rotineiro, como apresentado em seu livro
“Principles of animal taxonomy” (Princípios de taxonomia animal), de 1961. Assim,
um taxonomista “evolutivo” ou “clássico” deveria construir cenários elaborados sobre
a evolução de determinado grupo e esse cenário serviria para a construção de
sistemas classificatórios. Dessa forma, essa “escola” de Sistemática baseava-se
muito mais na autoridade de um pesquisador sobre determinada área do que em um
método passível de repetição (SANTOS, 2008). Como as classificações oriundas da
taxonomia clássica estão profundamente arraigadas às concepções e ao
conhecimento prévio dos seus autores, não há como esperar que duas delas,
obtidas independentemente por pesquisadores trabalhando com o mesmo grupo de
estudo, sejam congruentes ou ao menos semelhantes, do ponto de vista das
relações de parentesco entre os organismos considerados (SANTOS, 2008). Em
breves palavras, não há um método. Essas hipóteses não podem ser confrontadas
à luz de novas evidências ou a partir da análise de sua coerência interna:
classificações da taxonomia clássica não são científicas, visto que não configuram
hipóteses testáveis ou falseáveis (cf. POPPER, 1959, 1962, 1972). As chamadas
árvores evolutivas da taxonomia clássica são apenas asserções sem
fundamentação metodológica adequada. Posteriormente à este período foram
apresentadas diversas escolas de Sistemática, para resolver esta idiossincrasia.
Tais escolas são apresentadas em separado, em um tópico neste mesmo Capítulo.
Após a proposição do Reino Protista por Haeckel, os seres vivos passaram a
ser divididos em três reinos: Protista, Plantae e Animalia. Posteriormente, surgiu um
novo sistema de classificação agrupando os organismos em quatro reinos: Monera
(bactérias e cianofícias), Protista (demais algas, protozoários fungos), Plantae ou
Metaphyta (desde briófitas até angiospermas) e Animalia ou Metazoa (desde
espongas até mamíferos). Um sistema de classificação mais recente, compreende
cinco reinos e foi proposto por Whittaker (1969). É composto por um reino
procariótico, Monera, e outros quatro reinos eucarióticos (Figura 1). Dos grupos

14
eucarióticos, acredita-se que o Protista deu origem aos outros três grupos restantes
(Plantae, Animalia e Fungi).

Figura 1 - Divisão dos seres vivos em cinco reinos proposta por Whittaker (1969).

Fonte: Whittaker (1969).

No entanto, Carl Woese, um microbiologista norte-americano nascido em


1928, apresentou uma nova classificação após análise do material genético de
bactérias, algas unicelulares (até então chamadas de arqueobactérias) e seres
eucariotos, especialmente de RNA ribossomal (WOESE et al., 1978). Ele então
criou um novo domínio, denominado Archaea, composto pelas algas unicelulares.
Surgia então a classificação dos seres vivos composta de três domínios: Bacteria,
Archaea e Eukarya (com três reinos: Plantae, Animalia e Fungi). Segundo Pace
(2006), a análise do material genético destes grupos, faz com que o modelo
biológico procarioto/eucarioto para explicar a diversidade e a evolução torne-se
inválido. Isto acontece porque as principais organelas eucarióticas (mitocôndrias e
cloroplastos) são, definitivamente, originadas de bactérias, porém o núcleo não é. A
linhagem de descendência do núcleo é tão antiga quando à linhagem de algas
unicelulares e não é derivada de algas ou bactérias. Este mesmo autor (PACE, op.
cit.) também afirma que o uso do termo “procarioto” é incorreto; porque este termo
não pode ser definido por “aquilo que não é eucarioto”, visto que seus

15
representantes (bactérias e algas unicelulares) não possuem características
comuns. A transcrição, por exemplo, é realizada de maneira distinta em algas
unicelulares e bactérias (PACE, 2006).
Atualmente existem diversas novas classificações, porém muitas delas não
utilizam mais o sistema hierárquico tradicional, conforme proposto por Lineu, devido
à grande quantidade de grupos e sub-grupos, tornando suas categorizações uma
tarefa difícil de ser compreendida (ADL et al., 2005). A classificação apresentada
por Adl et al., (2005), que é baseada em todas as informações de ultraestrutura
coligidas desde 1980 e uma filogenia molecular, por exemplo, reconhecem seis
linhagens de eucariotos que podem representar grupamentos similares aos
tradicionais “reinos”. Mais informações sobre este novo sistema de classificação
podem ser encontradas em Adl et al., (2005) e Keeling et al., (2011).

CATEGORIAS HIERÁRQUICAS
Devido ao grande número de espécies e a diversidade de seres vivos
existentes tornou-se necessário a elaboração de sistemas de classificação com
categorias hierárquicas, que tivesse como finalidades básicas de simplificar o
estudo dos seres vivos e estabelecer parentesco entre diferentes grupos. Em suma,
a finalidade fundamental da classificação seria a simplificação do estudo pela
descoberta de parentesco.
É claro que qualquer sistema de classificação apresenta muitas dificuldades,
pois os seres vivos se modificam e evoluem ao longo do tempo e ainda, com o
avanço da ciência, surgem novas descobertas a respeito das relações existentes
entre os organismos. Isto é particularmente verdadeiro após o surgimento da
Sistemática filogenética em meados da década de 60 e com o desenvolvimento de
métodos modernos de análises filogenéticas com a utilização de informações
morfológicas, moleculares, etológicas e bioquímicas, entre outras.
A classificação taxonômica, conforme proposta por Lineu, organiza os seres
vivos em uma hierarquia começando com o nível de Reino e terminando no grupo
da espécie. A hierarquia, portanto, é uma estrutura organizacional (Sistemática)
para classificação zoológica, formada por uma sequência de classes (ou conjuntos)
em níveis diferentes; em que cada classe, exceto a mais baixa (espécie), inclui uma
ou mais classes subordinadas (SIMPSON, 1981). Cada grupo de uma dada
16
categoria acima da espécie é formado por um ou mais grupos de categorias
inferiores.
Segundo SIMPSON (1981) em taxonomia, a pesquisa é dirigida para grupos
de organismos interrelacionados; o qual, em seu significado geral, recebe o nome
de táxon, também frequentemente designado como unidade taxonômica. De acordo
com Papavero (1994), táxon é um determinado grupo de organismos, ou qualquer
unidade taxonômica, tal como uma família, um gênero, uma espécie particular. Os
primatas, incluindo o homem, foram um táxon, por exemplo.
Categoria taxonômica é um determinado nível hierárquico em que certos
táxons são classificados (ex.: Reino, Filo, Classe, etc.). Isto significa a existência de
hierarquia taxonômica, constituída pelos diferentes níveis resultantes das
subdivisões dos táxons e, consequentemente, implicando diversos graus de
sucessão taxonômica. Em Zoologia, são reconhecidas sete categorias principais,
assim hierarquicamente dispostas: REINO → FILO → CLASSE → ORDEM →
FAMÍLIA → GÊNERO → ESPÉCIE. Estas categorias são mutuamente inclusivas,
conforme exemplificado na Figura 2.

Figura 2 – Diagrama representando as categorias hierárquicas propostas por Lineu.

Fonte: Do autor.

Dependendo do grau de complexidade alcançado pelos conhecimentos sobre


o grupo objeto de estudo, procede-se a intercalação de outras categorias que são
chamadas facultativas. Entende-se que esta expressão “facultativa” aplica-se
apenas no significado de que nem todos os grupos apresentam estas categorias em
seu sistema classificatório, ao contrário das principais que se revestem de feição de

17
obrigatoriedade para qualquer deles. Ao designá-las, utiliza-se os prefixos “infra”,
“sub” e “super”; como por exemplo, infraclasse, superfamília e subgênero. Além
disso, e também na dependência da complexidade atingida pelo grupo, tem-se
empregado outras categorias e correspondentes denominações como ramo, coorte,
tribo (MATEUS, 1989).
De qualquer maneira, as categorias situadas acima de espécie na hierarquia
taxonômica são consideradas como superiores e definidas como sendo as que
incluem todos os táxons ali alocados nos correspondentes níveis de classificação.
Estes táxons são então denominados táxons supraespecíficos. Deve-se ter
presente que, abaixo da categoria de espécie, nas formas de reprodução sexuada,
o relacionamento taxonômico deixa de ser hierárquico, em virtude do resultado de
mutações e combinações. Ao passo que, acima desse nível, como os caracteres
são fixados, torna-se possível recuperar a informação histórica e, portanto, as
relações taxonômicas são hierárquicas.
O “reino” é a maior unidade usada em classificação biológica. Entre o nível
de “reino” e de “gênero”, entretanto, Lineu e taxonomistas posteriores adicionaram
diversas categorias. Temos então, os gêneros agrupados em famílias (o cão, o lobo
e a raposa pertencem à Família Canidae, por exemplo). As famílias podem ser
agrupadas e formar uma ordem, por exemplo: o cão, o lobo e a raposa fazem parte
da Ordem Carnivora, juntamente com os gatos, leões, tigres, onças, guaxinins,
camgambás e furões, entre outros. As ordens podem ser agrupadas e formar uma
Classe, por exemplo: todos os mamíferos já listados, incluindo todos os demais (o
homem, por exemplo) fazem parte da Classe Mammalia. As classes podem reunir e
formar um Filo, por exemplo: todos os mamíferos, somados aos peixes, répteis,
anfíbios e aves, formam o Filo Chordata. Os Filos podem ser agrupados e formar
um Reino, por exemplo: o conjunto de fotos os filos de animais, constituem o Reino
Animmalia.
Assim sendo, todas as categorias utilizadas em Zoologia apresentam-se
hierarquicamente dispostos da seguinte maneira (em negrito e letras maiúsculas
estão listadas as categorias obrigatórias):

18
REINO CLASSE FAMÍLIA
Subreino Subclasse Subfamília
Superfilo Infraclasse Tribo
FILO Coorte Subtribo
Subfilo Superordem GÊNERO
Ramo ORDEM Subgênero
Superclasse Subordem ESPÉCIE
Infraordem Subespécie
Superfamília

Para entender apresentamos na Tabela 1, a classificação de um molusco,


Charonia tritonis Linnaeus, 1758; um escorpião, Tityus maranhensis Lourenço,
Jesus Júnior e Limeira-de-Oliveira, 2006; um louva-a-deus, Mantis religiosa
Linnaeus, 1758; um anfíbio, Phylomedusa hypocondrialis (Daudin, 1803); um
lagarto, Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855); e um mamífero, Didelphis
albiventris Linnaeus, 1758 (Figura 3).

ESCOLAS DE SISTEMÁTICA
Na Sistemática, as linhas ou escolas de pensamento têm por objetivo
principal explicar e ordenar a natureza da diversidade dos organismos. Os animais
são reunidos em função de critérios de semelhanças, formando grupos e subgrupos,
conforme a maior ou menor afinidade. Normalmente, os resultados dessa
ordenação são apresentados na forma de classificação, árvores genealógicas ou
sob a forma de um texto, narrando, discutindo e estabelecendo a história evolutiva
dos grupos, também denominada Cenário Evolutivo.
De acordo com Amorim (1994), a questão das bases lógicas e filosóficas de
cada escola de Sistemática é complexa e, talvez na maior parte dos casos, é
ignorada pelos próprios adeptos da escola, que só dominam a técnica e não sua
fundamentação. Este mesmo autor afirma que pode identificar pelo menos cinco
escolas ou linhas principais de Sistemática: essencialista, catalográfica, fenética,
gradista e filogenética. Abaixo é apresentada uma síntese sobre cada uma das
escolas.

19
Figura 3 – Animais cuja classificação taxonômica é apresentada na Tabela 1. (A)
Molusco, Charonia tritonis Linnaeus, 1758; (B) Escorpião, Tityus maranhensis
Lourenço, Jesus Júnior e Limeira-de-Oliveira, 2006; (C) Louva-a-deus, Mantis
religiosa Linnaeus, 1758; (D) Anfíbio, Phylomedusa nordestina Caramaschi, 2006;
(E) Lagarto, Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855); (F) Mamífero, Didelphis
marsupialis Linnaeus, 1758.

Fonte: Yuri C. C. Lima (A, C) e L.S. Carvalho (B, D-F).

20
Escola lineana (essencialista ou tipológica)
Esta escola fundamenta-se na lógica aristotélica e na visão de mundo de
Aristóteles, ou seja, em sua ontologia essencialista. A Escola Lineana visa reunir
táxons com base em semelhanças compartilhadas pelos seres vivos. Na prática,
corresponde a um método intuitivo de comparação, uma vez que não existe um
critério que determine qual característica deve ser considerada na separação dos
táxons, carecendo assim, de uma ontologia bem definida. De acordo com Amorim
(1994), ainda hoje existem sistematas que utilizam essa lógica, mas sem um
princípio definido. Esta Escola não leva em conta a evolução e sim as semelhanças
compartilhadas entre os seres para reunir em grupos. Resgata a idéia de essência e
esta pode ou não ser compartilhada por duas ou mais espécies, método intuitivo e
arbitrário de comparação de semelhanças. Contudo, qualquer método utilizado para
reunir táxons tem como base o compartilhamento de semelhanças definido por
Aristóteles.

Escola “catalográfica” ou tradicional


Esta escola Sistemática entende que as atividades de classificação não
necessitam de um embasamento filosófico, ou seja, ela não apresenta nem teoria
nem método para ordenar o conhecimento. As classificações são baseadas no
conhecimento de taxonomistas profissionais e se realizam como uma atividade
catalogatória semelhante à de um colecionador de selos ou de moedas, que separa
ou agrupa coisas considerando suas semelhanças ou diferenças. Os defensores
dessa escola não viam (atualmente não se tem encontrado mais tais defensores) a
Sistemática como ciência, mas apenas como um mecanismo prático de
agrupamento dos seres vivos, sem qualquer compromisso com sua ontologia ou
evolução. A classificação era dada pela reunião de espécies semelhantes e
separação das distintas, segundo critérios puramente arbitrários, criando assim um
“catálogo” de espécies. Segundo Amorim (1994), não há discussão da questão
ontológica subjacente, uma vez que a prática Sistemática não é considerada
atividade científica, mas uma ferramenta operacional. Criar táxons, conhecendo um
grupo, é reunir espécies semelhantes e separar espécies distintas por decisão
assumidamente arbitrária. Há de se observar que é uma postura honesta.
Pretendendo que a classificação tenha alguma relação com o processo evolutivo e
com seus padrões, há de se rejeitar essa prática taxonômica.
21
Escola fenética ou numérica
O termo “fenética” (radical grego phaínein = mostrar, expressar + ethos =
comum a um grupo de indivíduos, significando semelhança aparente comum a um
grupo) foi criado por Mayr (1965) para designar a taxonomia numérica. Esta Escola
surgiu na década de 1950, nos Estados Unidos, coincidindo com o aparecimento
dos primeiros computadores de grande capacidade e das primeiras calculadoras
científicas (CONSTANTINO, 2012). A organização do conhecimento sobre a
diversidade dos organismos se baseia em um conjunto de métodos matemáticos
bem claros, porém não está fundamentada em uma teoria biológica. Visa reunir
grupos de animais com o maior número possível de semelhanças observáveis. As
características de cada organismo são quantificadas através de critérios
matemáticos, e a similaridade entre eles é expressa por porcentagens de
semelhanças e distâncias geométricas entre os organismos. Em função das
distâncias calculadas, os organismos são reunidos em grupos e subgrupos.
A Escola Fenética apresenta alguns pontos em comum com a escola
tradicional, como os critérios de similaridade e, principalmente, a não
fundamentação na teoria evolutiva. Essencialmente, a escola fenética se diferencia
da taxonomia tradicional pelo emprego de métodos quantitativos e pela utilização de
um número maior de características semelhantes entre os organismos. Trata-se
basicamente da elaboração de um “banco de dados” reunindo o maior número de
informações sobre os organismos facilitando: a análise de caracteres, alguns
princípios evolutivos; impedindo a formação de táxons aleatoriamente por parte dos
sistemas (com base em um ou poucos caracteres) e facilitando a identificação
taxanômica através de um sistema operacional.
No método fenético, quanto maior o número de caracteres inseridos sobre um
grupo, maior a estabilidade do sistema, entretanto o que importa não é a quantidade
de informações para formar um sistema e sim um número de informações que se
pode tirar de uma classificação elaborada. Na análise de uma classificação fenética
não se pode determinar a princípio que tipo de semelhança existe, evolutivamente
falando, entre dois ou mais grupos. O resultado da análise são classes abstratas, no
sentido Aristotélico.
A maior fragilidade do sistema fenético é ontológica, uma vez que as
semelhanças entre espécies podem ser devido a características plesiomórficas,
22
apomórficas ou homoplásicas, não refletindo com precisão que relação evolutiva
pode haver entre tais seres, ou que caracteres pesaram mais para aproximar dois
grupos. O fenograma informa apenas que há uma maior semelhança entre eles.
Na opinião do biólogo Reginaldo Constantino, do Departamento de Zoologia,
da Universidade de Brasília (UnB), a Escola se desenvolveu muito, principalmente
pelo apelo de usar uma ferramenta nova como o computador, as tinha problemas
conceituais graves. Esses problemas começaram a aparecer e a alternativa já
estava surgindo que era a Sistemática Filogenética, com o método cladístico. A
taxonomia numérica então entrou em decadência, mais ou menos a partir da
década de 80. Até o final dos anos 80 ainda havia gente adepta dessa escola. Hoje,
ninguém defende a sério nem a Taxonomia Numérica, nem a Escola Evolutiva.

Escola gradista ou evolutiva


Esta Escola surgiu na primeira metade do século XX, representada
principalmente pelas obras de Ernst Mayr (MAYR et al., 1953) e de Georges
Simpson (SIMPSON, 1981). Ela está embasada na teoria sintética da evolução, ou
“neodarwinismo” (uma denominação equivocada para a teoria sintética da evolução,
segundo AMORIM, 2008). Contudo os gradistas ou taxonomistas evolutivos não
desenvolveram um método particular para organizar o conhecimento sobre a
diversidade biológica. Os seguidores dessa escola não priorizam a constituição
morfológica como fator preponderante para a sua metodologia de classificação, a
não ser quando as diferenças são significativas. Nesse caso os grupos taxonômicos
são separados. Eles consideram, especialmente, grupos taxonômicos com maior
número de espécies. Esses grupos tendem a estar num status mais elevado. Os
critérios para reunir grupos de organismos têm como suporte o conceito de grados.
Os grados são definidos como a expressão dos graus da história evolutiva dos
grupos. Conforme este conceito, um determinado grupo, que tenha atingido a
habilidade de explorar um ambiente muito diferente, receberia um status separado
do que têm seus ancestrais, ou seja, passaria de um grado para outro que lhe é
superior.
Dado um grupo qualquer, sua evolução sempre começa com um conjunto de
características adaptativas. Ao longo da evolução, muitas espécies descendentes
mantêm essas características iniciais, num entanto, muitas vezes um ou mais
subgrupos diferenciam-se do ancestral (surgindo apomorfias em características
23
autoecológicas), resultando num novo grau evolutivo. Por exemplo: os peixes,
habitantes de ambientes aquáticos, representariam a forma mais parecida com o
ancestral dos demais vertebrados. A invasão do ambiente terrestre seria um grado
na história evolutiva dos vertebrados. Desta forma, os demais vertebrados que se
adaptaram às novas condições do ambiente seriam reunidos em um novo grupo ou
grado, o dos Tetrapoda que, como os peixes, são pecilotérmicos (sangue frio). Por
sua vez, entre os tetrápodes surgiram formas capazes de controlar a temperatura
corpórea, denominadas animais de sangue quente ou homeotérmicos. Tais formas
teriam surgido como dois grados independentes: as aves com capacidade de vôo e
com penas, e os mamíferos com pêlos e glândulas mamárias. Tanto a taxonomia
tradicional como a evolutiva utilizam-se da intuição como ferramenta para
estabelecer o relacionamento entre grupos de organismos, ou seja, não
demonstram claramente como e o que fazem, estabelecendo grupos com base em
critérios muito subjetivos.
Na construção de uma classificação gradista, dezenas ou centenas de
combinações são possíveis, que podem gerar os mais diferentes grados evolutivos,
uma vez que, o que se considera importantes como características “adaptativas
para gerar grados evolutivos” é meramente uma questão de opinião. A existência de
conflitos freqüentes entre gradistas com posições antagônicas é uma demonstração
factual desse problema, levantando a suspeita sobre a realidade fenomenológica
dessas supostas entidades evolutivas.
Segundo Constantino (2012) os adeptos da escola evolutiva procuram incluir
informações sobre filogenia nas suas classificações, mas, não mesmo tempo, levam
em conta o grau de diferença entre os táxons. Eles não usam nenhum método claro
para reconstruir filogenias e não têm o objetivo de transformar a hierarquia
conhecida da filogenia na hierarquia da classificação. Mayr (1965) concentrou-se na
taxonomia em nível de espécie. Seus primeiros livros não continham quase nenhum
conteúdo sobre filogenias e classificação de táxons supraespecíficos
(CONSTANTINO, 2012). Os adeptos da Escola Evolutiva aceitam grupos
parafiléticos na classificação (CONSTANTINO, 2012).

Escola filogenética ou cladista


Esta escola Sistemática trabalha com o método originalmente proposto por
Willi Hennig. A Sistemática Filogenética é fundamentada na teoria da evolução
24
orgânica e apresenta uma metodologia compatível com ela. Isto significa que os
grupos são formados por relações de parentesco estabelecidas através de um
ancestral comum, leva em conta o parentesco entre espécies, ou seja, a filogenia de
uma determinada espécie. A meta principal desta escola é propor hipóteses
testáveis de relacionamento genealógico entre grupos naturais. Estes são definidos
como grupos formados por organismos que possuem um mesmo ancestral comum.
Como uma metodologia Sistemática, a escola Filogenética tem por base a
passagem do ancestral para seu descendente, das características que se modificam
ao longo da genealogia do grupo.
O estabelecimento de agrupamentos naturais é determinado a partir de
características modificadas que são novidades evolutivas, herdadas de um ancestral
comum que já as possuía. Os sistematas da escola filogenética buscam reconstruir
a história da vida, mesmo quando só se pode contar com os dados do presente. Em
sua metodologia tentam estabelecer os diferentes graus de parentesco e
ancestralidade. Essa filosofia não poderia ter existido antes do século XIX, quando o
conceito de ancestralidade começou a ser melhor compreendido e aceito dentro da
comunidade científica. A partir desse momento compreendeu-se que as espécies
não são entidades fixas, e é exatamente aí onde se inicia uma discussão mais
aprofundada sobre evolução. O método cladístico nasce como um método geral de
estudar a história. A idéia do método é a seguinte: com o tempo passando ao longo
da evolução, dentro de certa linhagem, surgem caracteres novos. Esses caracteres
são passados para seus descendentes, no sentido filogenético, na árvore. Cada
escola tem sua forma de classificação, e como tal a Filogenética tem a sua,
resultando em pontos duvidosos e discordantes para um grupo de indivíduos. A
classificação filogenética permite recuperar a filogenia do grupo além de criar
sistemas de classes e atribuir nomes a estas classes. Henning (1966) diz que a
adoção de diferentes classificações é inútil, optando pela mais útil, que seria a
filogenética, onde o estudo da evolução de um grupo é feita através de vários
caracteres em vez de um só.
A estabilidade certamente deve ser uma recomendação para qualquer
escola. No entanto, não se pode pretender que qualquer sistema de classificação
possa ser estável se ele se fundamenta em um conhecimento que evolui
gradualmente, sendo a classificação filogenética, a que tem maior chance de se
aproximar de uma estabilidade a médio e longo prazo.
25
A contribuição mais importante foi o desenvolvimento de um método de
reconstrução para as relações de parentesco entre espécies e grupos de espécies.
A proposta desta escola é que as classificações biológicas devem ser um reflexo
inequívoco do conhecimento atual sobre as relações de parentesco entre os táxons,
ou seja, todos os táxons da classificação deveriam ser monofiléticos, ou se não
houver uma hipótese de monofiletismo, a dúvida deve permanecer expressa na
classificação até que se obtenha uma filogenia completa e a classificação para ser
refeita. A criação de classificações correspondente à criação de sistemas de classes
e a atribuição de nomes às classes justifica o sistema de classificação filogenético.
O ponto mais importante em favor das classificações filogenéticas é que
quando se toma uma característica particular ou um conjunto de características
como base para erigir uma classificação, constroem-se táxons que podem não
refletir a evolução de outros caracteres, ou seja, não é possível compreender a
evolução de todos os caracteres através da evolução de um caráter em particular.
No entanto, uma vez que os caracteres se originam dentro de um contexto
filogenético, todos os caracteres podem ser compreendidos através das relações de
parentesco entre os táxons. Em uma classificação filogenética qualquer informação
sobre o compartilhamento de caracteres autoecológicas pode ser compreendida
evolutivamente todas as características evoluem através da filogênese e qualquer
caráter por ter sua evolução compreendida à luz da filogenia de grupo classificado.
No caso de não existir evolução, se houver meios de inferir as características
dos tipos ideais, se houver um método de gerar um sistema de classificação
biológica efetivamente estável. Essa estabilidade certamente é desejável, contudo,
não se pode pretender que qualquer sistema de classificação seja estável se ele se
fundamenta em um conhecimento que evolui gradualmente.

26
Tabela 1 – Classificação taxonômica de um molusco, Charonia tritonis Linnaeus, 1758; um escorpião, Tityus maranhensis
Lourenço, Jesus Júnior e Limeira-de-Oliveira, 2006; um louva-a-deus, Mantis religiosa Linnaeus, 1758; um anfíbio, Phylomedusa
hypocondrialis (Daudin, 1803); um lagarto, Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855); e um mamífero, Didelphis marsupialis
Linnaeus, 1758.
CATEGORIA Molusco Escorpião Louva-a-deus Anfíbio Lagarto Mamífero
REINO Animmalia Animmalia Animmalia Animmalia Animmalia Animmalia
RAMO Eumetazoa Eumetazoa Eumetazoa Eumetazoa Eumetazoa Eumetazoa
SECÇÃO Eucoelomata Eucoelomata Eucoelomata Eucoelomata Eucoelomata Eucoelomata
DIVISÃO Bilateria Bilateria Bilateria Bilateria Bilateria Bilateria
FILO Mollusca Arthropoda Arthropoda Chordata Chordata Chordata
SUBFILO - - - Vertebrata Vertebtata Vertebtata
SUPERCLASSE - - - Tetrapoda Tetrapoda Tetrapoda
CLASSE Gastropoda Arachnida Insecta Amphibia Reptilia Mammalia
SUBCLASSE Prosobranchia - - - - Marsupialia
ORDEM Mesogastropoda Scorpiones Orthoptera Anura Squamata Didelphimorphia
SUBORDEM - - - - Sauria -
FAMÍLIA Ranellidae Buthidae Mantidae Hylidae Sphaerodactylidae Didelphidae
SUBFAMÍLIA Cymatiinae - - - - Didelphinae
GÊNERO Charonia Tityus Mantis Phylomedusa Gonatodes Didelphis
SUBGÊNERO - Archaeotityus - - - -
ESPÉCIE Charonia tritonis Tityus Mantis Phylomedusa Gonatodes Didelphis
maranhensis religiosa hypocondrialis humeralis marsupialis
Fonte: Do autor.

27
Exercícios

1. Por que a classificação é importante para ciências como a Zoologia?

2. Defina “classificação zoológica” e cite as categorias taxonômicas básicas.

3. O que é um táxon? Qual a diferença entre táxon e categoria taxonômica?

4. Conceitue espécie e explique por que os híbridos não fazem parte de uma
classificação biológica específica.

5. Através de consulta bibliográfica, classifique nas categorias principais e


obrigatórias três invertebrados e três vertebrados até nível de espécie.

6. Comente sobre o princípio básico da escola lineana.

7. Em que se baseia a escola catalográfica?

8. O que contribuiu para o surgimento da escola fenética? Como funcionava esta


escola?

9. Qual a opinião dos seguidores da escola gradista em relação à história


filogenética?

10. Conceitue cladística e explique frase: “toda relação filogenética hipotética entre
dois organismos só pode ser considerada se houver aceitação de que estes
organismos compartilham um ancestral comum”.

11. Faça uma comparação entre a escola gradista e a filogenética.

28
Capítulo 2 – Importância e Objetivos da
Sistemática Zoológica

Leonardo Sousa Carvalho & Janete Diane Nogueira-Paranhos

Os zoólogos descreveram mais de 1,5 milhão de espécies animais e milhares


são descritas a cada ano. Estima-se que todas as espécies descritas até então não
representam 20% de todos os animais viventes e menos que 1% de todos aqueles
que viveram no passado (HICKMAN et al., 2009). A diversidade dos seres vivos é
muito grande e o seu estudo se torna mais fácil quando estes são separados em
grupos. Portanto, a Sistemática é de fundamental importância para as ciências que
lidam com os animais. Para entendermos o papel dos seres vivos na natureza
primeiro temos que saber como as espécies são e como se relacionam umas com
as outras em seu ambiente natural. Tal tarefa não é fácil e requer uma ampla
preparação em várias disciplinas zoológicas, muita paciência e uma minunciosidade
especial.
A preocupação com a Sistemática existe desde a época de Aristóteles (384-
322 a.C) conhecido como o “pai da Zoologia”. Desde esta época, Aristóteles já
percebia que havia particularidades encontradas em uns animais que não eram
encontradas em outros, portanto já podiam constituir grupos. Aristóteles fez um
sistema de classificação que serviu até o século XVIII, quando o botânico sueco
Carolus Linnaeus (ou, simplesmente, Lineu) forneceu nosso atual sistema de
classificação. Este sistema, apresentado formalmente na 10ª edição da principal
obra de Lineu, o “Systema Naturae” de 1758, foi adotado oficialmente pela
Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica. Para uma discussão maior
sobre este sistema, ver Capítulo 3 – Nomenclatura Zoológica.

29
IMPORTÂNCIA DA SISTEMÁTICA FRENTE ÀS OUTRAS CIÊNCIAS
A determinação da espécie é necessária não só na Zoologia, mas em outras
ciências. Um trabalho sobre fisiologia, genética, parasitologia pode estar bem feito
no que diz respeito ao conteúdo científico, mas perde o seu valor se não tiver o
nome científico do animal que serviu de base ao trabalho, porque o nome vulgar não
satisfaz. Isso é ainda especialmente importante na investigação de agentes
causadores de patologias em animais ou plantas, tais como protozoários,
platelmintos, nematóides, entre outros. Uma identificação errônea poderia provocar
a aplicação de um procedimento inadequado para o controle do problema ou da
patologia decorrente de tal animal.
O objetivo da Zoologia, então, é dar um conhecimento definido de todo o
Reino Animal e o da Sistemática é reconstruir a árvore filogenética ou filogenia que
relaciona todas as espécies viventes e extintas. Tal objetivo norteou os zoólogos
desde a mais remota antiguidade, e os fez agrupar os animais para um estudo mais
sistemático, surgiu então a Sistemática Zoológica.
A Sistemática Zoológica, então, é o ramo da Zoologia que se ocupa da
organização, caracterização e denominação dos grupos de animais, do
estabelecimento das relações de parentesco entre esses grupos, da identificação
das formas já conhecidas e da descrição e denominação de formas novas
(MATEUS, 1989). É, portanto, interesse da Sistemática Zoológica o conhecimento
dos animais, sua ordenação segundo o grau de parentesco, bem como o
estabelecimento de regras. Interessa-lhe, portanto, a filogenia e,
consequentemente, os problemas da evolução. A Sistemática Zoológica
compreende duas partes: a taxonomia e a nomenclatura. A taxonomia refere-se à
organização, definição e ordenação dos grupos; enquanto a nomenclatura diz
respeito às regras para dar os nomes aos grupos organizados pela taxonomia.
Assim, a taxonomia é a finalidade da Sistemática, enquanto que a nomenclatura é o
meio pelo qual nos entendemos, pelo qual comunicamos os pensamentos
taxonômicos. Ambos têm, por isso, o seu valor.
A importância da taxonomia é tanta que alguns autores, sem razão,
consideram taxonomia como sinônimo de Sistemática. Para outros, porém, a
Sistemática envolve, além da taxonomia, o estudo das relações de parentesco entre
as espécies, ou seja, a filogenia. Portanto, o objetivo de quem trabalha com

30
Sistemática não é apenas descrever a diversidade existente e elaborar um sistema
geral de referência, mas também contribuir para a compreensão dessa diversidade.

A taxomomia é parte da Sistemática. Assim, pode-se defini-las:

Sistemática – É o estudo científico da diversidade e diferenciação dos


organismos e das relações existentes entre eles.
Taxonomia (do grego taxis, que significa “arranjo” + nomos, que significa
“lei”) – É a parte da Sistemática que trata do estudo da classificação, de princípios,
procedimentos e regras. Este termo foi proposto por De Candolle, em 1813, para ser
aplicado a Botânica, e daí passou a ser aplicado também na Zoologia.

De acordo com Mateus (1989), taxonomia é o capítulo da Sistemática que


tem por fim, entre outros, a organização, definição e ordenação de grupos de
animais. Ainda, segundo este autor, a Sistemática atual é bem diferente da antiga. A
velha Sistemática considera os grupos independentes uns dos outros embora
possam dispor-se por ordem lógica. A nova Sistemática considera os grupos
entidades biológicas, sujeitas a variação e ligadas por relações filogenéticas, ou
seja, por relação de parentesco.
De acordo com Mayr et al., (1953) a velha Sistemática é caracterizada pela
posição central de uma espécie, concebida tipologicamente, definida
morfologicamente e essencialmente não dimensional; enquanto na nova Sistemática
a definição de espécie puramente morfológica foi substituída por uma definição
biológica que tem em consideração fatores ecológicos, geográficos, genéticos e
outros.
Os critérios que têm presidido à organização dos grupos de animais têm
variado, refletindo, muitas vezes, as preocupações científicas dos autores, o estado
de adiantamento dos conhecimentos científicos, e as correntes filosóficas da época
em que foram elaborados. No começo, tinha-se como objetivo a estruturação de
arranjos que facilitassem a tarefa da localização das espécies e a identificação das
formas. Atualmente, procura-se traduzir a natureza.
A Sistemática trabalha com duas formas principais de classificação, a natural
e a artificial. A classificação natural baseia-se muito nas relações evolutivas entre os
diferentes grupos de organismos. Esta forma de classificar não apresenta anomalias
31
taxonômicas e traduz o que se passa na natureza, isto é, os grupos são dispostos
segundo as suas afinidades naturais, segundo o seu grau de parentesco. A
classificação artificial, por sua vez, leva em consideração caracteres morfológicos
similares, que nem sempre refletem algum tipo de ancestralidade, uma vez que
condições derivadas de caracteres podem surgir independentemente em grupos
taxonômicos distintos. Esta outra forma de classificação apresenta anomalias
taxonômicas, isto é, quando um animal, ou grupos de animais, incluído no grupo a
que pertence, por definição deste, se parece mais, pelo conjunto da sua
organização, com os animais de outro grupo do que com os do grupo de que faz
parte.
Como exemplo destas duas formas de classificação, podemos analisar o
grupo tradicionalmente chamado de “répteis”, formado por serpentes, lagartos,
crocodilianos e quelônios, de acordo com a classificação artificial. Porém, uma
análise mais aprofundada revelará diferenças entre os crocodilianos e os demais
“répteis”, assemelhando os crocodilianos às aves (pela presença de uma abertura
anteorbital, pela órbita em forma de triângulo invertido e pelos dentes comprimidos
lateralmente, por exemplo). Esta nova forma de agrupamento é válida, seguindo a
classificação natural.
É evidente que os métodos estão mais próximos da classificação natural do
que os sistemas. Muitas vezes bastava a presença ou ausência de um caráter
escolhido arbitrariamente, para definir os grupos. Assim eram formados os
“sistemas de classificação”. Ou seja, sistema é o critério ou processo taxonômico
em que os grupos são definidos pela presença ou ausência de um único caráter,
escolhido arbitrariamente. A cada sistema dava-se o nome do seu autor (ex.:
sistema de Aristóteles, sistema de Lineu, etc.).
Com o passar do tempo, à medida que novos métodos e técnicas de estudo
dos seres vivos foram sendo desenvolvidos, os taxonomistas foram notando os
defeitos dos sistemas, pois estes conduziam a graves “anomalias taxonômicas”.
No século XVII, começou uma reação contra o critério dos sistemas de modo
a tornar as classificações mais acuradas; reduzindo, tanto quanto possível, as
anomalias taxonômicas. Assim se substituiu o critério dos sistemas pelo critério dos
métodos. Desta forma, podemos definir métodos como classificações que utilizam
um conjunto de caracteres para definir os grupos; isto é, cada grupo é definido pela
presença ou ausência, não de um único caráter, mas de um conjunto de caracteres
32
que não são escolhidos arbitrariamente, mas são como que impostos pela natureza
(MATEUS, 1989).
O primeiro método que foi organizado em Zoologia, foi o do naturalista e
zoólogo francês Georges Cuvier (1769 – 1832). Desde então, os métodos tem sido
aperfeiçoados grandemente e os atuais, são já muito aceitos como tentativas de
uma classificação perfeita.
Podemos dividir a história da taxonomia em dois períodos: o dos sistemas e o
dos métodos. O período dos sistemas é formado pela época de Aristóteles e seus
continuadores e pela época de Lineu. A classificação proposta por Aristóteles
separava os animais em dois grupos, os animais sem sangue e os animais com
sangue; que correspondem aos invertebrados e aos vertebrados, respectivamente,
de outras classificações (MATEUS, 1989). Esta classificação é ainda importante
hoje em dia, pois periódicos científicos, obras didáticas e disciplinas universitárias
são nomeados “Invertebrados” e “Vertebrados”, mostrando o legado da obra de
Aristóteles (MATEUS, 1989). A classificação de Lineu, embora realizada centenas
de anos depois da de Aristóteles ainda é um sistema, e seu maior mérito foi ter
definido com precisão a hierarquia zoológica (MATEUS, 1989). O período dos
métodos, por sua vez, pode dividir-se em duas épocas, de duração muito diferentes:
a pré-evolucionista e a evolucionista. Para uma descrição pormenorizada destas
épocas, consultar Mateus (1989).

PERÍODO DOS SISTEMAS


Neste tópico, serão apresentados os principais sistemas de classificação, que
traduzem os conhecimentos da época em que foram elaborados e também refletem,
por vezes, as correntes filosóficas seguidas pelos seus organizadores.

Sistema de Aristóteles: Foi o primeiro sistema zoológico científico; proposto


por Aristóteles, que fez grande número de observações direta dos animais, tanto
marinhos, quanto de água doce e terrestres. Ele reuniu grande soma de
conhecimentos sobre a fauna, dando interpretações de natureza ecológicas. Os
animais não foram organizados seguindo uma ordem hierárquica, embora usasse
designações para gêneros e espécies, de maneira imprecisa. Os animais eram

33
divididos em dois grupos maiores, enaima e anaima, cada um subdividido em
outros quatro grupos menores (MATEUS, 1989), como se segue:

- ENAIMA (animais com sangue) - ANAIMA (animais sem sangue)


1. Quadrúpedes vivíparos 5. Moluscos (malaquia)
2. Aves 6. Malacostráceos (malacostraca)
3. Quadrúpedes e ápodes ovíparos 7. Insetos (entoma)
4. Peixes 8. Testáceos (ostracodermata)

Alguns destes grupos ainda se conservam sem alteração, como as Aves, os


Peixes e os Insetos. Os quadrúpedes e ápodes ovíparos reuniam os répteis e os
anfíbios. Os malaquia são os moluscos cefalópodes das classificações atuais;
enquanto os malacostráceos, os crustáceos. Os testáceos englobavam os
equinóides e os moluscos providos de concha (MATEUS, 1989).

Sistema de Lineu: Surgiu num período em que já se pensava na


organização de classificações mais acuradas, isto é, nos métodos. Um dos grandes
méritos de Lineu é o de estabelecimento de uma hierarquia entre grupos ou
categorias taxonômicas, como já discutido no Capítulo 1. Apesar de pretender
organizar um encadeamento harmônico, nunca se pensou que esse encadeamento
pudesse ou devesse representar relações de parentesco, pois era fixista (MATEUS,
1989). O Sistema de Lineu compreendia seis classes:

1 – Mammalia
2 – Aves
3 – Amphibia
4 – Pisces
5 – Insecta
6 – Vermes

As quatro primeiras classes correspondem ao grupo dos enaima de


Aristóteles. Embora estas classes ainda sejam mantidas, sua divisão difere um
pouco da atual. Como por exemplo, a classe dos Amphibia engloba os atuais
Amphibia e os Reptilia. As duas últimas classes equivalem aos anaima. Os Insecta
34
correspondiam todos os Arthropoda e nos Vermes se reuniam todos aqueles
animais que não podiam incluir-se em nenhuma das outras classes (MATEUS,
1989).
O período posterior ao sistema de Lineu e que antecede o primeiro método é
tão curto que pode-se considerá-los contemporâneos. Após várias tentativas, para
melhoramento dos sistemas, estes foram eliminados e atualmente não se utiliza
mais.

PERÍODO DOS MÉTODOS


Neste tópico, serão apresentados os principais métodos de classificação,
surgidos após a apresentação do método de Lineu.
Classificação de Cuvier: Após aperfeiçoamentos sucessivos, Cuvier
apresentou uma classificação que é considerada, justamente, como sendo o
primeiro método apresentado em Zoologia. Deve-se, portanto, a Cuvier, a
organização do primeiro método zoológico. Isto foi possível devido ao largo
conhecimento de Cuvier sobre a organização interna dos animais, adquiridos após
numerosas dissecações que este realizou (MATEUS, 1989). Cuvier separou o Reino
Animal em quatro grandes divisões, compostas por classes, o nível menos
abrangente de sua classificação, como se segue (Tabela 2). Para uma descrição
pormenorizada das características que definem cada um dos grandes grupos, ver
Mateus (1989).
A primeira grande divisão deste quadro corresponde aos enaima de
Aristóteles e compreende as primeiras quatro classes de Lineu, apenas com a
substituição da designação de Amphibia por Répteis. Na segunda grande divisão,
os branquiópodes e os cirripédios são incluídos nos Moluscos, assim como os
tunicados são incluídos nos Acéfalos; embora o desenvolvimento embrionário a
estrutura destes animais ainda fosse desconhecida nesta época. Somente após um
maior conhecimento destes grupos é que os tunicados foram posicionados próximos
aos cordados. A terceira grande divisão corresponde aos anelídeos e aos
artrópodes reunidos. Os miriápodes (quilópodes, diplópodes, sínfilos e paurópodes),
no entanto, eram incluídos na classe dos Insetos. A quarta grande divisão é mais
heterogênea. Nesta última, por exemplo, pode-se encontrar rotíferos, cercárias,

35
anguílulas e protozoários livres, todos inclusos na classe dos Infusórios (MATEUS,
1989).

Tabela 2 – Classificação do Reino Animal, proposta por Cuvier.


GRANDES DIVISÕES CLASSES
1. Mamíferos
2. Aves
I – Animais Vertebrados
3. Répteis
4. Peixes
1.Cefalópodes
2. Pterópodes
3. Gasterópodes
II – Animais Moluscos
4. Acéfalos
5. Braquiópodes
6. Cirrípodes
1. Anelídeos
2. Crustáceos
III – Animais Articulados
3. Aracnídeos
4. Insetos
1. Equinodermos
2. Intestinais
IV – Zoófitos ou Animais Radiados 3. Acalefas
4. Pólipos
5. Infusórios
Fonte: Mateus (1989).

Observa-se que Cuvier considerava os seus grupos independentes, isto é,


sem quaisquer relações de parentesco, opondo-se mesmo, a qualquer idéia
filogenética, pois era fixista (MATEUS, 1989). Além disto, ao analisar-se a proposta
de Cuvier, pode-se imaginar erroneamente que não se trata de um método, mas sim
de um sistema. No entanto, tal proposta considera a existência de um determinado
caráter em um organismo (ex.: sistema nervoso), pressupondo então a existência de
outros caracteres (ex.: órgãos subordinados ao sistema nervoso). Assim, por
exemplo: no caso dos Vertebrados, a existência de encéfalo, e de medula espinhal,
condiciona a existência de crânio, de vértebras, de costelas e de membros com
esqueleto ósseo ou cartilaginoso, além de outros órgãos (MATEUS, 1989).

Classificação de Claus: Esta classificação foi organizada com base nos


conhecimentos que se tinham na época, sobre a estrutura dos animais. Os grupos

36
são definidos por conjuntos de caracteres morfológicos. Podemos dizer que o
método de Claus é o ponto de partida das classificações modernas. Compreende
nove grandes grupos (Tabela 3). Para uma descrição pormenorizada das
características que definem cada um dos grandes grupos, ver Mateus (1989).
Nesta classificação há melhoramentos importantes, como a separação de
Braquiopoda dos Mollusca; que, juntamente com os Bryozoa foram os Molluscoidea.
Além disto há a instituição dos Tunicata, que ficaram separados definitivamente dos
Mollusca e colocados próximo dos Vertebrata, com os quais tem estreita relação. No
grupo dos Vertebrata, os Amphibia são separados dos Reptilia. Outras
inconsistências ainda permaneciam, como os poríferos junto aos celenterados; os
Enteropneusta considerados anelídeos e Vermes ainda formavam um grupo
heterogêneo, embora em menor escala que aquele apresentado por Lineu
(MATEUS, 1989).
Ainda que os quadros de classificação tenham neles implícita a idéia de
filiação dos grupos, não a indicam claramente. Só uma representação gráfica, com o
aspecto de árvore genealógica, nos pode mostrar as relações de parentesco entre
os grupos. As representações das relações filogenéticas podem ter formas variadas.
Tem o aspecto de árvores e, por isso se chamam dendrogramas. Podem indicar,
simplesmente, as relações de parentesco, ou também, acrescentar outras
informações, como grau de semelhança entre os grupos, duração destes,
desenvolvimento que tiveram através da história da Terra, etc. Podem organizar-se
representações filogenéticas de todo o Reino Animal, com base, sobretudo, nos
conhecimentos morfológicos, paleontológicos e embriológicos.
A Sistemática moderna utiliza-se de esquemas feitos com a utilização de
métodos bem definidos, em que uma determinada proposição ou hipótese deve ser
explícita e testável. Os métodos modernos buscam recuperar a história completa
das relações entre os seres vivos, buscando então, a filogenia. A primeira
representação filogenética do Reino Animal foi apresentada por Lamarck. Foi este
cientista quem fundou a teoria transformista e que dela deu uma interpretação do
mecanismo e das causas da transformação das espécies. Ele elaborou um
esquema representativo da filogenia do Reino Animal (Figura 4). De Lamarck para
cá outras árvores genealógicas, representativas das relações filogenéticas do Reino
Animal têm sido organizadas e aperfeiçoadas com o decorrer do tempo e o

37
incremento dos conhecimentos. Como exemplo, apresentamos uma árvore
filogenética sugerida por Halanych (2004) (Figura 5).

Tabela 3 – Classificação do Reino Animal, proposta por Claus.


GRANDES DIVISÕES CLASSES
1. Rhizopoda
I – Protozoa
2. Infusoria
1. Spongiae = Porífera
II – Coelenterata
2. Cnidariae
1. Cystoidea
2. Blastoidea
3. Crinoidea
III - Echinodermata 4. Asteroidea
5. Echinoidea
6. Holothuroidea
7. Enteropneusta
1. Plathelminthes
2. Nemathelminthes
IV – Vermes
3. Rotiferi (Rotifer)
4. Annelida
1. Crustacea
2. Aracnoidea
V – Arthropoda
3. Myriapoda
4. Hexapoda = Insecta
1. Bryozoa
VI – Molluscoidea
2. Brachiopoda
1. Lamellibranchiata
2. Scaphopoda
VII – Mollusca
3. Gastropoda
4. Cephalopoda
1. Tethyoidea
VII – Tunicata
2. Thaliacea
1. Pisces
2. Amphibia
IX – Vertebrata 3. Reptilia
4. Aves
5. Mammalia
Fonte: Mateus (1989).

38
Figura 4 – Diagrama apresentado por Lamarck, mostrando a representação
filogenética do Reino Animal.

Fonte: Mateus (1989).

39
Figura 5 – Uma hipótese de relacionamento filogenético entre os grandes grupos do
Reino Animal.

Fonte: Halanych (2004).

40
Capítulo 3 – Nomenclatura Zoológica

Leonardo Sousa Carvalho

No século XVIII, o zoólogo, botânico e médico sueco Carolus Linnaeus (1707


- 1778), ou simplesmente Lineu, conhecido como o “pai da taxonomia”, lançou as
bases reais para a classificação e nomenclatura modernas. Atualmente, tais normas
encontram-se consolidadas nos códigos internacionais de nomenclatura, como por
exemplo o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, editorado e mantido
pela Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica (ICZN, 1999).
A nomenclatura zoológica é um sistema de regras e recomendações acerca
da maneira correta de compor e aplicar os nomes zoológicos (BERNARDI, 1994).
Embora existam ainda códigos de nomenclatura aplicáveis à botânica ou à
microbiologia, o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica é independente de
quaisquer outros códigos, isto é, o código zoológico só conhece suas próprias
regras e recomendações (BERNARDI, 1994).
O Código, como doravante será tratado o Código Internacional de
Nomenclatura Zoológica, possui o objetivo de “promover a estabilidade e a
universalidade dos nomes científicos dos animais, e assegurar que cada táxon seja
único e distinto” (BERNARDI, 1994). Para efeitos de aplicabilidade do Código,
entende-se por animais, metazoários vivos ou extintos e ainda protozoários, cujos
taxonomistas os tratem como animais para efeitos de nomenclatura (ICZN, 1999).
Além disto, para efeitos de nomenclatura, o Código trata de nomes científicos de
animais vivos ou extintos, incluindo nomes baseados em animais domesticados,
nomes baseados em fósseis que são substituições das formas reais de animais
(impressões, moldes, etc.), nomes baseados em trabalhos de animais (icnofósseis,
ex.: pegadas fossilizadas) e nomes estabelecidos para grupos coletivos de
organismos (ICZN, 1999).

41
São excluídos das determinações do Código: (1) conceitos hipotéticos; (2)
espécimes com modificações teratológicas; (3) espécimes híbridos; (4) entidades
infrasubespecíficas (categoria abaixo de subespécie); (5) para propósitos de
referência temporária; e (6) nomes atribuídos após 1930 para trabalhos
desenvolvidos por animais.
A nomenclatura zoológica, regida pelo Código, é independente de outros
sistemas de nomenclatura, de forma que o nome de um táxon animal não é
rejeitado somente por ser idêntico ao nome de um táxon que não seja animal (ICZN,
1999). O Código, em sua Recomendação 1A (Artigo 1.4; ver ICZN, 1999), sugere
ainda que autores que pretendam publicar novos nomes para o grupo de gênero
devem consultar o Index Nominum Genericorum (Plantarum) e a Lista de Nomes
Aprovados de Bactérias para determinar se nomes idênticos foram estabelecidos
sob os Códigos Internacionais de Nomenclatura relevantes àquelas listas e, em
caso positivo, desistirem de publicar nomes zoológicos idênticos.
O Código objetiva que cada táxon animal tenha um nome único, distinto,
estável e universal (BERNARDI, 1994). Por estabilidade entende-se que o nome
correto de um táxon não deve ser alterado injustificadamente, facilitando a
comunicação. A universalidade, por sua vez, determina que o nome correto seja
válido em qualquer parte, proibindo a existência de nomes regionais, mesmo que
estes sejam estáveis. Por este motivo, há obrigatoriedade na unicidade, em que o
nome correto de um táxon é um e um só. Para completar, a distinção, em que o
nome correto de um táxon é distinto do de qualquer outro é fundamental, pois a
comunicação seria comprometida se dois ou mais táxons tivessem o mesmo nome
estável e universal (BERNARDI, 1994).
Embora tais determinações sejam válidas para nomes zoológicos, o Código
só se ocupa de táxons classificados em algumas categorias taxonômicas
congregadas em três grupos (BERNARDI, 1994): grupo da família (superfamília,
família, subfamília, tribo e qualquer outra categoria abaixo de superfamília e acima
de gênero que for conveniente adotar em determinada classificação), grupo do
gênero (gênero e subgênero e grupo da espécie (espécie e subespécie).
No decorrer deste Capítulo, como já explicitado anteriormente, será utilizada
a palavra “Código” para referir-se ao Código Internacional de Nomenclatura
Zoológica, publicado pela Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica

42
(ICZN, 1999). Quando necessário, Artigos e Recomendações, presente no Código
serão ainda apresentados, sem a completa citação de sua fonte: ICZN (1999).

NOMENCLATURA BINOMIAL
O nome dos táxons podem ser originados em palavras latinas ou latinizadas;
que, em grande parte, provem da língua Grega Clássica. Porém, vocábulos de
várias línguas modernas ou palavras arbitrariamente formadas (no caso de gêneros
e espécies) podem ser utilizados (BERNARDI, 1994).
Os nomes podem ser uninominais, binominais ou trinominais, isto é, são
nomes compostos de uma, duas ou três palavras. Os nomes das espécies são
binominais; os das subespécies são trinominais; os demais (nomes de um táxon
com ranking mais alto que o grupo da espécie) são uninominais. Os nomes
específicos e subespecíficos escrevem-se sempre com inicial minúscula; os demais
com inicial maiúscula. Os nomes genéricos, subgenéricos, específicos e
subespecíficos costumam ser escritos de forma que fiquem destacados do restante
do texto em que aparecem. Para tanto, são escritos em grifo (ou itálico) e, quando
usados em manuscritos, costumam ser sublinhados. Esse preceito, porém, é
apenas uma recomendação, não uma regra, ou seja, não é obrigatório (BERNARDI,
1994). Os nomes de táxons supragenéricos são substantivos no nominativo plural,
isto é, teriam tradução do tipo: os animais, os aracnídeos, os coleópteros, as aves,
entre outros. Os nomes de gêneros e subgêneros são substantivos no nominativo
singular (BERNARDI, 1994).
Todos estes preceitos podem assim ser exemplificados:
 Nomes de filos: Arthropoda, Onychophora, Annelida, Chordata,
Priapulida;
 Nomes de classes: Arachnida, Mammalia, Aves, Cephalopoda,
Hexapoda;
 Nomes de ordens: Ephemeroptera, Diptera, Araneae, Passeriformes,
Chiroptera, Rodentia;
 Nomes de superfamílias: Araneoidea, Ichneumonoidea, Scarabaeoidea;
 Nomes de famílias: Turdidae, Araneidae, Scarabaeidae, Muridae,
Didelphidae, Hylidae, Viperidae;

43
 Nomes de subfamílias: Myrmicinae, Corinninae, Formicinae,
Discocephalinae;
 Nomes de tribos: Formicini, Ichneumonini, Discocephalini;
 Nomes de gêneros: Edessa, Araneus, Corinna, Dipsas, Monodelphis,
Didelphis, Turdus, Coprophanaeus, Peripatus
 Nomes de espécies: Edessa rufomarginata, Araneus diadematus,
Corinna nitens, Dipsas catesby, Monodelphis domestica, Didelphis
albiventris, Turdus leucomelas, Coprophanaeus ensifer, Peripatus acacioi;
 Nomes de subespécies: Araneus angulatus afolius, Araneus angulatus
crucinceptus, Tityus confluens bodoquena, Tityus confluens confluens;

É ainda importante lembrar que várias abreviações são frequentemente


usadas em associação com nomes científicos, mas não são regulamentadas pelo
Código e não fazem parte dos nomes (CONSTANTINO, 2012). Seu uso ocorre
principalmente em listas de espécies resultantes de inventários e refletem vários
graus de incerteza na identificação. Essas abreviações não são escritas em itálico e
terminam em ponto. Abaixo seguem alguns exemplos, listados por Constantino
(2012):
 aff. – Do latim affinis, indica um táxon novo relacionado a um táxon já
existente. Exemplo: Tenedos aff. hoeferi, indica uma nova espécie,
próxima de ou semelhante a T. hoeferi, mas que se acredita ser distinta.
 cf. – Do latim confer (comparar), indica uma identificação provisória que
necessita confirmação. Exemplo: Tenedos cf. hoeferi indica que os
espécimes examinados foram identificados tentativamente como T.
hoeferi. Um examne mais detalhado pode confirmar ou não essa
identificação. A identificação incerta pode ser resultado de espécimes
danificados, ausência de descrições adequadas na literatura, variação
morfológica, etc.
 sp. – Abreviação de “espécie”, indica apenas que essa é uma espécie
não identificada dentro desse gênero. “Tenedos sp.” significa uma espécie
que se sabe pertencer ao gênero Tenedos, mas que não se sabe qual é.
No caso de haver várias espécies em um trabalho que partencem ao
mesmo gênero, mas que nenhuma delas está de fato identificada, usa-se

44
uma letra ou número depois da abreviação “sp.” (Ex.: Tenedos sp.1,
Tenedos sp.2, etc.). Como esses nomes se referem a espécies
indeterminadas, não são seguidos de nomes de autores.
 spp. – Abreviação para “espécies”, indica duas ou mais espécies
indeterminadas do mesmo gênero. Um exemplo seria Tenedos spp., que
se refere a material sabidamente pertencentes a duas ou mais espécies
indeterminadas do gênero Tenedos.
 ssp. – Abreviação para “subespécie”, só deve aparecer após o nome da
espécie. Exemplo: Atta sexdens ssp., indica que a subespécie de Atta
sexdens não foi determinada.

HOMONÍMIA
Quando dois nomes são atribuídos a dois ou mais táxons do mesmo grupo,
denomina-se homonímia. O Código proíbe terminantemente homonímia dentro dos
grupos da família e do gênero em todo o Reino Animal. No grupo da espécie, é
proibida a homonímia dentro de cada gênero (BERNARDI, 1994). Assim, Barbus
quadripunctatus (um peixe actinopterígeo), Dolichoderus quadripunctatus (uma
formiga), Nicrophorus quadripunctatus (um besouro silfídeo) e Cryptocephalus
quadripunctatus (um besouro crisomelídeo) não são homônimos. Nestes casos,
embora a segunda palavra seja a mesma, os binômios são diferentes.
Analogamente, também não são sinônimos o nome genérico Ensifera (aves), o
nome específico Ensifera ensifera e o nome da ordem ou subordem Ensifera
(insetos ortopteróides).
Nos grupos do gênero e da espécie, basta a diferença de uma letra para que
não ocorra homonímia (BERNARDI, 1994). Assim, nomes muito parecidos não são
homônimos, tais como:
 Nomes de gêneros: Apodrassus e Apodrassodes; Galianoella e
Gallieniella; Psomophis e Phimophis;
 Nomes de espécies: Araneus annuliger e Araneus annulipes; Rhinella
marina e Rhinella merianae; Dendropsophus minimus, Dendropsophus
minusculus e Dendropsophus minutus.

45
Para os nomes do grupo da família, consideram-se homônimos os nomes do
grupo da família cuja única diferença seja o sufixo. Este, por exemplo, é o caso dos
nomes Chrysopidae (uma família de insetos da ordem Neuroptera) e Chrysopinae
(uma subfamília de insetos da ordem de Diptera).

SINONÍMIA
Quando um determinado táxon possui dois ou mais nomes, diz-se que há
sinonímia. Tal ocorrência também é proibida pelo Código e deve ser corrigida,
quando descoberta. Isto pode ocorrer por erros de interpretação ou
desconhecimento da atividade de outros zoólogos, havendo a proposição de um
nome para o que se pensa ser uma nova espécie, ou um táxon supraespecífico
novo, sem se dar conta da existência de um nome prévio para a(o) mesma(o)
(BERNARDI, 1994).

PRINCÍPIO DA PRIORIDADE
A resolução casos de homonínia e sinonímia deve ser feita com a utilização
do princípio da prioridade. Este é o mais importante princípio do Código e versa
que em caso de existência de dois ou mais sinônimos ou homônimos, vale o mais
antigo. Neste caso, o nome mais antigo, que deve ser mantido, passa a ser
denominado sênior (sinônimo sênior ou homônimo sênior); enquanto o nome
mais novo, que deve ser descartado e substituído, passa a ser denominado júnior
(sinônimo júnior ou homônimo júnior).
O nome válido de um táxon é o nome mais velho aplicado a ele, exceto se
aquele nome tiver sido invalidado ou outro nome seja considerado por possuir
precedência por qualquer provisão do Código ou regramento da Comissão
Internacional de Nomenclatura Zoológica (Artigo 23.1). Por esta razão a prioridade
se aplica à validade de sinônimos, à relativa precedência de homnônimos e à
validade de atos nomenclaturais (ex.: fixação de tipos portadores de nomes).
O princípio da prioridade deve ser utilizado para promover a estabilidade e
não se destina a ser utilizado para perturbar a longa aceitação de um nome em seu
significado habitual, através da introdução de um nome que seja seu sinônimo
sênior ou homônimo sênior, ou através de uma ação tomada seguindo a descoberta
46
de um ato nomenclatural anterior e até então não reconhecido (Artigo 23.2). Além
disto, um táxon formado pela junção de dois ou mais táxons nominais previamente
estabelecidos, dentro dos grupos da família, do gênero ou da espécie, leve o seu
nome válido o nome determinado em acordo com o Princípio da Prioridade (Artigo
23.1), o seu propósito (Artigo 23.2) e com as devidas correções de sufixos no caso
de nomes do grupo da família (Artigo 34). Desta forma, o nome válido de um gênero
formado pela união dos gêneros Aus Medina, 1880 e Cus Dupont, 1860, e do
subgênero Bus Hamman, 1800 (transferido do gênero Xus Linnaeus 1758), é Bus
Hamman, 1800.
A seguir, apresentam-se dois exemplos de problemas como os descritos
acima. Seguindo o princípio da prioridade, ao constar-se que o nome Atea proposto
por C. L. Koch em 1837 referia-se às mesmas aranhas denominadas por C. Clerck
em 1757 como Araneus, considerou-se o nome Atea sinônimo-júnior de Araneus,
sendo este último mantido.
Analogamente, o nome Euzonus estava sendo utilizado paralelamente na
Sistemática de anelídeos poliquetos (Opheliidae) e para diplópodes. O nome do
diplópode Euzonus foi apresentado por Menge em 1854, baseado na descrição de
uma única espécie, Euzonus collulum Menge, 1854 e precede a descrição do nome
do poliqueto Euzonus, por Grube em 1866, apresentado para Euzonus arcticus
Grube, 1866 (BLAKE, 2011). Após perceber tal ocorrência, Brewer et al. (2011)
sugeriram a utilização do nome Pectinophelia proposto por Hartman em 1938 para
os poliquetos incluídos no gênero Euzonus Grube, 1866. O nome Pectinophelia até
então era considerado inválido, sinônimo-júnior de Euzonus Grube, 1866. No
entanto, posteriormente, Blake (2011) percebeu que antes do nome Pectinophelia
ser utilizado para referir-se à poliquetos, atualmente no gênero Euzonus, algumas
espécies foram incluídas no gênero Thoracophelia, proposto por Ehlers, 1897. Este
nome, Thoracophelia, até então também era considerado inválido, por também ser
sinônimo-júnior de Euzonus Grube, 1866, assim como Pectinophelia. Assim, nesse
contexto, o próximo nome disponível para os poliquetos alocados em Euzonus
Grube, e que deve passar a ser considerado válido e deve ser mantido, é o nome
Thoracophelia Ehlers, 1897 (BLAKE, 2011).
A ocorrência de um caso de homonímia foi apresentada por Ho et al., (2010).
Neste caso, apresenta-se a descrição do nome Synodus cresseyi por Prokofiev
(2008), pertencente à família Synodontidae, como um nome em substituição a
47
Synodus macrocephalus Cressey, 1981, que estava pré-ocupado por Synodus
macrocephalus Lacépède 1803. No entanto, Synodus macrocephalus Lacépède é
um membro da família Cyprinidae e agora é válido como Luciobrama
macrocephalus (Lacépède). Então, estas duas espécies encontram-se em famílias
diferentes (Synodontidae e Cyprinidae) e uma confusão é improvável de acontecer
(HO et al., 2010). Estes dois nomes aplicam-se a táxons que não são considerados
cogenéricos após 1899, e segundo o Artigo 23.9.5 do Código, e o homônimo-
júnior não deve ser automaticamente substituído. Neste caso, o uso atual de
Synodus macrocephalus Cressey, 1981 deve ser mantido e tratado como disponível
e válido. Conseqüentemente, Synodus cresseyi Prokofiev, 2008 é considerado um
nome substituto desnecessário e é inválido (HO et al., 2010).
O artigo supracitado (Art. 23.9.5) afirma que quando um autor descobre que
um nome do grupo da espécie, em uso, é homônimo júnior de outro nome do grupo
da espécie, também em uso, mas cujos nomes aplicam-se a táxons não
considerados cogenéricos (pertencentes a um mesmo gênero) após 1899, o autor
não deve automaticamente substituir o homônimo júnior. O caso deve ser remetido
para a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica para análise; e,
enquanto isso, o uso predominante de ambos os nomes deve ser mantido.
Esta situação descrita acima se refere à reversão da precedência, que deve
ser mantida quando as seguintes condições acontecem (Artigo 23.9.1): (1) o
sinônimo ou homônimo sênior não é utilizado como um nome válido após 1899
(Artigo 23.9.1.1), e (2) o sinônimo ou homônimo júnior tem sido utilizado para um
táxon particular como um nome considerado válido em pelo menos 25 publicações,
feitas por pelo menos 10 autores nos últimos 50 anos precedentes e não passados
mais de 10 anos da última publicação (Artigo 23.9.1.2).
Desta forma, um autor que descubra que ambas condições listadas acima
(Artigos 23.9.1.1 e 23.9.1.2) ocorrem, deve citar os dois nomes juntos e estabelecer
explicitamente que o nome mais recente é válido, e que a ação é tomada de acordo
com as condições do Artigo 23.9, apresentando evidências para tal (Artigo 23.9.2).
A partir da data de publicação daquele ato, o nome mais recente tem precedência
sobre o nome mais velho. Quando citado, o nome mais recente, mas válido, deve
ser qualificado pelo termo nomen protectum e o inválido, porém mais antigo, pelo
termo nomen oblitum.

48
Exemplo: O nome válido de uma espécie formada pela inclusão do táxon
nominal Aus xus Schmidt, 1940 e Aus wus Jones, 1800 em uma única espécie
taxonômica é Aus wus Jones, 1800. Mas as condições do Artigo 23.9.1.1 e Artigo
23.9.1.2 são atingidas, então Aus xus Schmidt, 1940 torna-se o nome válido para
aquela espécie. Entretanto, se estes táxons nominais referirem-se a espécies
taxonômicas distintas, então seus nomes são Aus xus Schmidt, 1940 e Aus wus
Jones, 1800. Se, por outro lado, estes dois táxons são tratados como subespécies
de uma única espécie, então seus nomes são Aus xus xus Schmidt, 1940 e Aus xus
wus Jones, 1800 – não Aus wus xus Schmidt, 1940 e Aus wus wus Jones, 1800.
Quando homônimos ou sinônimos são estabelecidos simultaneamente, mas
propostos em diferentes categorias no grupo da família, grupo do gênero ou grupo
da espécie, o nome proposto com a categoria mais elevada tem precedência (Artigo
24.1). Exemplo: Os nomes estabelecidos para o grupo da espécie, vulgaris Schmidt
e sinensis Chang são considerados sinônimos. Como sinensis foi proposto para
uma espécie, ele leva precedência sobre vulgaris, porque este último foi proposto
para uma subespécie.
Quando a precedência de nomes ou atos nomenclaturais não pode ser
objetivamente determinada, a precedência é fixada pela ação do primeiro autor
citando em um trabalho publicado aqueles nomes ou atos e selecionando dentre
eles, sendo este autor denominado “primeiro revisor”. Este regramento chama-se
“princípio do primeiro revisor” (Artigo 24.2.1). Assim, se dois ou mais nomes,
diferentes ou idênticos, e baseados nos mesmos ou diferentes tipos, ou dois ou
mais atos nomenclaturais, são publicados na mesma data no mesmo ou em
diferentes trabalhos, a precedência de nomes ou atos é fixado pelo primeiro revisor,
exceto quando estes nomes ou atos são propostos ou relacionados à diferentes
categorias taxonômicas, como descrito no Artigo 24.1 (Artigo 24.2). Exemplo: Os
nomes das aves Strix scandiaca e S. nyctea foram publicados juntos por Linnaeus
(1758) e são considerados sinônimos-subjetivos. Lönnberg (1931) agiu como o
primeiro revisor e deu precedência para o nome Strix scandiaca; assim, o nome
válido atualmente para a coruja-das-neves é Nyctea scandiaca (Linnaeus, 1758), ao
invés de N. nyctea (Linnaeus, 1758).
Se um nome for escrito mais de uma maneira no trabalho original, o primeiro
autor que citá-los juntos e selecionar uma das duas formas de escrita como correta,
também será considerado o primeiro revisor (Artigo 24.2.3). O próprio autor do
49
trabalho original pode ser considerado o primeiro revisor, desde que use um dos
nomes em uma publicação válida, não necessitando obrigatoriamente fazer a
citação de ambas formas de escrita (Artigo 24.2.4). O Código recomenda que ao
agir como primeiro revisor, um autor deve selecionar o nome, grafia ou ato
nomenclatural que melhor sirva para a estabilidade e a universalidade da
nomenclatura (Recomendação 24A). Além disto,
O Código estabelece arbitrariamente um início para a aplicação do princípio
da prioridade: 1 de janeiro de 1758. Duas obras são consideradas como publicadas
nesta data: a décima edição do Systema Naturae de Linnaeus (LINNAEUS, 1758) e
a obra Aranei Svecici de Carl Alexander Clerck (CLERCK, 1758), tendo a segunda
precedência sobre a primeira. Qualquer outra publicação de 1758 é posterior às
duas. Daí em diante, toda a determinação de prioridade deve ser estabelecida pela
averiguação das datas de publicação (BERNARDI, 1994).

VALIDADE DE PUBLICAÇÕES
Todo nome zoológico, para ser válido, deve ser devidamente publicado. Para
ser considerado “devidamente publicado”, no sentido do Código (Artigo 8), um
trabalho deve satisfazer os seguintes critérios: (1) ser publicado para proporcionar
um registro público e permanente; (2) estar disponível para compra ou permuta na
ocasião da publicação; e (3) devem ser produzidos em uma edição com cópias
disponíveis através de um método que assegurasse cópias idênticas, numerosas e
duráveis. O Código ressalta que teses (dissertações de mestrado e teses de
doutorado) não constituem publicações formais, para fins nomenclaturais.
Ainda de acordo com o Código (Artigo 9), nenhuma das formas de publicação
a seguir são são consideradas pelo propósito do Código: (1) trabalhos manuscritos
depois de 1930; (2) fotografias; (3) provas de publicações; (4) microfilmes; (5)
registros acústicos; (6) etiquetas de espécimes; (7) cópias obtidas sob demanda de
um artigo não publicado, mesmo se previamente depositado em uma biblioteca ou
outro arquivo; (8) texto ou ilustrações distribuídas por meios eletrônicos (ex.:
internet) ou (9) resumos de artigos, publicações, pôsteres, textos de palestras e
materiais similares, quando publicados primariamente em encontros, simpósios,
colóquios ou congressos.

50
AUTORIA E DATA
Como salienta Bernardi (1994), todo nome publicado tem autor e data de
publicação. O autor de um nome é a pessoa que o publicou pela primeira vez como
nome de um táxon. Podem existir dois ou mais autores para um mesmo nome.
No entanto, embora todo nome publicado tenha autor e data de publicação, o
nome científico de uma espécie, não de um táxon de qualquer outra categoria
hierárquica, é uma combinação de dois nomes (um binômio), o primeiro sendo o
nome genérico e o segundo sendo o nome específico (Artigo 5.1). Assim, o autor e
a data da publicação de um nome científico não fazem parte do mesmo, embora
possam ser citados em conjunto, como orientado através de seus Artigos 22 (no que
diz respeito à citação da data de publicação) e 51 (no que diz respeito à citação da
autoria).
Segundo o Artigo 51, a citação do autor de um nome é opcional, embora seja
costumeira e recomendável. O Código recomenda (Recomendação 51A) que o
autor e a data de um nome devem ser citados no texto pelo menos uma vez em
cada trabalho tratando com o táxon denotado pelo nome. Isto é especialmente
importante na distinção entre homônimos e na identificação de nomes do grupo da
espécie, que não estejam em sua combinação original. Se o nome e o sobrenome
de um autor forem passíveis de confusão, estes devem ser distinguidos como em
referências bibliográficas. Por exemplo: Carl Ludwig Koch é normalmente referido
como C. L. Koch ou Koch; enquanto seu filho Ludwig Carl Christian Koch é referido
como L. Koch.
O nome de um autor deve seguir imediatamente após o nome do táxon, sem
qualquer marca de pontuação (vírgula, por exemplo), exceto em combinações
alteradas, como veremos adiante. Quando três ou mais autores forem responsáveis
por um nome, então a citação dos nomes dos autores pode ser expressa pelo uso
do termo “et al.”, seguindo o nome do primeiro autor, desde que o nome de todos os
autores seja citado por completo em algum lugar no mesmo trabalho, seja no texto
ou nas referências bibliográficas (Recomendação 51C).
Se o nome de um táxon foi (ou considera-se que tenha sido) estabelecido
anonimamente, então se deve utilizar o termo “Anon.” como se fosse o nome do
51
autor. Entretanto, se a autoria for conhecida ou inferida a partir de evidências
externas (não presentes no trabalho original), o nome do autor, caso citado, deve
ser disposto entre colchetes, para mostrar que era anônimo originalmente
(Recomendação 51D).
A citação da data, por sua vez, segue o nome do autor; e, assim como a
citação da autoria de um nome, é importante para a distinção entre homônimos e na
identificação de nomes do grupo da espécie, que não estejam em sua combinação
original. Na citação da data, não se deve colocar mais que uma vírgula entre o
nome do autor e a data da publicação do nome (Artigo 52).
Quando um nome do grupo da espécie é combinado com um nome genérico
outro que o original, o nome do autor do nome do grupo da espécie, se citado, deve
ser mantido entre parênteses (a data, se citada, deve ficar dentro dos mesmos
parênteses). Exemplo: o gato mourisco foi descrito originalmente como Felis
yagouaroundi E. Geoffroy, 1803, no entanto, após novas análises esta espécie foi
transferida para o gênero Herpailurus Severtzow, 1858, passando a ser conhecida
como Herpailurus yagouaroundi (E. Geoffroy, 1803).
No entanto, conforme lembra Bernardi (1994), estas mudanças de gêneros
são potencialmente reversíveis; pois, normalmente, baseiam-se na interpretação de
um ou mais autores. Assim, digamos que em um novo arranjo taxonômico, conclua-
se que o gato mourisco, de fato, não pertença ao gênero Herpailurus, mas que o
autor original estava correto. Assim, volta-se a falar em Felis yagouaroundi E.
Geoffroy, 1803.
Em suma, o nome do autor e a data são citados entre parênteses quando o
nome do grupo da espécie é citado em uma nova combinação, isto é, quando o
segundo termo do binômio ou o terceiro termo do trinômio são usados em
combinação com o nome de um gênero diferente do nome com que combinaram
pela primeira vez (BERNARDI, 1994).
Além disto, como enfatiza Constantino (2012), nomes de gêneros podem ser
abreviados depois que o nome completo já apareceu pelo menos uma vez no texto,
tomando sempre o cuidado de evitar ambigüidade. Desta forma, Coptotermes
havilandi poderia ser abreviado como C. havilandi; porém se no mesmo texto
aparecer a espécie Cryptotermes havlandi, a abreviação “C.” seria ambígua. Neste
caso, seria suficiente acrescentar mais uma letra na combinação: Co. havilandi e Cr.
havilandi (CONSTANTINO, 2012).
52
PRINCÍPIO DA TIPIFICAÇÃO
Cada táxon nominal do grupo da família, gênero ou espécie tem atualmente,
ou potencialmente, um tipo portador do nome, sendo esta determinação
conhecida como princípio da tipificação (Artigo 61.1). O próprio Código descreve
como “tipo portador do nome”: o gênero-tipo, espécie-tipo, holótipo, lectótipo,
síntipos (que em conjunto constituem um tipo portador do nome) ou um neótipo, que
fornece o padrão de referenciar, mediante o qual a aplicação do nome de um táxon
pode ser determinado. Em outras palavras, tipos portadores de nomes é/são o(s)
indivíduo(s) ou táxon(s) que representa(m) o parâmetro de comparação para a
aplicação de um determinado nome. Assim, o tipo de um nome do grupo da
família é um gênero-tipo. O tipo de um nome genérico ou subgenérico é uma
espécie-tipo. O tipo de um nome específico ou subespecífico pode ser um
espécime (holótico, lectótipo ou neótipo) ou um conjunto de dois ou mais
espécimes (série-tipo). O Código estabelece que, não importando como varie os
limites de um táxon na opinião dos zoólogos, o nome válido de um táxon é
determinado pelo tipo portador do nome considerado a pertencer dentro destes
limites (Artigo 61.1.1).
Para evitar confusões com outras áreas do conhecimento, como a genética, o
tipo portador do nome de um gênero ou de um subgênero deve ser referido
estritamente como “espécie-tipo” (correspondente, em português, do termo, em
inglês, “type species”), evitando assim confusão com o uso do termo “genótipo”, por
exemplo (Recomendação 67A).
Se um táxon nominado (ex.: uma espécie descrita formalmente) possui
diferentes tipos portadores de nomes que se referem à mesma unidade taxonômica,
seus nomes são sinônimos subjetivos para aquela categoria taxonômica (Artigo
61.3.1). No entanto, para categorias subordinadas (inferiores) eles não necessitam
ser sinônimos. Por exemplo: os diferentes tipos portadores de nomes de Psittacus
elegans Gmelin, 1788 e Platycercus flaveolus Gould, 1837 são considerados como
pertencentes de uma mesma espécie de papagaios, a qual Platycercus elegans
(Gmelin, 1788) – em nova combinação – é o nome válido, por ser o sinônimo-
sênior. Embora, os nomes sejam sinônimos subjetivos ao nível de espécie, eles
não são sinônimos ao nível subordinado de subespécie de Platycercus elegans,
53
para o qual os nomes válidos são Platycercus elegans elegans (Gmelin, 1788) e
Platycercus elegans flaveolus Gould, 1837.
Se dois ou mais nomes genéricos sinônimos forem utilizados como a base
para nomes do grupo da família, então estes nomes do grupo da família são
sinônimos objetivos (Artigo 61.3.2). Analogamente, se dois ou mais táxons
nominados do grupo do gênero tem a mesma espécie-tipo ou nomes diferentes de
espécies tipos baseado no mesmo tipo portador do nome, seus nomes são
sinônimos objetivos (Artigo 61.3.3). Da mesma forma, se dois táxons nominais do
grupo da espécie tiverem o mesmo tipo portador do nome, então seus nomes são
sinônimos objetivos (Artigo 61.3.4).
A proposição de sinonímias tem importância direta na citação de tipos
portadores de nomes. Assim, a citação de uma espécie-tipo deve seguir sempre seu
binômio original, mesmo que a mesma seja ou esteja atualmente tratada como um
nome inválido; citando-se também o nome válido. Exemplo: Astacus marinus
Fabricius, 1775, uma das espécies originalmente incluídas no gênero de crustáceos
decápodes do gênero Homarus Weber, 1795, foi subsequentemente designada por
Fowler (1912) como a espécie-tipo de Homarus. A espécie-tipo é, e deveria ser
citada como, Astacus marinus Fabricius, 1775. Astacus marinus Fabricius, 1775 é
atualmente sinonimizada com Cancer gammarus Linnaeus, 1758, mas esta última
não é a espécie-tipo de Homarus e não deve ser citada como tal. Se a menção da
espécie-tipo de Homarus for necessária, ela deve ser feita de alguma maneira como
“espécie-tipo Astacus marinus Fabricius, 1775, um sinônimo-júnior de Cancer
gammarus Linnaeus, 1758”; ou “espécie-tipo Astacus marinus Fabricius, 1775,
agora considerada como um sinônimo-júnior de Cancer gammarus Linnaeus, 1758”
(Recomendação 67B).
A escolha de um gênero-tipo para a fixação de um novo um táxon nominal do
grupo da família também é regida pelo Código (Artigo 64). Um autor não é obrigado
à escolher necessariamente o nome mais velho, porém deve utilizar um gênero
considerado como válido pelos dispositivos do Código (segundo o Artigo 11.7.1). A
escolha do gênero-tipo determina o radical do nome do táxon nominal do grupo da
família. O Código recomenda ainda que um autor que queira estabelecer um táxon
nominal do grupo da família deve escolher como seu gênero-tipo um gênero que
seja tanto bem conhecido como representativo para o táxon do grupo da família
(Recomendação 64A).
54
Além disto, se um autor publicar um novo nome do grupo do gênero
expressamente como um nome para substituição (nomen novum) de um nome
previamente estabelecido (por exemplo, um novo nome para um homônimo-júnior),
ambos, tanto o nome antigo quanto o seu nome substituto, terão a mesma espécie-
tipo e o mesmo fixador do tipo (Artigo 67.8). Examplo. O gênero hipotético Bus
Schmidt, 1890 foi proposto expressamente como um novo nome em substituição
(nomen novum) para o homônimo-júnior Aus Medina, 1880, preocupado por
Dupont, 1860 (ou seja, Dupont em 1860 também descreveu um gênero chamado
Aus, sinônimo-sênior do gênero também chamado Aus, descrito por Medina em
1880). Se Cus xus é validamente fixado como a espécie-tipo de Aus Medina, ele é
automaticamente a espécie-tipo de Bus. Se, por outro lado, nenhuma espécie-tipo
tiver sido fixada para Aus Medina e Cus xus é validamente fixada como a espécie-
tipo de Bus, então ela também é espécie-tipo de Aus Medina.
A designação de subgêneros ou subespécies como tipos portadores de
nomes é permitida pelo código, desde que os mesmos sejam primeiro elevados à
categoria de gênero ou de espécie, respectivamente (Artigo 61.4). Por exemplo:
Planigale Troughton, 1928 (Mammalia) foi estabelecido com as espécies P.
subtilissima (Lönnberg, 1913), P. tenuirostris Troughton, 1928 e P. ingrami (Thomas,
1906) e a subespécie P. ingrami brunnea Troughton, 1928. Na descrição original, a
“última subespécie de ingrami” (considerando a existência de duas subespécies: P.
ingrami ingrami e P. ingrami brunnea) foi designada para o tipo de Planigale. Assim,
P. brunnea Troughton, 1928 é a espécie tipo por designação original e não P.
ingrami (Thomas, 1906). Assim, considera-se que Troughton, em sua publicação de
1928 descreveu a espécie P. ingrami e que esta é a espécie-tipo de Phanigale,
sendo posteriormente transferida para a categoria de subespécie, no mesmo
trabalho.
A fixação do tipo de um gênero por uma determinada espécie pode
acontecer, de quatro mandeiras, seguindo a ordem de precedência: (1) descrição
original, (2) monotipia, (3) tautonomia absoluta, (4) tautonomia lineana (Artigo 68.1).
A fixação da espécie-tipo pela descrição original ocorre quando uma espécie
nominal é explicitamente designada como a espécie-tipo quando o nome do táxon
do grupo da espécie é estabelecido (Artigo 68.2). As expressões “gen. n., sp. n.”,
“novo gênero e espécie”, ou um equivalente para apenas uma de duas ou mais
espécies nominais incluídas originalmente no novo gênero nominal ou subgênero
55
nominal são consideradas a serem uma designação original se nenhuma outra
espécie-tipo tiver sido explicitamente designada (Artigo 68.2.1).
A fixação da espécie-tipo por monotipia acontece quando um autor
estabelece um novo táxon nominal do grupo do gênero para uma única espécie
taxonômica, sendo esta considerada a espécie-tipo (Artigo 68.3). Esta forma de
realizar a fixação independe de qualquer sinônimo citado, subespécies ou nomes
não válidos e independente do(a) autor(a) considerar que o novo táxon nominal
contenha outras espécies que não foram explicitamente citadas.
A fixação de uma espécie-tipo por tautonomia absoluta ocorre quando um
nome válido do grupo da espécie, ou seu sinônimo citado, originalmente incluído em
um táxon nominal do grupo do gênero é idêntico ao nome daquele táxon, a espécie
nominal denotada por aquele nome específico é a espécie-tipo (Artigo 68.4).
Exemplo: O novo gênero nominal Aus Smith contem entre suas espécies nominais
Aus xus (Brown) e entre os sinônimos citados desta espécie há o nome disponível
Bus xus aus Robinson. A espécie-tipo de Aus é Bus aus Robinson, não Bus xus
Brown.
A fixação da espécie tipo por “tautonomia Lineana” acontece se, na
sinonímia de apenas uma das espécies nominais originalmente incluídas em um
táxon nominal do grupo do gênero estabelecidos antes de 1931, existir uma citação
de um nome de antes 1758 (ano em que ocorreu a publicação do Systema Naturae
por Linnaeus), de uma palavra idêntica ao novo  nome do grupo do gênero, aquela
espécie nominal é a espécie-tipo (Artigo 68.5). Ou seja, quando há ortografia
idêntica de um nome genérico ou subgenérico e um nome anterior a 1758, citado
como sinônimo de só uma das espécies ou subespécies originalmente incluídas
nesse gênero. Exemplo: O gênero Castor Linnaeus, 1758 (o castor) foi estabelecido
com duas espécies inclusas. Na lista sinonímica de uma destas espécies (Castor
fiber) é citado o nome de uma só palavra “Castor”, utilizado por Conrad Gesner
(1516 – 1565). Além disto, no que diz respeito à fixação de espécies-tipo, o Código
trata ainda de quando a fixação não ocorre na publicação original e sobre sua
subseqüente fixação (Artigo 69), além da identificação da espécie-tipo (Artigo 70).
O uso do termo “tipo” forma parte de muitos termos compostos utilizados por
taxonomistas para distinguir entre diferentes tipos de espécimes, apenas alguns dos
quais são “tipos portadores de nomes” (Artigo 72.1). São reconhecidas três
categorias de espécimes:
56
(1) Série-tipo: todos os espécimes utilizados por um autor para estabelecer
um táxon nominal do grupo da espécie. Na ausência da designação de um holótipo,
ou designação de síntipos ou de subseqüente designação de um lectótipo, todos os
espécimes da série-tipo são considerados síntipos e, coletivamente, eles constituem
o tipo portador do nome (Artigo 72.1.1).
(2) Tipos portadores de nomes: espécimes com uma função de carregar
um nome, quando fixados originalmente (holótipo ou síntipo) ou fixados
subseqüentemente (lectótipo ou neótipo).
(3) Outros espécimes: aqueles sem uma função de tipo portador de nome
(parátipos ou paralectótipos).

A proposição de um novo nome para táxon do grupo do gênero (gênero ou


subgênero), exceto nomes em reposição (nomen novum) deve incluir a fixação de
um holótipo ou síntipos (Artigo 72.3). No caso de síntipos, apenas aqueles
espécimes expressamente indicados pelo autor como sendo aqueles que foram
utilizados para a proposição do novo táxon.
A série-tipo de um táxon nominal do grupo da espécie (espécie ou
subespécie) consistem de todos os espécimes incluídos pelo autor no novo táxon
nominal, exceto aqueles que o autor expressamente exclua da série-tipo, ou refira-
se a outras variantes, ou estejam dubiamente atribuídos àquele táxon (Artigo
72.4.1). Para qualquer espécie estabelecida após 2000, qualquer evidência,
publicada ou não-publicada, deve levar em consideração a determinação de quais
espécimes constituem a série-tipo (Artigo 72.4.1.1).
Como por exemplo, Linnaeus (1758) descreveu o gastrópode Conus
imperialis, e citou os espécimes descritos e ilustrados por autores prévios. A série-
tipo incluía não apenas aqueles espécimes citados, mas também dois outros
espécimes presentes em coleções de Uppsala (na Suécia) e Londres (na
Inglaterra), das quais há evidências de que eles eram conhecidos por Linnaeus e
reconhecidos por ele como C. imperialis, quando a espécie nominal foi estabelecida.
No entanto, como disposto no Artigo 72.4.6, se Linnaeus houvesse listado estes
dois espécimes presentes nas coleções de Uppsala e Londres em sua publicação
de 1758, listando-os separadamente daqueles designados como holótipo, alótipo,
parátipos cótipos ou síntipos, estes são considerados excluídos da série-tipo.

57
Quando um autor designa um holótipo, então outros espécimes de uma série-
tipo são parátipos. Estes não se tornam síntipos e não podem ser utilizados para a
seleção de um lectótipo, se o holótipo estiver perdido ou destruído; entretanto, eles
são elegíveis para a seleção de um neótipo (Artigo 72.4.5).
O Código estabelece que holótipos, síntipos, lectótipos e neótipos são os
portadores dos nomes científicos de todos os táxons nominais do grupo da espécie
(e, indiretamente, de todos os táxons de animais). Eles são os padrões
internacionais de referência que provem objetividade na nomenclatura zoológica e
devem receber os cuidados, mantidos com segurança para a ciência, por pessoas
responsáveis para tal (Artigo 72.10). Assim, deve haver rotulagem adequada de
holótipos, síntipos, lectótipos e neótipos de uma maneira que seu status seja
inconfundível (Recomendação 72D).
Um holótipo, termo já citado outras vezes anteriormente, é um único
espécime através do qual o novo táxon nominal do grupo da espécie é baseado na
publicação original (Artigo 73.1).
De acordo com o Código (Artigo 72.5), entende-se por espécimes, um
animal ou parte de um animal, ou representações fossilizadas de animais. Pode
ainda ser uma colônia de animais que existam na natureza como uma única
entidade (ex.: uma colônia ou parte de uma colônia de cnidários, como os corais).
Em espécies de protistas, uma ou mais preparações de indivíduos diretamente
relacionados, representando diferentes estágios do ciclo de vida podem também
representar um tipo portador do nome. Uma preparação para exame ao microscópio
contendo um ou mais organismos individuais, em que o tipo portador do nome seja
claramente indicado e identificável também pode ser utilizado. O Código frisa ainda
que ilustrações ou descrições, por si mesmas, não representam tipos portadores de
nomes, no entanto, o(s) espécime(s) utilizado(s) para fazer as ilustrações ou
desenhos, sim.
Se um autor, quando estabelecendo um novo táxon nominal do grupo da
espécie, afirma em sua publicação original que um espécime, e apenas um, é o
holótipo, ou “o tipo”, ou usa alguma expressão equivalente, aquele espécime é o
holótipo, fixado por designação original (Artigo 73.1.1). Se o táxon nominal do
grupo da espécie é baseado em um único espécime, aquele espécime é o holótipo,
fixado por monotipia (Artigo 73.1.2).

58
O holótipo de um táxon nominal do grupo da espécie só pode ser fixado em
sua publicação original pelo autor original (Artigo 73.1.3). Porém, se um autor
subseqüente descobrir que um holótipo que consiste de um grupo de componentes
(ex.: partes desarticuladas de corpo) não é derivado de um único indivíduo animal,
os componentes estranhos devem, através de citação apropriada, ser excluídos do
holótipo (Artigo 73.1.5).
A designação de um holótipo, por um autor que estabelecer um novo táxon
nominal do grupo da espécie, deve ser feita de uma maneira que facilite o
subseqüente reconhecimento do mesmo (Recomendação 73A). Preferivelmente,
este autor deve designar como holótipo um espécime atualmente estudado por
ele(a), e não um espécime conhecido por ele(a) apenas através de descrições ou
ilustrações da literatura (Recomendação 73B). Isto torna-se importante, para evitar
problemas com más identificações. Se um táxon nominal do grupo da espécie é
baseado, completamente ou em parte, em uma má identificação publicada por um
autor precedente, a série-tipo consiste/inclui o espécime ou espécimes que foram
identificados erroneamente, se o autor atual referir-se à eles diretamente ou através
de ilustração ou uma descrição (Artigo 72.4.2).
O Código afirma ainda que informações sobre o holótipo devem ser
apresentadas por um autor que queira estabelecer uma nova espécie ou
subespécie, desde que estas sejam relevantes e conhecidas por este autor
(Recomendação 73C). Assim, recomenda-se a publicação das seguintes
informações sobre o holótipo: (1) tamanho de um ou mais órgãos relevantes ou
partes ou o tamanho total do mesmo; (2) localidade completa (incluindo
coordenadas geográficas), data e outras informações que acompanhem as
etiquetas (rótulos); (3) o sexo, se aplicável; (4) o estágio do desenvolvimento e sua
casta, se o táxon incluir mais de uma casta; (5) o nome do coletor; (6) a coleção na
qual ele está depositado e qualquer número de registro ou número da coleção
associado ao mesmo; (7) no caso de parasitas, o nome da espécie hospedeira; (8) a
profundidade (para animais aquáticos atuais) ou a altitude (para animais terrestres
atuais) em metros da localidade onde o espécime foi coletado; e (9) no caso de um
táxon fóssil, a era geológica e a posição estratigráfica do holótipo.
Quando um autor descreve um novo táxon nominal do grupo da espécie e
não promove a fixação de um holótipo ou de um lectótipo, então, automaticamente,
todos os espécimes da série-tipo são denominados síntipos. Os síntipos são
59
espécies de uma série-tipo que, coletivamente, constituem o tipo portador do nome.
Alternativamente, um autor também podem expressamente designar todos os
indivíduos de uma série-tipo como síntipos.
O tipo portador de um nome pode ainda ser constituído por uma ou mais
preparações ou culturas para designar um táxon nominal de protistas atuais, sendo
assim chamado de hapantótipo. Este hapantótipo é o holótipo do táxon nominal
(Artigo 73.3). Um hapantótipo, embora consista de um número de organismos
separados, é considerado ser indivisível e não pode ser restrito pela seleção de um
lectótipo (Artigo 73.3.1); mas, se um hapantótipo for constituído de mais que um
táxon do grupo da espécie, seus componentes podem, através de citação
apropriada, ser excluídos dele, até que contenha apenas indivíduos de apenas um
táxon do grupo da espécie (Artigo 73.3.2), uma ação análoga à exclusão de partes
componentes de um holótipo originado em diversos organismos (descrito no Artigo
73.1.5).
Um tipo portador de nome pode ainda ser fixado subseqüentemente a partir
da série-tipo (Artigo 74.1). Assim, dentre os síntipos de um táxon nominal do grupo
da espécie, um indivíduo pode ser designado para ser o único portador daquele
nome e representar os padrões para sua aplicação, sendo este indivíduo
denominado de lectótipo (Artigo 74.1). A válida designação de lectótipos fixa o
status de um espécime como o único tipo portador do nome de um táxon nominal e
nenhuma designação posterior de um lectótipo, para aquele mesmo táxon, terá
validade (Artigo 74.1.1).
A designação de um lectótipo permanentemente destitui todos os outros
espécimes, que eram formalmente síntipos daquele táxon nominal, do status de
síntipos; tornando-se então, paralectótipos (Artigo 74.1.3). Os paralectótipos não
tem função de portadores de nome e não retornam ao seu status de síntipos se o
lectótipo for perdido ou destruído (Artigo 73.2.2).
O Código estabelece ainda que a designação de lectótipos não pode ser
realizada coletivamente através de uma regra generalizada, devendo ser feita
especificamente para um táxon nominal. Exemplo: Smith, revisando coleções
descritas em publicações de Dupont, fez o regramento que no cado de cada nova
espécie descrita por Dupont, “o espécime portando etiqueta de determinação feita
por Dupont é o tipo” ou “o espécime listado primeiro na publicação é designado

60
como o lectótipo”. Tal ato feito por Smith não constitui uma designação válida de
lectótipo de acordo com o Artigo 74.3 do Código.
O Código descreve ainda diversas recomendações acerca da designação de
lectótipos:
 Deve preferencialmente ser feita a partir de indivíduos com uma ilustração
publicada (Recomendação 74B);
 Um autor que queira designar um lectótipo deve publicar as mesmas
informações recomendadas para publicação sobre um holótipo
(Recomendação 73C – descritas acima), além de descrever qualquer
característica individual que permita o seu reconhecimento
(Recomendação 74C);
 Quando possível, um lectótipo deve ser escolhido de síntipos da coleção
de uma instituição pública, preferencialmente da instituição contendo o
maior número de síntipos do táxon nominal do grupo da espécie, ou
contendo a coleção da qual o autor do táxon nominal do grupo da espécie
trabalhou, ou contendo a maioria dos tipos daquele autor (Recomendação
74D);
 Um síntipo de localidade conhecida deve ser preferível em relação a um
de origem desconhecida;
 Um autor que designe um lectótipo deve claramente rotulá-lo como tal,
bem como rotular os outros síntipos como “paralectótipos”, pois tanto
parátipos, quanto paralectótipos, embora não possuam status de
portadores de nome, podem ser elegíveis para designação de neótipos
(Recomendação 74F).

Quando nenhum espécime tipo portador do nome (ex.: holótipo, lectótipo,


síntipo ou um neótipo anterior) é considerado existente e um autor considere que é
necessária a designação de um tipo portador do nome para definir objetivamente o
táxon nominal, pode haver a designação de um neótipo (Artigo 75.1). Um neótipo
não deve ser designado sem um propósito maior ou como uma rotina de curadoria,
sendo nestes casos uma designação inválida (Artigo 75.2). Ou seja, se um autor
designar um neótipo para uma determinada espécie, cuja identidade não gera
dúvida e que não se encontra envolvida em algum complexo problema zoológico

61
naquele nomento em que foi designação, o suposto “neótipo” não possui status de
portador do nome.
Visto isto, o Código determina em seu Artigo 75.3, condições que qualificam a
designação válida de um neótipo quando há uma necessidade excepcional e
apenas quando esta necessidade é expressamente reportada e quando a
designação é publicada de acordo com as seguintes particularidades:
 A afirmação que é designação com o propósito expresso de clarificar o
status taxonômico ou a localidade-tipo de um táxon nominal;
 A relação dos caracteres que o autor considera como diferenciadores
daqueles de outros táxons nominais do grupo da espécie, para os quais o
neótipo é designado, ou uma referência bibliográfica com tal relação;
 Informações e descrição suficiente para garantir o reconhecimento do
espécime designado;
 A razão do autor para acreditar que o(s) espécime(s) tipo portador(es) do
nome (ex.: holótipo, lectótipo, síntipo ou um neótipo anterior) está/estão
perdido(s) ou destruído(s), e o que foi feito para descobrir tais
informações;
 Evidências de que o neótipo é consistente com o que é conhecido para o
anterior tipo portador do nome da descrição original e de outras fontes;
embora um neótipo possa ser baseado em um diferente sexo ou estágio
de vida, se necessário ou desejável para assegurar a estabilidade da
nomenclatura;
 Evidências de que o neótipo veio tão próximo quanto possível da
localidade-tipo original e, quando relevante, do mesmo horizonte
geológico ou espécie hospedeira que o original tipo portador do nome;
 A garantia de que o neótipo é, ou imediatamente após a publicação se
tornará, propriedade de uma reconhecida instituição científica ou
educacional, citada por nome, que contenha uma coleção de pesquisa,
com recursos apropriados para preservar os tipos portadores do nome e
que os faça acessíveis para estudos.

Igualmente à designação de lectótipos, como exposto acima, a primeira


designação de neótipo publicada para um táxon nominal do grupo da espécie é

62
válida, e nenhuma designação subseqüente terá validade (exceto em casos
decididos pelo poder da plenária da Comissão Internacional de Nomenclatura
Zoológica) (Artigo 75.4). No entanto, se um neótipo validade designado é perdido ou
destruído, um novo neótipo pode ser designado para substituí-lo (Artigo 75.4.1). O
Código aconselha ainda que autores devam escolher neótipos de qualquer parátipo
ou paralectótipos existentes, exceto se houver razões convincentes para o contrário,
como informações inadequadas para atender às exigências taxonômicas, a má
condição de conservação dos espécimes, ou provável mistura de táxons
(Recomendação 75A).
Em casos extremos, pode haver a designação de um neótipo mesmo quando
o tipo portador do nome ainda é conhecido. Isto acontece quando um autor
considera que a identidade taxonômica de um táxon nominal do grupo da espécie
não pode ser determinado pelo seu tipo portador do nome (ex.: o nome é um
nomen dubium), e a estabilidade ou universalidade estão, portanto, ameaçadas.
Então, o autor pode requerer à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica
para deixar de lado, sob poderes de sua plenária, o atual tipo portador do nome e
designar um neótipo. Exemplo: o holótipo da espécie de gastrópode amonito
Cycloceras laevigatum M'Coy, 1844 faltava importantes características diagnósticas.
Através de requermento, a Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica,
através de poderes de plenário, retirou o status de tipo do seu espécime-tipo e
designou um neótipo.
Pode ainda acontecer do(s) tipo(s) portador(es) do nome de um táxon
nominal do grupo da espécie (ex.: holótipo, lectótipo, síntipo ou um neótipo anterior),
que era(m) considerado(s) perdido(s) ou destruído(s), ser(em) encontrado(s) após a
designação de um neótipo. Neste caso, no momento da publicação da sua
redescoberta o material torna-se novamente o tipo portador do nome e o neótipo é
deixado de lado (exceto, por algum motivo especial, através de decisão da
Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica) (Artigo 75.8).
Como já mencionado anteriormente, informações sobre a procedência dos
indivíduos utilizados na descrição de um novo táxon do grupo da espécie (ex.:
holótipo) são importantes. A localização geográfica do local de captura, coleta ou
observação do tipo portador do nome, ou seu posicionamento estratigráfico, quando
relevante, é denominada localidade-tipo (Artigo 76.1). Se todos os síntipos de um
táxon nominal do grupo da espécie tem o mesmo local de origem, aquela é a
63
localidade-tipo; porém, se síntipos originados de duas ou mais localidades (incluindo
estratos diferentes), a localidade-tipo engloba todos os lugares de origem (Artigo
73.2.3). O local de origem de um lectótipo ou de um neótipo, após suas
designações, tornar-se-á a localidade-tipo de um táxon nominal do grupo da
espécie, independente se qualquer publicação anterior sobre a localidade-tipo
(Artigos 73.2.3, 76.2 e 76.3).
Se a captura ou coleta acontecer após transporte por meios artificiais, a
localidade-tipo é seu lugar do qual o tipo portador do nome, ou seu progenitor
selvagem, começou sua viagem não natural (Artigo 76.1.1).
O Código apresenta ainda diversas recomendações sobre as localidades-
tipo. Assim, para precisar e esclarecer uma localidade-tipo um autor deve levar em
consideração (1) as informações acompanhando o material original; (2) notas dos
coletores, itinerários ou comunicações pessoais; (3) a descrição original do táxon; e
(4) como último recurso, e sem prejuízo de outras precisões, localidades dentro do
alcance conhecido do táxon ou de que os espécimes do táxon tenham sido
registrados.
Resumidamente, são reconhecidas várias categorias de tipos através do
Código, além de algumas que são utilizadas, na prática, mesmo sem seu
reconhecimento formal. São listadas e conceituadas abaixo algumas destas
categorias:
 Alótipo: um termo regulamentado pelo Código (Recomendação 72A),
para um espécime designado, com sexo oposto ao do holótipo, porém
que formalmente não possui função de tipo portador do nome;
 Cótipo: termo antes utilizado para síntipo ou parátipo;
 Hapantótipo: uma ou mais preparações consistindo de indivíduos
diretamente relacionados representando estágios distintos do ciclo de
vida, que juntas formam o tipo portador do nome de uma espécie atual de
protozoário. Um hapantótipo, enquanto uma série de indivíduos, é um
holótipo que não deve ser restrito pela seleção de um holótipo; entretanto,
se um hapantótipo for constituído de indivíduos de mais de uma espécie,
alguns componentes devem ser excluídos até conter indivíduos de uma
única espécie.

64
 Holótipo: um único espécime (exceto no caso de hapantótipo, conforme
definido pelo Código) designado ou de alguma forma fixado como tipo
portador do nome de uma espécie nominal ou subespécie quando o táxon
nominal é estabelecido. Ou seja, é o único espécime utilizado pelo autor
para basear-se na descrição de uma espécie; ou o espécime determinado
pelo autor, dentre um conjunto de indivíduos examinados, como aquele
utilizado para basear-se na descrição de uma espécie.
 Lectótipo: um sintipo designado como o único espécime tipo portador do
nome, subseqüente ao estabelecimento nominal da espécie ou
subespécie. Exemplo: Um autor utiliza uma amostra de dois ou mais
exemplares para descrever uma espécie, sem designar o holótipo, sendo
assim todos denominados síntipos. Em uma publicação subseqüente
(posterior), este ou outro autor promove a designação do espécime tipo
portador do nome, dentre os síntipos desta espécie, sendo este único
exemplar denominado lectótipo.
 Neótipo: é o único espécime designado como tipo portador do nome de
uma espécie ou subespécie nominal, quando há a necessidade de definir
claramente este táxon e acredita-se que o tipo portador do nome não
exista mais (ex.: holótipo ou síntipos perdidos ou destruídos).
 Paralectótipo: cada espécime de uma série-tipo formal, restante após a
designação de um lectótipo. Exemplo: Um autor utiliza uma amostra de
dois ou mais exemplares para descrever uma espécie, sem designar o
holótipo, sendo assim todos denominados síntipos. Em uma publicação
subseqüente (posterior), este ou outro autor promove a designação do
espécime tipo portador do nome, dentre os síntipos desta espécie, sendo
este único exemplar denominado lectótipo. Todos os indivíduos restantes
são então denominados paralectótipos.
 Parátipo: cada espécime de uma série-tipo, outros que não o holótipo.
Exemplo:  Um autor utiliza uma amostra de dois ou mais exemplares para
descrever uma espécie, e faz a designação de um deles como holótipo,
assim todos demais são denominados parátipos.
 Síntipo: cada espécime de uma série-tipo da qual nem um holótipo ou um
lectótipo foram designados. Os síntipos coletivamente constituem o tipo

65
portador do nome.  Exemplo: Um autor utiliza uma amostra de dois ou
mais exemplares para descrever uma espécie, sem designar o holótipo,
sendo assim cada um denominado, individualmente, síntipo.
 Topotipo: um termo não regulamentado pelo Código, para um espécime
originado da localidade tipo da espécie ou subespécie da qual se acredita
que pertença, seja ou não o espécime parte da série típica.

TÁXONS NOMINOTÍPICOS
Por definição, quando um táxon do grupo da família é subdividido, o táxon
subordinado que contém o gênero-tipo é indicado pelo mesmo nome (alterando-se
apenas seu sufixo) com o mesmo autor e data. Este táxon subordinado é
denominado “táxon nominotípo” (Artigo 37.1). Exemplo: A família Tipulidae
Latreille, 1802 possui o gênero-tipo Tipula Linnaeus, 1758. Ela é dividida em um
número de subfamílias nomeadas. A subfamília contendo Tipula é chamada
Tipulinae Latreille, 1802 e é a subfamília nominotípica.
Analogamente, quando um gênero é considerado conter subgêneros, o
subgênero que contém a espécie-tipo daquele gênero é indicada pelo seu mesmo
nome, com o mesmo autor e data. Este subgênero é denominado gênero
nominotípico (Artigo 44.1). Assim, um gênero e o seu subgênero nominotípico tem
a mesma espécie-tipo (Artigo 67.1.1). Por exemplo: Se um autor descreve o gênero
Capullaria com base na espécie-tipo Capullaria hirsuta, incluindo diversas outras
espécies e dividindo-o em subgêneros; logo, o subgênero nominotípico Capullaria,
também terá sua espécie-tipo Capullaria hirsuta, com mesmo autor e data.
Da mesma forma, quando uma espécie é considerada conter subespécies, a
subespécie que contenha o tipo portador do nome daquela espécie é indicada pelo
mesmo nome da espécie, com o mesmo autor e data. Esta subespécie é
denominada subespécie nominotípica (Artigo 47.1). Assim, uma espécie nominal
e sua subespécie nominotípica tem o mesmo tipo portador do nome (Artigo 72.8).

PRINCÍPIO DA COORDENAÇÃO
Um nome estabelecido para um táxon de qualquer categoria no grupo da
família é considerado como tendo sido estabelecido para táxons nominais de todos

66
as outras categorias do grupo da família. Todos estes táxons tem o mesmo gênero-
tipo e seus nomes são formados pelo radial do nome do gênero-tipo (Artigo 29.3),
com a apropriada mudança do sufixo (Artigo 34.1). O nome tem a mesma autoria e
data para todas as categorias taxonômicas. Este princípio é denominado princípio
da coordenação (Artigo 36.1).
Exemplo: A família de borboletas, Hesperiidae, baseada em Hesperia
Fabricius, 1793, foi estabelecida em 1809 por Latreille. Este autor é considerado
como tendo estabelecido simultaneamente o nome coordenado da superfamília
Hesperioidea e o nome coordenado da subfamília Hesperiinae, mesmo que estes
tenham sido utilizados pela primeira vez muito tempo após a publicação do trabalho
de Latreille em 1809. A autoria e a data de todos os três nomes (Hesperioidea,
Hesperiidae e Hesperiinae) é Latreille, 1809.
Quando um táxon nominal é elevado ou abaixado na categoria do grupo da
família, seu gênero tipo permanece o mesmo (Artigo 36.2).

67
EXERCÍCIOS

01. De acordo com o sistema binomial de nomenclatura estabelecido por Lineu, o


nome científico Canis familiaris aplica-se a todos os cães domésticos, como vira-
latas, pastores, dobermanns, chiuauas, filas brasileiros e pitbulls, entre outros. O
lobo (Canis lupus), o coiote (Canis latrans), o chacal (Canis aureus) e o dingo (Canis
dingo) são espécies relacionadas aos cães domésticos. Visto isto, responda:
a) A que gênero pertence todos os animais mencionados?
b) Por que todos os cães domésticos são designados por um mesmo nome
científico?

02. (Vunesp - SP) Alunos de uma escola, em visita ao zoológico, deveriam escolher
uma das espécies em exposição e pesquisar sobre seus hábitos, alimentação,
distribuição, etc. No setor dos macacos um dos alunos ficou impressionado com a
beleza e agilidade dos macacos-pregos. No recinto desses animais havia uma placa
com a identificação: “Nome vulgar: Macaco-prego (em inglês: Raing-tail Monkeys ou
Cupuchin monkey); Ordem: Primates; Família: Cebidae; Espécie: Cebus apella”.
Esta foi a espécie escolhida por esse aluno. Chegando em casa, procurou um site
de busca e pesquisa na Internet. O aluno deveria digitar até duas palavras-chaves e
iniciar a busca. Que palavras o aluno deve digitar para obter informações apenas
sobre a espécie escolhida? Justifique a sua resposta.

03. Leptodactylus vastus é um nome aparentemente complicado para um anfíbio


que ocorre em brejos pelo nordeste do Brasil. Justifique o uso do nome científico em
vez de, simplesmente, "rã-pimenta", como diz a população local.

04. (UFRJ) Considere dois animais A e B, e dois outros, C e D. Os animais A e B


pertencem a gêneros diferentes de uma mesma família, enquanto os animais C e D
pertencem à mesma ordem, mas a famílias diferentes, Você espera encontrar maior
grau de semelhança entre A e B ou entre C e D? Justifique sua resposta.

68
05. Identifique a categoria taxonômica a que se referem cada um dos nomes
citados, de acordo com as regras de nomenclatura zoológica, e justifique sua
resposta.
a) Hominidae
b) Ascaris lumbricoides
c) Homo sapiens sapiens
d) Phlebotomini
d) Rattus

06. (PPGZoo - MPEG) Interprete a lista sinonímica abaixo, apresentada por Ávila-
Pires (1995) para o lagarto Crocodilurus lacertinus, e responda as duas questões
que se seguem.
Tupinambis lacertinus Daudin, 1802: 85 (holotype MHNP 8372, type-locality:
´Cayenne´).
Crocodilurus amazonicus Spix, 1825: 19 (holotype ZSMH 638/0, type-locality: São
Paulo de Olivenças, Rio Solimões); Cope, 1876: 162.
Crocodilurus ocellatus Spix, 1825: 20 (lectotype, according to designation by
Hoogmoed & Gruber, 1983, ZSMH 639/0; type-locality: Tefé, Rio Solimões).
Crocodilurus lacertinus; Duméril & Bibron, 1839: 46; Guichenot, 1855: 29; Boulenger,
1885b: 380; Goeldi, 1902: 537, 546; Burt & Burt, 1931: 326; Cunha, 1961: 116;
Vanzolini, 1972: 105, 1981a: xxi, 1986a: 14; Hoogmoed & Lescure, 1975: 157;
Hoogmoed, 1979: 278; Hoogmoed & Gruber, 1983: 392.
Crocodilurus lacertina; Crump, 1971: 20.
a) Faça a citação completa do nome da espécie.
b) O que fez Duméril & Bibron, 1839?

07. (PPGZoo - MPEG) Observe a seguinte definição de categorias coordenadas,


segundo o Código Internacional de Nomenclatura Zoológica: “Um nome
estabelecido para um táxon de qualquer categoria do grupo da família (baseado em
um dado gênero-tipo) está disponível com sua data e autor originais para outro
táxon (baseado no mesmo gênero-tipo) de qualquer das outras categorias”.
Visto isto, agora analise o texto abaixo: “Briliant (1920) descreveu o gênero
Taumaturgus, incluindo-o na nova subfamília Taumaturginae. No mesmo trabalho, o
autor incluiu a subfamília na família Trompsonidae, que havia sido proposta por

69
Briliant (1910). A análise filogenética feita por Costa (2001) indicou que
Trompsonidae é um grupo polifilético e, por este motivo, Costa (2001) elevou alguns
dos subgrupos de Trompsonidae ao status de família, incluindo Taumaturginae”.
Com base nos dados acima, faça a citação completa do nome da família
Taumaturgidae e justifique a atribuição de autoria à família Taumaturgidae.

08. (PPGZoo - MPEG) Considere a seguinte situação fictícia: “Hypotheticus alvus


Silva, 1930 e Hypotheticus alvus Parente, 1933 são espécies homônimas.
Hypotheticus longilineus Souza, 1931 é o primeiro sinônimo conhecido de H. alvus
Silva, 1930 e Hypotheticus neutralis Costa, 1950 o primeiro sinônimo conhecido de
H. alvus Parente, 1933. Quais os nomes (citação completa) que devem ser
considerados válidos para as duas espécies citadas? Justifique sua resposta.

09. (PPGZoo – MPEG) Veloso (1967) descreveu a espécie Tropicalia centralis. Em


1975, Gil publicou a revisão do gênero Refazendae, constituído por 15 espécies,
incluindo T. centralis Veloso. Dado que o trabalho do segundo autor ganhou a
aceitação da comunidade científica, como deve ser escrita a citação completa do
nome da espécie publicada por Veloso (1967)?

10. Considere os dois nomes científicos de mosquitos que se seguem: Aedes


aegypti (Linnaeus, 1762) e Anopheles gambiae Giles, 1926. Podemos afirmar que o
grau de semelhança entre eles, permite colocá-los na mesma categoria de:
a) Espécie
b) Subespécie
c) Gênero
d) Subgênero
e) Família

11. (UEL-2006). Segundo o sistema binominal de nomenclatura como devem ser


escritos os termos indicativos do gênero e da espécie?

70
12. (Modificado do PPGZoo – MPEG) Analise a figura abaixo, considerando o
objetivos principais da escola cladista (definir e propor grupos monofiléticos),
resposta as perguntas que se seguem.

a) Os gêneros apresentados (Aus e Bus) são gêneros monofiléticos? Em


caso negativo, justifique sua resposta e classifique-os filogeneticamente. Se
necessário, consulte livros sobre Sistemática filogenética.

b) Apresente uma proposição taxonômica alternativa, justificando suas


decisões, indicando a(s) espécie(s)-tipo, e mostre quais seriam as possíveis
consequencias sobre sinonímia e homonímia para os táxons genéricos e
específicos.

71
11. (UFPB 2008) Um professor de Biologia orientou os estudantes para coletarem
exemplares diversos do reino Animalia, e os agruparem de acordo com as
carac-terísticas que julgassem comuns. Os estudantes organizaram os animais nos
seguintes grupos:

Grupo I: Esponjas e estrelas-do-mar.


Grupo II: Minhocas, piolhos de cobra e centopéias.
Grupo III: Carrapatos, aranhas e escorpiões.
Grupo IV: Caranguejos, siris e camarões.
Grupo V: Moscas, abelhas, besouros e borboletas.

Em seguida, o professor explicou e caracterizou os diversos filos desse reino,


e solicitou que os animais fossem reagrupados, de acordo com os filos a que cada
um pertence. O reagrupamento correto desses animais, em filos, encontra-se na
alternativa:

A) I. Esponjas II. Estrelas-do-mar III. Minhocas IV. Piolhos de cobra,


centopéias, carrapatos, aranhas, escorpiões, caranguejos, siris, camarões,
moscas, abelhas, besouros e borboletas
B) I. Esponjas II. Estrelas-do-mar III. Minhocas IV. Piolhos de cobra e
centopéias V. Carrapatos, aranhas, escorpiões, ca-ranguejos, siris, camarões
VI. Moscas, abelhas, besouros e borboletas
C) I. Esponjas e estrelas-do-mar II. Minhocas III. Piolhos de cobra e
centopéias IV. Carrapatos, aranhas, escorpiões, caranguejos, siris,
camarões, moscas, abelhas, besouros e borboletas
D) I. Esponjas II. Estrelas-do-mar III. Minhocas, piolhos de cobra e centopéias
IV. Carrapatos, aranhas, escorpiões, caranguejos, siris, camarões, moscas,
abelhas, besouros e borboletas
E) I. Esponjas e estrelas-do-mar II. Minhocas, piolhos de cobra e centopéias
III. Carrapatos, aranhas e escorpiões IV. Caranguejos, siris e camarões V.
Moscas, abelhas, besouros e borboletas

72
UNIDADE 2 
Coleta, Preparação e 
Armazenamento de Material 
Zoológico 
 
 
 
 

Objetivos da unidade 
1. Apresentar  os  principais  itens  a  serem  utilizados  em  atividades  de 
campo; 
2. Caracterizar  as  armadilhas  para  amostragem  de  animais  invertebrados 
(especialmente terrestres) e vertebrados; 
3. Apresentar  as  técnicas  de  biometria,  registro  do  comportamento 
biológico e de preservação de vertebrados; 
4. Caracterizar e classificar as coleções zoológicas; 
5. Apresentar as ações de curadoria de coleções zoológicas; 
6. Mostrar o estado da arte de coleções zoológicas brasileiras. 

73
Capítulo 4 - Métodos e Técnicas de
Coleta e Preparação de Invertebrados

Leonardo Sousa Carvalho & Mauro Sérgio Cruz Souza Lima

Estima-se que o Brasil abrigue cerca de 13% da biodiversidade mundial,


considerando-se os táxons mais bem conhecidos e catalogados. Além disso, não se
sabe quanto da parcela desconhecida da biodiversidade brasileira está em regiões
ou localidades pouco amostradas, em habitats pouco conhecidos (p. ex., no dossel
das florestas ou no solo) ou, mesmo, aguardando sua descoberta e descrição nas
coleções científicas existentes (LEWINSOHN; PRADO, 2005). Visto isso e,
considerando o crescente impacto humano em regiões naturais, torna-se importante
preservar a biodiversidade de invertebrados a fim de se conhecer as espécies
existentes antes que sejam extintas.
No entanto, os invertebrados constituem grupos muito distintos de animais,
exibindo uma grande variedade de formas de vida, existindo desde espécies sésseis
(ex.: crustáceos cirripédios ou cnidários) até animais livres em todos os ambientes
terrestres. Com tamanha diversidade, realizar inventários da biodiversidade de
invertebrados é uma tarefa árdua e que demanda, às vezes, tempo, dinheiro e
esforço do pesquisador. Para que isto seja possível, é preciso aplicar métodos de
amostragem que permitam ao pesquisador acessar o maior número de ambientes,
períodos do dia e épocas do ano, além de contemplar as variedade de hábitos de
vida destes organismos. Neste sentido, fazer inventários de todos os grupos de
invertebrados possíveis em um determinado ponto torna-se uma tarefa quase
impossível. Assim, é importante conhecer-se a biologia e os hábitos de vida de um
determinado grupo de organismos e construir um delineamento amostral que
permita ao pesquisador atingir os objetivos da pesquisa proposta. Além disto, após
a coleta é importante realizarmos a devida preparação dos organismos coletados

74
para que estes possam ser mantidos nas coleções zoológicas a fim de que outros
pesquisadores possam ter acesso e estudar o material disponível.
Neste Capítulo abordaremos os principais métodos de amostragem e de
preparação de invertebrados, especialmente invertebrados terrestres.

MÉTODOS DE COLETA DE INVERTEBRADOS


1. Armadilha etanólica
Este é um método passivo de coleta, em que os animais são atraídos pelo
álcool etílico (etanol) volatilizado. O etanol é uma substância primária empregada
por muitos indivíduos pioneiros de muitas espécies de coleópteros na localização e
na seleção do material hospedeiro favorável (PELENTIR, 2007). Atua como
sinergista, aumentando o efeito atrativo dos monoterpenos presentes no
hospedeiro, ou posteriormente ao ataque, sinergisando feromônios produzidos pelos
indivíduos colonizadores (MOECK, 1970 apud PELENTIR, 2007). Quando o etanol é
utilizado como atrativo em armadilhas, muitos coleópteros são atraídos, dentre estes
principalmente os da família Scolytidae. Isso se deve ao fato de o odor do etanol
imitar alguns extrativos voláteis das árvores estressadas, sendo capturado pelo
painel de impacto da armadilha (ZANUNCIO et al., 1993 apud PELENTIR, 2007). O
funcionamento da armadilha é relativamente simples: há um depósito onde é
colocado etanol a 70% e acima deste há abas feitas de diferentes materiais (sacos
plásticos, garrafas PET ou madeira, por exemplo) que são utilizados como anteparo.
A isca (etanol a 96%) fica disponível na parte superior da armadilha e é
normalmente colocada dentro de uma bolsa com esponja (Figura 6A), mangueira
(Figura 6B-C) ou frasco (Figura 6D). Como o etanol é um líquido bastante volátil, os
insetos sentem esta substância e seguem em direção à fonte, batendo no anteparo
e caindo no depósito contendo etanol, onde são mortos e ficam preservados.
Diversos modelos de armadilhas etanólicas estão disponíveis no mercado;
existindo, por exemplo, estudos comparando a eficiência de armadilhas deste tipo
para a amostragem de besouros da família Scolytidae (PELENTIR, 2007; MURARI
et al., 2012). Para maximizar o esforço de captura, alguns modelos possuem ainda
funis coletores, que direcional os insetos que caem após baterem nos anteparos ao
pote contendo álcool etílico (Figura 6).

75
Figura 6 – Modelos de armadilhas etanólicas, testadas por Pelenir (2007) quanto à
eficiência na amostragem de Scolytidae. A: Modelo de armadilha Roechling
(modificada); B: Modelo de armadilha PET Santa Maria; C: Modelo de armadilha
Marques-Carrano; D: Modelo de armadilha Escolitídeo-Curitiba.

Fonte: Modificado a partir de Pelenir (2007).

76
2. Armadilhas de funil de Lindgren
As armadilhas de funil de Lindgren são um tipo especializado de armadilha de
interceptação de vôo, que utilizam diversos (8-10 ou mais) funis dispostos em uma
organização vertical, um em cima do outro (Figura 7). Este método de coleta utiliza
o comportamento de muitos insetos de (particularmente besouros) de dirigir-se em
direção ao solo após bater em um objeto sólido durante o vôo. Os espécimes que
batem em qualquer funil organizados em uma disposição vertical são direcionados
para o próximo funil abaixo, então passam para os funis mais baixos conseguintes e
eventualmente ao coletor disposto abaixo do último funil (LINDGREN, 1983).
A amostragem da armadilha aumenta com o uso de funis em que os
espécimes não consigam aderir (ex.: plásticos lisos). A forma fina e a cor
geralmente escura do funil de Lindgren mimetizam o tronco de uma árvore. Assim, a
armadilha passivamente atrai insetos, especialmente besouros que vivem em
cascas de árvores ou associados à madeira. A eficiência da amostragem pode
ainda ser aumentada com o uso de iscas atrativas, como ferormônios, etanol ou
qualquer outro tipo de isca atrativa (LINDGREN, 1983). Portanto, este é um
método passivo para a amostragem de insetos, especialmente besouros.

Figura 7 – Desenho esquemático de uma armadilha tipo funil de Lindgren.

Fonte: Do autor.

77
3. Armadilhas de interceptação e de queda ou armadilhas de queda
Estas armadilhas são utilizadas para a amostragem de invertebrados e
vertebrados terrestres, de acordo com o tamanho da armadilha utilizada. Dentre os
invertebrados, podem ser coletados aracnídeos, quilópodes, diplópodes, sínfilos e
diversos grupos de insetos (Collembola, Protura, Diplura, Archaeognatha,
Zyngentoma, Hymenoptera, Coleoptera, Blattodea, entre outros).
As armadilhas são constituítas por baldes ou recipientes (copos, tubos de
PVC ou garrafas PET) plásticos de enterrados ao nível do solo, unidos (ou não) por
cerca-guia. Seu funcionamento é relativamente simples: os animais ao encontrarem
a cerca-guia, quando presente, tentam desviar lateralmente da mesma e caem nos
coletores enterrados; ou, na ausência de cerca-guia, os animais caem nos coletores
enterrados quando encontram com estes em seu caminho.
O uso destas armadilhas para invertebrados é feito sem a utilização de
cercas-guia (portanto são apenas armadilhas de queda) com a utilização de
recipientes plásticos de aproximadamente 500 ml, contendo cerca de 200-300 ml de
líquido conservante (Figura 8A).
O líquido conservante pode ser álcool etílico (70% ou 96%), solução saturada
de bórax, propileno glicol (35%, 50% ou 75%), vinagre branco, etileno glicol (100%),
FAACC (uma mistura de formaldeído à 4%, ácido acético a 5% e cloreto de cálcio a
1,3%), formaldeído tamponado com fosfato à 4%, formalina (formol) a 5%, ou
solução saturada de sal de cozinha (salmoura) (ARISTOPHANOUS, 2010;
Carvalho, L.S. observação pessoal). Para a preservação dos órgãos reprodutivos
internos de besouros, por exemplo, Aristophanous (2010) recomenda a utilização de
álcool etílico a 96%, FAACC e formaldeído tamponado com fosfato à 4%. Ao líquido
conservante é ainda possível adicionar algumas gotas de detergente para quebrar a
tensão superficial da água, a fim de impedir que os insetos saiam do pote coletor.
As armadilhas devem permanecer instaladas no local de coleta por cerca de
cinco dias e o conjunto de todos os indivíduos coligidos em cada armadilha durante
seu período de funcionamento (ou conjunto de armadilhas) deve ser considerado
uma amostra. A permanência por mais de cinco dias pode resultar na total
evaporação do líquido conservante, afetando significativamente a eficiência da
armadilha. Para a permanência por mais de uma semana em campo Aristophanous
(2010), recomenda a utilização de formaldeído tamponado com fosfato à 4%.

78
Outra opção para a amostragem de invertebrados é a instalação destas
armadilhas com a utilização de cercas-guia (portanto são denominadas armadilhas
de interceptação e de queda), em proporções menores que aquelas para
vertebrados. Neste caso, as armadilhas podem ser instaladas em um arranjo em
formato de “X” ou “+”, utilizando uma área de 4m². Instala-se uma armadilha e,
posteriormente, outras quatro armadilhas são instaladas perpendicularmente à esta,
à um metro de distância, formando assim uma “estação de coleta” (Figura 8B). Entre
uma e outra armadilha, instala-se uma cerca-guia feita de lona ou qualquer outro
material (chapa de zinco, por exemplo), com cerca de 10cm de altura e enterrada
1cm abaixo do nível do solo. Neste caso, cada amostra será formada pelo conjunto
dos indivíduos coletados nas cinco armadilhas de cada estação, durante todo o
período de funcionamento da mesma.
Em ambos os casos, pode utilizar-se um prato plástico (ou qualquer outro
objeto) para evitar a entrada excessiva de água da chuva ou matéria orgânica (ex.:
folhas mortas) no interior do pote coletor. Estas armadilhas utilizando recipientes
pequenos ainda são eficientes na amostragem de pequenos répteis e anfíbios,
embora para estes grupos outros métodos de amostragem sejam mais eficientes.
Podem-se utilizar ainda as armadilhas originalmente desenvolvidas para a
amostragem de vertebrados, para a amostragem de invertebrados. Neste caso, o
que diferente dos equipamentos descritos acima são as proporções, pois se utiliza
baldes de pelo menos 35 litros para a amostragem de répteis e anfíbios ou ainda
baldes maiores para a amostragem de mamíferos (RIBEIRO-JÚNIOR et al., 2011).
No entanto, se o objetivo da pesquisa for a amostragem de aranhas da infra-ordem
Mygalomorphae ou mesmo grandes quilópodes (Scolopendromorphae), esta
configuração dele ser adotada, pois apresenta resultados mais satisfatórios.
Para a amostragem de insetos necrófagos ou coprófagos (ex.: besouros
Scarabeoidea) também se pode utilizar estas armadilhas. Neste caso, deve-se
utilizar iscas nas mesmas. As iscas a serem utilizadas podem ser carne ou vísceras
(ex.: fígado) em decomposição, massa fecal fresca ou frutas bem amadurecidas, de
acordo com o grupo de insetos-alvo do trabalho. Estas devem ser colocadas sobre o
pode coletor, em um pequeno recipiente suspenso com o auxílio de hastes de
madeira (ex.: palitos para churrasco) ou outro objetivo, de forma que os insetos
tenham dificuldade de alcançá-la. O odor exalado pela decomposição da isca atrairá
os insetos que serão coletados no pote coletor.
79
Figura 8 – Armadilhas de queda (A) e de interceptação e de queda (B) para
invertebrados.

Fonte: L.S. Carvalho.

A utilização deste tipo de armadilhas para amostragem da fauna de solo em


estudos de biodiversidade ou ecologia de comunidades é extremamente vantajosa,
visto que é possível produzir um grande número de amostras em um curto período
de tempo e com um custo relativamente baixo. Recomenda-se a instalação de pelo
menos 30 armadilhas para invertebrados ou cinco estações de armadilhas em cada
ponto de amostragem em um inventário de biodiversidade. Cada armadilha deve
ficar distante pelo menos cinco metros uma da outra para evitar que uma armadilha
interfira no desempenho de outra armadilha, o que resultaria em pseudoreplicação
espacial. Recomenda-se o espaçamento de 30-50 metros entre estações de coleta.
Este método é simples e sua aplicação é barata, no entanto a amostragem
sobre forte viés em direção a grupos que se movem ativamente pela superfície e
não permite a amostragem quantitativa de animais sedentários habitantes da
serapilheira e do solo, que ficam no substrato ou disseminam-se através de vôo
(KRELL et al., 2005). Alguns autores registraram que este método pode
significativamente amostrar melhor a fauna de Orthoptera, Blattaria e Diptera,
quando comparado à extrator de Winkler e funil de Berlese (SABU; SHIJU, 2010);
além de ser o melhor método para amostragem qualitativa para diversos grupos de
artrópodes de solo (SABU; SHIJU, 2010; SABU et al., 2011). Na amostragem de
aranhas, por exemplo, há fortemente um viés da coleta de machos, por
apresentarem um padrão comportamental mais ativo que fêmeas (ÁLVARES et al.,
2004).

80
4. Atração com iscas
Este, na verdade, não consiste de um método específico para amostragem
de invertebrados, mas de uma forma geral utilizada para pegar grupos específicos
de invertebrados (especialmente insetos), utilizando informações de sua história
natural: atração por iscas. Diversos grupos de insetos não apenas tem preferências
alimentares definidas, como também têm uma capacidade apurada de detecção da
presença desses alimentos (ALMEIDA et al., 1998). Estes animais podem ser
atraídos utilizando cores (ex.: abelhas), e matéria orgânica em decomposição (ex.:
besouros e moscas), entre outros. É importante lembrar que para cada determinado
grupo de insetos, objetivo da pesquisa, um tipo de isca específico ou uma
combinação de iscas deve ser utilizado (ALMEIDA et al., 1998).
As iscas mais comuns são: acetato de benzila (C9H10O2), benzoato de benzila
(C14H12O2), beta ionona (C13H20O), cinamato de metila (C10H10O2), escatol (C9H9N),
etanol (CH3CH2OH), eucaliptol (C10H18O), eugenol (C10H12O2), metanol (CH3OH),
sacarose (C12H22O11), salicilato de benzila (C14H12O3), salicilato de metila (C8H8O3),
vanilina (C8H8O3), massa fecal fresca, frutas amadurecidas ou em decomposição,
entre outros (ALMEIDA et al., 1998; FARIAS et al., 2007; KRUG; ALVES-DOS-
SANTOS, 2008; NOLL; GOMES, 2009). Além disto, a luz também funciona como
atrativo para diversos grupos de invertebrados. Os métodos de amostragem com
atração por isca serão tratados em tópicos específicos para determinados grupos de
animais (ex.: moscas) ou por estratos do ambiente (ex.: armadilhas de queda, que
amostram indivíduos de solo).

5. Atração por luz


As fontes luminosas são um atrativo para diversos grupos de insetos alados.
Provavelmente, a luminosidade da lua deve ser utilizada pelos insetos no ciclo
reprodutivo para a localização entre machos e fêmeas de uma mesma espécie na
época do acasalamento (ALMEIDA et al., 1998). É difícil saber se as fontes artificiais
de luz confundem ou ajudam os insetos nesse processo, mas com certeza servem
como atração eficiente para ajudar o coletor (ALMEIDA et al., 1998).
Há vários tipos de armadilhas que utilizam a luz como atrativo para captura
de insetos. Uma das mais comuns é a armadilha luminosa modelo “Luiz de Queiroz”
(SILVEIRA-NETO; SILVEIRA, 1969), que consiste de um funil de alumínio de cerca
81
de 65cm de altura. O diâmetro maior do funil deve ter no máximo 37 cm; o cone do
funil, 40 cm de comprimento; o tubo do funil, 25 cm de altura (ALMEIDA et al.,
1998). Sobre o maior diâmetro do fuil, encaixa-se uma armação feita com quatro
aletas de alumínio, de 45 cm de altura por 14 cm de largura cada uma, dispostas de
maneira cruzada ao redor de uma lâmpada fluorescente (ultravioleta). Para o
funcionamento da lâmpada, deve ser instalado um sistema elétrico na parte superior
do disco de alumínio, constituído por reator, tomada e “starter” (ex.: sensor de
luminosidade). Dependendo do objetivo da coleta, acopla-se, na região inferior da
armadilha, uma gaiola de tela fina (55 cm de altura por 37 cm de diâmetro) ou um
pote com álcool para aprisionar ou matar os insetos (ALMEIDA et al., 1998). Um
disco de alumínio com 40cm de diâmetro deve ser colocado sobre a armadilha para
evitar a entrada excessiva de água da chuva. A armadilha pode ser utilizada
pendurada em árvores ou suspensa com um suporte de madeira (Figura 9-10).

6. Amostragem de térmitas
A metodologia sugerida para a amostragem de térmitas segue um protocolo
bem estabelecido e já aplicado em diversos estudos científicos (ex.:
VASCONCELLOS et al., 2005), facilitando a sua replicação e comparação dos
resultados entre estudos distintos. O protocolo consiste na demarcação aleatória de
seis transectos de 65 x 2 m, distribuídos pela área de estudo, preferencialmente, em
locais com ausência aparente de distúrbio antrópico recente. Em cada transecto são
estabelecidas cinco parcelas de 5m x 2m, com distância de 10m entre elas,
totalizando 30 parcelas (300 m2) por localidade. O tempo de coleta em cada parcela
é de 1h/pessoa. Nesse período, os térmitas são procurados no solo (até cerca de
15cm de profundidade) (Figura 11), em ninhos ativos e abandonados, troncos e
galhos caídos, no folhiço, sob cascas de árvores, raízes mortas, etc.
(VASCONCELLOS et al., 2005). Para a complementação da lista de espécies de
uma determinada localidade, térmitas avistados fora das parcelas pré-estabelecidas
podem ainda ser coligidos (ex.: revoada de cupins alados, térmitas em
forrageamento, etc.). A captura dos indivíduos deve ser realizada com o auxílio de
pinças de pontas finas ou pinças entomológicas para evitar danificar os espécimes e
seu armazenamento deve ser realizado em recipientes (tubos de ensaio com
tampas ou potes) contento álcool a 75%.

82
Figura 9 – Desenho esquemático de armadilha luminosa. A. Tipo “Luiz de Queiroz”.
B. Suporte de madeira para a armadilha.

Fonte: Almeida et al., (1998).

Figura 10 - Armadilha tipo “Luiz de Queiroz” instalada em campo (A) e fonte de


energia para ligar lâmpada ultravioleta da armadilha (B).

Fonte: L.S. Carvalho.

83
Figura 11 – Realização da amostragem de térmitas. A: Pesquisador procurando por
térmitas no solo, com o auxílio de um cavador; B: Pesquisador coletando térmitas
alados em revoada, com o auxílio de uma pinça de ponta fina.

Fonte: L.S. Carvalho.

7. Amostragem de abelhas e vespas


Os himenópteros formam um grupo muito grande e diversificado de insetos,
que inclui as formigas, abelhas e vespas. A amostragem de himenópteros (Apoidea)
tradicionalmente envolve a coleta ativa de abelhas na flor com auxílio de rede
entomológica, conforme proposto por Sakagami et al., (1967). Apesar de esta
técnica ser a mais utilizada e recomendada para levantamento de abelhas, os
melhores resultados em número de espécies são obtidos quando múltiplos métodos
são utilizados com esta finalidade (PINHEIRO-MACHADO; SILVEIRA, 2006).
Abaixo, são descritos alguns métodos para a amostragem de abelhas e vespas:
Pratos-armadilha ou bandejas coloridas ou bandejas d’água: Consistem de
recipientes (pratos ou bandejas) coloridos (azuis, amarelos ou brancos) contendo
uma solução de água e detergente (o detergente serve para quebrar a tensão
superficial da água) (Figura 12). Este tipo de armadilha também é conhecido com
armadilhas de Moericke ou (yellow) pantraps (KRUG; ALVES-DOS-SANTOS, 2008;
MAZÓN; BORDERA, 2008). Para a coleta de himenópteros, recomenda-se a
utilização de objetos (pratos ou bandejas) amarelos e a utilização com outras cores
atrai outros grupos de insetos. Os pratos-armadilha utilizados por Krug e Alves-dos-
Santos (2008), por exemplo, tinham 4,5 cm de altura e cerca de 10 cm de diâmetro.
Cada prato foi preenchido com aproximadamente 150 ml de água e 4-5 gotas de
detergente. Os pratos foram distribuídos sobre o solo em áreas relativamente

84
abertas próximas à vegetação por dois dias consecutivos (48h), distantes cinco
metros entre si e com as cores intercaladas. Neste mesmo trabalho, os pratos
amarelos foram mais eficientes que aqueles azuis ou brancos, sendo responsáveis
por quase metade de todas as abelhas coletadas. A cor amarela para Diptera é
muito eficiente na captura de Sciaridae, Phoridae, Anthomyiidae e Muscidae
(RAFAEL, 2002).
Iscas de cheiro: Este tipo de armadilha é amplamente utilizado para
amostragem de machos da subtribo Euglossina. Para a atração dos machos podem
ser utilizados tipos diferentes de essências artificiais, como eucaliptol, vanilina,
eugenol, benzoato de benzila, salicilato de metila e salicilato de benzila. As iscas de
cheiro consistem de chumaços de algodão com algumas gotas de uma das
essências, que são presas à vegetação na área de estudo, a cerca de 1,5 m do
solo, para facilitar a visualização, e ao abrigo da insolação direta, para evitar a
rápida evaporação das fragrâncias e distantes cerca de 5 m entre si (FARIAS et al.,
2007; KRUG; ALVES-DOS-SANTOS, 2008). Na metodologia utilizada por Farias et
al., (2007), uma vez preparado, o chumaço, este era umedecido com o respectivo
composto aromático, as iscas mais visitadas eram reabastecidas de fragrâncias a
cada 2h e as abelhas eram capturadas, ao pousarem na isca, com rede
entomológica e agrupadas por horário de coleta e iscas visitadas. As iscas de cheiro
podem ainda ser colocadas presas no interior de garrafas PET, com furos para a
entrada das abelhas. Nestes furos (de diâmetro de 2-3 cm), encaixa-se a parte
superior de outras garrafas PET cortadas, de forma a produzir um funil, facilitando a
entrada dos indivíduos, que ficam presos dentro da armadilha (Figura 13).
Ninhos-armadilha: Esta metodologia consiste na oferta de cavidades artificiais
para a nidificação de abelhas solitárias. No trabalho de Krug e Alves-dos-Santos
(2008) foram oferecidos ninhos-armadilha de dois tipos: em blocos de madeira com
três diferentes diâmetros (0,3 cm; 0,6 cm e 1 cm) e gomos de bambu com diversos
diâmetros. As cavidades em blocos de madeira foram revestidas por tubos de papel
que possibilitaram a retirada dos ninhos e substituição por novo tubo na cavidade.
Os tubos ou bambus ocupados e fechados eram retirados e substituídos por novos.
Na metodologia utilizada por Viana et al., (2001) os ninhos-armadilha eram
constituídos por duas peças de madeira, 30x30x150 mm, furadas em sentido
longitudinal, de forma que, quando as duas metades da peça estavam unidas,
formavam-se orifícios com os diâmetros de 8, 10, 15 e 20 mm e 100 mm de
85
profundidade. As duas metades eram unidas com fita adesiva. Em cada árvore ou
arbusto selecionado para a instalação da armadilha foi colocado, a 1,5 m de altura,
um conjunto contendo 16 ninhos-armadilha, sendo quatro de cada classe de
diâmetro, também distribuídos ao acaso, com os orifícios de entrada voltados para o
mesmo lado. Foram utilizadas tiras de borracha para unir os ninhos em blocos, que
foram presas aos galhos das árvores, em posição horizontal, com cordão de náilon.
Outra opção é a utilização de tubos feitos com cartolina preta de tamanhos variados
(0,4-1,5 cm de diâmetro e 8-11 cm de comprimento) inseridos em orifícios feitos em
blocos de madeira, conforme descrito por Camillo et al. (1995) e utilizado por Aguiar
e Martins (2002). Nestes trabalhos, à medida que os ocupantes dos ninhos
emergiam, estes eram mortos com acetato de etila, alfinetados, etiquetados com
dados dos ninhos e data de emergência, e identificados.

Figura 12 – Bandejas amarelas instaladas nas margens de igarapés para


amostragem de insetos.

Fonte: R. B. Querino.

86
Figura 13 – Armadilha feita com garrafas PET para coleta de abelhas, utilizando-se
iscas atrativas.

Fonte: Do autor.

Rede entomológica: Este método consiste na observação de abelhas sobre


as flores e captura com o auxílio de redes entomológicas. As abelhas capturadas
são mortas com acetato de etila em frascos mortíferos (descritos na seção
“Métodos para sacrificar e fixar artrópodes”) e a seguir transferidas para
recipientes com etiquetas de papel vegetal contendo os dados de captura: data,
local, horário, etc.
Borrifação de atrativos: Este protocolo foi aplicado por Noll e Gomes (2009),
que borrifaram 500 ml de solução atrativa ao longo de um transecto, à cada 20
metros do mesmo. A aplicação foi feita em um padrão de zigue-zague, aplicado a
solução na vegetação verde, com incidência solar em uma área de 3m². Depois da
aplicação da solução atrativa, cada ponto foi observado individualmente por cinco
minutos e todas as vespas e abelhas que visitaram estes pontos foram coletadas
com o auxílio de uma rede entomológica. A solução atrativa utilizada foi uma mistura
de sacarose à 200g/litro de água e cloreto de sódio (sal de cozinha) a 25 g/litro de
água.

87
8. Armadilhas para borboletas
Muitas espécies de borboletas são atraídas por frutos em decomposição,
uma vez que elas aí encontram água e os açúcares necessários para sua
alimentação. É possível utilizar uma armadilha particularmente preparada para
coletar essas borboletas. No entanto é necessário lembrar que as coletas com iscas
são bastante seletivas. Outros grupos de mariposas e borboletas não serão
coletados com essas armadilhas (ALMEIDA et al., 1998).
A armadilha mais utilizada para coleta de borboletas é constituída de uma
rede tubular de 70cm de comprimento, de voal ou renda fina, com os bordos
superior e inferior reforçados por morim, por onde passam dois aros metálicos de 26
cm de diâmetro cada (Figura 13). A abertura superior da rede deve ser fechada com
tecido fino e a inferior deve permanecer aberta. Ao longo da rede tubular, entre os
orifícios do voal, são transpassados quatro fios de náilon. Na parte inferior, os fios
são presos a um disco plástico de 29 cm de diâmetro, que deve distar 5 cm da
abertura inferior da rede. Na região superior, estes fios serão reunidos, formando
uma alça, que é utilizada para pendurar a armadilha em qualquer suporte, como um
tronco de árvore. A isca deve ser colocada no centro do disco plástico inferior,
sendo as frutas em decomposição as iscas mais utilizadas, especialmente a banana
amassada, regada com caldo de cana, o que acelera o processo de fermentação.
Pode-se colocar um plástico amplo cobrindo toda a parte superior da armadilha,
para proteção contra a chuva (ALMEIDA et al., 1998).
As borboletas, atraídas pela isca, entrarão pelo espaço deixado entre a
abertura inferior da rede e o disco plástico, tendendo a subir e ficando presas
(ALMEIDA et al., 1998).

9. Armadilhas para moscas


Muitas espécies de moscas alimentam-se de bactérias fermentadoras que se
desenvolvem em matéria vegetal ou animal em decomposição. Para a coleta destas
moscas, a armadilha descrita por Ferreira (1978) geralmente é a mais utilizada. Este
método visa a coleta de adultos de moscas por meio de armadilhas construídas com
lata de coloração preta fosca, medindo cerca de 20cm de altura por 10,5cm de
diâmetro, com duas aberturas tipo venezianas, localizadas no terço inferior, que
permite a entrada dos insetos. Na parte superior das latas são acoplados funis de
náilon, abertos nas extremidades, com bases voltadas para baixo e envolvidos em
88
sacos plásticos cuja remoção permite a coleta das moscas (FERREIRA, 1978;
ALMEIDA et al.,1998; MARCHIORI et al., 2004). Servem como iscas para atração
das moscas, peixe, rins de bovino, fezes humanas, vísceras de frango e frutos
(maçã, mamão, laranja e pêra cortadas) depositados no interior das latas, sobre
uma camada de terra (MARCHIORI et al., 2004). O uso de frutos em decomposição
atrairá espécies de dípteros da família Mycetophilidae e de famílias de Acalyptratae,
como as drosófilas, bem como vestas, borboletas e besouros de várias famílias
(ALMEIDA et al.,1998). O uso de carne (fígado ou pulmão bovino ou peixe, por
exemplo) atrairá especialmente os Calyptratae, como Muscidae, Calliphoridae e
Sarcophagidae; enquanto o uso de fezes exercerá atração sobre alguns grupos de
dípteros, como Sepsidae e Sarcophagidae (ALMEIDA et al.,1998).

Figura 13 – Armadilhas para coleta de borboletas (A) e moscas (B).

Fonte: Almeida et al. (1998).

89
Outra maneira de coletar esses animais é, simplesente, localizar matéria
vegetal ou animal em decomposição (fezes, carcaças e frutos em decomposição)
em ambientes naturais e levando-os para laboratório, onde são criados até que os
adultos emerjam (ALMEIDA et al.,1998).
Outro grupo importante de dípteros são as moscas-das-frutas (Diptera:
Tephritidae), que são mundialmente reconhecidas como pragas da fruticultura,
incluindo o Brasil, particularmente espécies do gênero Anastrepha Schiner e da
espécie Ceratitis capitata (Wied.). Estas moscas são também, vulgarmente,
denominadas de “bichos das frutas” ou “bicho da goiaba” (AGUIAR-MENEZES et
al., 2006). A amostragem destes indivíduos pode ser realizada utilizando-se uma
armadilha também feita com garrafas PET ou armadilhas do tipo McPhail (AGUIAR-
MENEZES et al., 2006).
Segundo Aguiar-Menezes et al., (2006), que desenvolveram a armadilha com
garrafas PET, estas são chamadas de frascos caça-moscas e baseam-se no
princípio de que as moscas-das-frutas voam e penetram no interior do frasco em
resposta aos estímulos químicos olfativos provenientes de um atrativo alimentar na
formulação líquida usado como isca, colocado no interior da armadilha. Estes
atrativos alimentares podem ser de três tipos: (1) proteína hidrolisada a 5%, em que
se prepara 500 ml de solução, diluindo 25 ml da proteína hidrolisada em 475 ml de
água; (2) melaço de cana-de-açúcar a 7%, feito diluindo 35 ml de melaço e 465 ml
de água para preparar 500 ml de solução; ou (3) suco de fruta, tais como suco de
uva 1:4, feito com uma parte de suco para 4 partes iguais de água ou suco de
pêssego 1:10, feito com uma parte de suco para 10 partes iguais de água (AGUIAR-
MENEZES et al., 2006).
Na tentativa de se alimentar da isca, as moscas caem dentro da mesma e se
afogam. As armadilhas tipo McPhail são compostas por um vidro ou plástico em
forma de sino com abertura invaginada no fundo, por onde os indivíduos de moscas-
das-frutas entram atraídos pelas iscas (Figura 14). No entanto, este tipo de
armadilha é vendido, no Brasil, apenas por poucos fornecedores. Para mais
informações sobre as armadilhas tipo McPhail, ver Carvalho (2005).
Para resolver este problema, Aguiar-Menezes et al., (2006) desenvolveram
um modelo de frasco caça-mosca, descrito da seguinte forma: marca-se na garrafa
PET, com auxílio de uma fita métrica e uma caneta (marcador permanente), 3
quadrados de 2 cm de altura por 1 cm de largura em sua parede lateral, a uma
90
altura de 10 cm a partir da base da garrafa, e que deverão estar eqüidistantes um
do outro. Para uma garrafa de 32,5 cm de diâmetro, a distância entre cada
quadrado será, então, de aproximadamente 8,83 cm. Assim, 8,83 cm x 3 quadrados
= 26,5 cm, que somados a largura de cada quadrado (2 cm x 3 = 6 cm), totalizarão
os 32,5 cm de diâmetro da garrafa. Corta-se então os quadros, seguindo as linhas
marcadas com a caneta, com a ponta de um estilete ou outro objeto cortante. Para
facilitar o corte, aquecer primeiro a ponta do estilete à medida que os quadrados vão
sendo cortados. Esses quadrados vazados constituirão as aberturas laterais, pelas
quais os insetos entrarão no interior da armadilha. Prende-se o gargalo da garrafa
com um arame, logo abaixo do encaixe da tampa e utiliza-se este arame para
pendurar a armadilha. Posteriormente, as marcações com tinta de caneta deverão
ser retiradas com álcool embebido em um pedaço de algodão.

Figura 14 – Desenho esquemático de armadilha do tipo McPhail.

Fonte: do autor.

Antes de pendurar a armadilha na fruteira, o usuário deve abastecer a


armadilha com a isca, que é um atrativo alimentar. O princípio é baseado no fato de
que as moscas-das-frutas, especialmente as fêmeas, necessitam de proteína e
carboidrato para a maturação de seus ovos antes de proceder à postura dos
mesmos (oviposição) nos frutos, onde a sua cria (as larvas) se desenvolvem. Assim,
na natureza, após o acasalamento, as fêmeas passam por uma fase conhecida por
período de pré-oviposição (10 a 12 dias), quando se alimentam de diferentes
substratos que fornecem esses nutrientes, tais como exsudatos de frutos, frutos em

91
fermentação, fezes de pássaros ou de outros insetos, néctar etc. (AGUIAR-
MENEZES et al., 2006).
Recomenda-se ainda acrescentar 10 g de bórax na solução atrativa para
retardar a decomposição do atrativo, além desse produto ser tóxico para os adultos
das moscas-das-frutas. A solução atrativa é depositada no fundo da armadilha PET,
com o auxílio de um funil a partir da boca da garrafa, que deve ser fechada com a
tampa para não permitir entrada de chuva (AGUIAR-MENEZES et al., 2006).
O pesquisador deve pendurar a armadilha PET, abastecida com 300 mL de
solução atrativa, na copa da fruteira a uma altura de 3/4 de sua altura, a partir do
nível da superfície do solo, ficando geralmente na porção mediana da copa da
árvore, altura em que normalmente se concentra um maior número de moscas.
Deve-se também instalar a armadilha num galho de modo que fique mais para a
periferia da copa e na porção menos exposta ao sol (de menor incidência de luz
solar), que geralmente é a porção leste (AGUIAR-MENEZES et al., 2006).
Outro modelo de armadilhas para a captura de moscas pode ser construído
com a utilização de duas garrafas PET. Inicialmente corta-se a região superior da
garrafa e o seu fundo (Figura 15A-B), depois une-se as partes cortadas, fazendo
uma “garrafa em miniatura (Figura 15C). A “nova garrafa” deve então ser pintada de
cor preta (Figura 15D), pois isto criará um ambiente escuro, semelhante ao interior
de uma carcaça ou uma fruta em decomposição, por exemplo. Em seguida, une-se
esta garrafa pintada à outra garrafa PET sem a parte de cima (Figura 15E). Para
concluir a armadilha, faz-se furos ou aberturas (2 x 3 cm) na parte lateral da garrafa
pintada, tomando-se cuidado para não furar a outra garrafa colocada acima (Figura
15G). É através destas aberturas que as moscas entrarão, atraídas por iscas
(conforme descritas acima). Ao entrar na garrafa, as moscas tentarão sair pela parte
de cima da armadilha, ficando aprisionadas na garrafa não pintada. Este método,
por exemplo, pode ser utilizado para o controle de moscas domésticas, porém o
odor resultante da decomposição das iscas pode tornar-se desagradável.

10. Armadilhas para mosquitos (Psychodidae e Culicidae)


Os mosquitos das famílias Psychodidae e Culicidae destacam-se por serem
importantes vetores de doenças. Dentre os psicodídeos, destacam-se os mosquitos
do gênero Lutzomyia, vetores várias espécies de protozoários do gênero
Leishmania, causadores das leishmanioses. Dentre os culicídeos podemos destacar
92
os mosquitos dos gêneros Anopheles, vetores de protozoários do gênero
Plasmodium, que causa da malária; Culex, vetores de vírus causadores de diversas
encefalites e de nematóides causadores da filariose ou elefantíase, como a
Wuchereria bancrofti (Cobbold, 1877); ou ainda mosquitos dos gêneros Aedes e
Sabethes, que transmitem a dengue e a febre amarela, respectivamente.

Figura 15 – Passo à passo para a montagem de uma armadilha para captura de


moscas, utilizando garrafas PET.

Fonte: do autor.

A busca por criadouros naturais de flebotomíneos sempre foi de fundamental


interesse epidemiológico. Entretanto, até o presente momento, a grande maioria dos
trabalhos com criadouros naturais demonstra escassos resultados quanto ao
número de imaturos encontrados. Este baixo rendimento, muitas vezes, está
diretamente relacionado às dificuldades de extração destes imaturos das amostras
de solo e matéria orgânica onde normalmente são encontrados (ALENCAR, 2007).
Com o objetivo de diminuir este problema, Alencar (2007) testou um modelo
modificado de armadilha de emergência para captura de adultos de flebotomíneos,
cujos imaturos se desenvolvem no chão da floresta. A armadilha de emergência
usada neste trabalho foi criada a partir do modelo de foto-ecletor utilizado por Penny
e Arias (1982). É uma armadilha leve e desmontável composta de duas partes
principais: uma inferior feita de armação metálica e rede de tecido semitransparente
de náilon, de estrutura piramidal com base de 50 por 50 cm e ápice truncado (10 x
10 cm), e altura de 45 cm, e uma superior, formada por um aparato de 25 cm de
altura composto por dois potes plásticos de Nalgene® e um funil (Figura 16). A

93
armação metálica é formada por eixos de ferro galvanizado com 2 mm de
espessura, que são encaixados em cantoneiras de cobre trifurcadas (Figura 2). A
rede, fixada a esta armação metálica por meio de barbantes, possui, na parte
superior, uma manga de 15 cm de comprimento; e, na inferior, abas de 20 cm feitas
com tecido de "napa". Estas abas, dobradas para o lado externo da base da
armadilha, além de evitar o contato direto do tecido da rede e dos eixos de ferro
com o chão da floresta, auxiliam também na fixação da armadilha no substrato, já
que sobre estas são colocados pedaços de madeira e solo. No aparato da parte
superior da armadilha, um pote plástico de 11 cm de largura por 10 de altura, cujo
fundo foi removido, é colocado sobre o ápice da armação metálica e pelo seu
interior é introduzida a manga da rede. A parte da manga que transpassa a
extensão do pote é dobrada para o lado externo, e em seguida presa pela tampa
oca do próprio pote. Sobre este pote, um funil, perfeitamente encaixado, conecta
toda a parte inferior da armadilha a um segundo pote plástico (coletor) com 7cm de
largura por 7cm de altura, no qual fica armazenado uma solução conservante à
base de água, álcool 96%, ácido acético 10% e caulim. Depois de instaladas, as
armadilhas eram cobertas com sacos plásticos transparentes a fim de evitar chuva
direta sobre as mesmas. Estas armadilhas de emergência seguem os mesmos
princípios para coleta de armadilhas do tipo ecletor de solo.
A coleta de mosquitos hematófagos também pode ocorrer durante
hematofagia. Neste caso, realiza-se uma coleta ativa com a utilização de aspirador
manual ou tubo de sucção oral (Figura 17). Este equipamento é formado por uma
mangueira de sucção e um tubo de entrada, ambos conectados por uma rolha presa
a um frasco coletor. O coletor suga com a boca através da mangueira de sucção
dos mosquitos, que entram no frasco coletor através do tubo de entrada, ficando
aprisionados. A extremidade da mangueira de sucção pode ainda ser protegida por
uma fina tela, para evitar que os mosquitos sejam engolidos pelo pesquisador.

94
Figura 16 – Armadilha de emergência instalada (A), esquema da armadilha pré-
montada (B) e detalhe dos encaixes da cantoneira de cobre com os eixos de ferro.

Fonte: Modificado de Alencar (2007).

Figura 17 – Desenho esquemático de um aspirador ou tubo de sucção oral.

Fonte: Modificado de Resources Inventory Branch (1998).

Para a coleta de mosquitos durante a hematofagia, podem ser utilizados tanto


presas animais, como eqüinos, ou humanos. No caso da coleta com isca humana
há a necessidade da participação de duas pessoas, sendo uma a isca e a outra o
coletor. Estas coletas ativas normalmente são realizadas no final da tarde e início da
noite.
A captura de mosquitos psicodídeos e culicídeos também pode ser realizada
com armadilhas do tipo CDC (Figura 18) e HP, que constituem métodos passivos de

95
coleta. A armadilha CDC-miniatura é do tipo automática e luminosa, tendo uso
generalizado em pesquisas entomológicas (GOMES et al., 1985). Esta armadilha foi
desenvolvida por Sudia e Chamberlain (1962), possuindo em seu modelo original a
vantagem de ser desmontável, leve e com câmara coletora dobrável, tendo motor
alimentado por 4 pilhas comuns de 1,5 vcc, tipo AA. Essas características,
associadas a seu rendimento, fazem desse equipamento um dos mais práticos,
sendo largamente utilizado em capturas de dípteros de interesse médico,
principalmente culicídeos (GOMES et al., 1985) e flebotomíneos (SILVA et al.,
2007). A armadilha HP, possui funcionamento e design idêntico à armadilha CDC e
sua descrição pode ser encontrada em Pugedo et al., (2005).

Figura 18 – Armadilha tipo CDC, desenvolvida para a amostragem de mosquitos.

Fonte: Sudia e Chamberlain (1965).

Esta armadilha funciona com a atração de mosquitos utilizando uma fonte


luminosa ligada à pilhas. Os mosquitos são atraídos pela fonte luminosa à armadilha
e direcionados por um leve fluxo de ar promovido por um pequeno ventilador de
baixa rotação para dentro do saco coletor, feito de tela com malha muito fina, para
impedir a saída dos mosquitos. Esta armadilha permite a captura dos indivíduos

96
vivos; sendo, portanto, úteis para uma série de pesquisas de enfoques biológicos ou
médico-epidemiológicos.

11. Amostragem para mutucas


A amostragem de mutucas pode ser realizada de maneira ativa e passiva. A
captura ativa consiste no aprisionamento com o auxílio de rede entomológica de
indivíduos durante hematofagia em animais ou humanos (ex.: BASSI et al., 2000). É
importante frisar que esta metodologia permite a captura principalmente de fêmeas,
que possuem hábitos hematófagos, enquanto os machos possuem hábitos florícolas
ou nectívoros, sendo por isso pouco representados nas coleções e a maioria
desconhecidos (KROLOW et al., 2010). É também possível realizar a coleta ativa de
dípteros tabanídeos manualmente colocando o frasco mortífero sobre os espécimes
pousados no lençol iluminado com lâmpada de luz mista de vapor de mercúrio de
250 watts e lâmpada BLB de 20 watts, durante coletas noturnas (KROLOW et al.,
2010).
Um método passivo e bastante utilizado foi descrito por Rafael e Gorayeb
(1982), que possui o mesmo princípio da armadilha de Malaise, o de coletar insetos
com tendência de subir ao encontrar um obstáculo vertical (RAFAEL, 2002). Este
aparato consiste de três peças principais: 1) septo inferior que serve como
interceptador de vôo; 2) cobertura, que deve ser clara para direcionar os insetos
para o topo e; 3) frasco coletor, preferencialmente transparente, contendo no seu
interior uma substância fixadora ou gás mortífero, no topo da armadilha, onde os
insetos ficam temporariamente armazenados (RAFAEL, 2002). O frasco coletor
possui externamente uma peça resistente (suporte) com dois orifícios por onde
passa a corda que sustentará a armadilha. O frasco coletor fica preso à cobertura
por meio de uma braçadeira. A armadilha fica aberta por meio de quatro pedaços de
cano PVC de ½ polegada conectados entre si por joelhos de mesmo diâmetro,
formando um quadrado. Os canos são colocados em uma faixa de pano costurada
na base da cobertura. Os canos e joelhos podem ser substituídos por varas finas e
retas retiradas na mata e amarradas entre si com barbantes. O septo inferior, que
pode variar de cor conforme os objetivos, é amarrado nos cantos dos canos ou
varas. Após arremessar uma corda no galho alto de uma árvore, o conjunto é içado
pelo frasco coletor (RAFAEL, 2002).

97
Os insetos com características de geotropismo negativo e/ou fototropismo
positivo ao serem interceptados pelos septos das armadilhas, voam para a parte
superior ficando presos no copo coletor e por fim morrendo por ação de gás
mortífero, veneno ou substância fixadora (HENRIQUES, 2004).
A vantagem deste tipo de armadilha suspensa é que ela é eficiente para
captura de insetos voadores que habitam preferencialmente a copa das árvores,
habitat pouco explorado pelos colecionadores e com poucos representantes nas
coleções, pode ser montada em diferentes alturas e é eficiente para coleta de
insetos que voam próximo à superfície da água nos rios e lagos (RAFAEL, 2002).
Além disso, não há a necessidade de estruturas adicionais, armações para se
elevar a armadilha até a copa e é mais eficiente na coleta de Diptera e
Hymenoptera. Pode ficar montada por tempo indeterminado, de dia e de noite. É
leve e de fácil transporte. O septo inferior pode ser de diferentes cores para
funcionar como atrativo (ex.: preto e branco, como utilizado por HENRIQUES,
[2004]). As coletas com armadilha suspensa podem ser padronizadas facilmente por
meio do modelo e estipulando-se a quantidade e o tempo de coleta (RAFAEL,
2002).
A eficiência da armadilha suspensa pode ainda ser aumentada com a
utilização de atrativos, como o septo inferior colorido (conforme comentado acima)
ou ainda com a utilização de gás carbônico. Oliveira et al., (2007) utilizaram este
gás à uma vazão média de 2 litros por minuto, utilizando um cilindro de CO2, que
ficou no solo conectado à armadilha suspensa por um tubo flexível de 5mm de
diâmetro (Figura 19).

12. Amostragem de vespas parasitóides


A coleta de parasitóides é realizada de um modo geral com os métodos
empregados para outros Hymenoptera, com algumas peculiaridades, devido ao
reduzido tamanho de alguns espécimes e a biologia desses himenópteros, que
estão associados às fases de desenvolvimento do inseto hospedeiro (Querino, R.B.,
comunicação pessoal). Abaixo são descritos diversos métodos para amostragem de
vespas parasitóides. Alguns destes métodos são comentados em outras seções
deste Capítulo, mas as peculiaridades dos mesmos, que envolvem a amostragem
de vespas parasitóides são comentadas aqui.

98
Coleta direta do parasitóide. É captura direta do inseto por meio de
instrumento manual como uma pinça ou até mesmo com um aspirador
entomológico, este pode ser utilizado para coletar pequenos parasitóides que estão
em plantas ou outros substratos. É importante conhecer os hábitos e hábitats do
grupo de parasitóides que se está procurando. Por exemplo, o Ichneumonidae
Apechoneura da subfamília Labeninae é um espécime grande e pode ser
encontrado em áreas de mata preservada próximo a troncos caídos, onde fica a
procura de larvas de Coleoptera (Querino, R.B., comunicação pessoal).
Redes entomológicas. As redes entomológicas (Figura 32) podem ser usadas
pelo coletor para capturar insetos em vôo ou parados em substratos, como plantas.
São conhecidas diferentes modalidades de redes, dependendo do hábito e do local
em que vive o inseto. Assim, redes entomológicas tradicionais são usadas para
coletar insetos em vôo e conhecidas popularmente como “puçá”. Ela é constituída
de um cabo e um aro de metal coberto com um tecido de malha fina, que formar um
funil. O tamanho e o diâmetro da rede dependerão do coletor e seus objetivos.
Muitas vespas parasitóides de tamanho médio a grande podem ser coletadas com
redes, por exemplo, Braconidae e Ichneumonidae (Querino, R.B., comunicação
pessoal).
Outra modalidade é a rede de varredura (Figura 33) que é empregada para
varrer a vegetação, o que permite capturar muitos parasitóides de tamanho reduzido
que estão presentes na vegetação. Esta rede possui como característica ter o pano
mais resistente para suportar o arraste na vegetação e ter a malha do tecido
fechada permitindo capturar os parasitóides e outros insetos de tamanho reduzido,
por exemplos, os micro-hymenoptera de várias famílias de Chalcidoidea (Querino,
R.B., comunicação pessoal).
Para ambiente aquático, pode se usar ainda a rede para insetos aquáticos
conhecida como “rapiché”. É possível com essa rede coletar himenópteros
associados ao ambiente aquático, principalmente, os presentes em plantas
aquáticas (Querino, R.B., comunicação pessoal).

99
Figura 19 – A: Armadilha suspensa instalada a 20 metros do solo. B: Armadilha
suspensa e cilindro de dióxido de carbono com registro controlador de vazão.

Fonte: Oliveira et al. (2007).

Armadilha tipo Malaise. Muitos parasitóides são coletados utilizando a


armadilha de malaise. Há uma vasta literatura mostrando sua eficiência na coleta de
Hymenoptera. Por exemplo, Feitosa et al., (2007) analisaram o perfil da fauna de
himenópteros parasitóides coletados com malaise em floresta tropical da Amazônia,
e reconheceram 25 famílias dentre os mais de 42 mil himenópteros parasitóides
amostrados. O princípio utilizado neste método de amostragem (Figura 30-31) é o
de intercepção de vôo, em que o inseto em vôo é interceptado pela parede da
armadilha e tende a subir sendo capturado em um copo coletor, que pode ser
preenchido com uma solução de água e álcool mais um conservante ou à seco,
geralmente com um inseticida para matar os insetos que caem no copo, o que evita
que se debatem e possam danificar os demais insetos coletados (Querino, R.B.,
comunicação pessoal).
Bandejas d´água. As bandejas são bastante utilizadas para coleta de
parasitóides. De um modo geral, é usada a cor amarela como protocolo adotado

100
pela maioria dos estudos com Hymenoptera. O formato é variado, desde circulares
em forma de prato, como retangulares em forma de bandejas (Figura 12). Em cada
bandeja é colocada uma solução de água + detergente. Os insetos capturados são
retirados e transferidos para frascos com álcool 70% para posterior identificação
(Querino, R.B., comunicação pessoal). O emprego de bandejas d’água, de cores
alternativas, foi também utilizado para a coleta de grupos específicos, por exemplo,
a cor azul é preferencialmente utilizada para coletar um grupo raro de Hymenoptera
da família Stephanidae (e.g., Aguiar; Sharkov, 1997). O princípio utilizado por este
método é a atração física pela cor, sendo inseto atraído e capturado na solução da
bandeja (Querino, R.B., comunicação pessoal).
Cartões adesivos. Os cartões adesivos amarelos são também utilizados para
coletar e monitorar pequenos insetos. Eles também podem ser empregados para a
coleta de micro himenópteros parasitóides. Este método, porém, apresenta
desvantagens por requerer cuidado e tempo para retirar os insetos da cola adesiva
sem danificá-los (Querino, R.B., comunicação pessoal).
Armadilha suspensa. Este método é uma adaptação da armadilha de malaise
que é instalada acima do ambiente que se deseja amostrar, por exemplo, em um
sub-bosque ou no dossel de árvores ou sobre um curso d’ água (Figuras 1 -3). Ela é
constituída de septo inferior para intercepção e recipiente de coleta para a captura
de insetos. O princípio utilizado nesta armadilha é o de interceptação de vôo e
atração, quanto o septo é constituído de uma cor atrativa (Querino, R.B.,
comunicação pessoal). Uma das primeiras modificações deste método foi proposta
por Rafael e Gorayeb (1982) que utilizaram o septo com cor preta e frasco para
coleta à seco com um bastão inseticida em seu interior, o objetivo dos
pesquisadores era principalmente a coleta de dípteros hematófagos. Outros
trabalhos podem ser encontrados na literatura, cita-se o de Querino et al., (2011),
que utilizou armadilhas suspensas com o septo inferior de cor amarela e recipiente
de coleta com solução a álcool 80% + glicerina (Figura 20) para coleta de
Hymenoptera parasitóides no sub-bosque e dossel em uma reserva florestal na
Amazônia.
Armadilha de sucção. As armadilhas de sucção são usadas para amostrar a
fauna de um local determinado ou de uma área ou até mesmo de uma planta. Há
vários modelos, dependendo do tipo, podem ser estacionária ou móvel, como a
armadilha de sucção portátil tipo Johnson-taylor (e.g. SILVEIRA-NETO et al., 1976).
101
O princípio dessas armadilhas como o próprio nome indica é succionar os insetos
presentes naquele ambiente ou área, de certa forma, considerada também de
interceptação para aqueles insetos que voam no raio da armadilha estacionária e
são succionados. Um exemplo de armadilha sucção estacionária utilizada para
coleta parasitóides é o modelo usado por Querino e Zucchi (2004), neste trabalho foi
usada uma armadilha de sucção elétrica (Figura 21), que se mostrou útil para a
coleta de Trichogramma em áreas onde é difícil localizar os ovos do inseto
hospedeiro, coletando nove espécies desse parasitóide. A armadilha utilizada por
Querino e Zucchi (2004) era do modelo da Seção de Virologia do Instituto
Agronômico de Campinas e constituída, basicamente, de exaustor, cone de tela,
recipiente de coleta e suporte (SILVEIRA-NETO et al., 1976).

Figura 20. Armadilha suspensa com anteparo atrativo de cor amarela, para a
amostragem de himenópteros.

Fonte: R. Q. Barbosa.
Armadilha luminosa. As espécies parasitóides noturnas podem ser coletadas
utilizando as armadilhas luminosas. O princípio dessas armadilhas é a interceptação
e atração pela luz de insetos com hábito noturno. Há vários tipos de armadilhas

102
luminosa
as, as utilizzadas com maior freqü
üência são do tipo Pe
ensylvania e a “Luiz-de
e-
Queiroz” (e.g., SIL ETO et al., 1976; Figura 9-10)). Muitas vezes
LVEIRA-NE v essa
as
has sofrem
armadilh m modificaçções para a
adaptá-la as
a necessid
dades de pesquisa
p d
da
fauna de
e insetos (Q
Querino, R.B., comunicação pesssoal).

Figura 21 adilha de sucção elé


2 – Arma étrica (esta
acionária), modelo da
a Seção de
d
Virologia
a do Institutto Agronôm
mico de Cam
mpinas.

Fonte: Qu
uerino & Zuccchi, (2004).

eta manuall
12. Cole
E
Este método
o também é conhecid
do como “ccoleta ativa
a” e pode ser
s realizad
do
tanto à noite, quan
nto durante
e o dia. Na amostrage
em de araccnídeos, convencionou
u-
se realiizar esta metodologiia em um espaço de
d 300m², para pro
omover um
ma
padronizzação maio
or do esforç
ço amostra
al. Neste ca
aso, o cole
etor estende
e, durante o
dia, corrdões de 30
3 metros de comprimento no local onde
e a coleta
a (diurna ou
o
noturna)) será realizzada; retorn
nando, possteriormente
e, para realizar a amo
ostragem em
m

1003
até 5 metros a partir do fio-guia. Para a amostragem de escorpiões, pode ainda ser
necessária a utilização de lanternas com lâmpadas de luz ultravioleta, que facilitam
a visualização destes animais à noite, maximizando o esforço amostral. Para uma
descrição detalhada de um modelo de lanterna com luz ultravioleta específico para a
amostragem de escorpiões, ver Lowe et al., (2003).
Todos os indivíduos encontrados durante cada hora de coleta contínua pelo
mesmo coletor deve ser considerado uma amostra. Durante a realização deste
protocolo amostral, o coletor caminha vagarosamente pela área de estudo,
procurando ativamente em locais de possível ocorrência dos animais desejados,
como sob ou sobre pedras e troncos caídos, na vegetação, sobre o solo, entre o
folhiço, etc., tentando acessar o maior número de microhábitats possíveis. Este
método é idêntico à junção dos métodos “looking up” e “looking down”, descrito por
Coddington et al., (1991). Para uma descrição mais detalhada destes métodos, ver
Coddington et al., (1991) e Brescovit et al., (2002, 2004).
O coletor deve levar consigo os equipamentos necessários para realizar a
captura dos indivíduos encontrados, tais como pinças entomológicas ou pinças
grandes (para animais maiores, como caranguejeiras), frascos mortíferos (para
insetos, por exemplo), etc.

13. Ecletor de tronco e de solo


Esta metodologia é utilizada para a amostragem de artrópodes que vivem em
troncos de árvores (ecletor de tronco) ou solo (ecletor de solo) e segue um princípio
semelhante ao de armadilhas de interceptação e de queda ou armadilhas de queda,
em que um obstáculo é colocado no caminho por onde os animais vivem, levando-
os a um pote coletor contendo líquido mortífero (álcool 70%, por exemplo). Os
ecletores de solo são ainda muito semelhantes aos aparatos descritos para a coleta
de flebotomíneos (armadilha de emergência).
A utilização de ecletores de troncos é também importante, visto que os
troncos de árvores representam uma importante característica estrutural de
ecossistemas florestais, pois eles são um importante elo entre chão e o dossel da
floresta (MOEED; MEADS, 1983).
Estas armadilhas podem ser instaladas à diferentes alturas nas árvores. O
modelo apresentado por Pinotti (2010), e que foi modificado de BAR-NESS (2005),
é confeccionado com duas garrafas PET (2, 2,5 ou 3 L) lavadas com água e sabão,
104
unidas boca com boca, uma delas cortada em forma de funil e a outra preenchida
com 200 ml de formol 5%, fixadas ao tronco de árvores com 35 a 45 cm de
circunferência a aproximadamente 50 cm acima do solo (Figura 22).

Figura 22 – Desenho esquemático do modelo de armadilha tipo ecletor de tronco,


utilizado por PINOTTI (2010), modificado a partir de BAR-NESS (2005).

Fonte: Do autor.

Pinzón e Spence (2008) desenvolveram também outros dois modelos de


ecletores de tronco, comparando sua eficiência. O primeiro modelo (Figura 23A) foi
construído invertendo-se garradas PET de 2 litros (11,1 cm de diâmetro) com o
fundo removido. Estas foram grampeadas na superfície das árvores a serem
amostradas. O segundo modelo (Figura 23B) consistiu em placas de plástico
resistente de 20cm x 20cm, grampeadas nas árvores a serem amostradas e um
copo de 4 cm de diâmetro foi instalado em um buraco feito na placa de plástico.
Para manter a posição desta armadilha perpendicular à árvore, um cordão foi
amarrado na borda da placa e grampeado na árvore. Uma faixa de plástico de 5m x
20cm foi colocada em cada lado das armadilhas de ambos formatos, agindo como
uma cerca-guia para direcionar os artrópodes para dentro da armadilha. Todas as
armadilhas foram instaladas em árvores com diâmetros à altura do peito (DAP)
semelhantes e a 2 m de altura. O líquido mortífero utilizado nas armadilhas foi
etileno-glicol livre de silicatos em ambos os tipos de armadilhas. Estes autores
concluíram que a utilização das armadilhas com garrafas PET apresenta um custo
benefício maior que aquelas com copos, visto que as armadilhas com garrafas PET

105
são mais fáceis de transportar e instalar e ainda capturaram mais aranhas por
armadilha, além de um número maior de espécies (PINZÓN; SPENCE, 2008).

Figura 23 – Armadilhas de queda para tronco. A: modelo de armadilha com garrada;


B: modelo de armadilha com copo.

Fonte: Pinzón e Spence (2008).

O ecletor de solo, como já comentado anteriormente, assemelha-se à


armadilha de emergência para a coleta de flebotomíneos. Essa armadilha foi
originalmente descrita como fotoecletor de solo por Funke (1971). No trabalho de
Raizer (2004) foi utilizado um modelo de ecletor de solo (Figura 24A) modificado a
partir de Funker (1971), em que o aparato foi confeccionado com a forma cônica e
com uma abertura localizada na região da ponta do funil, considerada a parte
superior da armadilha. Nesta região instalou-se um recipiente com líquido
conservante (três partes de álcool a 70% para uma de formol a 10% e algumas
gotas de detergente líquido) para manter os animais coletados. A abertura maior do
funil (75cm de diâmetro) ficava em contato com o solo e isolava a fauna do lado

106
exterior, mas coletava toda a fauna que estava no interior do funil. Neste mesmo
trabalho, os ecletores ficaram armados por 30 dias consecutivos e o conjunto dos
indivíduos coletados através desta metodologia em cada ecletor foi considerado
uma amostra (RAIZER, 2004).
Raizer (2004) utilizou um modelo de ecletor de tronco (Figura 24B), também
foi modificado a partir do desenho original de fotoecletores de tronco de Funke
(1971). Este aparato obedecia ao padrão de funil descrito para a armadilha anterior
(ecletor de solo), porém envolvia o tronco de uma árvore. Tinha sua abertura maior
dirigida para baixo, para capturar animais que migravam subindo o tronco. Cada
ecletor foi fixado em uma árvore ao acaso a uma altura de aproximadamente 2,5m.
O local dos ecletores não mudou durante os períodos de coletas e o material
coletado era retirado ao final de cada mês.

Figura 24 – Modelos de ecletores de solo (A) e de tronco (B) utilizados por RAIZER
(2004) e desenvolvidos a partir de modificações dos modelos propostos pode
FUNKER (1971).

Fonte: Modificado a partir de Raizer (2004).

14. Extrator de Winkler


Esta técnica amostra animais que vivem em serapilheira: besouros (larvas e
adultos); anelídeos; isópodes (tatuzinhos-de-jardim); cupins; adultos e larvas de
himenópteros (formigas e outros); dípteros (adultos e larvas); larvas de lepidópteros;
hemípteros; aracnídeos; quilópodes; diplópodes; colêmbolos e moluscos (lesmas e
caracóis).

107
O extrator de Winkler funciona através de dois mecanismos: (a) atividade
locomotora aleatória dos organismos – ao mover-se através do substrato na rede
perfurada de contenção (descrita abaixo), os organismos acidentalmente caem da
rede se eles alcançarem a borda do substrato; (b) dessecação do substrato –
quando o microclima no substrato torna-se desfavorável, os organismos deixam o
substrato intencionalmente. O método tem a vantagem de possuir pouquíssimos
requisitos metodológicos e técnicos e é, portanto, facilmente e efetivamente
aplicável por todo o mundo, mesmo em regiões remotas onde não há eletricidade e
infraestrutura disponível (KRELL et al., 2005).
Considerando-se que este método funciona através de um dessecamento do
substrato, conforme comentado acima, Delsinne e Arias-Penna (2012) testaram o
efeito da umidade da serapilheira na amostragem de formigas. Estes autores
concluíram que a umidade da serapilheira afeta negativamente a amostragem
destes animais e que um aumento no tempo da amostragem para tentar compensar
uma maior umidade não apresenta um custo-benefício aceitável.
Para a aplicação desta metodologia, coleta-se 1m² de material particulado de
serapilheira, concentrado com auxílio de peneira de metal com malha de 0,5cm
(Figura 25-26). O material peneirado é levado ao laboratório, onde é acondicionado
em uma rede de contenção de tecido perfurado, de 40 cm de comprimento por 20
cm de largura, com malha de 4mm². Cada rede acomoda cerca de 600g de material
particulado. A rede contendo o material peneirado é suspensa dentro de uma
armação de metal, revestida por tecido resistente. A parte superior do extrator é
vedada e pendurada por uma corda. Na parte inferior do extrator acopla-se um pote
de plástico com líquido mortífero (álcool 70-80%, por exemplo). As armadilhas
devem ficar armadas por um período de pelo 48hrs e o conjunto de indivíduos
coletados no correspondente à 1m² de serapilheira concentrada e exposta no
extrator pelo seu período total de funcionamento é considerado uma amostra. A
utilização deste método de amostragem é extremamente útil em inventários de
biodiversidade de artrópodes de solo, visto que a unidade amostral é facilmente
replicável, e diversas amostras podem ser realizadas sem haver acréscimo de
custos com material de consumo (ex.: pilhas ou plásticos descartáveis). O único
problema relacionado à aplicação desta metodologia é que cada armadilha fica
utilizada por um longo período para produzir uma única amostra, demandando
tempo em campo.
108
Sobre a eficiência deste método de amostragem de acordo com o tempo de
funcionamento da armadilha, Krell et al., (2005) realizaram um experimento para
testar esta eficiência em um período que variou de 3 horas à 7 semanas. Eles
concluíram que, se for objetivo da pesquisa registrar mais que 70% dos espécimes
presente nas amostras de solo/serapilheira, é preciso escolher os seguintes
períodos de extração para os diferentes grupos (valores entre parênteses
representam o tempo para a captura de 50% dos espécimes): Formicidae, dois dias
(um dia); Coleoptera adultos, três dias (dois dias); larvas de Coleoptera, 12 dias
(três dias); larvas de Lepidoptera, seis dias (três dias); Diptera, 12 dias (cinco dias);
Hemiptera, nove dias (cinco dias); Hymenoptera, (exceto formigas), três semanas
(12 dias); Arachnida, nove dias (três dias); Diplopoda, 18 dias (quatro dias);
Chilopoda, quatro semanas (três semanas); Oligochaeta, três semanas (15 dias).
Além disto, mais que 50% dos Mollusca e Isopoda são extraídos depois de 12 dias e
três semanas, respectivamente (KRELL et al., 2005).

Figura 25 – Desenho esquemático de equipamentos utilizados para a amostragem


com extrator de Winkler. A: Peneira; B: Winkler.

Fonte: Do autor.

109
Figura 26 – Etapas da amostragem com extrator de Winkler. A: delimitação de
quadrante de 1m²; B: quadrante de 1m² quase completamente já peneirado.

Fonte: L.S. Carvalho.

No entanto, mesmo que para amostrar grande parte do número de indivíduos


Krell et al., (2005) recomendem períodos de até algumas semanas para
determinados táxons, estes mesmos autores comentam que para o registro acurado
da visão geral da fauna de solo e serapilheira em um determinado momento,
períodos de extração mais curtos são aconselháveis, devido ao curto ciclo de vida
de muitos invertebrados de solo, causando a emergência de estágios tardios ou
uma segunda geração em períodos maiores.
A comparação da eficiência deste método com armadilhas de queda e funil
de Berlese, os resultados encontrados na literatura são divergentes. Sabu e Shiju
(2010) realizaram esta comparação em uma floresta decídua úmida na Índia e
concluíram que total do número de artrópodes coletados com o Winkler foi mais
baixo que o funil de Berlese e muitos grupos capturados com esta última
metodologia nem foram capturados com o extrator de Winkler. Estes mesmos
autores concluem que o custo benefício de uma amostragem com o extrator de
Winkler é aceitável para obter-se Coleoptera, Acariformes e Formicidae de
serapilheira, para qual este é um método reconhecidamente efetivo (ver referências
em SABU; SHIJU, 2010); embora não seja um método adequado à estudos
ecológicos envolvendo diversos grupos de artrópodes. De maneira oposta, Sabu et
al., (2011), ao realizarem uma amostragem de artrópodes de serapilheira utilizando
armadilhas de queda, extratores de Winkler e funis de Berlese em uma área de
floresta tropical de altitude (floresta montana), concluíram que o extrator de Winkler

110
foi o método mais eficiente para a amostragem quantitativa de diversos grupos de
artrópodes, especialmente Psocoptera, Araneae, Isopoda e Formicidae.

Figura 27. Etapas da amostragem com extrator de Winkler. A: Pesquisador


peneirando a serapilheira; B: Pesquisador colocando serapilheira peneirada em
saco para transporte; C: Tela com malha de 0,4 cm² para acondicionamento de
serapilheira peneirada; D: Extratores de Winkler armados.

Fonte: D.F. Candiani (A-B) e L.S. Carvalho (C-D).

111
15. Funil de Berlese-Tullgren
Este método é empregado principalmente para a amostragem de mesofauna
de solo, que inclui os ácaros (Acari), aranhas (Araneae), colêmbolos (Collembola),
sínfilos (Symphyla), e insetos de várias ordens, entre outros (AQUINO et al., 2006).
Um dos métodos mais utilizados para a amostragem desta fauna é o aparato
modificado de Tullgren, baseado no funil de Berlese, freqüentemente denominado
de funil de Berlese-Tullgren (LASEBIKAN, 1974).
A descrição de um aparato de funil de Berlese-Tullgren é apresentado por
Aquino et al., (2006), em que é utilizado: uma lâmpada de 25W, como fonte de
calor; um container, receptor das amostras de solo, com 9cm de altura e 13cm de
diâmetro, contendo uma peneira com malha de 2mm soldada no fundo,
confeccionado com alumínio ou aço inoxidável; um funil com tubo coletor com
ângulo de 60o, confeccionado com alumínio ou aço inoxidável; e um frasco plástico
de 100mL contendo álcool 70-80% como solução preservativa (Figura 28).
A amostra de serapilheira ou de solo é acondicionada no container, abaixo do
qual há um funil que direciona para dentro do frasco coletor. A amostra é submetida
à luz e calor por sete dias, para criar um gradiente de temperatura e umidade. Os
microartrópodes reagem ao calor movendo-se para baixo caindo no frasco contendo
solução preservativa (AQUINO et al., 2006).
As principais vantagens desse método são: uma alta eficiência de extração
para microartrópodes e pouca necessidade de mão-de-obra para a amostragem e
extração. Como a amostragem é muito simples e rápida, é possível coletar um
grande número de amostras, em poucas horas. Como o padrão de atividade dos
microartrópodes varia ao longo do dia, em função da temperatura e umidade, em
uma coleta demorada pode-se ter um efeito sobre as densidades não só relativo aos
tratamentos, mas também ao período do dia. Como desvantagens têm-se: a
impossibilidade de recuperação de formas inativas, baixa eficiência de extração
para alguns grupos taxonômicos, dificuldade de acondicionamento de solos
arenosos nos containers, o consumo de energia e limitação do número de
tratamentos e repetições em função do número de extratores disponíveis, já que
para cada ponto de coleta são necessários dois funis extratores, um para a
serapilheira e outro para o solo (AQUINO et al., 2006).

112
Figura 28 – Amostragem com funil de Berlese-Tullgren. (A) Extratores em
funcionamento indicando a submissão das amostras a luz e calor por sete dias para
criar um gradiente de temperatura e umidade; (B) Detalhes do armário que contem
os extratores de Berlese-Tullgren.

Fonte: Aquino et al. (2006).

Em comparações recentes sobre a eficiência de métodos de coleta de


artrópdes de serapilheira, assim como comentado para extrator de Winkler, este
método apresenta resultados discrepantes. SABU & SHIJU (2010), durante uma
floresta decídua úmida na Índia, comparando amostragem de artrópodes de
serapilheira com armadilhas de queda, extrator de Winkler e funils de Berlese
concluíram que a amostragem com funil de Berlese é o melhor método para a
realização de medidas quantitativas, que os outros dois métodos, sendo muito
eficiente na amostragem de Psocoptera, formas larvais de insetos e Acariformes.
Por outro lado, SABU et al., (2011), ao realizarem uma amostragem de artrópodes
de serapilheira utilizando estes mesmos três métodos em uma área de floresta
tropical de altitude (floresta montana), concluíram que o funil de Berlese foi o melhor
método apenas para a amostragem de larvas de insetos, Acari, Collembola e
Chilopoda. No entanto, estes mesmos autores afirmam que a utilização desta
metodologia não é adequado para a realização de estudos ecológicos envolvendo
diversos grupos de artrópodes ou para outros táxons, pois o tempo gasto na triagem
das amostras é muito maior que aquele despendido na triagem de amostras
realizadas com extrator de Winkler.

113
16. Guarda-chuva entomológico
Este é um método ativo de coleta em que o pesquisador utiliza um aparato
formato com um quadrado de pano branco com 0,8m x 0,8m, fixado pelos vértices
em dois cabos cruzados, presos entre si no centro, denominado guarda-chuva
entomológico (GCE). O guarda-chuva é colocado sob os ramos das árvores e
arbustos, os quais são agitados com um bastão, de forma que os animais caiam
sobre o instrumento, onde são capturados pelo pesquisador (Figura 29). O conjunto
de todos os indivíduos coletados por um determinado coletor, durante uma hora
contínua de amostragem é considerada uma unidade amostral. Este método permite
a coleta de um grande número de indivíduos de insetos de diversas ordens e
aracnídeos.

Figura 29 – Pesquisador realizando amostragem com guarda-chuva entomológico.

Fonte: F. M. Oliveira-Neto.

17. Lençol de luz


A atração por luz é um método muito eficiente para amostragem de insetos
noturnos (mariposas, besouros, moscas, percevejos e himenópteros, entre outros),

114
como já demonstrado em diversos aparatos descritos neste Capítulo. Um método
direto de se explorar este atrativo é utilizar um lençol ou qualquer tecido,
preferencialmente branco, pendurado ao ar livre à noite com uma fonte de luz
apropriada ou uma combinação de fontes como tubos de luz ultravioleta, lanternas à
gasolina ou faróis de carros colocados próximos ao lençol. Os insetos são atraídos e
pousam no lençol, onde são facilmente capturados com fracos mortíferos (com
cianeto ou acetato de etila) ou potes, pelo coletor (SCHAUFF, 2004).
O lençol pode ser preso em duas árvores ou esticado ao lado de uma
construção, com a borda inferior espalhada no chão, sob a luz. Alguns coletores
usam suportes na borda inferior do lençol para manter o lençol alguns centímetros
acima do solo e garantir que nenhum inseto do chão suba no lençol. Outro coletores
dobram a borda inferior para formar uma calha na qual os insetos podem cair
quando baterem no lençol (SCHAUFF, 2004).
Este método é ideal para coletar mariposas em perfeitas condições ou para
obtê-las vivas para fins de reprodução ou criação. Sua desvantagem é que as
espécies que só saem para vôo tardiamente na noite ou apenas nas primeiras horas
do dia dificilmente são capturadas, exceto se o coletor estiver preparado para
passar a maior parte da noite no lençol (SCHAUFF, 2004).
É importante ressaltar que as fases da lua podem influenciar a atração de
insetos por luzes artificiais. Uma lua brilhante pode competir com a fonte de luz,
resultando em uma captura reduzida. O melhor período para coleta em cada mês se
estende a partir da quinta noite após a lua cheia até quase uma semana antes da
próxima lua cheia (SCHAUFF, 2004).

18. Malaise (armadilha de interceptação de vôo)


Esta armadilha é também chamada de armadilha de interceptação de vôo e
baseia-se no princípio de coletar insetos com tendência de subir ao encontrar um
obstáculo vertical, assim como as armadilhas suspensas desenvolvidas por Rafael e
Gorayeb (1982) para a amostragem de tabanídeos; que, na verdade, constituem
uma modificação da armadilha tipo Malaise, desenvolvida por Malaise (1937).
Atualmente, todas as armadilhas, tipo tenda, que coletam insetos que apresentam
tendência de subir quando encontram um obstáculo vertical são conhecidas como
armadilhas Malaise, em homenagem ao himenopterólogo suéco René Malaise,
inventor desta armadilha.
115
O aparato consiste de uma tenda aberta com um septo (ou mais septos no
caso de armadilha multidirecional) no meio, preferencialmente de cor escura; uma
cobertura inclinada, de cor clara para direcionar os insetos ao frasco coletor; este
deve ser total ou parcialmente transparente, situado na parte mais alta, contendo no
seu interior uma substância fixadora ou gás mortífero, este último para coleta seco
(RAFAEL, 2002). O contraste de cor entre a parte inferior e a parte superior é
importante para induzir os insetos a subirem a procura de luz.
Estas armadilhas são construídas com tecido fino e leve, com amarradouros
reforçados nas extremidades. O frasco coletor é preso ao tecido através de uma
braçadeira. A armadilha é facilmente montada através de cordas que partem das
extremidades do tecido e podem ser amarradas em estacas, galhos, troncos ou
raízes da vegetação (Figuras 30-31). São excelentes para captura de insetos
voadores, especialmente Diptera e Hymenoptera. Podem ficar montadas por tempo
indeterminado, de dia e de noite (RAFAEL, 2002).
As desvantagens das armadilhas tipo Malaise é que estas são seletivas.
Insetos de vôo fraco ou que fecham as asas ao encontrar um obstáculo e caem (por
exemplo, coleópteros) dificilmente são coletados. As coletas com armadilhas
Malaise podem ser padronizadas facilmente por meio de modelos comerciais e
estipulando-se a quantidade e o tempo de coleta (RAFAEL, 2002). Vale ressaltar
que a armadilha Malaise é uma das mais difundidas e o seu desenho, tamanho das
malhas e local onde são colocadas interferem significativamente no resultado das
coletas (DARLING; PACKER, 1988).
Para aumentar o número de insetos coletados recomenda-se montar a
armadilha transversalmente a caminhos naturais (sobre riachos) ou artificiais
(picadas, estradas) onde os insetos com vôos mais fortes preferem voar (Figura 31).
Em áreas abertas montar preferencialmente em sentido transversal ao do vento. Em
áreas fechadas, de floresta, orientar o frasco coletor no sentido de maior
luminosidade (RAFAEL, 2002).

116
Figura 30 – Desenho esquemático de uma armadilha tipo Malaise.

Fonte: Modificado de Resources Inventory Branch (1998).

19. Rede de plâncton


Como os organismos zooplanctônicos vivem disperses na coluna d'água, sua
coleta, quase sempre, envolve concentração previa por meio de algum tipo de
filtragem. Como todo processo de amostragem, tais coletas devem ser realizadas
com réplicas para que se possa oferecer estimativa da eficácia amostral. Vários
métodos têm sido usados para coleta de organismos zooplanctônicos, como as
redes de plâncton (BICUDO; BICUDO, 2007).
Esta é a forma mais antiga e mais comum atualmente de coletar plâncton. Há
vários tipos de redes e as principais variações estão relacionadas ao diâmetro da
boca de rede, a forma do cone de filtragem, a abertura de malha empregada e ao
copo coletor. Trata-se de método um cuja eficiência de amostragem é muito variável
(BICUDO; BICUDO, 2007).
O volume matematicamente calculado de água filtrada, relacionando-se as
dimensões da rede, nem sempre corresponde, exatamente, ao que foi efetivamente
filtrado, uma vez que as redes sofrem colmatagem de seus poros à medida que vão
atravessando a coluna d'água (BICUDO; BICUDO, 2007). O grau de colmatagem

117
pode variar de acordo com as condições da água e a forma pela qual ela e operada.
Segundo Tranter e Heron (1965, 1967), as redes mais eficientes devem ser dotadas
de cone redutor e a área de filtragem deve ser, aproximadamente, três vezes maior
do que a área da boca da rede. Normalmente, desaconselha-se o uso de redes para
amostragens qualitativas em lagos com elevada turbidez (BICUDO; BICUDO, 2007).

Figura 31. Armadilha tipo Malaise instalada sobre riacho.

Fonte: L.S. Carvalho.

O tipo de tela empregada tem efeito marcante na seletividade e eficiência da


rede. As melhores redes possuem gaze de náilon do tipo monofilamento. Esse tipo
de tela também apresenta grande durabilidade e boa resistência à colmatagem, já
que a uniformidade das fibras favorece sua autolimpeza durante o processo de
filtragem (BICUDO; BICUDO, 2007). Telas de seda natural foram as primeiras a ser
utilizadas, mas elas apresentam muitas irregularidades nas fibras e, em decorrência,
os poros não são uniformes (DE BERNARDI, 1984).
O tamanho dos poros pode variar de 0,01 a 1 mm. Eismont-Karabin (1978)
alerta, contudo, que o uso de poros muito pequenos não garante boa eficiência.

118
Pelo contrário, redes com dimensões de poro iguais ou menores do que 20µm não
são capazes de coletar eficientemente rotíferos. Normalmente, os programas de
amostragem de zooplâncton regulares devem considerar dois tamanhos distintos de
poros (BICUDO; BICUDO, 2007). Para o microzooplâncton (organismos menores do
que 200 µm), sugere-se uso de redes na faixa de 50-65µm e, para organismos
mesozooplanctônicos (>200µm), sugere-se adoção de redes com poros na faixa de
120-160 µm (BICUDO; BICUDO, 2007). Essa recomendação resulta do fato de que
os organismos terem diferentes dimensões Iineares (antero-posterior versus
laterais), além de poderem se curvar e se contrair em decorrência das ondas de
pressão durante a filtragem. Por exemplo, uma larva de copépode com mais de 400
µm de comprimento poderá passar através de rede de 200 µm de abertura de malha
dependendo da posição e de sua reação no momento em que tocar a rede
(BICUDO; BICUDO, 2007).
O copo coletor das redes e um acessório que influencia muito a eficiência do
aparato como um todo. Normalmente, ele deve ser dotado de áreas laterais forradas
com a mesma rede utilizada no cone e de abertura inferior por onde serão coletados
os organismos (BICUDO; BICUDO, 2007). O uso de coletores sem tais
características irá impedir que organismos eventualmente aderidos ao tecido da
rede sejam lavados de modo eficaz ao final do arrasto (BICUDO; BICUDO, 2007).
Normalmente, as redes obtem maiores eficiências quando são desenhadas
especificamente para o ambiente onde serão operadas. Assim, um lago eutrófico,
dominado por pequenos organismos, poderá ser convenientemente amostrado
utilizando rede pequena com diâmetro entre 20-40cm e abertura de malha por volta
de 70µm, desde que os arrastos sejam relativamente pequenos para que a rede não
fique colmatada (BICUDO; BICUDO, 2007). Para um lago oligotrófico, entretanto,
dominado por grandes cladóceros e calanóides, recomenda-se uso de redes
maiores, com diâmetro de 60-80cm e abertura de malha da ordem de 200µm
(BICUDO; BICUDO, 2007).
Um dos maiores problemas relacionados ao uso das redes é que não se
pode estudar seções individualizadas da coluna d'água. Isto é particularmente
relevante no caso do zooplâncton que, em muitos casos, apresenta deslocamento
conspícuo, ou seja, migração vertical diurna (BICUDO; BICUDO, 2007). Assim,
foram desenvolvidas redes especiais dotadas de mecanismos que permitem
abertura e fechamento do cone coletor em determinadas profundidades. Na maioria
119
dos casos, esse mecanismo é acionado por mensageiros. Ha dois tipos dessas
redes, a de Nansen e o planctonômetro (BICUDO; BICUDO, 2007).
Rede de Nansen. Estas são redes tradicionais dotadas de mecanismo de
trava que, ao ser acionado por mensageiro, impede que a rede continue a filtrar.
Embora seja muito fácil de operar, a rede de Nansen apresenta os mesmos
inconvenientes de toda rede de plâncton, sendo o principal deles a inexistência de
mecanismo medidor do volume filtrado (BICUDO; BICUDO, 2007).
Planctonômetro. Estas são redes de plâncton acopladas a uma seção
cilíndrica de metal onde há um mecanismo de abertura e fechamento comandado
por mensageiro. Na parte metálica, comumente há um medidor de fluxo que permite
determinar, com precisão, o volume efetivamente filtrado. O planctonômetro mais
conhecido é o de Clarke-Bumpus (DE BERNARDI, 1984). Este é o equipamento
preferido para amostragern de zooplâncton em grandes sistemas lacustres e em
áreas oceânicas, principalmente por ser muito eficiente na coleta de organismos de
médio a grande porte. Apresenta o inconveniente de ser muito pesado, sendo,
usualmente operado por guinchos elétricos ou hidráulicos fixados a embarcações.
Os planctonômetros e alguns tipos de redes podem ser utilizados em arrastos
horizontais a diferentes profundidades, se o aparato for dotado de pesos ou lastros
posicionados adequadamente. A embarcação deve mover-se com velocidade
constante, entre 50 e 125 m.s-1 (BICUDO; BICUDO, 2007).

20. Rede entomológica e de varredura


Muitos insetos são fitófagos e, portanto, estão quase sempre em contato
direto com a vegetação, ou usam as plantas como local de pouco. Dependendo do
local e da época do ano, a vegetação (isto é, a folhagem da vegetação) corresponde
ao microhábitat que talvez abrigue, individualmente, a maior diversidade de insetos
(ALMEIDA et al., 1998). De fato, é possível encontrar espécies da maior parte das
ordens pousadas na vegetação ou efetivamente utilizando-a como fonte de
alimento. Isso inclui muitas espécies de inúmeras famílias de Coleoptera (ex.:
Curculionidae e Chrysomelidae); Diptera; (ex.: Otitidae e Agromyzidae);
Hymenoptera (ex.: Apidae e Vespidae); Hemiptera (Reduviidae e Pentatomidae);
Homoptera (Aphidae e Membracidae); além de grilos (Ensifera: Gryllidae) e
gafanhotos (Caelifera: Acrididae); entre outros táxons (ALMEIDA et al., 1998). A
vegetação é ainda utilizada por diversos táxons de animais predadores, incluindo
120
Neuroptera (Chrysopidae) e Diptera (Asilidae e Pipunculidae), dentre os insetos; e
ainda diversos grupos de aracnídeos, como escorpiões, aranhas, ácaros e opiliões.
Deste modo, de acordo com o objetivo de cada pesquisa, a coleta direta na
vegetação é uma excelente alternativa e o uso de redes de varredura ou
entomológica é recomendável (ALMEIDA et al., 1998).
As redes entomológicas (Figura 32A) são constituídas por um aro de arame
resistente de dimensões variáveis. Uma rede pode ter 30 cm de diâmetro, com duas
hastes retas de 7 e 8 cm (Figura 32B), que são encaixadas em sulcos feitos em
cada um dos lados de um cabo de madeira (ALMEIDA et al., 1998). A rede
propriamente dita é confeccionada com tela fina de náilon ou filó, que deve ser
consturado em forma de saco, com 60 cm de comprimento, 50 cm de largura
(Figura 32C) e borda reforçada por morim ou, de preferência, lona, por onde será
passado o aro de arame. Para a fixação das hastes do aro nos sulcos do cabo de
madeira, utiliza-se uma manga de PVC, um colar de metal ou um arame enrolado
(Figura 32D) (ALMEIDA et al., 1998).
A rede entomológica para a captura de borboletas e libélulas pode ser igual à
descrita acima, tendo como modificação principal as medidas do aro do arame, do
saco de filó e do cabo. O tamanho ideal para esse tipo de rede é de 40 cm de
diâmetro e 80 cm de comprimento. O cabo deve ser longo e pode ser feito de
maneira a possuir duas ou mais partes que se encaixam (telescopadas) ou à base
de rosca e contra-rosca (ALMEIDA et al., 1998). Para a coleta de borboletas, o vidro
letal não deve ser utilizado, mesmo que este seja grande, pois as asas podem se
quebrar e haver perda das escamas, inutilizando o material. Borboletas e mariposas
devem ser mortas, ainda dentro da rede, apertando-se o tórax lateralmente, à altura
do segundo parte de pernas, utilizando-se os dedos indicador e polegar (ALMEIDA
et al., 1998).
Para a rede de varredura, utiliza-se a mesma estrutura, substituindo-se o
saco de filó ou náilon por um tecido mais resistente, como o morim. Este tipo de
rede é utilizado para artrópodes que vivem na vegetação rasteira (ALMEIDA et al.,
1998). Diferentemente da rede entomológica normal, que é usada para coletar um
inseto durante o vôo, a rede de varredura é usada para bater diretamente na
folhagem (Figura 33). O tecido da rede deve, portanto, ser mais grosso para resistir
a perfurações que poderiam ser causadas pelos galhos das plantas rasteira
(ALMEIDA et al., 1998).
121
Figura 32 – Rede entomológica ou de varredura. A. Rede; B. Aro de metal; C. molde
da rede; D. Tipos de encaixe para o cabo de madeira.

Fonte: Almeida et al. (1998).

A rede de varredura deve ser utilizada de forma a “varrer” toda a fauna de


artrópodes que se encontra na vegetação (Figura 33). Todo o material coletado
(insetos, aracnídeos e pedaços de plantas) pode ser recolhido em sacos plásticos
contendo um chumaço de algodão embebido em acetato de etila. A separação dos
artrópodes, às vezes trabalhosa, é feita na volta ao laboratório (ALMEIDA et al.,
1998).

21. Redes para coleta aquática


Embora a maioria dos insetos seja terrestre, há formas imaturas de muitos
grupos e adultos de outros que vivem em ambientes aquáticos. A maioria dos
insetos aquáticos está restrita à água-doce, mas há alguns grupos que vivem em
águas estuarinas e outros poucos que vivem em lagoas e poças salinas ou em
pequenas profundidades no mar. As técnicas com a rede aquática são
recomendadas em todos esses casos (ALMEIDA et al., 1998).

122
Figura 33 – Pesquisador realizando amostragem da fauna de artrópodes em
vegetação rasteira com o uso de uma rede de varredura.

Fonte: F.M. Oliveira-Neto.

As redes para coleta aquática são utilizadas, especialmente, nas coletas de


formas imaturas (de mosquitos libélulas, megalópteros, etc.) e de formas adultas
aquáticas (alguns percevejos e besouros) em riachos e lagos. A boca pode ser
quadrada ou com formato de um “D”. Seu uso é semelhante ao de uma rede
entomológica normal, mas deve ser mais curta e deve ser confeccionada com tecido
de malha que permita a passagem da água. Pode-se utilizar também um coador de
náilon ou metal, como uma peneira de cozinha. Em ambos os casos, utiliza-se um
cabo de madeira longo, como utilizado em vassouras (ALMEIDA et al., 1998).
Como este é um método ativo de amostragem, a padronização do esforço
amostral pode ser realizada em unidade de tempo (horas, por exemplo) ou de vezes
em que a rede é utilizada.

123
23. Termonebulizador de copa
Este método, também conhecido por “canopy fogging” é um método passivo
de coleta, empregado para a amostragem de artrópodes habitantes dos estratos
superiores da vegetação, especialmente o dossel de grandes árvores. Para isto,
utiliza-se um equipamento, denominado termonebulizador, que possui uma bateria
de 6 volts para iniciar o seu funcionamento e um motor de 24 cv para produzir a
termonebulização. A fumaça produzida com a termonebulização pode ser
direcionada a partir do solo em direção às copas das árvores, quando a armadilha
estive em posse do coletor; ou pode ser direcionada diretamente às copas das
árvores elevando-se a armadilha com o auxílio de uma corda. Neste último caso,
utiliza-se um controle remoto para ligar e desligar o equipamento.
Para que haja a coleta de artrópodes, emprega-se um piretróide sintético não
residual (inseticida), diluído em óleo diesel a uma concentração de 10% e
permetrina (100 ml) como princípio ativo para maximizar o efeito de queda (knock
down) sobre o organismos.
Para a captura dos indivíduos mortos com a ação dos venenos empregados,
utiliza-se anteparos de pano, preferencialmente branco para facilitar a visualização
dos indivíduos. Estes panos devem ser dispostos no local de coleta antes da
aplicação do veneno. Pode-se utilizar anteparos de pano com formatos cônicos ou
retangulares e cada unidade amostral a ser considerada para inventários de
biodiversidade deve ser o conjunto de todos indivíduos coletados em todos os
anteparos instalados em uma determinada aplicação de veneno. Neste caso, devido
à proximidade entre os anteparos, considerar o material capturado em cada
anteparo como amostras distintas poderia ser considerado um caso de
pseudoreplicação espacial.
Batirolla et al., (2004) utilizou funis de 1 m de diâmetro para a realização de
um estudo sobre a ecologia de comunidade de aranhas de Attalea phalerata Mart.
(Arecaceae) (Figura 34); e, como produto nebulizado, empregou Lambdacialotrina a
0,5% (Icon ®), um piretróide sintético não residual, diluído em óleo diesel a uma
concentração de 1% e associado ao sinergista (DDVP 0,1%), para aumenta o efeito
de queda sobre os organismos, diminuindo o seu deslocamento. Diferentemente,
Costa et al., (2010) utilizou anteparos de 1,5 x 4 metros para capturar os indivíduos
que caíram das copas das árvores após a aplicação da nebulização (Figura 35). Em
ambos trabalhos a realização da nebulização ocorreu no período da manhã, devido
124
a uma circulação de ar menos intensa, permitindo que a nuvem de inseticida
subisse vagarosamente através do dossel, conforme proposto por Adis et al.,
(1998).

Figura 34 – Nebulização da copa de Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), para a


coleta de Araneae durante o período de cheia no Pantanal matogrossense.

Fonte: Batirolla et al. (2004).

125
Figura 35 – Etapas da metodologia de coleta de artrópodes com termonebulização
de colas. A: Preparação da área de coleta e disposição dos anteparos de 1,5 x 4
metros; B: Aplicação do veneno utilizando um termonebulizador; C: Fumaça
direcionando-se para a copa das árvores acima dos anteparos; D: Pesquisadores
recolhendo os indivíduos coletados.

Fonte: S.C. Dias.

MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE INVERTEBRADOS PARA FINS CIENTÍFICOS


E/OU DIDÁTICOS
A seguir são descritos alguns métodos de preparação, montagem e
organização de invertebrados para fins científicos e/ou didáticos, como por exemplo:
montagem de insetos, preparação de artrópodes em resina para práticas didáticas,
montagem de crustáceos e fixação de invertebrados aquáticos, entre outros.

Métodos para sacrificar e fixar artrópodes


Insetos adultos e aracnídeos devem ser mortos imediatamente, para evitar
que fiquem se batendo no interior do tubo de captura. Para realizar esta tarefa,
pode-se utilizar álcool 70% ou gases mortíferos.

126
O fixador mais utilizado é o álcool 70%. Este pode ser comprado já nesta
concentração ou ainda ser preparado a partir de da de álcool 96º GL (70 cm³do
álcool e 26cm³ de água). Este fixador deve ser utilizado para a fixação de
aracnídeos, quilópodes, diplópodes, colêmbolos e insetos adultos dos seguintes
táxons: Thysanura, Mecoptera, Ephemeroptera, Phasmatodea, Isoptera, Plecoptera,
Dermaptera, Embioptera, Psocoptera, Zoraptera, Hemiptera (apenas pulgões,
cochonilhas e moscas-brancas), Trichoptera, Hymenoptera (formigas), Orthoptera
(podem ser também sacrificados com gases tóxicos) e Strepsiptera (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967; GALLO et al., 2002; RAFAEL et al., 2012). As ninfas de insetos
também podem ser mortos em álcool 70% e são mantidas na coleção nesse líquido
(GALLO et al., 2002). No caso de diplópodes, se o álcool se mostrar tingido, deve
ser trocado ((VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Em campo, Acosta et al., (2007) recomenda a utilização de álcool etílico 80%,
pois esta concentração será diluída através da água existente no corpo de espécies
grandes de opiliões. Tal observação pode ser igualmente estendida a outros grupos
de invertebrados. Estes mesmos autores afirmam que a utilização somente de
etanol como fixador para indivíduos grandes ou de corpos moles pode resultar em
má preservação de tecidos internos, afetando a aparência do tegumento. Para evitar
este efeito, pode-se utilizar um fixador composto por 12 partes de formalina, 30
partes de álcool etílico absoluto, 2 partes de ácido acético glacial e 56 partes de
água destilada (ACOSTA et al., 2007). Neste caso, os espécimes devem ser
mantivos nesta solução por 1,5-2 horas e depois transferidos para álcool etílico 80%
para uma fixação final e preservação. Mais tempo neste primeiro fixador irá enrijecer
as articulações demais (ACOSTA et al.,2007).
O sacrifício com a utilização de gases tóxicos é realizado em frascos
mortíferos ou vidros letais (Figura 36). Os insetos das ordens Diptera, Odonata,
Neuroptera, Coleoptera, Hemiptera, Hymenoptera e Lepidoptera devem ser mortos
dessa maneira (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967; ALMEIDA et al., 1998; GALLO et
al., 2002). Estes podem ser preparados de diversas formas (ver Figura 36); porém,
independente do modelo utilizado, deve-se colocar uma etiqueta nos mesmos, com
uma advertência escrita com letras grandes: “VENENO”. Isso ajuda a diminuir o
risco de acidentes. A seguir são descritos três modelos de vidros letais, um que
utiliza cianeto (de cálcio, de sódio ou de potássio), outro que utiliza acetato de etila:
127
Vidro letal com cianeto. Coloca-se no fundo de um frasco uma camada de
aproximadamente 1cm de cristais de cianeto de cálcio, cianeto de sódio ou cianeto
de potássio (Figura 36A). Sobre esta, deve ser colocada uma camada mais fina de
serragem. A camada de serragem deve ser separada de uma quarta camada, a ser
adicionada depois, por uma rodela de papelão não muito grosso. A quarta e última
camada deve ser preparada com gesso em pó, misturado à água e deve ter
aproximadamente 1,5 cm de espessura. Quando o gesso estiver quase seco, deve
ser perfurado com auxílio de um alfinete grosso, para que o gás cianeto passe para
a porção superior do vidro e mate os insetos. Assim, o cianeto começa a agir
apenas quando os primeiros insetos são colocados no vidro (ALMEIDA et al., 1998).
Recomenda-se a colocação de tiras de papel absorvente dentro do frasco
para evitar que os insetos se choquem (danificando uns aos outros) e para controlar
o excesso de umidade do vidro. É importante proteger a parte inferior do vidro com
esparadrapo ou adesivos para que caso o vidro caia e quebre o veneno não se
espalhe (ALMEIDA et al., 1998).
As principais vantagens deste tipo de vidro letal são: (a) a ação do cianeto
dura muito tempo, não sendo necessária a reposição de veneno; (b) o cianeto mata
quase instantaneamente; (c) os insetos não são colocados em contato direto com o
veneno. Por outro lado, o uso desta técnica é desaconselhável ou deve ser utilizada
com extremo cuidado, visto que o cianeto é uma substância química muito tóxica.
Assim, sempre se deve utilizar luvas, pinças e máscaras, afastando-se o produto o
mais longe possível do rosto. Além disso, alguns insetos mortos com cianeto podem
perder a coloração e endurecer, depois de algum tempo.
Vidro letal com líquido tóxico. Uma maneira mais fácil de fazer um vidro letal
é colocar no fundo de um frasco, uma camada de algodão, gesso ou cortiça picada
e sobre esta um círculo de cortiça com cortes laterais recoberta com papel
absorvente, para receber as dejeções dos insetos e excesso do veneno
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967; ALMEIDA et al., 1998; GALLO et al., 2002). Nesse
frasco coloca-se um pouco de éter, acetato de etila ou clorofórmio e tampa-se bem.
Outra maneira mais prática de preparar o frasco consiste em comprimir apenas
algodão no fundo, que será embebido pelo líquido mortífero, tampando bem o frasco
(Figura 36B-C). A utilização destes líquidos mortíferos em comparação ao cianeto é
vantajosa por não alterar a pigmentação dos insetos, matar rapidamente e não ser
muito tóxico (para o homem). Por outro lado, como esses venenos evaporam-se, é
128
necessário renová-los periodicamente (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967; ALMEIDA
et al., 1998).

Figura 36 – Vidros letais para coletas entomológicas. A: Vidro letal com cristais de
cianeto; B: Vidro legal com acetato de etila; C: Tubo coletor com éter ou clorofórmio.

Fonte: A-B: Almeida et al. (1998); C: Paravero e Vanzolini (1967).

Para o caso de Lepidoptera (borboletas e mariposas), pode-se realizar o


sacrifício dos indivíduos comprimindo-se com os dedos os lados do tórax sem tocar
as asas e colocando-os em envelopes entomológicos com os dados de coleta. No
caso de Odonata (libélulas), depois de coletada, a libélula é colocada em envelope
entomológico por algumas horas (GALLO et al., 2002). Em seguida, é imersa
brevemente em acetona, retira-se (distendem-se as pernas e levantam-se as asas),
coloca-se novamente em envelope e novamente na acetona (16 a 24 horas).
Depois, o exemplar é retirado e exposto (por vários dias, em local seguro,
principalmente contra a ação de formigas) para evaporação da acetona. A libélula é
colocada depois num envelope entomológico com os dados de coleta e este é
mantido em gavetas entomológicas (GALLO et al., 2002). Os envelopes devem ser
resistentes e transparentes, por exemplo, de papel celofane. Há envelopes prontos,
padronizados que são adquiridos em lojas especializadas na venda de material
entomológico.

129
Vanzolini e Papavero (1967) recomendam ainda sacrificar borboletas e
mariposas injetando nestas uma quantidade suficiente (algumas gotas para insetos
pequenos até alguns centímetros cúbicos para maiores) de um líquido conservador
composto por ácido acético glacial (1cm³), formol (2cm³), glicerina (10cm³), álcool
etílico 95% (12cm³), água destilada (75cm³) e nipasol sódico (5cm³). Este líquido,
além de promover a morte do animal ainda conserva a elasticidade do inseto,
tornando-o pergamináceo, e preserva as estruturas internas. É aconselhável para
qualquer inseto volumoso, especialmente aqueles de abdômen bem desenvolvido.
Após a morte do inseto com este fixador, as asas devem ser estendidas, pois elas
endurecem fechadas e nunca mais poderão ser abertas (VANZOLINI; PAPAVERO,
1967).
Larvas e lagartas de insetos devem ser mortas em água quente, isto é,
devem ser mergulhadas na água quente e retiradas em seguida. Dessa forma, as
larvas e lagartas morrem com o corpo e apêndices distendidos. Não devem nunca
ser colocadas diretamente no álcool, pois assim ficam com o corpo e apêndices
encolhidos. Depois de mortas na água quente, podem ser transferidas para álcool
70%. Entretanto, para melhor conservação, antes de serem transferidas para o
álcool, devem ser passadas num outro fixador, por exemplo, o KAAD (1 parte de
querosene; 7-9 partes de álcool 96%; 1 parte de ácido acético; 1 parte de dioxana).
As larvas devem ficar nesse fixador durante 12 a 24 horas, sendo depois
transferidas para o álcool 70%. O KAAD é indicado principalmente para as larvas de
Hymenoptera, Diptera, Coleoptera e Neuroptera e para as lagartas de Lepidoptera
(GALLO et al., 2002). Pode-se utilizar também um fixador chamado KAA, preparado
com 1 parte de querosene, 10 partes de álcool isopropílico e 2 partes de ácido
acético glacial (ALMEIDA et al., 1998).
Outro fixador que pode ser usado para larvas e lagartas é o líquido de
Pampel (água destilada 30 partes; ácido acético glacial 4 partes; formaldeído 40% 6
partes; álcool etílico 96% 15 partes, adicionado por último), seguindo-se as etapas:
(1) anestesiar as larvas (ou lagartas) em acetato de etila por pouco tempo (até que
cessem os movimentos); (2) transferir para água quente (tirar água do fogo após
fervura) por alguns segundos e remover as larvas da água antes que fiquem
infladas; (3) perfurar cada larva 1 ou 2 vezes entre os segmentos abdominais com
alfinete entomológico, para evitar deformações osmóticas; (4) colocar no líquido de

130
Pampel (1 ou 2 dias); (5) transferir novamente para o líquido de Pampel (1 ou 2
semanas); e (6) conservar em álcool 80% (GALLO et al., 2002).
A fixação de crustáceos recém-coletados não apresenta nenhuma
dificuldade; pois tanto o formol a 4%, como o álcool a 70% são ótimos fixadores
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967). Os caranguejos não devem ser mortos em
massa, pois na agonia mutilam-se mutualmente. Devem ser sacrificados, por
imersão no fixador, isoladamente ou aos dois ou três. Os tatuzinhos são usualmente
fixados e conservados em tubinhos com álcool etílico a 70% (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967).

Preservação e armazenamento temporário de insetos


Frequentemente não há tempo para o preparo e a estocagem de insetos logo
após a sua coleta e morte. Há várias maneiras de mantê-los em boas condições até
que possam ser preparados adequadamente. O método a ser utilizado depende do
tempo em que os exemplares permanecerão estocados até a montagem final.
Existem três métodos principais para armazenamento temporário de insetos:
refrigeração, preservação em via líquida e preservação em via seca, descritos a
seguir.
Refrigeração. Insetos de tamanho médio a grande, devidamente
acondicionados em recipientes podem ser deixados em um refrigerador por vários
dias e ainda permanecer em boas condições para serem alfinetados. Certa umidade
deve estar presente no recipiente para que estes espécimes não se tornem secos
demais, mas esta não deve ser elevada, para que não haja condensação de água.
Para as asas de insetos pequenos, mesmo pequenas gotículas podem ser muito
prejudiciais. Papel absorvente colocado entre os insetos e o fundo do recipiente
auxiliará na manutenção de baixa umidade (ALMEIDA et al., 1998).
Preservação temporária em via líquida. Insetos podem ser mantidos em
álcool ou outros líquidos apropriados por vários anos antes de serem alfinetados
para alguns grupos, no entanto, como mosquitos da família Culicidae, borboletas e
mariposas, não é recomendada a preservação em via líquida. Estes insetos são
bastante frágeis e tem cerdas longas e escamas que são danificadas com este tipo
de preservação. Essas escamas e cerdas são importantes na identificação de
espécies e fazem muita falta quando perdidas (ALMEIDA et al., 1998). Para a
realização deste tipo de armazenamento, recomenda-se a utilização de álcool etílico
131
70%, embora alguns grupos devam ser preservados em concentração maior de
álcool, tais como Hymenoptera parasitóides, que requerem álcool etílico 95%. Isto
se faz necessário para prevenir o dobramento das asas e o enrugamento das partes
mais moles do corpo do inseto. Se o álcool etílico utilizado tiver concentração abaixo
do necessário para a preservação, poderá haver o aparecimento de bactérias e
deterioração do material. Em situação oposta, um líquido conservante em
concentração acima do recomendado poderá levar ao enrugamento e à danificação
dos exemplares, exceto em alguns casos de insetos com o corpo muito rígido
(ALMEIDA et al., 1998).
Preservação temporária em via seca. Embora seja preferível alfinetar insetos
recém-coletados, os métodos de preservação a seco, como a utilização de mantas e
envelopes ou triângulos de papel tem sido amplamente utilizados. Estes métodos
são utilizados preferencialmente para Lepidoptera, alguns grupos de Trichoptera, os
Diptera da família Tipulidae, Neuroptera e Odonata, cujos representantes possuem
asas grandes e frágeis (ALMEIDA et al., 1998).
O papel utilizado para a confecção dos envelopes e mantas por ser o
manteiga ou jornal. Este último, apesar de não ser transparente, tem a vantagem de
ser absorvente e conservar por mais tempo os insetos, eliminando o excesso de
gordura de seus corpos (ALMEIDA et al., 1998). Envelopes ou triângulos são
confeccionados com tiras de papel de tamanhos variados e dobrados conforme
esquema das Figuras 37A-D.
As mantas entomológicas podem ser preparadas com duas tiras de papel
com 30 x 10 cm, superpostas e dobradas em sequência alternada como indicado na
Figura 38. No quadrado central, formado pela sobreposição das tiras, deve ser
acomodada uma camada fina de algodão bruto, onde serão dispostos os insetos
(Figura 38A). O algodão comum não é aconselhável, pois os apêndices dos insetos
podem ficar presos nas suas fibras, quebrando-se no manuseio. Na falta de algodão
bruto, deve-se utilizar lenços de papel absorvente (ALMEIDA et al., 1998).
Em cada envelope, triângulo ou manta contendo insetos, não se deve
esquecer de colocar uma etiqueta com os dados de coleta, tais como localidade,
data da coleta, nome do coletor e outras informações que se julgarem importantes
para o estudo feito (ALMEIDA et al., 1998).

132
Figura 37 – Triângulo de papel para armazenamento temporário de insetos. A-D:
Sequência de dobras.

Fonte: Modificado a partir de Almeida et al. (1998).

Montagem, preservação e armazenamento permanente de insetos


Em condições ideais, é importante que os insetos sejam corretamente
preparados e montados; e, nessas condições, eles podem ser preservados por
centenas de anos nas coleções e estarem disponíveis para manuseio e estudo com
baixo risco de dado a partes do corpo (ALMEIDA et al., 1998). Assim como a
preservação temporária, há métodos de preservação permanente em vias seca e
líquida de insetos. Os exemplares secos são geralmente montados de duas formas:
alfinetagem direta ou “dupla montagem”. Alguns insetos como afídeos (Homoptera)
e colêmbolos, por serem de tamanho reduzido e frágeis, são montados de maneira
especial, diretamente em lâminas (ALMEIDA et al., 1998).
No entanto, muitas vezes, o pouco tempo que o corpo de insetos permanece
em mantas ou envelopes é o suficiente para desidratá-los, tornando-os secos e
quebradiços. Por isso, antes da montagem, os insetos devem ser colocados em
uma “câmara úmida”. Isto é suficiente para reidratar os exemplares, tornando-os

133
maleáveis, de modo que eles possam ser alfinetados e seus apêndices
posicionados de forma correta, sem que se partam (ALMEIDA et al., 1998).

Figura 38 – Manta entomológica. A-D: Modelo para elaboração.

Fonte: Almeida et al. (1998).

As câmaras úmidas podem ser confeccionadas com recipientes de diversos


tipos, dado preferência aqueles baixos (5-20 cm de altura), com abertura larga e
tampa que não permita a entrada de ar (Figura 39). O fundo do recipiente deve ser
forrado com areia úmida e uma pequena quantidade de fenol ou pequenos cristais
de naftalina, para que não haja a proliferação de fungos. Sobre a areia pode ser
colocado papel filtro ou papel jornal, onde serão arranjados os insetos para que
amoleçam. O tempo para o amolecimento pode variar de horas até dias, mas pode
ser acelerado colocando-se uma lâmpada para aquecimento de todo o ambiente
interno (ALMEIDA et al., 1998).

134
Figura 39 – Modelo de câmara úmida.

Fonte: Do autor.

Alfinetagem direta. A alfinetagem é o melhor processo para a conservação de


insetos com corpo muito esclerotinizado. Os alfinetes entomológicos possuem
características especiais como o tipo de aço, comprimento, flexibilidade e material
especial para a “cabeça”, que os tornam particularmente apropriados para seu isso
em coleções de insetos. Eles tem espessura variável, adequada aos diversos
tamanhos de insetos (variando dos mais finos, 000, 00, 0 e de 1 a 7, os mais
grossos). De modo geral, o alfinete é inserido verticalmente no escudo, de modo
que fique em um ângulo de 90º em relação ao eixo longitudinal do corpo do inseto,
entre o primeiro e segundo par de pernas, tomando o cuidado para que o alfinete
não as danifique (Figura 40).
Todos os exemplares devem ser posicionados a uma mesma altura, cerca de
1,0 cm abaixo da cabeça do alfinete. Isto é indispensável para que, ao se pegar a
cabeça do alfinete, haja espaço para que as pontas dos dedos não toquem e
quebrem o exemplar. Para facilitar essa tarefa, existem blocos especiais de madeira
ou aço, com perfurações em diferentes alturas que facilitam o ajuste da altura do
exemplar e de seus vários níveis de etiquetas no alfinete (Figura 41).

135
Figura 40 – Eixos corretos e incorretos de alfinetagem de insetos.

Fonte: Almeida et al. (1998).

Figura 41 – Bloco de madeira para auxiliar na alfinetagem de insetos.

Fonte: Almeida et al. (1998).

A perfuração do corpo do inseto sempre traz algum dano às suas estruturas


morfológicas e a tecidos internos. A vantagem do alfinete é que, transpassando
verticalmente o exemplar, fica possível observá-lo sob diferentes ângulos com
grande facilidade. No entanto, é necessário minimizar os danos causados pela
perfuração. A orientação geral é que não sejam danificadas estruturas importantes

136
para que seja possível a correta identificação do material. Como organismos
bilaterais, uma boa parte das estruturas dos insetos é produzida aos pares. Assim,
quase sempre a inserção do alfinete dá-se ligeiramente deslocada para a direita.
Além disso, o tórax é a parte mais resistente do corpo, de modo que é onde a
perfuração deve ser feita na maior parte dos insetos, em especial, no mesotórax
(ALMEIDA et al., 1998).
Alguns grupos de insetos devem ser alfinetados em posições apropriadas.
Em Blattaria, Ensifera e Caelifera a perfuração deve ser feita na parte posterior do
pronoto, logo à direita da linha mediana do corpo (Figura 42A). Em Hemiptera e
Homoptera a perfuração deve ser feita no escutelo, um pouco à direita da linha
mediana (Figura 42B-C). Em Coleoptera a perfuração deve ser feita no élitro direito,
próximo à sua base (Figura 42D). Em Lepidoptera, Diptera e Hymenoptera a
perfuração deve ser feita no mesotórax, entre a base das asas anteriores, um pouco
à direita da linha mediana (Figura 42E-F) (ALMEIDA et al., 1998).
Logo após a alfinetagem, antes que os insetos sequem completamente, as
antenas, asas e pernas devem ser arranjadas de forma que fiquem bem visíveis
para estudo (Figura 43). Nesse processo, para muitos grupos são utilizadas placas
de isopor cobertas com papel para fixação do exemplar e alfinetes que, cruzados,
facilitarão a acomodação dos apêndices na posição adequada (ALMEIDA et al.,
1998). Em Lepidoptera, são utilizados “esticadores”, tábuas de distensão
confeccionadas conforme Figura 44A. As borboletas são alfinetadas em um sulco no
centro da tábua e, com auxílio de tiras de papel e alfinetes, as asas são distendidas
e presas junto à tábua (Figura 44B-D), sobrepostas às tábuas laterais.
Quando houver necessidade do uso de coleta para fixação de peças
quebradas (o que ocorre com freqüência) ou durante o processo de dupla
montagem, a cola deve ser à base de água. Este tipo de cola pode ser facilmente
dissolvido quando houver necessidade de observação de estruturas taxonônimas
importantes que se tornaram pouco visíveis após o processo de montagem do
exemplar. Entretanto para borboletas, mariposas ou outros insetos com escamas ou
pelos, deve ser usada cola orgânica solvente. Esmalte de unha transparente
também pode ser utilizado na montagem de pequenos insetos, que podem ser
removidos com acetona ou “thinner” (ALMEIDA et al., 1998).

137
Figura 42 – Posição correta para inserção do alfinete em vários grupos de insetos.
A: Orthoptera; B: Homoptera; C: Hemiptera; D: Coleoptera; E: Lepidoptera; F:
Hymenoptera.

Fonte: Almeida et al. (1998).

Figura 43 – Uso de outros alfinetes para posicionar corretamente apêndices dos


insetos.

Fonte: Almeida et al. (1998).

138
Dupla montagem. Para pequenos insetos, pode ser utilizada a técnica de
dupla montagem, pois seriam danificados facilmente ou mesmo destruídos se
alfinetados. Assim, o exemplar pode ser espetado com um micro-alfinete que é
aposto a um suporte de cortiça, o qual é montado em um alfinete maior (Figura
45A). Outra maneira de “montar” insetos pequenos é colando-o no vértice dobrado
de um pequeno triângulo de papel resistente (Figura 45B), cuja base é espetada por
um alfinete número 2 ou 3 (ALMEIDA et al., 1998).

Figura 44 – Montagem de Lepidoptera. A: Esticador ou tábua de distensão; B-D:


Sequencia de posicionamento das asas e antenas.

Fonte: Almeida et al. (1998).

139
As formigas de tamanho médio ou pequeno não são coladas lateralmente,
mas descansam sobre a face superior do triângulo, com o abdômen quase
encostado no alfinete, enquanto pernas e antegas ficam fora do triângulo (Figura
45C). Como geralmente se coletam séries de uma mesma espécie, o material é em
parte conservado em via líquida e, em parte, montado. Além disso, por economia,
montam-se de 3 a 5 formigas num mesmo alfinete. Insetos em cópula devem ser
espetados juntos (Figura 45D), e o alfinete trazer uma etiqueta indicando esse fato
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967). No caso de insetos de corpo muito alongado, a
montagem é feita sobre dois triângulos, como indicado na Figura 46 (ALMEIDA et
al., 1998).

Figura 45. Dupla montagem de insetos em diversas situações. A: Inseto alfinetado


com micro-alfinete; B: Inseto colado no verso de dobra em cartolina; C: Formigas
montadas em um mesmo alfinete; D: Percevejos em cópula.

Fonte: A-B: Almeida et al. (1998); C-D: Vanzolini e Papavero (1967).

Montagem em lâminas. Pulgões são muitas vezes coletados diretamente das


plantas com auxílio de um pincel e colocados em álcool 95% ou 70%. Ambas as
formas, áptera e alada, são necessárias para o reconhecimento das espécies e,
para isto, precisa-se preparar lâminas, o que inclui a maceração, desidratação e
clarificação dos espécimes. Estas etapas precedem a montagem permanente da
lâmina com bálsamo do Canadá. Há inúmeras técnicas diferentes de preparação de
lâminas permanentes, que variam conforme necessidades específicas (ALMEIDA et
al., 1998).

140
Figura 46 – Montagem de insetos de abdômen longo com dois triângulos.

Fonte: Almeida et al. (1998).

Em uma destas técnicas, vários exemplares devem ser colocados em tubo de


ensaio com álcool 70% e fervidos em banho-maria de um a dois minutos. Retira-se
o álcool com o auxílio de uma pipeta de ponta fina e adiciona-se hidróxido de
potássio ou sódio a 10%, deixando-se ferver lentamente por mais um ou dois
minutos, até que os insetos fiquem levemente mais claros. Retira-se a solução
colocando-se em seu lugar água destilada para lavar o excesso da potassa ou soda,
deixando-se em banho-maria por mais 10 minutos ou mesmo por várias horas a frio.
E, seguida, retira-se a água e adiciona-se ácido acético glacial por dois a três
minutos, deixando-se decantar. Retira-se o líquido e acrescenta-se mais ácido por
dois ou três minutos, deixando-se decantar novamente. Adicionam-se algumas
gotas de óleo de cravo por no mínimo 10 minutos antes de proceder à montagem.
Um ou dois afídeos devem ser transferidos para uma lâmina limpa contendo no
centro uma gota de bálsamo do Canadá. O exemplar deve ser arrajnado
rapidamente sobre a lâmina com as asas expandidas, antenas e pernas em posição
adequada (Figura 47).
Pode-se ainda diluir levemente o bálsamo com xilol, de maneida a facilitar a
manipulação do material. Cobre-se com lamínula, apoiada inicialmente em ângulo
de 45º, para que não haja formação de bolhas de ar. A lâmina, depois de montada,
deve ser deixada na posição horizontal por várias semanas até a secagem completa
do balsamo. Além dos dados usuais de procedência, outras etiquetas devem conter

141
a coloração dos afídeos quando vivos, além de dados ecológicos (ALMEIDA et al.,
1998). Alguns outros grupos, como os Thysanoptera, Collembola e Diptera
Flebotominae, também devem ser montados em lâmina para facilitar a identificação.
Além disso, quase todos os estudos mais detalhados de morfologia ou Sistemática
envolvendo insetos pequenos exigem um processo de montagem em lâmina para
estudo em microscópio (ALMEIDA et al., 1998).

Figura 47 – Lâmina permanente de coleções entomológicas.

Fonte: Modificado a partir de Almeida et al. (1998).

A conservação permanente em via líquida de insetos é bastante semelhante


à conservação temporária em via líquida. A grande maioria dos insetos pode ser
morta e imediatamente fixado utilizando substâncias químicas líquidas, tais como o
álcool etílico 70% (maioria) ou 95% (para Hymenoptera parasitóide). Para alguns
grupos, a preservação dá-se de maneira melhor adicionando-se outras substâncias
ao álcool. Para trips e ácaros (que são aracnídeos e não insetos), pode-se utilizar
uma solução de álcool etílico com ácido acético glicerinado. Outros insetos podem
ser preservados com solução de Kahle Dietrich, preparada com 55 lm de água
destilada, 35 ml de álcool 95%, 10 ml de formol e 4 ml de ácido acético glacial
(ALMEIDA et al., 1998). Para a fixação de larvas, após a sua morte seguindo
procedimentos adequados já descritos, pode-se utilizar álcool etílico 70% ou os
fixadores KAA ou KAAD (ALMEIDA et al., 1998; GALLO et al., 2002). Estes
procedimentos e fixadores encontram-se descritos no item “Métodos para
sacrificar e fixar artrópodes”.
Insetos que vão ser utilizados em estudos anatômicos devem ser fixados em
Bouin alcoólico, que pode ser preparado com 1g de ácido pícrico, 150ml de álcool
etílico 80%, 60ml de formol e 15ml de ácido acético glacial. Após a fixação nesse

142
meio por cerca de 6 a 24 horas, o inseto deve ser transferido para o álcool etílico
70% (ALMEIDA et al., 1998).
Após a montagem, os insetos devem ser etiquetados e levados à estufa por
no mínimo 24 horas, ou até que seja eliminada a umidade por completo (ALMEIDA
et al., 1998, 2000). Este procedimento evita o surgimento de fungos e insetos
sarcofágicos (que atacam cadáveres) que possam, depois atacar e destruir toda a
coleção à qual este inseto será incorporado (ALMEIDA et al., 1998, 2012). Os
procedimentos para etiquetagem, depósito e acondicionamento de espécimes de
animais nas coleções científicas serão detalhados no Capítulo 6 – Coleções
Zoológicas: panorama geral e perspectivas.

Gavetas e armários entomológicos. Os insetos, desde que armazenados em


meio seco, como já mencionado anteriormente, são dispostos em armários
entomológicos, contendo várias gavetas entomológicas. As medidas de cada
armário e cada gaveta são variáveis, inexistindo um tamanho padronizado entre
todas as coleções entomológicas existentes. Armários de vários tipos são utilizados
para acondicionamento das gavetas. As coleções mais antigas estrangeiras utilizam
armários de aço fechados (ALMEIDA et al., 2012). No Brasil, as coleções
tradicionais contém armários fechados de aço e abertos confeccionados de madeira
com estruturas de aço para suporte de gavetas (ALMEIDA et al., 2012). Atualmente,
algumas coleções têm substituído tais armários pelos de aço fechados e
deslizantes, que possibilitam maior aproveitamento do espaço (ALMEIDA et al.,
2012).
Segundo Azevedo-Filho et al., (2007), na Coleção Entomológica da
EMBRAPA Uva e Vinho, são utilizadas gavetas entomológicas com as seguintes
dimensões: 550 x 550 x 80 mm, confeccionados com placas de fibra de madeira de
média densidade (Medium Density Fiberboard – MDF), com todas as
dimensões/estruturas seguindo os padrões usuais de coleção (BORROR et al.,
1992; ALMEIDA et al., 1998). Existem ainda, disponíveis no mercado, gavetas
entomológicas com o tamanho 546 x 460 x 66 mm, 546 x 460 x 80 mm, 438 x 342 x
80 mm de comprimento, profundidade e altura, respectivamente (medidas externas),
entre outros; e ainda produzidos com diferentes tipos de madeira.
Dentro de cada gaveta entomológica os espécimes são acondicionados em
caixas de plástico (poliestireno de alto impacto) ou papelão com fundo de isopor,
143
polietileno ou EVA (polímero etileno acetato de vinila – 10 mm de espessura)
(ALMEIDA et al., 2012). Cada caixa deve conter uma etiqueta com a identificação
do táxon mais restrito ao qual o exemplar (ou os exemplares) pertence. As medidas
das caixas geralmente são de 5 x 10 x 4 cm, 10 x 10 x 4 cm, 10 x 20 x 4 cm de
comprimento, profundidade e altura, respectivamente (medidas externas). A
disposição das caixinhas identificadas dentro das gavetas pode seguir um critério
alfabético ou evolutivo (ALMEIDA et al., 2012).

Fixação e conservação de moluscos


A preparação de moluscos necessita de cuidados deste o seu sacrifício, para
que os indivíduos sejam mortos de maneira que o fixador penetre bem e permita
conservar as partes moles, que são essenciais para o estudo (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967).
Os moluscos terrestres que não tem opérculos são convenientemente mortos
por asfixia. Para isso são colocados em um vidro totalmente cheio de água e
fechado hermeticamente. A água é previamente fervida e resfriada e, portanto,
desprovida de ar. A asfixia é bastante demorada, chegando a demandar mais de 24
horas no caso de exemplares grandes. Como esse tempo é muito variável e a
decomposição dos moluscos é bem rápida, deve-se acompanhar o processo com
cuidado, para que as partes moles possam ser conservadas. Os animais morrem
em distensão, são retirados da água e passados para o fixador (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967).
Este processo é obrigatório para as lesmas, pois impede que morram
encolhidas e encurvadas; entretanto, como tem a pele pouco permeável, deve-se
praticar um pequeno corte longitudinal no lado direito da face ventral, para que o
fixador penetre melhor (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Nos gastrópodos dotados de concha (caramujos e caracóis), a penetração do
fixador nem sempre é boa, razão pela qual é aconselhável destacá-los da concha.
Prendendo o bicho com uma pinça ou um estilete e segurando a concha entre o
polegar e o indicador, ela é girada no sentido contrário ao do seu crescimento,
fazendo-se assim, com que o animal se “desenrosque”. É preciso cuidado nesta
operação, pois é necessário que o músculo que prende o animal à concha (músculo
columelar) se rompa para que o corpo do animal saia. Como este músculo é mais
forte que os demais tecidos do corpo, freqüentemente, os demais tecidos podem ser
144
rasgar. Assim, fica dentro da concha uma parte que só pode ser retirada com a
fragmentação da concha ou com o início da decomposição. A concha e o animal
devem ser conservados juntos ou com anotações que permitam relacioná-los
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
A fixação imediata, que é em geral empregada por quem está colecionando
outros animais, consiste em lançar moluscos diretamente no álcool 70%. Este
método tem a desvantagem de causar a morte rápida; e com isso extrema
contração muscular, o que prejudica o exame anatômico posterior (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967).
Para gastrópodes de água doce, apenas o método da fixação imediata pode
ser utilizado. Para moluscos operculados (dotados de uma peça córnea que tampa
com perfeição a abertura da concha), o opérculo cerrado não permite a mínima
passagem do fixador, resultando em decomposição do indivíduo (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967). Para estes animais, o ideal é o processo da morte por
aquecimento. Este método consiste em colocar os animais em água quente (70ºC a
100ºC), dependendo a temperatura e a duração da operação diretamente do
tamanho dos animais. Para planorbídeos, é suficiente 1 ou 2 minutos em água a
70ºC, enquanto alguns Strophocheilus resistem até 5 minutos na água em ebulição.
O calor faz com que o músculo columelar se destaque, tornando fácil a extração do
corpo (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Para a fixação e conservação, os produtos mais utilizados são o ácool
glicerinado (9 partes de álcool etílico 70% e 1 parte de glicerina), o formol 4% e o
líquido de Railliet e Henry (93-96 partes de solução fisiológica a 0,8%, 2-5 partes de
formol e 2 partes de ácido acético glacial). No primeiro, as conchas podem ser
mantidas, enquanto que nos dois outros não. De um lado o formol, com o tempo,
transforma-se em ácido fórmico e descalcifica as conchas. De outro, o ácido acético
glacial faz o mesmo, ainda mais rapidamente (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Fixação e conservação de helmintos


Após a captura os helmintos devem ser conservados vivos até o momento de
serem fixados. Isto pode ser feito em solução fisiológica preparada com cloreto de
sódio P.A., diluindo-se 8 ou 16 gramas desta substância em um litro de água, para
helmintos de vertebrados o invertebrados, respectivamente. Quando mantidos em
solução fisiológica, os helmintos não se contorcem muito e nem iniciam a postura,
145
ambas as coisas inconvenientes. No caso das “solitárias” muito compridas não se
deve prolongar muito a estadia, porque invariavelmente acabam dando nós ao longo
do “corpo”, que não se desmancham mais e praticamente inutilizam o helminto para
estudos posteriores (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Na fixação procura-se também matar os helmintos na posição em que se
deseja que permaneçam para estudo. Helmintos mal fixados são difíceos, ou
mesmo impossíveis de estudar. O material fixador de escolha é o formol acético,
que pode ser preparado com 1 parte de formol, 1 parte de ácido acético glacial e 8
partes de água destilada (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
A função do formol é bem fixar e conservar o material. O ácido acético evita a
criação de fungos e, impregnando o helminto, prepara-o para melhor receber o
corante, que costuma ser de base ácida. O uso de álcool para conservar helmintos
é contraindicado para regiões de clima quente, pois a evaporação é muito rápida e,
além disso, ele absorve água atmosférica, possibilitando a maceração e o
crescimento de fungos (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
O formol acético é aquecido em um cadinho de porcelana, tubo de ensaio ou
béquer. Não se deve utilizar recipientes metálicos, pois com o aquecimento do
formol acético o ácido ataca o metal, formando sais que, depois de algum tempo,
escurecem de tal maneira os helmintos que estes ficam praticamente inutilizados
para estudos (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Existem procedimentos específicos que melhoram o desempenho do fixador
para nematóides, trematóides, solitárias e acantocéfalos:

Nematóides. Aquece-se o formol acético até a formação de bolhas. Despeja-


se o formol acético quente, de uma vez, na placa de Petri que contém os
nematóides vivos. Estes deverão morrer com o corpo esticado. Quando o formol
acético não está suficientemente quente, os helmintos se contorcem muito e não
esticam o corpo; é esta a razão porque se usa a menor quantidade possível de
solução fisiológica na placa com os parasitos vivos. Por outro lado, se o líquido
estiver quente demais, a distensão é tão violenta que pode haver ruptura de órgãos
internos (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Trematóides. Os trematóides são retirados da solução fisiológica em que se


encontram com o auxílio de pincéis e espalhados sobre a face áspera de uma das
146
lâminas de vidro, junto com o respectivo rótulo. Sobre esta lamina coloca-se
cuidadosamente uma outra do mesmo tamanho, com a face áspera voltada para
dentro, isto é, tocando os parasitos. As faces ásperas impedem que o material
escorregue para fora das lâminas. Quando o material for mais delicado e requerer o
uso de lâminas para microscopia, cujas faces são lisas, a lâmina que suporta os
parasitos leva duas tiras de papel nas bordas para impedir fuga do material. Em
seguida, pode-se prender as duas lâminas uma na outra comprimindo-as
suavemente sem que haja ruptura do corpo dos espécimes. Em alguns casos, pode-
se colocar apenas um peso leve sobre as lâminas, no caso de espécimes delicados
demais. Em seguida, as lâminas com os trematóides comprimidos são colocadas
em placas de Petri e cobertas com formol acético frio, permanecendo pelo menos
30 minutos, após o que desamarra-se as lâminas e solta-se os exemplares com um
pincel (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Solitárias e acantocéfalos. O andamento é o mesmo dos trematóides, porém


a disposição das solitárias grandes sobre a lâmina é diferente. Como a cabeça tem
grande importância para a identificação, muitas vezes havendo necessidade de ser
estudada em posição frontal, não convém que seja comprimida. Assim, é deixada
fora da lâmina. Se o corpo for tão longo e montado em maior número de lâmina,
pode ser partido em vários pedaços e montado em maior número de lâminas, que
devem ficar juntas. Acantocéfalos exigem cuidado especial apenas para ficarem
com a tromba extrovertida, o que se consegue por meio da própria compressão
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
A conservação de helmintos deve ser realizada em frascos de vidro fechados
com tampas de cortiça, plástico ou vidro. A utilização de algodão para fechar os
frascos deve ser evitada pois espécimes muito pequenos e brancos podem ficar
presos nas fibras e serem perdidos. O material deve tomar no máximo 1/3 do
volume do frasco para não haver insuficiência de formol. Caso folhas de cortiça
sejam utilizadas, estas não devem entrar em contato com o formol acético, caso
contrário o material poderá ficar amarelado (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Fixação e conservação de planárias terrestres


Planárias terrestres vivem sobre a vegetação, na terra, sob troncos podres,
em tocos cortados de bananeiras, túneis de insetos, etc. Coletam-se manualmente.
147
A terra que adere ao seu muco é lavada com água. Estes animais devem ser mortos
com água quente, colocando-se o animal em um tubo de ensaio com água e
aquecendo-se lentamente o tubo. A fixação e a conservação das planárias
terrestres devem ser feitas em álcool etílico 70%, e colocados sobre lâmina de vidro
ou em frascos individualizados (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Fixação e conservação de minhocas


Minhocas podem ser encontradas cavando-se o solo úmido e, em geral, são
sacrificadas lançando-as diretamente no álcool etílico 70% ou formol 5%, sendo
este último o mais indicado (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

Preservação de tecidos
Tecidos têm que ser preservados de uma maneira particular para permitir a
extração de DNA. As condições ótimas para armazenagem incluem álcool etílico a
95%-100%, congelamento ou “retardadores” de RNA (RNAlater; para pesquisadores
que objetivam a extração de RNA ao invés de DNA). Os tecidos têm foram
preservados em etanol 70% geralmente não são úteis para a extração de DNA,
sendo o ideal levar etanol 95% para campo em recipientes específicos e fixar os
indivíduos coletados imediatamente com este líquido (BOYER; GIRIBET, 2007). O
congelamento dos tecidos deve ser realizado o mais rápido possível após a coleta,
utilizando-se nitrogênio líquido ou gelo seco. Alternativamente, para expedições
curtas de coleta, pode-se levar os indivíduos vivos para laboratório e realizar o
congelamento no laboratório em freezer a -80ºC (BOYER; GIRIBET, 2007).
A preservação de tecidos por períodos prolongados para mandar o DNA
estável deve ser realizada em álcool etílico 95%-100% em temperaturas amenas, ou
pelo menos em condições à prova de fogo. A melhor maneira para garantir a
segurança contra degradação à longo prazo de DNA é guardar as amostras em
etanol a 20ºC ou menos. Boyer e Giribet (2007), por exemplo, armazenam as
amostras em freezer -80ºC, em frascos bem selados, preferencialmente de vidro
(para evitar o vazamento de compostos orgânicos do plástico e a evaporação). A
maioria das coleções de tecidos armazena as amostras à -130ºC a -150ºC, embora
elas manter-se-ão estáveis, indefinidamente, à -70ºC a -80ºC (PRENDINI et al.,
2002; BOYER; GIRIBET, 2007).

148
Preservação de artrópodes em resina (emblocamentos em resina)
A preservação de artrópodes em resina é muito utilizada como souvenir
(chaveiros, brincos, pingentes) e em algumas culturas são sinal de boa sorte. No
presente capítulo temos como objetivo preservar artrópodes que possam ser
manipulados por alunos durante aulas práticas, sem que ocorram danos ao
exoesqueleto e ao mesmo tempo reduza o número de animais sacrificados para
cada vez que o professor de ciências tenha necessidade de ensinar através de aula
prática.
Ao comprar a resina é importante observar sempre a data de validade, a
densidade e transparência da mesma, para evitar que a resina seja muito velha,
tenha prováveis impurezas ou que esteja ficando endurecida. O processo de
endurecimento de resina pode ser contido com o uso de acetona, que após a
homogeneização através da mistura dos componentes, solubiliza diluindo a
densidade da resina tornando-a mais fácil para manuseio.
Para melhores resultados, devem ser utilizados preferencialmente animais,
recentemente capturados. Clorofórmio, éter e formol são utilizados para anestesiar e
sacrificar os animais, no entanto, não reagem bem com a resina e geram
imperfeições. Bons resultados são obtidos com animais fixados preferencialmente
em álcool 70%.
A escolha do molde ideal deve ser feita observando o tamanho relativo da
peça que se pretende preservar, levando sempre em consideração um molde de
boa resistência visto que a resina no processo de polimerização gera muito calor
fazendo com que derreta materiais mais frágeis. Além disto, a superfície para
montagem do molde deve ser lisa para que auxilie o “desmolde” da peça ao final de
todo o processo de preservação. Após a escolha do molde aplica-se um
desmoldante em toda área de modulação e aguarda-se entre 10 e 20 minutos.
A técnica de montagem deve evidenciar características de partes peculiares
do artrópode, que foi previamente montado sem fazer uso de alfinete em seu corpo,
pois o local do furo gera bolhas durante a resinagem. Caso o artrópode a ser fixado
apresente proporções grandes (e.g. antenas, apêndices locomotores) deve-se
depois de retirada do líquido de preservação (álcool 70%) mergulhar as peças em
banhos gradativos de acetona 50%, 70% e 100% durante 20 minutos
aproximadamente em cada concentração, antes do processo de montagem e
secagem.
149
O procedimento de secagem da peça é muito importante antes de imergi-lo
em resina. Neste procedimento a peça “ganha ar” em seu interior. Quando algumas
peças de artrópodes que já possuem abdomens grandes, como as aranhas e entre
outros, tem grande tendência de murchar, descaracterizando a peça, é necessário o
banho em xilol (70% e 100%) durante 20 minutos aproximadamente antes do
processo de montagem e secagem, e em seguida com uso de parafina liquefeita
aplica-se no abdômen, banha-se a peça em água gelada e retoma-se os processos
de secagem e montagem.
A preparação da primeira camada de resina deverá ser realizada em
recipiente descartável com uso de suportes de mistura (espátulas). O principal
objetivo de se fazer uma primeira camada é criar uma superfície de posicionamento
para fixação da peça, sendo assim, no recipiente descartável de mistura
derramamos resina suficiente para confecção da superfície, e em seguida com uso
de conta gotas pinga-se de 3 a 5 gotas de polimerizante (conforme indicação do
fabricante). Os rótulos ou etiquetas de identificação podem ser inseridos com “letra
sete” ou decalque de letras que são montados na resina endurecida, nesta etapa da
técnica.
Após a mistura derrama-se a primeira camada no molde e aguarda-se a
polimerização desta. No momento da homogeneização da resina com o
polimerizador criam-se bolhas de ar na resina. Quando derramamos a resina no
molde fica evidente a importância da menor densidade da resina, pois as bolhas de
ar sobem mais facilmente e poderão ser “retiradas” por meio de palitos de dentes ou
instrumentos similares. Quando estiver fixando artrópodes alados, deve-se atentar
para a formação de bolhas de ar embaixo das asas.
Após polimerização da peça, coloca-se a peça em água, retira-se o molde,
acerta-se as margens da resina endurecida com instrumento de desbaste ou
cortante; e, por fim, lixa-se com lixa d’água de acabamento de nº 600, evoluindo
para nº 1200. Posteriormente inicie o processo de polimento da peça resinada.

150
EXERCÍCIOS

1. Diferencie métodos passivos e ativos para coleta de invertebrados,


exemplificando-os.

2. Compare os pares de métodos de coleta de invertebrados listados abaixo,


enumerando os fatores positivos e os negativos da utilização de cada um deles para
um mesmo grupo de animais qualquer:
a) Extrator de Winkler e funil de Berlese
b) Funil de Lindgren e ecletor de tronco
c) Guarda-chuva entomológico e termonebulizador de copas
d) Armadilhas de queda e armadilhas de interceptação e de queda
e) Coleta manual noturna e coleta manual diurna
f) Armadilhas de atração com iscas de frutas e de pulmão bovino
g) Armadilha tipo CDC e armadilha tipo “Luiz de Queiroz”

3. Quais fatores podem influenciar a aplicação:


a) de métodos ativos de coleta?
b) de métodos passivos de coleta de artrópodes de solo/serapilheira?
c) de métodos passivos de coleta de artrópodes de vegetação
abustiva/arbórea?

4. Diferencie e exemplifique métodos de preservação de invertebrados em meio


seco e em meio líquido.

5. O que é dupla montagem de insetos e quais os principais métodos possíveis para


este procedimento?

6. Como realizar a fixação de um caracol de forma que as partes moles do corpo


fiquem em condições ideais para estudos posteriores?

7. Como realizar a preservação de tecidos de invertebrados para estudos


moleculares?

151
8. Associe os grupos de insetos listados na coluna da esquerda com as posições
adequadas de alfinetagem para cada um deles, listados na coluna da direita. As
posições anatômicas listadas podem aparecer uma, mais de uma ou nenhuma vez.

TÁXONS DE INSETOS POSIÇÕES DE ALFINETAGEM


( ) Abelha 1. Perfuração na parte posterior do
( ) Barata pronoto
( ) Barbeiro 2. Perfuração no escutelo
( ) Besouro 3. Perfuração no élitro direito
( ) Borboleta 4. Perfuração no élitro esquerdo
( ) Formiga leão adulta (neuróptero) 5. Perfuração no protórax
( ) Grilo 6. Perfuração no mesotórax
( ) Libélula 7. Perfuração no metatórax
( ) Louva-Deus
( ) Mariposa
( ) Mosca
( ) Percevejo

152
Capítulo 5 - Métodos e Técnicas de
Coleta e Preparação de Vertebrados

Mauro Sérgio Cruz Souza Lima & Leonardo Sousa Carvalho

Os vertebrados englobam animais facilmente reconhecidos pela população


em geral: peixes, répteis, anfíbios, mamíferos e aves. Eles formam um grande grupo
de animais que podem ser capturados utilizando uma grande diversidade de
métodos de coleta, porém preparados e preservados de maneira semelhante.
Alguns destes animais (ex.: grandes mamíferos), em geral, não são facilmente
vistos na natureza; sendo animais com hábitos discretos, com atividade crepuscular
e noturna. Quando são observados, sua identificação é na maioria das vezes
dificultada pela distância do observador e brevidade da visualização. Para isso,
existem métodos indiretos de amostragem de vertebrados (ex.: análise de fezes,
rastros e pegadas), além de métodos passivos de amostragem (ex.: armadilhas
fotográficas), que permitem o registro de espécies crípticas de vertebrados.
A coleta de vertebrados é variável segundo o fim que se destina o estudo. O
zoólogo envolvido em estudos de anatomia comparada necessita do sacrifício
animal, que neste caso deve considerar os dispositivos da Lei 11.974 de
08/10/2008; além de, obrigatoriamente, ter autorização e registro no Sistema de
Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO (instituído pela Instrução
Normativa Nº 154, do ICMBio, de 01 de março de 2007), em caso de haver captura
e coleta de animais silvestres ou de um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Vivos, em caso de animais de laboratório. Independente do interesse de estudo a
autorização no SISBIO é obrigatória e poderá o infrator sofrer penalidades. Além
disto, pode-se/deve-se seguir ainda os procedimentos e métodos de eutanásia em

153
animais, estabelecidos pela Resolução Nº 714, de 20 de junho de 2002, do
Conselho federal de Medicina Veterinária – CFMV.
Estudos taxonômicos buscam obter amostras adequadas de cada população,
para se avaliar a variabilidade específica. O perímetro de distribuição geográfica da
espécie e o local de maior densidade populacional é que estabelecerá o número de
indivíduos a serem coletados ocorrendo o sacrifício de alguns animais a serem
depositados em coleções zoológicas credenciadas (e.g. Museu Paraense Emílio
Goeldi – Belém/PA; Museu Nacional do Rio de Janeiro – Rio de Janeiro/RJ; Museu
de Zoologia da Universidade de São Paulo – São Paulo/SP;Coleção de História
Natural da Universidade Federal do Piauí – Floriano/PI; etc.).
Em estudos etológicos, não haverá necessidade de sacrifício e os registros
poderão ser digitais (vídeos, fotos e sons). Em estudos direcionados a autoecolgia
ou sinecologia seus sinais típicos durante seu repasto e deslocamento ficam no
ambiente, tais como: rastros, fezes, tocas, e restos alimentares. Estes, quando
interpretados, podem fornecer uma identificação segura do animal que o produziu e
fornecer dados para a conservação, manejo e ecologia da espécie.
No presente capítulo são apresentados diversos métodos e técnicas para
estudos na área de Zoologia de vertebrados, tais como peixes, anfíbios, répteis,
mamíferos e aves.

MÉTODOS DE COLETA DE VERTEBRADOS


A seguir, são apresentados diversos métodos de coleta de vertebrados,
envolvendo métodos passivos ou ativos, diretos ou indiretos. É importante ressaltar
que, em levantamentos faunísticos o uso de métodos complementares permite que
a amostragem realizada seja mais eficiente, já que possibilita a captura de um maior
número de espécies em um intervalo de tempo menor (LYRA-JORGE; PIVELLO
2001, UMETSU et al., 2006; CARMIGNOTTO; AIRES, 2011).

1. Balde com Báscula


Os pequenos mamíferos podem ser capturados com armadilhas preparadas
em campo como armadilhas de tampa basculante. Corte a tampa de uma grande
lata e faça uma dobradiça de arame no ponto central, de equilíbrio. Qualquer animal

154
que andar sobre a tampa cairá dentro da lata. A lata deve estar enterrada ao nível
do solo e a tampa deverá estar camuflada com gravetos e terra solta (Figura 48)

2. Armadilhas de interceptação e de queda (pit-fall traps)


Estas armadilhas são comumente utilizadas com uso de baldes ou caixas de
armazenamento de água, o balde deve ter capacidade mínima de 20 litros e as
estações podem ser dispostas em linhas ou em forma de “Y”. Nesta disposição em
formato de “Y”, cada estação de armadilhas de interceptação e de queda é
composta por quatro baldes enterrados no solo, sendo um central e os outros três
dispostos a quatro metros de distância deste, nos vértices de um triângulo eqüilátero
imaginário (CARMIGNOTTO; AIRES, 2011). Uma lona de 50 cm de altura é
esticada perpendicularmente ao solo, unindo o balde central aos outros três e
funcionando como cercas-guia, como descrito na disposição radial em Cechin e
Martins (2000). Esta lona fará com que o animal ao encontrar o obstáculo se
desloque lateralmente até que ocorra a queda (Figuras 49-51).

Figura 48 – Balde enterrada com tampa em báscula tampada por pedriscos e


gravetos.

Fonte: Adaptado de Durrell e Durrell (1996).

O tamanho relacionando diâmetro e profundidade dos baldes utilizados


determinará o tipo de animal a ser interceptado. Animais maiores podem

155
eventualmente fugir das armadilhas. Através deste método de amostragem, pode-se
coletar um grande número de vertebrados, como mamíferos (especialmente
roedores e marsupiais), répteis (ex.: Figura 51) e anfíbios; além de invertebrados
(aracnídeos, quilópodes, diplópodes, crustáceos, insetos, etc.).
Segundo Umetsu et al., (2006) armadilhas de interceptação e de queda são
eficientes na captura de espécies raras e indivíduos jovens, provavelmente porque
elas são menos seletivos e são, então, essensicais para o inventariamento da rica e
pouco conhecida fauna de pequenos mamíferos dos trópicos e para estudos
demográficos.
De acordo com Ribeiro-Júnior et al. (2011) a utilização de baldes de 35 litros
apresenta um melhor custo-benefício para amostragem exclusiva de répteis e
anfíbios. No entanto, em estudos multitaxonômicos recomenda-se a utilização de
baldes com pelo menos 100 litros, pois estes permitem a amostragem de um maior
número de espécies de mamíferos (RIBEIRO-JÚNIOR et al., 2011). Ainda de acordo
com estes autores a forma de disposição das armadilhas (em formato de “linha” ou
de “Y”) não apresenta influêcia sobre o número de espécies amostradas de répteis,
anfíbios ou mamíferos.

3. Armadilhas tipo gaiolas


Estas armadilhas são métodos passivos para amostragem de pequenos
mamíferos (roedores e marsupiais) utilizando equipamentos feitos de metal para
capturar os indivíduos. Os modelos mais utilizados são os de Longworth (Figura
52A), Shermann e Tomahawk (Figura 52B-D). Essas armadilhas possuem
tamanhos e formas variados, porém todas possuem o mesmo modo de operação:
há a colocação de uma isca para atrair os indivíduos de mamíferos, que ao
entrarem na armadilha ou consumirem a isca, disparam um gatilho que fecha a
porta da mesma, prendendo assim o animal em seu interior. Esta metodologia
considera que os animais estão famintos e também curiosos. Podem-se utilizar
hortaliças, grãos e sementes para herbívoros, carne crua para carnívoros ou ainda
misturas feitas com substâncias de cheiro forte e atrativo para espécies onívoras.

156
Figura 49 – Desenho esquemático de uma armadilha de interceptação e de queda,
instalada em formato de “Y”, em vista superior (a) e em corte (b).

Fonte: M.S.C.S. Lima.

157
Figura 50 – Armadilhas de interceptação e de queda, instaladas em formato de “Y”
(A) e em linha (B).

Fonte: L.S. Carvalho.

158
Figura 51 – Lagarto (Tupinambis quadrilineatus Manzani & Abe, 1997) capturado
com armadilha de interceptação e de queda.

Fonte: L.S. Carvalho.

Carmignotto e Aires (2011), por exemplo, utilizaram uma isca que visava
atrair espécies que apresentam dietas variadas e foi constituída por uma mistura de
pasta de amendoim, sardinha e fubá, sendo que nas gaiolas uma rodela de
mandioca foi colocada como suporte. Neste mesmo trabalho, os autores utilizaram
armadilhas com três tamanhos distintos: 7,5x8,5x23cm, 10x12x37,5cm e
19,5x20x32cm. Podem ainda ser utilizadas armadilhas maiores para mamíferos de
médio e grande porte, com tamanho, por exemplo, de 50x60x120cm.
Antes da utilização das armadilhas é importante deixá-las dispostas na área
de estudo, quando viável, alguns dias para que os animais acostumem-se com seu
cheiro e sua presença, de modo a maximizar o sucesso de captura. Durante a
realização da amostragem com este tipo de armadilhas, é importante também
instalar as armadilhas à diferentes alturas, dispondo-as desde ao nível do solo até 2
metros, com o intuito de amostrar espécies de hábito escansorial ou arborícola

159
(ASTÚA et al., 2006; CARMIGNOTTO; AIRES, 2011). A disposição das armadilhas
em campo pode ser feita à cada 15 metros para maximizar o esforço de coleta.

Figura 52 – Armadilhas tipo gaiolas. A. Armadilha tipo Longworth. B-D. Armadilha


tipo Tomahawk, armada (C), com um roedor capturado (D) e pesquisador retirando
roedor da armadilha.

Fonte: A: Durrell e Durrell (1982); B-D: L.S. Carvalho.

4. Armadilhas de caixa
Estas armadilhas de caixa consistem em caixas de madeira com uma ou
duas portas em lados opostos e possuem funcionamento idêntico às armadilhas tipo
gaiolas. São confeccionadas por marceneiro supervisionado pelo pesquisador que
estabelece o número de portas e as dimensões. Quando o mamífero tenta
atravessar a caixa aberta, um gatilho é acionado e a porta se fecha, no caso de
duas portas se fecham simultaneamente, capturando o mamífero. As vantagens
destas caixas são a facilidade de manejo uma vez que o animal já está em
contenção no interior da caixa. A desvantagem é que nem sempre a caixa obedece

160
a proporcionalidade desejada uma vez que não temos como prever a possibilidade
de captura de outro animal que não seja a espécie em estudo Normalmente a
armadilha é colocada em trilhas e são utilizadas iscas para atrair os indivíduos
(Figura 53).

Figura 53. Armadilha em caixa com gatilho lateral e porta que se fecha ao ser
acionada pela passagem do animal que aciona o gatilho ou por tentativa de retirar a
isca.

Fonte: M.S.C.S. Lima.

5. Armadilhas fotográficas (camera trap)


Os estudos relativos à fauna silvestre de mamíferos envolvem muitas
dificuldades, principalmente com aqueles de médio e grande portes. Para resolver
este problema, pode-se fazer uso de câmeras fotográficas com sensores que
detectam luz, som, calor ou movimento, disparando assim a máquina fotográfica e
registrando o animal (Figura 54). Atualmente existem diversos modelos de
armadilhas fotográficas disponíveis no mercado brasileiro. Alguns estudos que
envolvem a realização de senso utilizam ainda câmeras distribuídas em pares, para
que os animais sejam fotografados de ambos os lados, de forma a poder fazer-se
uma identificação de cada indivíduo baseado em marcas de seu corpo (ex.: padrão
de coloração, cortes, cicatrizes, etc.).

161
As armadilhas-fotográficas são instaladas em árvores, a uma altura média de
45 cm do solo e aproximadamente dois metros do ponto alvo da fotografia (LIMA,
2009). Locais estratégicos são selecionados (trilhas naturais de animais, que,
muitas vezes, são antigas estradas ou aceiros) uma vez que mamíferos de médio e
grande porte geralmente usam essas áreas nos seus deslocamentos (LIMA, 2009).
Este método de coleta pode ser considerado caro, visto à necessidade de aquisição
dos equipamentos, porém é extremamente eficiente em estudos de inventários ou
ecologia de mamíferos de médio e grande porte.

Figura 54 – Armadilha fotográfica instalada em árvore nas margens de um riacho.

Fonte: L.S. Carvalho.

6. Procura em estradas
Este método corresponde ao encontro de animais avistados em estradas e
aceiros no interior da área de estudo, percorridos com veículo. Podem ser utilizados
os aceiros percorridos frequentemente para a realização de outros protocolos
amostrais ou ainda estradas ou vias pavimentadas (ou não) para a realização desta
metodologia. O esforço de coleta pode ser quantificado em quilômetros rodados,
com uma velocidade do veículo entre 20 e 30 km/h, no máximo 40 km/h (SAWAYA
et al., 2008). Esta metodologia pode ser empregada no estudo de mamíferos

162
(BROCK; KELT, 2004; CÁCERES et al., 2010; CÁCERES, 2011) e répteis
(SAWAYA et al., 2008).

7. Procura visual limitada por tempo (ou coleta ativa)


Este método (sensu CAMPBELL; CHRISTMAN, 1982; SCOTT et al., 1989,
MARTINS; OLIVEIRA, 1998) constitui no deslocamento a pé, lentamente, à procura
de animais em todos os microambientes visualmente acessíveis. O esforço amostral
e a taxa de encontro podem ser medidos em horas-pessoa de procura visual
(MARTINS; OLIVEIRA, 1998). Cada unidade amostral é considerada o conjunto de
indivíduos registrados (visualizados, capturados e/ou coletados) em um determinado
período de tempo, por cada coletor.
Esta metodologia é aplicada, freqüentemente, no estudo de répteis e anfíbios
(e.g., CAMPBELL; CHRISTMAN, 1982; SCOTT et al., 1989, MARTINS; OLIVEIRA,
1998; PRUDENTE; SANTOS-COSTA, 2005; NOGUEIRA et al., 2005; SAWAYA et
al., 2008; PRUDENTE et al., 2010; ROCHA; PRUDENTE, 2010). Quando serpentes
são encontradas, cada animal é capturado com a mão, pinção ou gancho, e
manipulada com tubos plásticos, no caso das espécies peçonhentas.

8. Armadilhas de cola
Essa metodologia tem sua aplicação recente, embora tenha sido proposta há
bastante tempo (BAUER; SADLIER, 1992) e é utilizada para a amostragem de
lagartos arbóreos ou semiarbóreos (RIBEIRO-JÚNIOR et al., 2006) ou mesmo
serpentes (RIBEIRO-JÚNIOR et al., 2008). Estas armadilhas são adesivos plásticos,
colocados em galhos e troncos de árvores e em lianas ou troncos caídos. Quando
os indivíduos passam por estas armadilhas ficam grudados e posteriormente são
recolhidos pelo coletor. Elas devem ser checadas mais de uma vez por dia, visto
que há grande taxa de predação dos indivíduos coletados por formigas (RIBEIRO-
JÚNIOR et al., 2006). A taxa de mortalidade pode variar entre 11 e 48% (GLOR et
al., 2000; VARGAS et al., 2000; RIBEIRO-JÚNIOR et al., 2006). Diversos autores
afirmam que este método é o mais apropriado para a amostragem de espécies
arbóreas ou semiarbóreas, podendo ser complementar à métodos tradicionais de
amostragem de répteis (BAUER; SADLIER, 1992; GLOR et al., 2000; RIBEIRO-
JÚNIOR et al., 2006, 2008).
163
9. Armadilhas tipo covo ou muzuá
Esta metodologia é indicada para a amostragem, principalmente, de
vertebrados aquáticos, como peixes, girinos, cágados, tartarugas e serpentes
aquáticas; embora, eventualmente, invertebrados aquáticos (camarões, por
exemplo) possam ser coletados. Pode ser construída artesanalmente, cortando-se a
parte superior de uma garrafa PET de 2 litros (ou de maior volume) e virando-se a
ponta da garrafa para o seu interior, formando assim um funil. É possível ainda
montar-se um funil duplo, acoplando-se duas partes superiores em uma mesma
garrafa cortada. Pode-se utilizar iscas como farinha de mandioca ou fubá para atrair
os indivíduos. Estes covos podem ainda ser construídos com gravetos
artesanalmente ou com arames. As armadilhas são colocadas no interior de cursos
d’água lênticos ou lóticos (de acordo com o objetivo do estudo), próximos à tocas ou
à beira dos cursos d’água.
Os modelos feitos com garrafas PET podem ser utilizados em complemento a
armadilhas de interceptação e de queda, para maximizar a amostragem daquele
método, dispondo-se os covos próximos às cercas-guia. Neste caso, as armadilhas
poderão maximizar a amostragem de répteis e anfíbios, principalmente.
Pode-se ainda confeccionar estas armadilhas utilizando-se tubos de PVC,
com o diâmetro correlacionado com o grupo zoológico que deseja coletar. O funil,
em ambas as extremidades ou apenas em uma, pode ser feito com tela de arame
flexível de forma a moldar-se ao diâmetro do tubo (Figura 55). Para a captura de
animais atraídos por luz, pode, pode ser colocado no interior do tubo um lanterna,
que deve estar hermeticamente protegida da água. Uma opção para isto é a
colocação da lanterna no interior de um frasco de vidro com tampa de boa vedação.
A lanterna acessa no interior do tubo atrairá organismos aquáticos, assim com
alguns peixes bioluminescentes atraem suas presas (e.g. Argyropelecus aculeatus
Valenciennes, 1850) (DURRELL; DURRELL, 1982).

164
Figura 55. Armadilha tipo covo, com iluminação interna.

Fonte: Durrell e Durrell (1982).

Considerando o ambiente lótico ou lêntico que fará uso do covo deverá


considerar a profundidade e amarrar uma corda ou fio de náilon conforme o caso
preso a uma bóia ou na extremidade de algum ponto fixo, pois ambientes com
correnteza e locais profundos dificultarão o recolhimento da armadilha. No mercado
de pesca existem covos de plásticos com tamanhos variados e adequados ao tipo
de vertebrado aquático que deseja capturar.
Outra armadilha semelhante ao covo, utilizada para coletar quelônios são as
armadilhas tipo fyke net (Figura 56), na maioria são confeccionadas com argolas de
ferro com diâmetro 90-200 cm e comprimento que variam de 3 a 4m, com entrada
tipo funil. Esta estrutura de ferro é unida a uma rede com 9 a 14m de comprimento
com altura de 1 a 2m e entre nós de 5cm. Este tipo de armadilha é colocado em
locais rasos onde o chumbo da parede de rede toque o chão e os flutuadores
fiquem aparentes na superfície do espelho d’água (FACHÍN-TERÁN; VOGT, 2004;
VOGT, 1980).

165
Figura 56. Armadilha tipo fyke net com 10 metros de largura e quatro argolas tipo
funil em cada extremidade

Fonte: Fachín-Terán e Vogt (2004).

10. Coleta de peixes


Em geral os métodos de coleta de peixes em riachos seguem os protocolos
de Vanzolini e Papavero (1967), utilizando-se covos e puçás de mão. Pode ser
necessária a marcação do local onde as armadilhas (covos) estão dispostas com a
utilização de uma bóia.
Outra técnica atualmente utilizada é a pesca elétrica, como utilizado por
CASTRO et al., (2003). O principal componente do equipamento de pesca elétrica
(Figura 57A-B) utilizado por estes pesquisadores é um gerador portátil de corrente
alternada (220 V, 50-60 Hz, 3,4-4,1 A, 1000 W), ligado a dois eletrodos por um cabo
multifilamento flexível com 60 metros de extensão (CASTRO et al., 2003). O
eletrodo em forma de espátula gradeada é feito de aço inoxidável (40cm de
diâmetro, 10 mm de malha); o eletrodo de captura propriamente dito é um puçá
triangular (40x25x15cm) com armação de alumínio e um saco de rede com 50cm de
profundidade (1,5mm de malha). Ambos ligam-se ao cabo principal por um fio
condutor de 1,5mm de diâmetro. Por motivos de segurança, na empunhadura do
puçá há um botão interruptor que só permite a passagem de corrente quando
pressionado; em adição, há também uma chave trifásica no cabo principal a dois
metros do gerador (CASTRO et al., 2003). No trabalho de Castro et al., (2003), os
coletores sempre trajavam macacões e luvas eletricamente isolantes (Figura 57B).

166
Figura 57. A: Vista geral do equipamento utilizado para pesca elétrica: gerador
portátil de corrente alternada (centro, acima), cabo de conexão entre o gerador e os
eletrodos (centro abaixo), com interruptor de segurança, puçá condutor (esquerda) e
eletrodo em forma de espátula, formado por rede metálica (direita); B: Equipe de
coleta preparando-se para iniciar a passagem de pesca elétrica; os dois coletores
do lado esquerdo da foto portam os eletrodos e o do lado direito, um balde com
água e um puçá simples, não condutor.

Fonte: Castro et al. (2003).

Na realização de coletas de peixes em ambientes aquáticos de grandes


dimensões, pode-se fazem uso do arrastão de beira ou do arrastão de fundo,
conforme descritos em NEVES et al., (2006) E VASCONCELOS et al., (2010).
Outras duas técnicas comumente utilizadas são o espinhel (Figura 58) para a
captura de peixes bentônicos e a as redes de espera (ou “parede”, “pano” ou
“enganche”) para captura de peixes nectônicos (CARVALHO-FILHO, 1999; FAO,
1999; SZPILMAN, 1991).

11. Rede de neblina (mist nets)


Este método de coleta é importante par a amostragem de aves (durante o
dia) e morcegos (durante a noite). O equipamento utilizado consiste em uma rede
de 12x 2,5m com uma malha de 36mm, que é instalada de maneira seqüencial, para
formar uma grande fileira de redes, interceptando os animais durante o vôo,
maximizando o esforço de coleta. Para amostragem de aves, recomenda-se que as
redes sejam abertas nas primeiras horas do dia (por volta de 5-6 horas da manhã) e
fechadas por volta das 17 horas. Para a amostragem de morcegos, as redes devem

167
ser abertas no período do final da tarde e durante o período noturno, horários de
atividade destes animais. As redes podem ser instaladas nas bordas e no interior
das matas, ou próximo à cursos d’água, de acordo com os objetivos do trabalho, e
devem ser checadas a cada uma hora. Quando a amostragem é realizada em
períodos mais secos e quentes do ano, em regiões pouco sombreadas, recomenda-
se checar as armadilhas com maior periodicidade.

Figura 58 – Espinhel com lastro ao fundo, bóia para o encontro da linha com vários
anzóis

Fonte: FAO (1999).

12. Senso auditivo e visual


Este método de coleta permite a amostragem especialmente de aves e
primatas, através da observação Sistemática conduzida na durante o período da
manha (05:00-11:00h) e durante a tarde (16:00-18:00h), amostrando assim espécies
diurnas e noturnas. Durante as seções com enfoques visuais, os observadores
caminham ao longo de trilhas pré-existentes e estradas, registrando todos os
indivíduos visualizados.
Para a amostragem de aves é ainda possível realizar a gravação das
vocalizações destes indivíduos utilizando um microfone unidirecional e um gravador.
Pode-se realizar a reprodução (playback) da gravação para estimular visualizações
adicionais. Quando a identificação não é possível em campo, de posse da gravação
da vocalização de um determinado animal, é possível identificá-lo comparando as

168
gravações com aqueles disponíveis em coleções privadas ou laboratórios
especializados.
Este último procedimento é ainda possível ser realizado com anfíbios anuros,
em que as vocalizações de muitas espécies encontram-se disponíveis em CD’s
(HADDAD et al., 2005, 2008; TOLEDO et al., 2007; TOLEDO; HADDAD, 2011).
Inventários de anuros onde a espécie é identificada pela vocalização são comuns e
constituem um importante método de amostragem (ex.: CARVALHO-E-SILVA et al.,
2008; SILVA-SOARES, 2010). Como a maioria dos anuros inicia seu ciclo de
vocalização no período crepuscular com pico até as 22:00, a realização do senso
auditivo de anfíbios deve ser realizado neste período do dia (ZINA et al., 2007;
MELO et al., 2007); embora algumas poucas espécies vocalizam durante o período
diurno (M.S.C.S. Lima, observação pessoal).

13. Garrafas PET para amostragem de lagartos


Um novo método passivo para a amostragem de lagartos foi apresentado por
SOUZA et al., (2011). As armadilhas foram confeccionadas com o uso de
recipientes de refrigerantes vazios tipo PET entre 2 a 2,5 L (Figura 59A), com
posterior remoção do gargalo (Figura 59B) de forma que o encaixe entre a conexão
(curva de 90º raio longo e Ø de 100mm) e o recipiente se tornasse justa o suficiente
para não fazer uso de fitas adesivas (SOUZA et al., 2011). Deve-se criar furos de
4mm na base dos recipientes para que funcionem como sistema de drenagem
(SOUZA et al., 2011).
A instalação das armadilhas nas áreas após a escolha dos pontos consiste
no enterramento dos recipientes no solo com as aberturas das conexões ao nível do
substrato (Figura 59D), onde são introduzidas as iscas generalistas (mistura de
vísceras de peixe, creme de amendoim/banana e fubá, acondicionados copos
descartáveis plásticos) e camufladas de forma a integrarem o ambiente (SOUZA et
al., 2011).

13. Vestígios indiretos


Existem ainda as buscas por evidências diretas (visualizações de animais
quando nenhum dos outros métodos está sendo aplicado) e indiretas (vestígios –
rastros, fezes, carcaças e pêlos – e levantamento bibliográfico) de animais (Figura
60A-D), que podem fornecer informações úteis; e, assim, complementar a lista de
169
espécies de uma determinada área de estudo. O registro indireto de animais pode
ainda ser útil em estudos de ecologia; pois permite, por exemplo, entender os
padrões de uso de hábitat por determinadas espécies ou ainda a sua dieta, através
da análise das fezes. Além disto, é possível coletar amostras de tecido para estudos
moleculares de espécies raras ou ameaçadas de extinção (ex.: felinos; Figura 60D),
aumentar o acervo de coleções zoológicas aproveitando-se os animais silvestres
encontrados mortos em beiras de estradas (atropelados por veículos; Figura 60C-D)
ou em ambientes naturais e ainda conseguir informações sobre parasitas, através
da análise de fezes encontradas (Figura 60A). Alguns métodos de registros indiretos
são descritos a seguir, nos tópicos “Registro do deslocamento” e “Registro dos
rastros”.

Figura 59 – Amostragem de lagartos com garrafas PET. Etapas da construção e


instalação da armadilha (A-C), armadilha instalada no solo (D) e armadilha com um
exemplar de Ameiva ameiva no interior (E).

Fonte: M.S.C.S. Lima.

170
Figura 60 – Métodos de registros indiretos de vertebrados. A: Fezes de um
carnívoro, contendo restos de um lagarto predado; B: Pegada de um felino
(Leopardus sp.); C: Pesquisadores examinando raposa (Cerdocyon thous)
encontrada morta em estrada; D: Felino (Leopardus sp.) encontrado morto em
estrada.

Fonte: L.S. Carvalho.

CONTENÇÃO DE ANIMAIS
A contenção de animais exige experiência e pode ocorrer de forma mecânica
ou com aplicação de anestésicos. Independente do método a ser escolhido é
recomendado a vacinação de pré-exposição da raiva através do uso de doses
repetidas para adquirir imunidade (COSTA, 2000). É ainda importante destacar que
um grande número de doenças são transmitidas por vertebrados, portanto, é
imprescindível o uso de EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual, tais como
óculos, luvas, botas e tantos outros que se fizerem necessário a técnica de manejo
relacionada a espécie em estudo.

171
1. Contenção Mecânica
Cambão. É o instrumento mais utilizado para contenção de animais,
capturando-os pelo pescoço. Este método exige experiência; pois, do contrário,
ocorrem lesões na coluna cervical ou mesmo asfixia do animal. O cambão pode ser
adquirido ou montado de forma artesanal, utiizando-se uma haste de madeira ou
PVC com furo para passagem de um cordão ou cabo de aço, preso em nó e uma
braçadeira para correr o laço.
Laçada com cabresto. Esta é outra forma de prender a cabeça do animal sem
o uso do cambão ou de forma associada onde o animal é preso pelo cambão e em
seguida é colocado um laço na cabeça fazendo o aprisionamento de sua mandíbula
(Figura 61) (MILLEN, 1988).
Laçada dos membros. As laçadas de membros para derrubar são muito
utilizada em animais rurais (eqüinos e bovinos) e também podem ser utilizada com
animais silvestres, porém tudo vai depender do nível de estresse do animal e da
experiência de manejo com a laçada (Figura 62A-B).

Figura 61 – Laçada da cabeça com volta na mandíbula para prender o movimento


da boca.

Fonte: M.S.C.S. Lima.

172
Figura 62 – Desenho esquemático do laço para membros (A) e laçada nas patas
traseiras e dianteiras, que, quando puxadas, derrubam o animal (B).

Fonte: M.S.C.S. Lima.

Trava e pinção herpetológicos. Estes objetos são muito utilizados para a


contenção e o manejo de serpentes, permitindo o seu manuseio com maior
segurança. A força empregada na utilização dos mesmos deve ser medida de forma
a não machucar o animal, sob risco de morte. As travas herpetológicas são
constituídas de uma ou várias peças de metal (ferro, aço inox ou alumínio),
contendo uma extremidade curva, em forma de “L”, “C” ou formatos semelhantes.
Os pinções herpetológicos são equipamentos que possuem uma extremidade
(punho) com um mecanismo que ativa o fechamento das duas abas da outra
extremidade, semelhante ao fechamento de uma “boca de jacaré”. Estes
equipamentos podem ter tamanhos variando entre 30-200 cm. Em situações
imprevistas, em campo, pode-se utilizar também um pedaço de galho ou vareta de
madeira, contendo uma forquinha em uma extremidade, para auxiliar na captura de
uma determinada serpente (Figura 63A).

173
Figura 63 – Utilização de trava herpetológica para manejo de uma serpente
(cascavel, Caudisona durissa). A: Pesquisador segurando serpente utilizando a
trava herpetológica; B: Serpente contida utilizando a trava herpetológica.

Fonte: A – F.M. Oliveira-Neto; B – L. S. Carvalho.

2. Contenção química
Dardos anestésicos: O funcionamento de dardos tranqüilizantes para
contenção de animais se baseia no uso de um êmbolo injetor de droga no momento
do impacto contra o animal disparado por arma de gás comprimido. O porte da arma
é regido pela Lei Federal 9.437/1997 e o protocolo anestésico obrigatoriamente
deve ser preparado por médico veterinário, visto que o uso incorreto de um
determinado anestésico, ou sua dosagem, pode acarretar na morte do animal. O
uso de dardos em veados campeiros (Ozotoceros bezoarticus) e antas (Tapirus
terrestris), por exemplo, podem ser consultados em Medici (2007) e Piovezan et al.,
(2006). A possibilidade de contenção sem o uso de dardo com anestésicos
inaladores é factível e produzem imobilidade desejada para o manejo do indivíduo
capturado (DUARTE; SARAIVA, 2005).

Mamíferos voadores: A contenção química destes indivíduos é feita quando


estes estão presos nas redes de neblina, aplicando-se o anestésico manualmente
tanto no caso de contenção para o manejo ou sacrifício (Figura 64).

174
Figura 64 – Morcego (Artibeus lituratus) sendo anestesiado para o manejo.

Fonte: M.S.C.S. Lima.

BIOMETRIA DE VERTEBRADOS
A biometria é a técnica utilizada para obter informações morfológicas sobre a
espécie. Normalmente as determinações morfométricas são feitas para uma
determinada amostra de estrutura de indivíduos diferentes e obter-se um resultado
que deve representar estatisticamente a média das medidas. Muitas vezes estes
resultados correspondem a relações matemáticas entre a forma e o tamanho nas
diferentes estruturas anatômicas. Esta relação entre a forma e o tamanho é dita
alométrica e pode responder a um conjunto de indagações como faixa etária, grau
de desenvolvimento e ontogenia (MANDARIN-DE-LACERDA, 1995)
A realização de medidas deve preferencialmente ser feita em animal
recentemente abatido, nunca sobre a pele já taxidermizada ou animal já fixado
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967), utilizando-se régua ou paquímetro. A realização
deste procedimento garante maior confiabilidade às medidas realizadas, visto que
após a fixação e a taxidermia as proporções de um determinado animal podem estar
alteradas.

175
Biometria de Peixes
Quando se trabalha com indivíduos muito grandes para serem fixados e
transportados, preserva-se somente a cabeça em via úmida ou seca e tomam-se as
seguintes medidas (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967): (1) altura máxima das
nadadeiras dorsal, peitoral, ventral e anal; (2) altura mínima do pedúnculo caudal;
(3) altura: medida logo à frente da nadadeira dorsal; (4) comprimento da base das
nadadeiras dorsais e anal; (5) comprimento da cabeça; (6) comprimento da
nadadeira peitoral; (7) comprimento padrão: medido da ponta do focinho até o início
da nadadeira caudal; (8) comprimento total: medido da ponta do focinho até a
extermidade da nadadeira caudal; (9) distâncias pós e pré-orbitais; (10) largura do
olho; (11) largura do opérculo; (12) largura máxima; (13) número de escamas
perfuradas na linha lateral e de escamas em série transversal, isto é da linha lateral
até o início da nadadeira dorsal e da linha lateral até a base da ventral; e (14)
número de raios rios e moles em todas as nadadeiras. Nas Figuras 65-67 esquemas
de medidas de peixes ósseos (Osteichthyes; Figura 65) e peixes cartilaginosos
(Chondrichthyes Figuras 66-67) podem ser encontrados, retirados de Carvalho-Filho
(1999).

Figura 65 – Esquema detalhado de medidas de um peixe ósseo. 1: Premaxila; 2:


Maxila; 3: Mandíbula superior; 4: Mandíbula inferior; 5: Interopérculo; 6:
Preopérculo; 7: Subopérculo; 8: Opérculo; 9: Narinas; 10: Olho; 11: Primeira
nadadeira dorsal.

Fonte: Modificado a partir de Carvalho-Filho (1999).

176
Figura 66 – Esquema detalhado de medidas de um peixe cartilaginoso (tubarão). A:
Comprimento total; B: Cabeça (inclui as fendas branquiais); C: Tronco; D: Cauda (do
ânus para trás); E: Comprimento da nadadeira peitoral; F: Espaço interdorsal; G:
Comprimento do focinho; H: Espaço internasal; I: Largura da boca; 1: Focinho; 2:
Boca; 3: Sulco labial; 4: Fenda nasal; 5: Olho com membrana nictitante (semelhante
à pálpebra); 6: Espiráculo; 7: Fendas branquiais; 8: Nadadeira peitoral; 9: Espinho
da nadadeira dorsal; 10: Primeira nadadeira dorsal; 11: Segunda nadadeira dorsal;
12: Pedúnculo caudal; 13: Sulco pré: caudal; 14: Nadadeira caudal; 15: Lóbulo
inferior; 16: Lóbulo superior; 17: Sulco subterminal; 18: Lóbulo terminal; 19: Quilha
dérmica.

Fonte: Modificado a partir de Carvalho-Filho (1999).

177
Figura 67 – Esquema detalhado de medidas de um peixe cartilaginoso (arraia). A:
Comprimento do focinho (preorbital); B: Comprimento do disco; C: Comprimento do
focinho (preoral); D: Largura do disco (envergadura); E: Comprimento da cauda; 1:
Olho; 2: Espiráculo; 3: Nadadeira peitoral; 4: Espinhos das peitorais (no macho); 5:
Fileira longitudinal de espinho; 6: Nadadeira pélvicas; 7: Aguilhão (espinho); 8:
Primeira nadadeira dorsal; 9: Segunda nadadeira dorsal; 10: Nadadeira caudal; 11:
Clásper (no macho); 12: Fenda nasal; 13: Boca; 14: Fendas branquiais; 15: Ânus.

Fonte: Modificado a partir de Carvalho-Filho (1999).

Biometria de Anfíbios (Anuros)


Estes animais apresentam uma complexa morfologia por apresentarem
desenvolvimento larvário (girinos) com dependência aquática e quando adultos são
semi-aquáticos (DUELLMAN; TRUEB, 1994). Aspectos alométricos de anuros ainda
continuam sendo motivos de discussão e pesquisa (HAYEK et al., 2001; SCHULTE-
HOSTEDDE et al., 2011). As principais medidas em anuros adultos são:
comprimento rostro cloacal, comprimento da cabeça, distância do olho narina,
comprimento do rádio-ulna, fêmur, tíbia, tarso e distância interorbital (HÖFLING et
al., 1995). Na Figura 68, algumas destas estruturas são apresentadas.

178
Figura 68 – Esquema em vista dorsal de anuro adulto.

Fonte: Modificado a partir de Höfling et al. (1995).

Biometria de girinos
Esta fase morfológica dos anuros requer um cuidado especial e devem ser
levados em consideração os estágios de desenvolvimento desde o zigoto até o
estágio de imago, correspondendo a 46 estágios de desenvolvimento (GOSNER,
1960; DUELLMAN; TRUEB, 1994; McDIARMID; ALTIG, 2000). Para girinos, são
consideradas as seguintes medições: comprimento do corpo, distância internasal,
distância iterorbital, altura da cauda, comprimento total, altura até o eixo muscular
caudal,altura do músculo caudal, altura do músculo caudal.

179
Figura 69 – Desenho esquemático das medidas de um girino, em vistas dorsal (A) e
lateral (B). BL: comprimento do corpo; IND: distância internasal; IOD: distância
nterorbital; LB: broto do membro; MTH: altura da cauda; OD: disco oral; SP:
espiráculo; TAL: comprimento da cauda; TL: comprimento total; TMA: altura até o
eixo muscular caudal; TMH: altura do músculo caudal; TMW: largura do músculo da
cauda; e, VT: tubo anal.

Fonte: Modificado a partir de Altig (2007).

Biometria de répteis
Esta classe compreende serpentes, lagartos, jacarés, jabutis e tartarugas; e,
em virtude das diferenças corporais entre estes animais, trataremos suas biometrias
separadamente.
Lagartos. Em trabalhos recentes de Sistemática de lagartos (ex.: SILVA,
2011), as seguintes medidas padrões são utilizadas: comprimento rostro-cloacal,
medido desde a ponta do focinho até a abertura cloacal (CRC); largura da cabeça,
medida na altura das parietais, transversalmente (LCA); altura da cabeça, medida
na altura das parietais (ACA); comprimento da cabeça, medido da ponta do focinho
à margem posterior da abertura auricular (CCA); comprimento do braço, medido do
ponto de inserção do membro no corpo até a articulação do cotovelo (CB);

180
comprimento do antebraço, medido da articulação do cotovelo até a articulação do
pulso (CA); comprimento da coxa, medido do ponto de inserção ântero-ventral do
membro até a articulação do joelho (CC); comprimento da perna, medido da
articulação do joelho até o calcanhar (CP); comprimento da cauda, medido a partir
da abertura cloacal à extremidade distal da cauda (CCD). Segundo SILVA (2011)
para efeito de análises estatísticas em trabalhos de Sistemática de lagartos, como
em muitos espécimes a cauda pode se apresentar regenerada ou quebrada, essa
medida não deve ser utilizada nas análises.
Crocodilos e jacarés. Como estes animais costumam permanecer com seus
corpos encobertos pela água e a cabeça parcialmente exposta alguns autores
desenvolveram técnicas morfométricas que permitem a partir da avaliação da
cabeça do indivíduo avistado estabelecer o tamanho corpóreo, isto é, a cabeça
apresenta alometria positiva, permitindo estabelecer o tamanho do animal
(VERDADE, 2001; BONACH et al., 2006; WU et al., 2006). Ao capturar um animal
destes, é possível tomar-se as seguinte medidas: largura da cabeça (CV), largura
orbital (OL), largura máxima nasal (WN), largura da base do focinho (SW), largura
interorbital (IOW), largura orbital (OW), comprimento pós orbital (LCR), comprimento
total da cabeça (DCL), comprimento do focinho (SL), comprimento do palato maxilar
(PXS), comprimento da mandíbula (ML) (WU et al., 2006).
Quelônios. Tartarugas, cágados e jabutis apresentam plastrão e carapaça.
Para estes animais, existe uma técnica de biometria plana que pode ser empregada.
As medições são: o número de escudos dérmicos marginais e o comprimento
retilíneo da carapaça (LUZ et al., 2003). Segundo ECKERT et al., (2000) as medidas
transversal e longitudinal da carapaça, feitas de maneira retilínea são as duas
medidas padrões para avaliação do crescimento de quelônios, pois o uso de fita
métrica gera erros. Outra forma de estabelecimento das medidas é considerar o
plastrão e a carapaça identificando e medindo cada um dos escudos da carapaça e
regiões do plastrão (POUGH et al., 2008; KARDONG, 2011), como mostrado na
Figura 71.

181
Figura 70. Desenho esquemático da região anterior do corpo de um crocodiliano em
vistas dorsal (A) e lateral (B).

Fonte: Modificado a partir de Wu et al. (2006).

Serpentes. A biometria de serpentes está relacionada com suas medidas


gerais: comprimento da cabeça medido do início do focinho até porção terminal da
mandíbula; comprimento da cauda, medido da cloaca até a ponta da cauda;
comprimento total, medido da ponta do focinho até o final da cauda; diâmetro do
olho; diâmetro no meio do corpo; e com a disposição e número de escamas.

182
Figura 71 – Escudos dérmicos da carapaça (A) e regiões ósseas do plastrão de um
cágado (Phrynops sp.).

Fonte: L.S. Carvalho.

183
Figura 72
7 – Esquema das esccamas dorssais de um colubrídeo
o, mostrand
do a maneirra
ero de fileiras. À esquerda, ind
de conttar o núme dicação essquemática
a de quilha
as
simples;; no meio, de
d quilhas duplas;
d à direita, dois tipos de fosssetas apic
cais (simple
es
e duplass).

Fonte: Vanzolini
V et al. (1980).

Biometrria de aves
s
A medidas padrões pa
As ara aves, de acordo co
om Sick (19
997): (1) altura do bico
o,
e; (2) comprrimento da asa, medid
na base do desde a base até o final (exc
cluindo-se a
as
penas); (3) comp
primento da
d cauda, medido a partir d
da base das
d retrize
es
(encosta
ando-se à pele da cauda) até
é a ponta
a das retriizes mais longas; (4
4)
mento do bico (cúlmen
comprim n), medido da base o início das narinas até
é a ponta do
d
bico; (5)) comprimento do dedo mais com
mprido, inclu
uindo a unh
ha; (6) com
mprimento do
d
tarso, medido
m desd
de a base até
a o final d
das penas; (7) comprim
mento total com penass,
medindo
o desde a ponta do bico
b até o final das penas
p da ca
auda; (8) compriment
c to
total sem
m penas, medindo
m dessde a ponta
a do bico atté o final da
a cauda (se
em contar as
a
penas da
d cauda); (9) largura do bico
o na base;; e (10) m
massa, medido com a
ão de balanças.
utilizaçã

1884
Figura 73.
7 Esquem
mas de me
edidas de aves. Med
didas: A: co
omprimento
o total, com
m
penas; B: mento total, sem penass; C: comp
B comprim primento do
o bico: (1) compriment
c to
do cúlmen, medido
o da base até
a a ponta bico, (2) quando exisste uma "ce
era" se med
de
da boda
a anterior da
a narina até
é a ponta do
d bico; D: altura do b
bico na base; E: largurra
do bico na base; F:
F comprime
ento da asa
a, modo de medir uma
a ave meno
or, esticand
do
a asa; G:
G medição
o da asa pouco flexívvel de uma
a ave grand
de; H. com
mprimento da
d
cauda, medido
m da base das retrizes,
r encostando-sse à pele, a
até a ponta das retrize
es
mais lon
ngas; I: com
mprimento do
d tarso; J. comprime
ento do ded
do mais com
mprido, com
m
a unha. Outras ab
breviações:: CA: calca
anhar; O: osso
o do crrânio; P: contorno da
as
penas; C:
C coberteirras da caud
da; R: cálam
mos das rettrizes.

Fonte: Sick
S (1967)..

1885
Biometria de ovos
Pode-se ainda realizar medidas de ovos de aves ou de répteis. Neste caso,
as medidas a serem tomadas são o comprimento total, largura máxima e o peso
total em gramas. A partir destas medidas podem ser calculados outros parâmetros,
tais como o volume de um determinado ovo.

Figura 74 – Medicação de um ovo de jacaré, utilizando um paquímetro.

Fonte: M.S.C.S. Lima.

Biometria de mamíferos
Em geral segue-se o seguinte processo, conforme descreve Vanzolini e
Papavero (1967): (1) mede-se a cabeça e o corpo, da ponta do focinho à base
(início) da cauda, dorsalmente; (2) mede-se a cauda, desde a base até a ponta, com
exclusão dos pelos terminais, se houver; (3) mede-se a planta do pé, do calcanhar à
ponta do dedo mais longo, com exclusão de pelos e unhas; e (4) mede-se a orelha,
por dentro, desde a parte presa à cabeça até a extremidade livre. Para medir
cabeça e corpo, além da cauda, coloca-se o animal deitado de barriga para cima,
sobre uma prancha ou mesa, puxando-o ligeiramente para trás, pela cauda, para

186
que não fique encolhido e deixando a cauda pendente. Coloca-se a ponta da régua
(ou paquímetro) na região da primeira vértebra caudal, onde ela flexiona com o
corpo e mede-se, sucessivamente, cabeça e corpo, com a régua ao longo do
animal, e depois a cauda (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967). No caso de morcegos é
considerado como aspecto biométrico o comprimento do antebraço, a envergadura
das asas e o peso (REIS et al., 2005). Na Figura 75, é possível ver esquemas de
medidas para mamíferos.

Figura 75 - Guia de biometria padrão para mamíferos canídeos.

Fonte: Ramos-Júnior et al. (2003).

TÉCNICAS PARA O REGISTRO DO COMPORTAMENTO BIOLÓGICO


Quando a intenção é fazer o registro digital através da fotografia, filmagem e
gravação sonora para obter dados do comportamento animal e construção de
187
etogramas o pesquisador deve promover as anotações em seu caderno de notas e
compará-los com os registros digitais. Os iniciantes devem podem buscar subsídios
em livros sobre comportamento (ex.: KREBS; DAVIES, 1996; DEL CLARO, 2004).
Quanto mais cuidado tiver no planejamento da excursão ao campo, com
conhecimento sobre a espécie a ser estudada e equipamentos, maior será a
obtenção dos dados.
Quanto às roupas não deve utilizar roupas de náilon, pois estas fazem
barulho com o deslocamento do corpo, o melhor é optar por algodão. Se o ambiente
for frio utilize peças sobrepostas para facilitar tirar uma ou duas peças se esquentar.
Escolha roupas verde oliva ou pardas utilize boné com filó para evitar os insetos; e,
mesmo em ambientes quentes, use blusas de manga comprida de algodão e finas
que ajudam contra os indesejáveis insetos hematófagos. Para registro de
comportamento biológico, o uso de repelentes, perfumes e desodorantes de cheiros
fortes não é desejável. Abaixo são descritos diversos métodos de registros de
comportamento biológico.

Registros em abrigo
O abrigo para os registros pode ser de lona ou mesmo barraca de camping
camuflada. Pode-se ainda construir abrigos suspensos permanentes, para facilitar a
visualização de animais a uma distância maior e observando-se acima do nível da
vegetação herbácea e arbustiva (Figura 76). Este deve possuir aberturas frontais,
laterais e dos fundos. Estas aberturas devem ser discretas e servirão apenas paro o
uso do binóculo, máquina fotográfica ou filmadora. O esconderijo deve ser instalado
com pelo menos uma semana de antecedência para que os animais se acostumem
com a presença do abrigo.

Registros sem abrigo


Outra forma de fazer os registros sem a construção do abrigo é utilizar
esconderijos disfarçados como folhagens, rochas ou troncos, posicionando-se
contra o vento e limpando o chão para evitar fazer barulho ao deslocar-se (Figura
77).

188
Figura 76 – Pesquisador em observatório permanente elevado.

Fonte: L.S. Carvalho.

Figura 77 – O pesquisador construiu um esconderijo, ficou contra o vento com


máquina montada em tripé com teleobjetiva de 400 mm

Fonte: Durrell e Durrell (1982).

189
Registro do deslocamento
A utilização de bandejas plásticas com isca, farelo, grãos ou qualquer outro
alimento e uso de corante comestível como os usados para confeitar bolos, pode
ser uma excelente experiência para avaliar o deslocamento de pequenos mamíferos
em busca de alimentos. Inicialmente usa-se a isca sem corante e depois de alguns
dias coloca-se o corante. Os mamíferos costumam deixar excremento enquanto se
alimentam e com a distribuição de várias bandejas seus excrementos serão
deixados ao longo de trilhas onde poderá ser estudado deslocamento e outros
hábitos associados à espécie (DURRELL; DURRELL, 1982).

Registro dos rastros


Os são marcas deixadas pelos animais por onde passam, tais como pegadas,
arranhões em árvores, mudas de pele, carcaças de presas mortas, etc. Os rastros
são formas tão precisas, que muitas vezes é possível realizar a identificação em
nível específico através da pegada, além de auxiliarem em estudos de censos
populacionais. As pegadas são os rastros sinais mais freqüentemente encontrados
e de interpretação mais confiável (BECKER; DALPONTE, 1991). Para mais detalhes
sobre registros de rastros, consultar Becker e Dalponte (1991). Os registros dos das
pegadas de mamíferos são baseados em sua topografia e deslocamento conforme
o grupo: digitígrados; plantígrados e ungulígrados (Figuras 78-81).

Figura 78 – Desenhos esquemáticos da impressão da pata anterior direita (A) e da


pata posterior direita (B) de um mamífero digitígrado.

Fonte: Becker e Dalponte (1991).

190
Figura 79 – Desenhos esquemáticos da impressão da pata anterior direita (A) e da
pata posterior direita (B) de um mamífero plantígrado.

Fonte: Becker e Dalponte (1991).

Figura 80 – Desenho esquemático da impressão da pata de um mamífero


ungulígrado.

Fonte: Becker e Dalponte (1991).

As pegadas, que porventura existirem de forma nítida, podem ser modeladas


em gesso. A nitidez depende do tipo de terreno, sendo os melhores a lama de rios e
banhados, trilhas de florestas e depressões úmidas. O gesso de escultor é
recomendado para a moldagem. Inicialmente, se limpa a pegada de forma delicada
com pincel macio, posteriormente envolve-se a pegada com uma tira de papelão
moldável e presa por clipe. Apertando-se o papelão no solo e derrubando-se
191
lentamente sobre a pegada, a mistura de gesso e água. Espera-se de 30 a 40
minutos e retira-se todo o molde. No laboratório, utiliza-se escova e água para
clarear o modelo que deverá ser etiquetado com as informações de campo que
estavam no caderno de anotações (Figuras 82-83). A confecção destes moldes
pode ser útil no desenvolvimento de atividades de educação ambiental com
crianças, através de atividades de “procura de pegadas” ou algo do tipo.
Além disto, é possível realizar a reprodução das pegadas em forma de
desenhos, utilizando-se um plástico (ex.: transparências para retroprojetores) e
pincéis marcadores permanentes para plástico. Coloca-se o plástico sob as
pegadas e desenha-se seu contorno. Isto pode ser feito para posterior identificação
dos animais que produziram as pegadas encontradas.

COMO MATAR ANIMAIS APÓS A CAPTURA


Se para a realização dos objetivos do trabalho ou para registro das espécies
em um inventário forem necessários, pode-se realizar a morte dos indivíduos,
adequando-se os métodos de sacrifício para cada táxon. É sempre importante
lembrar que os melhores métodos para matar-se um animal são aqueles rápidos e
que evitem contraturas musculares ou lesões de qualquer tipo, e que ainda
diminuem o sofrimento dos animais (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Inicialmente, é preciso lembrar que toda atividade de pesquisa ou ensino
que envolva a morte de qualquer animal, necessita de autorização específica
para tal finalidade. Em caso de pesquisas que utilizem cobaias de laboratório (tais
como ratos, sapos, cães, aves, etc.), devem-se seguir os dispositivos legais da Lei
de Experimentação Animal (Lei Nº 11.794, de 8 de outubro de 2008), além da
necessidade de autorização de um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Vivos.
Em caso de haver necessidade de captura e coleta (morte) de animais silvestres,
então é preciso cumprir os dispositivos legais da Instrução Normativa Nº 154, do
Institudo Chico Mendes de Proteção à Biodiversidade – ICMBIO – e autorização
expedida através do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade –
SISBIO. Além disto, pode-se/deve-se seguir ainda os procedimentos e métodos de
eutanásia em animais, estabelecidos pela Resolução Nº 714, de 20 de junho de
2002, do Conselho federal de Medicina Veterinária – CFMV. Visto isto, os métodos
e procedimentos abaixo descritos são usualmente praticados em atividades de
192
ensino e pesquisa com animais, especialmente vertebrados, o que não exclui a
necessidade de cumprir-se a legislação indicada acima e de obter-se as devidas
autorizações.

Figura 81 – Medidas padrões utilizadas para trilhas de mamíferos.

Fonte: Becker e Dalponte (1991).

193
Figura 82 – Molde de gesso com moldura em papelão e gesso de escultor.

Fonte: Durrell e Durrell (1982).

Figura 83 – Seqüência de confecção de molde em gesso de pegada (A) de capivara


(Hydrochaeris hydrochaeris); B) em tabuleiro de alumínio sem o fundo (C) e pegada
pronta, após secagem do gesso (D).

Fonte: M.S.C.S. Lima.

194
Os anfíbios anuros (sapos, rãs e pererecas) devem ser mortos por
afogamento em álcool diluído (20-40%); ou, em animais maiores (Rhinella spp.,
Leptodactylus spp., etc.) através de injeção intracraniana ou intracardíaca de
barbitúrico (Nembutal, Tiopental, etc.), álcool absoluto, anestésicos (quetamina,
xilocaína, lidocaína, etc.) ou formol, com o uso de uma agulha inserida através do
canto do olho ou da narina, ou diretamente no coração (VANZOLINI; PAPAVERO,
1967).
Para répteis, incluindo quelônios, pode-se sacrificar os animais colocando-os
diretamente em contato com gelo ou geladeira ou em um freezer, de forma que eles
morrerão lentamente com a diminuição da temperatura corporal. Outra opção é
fazer o uso de anestésicos ou barbitúricos em via intracraniana ou intracardíaca
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Segundo Vanzolini e Papavero (1967) é ainda possível fazer-se uma câmara
de gás com éter ou clorofórmio para morte de animais menores. O éter mata bem e
causa poucas contraturas, embora não dê relaxamento perfeito, ao contrário do
clorofórmio, que causa contraturas fortes. Além disto, ambos produtos são muito
voláteis. Assim, recomenda-se o uso dos mesmos apenas em último caso. Para
uma discussão mais completa sobre métodos de sacrifício de répteis e anfíbios, ver
COOPER et al., (1984, 1989).
Para aves, o método mais comum é a compressão do tórax, que retarda a
respiração e o batimento cardíaco, resultando em uma morte rápida. Isto pode ser
feito segurando-se a ave pelo ventre, passando-se o dedo indicador e o médio ao
redor de seu pescoço, colocando-os na região dorsal do tórax e o polegar na região
peitoral. Em seguida, pressionam-se estes dedos, promovendo uma compressão do
pulmão. Se a ave for grande, esta deve ser deitada de lado, e uma das asas
afastada com o pé; comprimi-se, então, diretamente o lado do peito com o outro pé
até que o coração pare (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967). Outra opção rápida para a
morte de aves é utilizar espingardas, mas para isto deve-se adequar o calibre da
arma, o tamanho do cartucho e do chumbo e a distância de tiro ao tamanho da ave
e ao local de coleta, para evitar maiores danos ao espécime coletado (VANZOLINI;
PAPAVERO, 1967). Este método com utilização de arma de fogo, querer
autorização específica das autoridades policiais (ex.: Polícia Federal).
Para matar mamíferos, Vanzolini e Papavero (1967) recomendam o uso
câmaras de gás para animais menores (alguns roedores e marsupiais) ou de
195
barbitúricos ou anestésicos em doses maiores para animais maiores. É possível
ainda utilizar-se doses de anestésicos em vias intracranianas ou intracardíacas,
assim como para répteis. Os métodos de sacrifício de animais menores por
destroncamento (deslocamento cervical), embora eficientes, podem provocar
hemorragias ou ainda a fratura de ossos, prejudicando os procedimentos de
taxidermia e preparação de ossos (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

TÉCNICAS DE PRESERVAÇÃO
Após a captura dos animais, em determinados estudos faz-se necessário a
realização da coleta (morte) de alguns indivíduos para identificação e/ou registro do
trabalho. Estes indivíduos deverão então passar por processos de preparação para,
então, serem preservados em via seca ou úmida. Além disto, amostras de tecidos e
sangue podem ser preparados para estudos moleculares e/ou citogenéticos, etc.
O preparo de peles para exposição ou estudo denomina-se taxidermia
(HJORTAA, 1975) e o material necessário para a prática de taxidermia exige que o
pesquisador tenha disponíveis bisturis com cabos e lâminas diferentes para não ser
necessária a troca de lâminas durante a dissecção, evitando assim o risco com a
troca das lâminas durante a realização do procedimento. É importante ainda ter
estiletes feitos com agulhas montadas para levantar partes delicadas e pinças de
diversos tamanhos e formatos (Figura 84).
Quando tiver de preparar um animal, dá-se preferência a indivíduos
recentemente abatidos ou preservados congelados. Neste último caso, a pele pode
ficar sensibilizada e quebradiça, tornando o processo mais delicado. A verdadeira
arte da taxidermia, “empalhar o animal”, é uma arte que confere ao exemplar as
características dimensionais em vivo. Existe ainda um método alternativo, que
consistem em montar a pele em papelão, denominado “pele de museu”; que ocupa
pouco espaço e é mais adequado para coleções. Após o preparo de qualquer peça
é sempre importante colocar uma etiqueta no espécime, com dados completos (e.g.
nome vulgar; local de coleta; medidas e data), de forma a não perder informações,
independentemente da técnica utilizada.

196
Figura 84 – Instrumentos de dissecção: pinças diversas (A); cabos de bisturis
compatíveis com a escolha das lâminas (B); bisturi com lâmina colocada (C); estilete
com agulhas montadas sendo uma reta e outra curva (D); e lâminas reta, meio
curva, curva e côncava para bisturis (E).

Fonte: Durrell e Durrell (1982).

MÉTODOS DE PREPARO E PRESERVAÇÃO EM VIA SECA

1. Montagem de peles fechadas de mamíferos


Etapas sintéticas para o preparo de peles (Figuras 85-93), de acordo com
Anthony (1931), Vanzolini e Papavero (1967), Hjortaa (1975), McFall (1975), Pray
(1978), Metcalf (1981) e Durrell e Durrell (1982).
a) Coloca-se o animal para cima e faz-se uma primeira incisão com uma tesoura
de ponta fina, bisturi ou gilete, desde o final do esterno (um pouco abaixo) até
pouco antes dos órgãos genitais (Figura 85), tomando cuidado para cortar
apenas a pele, sem abrir a barriga, o que dificultaria o trabalho. Pode-se usar
fubá sobre a superfície para secá-la.
b) Com o auxílio de pinças ou espátula afasta-se o couro a partir da incisão em
direção da articulação da coxa com a perna; e, então, para até junto dos
dedos (Figura 86).
c) Com uma tesoura ou um osteótomo (ferramenta para cortar ossos), corta-se
os ossos das pernas, logo abaixo da articulação (Figura 87).

197
d) Continua-se o deslocamento da pele até as costas, tomando cuidado para
não quebrar a inserção da cauda e corta-se a ligação dos genitais e do
intestino com a pele.
e) Procede-se agora a retirada da cauda, que deve ser feita inicialmente com
auxílio do bisturi até onde der sem esforço. Depois, usa-se as hastes de uma
tesoura para auxiliar a inversão da pele da cauda com firmeza, porém sem
força excessiva para não quebrá-la (Figura 88).
f) A inversão da pele é feita até chegar aos membros anteriores, onde se repete
o procedimento realizado nos membros posteriores (Figura 89).
g) Descola-se o resto da pele das costas até expor o pescoço e atingir a cabeça
e corta-se a inserção das orelhas, bem próximo ao crânio, tomando cuidado
para não danificar as pálpebras (Figura 90).
h) Descola-se então a pele da boca rente aos dentes e prossegue-se até que
toda a pele da cabeça esteja descolada, cuidado para não cortar os lábios.
i) Então, deixa-se de lado a carcaça, que poderá ser preparada posteriormente
e trabalha-se na pele para retirar o excesso de gordura (com auxílio de bisturi
ou pedra ume) e do excesso de carne nos ossos restantes. A pele retirada
pode ser lavada com água e sabão neutro para limpeza e pode ser
armazenada em álcool comercial para transporte e posterior preenchimento.
j) Para o preenchimento, inicialmente prepara-se a face interna da pele com
tetraborato de sódio (bórax), evitando contato desta substância com os pelos,
para evitar descoloração.
k) Os ossos das pernas devem ser envolvidos com algodão de forma, tomando
cuidado para a manter uma forma semelhante à original. Então, desvira-se
toda a pele para iniciar então o seu preenchimento.
l) A boca deve ser costurada com pontos delicados e isolados, de forma a
tentar manter a mesma aparência do animal.
m) Um pedaço de arame envolto por uma camada firme de algodão deve então
ser utilizado para preencher a cauda do animal, dobrando as pontas para
evitar que este perfure a pele e tomando cuidado para não esticar a cauda
para além de suas proporções naturais.
n) Então procede-se o preenchimento da pele, que pode ser feito com algodão
hidrófobo ou fibras acrílicas, sendo colocadas aos poucos. Pode-se também
fazer um molde do corpo do animal como na Figura 92. Neste procedimento
198
deve-se tomar cuidado para manter as pernas em uma posição paralelas ao
eixo longitudinal do corpo e para não alterar a forma do animal, enchendo
demasiadamente ou insuficientemente uma determinada parte do corpo.
Após o preenchimento, fecha-se a incisão ventral de frente para trás com
agulha e linha.
o) Pode-se então injetar um pouco de formol nos dedos não escalpelados do
animal, para acelerar a desidratação e sua preservação.
p) Então procede-se a fixação do animal taxidermizado, colocando-o em uma
prancha de fixação (placa de isopor, suporte de madeira ou cortiça),
prendendo os membros dianteiros ao lado da cabeça, e os membros
traseiros com a sola dos pés voltados para baixo, dispostos paralelamente à
cauda. Esta, por sua vez, deve ficar esticada para trás e presa por alfinetes
em sua extremidade.
q) Então, deixa-se o animal secar à sombra, devidamente etiquetado.

2. Montagem de peles abertas de mamíferos


Esta técnica é recomendada para animais maiores, cuja preparação a cheio
ocuparia muito espaço na coleção. Para o preparo da pele aberta, inicia-se fazendo
uma incisão na face ventral do corpo do animal, desde o queixo até a ponta da
cauda. Desta incisão central, partem outras até a ponta dos membros, tomando-se
cuidados para que não fiquem retalhos mal ajeitados (VANZOLINI; PAPAVERO,
1967). A escalpelação deve ser minuciosa, virando-se também as orelhas ao
avesso, para retirar a musculatura da base. No caso de veados machos, portadores
de galhardas, faz-se na nuca dos espécimes uma incisão suficiente para retirar o
crânio. Limpa-se a pele da mesma forma que para a técnica de montagem cheia. A
pele então deve ser esticada, usando-se uma moldura de madeira, uma tábua
grande suficiente para cabê-la ou um jogo de varas; pregando-a com pregos e
martelos firtememente para evitar que esta solte, visto que durante a secagem a
mesma sofrerá encolhimento. Por fim, deixa-se a pele secar à sombra, pois a
secagem ao sol danifica a peça.

199
Figura 85 – Taxidermia de mamíferos: primeira incisão na região abdominal do
animal.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

200
Figura 86 – Taxidermia de mamíferos: perna preparada para ser cortada.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

201
Figura 87 – Taxidermia de mamíferos: membros posteriores cordados.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

202
Figura 88 – Taxidermia de mamíferos: procedimentos de retirada da cauda.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

203
Figura 89 - Taxidermia de mamíferos: corte dos membros anteriores.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

204
Figura 90 – Taxidermia de mamíferos: procedimentos para retirada da pele na
região da cabeça.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

205
Figura 91 – Taxidermia de mamíferos: ossos dos membros, descarnados e/ou
envoltos com algodão.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

206
Figura 92 – Taxidermia de mamíferos: detalhe da carcaça do animal, e moldes da
cauda e do corpo, para preenchimento da pele, com forma e volume parecidos com
o animal original.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

207
Figura 93 – Taxidermia de mamíferos: animal taxidermizado e disposto em posição
anatômica.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

208
3. Montagem de peles de aves
Etapas sintéticas para o preparo de aves (Figuras 94-102), de acordo com
Anthony (1931), Vanzolini e Papavero (1967), Hjortaa (1975), McFall (1975), Pray
(1978), Metcalf (1981) e Durrell e Durrell (1982).
a) Toma-se a ave, colocando-a com o dorso para a mesa; e, em seguida,
com as pontas dos dedos, separam-se as penas do peito até o baixo
abdomen, onde será feita a incisão (Figura 94);
b) Separa-se a pele da carne sem gerar sangramento e evitando-se a perda
de penas;
c) Fécula de batata e/ou fubá de milho deve ser espalhados com abundância
nas penas para evitar vestígios de sangue para evitar sujá-las; ou ainda, a
água oxigenada pode ser usada com cautela caso isso aconteça;
d) Um chumaço de algodão pode ser colocado no bico da ave de forma
aprofundada para evitar hemorragias;
e) Continua-se a retirada da pele até encontrar a articulação da coxa,
promovendo a desarticulação na cabeça da tíbia com alicate de ponta fina
ou tesoura de desossar; e, em seguida, força-se o osso da coxa quebrado
até que fure a carne (Figura 95);
f) Vira-se a perna pelo avesso e retira-se rigorosamente toda a carne da
pele e do osso; e, posteriormente, envolve-se o osso da coxa com
algodão, de preferência hidrofóbico, preenchendo o volume retirado;
g) Após a operação aplica-se tetraborato de sódio (bórax) em abundância na
superfície interna da pele do animal;
h) Solta-se a pele do resto do corpo, um pouco acima do cóccix, neste local
retira-se a glândula uropigeana, que está um pouco acima da cloaca; e
toma-se cuidado com a região cloacal (ânus) pois uma ação forçosa neste
local pode perder as penas que formam o crisso (coberteiras inferiores da
cauda) (Figura 96);
i) Continua-se a retirada da pele da ave até a região das assas; e, ao
encontrar a musculatura da asa destacada, desarticula-se a mesma na
altura do rádio com o cúbito, repete-se a operação de limpeza e aplica-se
bórax (Figura 97);

209
j) Para que as asas fiquem na posição correta, junta-se estas ao corpo,
podendo fazer uso de fios ou linha de uma extremidade a outra para
garantir o fechamento das asas rente ao corpo;
k) Continua-se o escalpelamento até a região dos ouvidos e próximo aos
olhos, atentando para para não cortar os cílios (pêlos que recobrem as
membranas dos olhos);
l) Continua-se destacando a pele até o início do bico, onde a pele termina;
e, neste ponto é como se a ave estivesse do avesso, pena e pele de um
lado, presas ao bico e o corpo do outro lado;
m) Secciona-se o corpo na região do final do pescoço com o crânio,
retirando-se a língua e o olho e limpando-se o crânio (Figura 98);
n) Secciona-se no início do pescoço, junto do crânio da separando o corpo
em definitivo da ave;
o) Segue o processo de limpeza do interior do crânio, puxando-se por baixo
o interior cefálico; e, em seguida, introduz-se bórax à vontade no interior e
preenche-se a cavidade com algodão hidrobóbico;
p) Após a completa separação da pele e da carcaça, passa-se bórax na pele
de maneira total e continuada por todo segmento tegumentar (Figura 99);
q) Retorna-se a ave para a posição natural, pele para dentro pena para fora
e inicia-se o acabamento com a construção de um corpo de algodão;
r) Compara-se o volume do corpo e constrói-se um corpo em forma de funil,
como se fosse um manequim com algodão e com talas que podem ser de
bambu ou arame (Figura 100);
s) Enfia-se este corpo de algodão com a parte afunilada do funil na ave até
que apareça no bico; e, em seguida cobre-se o manequim com a pele da
ave
t) Caso fique sobrando empurre o excesso de algodão para dentro, de
maneira que não altere a forma do corpo da ave;
u) Mantém-se parte da tala para fora, por onde se manuseia a peça,
evitando danos durante as preparações;
v) Costura-se a ave com agulha e linha na incisão central;
w) Como o bico está aberto por causa da tala, com auxílio de linha através
de um nó, fecha-se o bico;

210
x) Junta-se as pernas, cruzando-as e amarra-se uma etiqueta com
informações sobre o indivíduo taxidermizado (Figura 101);
y) As aves recém preparadas, devem ser armazenadas em funis de papel,
por alguns dias, para que o indivíduo adquira esta forma ideal para
estudos posteriores (Figura 102).

Figura 94 – Taxidermia de aves: primeiro corte na região ventral do animal.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

211
Figura 95 – Taxidermia de aves: perna preparada para ser cortada.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

212
Figura 96 – Taxidermia de aves: corte da cauda.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

213
Figura 97 – Taxidermia de aves: corte das asas.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

214
Figura 98 – Taxidermia de aves: procedimentos de retirada de pele da região da
cabeça.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

215
Figura 99 – Taxidermia de aves: pele totalmente retirada da carcaça.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

216
Figura 100 – Taxidermia de aves: preparação de molde em forma de funil e
membros posteriores envoltos em algodão.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

217
Figura 101 – Taxidermia de aves: animal taxidermizado, disposto em posição
anatômica (esqueda) e já envolto em algodão para armazenamento e preservação
da forma (direita).

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

218
Figura 102 – Taxidermia de aves: animal taxidermizado e armazenado em funil de
papel.

Fonte: Vanzolini e Papavero (1967).

219
4. Preparação didática de peles
Este método de preparo é também semelhante aos anteriores; porém, neste
caso, há aplicação de um molde de madeira ou corpo artificial do mesmo tamanho
que o animal original. O crânio ou um molde do mesmo pode ser utilizado para dar
maior realismo e este fica preso ao molde através de arames. A sustentação
corporal também é feita internamente com arames, que passam o nível das mãos e
pernas dos animais, ficando para fora do corpo, para que estes possam ser presos
em anteparos. A secagem dos animais preparados também deve ser feita à sombra.
Pode-se utilizar olhos de vidro para dar maior realismo. Para uma descrição
detalhada destes procedimentos, ver Anthony (1931), Hjortaa (1975), McFall (1975),
Pray (1978), Metcalf (1981) e Durrell e Durrell (1982).

5. Preparo de esqueletos (osteotécnica)


A preparação de esqueletos é um método extremamente importante para a
Sistemática animal, pois muitas vezes a pele encontra-se demasiadamente
danificada ou deteriorada, mas o crânio ou o esqueleto completo podem ainda ser
aproveitados.
A limpeza de vertebrados envolve a preparação e montagem de esqueletos
que iniciam com o desmembramento, seguido de descarnamento, secagem e
acondicionamento. A maceração, o uso de insetos e a imersão em peróxido de
hidrogênio (H2O2) são técnicas comumente utilizadas (SOUZA-JUNIOR., 2010).
As várias etapas para preparação de esqueletos são abaixo descritas,
segundo Vanzolini e Papavero (1967), Hjortaa (1975), Metcalf (1981) e Durrell e
Durrell (1982):

a) Desmembramento:
 É a primeira etapa a ser desenvolvida.
 Para peças menores (pequenos roedores, aves, lagartos, etc.) esta etapa
pode ser passada e as peças podem ser tratadas inteiras.
 Para peças de tamanho médio (ex.: um cão) pode-se realizar o
desmembramento realizando-se incisões circulares que alcancem
exatamente as articulações.

220
 Para animais de porte maior, é necessário ainda a separação do crânio com
cuidado, além da separação do tronco em duas partes, separando-se a caixa
torácida e as vértebras, sem costelas e a bacia.
 Quando somente o crânio ser utilizado, deve-se aproveitar ainda as três
primeiras vértebras, por possuírem importância taxonômica.

b) Descarnamento:
 A primeira etapa agora consiste na retirada de todas as partes moles
facilmente retiráveis, como vísceras, olhos e cérebro (em animais grandes) e
as grandes massas musculares.
 Para retirada das partes moles mais fácil, é importante promover a retirada
do excesso de sangue, deixando a carcaça imersa em água corrente ou em
um recipiente, trocando a sua água 1 ou 2 vezes por dia.
 A retirada de toda a carne dos ossos nem sempre é suficiente e pode ser
necessário também eliminar a gordura. Pendurando-se os ossos em um
frasco, ou mergulhando-os em um fluido desengordurante ou solução de
amônia é possível realizar esta tarefa. Ossos maiores podem ser furados
para que a gordura de dentro dos mesmos saia com maior facilidade.
 As carcaças podem ainda ser fervidas em água ou água amoniacal (1 a 5%)
ou solução de água com detergente e carbonato de potássio (uma colher de
chá para cada meio litro de água) para promover o amolecimento da carne e
sua posterior retirada com pinças e tesouras. Pode-se ainda colocar a
carcaça de molho em água com pedaços de mamão verde, pois bestes
contêm papaína, que ajudam a amolecer a carne. É importante atentar para o
tempo de cozimento quando se pretende preservar as articulações. Durante o
processo de cozimento é importante colocar pés e mãos em sacos para
evitar que os ossículos sejam perdidos.
 Outra opção é a realização de um processo denominado maceração, em que
as carcaças, após o descarnamento inicial, são fervidas para amolecer a
carne restante e depois são colocadas imersas em água para que bactérias
promovam a decomposição da matéria orgânica. Este processo é muito
demorado (pode chegar a meses) e resulta em um odor extremamente
desagradável, embora produza ossos não danificados.

221
 Uma terceira opção é a utilização de larvas de insetos (moscas ou
besouros) para a limpeza de ossos e esqueletos. Para a limpeza com larvas
de moscas necessita-se deixar a carcaça em contato com moscas para que
estas depositem seus ovos. Ao eclodirem, as larvas farão a limpeza total da
carcaça, deixando apenas ossos e ligamentos. Este método é pouco
recomendado por deixar odor extremamente desagradável e causar
problemas sanitários. Para a limpeza larvas de besouros recomenda-se o
uso de besouros do gênero Dermestes, que promovem uma limpeza mais
rápida da carcaça já desidratada e deixam um odor menos desagradável. É
importante frisar que para o uso destas técnicas, carcaças tratadas com
formol dificilmente são aceitas pelos insetos. Neste caso, pode tentar-se fazer
uma lavagem com água em abundância por vários dias, ou ainda caldo de
carne.
 Dentes e maxilas são estruturas chaves na identificação de mamíferos e
deve-se ser preservar, preferencialmente as duas arcadas.
 Para promover uma melhor limpeza dos ossos, pode-se colocá-los imersos
em uma solução de água oxigenada (peróxido de hidrogênio 10 volume) por
10-15 minutos, porém é importante não deixá-los muito tempo nesta solução,
pois a água oxigenada por corroer os ossos.

c) Secagem:
 Quando há necessidade de preparação de um esqueleto ainda em campo,
após o descarnamento pode-se realizar a fixação da carcaça colocando-a em
uma solução de formol , para depois secá-la. Quando os músculos
estiverem brancos, a fixação estará pronta. Na ausência de formol, gasolina
pode ser utilizada, com as cautelas que demanda. No entanto o uso de
gasolina ou formol dificulta uma posterior limpeza da carcaça por besouros
dermestídeos, devendo ser evitada.
 Para realizar a secagem da carcaça, recomenda-se o uso de álcool etílico ou
cloreto de sódio (sal de cozinha; NaCl).
 É também possível realizar a secagem da carcaça diretamente ao sol, mas
para isto é importante fazer um descarnamento mais cuidadoso.

222
 A secagem de ossos e esqueletos já descarnados deve sempre ser feita à
sombra e, em caso de ser feita fervura dos ossos, estes devem ser resfriados
lentamente. Estes processos evitam o surgimento de rachaduras ou
entortamento dos ossos.

d) Acondicionamento:
 Em montagens didáticas de esqueletos, pode-se utilizar arames entre as
vértebras, como contas em um colar, para garantir a fixação da coluna. Os
demais ossos podem ser furados ou colados para garantir a fixação das
articulações, quando os ligamentos não foram mantidos.
 O acondicionamento para coleções científicas requer maior cuidado, pois
nenhum osso ou dente de um determinado animal pode ser perdido ou
misturado à ossada de outro espécime. Para isto, cada animal deve ser
preparado em recipientes individualizados (sacos plásticos ou garrafas
plásticas) para garantir que este tipo de problema não ocorrerá. Além disso,
após preparados, todos os ossos devem ser numerados com os números de
tombo da coleção onde são depositados, de forma a garantir que quando um
pesquisador esteja trabalhando com o material, sempre seja possível saber
de qual espécime aquele determinado osso pertence.
 Os ossos devem ser guardados preferencialmente em caixas de papel,
devidamente etiquetadas, ou em frascos de plástico. Estes últimos são
menos recomendáveis, por permitirem menor ventilação e facilitar a
proliferação de fungos.

6. Preparo de cabeças
Alguns mamíferos possuem chifres ou haste e muitas vezes existem a
necessidade de preservar estas estruturas através da montagem da parte ossificada
da cabeça com a haste. Inicia-se esfolando a cabeça, o corte deve ser iniciado pelo
pescoço, passando pelos olhos até o nariz. A seguir esfola-se a pele da parte
superior da cabeça. Corta-se a pele à volta das hastes liberando até a base da
haste. Assim que extrair os olhos realiza-se o corte da cabeça promova a limpeza
da peça. A fixação em base de madeira é recomendada e para isso deve ser

223
executado mais um corte transversal (HJORTAA, 1975; DURRELL; DURRELL,
1982).

Figura 103 – Corte esquemático com tracejado onde deve ocorrer a inserção da
serra (A) e montagem da cabeça com as hastes em placa de madeira (B).

Fonte: Durrell e Durrell (1982).

7. Esquemas de dentição
As técnicas para o preparo da dentição junto às maxilas são as mesmas,
porém é extremamente importante que junto ao registro da peça conste a fórmula
dentária.
3 1 4 2
No exemplo i c pm m  42 , apresenta-se a dentição da “raposinha-do-campo”
3 1 4 3
Pseudalopex vetulus, isto é seis incisivos, sendo três superiores e três inferiores; 2
caninos; 8 pré-molares e 5 molares. Dessa forma, temos 10 dentes na arcada
superior e 11 na inferior, considerando o lado direito e esquerdo 42 dentes totais
formam a arcada da raposa.

MÉTODOS DE PREPARO E PRESERVAÇÃO EM VIA ÚMIDA


1. Conservação tradicional
Neste caso o material é preservado em meio líquido. O líquido preservador
comum é o álcool 70%. Porém antes de serem mergulhados em álcool, devem
receber solução fixadora, normalmente formol a 10% que deverá ser injetado no
sistema arterial, nas cavidades torácica e abdominal e nas grandes massas

224
musculares. A aplicação de formol enrijece os exemplares e uma posição de
montagem deve ser planejada para futuros estudos (PAPAVERO, 1994). Dentre os
mamíferos, este método é bastante utilizado para morcegos, embora sua taxidermia
também seja possível (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Para peixes répteis e anfíbios este método de preservação é o mais utilizado.
Injeta-se uma quantidade de formol suficiente para que se perceba que o bicho está
injetado, mas não estufado. No caso de peixes é recomendado o formol a 10%,
porém além da aplicação interna de formol, os indivíduos podem ser mantidos em
formol por alguns dias para maximizar a fixação do animal. Para girinos recomenda-
se a utilização de formol a 5%; e, neste caso, basta a imersão da larva em formol.
Para répteis, uma aplicação de formol próximo à cloaca dos machos é
recomendada, para tentar promover a eversão de seus hemipenis, porém com
cuidado para não danificá-los.
Deve-se tomar cuidado para não forçar a injeção de formol em qualquer das
partes do corpo, para evitar que o formol não extravase e atinja os olhos,
provocando um acidente (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Após a fixação, os indivíduos (répteis e anfíbios) são mantidos em posição
anatômica por 12-24 horas ou até alguns dias, cobertos por papel molhado com
solução de formol a 10%. Nesta posição, os membros anteriores devem ser
mantidos paralelos à cabeça, com os dedos afastados uns dos outros. Posição
análoga deve ser feita com os membros posteriores, paralelos à cauda. Em animais
de cauda longa, deve-se dobrá-la para frente. Pode ser necessária a utilização de
agulhas ou espinhos de plantas (ex.: cactáceas) para a fixação dos membros, dedos
ou cauda na posição ideal. Sabe-se que a fixação está boa quando, levantando-se o
lagarto, a cauda fica firme na posição (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
Para a fixação de cobras, a posição ideal é atingida dobrando-se o corpo do
animal em forma redonda ou elipsóide, de forma que a cabeça fique mais
externamente para facilitar seu posterior exame. No caso de serpentes muito
grandes, tira-se o couro, deixando a cabeça e a cauda, mais um palpo de tronco
acima desta e guarda-se no líquido fixador (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967). No
caso de quelônios, deve-se injetar bastante formol na cavidade geral (pela inserção
dos quatro membros), nas pernas e no pescoço (VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).
As gimnofionas (cobras cegas ou cecílias) e as salamandras devem ser
fixadas como se fossem cobras. Anfíbios anuros pequenos podem ser fixados
225
apenas colocados em contato direto com formol 10%, em posição anatômica, na
bandeja de fixação, o formol pode ser absorvido diretamente pela pele, promovendo
assim a fixação do animal. Os animais maiores exigem a injeção de formol, assim
como os répteis. Girinos devem ser mortos e fixados diretamente em formol a 5%
(VANZOLINI; PAPAVERO, 1967).

2. Conservação para estudos moleculares


Resultados satisfatórios são obtidos para extração de material genético,
quando tecidos (músculos ou fígado) e pele com milímetros quadrados são
armazenados em álcool etílico absoluto (ou álcool etílico P.A.) e integralmente
mergulhados. É possível realizar a extração de material genético mesmo de animais
que tenham sido mortos recentemente, por exemplo, aqueles encontrados
atropelados na beira de estradas. A fixação com formol inviabiliza o aproveitamento
de tecidos para estas finalidades, pois destrói o material genético (PEREZ-
SWEENEY et al., 2004). As amostras contendo tecidos armazenados em álcool
etílico absoluto devem ainda ser mantidas refrigeradas para garantir melhor
preservação do material genético. Não se recomenda armazenar pedaços de
tecidos retirados do trato digestivo ou tecido epitelial, pois estes podem trazer
contaminantes (restos de alimento ou ectoparasitos), contaminando assim o
material genético a ser utilizado para estudos posteriores. Além disto, necessita-se
utilizar frascos (tipo “eppendorf” ou tubos de ensaio) livres de contaminantes ou
esterilizados.

226
EXERCÍCIOS

1. Diferencie métodos passivos e ativos para coleta de vertebrados, exemplificando-


os.

2. Compare os pares de métodos de amostragem de vertebrados listados abaixo,


listando os fatores positivos e os negativos da utilização de cada um deles para um
mesmo grupo de animais qualquer:
a) Armadilhas de queda e armadilhas de interceptação e de queda
b) Coleta manual noturna e coleta manual diurna
c) Coleta diurna e noturna com redes de neblina
d) Redes de arrasto e redes de espera
e) Senso visual e armadilhas fotográficas
f) Armadilhas tipo Shermann e Tomahawk

3. Quais fatores podem influenciar a aplicação:


a) de métodos ativos de amostragem de vertebrados?
b) de métodos passivos de amostragem de vertebrados?

4. Diferencie e exemplifique métodos de preservação de vertebrados em meio seco


e em meio líquido.

5. Um pesquisador encontrou uma carcaça em avançado estágio de decomposição,


de um mamífero de médio/grande porte durante uma atividade de campo e
necessita realizar a preparação osteológica da cabeça. Qual(s) procedimento(s) ele
deve/pode adotar?

6. Como realizar a preservação de tecidos de vertebrados para estudos


moleculares?

227
7. Associe os grupos de vertebrados listados na coluna da esquerda com os
métodos preferenciais de preparação e de preservação com finalidade científica,
listados na coluna da direita. Cada associação pode acontecer uma, mais de uma
ou nenhuma vez.

TÁXONS MÉTODOS DE PREPARAÇÃO


( ) Morcego 1. Fixação com formol
( ) Rato 2. Fixação direta em álcool
( ) Urubu 3. Taxidermia
( ) Gato 4. Preservação permanente em formol
( ) Girino de anfíbio 5. Preservação temporária em álcool
( ) Sardinha
( ) Salamandra
( ) Beija-flor
( ) Tubarão
( ) Lagartixa
( ) Cecília
( ) Tartaruga
( ) Arraia

228
Capítulo 6 – Coleções Zoológicas:
panorama geral e perspectivas

Leonardo Sousa Carvalho & Janete Diane Nogueira-Paranhos

Até o início do século XIX, exemplares de plantas e animais eram coletados


por aventureiros e comerciantes, ao longo de suas viagens pelo mundo, e enviados
aos centros europeus para alimentarem os gabinetes de curiosidades que
estimulavam o imaginário da nobreza (ZAHER; YOUNG, 2003). Alguns dos
gabinetes formaram, então, os embriões do que viriam a ser grandes coleções
zoológicas européias, como por exemplo, o Museu de História Natural de Paris
(ZAHER; YOUNG, 2003).
No decorrer do século XIX, o conhecimento acerca da biodiversidade
planetária expandiu-se significativamente, graças à intensificação do comércio
marítimo e das rotas de navegação entre o Novo e o Velho Mundo. Nessa época de
ouro da Zoologia, os museus de história natural já haviam conquistado um papel
preponderante nas ciências biológicas, como centros de estudo da biodiversidade
(ZAHER; YOUNG, 2003). A associação feita entre os museus de história natural e o
estudo da biodiversidade não parou de se estreitar e se fortalecer no decorrer dos
anos. Da mesma forma, a pesquisa em Sistemática, que trata dessas coleções
científicas, passou a representar a espinha dorsal do conhecimento em
biodiversidade (ZAHER; YOUNG, 2003).
No entanto, a consolidação das principais coleções internacionais ocorreu
nas últimas duas décadas, embora o mesmo não tenha ocorrido em países em
desenvolvimento, em função da ausência de políticas adequadas para o setor,
recursos limitados e falta de demanda industrial qualificada (CANHOS; VAZZOLER,
2004). Tal fato torna-se preocupante, visto a individualidade e a importância

229
científica das coleções zoológicas, tornando-as um patrimônio pelo qual a sociedade
deve zelar, através das instituições mantenedoras (TADDEI et al., 1999)
As coleções científicas são um registro permanente da herança natural do
planeta e a base para o desenvolvimento de muitas pesquisas (MAGALHÃES et al.,
2005; BRAZIL; PORTO, 2011). Estes ambientes têm como função principal
armazenar, preservar e ordenar o acervo de espécimes representando a
diversidade biológica de organismos (fósseis e atuais) que povoaram o planeta até
os dias de hoje (ZAHER; YOUNG, 2003). Além disto, elas estão na base das
pesquisas sobre a diversidade animal e constituem o acervo básico a partir do qual
essa diversidade é reconhecida e localizada. Apesar de diferirem em seu tamanho,
escopo e tradição, cada coleção zoológica é única e irreproduzível, pois as
amostras que contêm representam indivíduos biológicos e momentos únicos na
história dos ecossistemas amostrados. Freqüentemente, as coleções abrigam
espécimes da fauna silvestre provenientes de regiões atualmente alteradas pela
ação humana e das quais nada saberíamos, se não fossem os acervos disponíveis
(TADDEI et al., 2003).

IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS DAS COLEÇÕES ZOOLÓGICAS


Pode-se resumir a relevância das coleções biológicas na afirmação de que
elas se constituem na mais importante fonte de informações sobre a composição,
distribuição – espacial e temporal – e conteúdo da biodiversidade de nosso planeta
(MAGALHÃES et al., 2005).
Entretanto, considerar as coleções biológicas como o núcleo de um
novo e complexo conjunto de processos produtivos talvez seja, atualmente, o
aspecto mais importante a ser considerado em termos da sua relevância para a
sociedade (MAGALHÃES et al., 2005). Esse aspecto foi apropriadamente discutido
por Fonseca et al., (2002), que chamaram a atenção para a mudança de paradigma
tecnológico que estamos vivenciando, em que a biotecnologia está causando – e
deverá causar – um impacto ainda de difícil mensuração. Segundo esses autores,
este novo paradigma deverá demandar uma base de conhecimento sobre o
conteúdo da biodiversidade que ainda não conseguiu ser produzido até hoje. Eles
enfatizam que, com o crescimento do impacto e das perspectivas econômicas dos
ramos produtivos dedicados à biotecnologia, estratégias de desenvolvimento que
230
exigem a conservação da biodiversidade e o uso sustentado da biota passam a ter
mais importância que o modelo extrativista que ainda vigora.
Diversos outros aspectos sobre a importância de formar, manter e
incrementar coleções biológicas também devem ser considerados e vários autores
já discorreram sobre eles (ver MAGALHÃES et al., 2005 e MARINONI et al., 2006,
para referências). Abaixos são listados diversos aspectos que fazem das coleções
biológicas um recurso essencial para a sociedade, retirados de MAGALHÃES et al.,
(2005). Assim, de uma forma geral, as coleções representam:
 Um registro permanente da herança natural do planeta, representando um
investimento contínuo da sociedade no esforço de entender o mundo
natural;
 A base para a pesquisa em muitas disciplinas científicas, em particular as
que estudam a descrição, classificação e reconstrução da história
evolutiva das espécies;
 A preservação dos elementos para a comprovação de pesquisas
pregressas, possibilitando a verificação da validade da informação
científica;
 Uma fonte de informações críticas para diversos campos da Ciência,
como Agricultura, Biogeografia, Biologia Pesqueira, Conservação e
Manejo de recursos naturais, Bioquímica, Biotecnologia, Ecologia,
Epidemiologia, Evolução, Genética, Medicina, Toxicologia, mudanças
globais, Legislação, etc.;
 Uma base de dados essencial para estudos de caracterização e impacto
ambiental,bem como para oferecer subsídios valiosos ao planejamento,
estabelecimento, acompanhamento e avaliação de políticas públicas, de
programas e projetos desenvolvimentistas, de alterações ambientais, de
políticas conservacionistas e demanejo de recursos naturais e, em
especial, à identificação de componentes dadiversidade biológica que
levem à descoberta de novos recursos e possibilidades;
 Um conjunto de informações sobre a fauna, flora e microbiota que se
constituem em elementos essenciais do componente biodiversidade a ser
incorporado aodesenvolvimento de modelos científicos sobre a ocupação
e utilização dos recursos de uma região;

231
 Uma base de planejamento para pesquisas futuras;
 Um recurso de grande valor didático, ao dar suporte a atividades de
ensino secundário (feiras de ciências), universitário e pós-graduação, bem
como apoio a programas de educação ambiental, auxiliando a promover a
conscientização do público para as questões ambientais e de preservação
da biodiversidade;
 Um valioso potencial cultural, ao propiciar possibilidades de
entretenimento e de divulgação de valores culturais de uma região,
relacionadas a elementos da fauna e flora, tanto em termos de exposições
físicas, quanto virtuais (páginas eletrônicas bem elaboradas, com
informações e jogos visando divertir, educar e informar o visitante).

Além disto, há uma série de benefícios que pode ser extraída das coleções, a
partir do manejo adequado das informações nelas contidas. Abaixo são transcritos
alguns dos benefícios advindos das coleções biológicas, retirados de MAGALHÃES
et al., (2005) e MARINONI et al., (2006):
 Análise e monitoramento a longo prazo de mudanças ambientais;
 Descoberta de novos recursos biológicos, direcionando melhor a pesquisa
por genes, agentes biocontroladores e espécies potencialmente úteis para
a humanidade;
 Estímulo ao ecoturismo, ao fornecer elementos para exibições sobre a
história natural de ecossistemas de uma região.
 Fornecem o contexto científico para o entendimento dos processos de
especiação, extinção e adaptação que produziram a atual diversidade da
vida;
 Incremento da comunicação e colaboração global, com conseqüente
redução da duplicação de esforços e aumento da produtividade científica;
 Melhor documentação sobre extinção e alterações de distribuição de
espécies;
 Melhora na relação custo-benefício do manejo de recursos biológicos à
medida que bancos de dados on line possibilitam um acesso mais
eficiente a informações sobre Sistemática e disciplinas relacionadas;

232
 Possibilidade de acesso imediato ao conhecimento sistemático para a
resolução de problemas;
 Promoção de novas possibilidades de comparações e associações entre
os dados biológicos e os de outras fontes, como biotecnologia, geologia,
ecologia, genética molecular, etc., que promovam uma melhor
compreensão, preservação e uso sustentável da diversidade biológica em
escala global;
 Subsídio à modelagem de nicho ecológico, com seu uso potencial na
previsão de alterações bióticas decorrentes de mudanças no clima global,
assim como de rota e disseminação de espécies invasoras
 Subsídio a políticos, legisladores, técnicos e tomadores de decisão no
estabelecimento de prioridades em políticas conservacionistas e de
manejo de recursos naturais sustentáveis;

FONTE DE MATERIAL PARA AS COLEÇÕES


Os espécimes de uma coleção zoológica podem ser coligidos de diferentes
formas. O mecanismo mais comum é a coleta direta de espécimes e/ou amostras
de animais (viventes ou fossilizados) durante a realização de pesquisas científicas in
situ ou ex situ e a posterior incorporação destes indivíduos a acervos de coleções
científicas. A coleta de material biológico segue legislação específica de órgãos
governamentais, tais como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Hídricos Renováveis (IBAMA) ou o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio). Atualmente, uma grande gama de licenças para atividades
com finalidade científica (ex.: coleta de material biológico) é emitida, pela internet,
através do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO),
instituído pela Instrução Normativa n.º 154/2007 do IBAMA.
Outros mecanismos que podem ser aplicados para aumentar o acervo de
uma coleção incluem: permuta (troca de espécimes entre coleções zoológicas),
retenção (quando parte dos indivíduos de um lote de uma determinada coleção são
retidos ou doados após o empréstimo daquele lote a outra coleção) e pelo
recebimento de entregas ou doações voluntárias de animais capturados pela

233
população local, prefeituras, centros de controle de zoonoses, hospitais e órgãos
ambientais (IBAMA, ICMBio, Polícia Militar, Corpo de Bombeiros, etc.).

TIPOS DE COLEÇÕES ZOOLÓGICAS


Coleções de animais podem variar de pequenas amostras mantidas por
pesquisadores individuais em suas respectivas instituições até coleções
estruturadas e tradicionais, como aquelas mantidas por museus (TADDEI et al.,
1999). O escopo, a importância e as aplicações dessas diferentes coleções são
muito variados; e, se entrevistado individualmente, cada pesquisador certamente
forneceria propósitos particulares para sua coleção (TADDEI et al., 1999).
A primeira distinção entre tipos de coleções zoológicas diz respeito à sua
finalidade básica, existindo coleções que são, prioritariamente, relacionadas a
atividades de ensino, sendo estas denominadas coleções didáticas. As coleções
didáticas são compostas por espécimes que podem não ter informação de sua
procedência e preparados (emblocados em resina acrílica, fixados, montados ou
taxidermizados) de maneira a exibir, didaticamente, caracteres úteis às práticas de
ensino. Estes animais podem, eventualmente, sofrer danos durante a sua utilização
em atividades didáticas, sem haver grandes prejuízos para a realização de
atividades de pesquisa.
Como exemplificado por Azevedo-Filho et al., (2007), alguns espécimes
incluídos em coleções podem não apresentar qualquer etiqueta de coleta ou
identificação, tornando-os impróprios para utilização científica. No entanto, estes
indivíduos também podem ser devidamente recuperados, visto que a possibilidade
de haver exemplares de significativa importância, os quais poderão vir a ser
utilizados como apoio didático, constituindo assim uma coleção didática. Tal
importância é corroborada por Papavero (1994), ao afirmar que o aprendizado é
mais efetivo e imediato quando os interessados encontram-se diante do material
objeto de estudo.
As coleções didáticas diferem, substancialmente, das coleções científicas,
que possuem o objetivo primário de armazenar espécimes já utilizados em
pesquisas pretéritas ou que podem ser utilizados na realização de pesquisas
científicas futuras, dentre outras finalidades. Abaixo são apresentadas algumas
classificações de coleções científicas, que embora possam ser arbitrárias, permitem
234
compreender os diferentes níveis em que estas podem estar organizadas; além de
refletir o grau e comprometimento institucional para com as coleções, algo que está,
às vezes, além da vontade do pesquisador responsável (TADDEI et al., 1999).

Grandes acervos ou coleções de caráter geral


Estão incluídas aquelas coleções cujo propósito básico é o de servir como
depósito de amostras zoológicas de amplo escopo geográfico e taxonômico. Essas
coleções podem ser reconhecidas por conterem espécimes que excedem os
objetivos e linhas de pesquisa de qualquer pesquisador individual. São geralmente,
mas não necessariamente, as mais antigas e tradicionais, contendo freqüentemente
grandes amostras de diversos grupos taxonômicos e de diversas localidades
(TADDEI et al., 1999). Uma vez que essas coleções são criadas para abrigar
material por tempo indefinido e até mesmo na inexistência de um pesquisador
especializado, o grau de comprometimento institucional neste caso é máximo
(TADDEI et al., 1999). No Brasil, destacam-se as coleções do Museu de Zoologia da
Universidade de São Paulo (MZSP; São Paulo-SP), o Museu Paraense Emílio
Goeldi (MPEG; Belém-PA) e o Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ; Rio de
Janeiro-RJ). No entanto, as maiores coleções gerais do mundo localizam-se nos
Estados Unidos e na Europa, especialmente na França, Alemanha e Inglaterra,
países desenvolvidos e que possuem condições financeiras para manter e ampliar
os acervos de suas coleções

Coleções de referência ou coleções de caráter regional


Estão incluídas as coleções zoológicas de escopo taxonômico e/ou
geográfico mais restrito, mas que ainda podem vir a exceder os objetivos básicos e
linhas de pesquisa de pesquisadores individuais (TADDEI et al., 1999). Um exemplo
é o das coleções de referência, que incluem espécimes utilizados para identificação
em uma base regional. Esse tipo de coleção, geralmente iniciado por um
especialista que desenvolve projetos ao redor de seu domicílio acadêmico,
freqüentemente interessa ao seu departamento ou instituto de pesquisa, mesmo na
ausência do pesquisador que a iniciou. Este tipo e as coleções de pesquisa,
freqüentemente de modo conjunto, são os mais comuns nos departamentos das
universidades (TADDEI et al., 1999). No entanto, por tratarem-se de coleções
menores, podem vir à sofrer com menor apoio institucional e falta de recursos para
235
sua manutenção. Neste caso, é importante que os curadores e/ou administradores
destas coleções façam a incorporação do acervo a grandes coleções gerais,
permitindo assim a correta manutenção do referido acervo.

Coleções de pesquisa
São aquelas que incluem espécimes relacionados à pesquisa imediata de
seu criador, tais como as coleções realizadas ao longo do desenvolvimento de um
determinado projeto (TADDEI et al., 1999). Praticamente todos os zoólogos e
ecólogos que desenvolvem pesquisas no campo eventualmente coletam alguns
espécimes com finalidades diversas e os mantêm em seus laboratórios, para estudo
e consulta. Parece ser um tipo bastante comum de coleção e freqüentemente os
pesquisadores por ela responsáveis depositam material tipo ou séries já estudadas
em coleções maiores. Essas coleções podem ser bem complexas e até grandes,
mas sua manutenção pelos departamentos ou instituições geralmente não é
interessante na ausência do pesquisador (TADDEI et al., 1999). Por exemplo:
durante a realização de um resgate de fauna de um empreendimento a longo prazo,
os pesquisadores envolvidos podem realizar coleta de espécimes biológicos, montar
uma pequena coleção de referência para a pesquisa durante a realização de tal
atividade e proceder a incorporação dos espécimes restantes à coleções de caráter
geral ou regional. Posteriormente, todos os espécimes deste pequeno acervo
também serão incorporados à coleções maiores.

Coleções particulares
Esta categoria inclui as coleções particulares, que infelizmente ainda existem
e que variam em seu escopo, tamanho e objetivos. Em comum, possuem a
característica de serem de difícil acesso e, quando são valiosas, representam ônus
para o estado, que freqüentemente as adquire após o desinteresse ou morte do
colecionador. Quando são confeccionadas por especialistas, podem ser tão
importantes quanto as coleções gerais ou regionais; nas mãos de amadores, são
geralmente pouco confiáveis, principalmente quando a motivação original é
financeira (TADDEI et al., 1999).
Esses tipos de coleções zoológicas - variáveis como são em termos de
acesso, representatividade, qualidade de manutenção e fidedignidade das
informações que contêm - representam, em última instância, um patrimônio a ser
236
mantido e utilizado. Entretanto, uma vez que o grau de comprometimento
institucional não é o mesmo, acervos bastante interessantes podem ser perdidos
quando o pesquisador que os criou é transferido, se aposenta ou falece (TADDEI et
al., 1999).
A criação de coleções particulares, pelos motivos acima expostos não é
recomendada, porém é compreensível quando trata-se de coleções de referência ou
coleções para projetos de pesquisa, havendo posterior incorporação destes acervos
à coleções de caráter geral ou regional. Este foi o caso da incorporação da coleção
particular do entomólogo Johan Becker ao Museu de Zoologia da Universidade
Estadual de Feira de Santana, que era composta de mais de 14 mil insetos de
diversos estados brasileiros; e ainda do acerco particular de mais de 120 mil
espécimes, do herpetólogo Werner Bokermann, incorporado ao acervo do Museu de
Zoologia da Universidade de São Paulo.

Coleções grupos taxonômicos determinados


Estas coleções são caracterizadas por serem constituídas de espécimes de
táxons específicos, de interesse de um pesquisador (ou de um conjunto de
pesquisadores) ou de determinada instituição, por algum propósito específico. Estes
são os casos de coleções com finalidades médico-sanitárias e coleções de cunho
agropecuário. As coleções com finalidades médico-sanitárias podem ser
exclusivamente criadas para receber espécimes de parasitas, vetores, protozoários
(leishmânias e tripanossomos), bactérias, fungos, entre outros (MAGALHÃES et al.,
2001). Estas coleções podem ser baseadas em espécimes vivos, importantes para
pesquisas no controle de endemias, na tecnologia de alimentos, e na biotecnologia
através da busca de princípios bioativos oriundos destes organismos ou oriundos de
outros seres vivos (ex.: peptídeos de venenos animais) que possam combater a
infestação, o desenvolvimento ou patologias causadas por estes microorganismos
(MAGALHÃES et al., 2001).
As coleções de cunho agropecuário podem ser exclusivamente criadas
para receber espécimes de pragas agrícolas, parasitas de animais domesticados,
entre outros. No entanto, este tipo de coleção não necessariamente seja
exclusivamente zoológica, podendo incluir ainda bancos de germoplasma,
essenciais para a conservação e exploração de recursos genéticos de espécies
nativas, como hortaliças e fruteiras, e a coleção de microorganismos de interesse
237
agronômico, como por exemplo, rizóbios, importantes para estudos de
sustentabilidade de sistemas agrícolas em nitrogênio (MAGALHÃES et al., 2001).
Além disto, algumas coleções particulares ou coleções de pesquisa, como descritas
acima, também podem ser consideradas coleções de grupos taxonômicos
determinados.

PANORAMA GERAL DAS COLEÇÕES ZOOLÓGICAS BRASILEIRAS


O Brasil ganhou a sua primeira coleção científica graças à iniciativa do
imperador Dom João VI, que fundou, em 1818, a Casa dos Pássaros, instituição que
deu origem ao Museu Nacional do Rio de Janeiro. Posteriormente, em 1866 e 1886,
foram criadas as coleções científicas do Museu Paraense Emílio Goeldi e do Museu
de Zoologia da Universidade de São Paulo, respectivamente (ZAHER; YOUNG,
2003). Hoje, estas três instituições abrigam o maior acervo da nossa diversidade
biológica. No decorrer do século XX, e paralelamente a esses grandes centros,
diversas outras instituições científicas constituíram coleções zoológicas regionais
que passaram a formar uma rede com proporções e representatividade ainda mal
estimadas (ZAHER; YOUNG, 2003).
As primeiras avaliações sugerem que haja cerca de 26 milhões de espécimes
depositados em coleções brasileiras, sendo, sem sombra de dúvida, o maior acervo
do mundo sobre a região neotropical. Entretanto, a falta histórica de iniciativa na
manutenção de um cadastro nacional de coleções científicas dificulta a elaboração
de um panorama efetivo sobre a situação atual dessas coleções (ZAHER; YOUNG,
2003).
No entanto, alguns estudos forneceram um diagnóstico detalhado das
coleções biológicas no Brasil (por exemplo, BRANDÃO et al., 1998, 2006;
SIQUEIRA; JOLY, 1997; MENDES; SOUZA, 2003; MAGALHÃES; BONALDO, 2003;
SABINO; PRADO, 2005; MAGALHÃES et al., 2005; MARINONI et al., 2006;
LEWINSOHN; PRADO, 2006). Além de apontarem os problemas com relação à
deficiência de profissionais inseridos nas coleções biológicas nacionais, estes
autores ressaltam também as condições inadequadas de infra-estrutura, tais como a
ausência de climatização, armários apropriados, etc.; além da falta de pessoal e
material para as rotinas de manutenção, tais como troca periódica de líquidos
fixadores ou expurgo de pragas (LEWINSOHN; PRADO, 2006).
238
Em comparação com a grande carência de especialistas, LEWINSOHN &
PRADO (2006) afirmam que o diagnóstico das coleções científicas é um pouco mais
encorajador: em geral, foram consideradas ao menos parcialmente adequadas.
Ainda assim, as coleções foram consideradas suficientes, ou quase, para o estudo
de apenas 25% dos táxons avaliados, ao passo que em 27% foram tidas como
totalmente inadequadas. Os problemas são agravados pela distribuição desigual
das coleções no país (LEWINSOHN & PRADO, 2006); como comentado a seguir.

Panorama das coleções de invertebrados do Brasil


Segundo Brandão et al., (2006) existem cerca de 30 milhões de exemplares
de invertebrados depositados em 91 coleções zoológicas brasileiras, incluindo
anelídeos, aracnídeos, crustáceos, helmintos, insetos, miriápodes e moluscos, entre
outros; e envolvem cerca de 220 pesquisadores e 110 técnicos (BRANDÃO et al.,
2006). Embora defasados, estas informaçòes permitem expor o panorama das
coleções zoológicas de invertebrados no Brasil, comparando-se estes valores com
aqueles apresentados para vertebrados (item seguinte), um grupo que representa
apenas 5% da biodiversidade mundial. Como exemplo desta defasagem, pode-se
citar a Coleção de História Natural da Universidade Federal do Piauí, criada em
2010, que possui um acervo de cerca de 6 mil exemplares de diversos grupos de
vertebrados e invertebrados, além de 3 pesquisadores e 1 técnico.
A grande maioria das coleções de invertebrados, cerca de 90%, é de
instituições públicas da órbita federal, estadual ou municipal, enquanto apenas 10%
é de instituições privadas (MAGALHÃES et al., 2005). As coleções mais numerosas
e mais representativas em termos geográficos, taxonômicos e ecológicos estão nas
instituições que contam com uma política institucional específica para a formação,
conservação e crescimento de acervos biológicos, além de um longo histórico de
atuação nessa área, como é o caso do Museu Nacional do Rio de Janeiro, do
Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZSP), do Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG) – instituições cujo início das coleções remontam ao século
XIX –, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Museu de
Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (MCN) e o
Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS (MCT) (MAGALHÃES et al., 2005).
Estas coleções, como visto acima, são consideradas grandes coleções de caráter
geral. Além disso, várias universidades e algumas instituições de pesquisa mantêm
239
coleções mais ou menos numerosas, mas muitas vezes restritas a um ou poucos
grupos, em geral reflexo de interesses específicos de especialistas atuantes ou de
linhas de pesquisa institucionais (MAGALHÃES et al., 2005), sendo assim
consideradas coleções de caráter regional, coleções de projetos de pesquisa ou
coleções de grupos taxonômicos específicos.
A seguir, comenta-se a situação das coleções zoológicas de diversos grupos
de invertebrados, dentre eles: poríferos, cnidários, equinodermos, anelídeos,
aracnídeos, miriápodes, crustáceos, moluscos e insetos. É importante lembrar, que
assim como exemplificado anteriormente, estas informações possuem uma
defasagem devido à inexistência de publicações mais recentes.
Os poríferos estão abrigados em dez instituições sediadas em nove estados.
Somados, o número total de espécimes situa-se próximo de 30.000, o que não
garante sequer representatividade satisfatória da diversidade de espécies, que dirá
da diversidade genética em escalas espacial e temporal (MAGALHÃES et al., 2005).
Os cnidários estão representados por cerca de 8.000 indivíduos distribuídos em
menos que dez coleções, distribuídas pelos estados do Ceará, Pernambuco, São
Paulo e Rio de Janeiro (MAGALHÃES et al., 2005). As coleções de equinodermos
são mantidas em pelo menos sete instituições (maioria do eixo RJ-SP), mas as
informações disponíveis sobre seus acervos são escassas e estima-se a presença
de pelo menos 15 mil indivíduos (MAGALHÃES et al., 2005).
Os anelídeos possuem um panorama mais incerto, em relação aos grupos já
apresentados. Segundo MAGALHÃES et al., (2005), as principais coleções estão
localizadas nos estados de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, havendo acervos
expressivos no Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul; porém o tamanho destes
acervos é desconhecido. Dentre as coleções de aracnídeos, pode-se destacar as
grandes coleções de caráter geral dos estados do Rio de Janeiro (MNRJ, UFRJ),
São Paulo (MZSP, Instituto Butantan – IBSP), Pará (MPEG), Amazonas (INPA) e
Rio Grande do Sul (MCN, PUC-RS, Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia
Universidade Católica – MCTP), onde cerca de 500.000 exemplares das diversas
ordens de aracnídeos encontram-se depositados (MAGALHÃES et al., 2005).
Dentre as coleções de miriápodes (quilópodes, diplópodes, sínfilos e
paurópodes) se destacam: MZUSP, MNRJ, IBSP, MHNCI e INPA, com um total
aproximado de 14 mil espécimes (MAGALHÃES et al., 2005).

240
Os crustáceos encontram-se representados em coleções de distintos níveis
de tamanho, representatividade e situação de gerenciamento, distribuídos em 21
instituições brasileiras em 16 unidades da federação, porém o total de indivíduos
presentes nestes acervos não seja conhecido (MAGALHÃES et al., 2005). As
coleções de moluscos ou no mínimo de conchas, são virtualmente produzidas por
todas as instituições de ensino de biologia, seja pública, seja privada (MAGALHÃES
et al., 2005). Dentre as coleções científicas de moluscos, as grandes coleções de
caráter geral (MNRJ, MZSP, INPA, MCN, INPA, etc.) são as que detêm a maior
representatividade nacional, somando mais de 130 mil exemplares (MAGALHÃES et
al., 2005).
As coleções entomológicas (insetos) brasileiras podem ser consideradas
enormes quando comparadas a outros grupos de animais, porém isto reflete a
diversidade do grupo. Os insetos representam cerca de 50% das espécies descritas
no mundo e com estimativas de um total de 10 milhões (MARINONI et al., 2006),
sendo conhecidas para o Brasil entre 91 a 126 mil espécies deste táxon
(LEWINSOHN; PRADO, 2005). O estado-da-arte das coleções entomológicas
brasileiras é apresentado por Marinoni et al., (2006) por ordem de insetos. Com
tamanha diversidade e grande abundância em ambientes tropicais, grandes
números de indivíduos podem ser encontrados em coleções nacionais para alguns
grupos. Pode-se citar, por exemplo, a presença estimada de cerca 2 milhões de
coleópteros (besouros) nas coleçãos do INPA e também do MNRJ; cerca de 500 mil
dípteros na coleção do MZSP; cerca de 100 mil hemípteros no MNRJ; 1,6 milhão de
hemípteros no MPEG; e cerca de 260 mil lepidópteros (borboletas e mariposas) na
Coleção Entomológica Pe. Jesus Santiago Moure da Universidade Federal do
Paraná (DZUP).
As coleções helmintológicas estão presentes em poucas instituições
brasileiras, destacando-se a do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), uma das maiores do
mundo com cerca de 33.000 lâminas, de grande importância, tanto pelo seu valor
histórico e taxonômico, quanto pelas suas implicações nas ciências da saúde
(MAGALHÃES et al., 2005). Além disto, diversos outros grupos de invertebrados
(ex.: Tardigrada, Onychophora, Nematoda, Chaetognatha, Sipuncula, Echiura,
etc.) encontram-se representados por poucos indivíduos em coleções científicas
nacionais, devido à inexistência de pesquisadores trabalhando com estes grupos ou
as informações não estão disponíveis na literatura (MAGALHÃES et al., 2005).
241
Panorama das coleções de vertebrados no Brasil
As instituições brasileiras abrigam 71 coleções de vertebrados, com mais de
3,2 milhões de exemplares, 130 pesquisadores e 110 técnicos listados nos
diagnósticos publicados (BRANDÃO et al., 2006). Embora estes números sejam
menores que aqueles apresentados para invertebrados, um grupo muito mais
diverso, pode-se considerar que as coleções de vertebrados são melhores e mais
representativas que as de invertebrados (BRANDÃO et al., 2006).
São conhecidas cerca de 50 mil espécies viventes de vertebrados (SABINO;
PRADO, 2005) e, no decorrer dos últimos 15 anos, foram descritas em média, por
ano no Brasil, uma espécie de mamífero, uma de aves, três de répteis, seis de
anfíbios e 18 de peixes (ZAHER; YOUNG, 2003). A taxa constante de descoberta
de novas espécies se deve ao aumento significativo das coleções científicas
brasileiras e ao crescente número de especialistas atuando no país. Por outro lado,
os mesmos dados apontam para a necessidade de maiores investimentos na área
no intuito de viabilizar a elaboração de um quadro mais estável, em médio prazo,
sobre a biodiversidade dos vertebrados brasileiros (ZAHER; YOUNG, 2003).
As coleções brasileiras de peixes somam cerca de 265.000 lotes, sendo
4.684 lotes de material tipo. Uma comparação inevitável, que demonstra a
necessidade imediata de investimentos para incentivo, formação e estruturação dos
acervos científicos brasileiros de peixes, é com o acervo ictiológico do American
Museum of Natural History (Nova Iorque, Estados Unidos), que possui cerca de
150.000 lotes, mais da metade do número de lotes de todos os 13 acervos
brasileiros somados (PRUDENTE et al., 2005).
As coleções de anfíbios são estimadas em 30, no Brasil, existindo desde
coleções pequenas (até 3.000 espécimes) até acervos que se aproximavam ou
superavam os 100 mil espécimes (PRUDENTE et al., 2005). A maioria das coleções
de anfíbios possui acervos situados entre 5 e 10 mil espécimes, em geral,
associadas a núcleos de pesquisa nas Universidades. O número de espécimes
incorporados a esses acervos vem crescendo, e mesmo coleções vêm se
estabelecendo, na medida em que ocorre a fixação de pesquisadores interessados
em anuros em novas áreas, o que tem caracterizado, por exemplo, o Nordeste, nos
últimos 10 anos (PRUDENTE et al., 2005).

242
As coleções brasileiras de répteis possuem mais de 310 mil indivíduos de
lagartos, serpentes, quelônios e crocodilianos, sendo as coleções do MPEG, IBSP e
MZSP as mais representativas (PRUDENTE et al., 2005). Estas coleções
herpetológicas ainda não representam toda riqueza e diversidade de répteis do
Brasil, embora, possuam significativos e valiosos acervos em termos de número de
espécimes e de biomas amostrados (PRUDENTE et al., 2005). Vários biomas
encontram-se mal representados, com um grande número de espécies mal
amostradas, principalmente as que apresentam distribuição e localização em áreas
remotas. Além disso, não há uma boa representatividade das populações
pertencentes às espécies ou complexos de espécies com grande abrangência
geográfica (PRUDENTE et al., 2005). Desta forma, se considerarmos apenas os
dados contidos nos acervos brasileiros, provavelmente não seria possível avaliar de
forma satisfatória a diversidade de répteis presente no território nacional
(PRUDENTE et al., 2005). Além disto, o incêndio ocorrido no Laboratório de
Herpetologia do Instituto Butantan, em maio de 2010, destruiu parte da maior
coleção de serpentes da região neotropical do mundo, a Coleção Herpetológica
"Alphonse Richard Hoge", que possuía cerca de 80 mil exemplares.
As coleções brasileiras de aves estão entre as mais significativas do mundo e
têm exercido um enorme impacto internacional no desenvolvimento da ornitologia
na região Neotropical. Essas coleções incluem tantos acervos “tradicionais” (peles,
meio-líquido, esqueletos e fragmentos), quanto aqueles de origem mais recente
(tecidos e arquivos áudio-visuais) (PRUDENTE et al., 2005). Existem 33 acervos
ornitológicos no Brasil, porém informações sobre o tamanho de seus acervos não
são totalmente disponibilizadas. Prudente et al., (2005) apresentou os acervos de 12
destas 33 coleções ornitológicas, que totalizam cerca de 250 mil espécimes
taxidermizados, 13.500 espécimes em meio-líquido, 11 mil ninhos e ovos, 10 mil
espécimes osteológicos e 800 fragmentos. Embora todas as coleções pesquisadas
por Prudente et al., (2005) estejam em expansão, na maior parte delas esse
crescimento é inconstante e oportunista, ou seja, normalmente feito através de
projetos não direcionados à coleta científica geral de espécimes, como estudos que
envolvam a captura/soltura de aves, ou projetos ecológicos / taxonômicos
direcionados a poucas espécies. Poucas coleções têm uma política de organizar
excursões de campo cujo objetivo, ainda que secundário, seja a coleta geral de
espécimes ornitológicos, fator decisivo para o crescimento constante e a ampliação
243
da representatividade taxonômica e geográfica de uma determinada coleção
(PRUDENTE et al., 2005). Embora a opção por uma política de coleta como essa
seja facultativa a uma determinada instituição e aos seus curadores, ela é
certamente a mais adequada para um aprimoramento contínuo das coleções
ornitológicas brasileiras e deve ser estimulada ao máximo (PRUDENTE et al.,
2005).
As coleções mastozoológicas apresentam atualmente uma amostragem
apenas satisfatória da fauna de mamíferos, em se tratando de número de
espécimes, diversidade taxonômica e cobertura geográfica (PRUDENTE et al.,
2003). Segundo Mendes e Souza (2003) 13 instituições nacionais possuem
coleções de mamíferos que somam cerca de 200 mil exemplares, um número ainda
insuficiente para o conhecimento da diversidade mastofaunística no Brasil (VIVO,
1996). Estas coleções continuam expandindo-se, em número de espécies, táxons e
de localidades amostradas, devido ao aumento do número de mastozoólogos
profissionais, embora as dificuldades, como acondicionamento de espécimes e
equipamentos, apresentadas por Mendes e Souza (2003) não tenham sido
abrandadas na maioria das instituições. Todavia, o ritmo de expansão não é
adequado à obtenção de amostras satisfatórias para uma estimativa mais realista
da atual diversidade de mamíferos (PRUDENTE et al., 2005).

DIFICULDADES ENCONTRADAS NA MANUTENÇÃO DAS COLEÇÕES


Com exceção de alguns apoios financeiros esporádicos conhecidos, nunca
houve, por parte dos organismos de fomento, uma política de longo prazo de
formação e manutenção de coleções científicas no Brasil (ZAHER; YOUNG, 2003).
A maioria das coleções zoológicas brasileiras foi erguida através do esforço isolado
de um ou alguns pesquisadores e instituições, impelidos pela necessidade de criar
fontes essenciais de consulta e informação. Entretanto, muitas destas coleções
encontram-se alocadas em instituições onde os pesquisadores têm dificuldade em
obter os recursos necessários para arcar com os altos custos de manutenção,
principalmente quando se trata de instituição do nordeste e do centro-oeste do
Brasil (ZAHER; YOUNG, 2003). O resultado decorrente da falta de orientação por
parte dos organismos federais pode ser constatado na ausência de padronização
dos acervos e de compromisso institucional em longo prazo (ZAHER; YOUNG,
244
2003). Este compromisso pode ser observado através das classificações de
coleções zoológicas apresentadas.
A falta de compromisso institucional passa a representar uma ameaça real às
coleções regionais que, ao longo do tempo e após a morte ou aposentadoria do
pesquisador responsável, são eventualmente descartadas por motivos imediatistas
(ZAHER; YOUNG, 2003). Isto também pode acontecer com instituições de pesquisa
de grande porte que passam repentinamente por profunda reforma em sua filosofia
de trabalho, motivada por um administrador alheio às questões de curadoria.
Entretanto, esse problema pode ser facilmente contornado através da implantação
de mecanismos que criem de forma efetiva um compromisso formal de manutenção
e proteção dos acervos por parte das instituições mantenedoras de coleções
científicas (ZAHER; YOUNG, 2003).

ORGANIZAÇÃO DE COLEÇÕES
A organização de uma coleção deve ser pensada de forma a facilitar a
localização do material incorporado ao acervo científico. Geralmente este
ordenamento é dado pelos catálogos, que organizam os lotes seguindo uma ordem
numérica. No interior das coleções científicas, os lotes podem (ou devem) ser
organizados de alguma forma que permita sua rápida localização, como já dito
anteriormente. Isto pode ser feito seguindo uma ordem alfabética, uma ordem
taxonômica ou separados por outras características dos espécimes de um acervo.
Por exemplo: pode-se organizar os lotes de uma coleção de invertebrados,
colocando para família ou ordem de organismos em um armário, prateleira ou
gaveta. Dentro deste ambiente, os lotes podem ser organizados em categorias
menores (sub-famílias, tribos, gêneros, etc.) de forma a facilitar sua localização,
quando necessário.
No Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém – PA, a coleção de aranhas é
disposta em diversos de armários individualizados. Os lotes de aranhas são
organizados separados por famílias, cuja seqüência de disposição dos armários
segue uma ordem filogenética das famílias de aranhas, embora uma ordem
alfabética também pudesse ser igualmente utilizada. Dentro de cada armário, os
lotes são organizados de acordo com o nível de determinação de seus espécimes.
Assim, quando uma aranha é identificada apenas como pertencente à família
245
Corinnidae, o lote correspondente ficará em um pote de vidro rotulado como
“Corinnidae”, numerado de acordo com a quantidade de potes deste tipo existam na
coleção (ex.: “Corinnidae 1", “Corinnidae 2”, etc.). Caso os espécimes deste mesmo
lote sejam determinados como pertencentes ao gênero Corinna, então este lote será
transferido para um pode de vidro rotulado como “Corinna”, numerado de acordo
com a quantidade de potes deste tipo existam na coleção (ex.: “Corinna 1", “Corinna
2”, etc.). Analogamente, caso a identificação em nível específico para estes
espécimes seja alcançada e estes sejam determinados como Corinna nitens, então
este lote será transferido para um pode de vidro rotulado como “Corinna nitens”,
numerado de acordo com a quantidade de potes deste tipo existam na coleção (ex.:
“Corinna nitens 1", “Corinna nitens 2”, etc.). Todas estas informações devem ser
registradas na planilha de tombo da referida coleção. Desta forma, um pesquisador
interessado em analisar um determinado lote específico ou um conjunto de lotes,
através da análise do banco de dados do acervo da coleção científica, poderá saber
exatamente em qual armário e em qual pote de vidro (ex.: pote de vidro “Corinnidae
1”, “Corinnidae 2”, etc.) aqueles espécimes encontram-se e ainda reuni-los
rapidamente (L.S. Carvalho, observação pessoal).
A forma de organização descrita acima é replicável de maneira análoga em
coleções de outros grupos taxonômicos, como aves, mamíferos, peixes, répteis,
anfíbios e insetos, por exemplo. Estes podem ser armazenados em meio seco ou
em meio líquido, mas organização semelhante à descrita ainda pode também ser
feita em ambos os casos.
Em uma coleção de insetos conservados à seco (alfinetados), por exemplo,
os espécimes são organizados em gavetas entomológicas compostas por diversas
caixas móveis. Em cada gaveta, pode-se colocar apenas espécimes de uma ordem
(ou qualquer outra categoria taxonômica) específica e dentro desta gaveta, cada
caixa móvel pode conter espécimes de alguma categoria taxonômica subjacente
(ex.: família ou gênero).
Esta forma de organização de uma coleção científica ainda facilita
reorganização contínua de uma coleção por conta da adição de material novo. Isto
poderia ser um problema, especialmente em grupos muito numerosos, quando, às
vezes, centenas de indivíduos devem ser introduzidos entre os já existentes
(MARTINS, 1994). Neste caso, é, obviamente, muito mais rápido movimentar as

246
caixinhas com vários exemplares do que transferi-los individualmente (MARTINS,
1994).
Segundo Martins (1994), os recipientes para conservação de coleções
(armários, gavetas, estantes, laminários, etc.) são variáveis (ex.: distribuição interna
do armário e tipo de gaveta variam com o material a conservar) segundo o material
que conterão. Para qualquer caso, entretanto, a uniformidade é muito importante.
Recipientes com as mesmas dimensões resultam sempre em grande economia de
espaço e fornecem melhor estética (MARTINS, 1994).

CURADORIA DE COLEÇÕES CIENTÍFICAS


A curadoria de uma coleção científica constitui um conjunto de ações que
abarca as atividades de coleta, preservação, armazenamento, catalogação do
material científico e, também, as decisões para o bom manejo das coleções
(PAPAVERO, 1994). Muitas destas atividades foram descritas em seções anteriores
deste livro e podem ser ainda desenvolvidas por estudantes, técnicos associados às
coleções científicas ou ainda outros pesquisadores, além do curador em si.
A ausência de curadores efetivos, ou seja, profissionais responsáveis única e
exclusivamente para a curadoria de coleções científicas, é um problema crítico para
as coleções brasileiras (LEWINSOHN; PRADO, 2006). O número de profissionais
empregados para exercer a curadoria está muito aquém do necessário, mesmo nas
instituições mais bem estruturadas. A curadoria dos acervos, em muitos casos,
depende do trabalho de professores ou pesquisadores que têm outros encargos e
da colaboração voluntária de estagiários, pesquisadores aposentados, pós-
graduandos e outras pessoas sem qualquer vínculo formal. Por isto, o risco de
degradação ou abandono de acervos importantes é constante (LEWINSOHN;
PRADO, 2006).
Pode-se listar uma série de atribuições, inerentes à atividade do curador (ou
do conselho de curadoria, quando existente) de uma coleção científica, retirados de
Papavero (1994):
 Administrar a realização de empréstimos e doações de material
biológico para outros pesquisadores e/ou coleções científicas; além do
recebimento de material biológico;

247
 Definir a forma de organização da coleção; escolhendo, por exemplo,
tipos de alfinetes entomológicos, tamanhos das caixas entomológicas,
tipos de armários utilizados, concentração dos líquidos preservativos,
etc.;
 Definir os procedimentos para a catalogação e a informatização do
acervo da coleção;
 Estabelecer normas e/ou regimentos para uso e organização da
coleção que contemple a comunidade científica interna e externa
(professores, pesquisadores, estudantes e técnicos) e o público em
geral;
 Estabelecer os procedimentos a serem adotados para a preparação
(técnicas de fixação, taxidermia, alfinetagem, etc.) e incorporação
(catalogação e tombamento) do material biológico;
 Realizar a catalogação e o tombamento do material biológico no
acervo;
 Realizar checagem de líquidos (ex.: álcool, formol, etc.) e produtos
(ex.: naftalina, cravinho, etc.) preservativos do acervo, mantendo-os
em níveis adequados;
 Realizar coletas de material biológico para promover o aumento do
acervo da coleção científica;
 Substituir etiquetas danificadas, rasuradas ou desgastadas, mantendo
os dados originais; ou ainda, substituir etiquetas antigas de forma a
manter uma padronização das informações da coleção;
 Organizar a coleção de forma lógica (por grupos taxonômicos, por
regiões geográficas, por números de tombo, etc.), para que o acesso
ao material incorporado seja facilitado;

INFORMATIZAÇÃO DE COLEÇÕES CIENTÍFICAS


É crescente a demanda por informações visando a avaliação de impactos
ambientais, definição de áreas de preservação ambiental, proteção de espécies
ameaçadas, recuperação de áreas degradadas, bioprospecção, estabelecimento de
políticas públicas, legislação ambiental, entre outras. (MAGALHÃES et al., 2001).

248
Em algumas dessas necessidades a informação existe, porém, o acesso às
mesmas encontra-se disperso e em diferentes fontes, algumas de fácil obtenção
como periódicos e livros científicos, relatórios técnicos-científicos, dissertações e
teses, e outras de difícil localização e acesso, como arquivos, pastas e cadernos de
campo. Essas fontes tradicionais não atendem as necessidades atuais de forma
urgente e abrangente (MAGALHÃES et al., 2001).
É nesse contexto que as coleções biológicas podem exercer um importante
papel no atendimento a essas demandas, pois acumulam investimentos de anos em
exploração e pesquisa sobre a fauna, flora e microbiota. No entanto, tornar esse
conhecimento acessível ao público de forma adequada e rápida, versátil e confiável,
na melhor relação custo/benefício possível, depende cada vez mais do
estabelecimento de sistemas automatizados de informação biológica, capazes de
armazenar, gerenciar, analisar e disseminar dados e informações sobre
biodiversidade (MAGALHÃES et al., 2001). Um sistema de informação pode ser
entendido como uma série de elementos ou componentes interrelacionados que
coletam (entrada), manipulam, armazenam (processo) e disseminam (saída) os
dados e informações e fornecem um mecanismo de retroalimentação (MAGALHÃES
et al., 2001).
Existem diversos programas disponíveis e que podem ser utilizados para a
informatização de coleções, variando desde a simples construção de planilhas em
formato Microsoft Excel ou OpenOffice, construção de bancos de dados em formato
Microsoft Access, ou ainda a criação de plataformas específicas para a curadoria de
uma coleção zoológica. Existem ainda programas disponíveis e, exclusivamente,
desenvolvidos para a curadoria e o gerenciamento de coleções científicas, tais
como o Specify (The Specify Software Project, http://specifysoftware.org).
A informatização de coleções zoológicas apresenta diversas vantagens,
dentre as quais pode-se listar: (1) acesso rápido as informações através de simples
consulta da base de dados através de um programa de computador ou plataforma
on-line; (2) possibilidade de pesquisar registros cruzados, como por exemplo,
buscar registros de espécimes ou táxons de uma mesma localidade, ou coletados
por um mesmo pesquisador ou em uma mesma época do ano; (3) permitir melhor
gerenciamento de empréstimos, devoluções e permutas de material; (4) facilita a
atualização de informações taxonômicas, quando um indivíduo ou lote tombado em
uma coleção científica é avaliada por um especialista ou possui seu nome alterado
249
através de alguma nova proposta taxonômica; (5) facilita a localização de erros e
agiliza suas correções, à medida que é possível produzir relatórios do banco de
dados e/ou pesquisar por informações incorretas ou erros de catalogação; (6)
possibilita armazenar um número maior de informações dos exemplares tombados
nas coleções; (7) permite criar um acervo magnético de sons e imagens
relacionados aos exemplares tombados; (8) facilita criação de cópias de segurança
dos catálogos da coleção; e (9) viabiliza o compartilhamento e/ou troca de
informações entre coleções científicas ou ainda a sua disponibilização à
comunidade em geral.
Por outro lado, a informatização de coleções científicas pode trazer
problemas: (1) perda de informações no caso de pane ou mal funcionamento de um
programa devido à atuação de vírus; (2) necessita de pessoal apto à realizar a
inserção das informações no sistema utilizado pela coleção; (3) promove maior
dispêndio de recursos para compra de equipamentos e programas já existentes ou
ainda para a criação de plataformas específicas para uma determina coleção, além
de gastos com manutenção e atualização destes itens; (4) permite acesso
indiscriminado à informações, quando ligado à internet. No entanto estes problemas
podem ser resolvidos através de medidas simples de serem realizadas: (1)
instalação, utilização e manutenção atualizada de programas anti-vírus em
computadores; (2) realização de treinamento com o pessoal responsável pela
incorporação de novos espécimes à coleção, para sua familiarização com o sistema
utilizado; (3) utilização de filtros ou sistemas codificados para permitir acesso
controlado às informações da base de dados somente à pessoas autorizadas.

RECOMENDAÇÕES FINAIS
Por fim, conforme afirmam Taddei et al., (1999), considera-se que as
coleções zoológicas constituem um patrimônio público e sua manutenção para o
futuro deve ser considerada fundamental pela comunidade de zoólogos e pelas
instituições mantenedoras. Assim, estes mesmos autores, Taddei et al., (1999),
sugerem as seguintes recomendações:
a) Cada pesquisador que inicie uma coleção zoológica ou adquira
responsabilidade sobre ela deve ter claro o grau de comprometimento da instituição

250
onde trabalha com sua manutenção futura, de preferência com base em decisão
referendada pelo órgão colegiado superior da instituição;
b) Caso a instituição mantenedora não se interesse em manter a coleção
zoológica indefinidamente, o pesquisador responsável deve procurar meios de
garantir que os espécimes passarão aos cuidados de uma instituição especializada
e interessada no acervo. Assim, poder-se-ia criar a figura da Coleção Associada,
que ficaria sob a responsabilidade do pesquisador até que este não estivesse
interessado ou não mais pudesse cuidar dela. A Coleção Matriz receberia então os
espécimes; e
c) Os espécimes e a infra-estrutura da coleção não podem ser considerados
como “propriedade” do curador. O acesso a pesquisadores qualificados deve ser
permitido o mais livremente possível. Na inexistência de curadores especialistas, as
instituições mantenedoras das coleções devem se comprometer a manter aberto o
acesso na máxima extensão possível.

251
EXERCÍCIOS

1. Qual a importância de uma coleção científica?

2. Quais os tipos de coleções científicas? É correto afirmar que a classificação das


coleções científicas reflete o grau de compromento institucional com as mesmas?

3. O que é curadoria e quais são as principais atribuições do curador de uma


coleção científica? Cite pelo menos 4 (quatro).

4. Reconhecidamente há mais profissionais ligados à pesquisa de grupos de


invertebrados em coleções científicas nacionais. Isto reflete o grau de
reconhecimento do grupo?

5. Liste dois argumentos a favor e dois argumentos contra a informatização de


acervos de coleções científicas.

252
SAIBA MAIS

Existem sites obras literárias que trazem informações complementares aos


interessados em Sistemática Animal, Nomenclatura Zoológica, métodos de coleta e
preparação de animais e coleções zoológicas. Abaixo listamos alguns, que podem
também estar citados ao longo do texto e presentes nas referências bibliográficas;
porém, por serem considerados de grande relevância são listados novamente:

AMARAL, A. C. Z. & NONATO, E. 1996. Annelida Polychaeta: características,


glossário e chaves para famílias e gêneros da costa brasileira. Campinas:
Editora da UNICAMPO. 124 p.
ANTHONY, H. E. 1931. The capture and preservation of small mammals for study.
Nova Iorque: The American Museum of Natural History. Guide leaflet, n. 61. 53 p.
CARRERA, M. 1989. Entomologia para você. 7. ed. São Paulo: Livraria Nobel. 185
p.
CODDINGTON, J.A.; GRISWOLD, C.E.; DÁVILA, D.S.; PEÑARANDA, E.;
LARCHER, S.F. 1991. Designing and testing sampling protocols to estimate
biodiversity in tropical ecosystems. In: Dudley, E.C. (ed). Unity of Evolutionary
Biology: Proceedings of The Fourth International Congress of Systematic and
Evolutionary Biology. Dioscorides Press: 44-60.
CONSTANTINO, R. 2012. Princípios de Sistemática. In: RAFAEL, J.A; MELO,
G.A.R.; CARVALHO, C.J.B.; CASARI, S.A; CONSTANTINO, R.. (Orgs.). Insetos
do Brasil: Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos. p. 166-173.
FEIO, J. C. A. 1941. Sinopse de Sistemática Zoológica. Rio de Janeiro: Jornal do
Commercio, Rodrigues & Cia. 170 p.
FERNÁNDEZ , F . & SHARKEY, M. (Eds.) Introducción a los Hymenoptera de la
Región Neotropical. Bogotá: Sociedad Colombiana de Entomologia y
Universidad Nacional de Colombia, 2006. 893p.
HÖFLING, E.; OLIVEIRA, A. M. S.; RODRIGUES, M. T.; TRAJANO, E. & ROCHA,
P. L. B. 1995. Chordata: Manual para um Curso Prático. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo – EDUSP. 244 p.
ICZN - INTERNATIONAL CODE OF ZOOLOGICAL NOMENCLATURE. 1999.
Londres: International Commission on Zoological Nomenclature. 4. ed.

253
Disponível em: <http://www.nhm.ac.uk/hosted-sites/iczn/code/>. Acesso em: 21
de junho de 2012.
KREBS, C.J. 1999. Ecological Methodology, 2nd ed. Menlo Park: Addison-Wesley
Educational Publishers, Inc. 620 p.
KREBS, C.J. 2012. Ecological Methodology, 3rd ed., em preparação. Disponível em:
<http://www.zoology.ubc.ca/~krebs/books.html>. Acesso em: 21 de junho de
2012.
KUKENTHAL, W.; MATTHES, E. & RENNER, M. 1986. Guia de trabalhos práticos
de Zoologia. 19. ed. Coimbra: Livraria Almedina. 539 p.
LINDNER, G. 1989. Moluscos y caracoles de los mares del mundo. Barcelona:
Omega. 255 p.
McFALL, W. F. 1975. Taxidermy Step By Step. Nova Iorque: Winchester Press. 230
p.
METCALF, J. C. 1981. Taxidermy, A Complete Manual. Gerald Duckworth & Co.,
Ltd., London. 166 pp.
MONTEIRO, A. R. 1993. Guia Prático de Taxidermia: Aves. Viçosa: Impressa da
Universidade Federal de Viçosa. 31 p.
OLIVEIRA, M. P. & ALMEIDA, M. N. 2000. Malacologia. Juiz de Fora: Editar Editora
Associada. 215 p.
OLIVEIRA-COSTA, J. 2003. Entomologia forense: quando os insetos são vestígios.
Campinas: Millennium Editora. 257 p.
PAPAVERO, N. (Org.) 1994. Fundamentos práticos de taxonomia zoológica:
Coleções, bibliografia, nomenclatura. 2. ed. São Paulo: Editora da UNESP &
FAPESP. 285 p.
PRAY, L. L. 1913. Taxidermy. Nova Iorque: Outing Publishing Company. 113 p.
Disponível em: <http://www.gutenberg.org/files/29691/29691-h/29691-h.htm>.
Acesso em: 21 de junho de 2012.
PRAY, L. L. 1978. Taxidermy. Nova Iorque: Macmillan Pub Co. 91 p.
RESOURCES INVENTORY BRANCH. 1998. Inventory Methods for Terrestrial
Arthropods: Standards for Components of British Columbia's Biodiversity No. 40.
Ministry of Environment, Lands and Parks, Resources Inventory Branch for the
Terrestrial Ecosystems Task Force, Resources Inventory Committee. 49 p.
Disponível em:

254
<www.ilmb.gov.bc.ca/risc/pubs/tebiodiv/terranth/assets/arthropod.pdf>. Acesso
em: 25 de agosto de 2011.
RIBEIRO-COSTA, C.S. & ROCHA, R.M. 2002. Invertebrados: Manual de aulas
práticas. Holos Editora, Ribeirão Preto. 226 p.
RIGHI, G. 1990. Minhocas de Mato Grosso e de Rondônia. Programa Polonoroeste,
Relatõrio de Pesquisa, n. 12. SCT/PR – CNPq. Programa Trópico Úmido. 158 p.
SCHAUFF, M. E. 2004. Collecting and preserving insects and mites: techniques and
tools. United States Department of Agriculture, Agricultural Research service.
Disponível em: <http://www.sel.barc.usda.gov/selhome/collpres/collpres.pdf>.
Acesso em: 21 de junho de 2012.
SIMPON, G. G. 1962. Princípios de taxonomia animal. 2. ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian. 255 p.
SOKAL, R. R. & SNEATH, P. H. A. 1963. Principles of Numerical Taxonomy, San
Francisco: W.H. Freeman & Co. 359 p.
VANZOLINI, P.E. & PAPAVERO, N. 1967. Manual de coleta e preparação de
animais terrestres e de água doce. São Paulo: Departamento de Zoologia,
Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, v. 1. 223 p.
VIERA, C. 2011. Aracnidos de Uruguay: Diversidad, comportamiento y ecología.
Montevideo: Banda Oriental. 243 p.

255
APÊNDICE:  A  mochila  do 
pesquisador 

Mauro Sérgio Cruz Souza Lima & Leonardo Sousa Carvalho

Neste tópico são apresentados os equipamentos e objetos comumente


utilizados em atividades de pesquisas com Zoologia e que devem ser levados a
campo, dependendo os objetivos da pesquisa planejada. Alguns destes itens são
fundamentais, comuns e indispensáveis a qualquer excursão, como o caderno de
campo ou caderno de notas.

CARTA TOPOGRÁFICA
A carta topográfica é uma representação codificada de um determinado
espaço real. A informação é transmitida por meio de uma linguagem cartográfica
que pode incluir bacias hidrográficas, limite políticos, rodovias, relevo. As cartas e as
plantas topográficas são representações planas da informação dita topográfica. Esta
informação engloba tanto objetos naturais quanto artificiais sobre a superfície
terrestre: relevo, hidrografia, vegetação, edificações, vias de comunicação, redes de
transporte de energia, limites administrativos, dentre outros. A designação carta
topográfica costuma ser utilizada para representações compreendidas entre as
escalas 1:10000 e 1:500000. (IBGE,2011). A carta topográfica sempre que possível
deve compor os itens de campo, pois complementa informações e pode ser
atualizada com o GPS e mesmo a bússola. Além disto, a presença de uma carta
topográfica da área a ser estudada facilita o planejamento na disposição de
armadilhas e o delineamento amostral, por exemplo.

256
BÚSSOLA
A bússola é indicada para fazer a orientação diretamente na carta
topográfica, calcular distâncias e direções, fazer medidas de ângulos horizontais e
medir o rumo. O melhor modelo de bússola é a geográfica que possui base de
acrílico e régua graduada. As bússolas indicam o norte magnético (MN) que é o
ponto de convergência das linhas magnéticas com desvio de 10o Leste.

GPS (GLOBAL POSITIONING SYSTEM)


Sistema de posicionamento global baseado em navegação e localização
geográfica por 24 satélites colocados em órbita pelo departamento de defesa
estadunidense (FONTANA, 2002). Este equipamento permitirá marcar as
coordenadas geográficas do local de estudo através de waypoints. Muitas cartas
topográficas estão disponíveis em sites e podem ser utilizadas em interface com o
GPS e softwares adequados que facilitará o calculo de áreas, a marcação de
transectos e a possibilidade de retornar ao ponto de estudo com o recurso de
armazenamento das coordenadas em campo. O registro detalhado das localidades
estudadas é fundamental para permitir o aproveitamento do máximo de informações
acerca das espécies e espécimes registrados.

BINÓCULOS
Equipamento que permite a observação de objetos à longas distâncias.
Normalmente as embalagens descrevem o produto com numerações (7x50; 10x50;
10x30x50) o primeiro número corresponde ao número de vezes que o binóculo
aumenta, aproximando a imagem observada. O número seguinte é o diâmetro em
milímetros das lentes objetivas. Quando o binóculo possui vários números significa
que o equipamento possui ZOOM que proporciona vários aumentos, no exemplo
10x30x50, “10” é o mínimo e “30” o máximo de aumentos e o “50” é o diâmetro das
objetivas. A escolha deste equipamento está diretamente relacionada com o tipo de
estudo e animal a ser observada, bem com a distância observadora da espécie focal

MÁQUINA FOTOGRÁFICA
A máquina fotográfica a ser adquirida está relacionada com a distância com
que o observador está do animal e quais elementos deste ambiente devem ser
257
registrados. A lente de sua máquina e os recursos eletrônicos é que definirão sua
escolha, além da capacidade de armazenamento da qualidade da imagem no cartão
de memória. O ideal é possuir uma máquina digital que permita a troca de objetivas
conforme a finalidade. É importante conhecer alguns componentes destes
equipamentos para definir melhor a escolha do equipamento a ser utilizado:
 Obetivas do tipo micro e macro - imagens de assuntos muito pequenos os
quais são ampliados pelas lentes; exemplo ectoparasitos na pelagem do
animal;
 Objetivas do tipo “olho de peixe” ou “grande angular” – imagens de assuntos
extremamente grandes e de ambientes; exemplo uma manada em campo ou
um animal de grande porte onde se deseja aumentar a perspectiva de visão
global ou o enquadramento do animal junto à amplitude da paisagem; ou
ainda, a fotografia de um dossel para a realização do cálculo da cobertura de
dossel em estudos ecológicos;
 Objetiva do tipo normal – imagem menor que o fotografado com a distorção
semelhante à visão humana;
 Objetiva do tipo tele – aproximação de imagens, quanto maior a distância
focal, maior é a perda da perspectiva e maior a aproximação do elemento
focal. Por exemplo, o uso de uma tele 30x600mm permite a fotografia de
imagens próximas e ao mesmo tempo imagens distantes sem a necessidade
de troca de lentes.

CADERNO DE CAMPO (OU NOTAS)


É o item mais importante durante a realização de uma atividade de campo e
certamente nenhum equipamento substituirá o caderno de notas que deverá estar
meticulosamente em dia. Segundo Martins (1994), o livro de campo é
imprescindível, independentemente do grupo zoológico a coletar ou do tipo de
estudo a desenvolver com o material. Este mesmo autor, lembra que por melhor que
seja a memória do coletor, muitas informações interessantes ficarão esquecidas
com o passar dos anos; e observações, supostamente irrelevantes no momento da
captura, poderão se revelar utilíssimas, posteriormente.
Neste caderno deverá constar o material coligido (espécimes de animais,
amostras de solo, vestígios de animais, etc.) e podem constar de outras

258
informações como descrição da paisagem, formações vegetais, biótopo,
informações abióticas (como a umidade relativa e a temperatura do ar, água ou
solo, por exemplo), informações etológicas, marcas naturais, coloração da pelagem,
constituição do grupo, etc. (MARTINS, 1994). Alguns aspectos fundamentais e
imprescindíveis que devem conter nas notas de campo são:
 Itinerário – O itinerário claro e minucioso de uma viagem de coleta permitirá
esclarecer dúvidas futuras, especialmente quando muitas localidades são
exploradas (MARTINS, 1994). Assim, o máximo de detalhamento possível do
local de coleta é bem-vindo, visto que permitirá o retorno à mesma
localidade, quando houver necessidade pelo pesquisador ou pesquisadores
futuros. É ainda possível realizar marcação da coordenada geográfica com o
uso de um aparelho GPS, provendo maior precisão da localização do local de
coleta. Além disto, deve-se caracterizar no caderno, com minucioso
detalhamento, com esquemas que favoreçam o retorno ao local onde ocorreu
o estudo.
 Data – Diversos grupos de animais apresentam sazonalidade marcante, de
forma que uma informação precisa sobre o período de coleta pode permitir
que um pesquisador, à posteriori, possa retornar na mesma época do ano na
localidade de coleta de um espécime e ter maior probabilidade de encontrar
nos indivíduos do mesmo táxon.
 Localidade – Considerando as informações precárias de muitos municípios e
principalmente os distritos e localidades rurais onde uma propriedade utiliza
como passagem a propriedade vizinha, é importante registrar o nome do
município, distrito, fazenda e fundamentalmente as coordenadas geográficas.
Este tipo de informação é indispensável para a incorporação de espécimes
em coleções científicas; sendo, portanto, a principal informação ser registrada
em qualquer estudo zoológico. É ainda importante registrar-se a altitude do
local de coleta, especialmente em regiões com notáveis acidentes
orográficos, pois a paisagem nestas regiões sobre marcante variação
provocada pela altitude.
 Paisagem – Segundo MARTINS (1994), a descrição da paisagem das
localidades de coleta permite decidir os tipos de vegetação, de coleções

259
d’água, de solo, e assim por diante. Em geral, a documentação fotográfica da
paisagem facilita futuras interpretações sobre o habitar do material coletado.
 Informações de campo – É óbvio que as informações de campo a registrar,
sua extensão e minúcia, dependem do destino do material e da área de
estudo do coletor ou pesquisador (MARTINS, 1994). Em resumo,
subordinam-se ao tipo de interesse do coletor. Anota-se, por exemplo, o local
específico da coleta, isto é, “sob casca”, “em fungo”, “em toca de...”, “sobre
flores de...”, “sobre pedras, na praia...”, “à luz”, etc. (MARTINS, 1994).

RÓTULOS (OU ETIQUETAS) DE CAMPO


Para facilitar o trabalho de campo e economizar tempo, pode-se reunir sob
um número (de campo), que acompanhará o material, todas as informações
pertinentes dos espécimes coligidos (MARTINS, 1994). Este procedimento é
especialmente útil quando se trata de lotes, isto é, grupos de animais muito
diversos ou não, coletados durante o mesmo evento amostral (MARTINS, 1994).
Todos os exemplares (lote) encontrados, por exemplo, durante uma hora de
amostragem com guarda-chuva entomológico (método descrito no Capítulo 4 -
Métodos e Técnicas de Coleta e Preparação de Invertebrados), recebem um
número de campo, seguido, no livro de campo, de todas as informações julgadas
relevantes. Da mesma maneira, todos os ectoparasitos encontrados em uma única
ave recém-abatida receberão um número de campo, seguido das anotações a
respeito do hospedeiro, seu hábitat, etc. (MARTINS, 1994).
Pode-se utilizar legendas alfa numéricas que correspondam às informações
descritas no caderno. Recomenda-se a utilização de etiquetas de campo com
numerações seqüenciais, em que conste a área amostrada (ou o projeto de
pesquisa) e o número da amostra (lotes, ou indivíduos coletados). Por exemplo, em
uma amostragem no Parque Nacional da Serra das Confusões poderia utilizar-se
etiquetas de campo como “PNSCo 0001, PNSCo 0002,...” ou “Confusões 0001,
Confusões 0002,...”. Assim, mesmo que o caderno de notas seja perdito, a
informação sobre a procedência dos espécimes coletados ainda estará salva.
Portanto, deve-se evitar a utilização de esquemas alfa numéricos complexos em
que apenas o coletor consiga entender sem a utilização de legendas (Ex.: “A0BJ1”,
que faria referência a um indivíduo coletado na área “0”, na armadilha tipo “b”,
instalada no ponto “j”, no dia “1”, por exemplo).
260
LANTERNAS
Durante a realização de atividades de campo é sempre importante ter
consigo lanternas de segurança, pois imprevistos podem acontecer com a chegada
da noite, estes equipamentos tornam-se indispensáveis. Em determinados métodos
de coleta, faz-se uso de lanternas cefálicas, para permitir que as mãos fiquem livres
para manusear outros objetos; ou ainda, lanternas providas com luz ultravioleta,
para permitir a amostragem de escorpiões, por exemplo. A amostrage noturna em
ambientes muito úmidos ou em ambientes aquáticos pode ainda exigir a utilização
de equipamentos resistentes à água.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI’S


A realização de atividades de campo exige uma série de cuidados para evitar
acidentes. Para isto, é preciso andar sempre com calçados fechados (botas de
couro ou plástico, preferencialmente), calças cumpridas de tecido grosso (jeans, por
exemplo), luvas raspas de couro (para manusear determinados animais), pinças de
diversos tamanhos (para manusear animais menores e potencialmente perigosos),
objetos para proteção de pernas (como perneiras ou caneleiras de couro ou material
sintético resistente) para evitar mordidas de serpentes; e, eventualmente, capacetes
de proteção.

261
SOBRE OS AUTORES

Janete Diane Nogueira-Paranhos


Bióloga graduada pela Universidade Católica de
Pernambuco (UNICAP), Especialista em Oceanografia pela
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Mestre em
Oceanografia Biológica pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). É Professora Adjunta IV da
Universidade Federal do Piauí, atuando na área de Zoologia.
Já publicou nove artigos científicos, um livro, quatro
capítulos de livro e mais de 70 trabalhos em eventos. Atualmente é Conselheira
Efetiva do Conselho Regional de Biologia da 5ª Região (CRBio-5). Endereço para
correspondência: Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Petrônio
Portella, Centro de Ciências da Natureza, Departamento de Biologia, Teresina,
Piauí, Brasil, CEP 64049-550. E-mail: jparanhos@ufpi.edu.br.

Leonardo Sousa Carvalho


Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal
do Piauí (2005, Teresina-PI) e Mestre em Zoologia pelo
Museu Paraense Emílio Goeldi (2008, Belém-PA). Trabalha
com taxonomia de aranhas (Pholcidae, Corinnidae), ecologia
de comunidades e ecologia de populações de Arachnida.
Atualmente é Professor Assistente da Universidade Federal
do Piauí, Campus Amílcar Ferreira Sobral. Já publicou onze
artigos científicos em periódicos nacionais e internacionais, um capítulo de livro e
quase 50 trabalhos em eventos; além de ser revisor ad hoc de artigos submetidos
para publicação em periódicos nacionais e internacionais. Atualmente é ainda
Curador da Coleção de História Natural da UFPI – CHNUFPI. Endereço para
correspondência: Universidade Federal do Piauí, Campus Amílcar Ferreira Sobral,
Meladão, Floriano, Piauí, Brasil, CEP 64800-000. E-mail: carvalho@ufpi.edu.br.

262
Mauro Sérgio Cruz Souza Lima
Graduado em Ciências Biológicas, Especialista em Ecologia,
Mestre em Ciências Ambientais e Doutor em Biologia Animal
pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trabalha
com autoecologia e sinecologia com ênfase em anuros.
Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal do
Piauí (UFPI), no Campus Amilcar Ferreira Sobral (CAFS), em
Floriano. Já publicou onze artigos científicos e quase 100
trabalhos em eventos nacionais e internacionais; além de atuar como revisor ad hoc
de periódicos científicos. Atualmente é Diretor do Campus Amílcar Ferreira Sobral –
CAFS/UFPI. Endereço para correspondência: Universidade Federal do Piauí,
Campus Amílcar Ferreira Sobral, Meladão, Floriano, Piauí, Brasil, CEP 64800-000.
E-mail: slmauro@ufpi.edu.br.

263
REFERÊNCIAS

ACOSTA, L.E.; GONZALEZ, A.P. & TOURINHO, A.L. 2007. Methods for Taxonomic Study.
In: PINTO-DA-ROCHA, R.; MACHADO, G.; GIRIBET, G. (Org.). Harvestmen: The
biology of Opiliones. 1 ed. Cambridge: Harvard University Press, p. 494-505.
ADIS, J.; BASSET, Y.; FLOREN, A.; HAMMOND, W. & LINSENMAIR, K. E. 1998. Canopy
fogging of an overstory tree - recommendations for standardization. Ecotropica 4: 93-97.
ADL, S.M.; SIMPSON, A.G.; FARMER, M.A.; ANDERSEN, R.A.; ANDERSON, O.R.;
BARTA, J.R.; BOWSER, S.S.; BRUGEROLLE, G.; FENSOME, R.A.; FREDERICQ, S.;
JAMES, T.Y.; KARPOV, S.; KUGRENS, P.; KRUG, J.; LANE, C.E.; LEWIS, L.A.;
LODGE, J.; LYNN, D.H.; MANN, D.G.; MCCOURT, R.M.; MENDOZA, L.; MOESTRUP,
O.; MOZLEY-STANDRIDGE, S.E.; NERAD, T.A.; SHEARER, C.A.; SMIRNOV, A.V.;
SPIEGEL, F.W. & TAYLOR, M.F. (2005) The new higher level classification of
eukaryotes with emphasis on the taxonomy of protists. Journal of Eukaryotic
Microbiology, 52, 399-451.
AGUIAR, A.P. & SHARKOV, A. (1997): Blue pan traps as a potential method for collecting
Stephanidae (Hymenoptera). Journal of Hymenoptera Research, 6 (2): 422–423.
AGUIAR, A.J.C. & MARTINS, C. 2002. Abelhas e vespas solitárias em ninhos-armadilha na
Reserva Biológica Guaribas (Mamanguape, Paraíba, Brasil). Revista Brasileira de
Zoologia, 19: 101 – 116.
AGUIAR-MENEZES, E. L.; SOUZA, J. F.; SOUZA, S.A.S; LEAL, M.R.; COSTA, J. R. &
MENEZES, E. B. 2006. Armadilha PET para captura de adultos de moscas-das-frutas
em pomares comerciais e domésticos. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, Circular
Técnica, n. 16. 8 p.
ALENCAR, R.B. 2007. Emergência de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) em chão de
floresta de terra firme na Amazônia Central do Brasil: uso de um modelo modificado de
armadilha de emergência. Acta Amazonica, 37: 287-291.
ALMEIDA, L.M. ; RIBEIRO-COSTA, C. S. ; MARINONI, L. 2012. Coleta, Montagem,
Preservação e Métodos para Estudo. In: RAFAEL, J.A; MELO, G.A.R.; CARVALHO,
C.J.B.; CASARI, S.A; CONSTANTINO, R.. (Orgs.). Insetos do Brasil: Diversidade e
Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos. p. 175-190.
ALMEIDA, L. M. ; C. S. RIBEIRO-COSTA & L. MARINONI. 1998. Manual de Coleta,
Conservação, Montagem e Identificação de Insetos. Ribeirão Preto, Holos Editora. 78 p.
ALTIG, R. 2007. A primer for the morphology of anuran tadpoles. Herpetological
Conservation and Biology 2(1): 71-74.

264
ÁLVARES, E.S.S.; MACHADO, E. O.; AZEVEDO, C. S. & DE-MARIA, M. 2004. Composition
of the spider assemblage in an urban Forest reserve in Southeastern Brazil and
evaluation of two sampling method protocols of species richness estimates. Revista
Ibérica de Aracnologia 10: 185-194.
AMORIM, D. S. 2008. Paradigmas pré-evolucionistas, espécies ancestrais e o ensino de
Zoologia e botânica. Ciência & Ambiente, 36: 125-150.
ANTHONY, H. E. 1931. The capture and preservation of small mammals for study. Nova
Iorque: The American Museum of Natural History. Guide leaflet, n. 61. 53 p.
AQUINO, A. M.; CORREIA, M. E. F. & BADEJO, M. A. 2006. Amostragem da Mesofauna
Edáfica utilizando Funis de Berlese-Tüllgren Modificado. Seropédica: Embrapa
Agrobiologia, Circular Técnica, n. 17. 4 p.
ARAÚJO, A.P.U de e BOSSOLAN, N.R.S. Noções de Taxonomia e classificação Introdução
à Zoologia. São Carlos: UFUSCAR, 2006.
ARISTOPHANOUS, M. 2010. Does your preservative preserve? A comparison of the
efficacy of some pitfall trap solutions in preserving the internal reproductive organs of
dung beetles. ZooKeys, 34: 1–16.
ASTÚA, D.; MOURA, R. T.; GRELLE, C. E. V. & FONSECA, M. T. 2006. Influence of baits,
trap type and position for small mammal capture in a Brazilian lowland Atlantic Forest.
Boletim do Museu de Biologia de Mello Leitão, 19: 31-44.
AZEVEDO-FILHO, W.S.; BOTTON, M. & SORIA, S. J. 2007. Curadoria da Coleção
Entomológica da Embrapa Uva e Vinho. Bento Gonçalves: Embrapa Uva e Vinho, 2007.
(Comunicado Técnico).
BAR-NESS, Y. D. 2005. Crown structure and the canopy arthropod biodiversity of 100 year
old and old growth Tasmanian Eucalyptus obliqua. Dissertação de Mestrado. University
of Tasmania, Hobart.
BASSI, R.M.A.; CUNHA, M.C.I. & COSCÁRON, S. 2000. Estudo do comportamento de
tabanídeos (Diptera, Tabanidae) do Brasil. Acta Biológica Paranaense, 29:101-115.
BATTIROLA, L. D.; MARQUES, M. I. ADIS, J. & BRESCOVIT, A. D. 2004. Aspectos
ecológicos da comunidade de Araneae (Arthropoda: Arachnida) em copas da palmeira
Attalea phalerata Mart. (Arecaceae), durante o período de cheia no Pantanal de Mato
Grosso, Brasil. Revista Brasileira de Entomologia, Brasil, 48(3): 421-430.
BECKER, M. & DALPONTE, C. J. 1991. Rastros de mamíferos silvestres brasileiros: um
guia de campo. Brasília: Universidade de Brasília. 181 p.
BERNARDI, N. 1994. Nomenclatura zoológica. In: PAPAVERO, N. (Ed.). Fundamentos
Práticos de Taxonomia Zoológica. São Paulo, Editora UNESP. p. 169-186.
BICUDO, C. E. M. (Org.) & BICUDO, D. C. (Org.). 2007. Amostragem em Limnologia. 2. ed.
São Carlos: RiMa Editora.. v. 1. 351 p.

265
BLAKE, J. 2011. Revalidation of the genus Thoracophelia Ehlers, 1897, replacing Euzonus
Grube, 1866 (Polychaeta: Opheliidae), junior homonym of Euzonus Menge, 1854
(Arthropoda: Diplopoda), together with a literature summary and updated listing of
Thoracophelia species. Zootaxa, 2807: 65–68.
BONACH, K.; PIÑA, C. I. & VERDADE, L. M. 2006. Allometry of reproduction of Podocnemis
expansa in Southern Amazon basin. Amphibia-Reptilia, 27: 55-61.
BOYER, S.L. & GIRIBET, G. 2007. Methods for molecular studies in systematic. In: PINTO-
DA-ROCHA, R.; MACHADO, G. & GIRIBET, G. (Org.). Harvestmen: The biology of
Opiliones. 1 ed. Cambridge: Harvard University Press. p. 506-510.
BRANDAO, C. R. F.; CANCELLO, E. M.; YAMAMOTO, C. I. & SANTOS, C. S. 2006. Perfil
do Conhecimento da Diversidade de Invertebrados Terrestres no Brasil. In:
LEVINSHON, T. (Org.). Avaliação do Estado do Conhecimento sobre a Biodiversidade
Brasileira. Brasília: MMA, série Biodiversidade. v. 15, n. 1. p. 203 - 259.
BRAZIL, T. K. & PORTO, T.J. 2011. Os escorpiões. Salvador: Edufba, v. 1. 84 p.
BRESCOVIT, A,D.; BERTANI, R; PINTO-DA-ROCHA, R. & RHEIMS, C.A. 2004. Aracnídeos
da Estação Ecológica Juréia-Itatins: inventário preliminary e história natural. In:
MARQUES, O.A.V. & DULEBA, W. (eds). Ecologia, flora e fauna da Estação Ecológica
Juréia-Itatins. Ribeirão Preto: Holos. p. 198-221.
BRESCOVIT, A.D.; BONALDO, A.B.; BERTANI, R. & RHEIMS, C.A. 2002. Araneae. In:
ADIS, J. (ed). Amazonian Arachida and Myriapoda. Moscou: Pensoft. p. 303-343.
BREWER, M.S., SIERWALD, P. & BOND, J.E. 2011. A generic homonym concerning
chordeumatid millipedes (Arthropoda: Diplopoda) and ophellid [sic] worms (Annelida:
Polycheata [sic]). Zootaxa, 2744, 65–68.
BROCK, R.E. & KELT, D.A. 2004. Influence of roads on the endangered Stephen’s
kangaroo rat (Dipodomys stephensi): are dirt and gravel roads different? Biological
Conservation, 118: 633–640.
CACERES, N. C. 2011. Biological characteristics influence mammal road kill in an Atlantic
Forest-Cerrado interface in south-western Brazil. The Italian Journal of Zoology: 1-11.
CACERES, N. C.; HANNIBAL, W. ; FREITAS, D. R. DE ; SILVA, E. L. ; ROMAN, C. &
CASELLA, J. 2010. Mammal occurrence and roadkill in two adjacent ecoregions (Atlantic
Forest and Cerrado) in south-western Brazil. Zoologia 27: 709-717.
CAMILLO, E.; C.A. GARÓFALO; J.c. SERRANO & G. MUCCILO. 1995. Diversidade e
abundância sazonal de abelhas e vespas solitárias em ninhos armadilhas
(Hymenoptera, ApocIita, Aculeata). Revista Brasileira de Entomologia 39 (2): 459-470.
CAMPBELL, H.W. & CHRISTMAN, S.P. 1982. Field techniques for herpetofaunal community
analysis. In Herpetological Communities: a Symposium of the Society for the Study of

266
Amphibians and Reptiles and the Herpetologist’s League (N.J. Scott-Jr., ed.). U.S. Fish
Wild. Serv. Wildl. Res. Rep. 13, p.193-200.
CANHOS, V.P. & VAZOLLER, R. F. 2004. A importância das coleções biológicas. Scientific
American, 30: 20.
CAPELLARI, R.S. 2008. Breve histórico da taxonomia e da Sistemática. Revista Simbio-
Logias. 1(1): 221-222.
CARMIGNOTTO, A.P. & AIRES, C. C. 2011. Mamíferos terrestres (Mammalia) da Estação
Ecológica Serra Geral do Tocantins. Biota Neotropica, 11(1): 1-16.
CARVALHO, R. S. 2005. Circular Técnica 75 Metodologia para Monitoramento Populacional
de Moscas-das-Frutas em Pomares Comerciais. Cruz das Almas, BA: Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical.
CARVALHO-E-SILVA, A.M.P.T.; SILVA, G. R. & CARVALHO-E-SILVA, S. P. 2008. Anuros
da Reserva Rio das Pedras, Mangaratiba, RJ. Biota Neotropica, 8: 198-209.
CARVALHO-FILHO, A. 1999. Peixes: costa brasileira. São Paulo: Ed. Melro. 3. ed. 320p.
CASTRO, R. M. C.; CASATTI, L.; SANTOS, H. F.; FERREIRA, K. M.; RIBEIRO, A. C.;
BENINE, R. C.; PELIÇÃO, G. Z.; MELO, A. L. A.; STOPIGLIA, R.; ABREU, T. X.;
BOCKMANN, F. A.; CARVALHO, M.; GIBRAN, F. Z. & LIMA, F. C. T. 2003. Estrutura e
composição da ictiofauna de riachos do Rio Paranapanema, sudeste e sul do Brasil.
Biota Neotropica, 3(1): 1-39.
CAVALIER-SMITH, T. 1998. A revised six-kingdom system of life. Biological Reviews 73:
203–266.
CECHIN, S.Z & MARTINS, M. 2000. Eficiência de armadilhas de queda (pitfall traps) em
amostragens de anfíbios e répteis no Brasil. Revista Brasileira de Zoolologia, 17(3):729-
740.
CLERCK, C. 1758. Sénska spindlar. Aranei Svecici, descriptionibus et figuris . illustrate. vii,
154 pp., 6 pls. Literis Laur. Salvii, Stockholmiae
CODDINGTON, J.A.; GRISWOLD, C.E.; DÁVILA, D.S.; PEÑARANDA, E.; LARCHER, S.F.
1991. Designing and testing sampling protocols to estimate biodiversity in tropical
ecosystems. In: DUDLEY, E.C. (ed). Unity of Evolutionary Biology: Proceedings of The
Fourth International Congress of Systematic and Evolutionary Biology. Dioscorides
Press. p. 44-60.
CONSTANTINO, R. 2012. Princípios de Sistemática. In: RAFAEL, J.A; MELO, G.A.R.;
CARVALHO, C.J.B.; CASARI, S.A; CONSTANTINO, R.. (Orgs.). Insetos do Brasil:
Diversidade e Taxonomia. Ribeirão Preto: Holos. p. 166-173.
COOPER, J.E.; EWBANK, R. & ROSENBERG, M.E. 1984. Euthanasia of tortoises.
Veterinary Record, 114: 635.

267
COOPER, J.E.; EWBANK, R.; PLATT, C. & WARWICK, E. (eds). 1989. Euthanasia of
Amphibians and Reptiles. University Federation for Animal Welfare, Potters Bar. 35 p.
CORLISS, J., 1988. Haeckel’s kingdom Protista and current concepts insystematic
protistology. Stapfia, 56: 85-104.
COSTA, E.L.S.; DIAS, S. C. & BONALDO, A. B. 2010. Inventário da araneofauna de dossel
na bacia do Rio Urucu, Coari, Amazonas. Iin: XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia,
2010. Livro de resumos do XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia, 2010. p. 71.
COSTA, W.A. 2000. Profilaxia da Raiva Humana. São Paulo: Instituto Pasteur. Manuais, 4.
33 pp
CULLEN, L.; RUDRAN, R. & VALLADARES-PÁDUA, C. 2006 Métodos e Estudos em
Biologia da Conservação Manejo da Vida Silvestre. Curitiba: Editora da UFPR. 492p.
DARLING, D. C. & L. PACKER 1988. Effectiviness of Malaise traps in collecting
Hymenoptera: the influence of trap design, mesh size, and location. The Canadian
Entomologist ,120: 787-796.
DE BERNARDI, R. Methods for the estimation of zooplankton abundance. In: DOWNING, J.
& RIGLER, F. H. (Eds.). A manual on methods for the assessment of secondary
productivity in fresh waters. Blackwell Scientific Publication, 1984. p. 59-86. (IBP
Handbook, n. 17).
DE PINNA, M. 2001. Conrad Gesner e o estado atual da Sistemática.Ciência Hoje, 30(178):
82-84.
DEL-CLARO, K. 2004. Comportamento Animal. Jundiaí: Conceito. 132 p.
DELSINNE, T. D. & ARIAS-PENNA, T. M. 2012. Influence of leaf litter moisture on the
efficiency of the Winkler method for extracting ants. Journal of Insect Sciente, 12(57): 1-
13.
DUARTE, D. T. L. & SARAIVA, A. L. 2005. Imobilidade: Uma Ação Essencial dos
Anestésicos Inalatórios. Revista Brasileira de Anestesiologia, 55: 1: 100 – 117.
DUELLMAN, W.E. & L. TRUEB. 1994. Biology of Amphibians. Baltimore, The Johns Hopkins
University Press, 670p.
DURRELL, G. & DURRELL, L. M. 1982. A Practical Guide for the Amateur Naturalist, Nova
Iorque: Alfred A. Knopf. 314 p.
ECKERT K.L., BJORDNAL K.A., ABREU-GROBOIS F.A. & DONNELLY M. 2000. Técnicas
de Investigación y Manejo para la Conservación de lãs Tortugas Marinas. v.4.
Pennsylvania: Consolidated Grafic Communications. 265p.
ECOTONEBRASIL. 2008. Armadilhas Shermann e armadilhas Tomahawk. Disponível em:
<http://www.ecotonebrasil.com/armadilhas.html>. Acesso em: 03 de maio de 2011.
EJSMONT-KARABIN, J. 1978. Studies on the uselfulness of different mesh-size plankton
nets for thickening zooplankton. Ekologia Polska: 479-490.

268
FACHÍN-TERÁN, A. & VOGT, R. C. 2004. 2004. Estrutura populacional, tamanho e razão
sexual de Podocnemis uniflis (Testudines, Podocnemididae) no rio Guaporé (RO), norte
do Brasil. Phyllomedusa 3: 29-42.
FAO, 1999. Guidelines for the routine collection of capture fishery data. Prepared at the
FAO/DANIDA Expert Consultation. Bangkok, Thailand, 18–30 May 1998. FAO FAO
Fisheries Technical Paper, 382. 113p.
FARIAS, R. C. A. P.; MADEIRA-DA-SILVA, M. C.; PEREIRA-PEIXOTO, M. H. & MARTINS,
C. F. 2007. Horário de Atividade de Machos de Euglossina (Hymenoptera: Apidae) e
Preferência por Fragrâncias Artifi ciais em Mata e Dunas na Área de Proteção Ambiental
da Barra do Rio Mamanguape, Rio Tinto, PB. Neotropical Entomology 36(6): 863-865.
FEITOSA, M. C. B.; QUERINO, R. B. & HENRIQUES, A. L. 2007. Perfl da fauna de vespas
parasitóides (Insecta: Hymenoptera) em reserva forestal na Amazônia, Amazonas,
Brasil. Entomotropica, 22: 195-199
FERREIRA, M. J. M. 1978. Sinantropia de dípteros muscóides de Curitiba, Paraná I:
Calliphoridae. Revista Brasileira de Biologia, 38 (2): 445-454.
FONSECA, C. R. 2008. Darwin, Wallace, Fisher, Hamilton e o conceito de seleção sexual.
Ciência & Ambiente, 19(36): 57-70.
FONSECA, C. R. V.; SALEM, J. I. & WEIGEL, P. 2002. Bioacervos em Instituições da
Amazônia. Relatório de consultoria prestada ao MMA/Bioamazônia sobre os bioacervos
existents nas instituições: Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado
do Amapá (IEPA), Universidade Federal do Amazonas (AM), Centro de Pesquisa
Agroflorestal da Amazônia Ocidental (CPAA), Centro de Pesquisa Agroflorestal da
Amazônia Oriental (CPATU) e Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG). Manaus, maio
de 2002. 165 pp. Documento impresso [Não publicado].
FONTANA, S. 2002. Sistema de Posicionamento Global – GPS a navegação do futuro.
Mercado Aberto Ltda.
FUNKE, W. 1971. Food and energy turnover of leaf-eating insects and their influence on
primary production. Ecological Studies 2:81-93.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA-NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BATISTA, G. C.;
FILHO, E. B.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B. & VENDRAMIM, J. D.
1988. Manual de entomologia agrícola. São Paulo, CERES, 649p.
GLOR, R. E.; TOWNSEND, T. M.; BENARD, M. F. & FLECKER, A. S.. 2000. Sampling
reptile diversity in the west indies with mouse glue traps. Herpetological Review, 31: 88-
90.
GOMES, A. C.; RABELLO, E. X. & NATAL, D. 1985. Uma nova câmara coletora para
armadilha CDC-miniatura. Revista de Saúde públIca, 19:190-191,.

269
GOSNER, K. L. 1960. A simplified table for staging anuran embryos and larvae with notes
on identification. Herpetologica, 16: 183-190
HADDAD, C. F. B.; TOLEDO, L. F. & PRADO, C. P. A. 2008. Anfíbios da Mata Atlântica.
São Paulo: Editora Neotropica. 200 p.
HADDAD, C. F. B.; GIOVANELLI, J.; GIASSON, L. O. & TOLEDO, L. F. 2005. Guia Sonoro
dos Anfíbios Anuros da Mata Atlântica. CD. Águas de São Pedro: Ecoloja.
HAECKEL, E. 1866. Generelle Morphologie der Organismen. Reimer, Berlin.
HAYEK, L.A. C.; HEYER, W. R. & GASCON, C. 2001 Frog morphometrics: A cautionary
tale. Alytes, 18: 153-177.
HALANYCH, K. N. 2004. The new view of animal phylogeny. Annual Review of Ecololgy
Evolution and Systematics, 35: 229–256
HENRIQUES, A. L. 2004. Tabanidae (Insecta: Diptera) do Parque Nacional do Jaú. II. In: S.
H. Borges; S. Iwanaga; C. C. Durigan; M. R. Pinheiro. (Org.). Janelas para a
Biodiversidade no Parque Nacional do Jaú: Uma estratégia para o estudo da
biodiversidade na Amazônia. Manaus: Fundação Vitória Amazônica, 2004, v., p. 143-
152.
HICKMAN-JR, C.P.; ROBERTS, L.R.; LARSON, A. 2009. Princípios integrados de Zoologia.
11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 918p.
HJORTAA,H.1975 Taxidermia, embalsamento de aves e mamíferos, PRESENÇA,Lisboa-
Portugal 99p
HO, H.; PROKOFIEV, A. M. & SHAO, K. 2010. Synodus cresseyi Prokofiev, 2008, an
unnecessary replacement for S. macrocephalus Cressey, 1981, and a description of a
new species from the Western Indian Ocean (Teleostei: Synodontidae). Zootaxa 2419:
63–68.
HÖFLING, E.; OLIVEIRA, A. M. S.; RODRIGUES, M. T.; TRAJANO, E. & ROCHA, P. L. B.
1995. Chordata: Manual para um Curso Prático. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo – EDUSP. 244 p.
IBGE. 2011. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 02 maio de 2011.
ICZN - INTERNATIONAL CODE OF ZOOLOGICAL NOMENCLATURE. 1999. Londres:
International Commission on Zoological Nomenclature. 4. ed. Disponível em:
<http://www.nhm.ac.uk/hosted-sites/iczn/code/>. Acesso em: 21 de junho de 2012.
KARDONG, K. V. 2011. Vertebrados - Anatomia comparada, Função e Evolução. São
Paulo: Roca. 928 p.
KEELING, P.; LEANDER, B.S. & SIMPSON, A. 2011. Eukaryotes: Eukaryota, Organisms
with nucleated cells. The Tree of Life Web Project. Disponível em:

270
<http://tolweb.org/Eukaryotes/3#DiscussionofPhylogeneticRelationships>. Acesso em:
06 de agosto de 2011.b
KREBS, J. R. & DAVIES, N. B. 1996. Introdução à Ecologia Comportamental. São Paulo:
Atheneu. 420 p.
KRELL, F.T.; CHUNG, A.; DEBOISE, E.; EGGLETON, P.; GIUSTI, A.; INWARD K. &
KRELL-WESTERWALBESLOH, S. 2005. Quantitative extraction of macro-invertebrates
from temperate and tropical leaf-litter and soil: efficiency and time-dependent taxonomic
biases of the Winkler extraction. Pedobiologia 49: 175-186.
KROLOW, T. K.; HENRIQUES, A. L.; RAFAEL, J. A. 2010. Tabanidae (Diptera) no dossel
da floresta amazônica atraídos por luz e descrição de machos de três espécies. Acta
Amazonica, 40: 605-612.
KRUG, C. & ALVES-DOS-SANTOS, I. 2008. O uso de diferentes métodos para amostragem
da fauna de abelhas (Hymenoptera: Apoidea), um estudo em floresta ombrófila mista
em Santa Catarina. Neotropical Entomology, 37: 265-278.
LASEBIKAN B. A. 1974. A preliminary communication on microarthropods from a tropical
rainforest in Nigeria. Pedobiologia, 14: 402-411.
LEWINSOHN, T. M. & PRADO, P. I. 2005. How many species are there in Brazil?.
Conservation Biology, 19(3): 619-624.
LEWINSOHN, T. M. & PRADO, P. I. . Síntese do conhecimento da biodiversidade brasileira.
In: LEWINSOHN, T. M. (Org.). Avaliação do Estado do Conhecimento da Diversidade
Biológica Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2006, v. 1, p. 21-109.
LIMA, M. G. M. 2009. Mamíferos de médio e grande porte do Parque Nacional das
Nascentes do Rio Parnaíba, Brasil. 2009. Dissertação de Mestrado em Zoologia,
Universidade Federal do Pará / Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém – PA. 160 p.
LINDGREN, B. S. A multiple funnel trap for scolytid beetles (Coleoptera). Canadian
Entomologist, Ottawa, v.115, n.3, p.299-302, 1983.
LINNAEUS, C. 1758. Systema Naturae, Ed. 10, vol. 1. 824 pp. Salvii, Holmiae
LOWE, G.; KUTCHER, S.R. & EDWARDS, D. 2003. A powerful new light source for
ultraviolet detection of scorpions in the field. Euscorpius, 8: 1-7.
LUZ V.L.F.; STRINGHINI, J.H.; BATAUS, Y.S.L.; PAULA, W.A.; NOVAIS, M.N. & REIS, I.J.
2003. Morfometria do trato digestório da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa)
criada em sistema comercial. Revista Brasileira Zootecnia 32(1): 10-18.
LYRA-JORGE, M.C. & PIVELLO, V.R. 2001. Combining live trap and pitfall to survey
terrestrial small mammals in savanna and forest habitats, in Brazil. Mammalia 65(4):524-
530.
MAGALHÃES, C. & BONALDO, A. B. 2003. Coleções biológicas da Amazônia: estratégias
sugeridas para o desenvolvimento e plena realização de suas potencialidades. In:

271
PEIXOTO, A. L. (Org.). Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e
Conservação da Biodiversidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, p. 149-167.
MAGALHÃES, C. U.; KURY, A. B.; BONALDO, A. B.; HADJU, E. & SIMONE, L. R. 2005.
Coleções de Invertebrados Não-Hexapoda do Brasil: Panorama atual e estratégias para
sua consolidação. Diretrizes e Estratégias para a Modernização de Coleções Biológicas
Brasileiras e a Consolidação de Sistemas Integrados de informação sobre
Biodiversidade. Disponível em: <http://www.cria.org.br/cgee/col/>. Acesso em: 13 de
junho de 2012.
MAGALHÃES, C.; CAMPOS-DOS-SANTOS, J. L. & SALEM, J. I. 2001. Automação de
coleções biológicas e informações sobre a biodiversidade da Amazônia. Parcerias
Estratégicas, 12(12): 294-312.
MALAISE, R. 1937. A new insect-trap. Entomologisk Tidskrift, Stockholm. 58: 148- 160, figs.
MANDARIN-DE-LACERDA, C.A. 1995. Métodos quantitativos em morfologia. Rio de
Janeiro: Eduerj. 131 p.
MARCHIORI, C. H.; PEREIRA, L. A.; SILVA-FILHO, O. M.; RIBEIRO, L. C. S.; BORGES, V.
R. & ARANTES, S. B. 2004. Microhimenópteros parasitóides de moscas coletados em
área urbana e de mata em Itumbiara, Goiás, Brasil . Biotemas, 7(1): 151-162.
MARINONI, L.; MAGALHÃES, C. & MARQUES, A. C. 2006. Propostas de estratégias e
ações para a consolidação das coleções zoológicas brasileiras. In: MINISTÉRIO DE
CIÊNCIA E TECNOLOGIA. (Org.). Diretrizes e estratégias para a modernização de
coleções biológicas brasileiras e a consolidação de sistemas integrados de informação
sobre biodiversidade. Brasília: Centro de Gestão e Estudos Estratégicos/Ministério de
Ciência e Tecnologia, p. 183-211.
MARTINS, U. R. 1994. A coleção taxonômica. In: N.PAPAVERO. (Org.). Fundamentos
práticos de taxonomia zoológica (Coleções, bibliografia, nomenclatura). São Paulo:
Universidade Estadual Paulista. p. 19-43.
MARTINS, M. & OLIVEIRA, M.E. 1998. Natural history of snakes in forests of the Manaus
region Central Amazonia Brazil. Herpetological Natural History, 6(2): 78-150.
MATEUS, A. 1989. Fundamentos de Zoologia Sistemática. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian. 305p.
MAYR, E. The growth of biological thought: diversity, evolution, and inheritance. Cambridge:
Harvard University Press, 1982. 974 p.
MAYR, E. 1965. Numerical phenetics and taxonomic theory. Systematic Zoology, 14:73-97.
MAYR, E.; LINSLEY, E. G. & USINGER, R. L. 1953. Methods and principles of systematics
zoology. São Francisco: McGraw-Hill Book Company. 336 p.

272
MAZÓN, M. & BORDERA, S. Effectiveness of two sampling methods used for collecting
Ichneumonidae (Hymenoptera) in the Cabañeros National Park (Spain). European
Journal of Entomology, 105: 879–888.
McDIARMID, R. W. & ALTIG, R. 2000. Tadpoles: The Biology of Anuran Larvae. Chicago:
University of Chicago Press. 458 p.
McFALL, W. F. 1975. Taxidermy Step By Step. Nova Iorque: Winchester Press. 230 p.
MEDICI, P.; MANGINI, P. R.; PEREA, J. A. S. 2007. Manual de medicina veterinária de
antas em campo. IUCN/SSC TAPIR SPECIALIST GROUP (TSG). Comitê de
Veterinária. 60 p.
MELO‚ G.V.; ROSSA-FERES‚ D.C. & JIM‚ J. 2007. Variação temporal no sítio de
vocalização em uma comunidade de anuros de Botucatu‚ Estado de São Paulo‚ Brasil.
Biota Neotropica, 7(2):93-102.
MENDES, S. L. & SOUZA, V., 2003. Diagnóstico das coleções de mamíferos no Brasil. . In:
PEIXOTO, A. L. (Org.). Coleções Biológicas de Apoio ao Inventário, Uso Sustentável e
Conservação da Biodiversidade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, p. 199-214.
METCALF, J. C. 1981. Taxidermy, A Complete Manual. Gerald Duckworth & Co., Ltd.,
London. 166 pp.
MILLEN, E. 1988 Guia Técnico Agropecuário, Instituto Campineiro de Ensino Agricola,
Campinas-SP
MOECK, H. A. 1970. Ethanol as the primary atractant for the ambrosia beetles,
Trypodendron lineatum (Coleóptera: Scolytidae). Canadian Entomologist, 1(8): 985-995.
MOEED, A. & MEADS, M. J. 1983. Invertebrate fauna of 4 tree species in Orongorongo
valley, New-Zealand, as revealed by trunk traps. New Zealand Journal of Ecology 6:39-
53.
MURARI, A. B.; COSTA, E. C.; BOSCARDIN, J. & GARLET, J. 2012. Modelo de armadilha
etanólica de interceptação de voo para captura de escolitíneos (Curculionidae:
Scolytinae). Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, 32(69): 115-117.
NEVES, L. M.; PEREIRA, H. H.; COSTA, M. R. & ARAÚJO, F. G. 2006. Uso do Manguesal
de Guaratiba, Baia de sepetiba, Rio de Janeiro, pelo peixe rei Atherinella brasiliensis
(Gaimard) (Atheriniformes,Atherinopsidae). Revista Brasileira de Zoologia, 23(2): 421-
428.
NOGUEIRA, C., VALDUJO, P. H. & FRANÇA, F. G. R. 2005. Habitat variation and lizard
diversity in a Cerrado area of Central Brazil. Studies on Neotropical Fauna and
Environment, 40: 105-112.
NOLL, F. B. & GOMES, B. 2009. An improved bait method for collecting Hymenoptera,
especially social wasps (Vespidae: Polistinae). Neotropical Entomology 38(4): 477-481.

273
OLIVEIRA, A. F.; FERREIRA, R. L. M. & RAFAEL, J. A. 2007. Sazonalidade e atividade
diurna de Tabanidae (Diptera: Insecta) de dossel na Reserva Florestal Adolpho Ducke,
Manaus, AM. Neotropical Entomology, 36: 790-797.
ORR, R. T. Biologia dos vertebrados. 5 ed. São Paulo: Roca, 2000. 508 p.
PACE, N. R. 2006. Time for a change. Nature 441: 289.
PAPAVERO, N. (Org.) 1994. Fundamentos práticos de taxonomia zoológica: Coleções,
bibliografia, nomenclatura. 2. ed. São Paulo: Editora da UNESP & FAPESP. 285 p.
PELENTIR, S. C. S. 2007. Eficiência de cinco modelos de armadilhas etanólicas na coleta
de Coleóptera: Scolytidae, em floresta nativa no município de Itaára, RS. 2007.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Florestal, Universidade Federal de Santa
Maria. 81 p.
PENNY, N. D. & ARIAS, J. R. 1982. Insect of an Amazon Forest, Columbia University Press,
New York, United States of America. 269 p.
PEREZ-SWEENEY, B. M.; RODRIGUES, F. P.; MELNICK, D. J. 2004. Metodologias
moleculares utilizadas em genética da conservação. In: CULLEN JR., L.; RUDRAN, R.;
VALLADARES-PADUA, C. Métodos de Estudos em Biologia da Conservação da Vida
Silvestre. Curitiba: Editora da UFPR. p. 343-380.
PINHEIRO-MACHADO, C. & SILVEIRA, F. A. 2006. Surveying and monitoring of pollinators
in natural landscapes and in cultivated fields. In: Fonseca, V. L. I.; Saraiva, A. M. & Jong,
D. D. (Eds.). Bees as pollinators in Brazil: Assessing the status and suggesting best
practices. Ribeirão Preto, Holos. p. 25-37.
PINOTTI, B. T. 2010. Pequenos mamíferos terrestres e a regeneração da Mata Atlântica:
influência da estrutura do habitat e da disponibilidade de alimento na recuperação da
fauna. Dissertação de Mestrado: Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo.
124 p.
PINZÓN, J. & SPENCE, J. 2008. Performance of two arboreal pitfall trap designs in
sampling cursorial spiders from tree trunks. The Journal of Arachnology, 36: 280–286.
PIOVEZAN, U.; ZUCCO, C. A. & ROCHA, F. L.. 2006. Uso de dardos anestésicos para a
captura de veados campeiros (Ozotoceros bezoarticus) no Pantanal. Boletim de
Pesquisa e Desenvolvimento, n. 71. Corumbá: Embrapa Pantanal. 22 p.
POPPER, K. Conjectures and refutations: the growth of scientific knowledge. New York:
Basic Books, 1962. 412 p. Disponível em:
<http://www.questia.com/PM.qst?a=o&d=78146549>. Acesso em: 21 de junho de 2012.
POPPER, K. Objective knowledge: an evolutionary approach. Oxford: Clarendon Press,
1972. 390 p.
POPPER, K. The logic of the scientific discovery. New York: Basic Books, 1959. 513 p.
Disponível em:

274
<http://www.cosmopolitanuniversity.ac/library/LogicofScientificDiscoveryPopper1959.pdf
>. Acesso em: 21 de junho de 2012.
POUGH, F. H.; JANIS, C. M. & HEISER, J. B. 2008. A vida dos vertebrados. 4. ed. São
Paulo: Atheneu. 750 p.
PRAY, L. L. 1978. Taxidermy. Nova Iorque: Macmillan Pub Co. 91 p.
PRENDINI, L.; HANNER, R. & DeSALLE, R. 2002. Obtaining, storing and archiving
specimens and tissue samples for use in molecular studies. In: DeSALLE, R.; GIRIBET,
G. & WHEELER, W.C. (Eds.) Methods and tools in biosciences and medicine:
techniques in molecular evolution and systematics. Basel: Birkhäuser Verlag AG. pp.
176–248
PROKOFIEV, A. 2008. New species and new records of lizardfishes of the genus Synodus
(Teleostei, Synodontidae) from the western Indian Ocean. Zoologicheskii Zhurnal, 84:
424–435.
PRUDENTE, A. L. C.; MASCHIO, G.; SANTOS-COSTA, M. C. & FEITOSA, D. T. 2010.
Serpentes da Bacia Petrolífera de Urucu, Município de Coari, Amazonas, Brasil. Acta
Amazonica, 40: 381-386.
PRUDENTE, A. L. C.; WOSIACKI, W.; REIS, R. E.; ZAHER, H.; PERCEQUILLO, A.;
ALEIXO, A. & STRAUBE, F. C. (Orgs.) 2005. Coleções Brasileiras de Vertebrados:
estado da arte e perspectivas para os próximos dez anos. Brasília: 26 p.
PRUDENTE, A. L. C. & SANTOS-COSTA, M. C. 2005. Checklist of snakes from Ferreira
Penna Scientific Station, Eastern Amazonia, Pará state, Brazil. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi, Série Ciências Naturais, 1(3): 203–208.
PUGEDO, H.; BARATA, R.A.; FRANÇA-SILVA, J.C.; SILVA, J.C. & DIAS, E.S. 2005. HP:
um modelo aprimorado de armadilha luminosa de sucção para a captura de pequenos
insetos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 38(1): 70-72.
QUERINO, R. B. & ZUCCHI, R. A. 2004. Espécies de Trichogramma (Hymenoptera:
Trichogrammatidae) coletadas em armadilha de sucção em reserva florestal. Neotropical
Entomology, Londrina, 33(4): 451-455.
QUERINO, R. B.; COUCEIRO, S.R.M.; QUEIROZ, L. O. & PENTEADO-DIAS, A. M. 2011.
The spatial distribution of Hymenoptera parasitoids in a forest reserve in Central
Amazonia, Manaus, AM, Brazil. Brazilian Journal of Biology, 71: 865-871.
RAFAEL, J. A.; MELO, G. A. R.; CARVALHO, C. J. B.; CASARI, S. A. & CONSTANTINO, R.
2012. Insetos do Brasil: diversidade e taxonomia. 1. ed. Ribeirão Preto: Holos Editora.
810 p.
RAFAEL, J. A. 2002. A amostragem: protocolo e técnicas de captura de Diptera. In: COSTA,
C.; VANIN, S. A.; LOBO, J. M. & MELIC, A. (Org.). Proyecto de Red Iberoamericana de

275
Biogeografia y Entomologia Sistemática: PrIBES 2002. 1ª ed. Zaragosa, Espanha:
Sociedade Entomológica Aragonesa, v. 2, p. 301-304.
RAFAEL, J.A. & I.S. GORAYEB. 1982. Tabanidae (Diptera) da Amazônia. I. Uma nova
armadilha suspensa e primeiros registros de mutucas de copa de árvores. Acta
Amazonica 12: 232-236.
RAIZER, J. 2004. Comunidade de aranhas em capões de mata das sub-regiões Miranda e
Abobral no pantanal sul-mato-grossense. Tese de Doutorado: Instituto de Biologia,
Universidade Estadual de Campinas. 99 p.
RAMOS-JÚNIOR. V. A.; PESSUTTI C. & CHIEREGATTO, C. A. F. S. 2003. Guia de
Identificação de Canídeos do Brasil. Sorocaba: Joy Joy Studio - Comunicação
Ambiental. 35 p.
REIS, R. N.; PERACHI, A. L.; FANDIÑO-MARIÑO, H. & ROCHA, 2005 Mamíferos da
Fazenda Monte Alegre Paraná. 1ª ed. Londrina: EDUEL. 177 p.
RESOURCES INVENTORY BRANCH. 1998. Inventory Methods for Terrestrial Arthropods:
Standards for Components of British Columbia's Biodiversity No. 40. Ministry of
Environment, Lands and Parks, Resources Inventory Branch for the Terrestrial
Ecosystems Task Force, Resources Inventory Committee. 49 p. Disponível em:
<www.ilmb.gov.bc.ca/risc/pubs/tebiodiv/terranth/assets/arthropod.pdf>. Acesso em: 25
de agosto de 2011.
RIBEIRO-JÚNIOR, M.A.; GARDNER, T. A.; ÁVILA-PIRES, T. C. S. 2006. The effectiveness
of glue traps to sample lizards in a tropical rainforest. South American Journal of
Herpetology, 1(2): 131-137.
RIBEIRO-JÚNIOR, M. A.; GARDNER, T. A.; ÁVILA-PIRES, T. C. S. 2008. Evaluating the
effectiveness of herpetofaunal sampling techniques across a gradient of habitat change
in a tropical forest landscape. Journal of Herpetology, 42: 733-749.
RIBEIRO-JÚNIOR, M. A.; ROSSI, R. V.; MIRANDA, C. L.; ÁVILA-PIRES, T. C. S. 2011.
Influence of pitfall trap size and design on herpetofauna and small mammal studies in a
Neotropical Forest. Zoologia, 28: 80-91.
RIOS, E. C. 1994. Seashells of Brazil. 2ed. Rio Grande: Editora da FURG. 492 p.
ROCHA, W. A. & PRUDENTE, A. L. C. 2010. Snake assemblege of Parque Nacional de
Sete Cidades, State of Piaui, Brazil. South American Journal of Herpetology, 5: 132-142.
SABINO, J. & PRADO, P. I. 2005. Vertebrados. In: LEWINSOHN, T. M. (Org.). Avaliação do
estado do conhecimento da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA, v. II, p. 55-146.
SABU T.K. & SHIJU, R.T. 2010. Efficacy of pitfall trapping, Winkler and Berlese extraction
methods for measuring ground–dwelling arthropods in moist–deciduous forests in the
Western Ghats. Journal of Insect Science 10(98): 1-17.

276
SABU T.K.; SHIJU, R.T.; VINOD, K. V. & NITHYA, S. 2011. A comparison of the pitfall trap,
Winkler extractor and Berlese funnel for sampling ground-dwelling arthropods in tropical
montane cloud forests. Journal of Insect Science 11(28): 1-19.
SAKAGAMI, S. F., LAROCA, S. & MOURE, J. S. 1967. Wild bee biocoenotics in São José
do Pinhais (PR), South Brazil: Preliminary report. Journal of the Faculty of Science,
Hokkaido University, Series VI, Zoology, 16: 253-291.
SANTOS, C.M.D. 2008. Os dinossauros de Hennig: sobre a importância do monofiletismo
para a Sistemática biológica. Scientiae Studia, 6: 179-200. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/ss/v6n2/03.pdf>. Acesso em: 21 de junho de 2012.
SAWAYA, R. J.; MARQUES, O. A. V. & MARTINS, M. 2008. Composição e história natural
das serpentes de Cerrado de Itirapina, São Paulo, sudeste do Brasil. Biota Neotropica,
8(2): 1-23.
SCHAUFF, M. E. 2004. Collecting and preserving insects and mites: techniques and tools.
United States Department of Agriculture, Agricultural Research service. Disponível em:
<http://www.sel.barc.usda.gov/selhome/collpres/collpres.pdf>. Acesso em: 21 de junho
de 2012.
SCHULTE-HOSTEDDE, A. I.; KUULA, S.; MARTIN, C.; SCHANK, C. C. M. &
LESBARRÉRES, D. 2011. Allometry and sexually dimorphic traits in male anurans.
Journal of Evolutionary Biology, 22: 1154-1159.
SCOTT, N. J.; MAXWELL, T. C.; THORNTON-JR, O. W.; FITZGERALD, L. A. & FLURY, J.
W. 1989. Distribution habitat and future of Harter’s Water Snake Nerodia harteri in
Texas. Jounal of Herpetology, 23(4): 373-389.
SICK, H. 1997. Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 912 p.
SILVA, M. B. 2011. Diversidade e distribuição de Cnemidophorus (Reptilia; Teiidae) no
Estado do Piauí. Dissertação de Mestrado em Zoologia, Universidade Federal do Pará e
Museu Paraense Emílio Goeldi. 75 p.
SILVA, J. G. D.; WERNECK, G. L.; CRUZ, M. S. P.; COSTA, C. H. N. & MENDONÇA, I. L.
2007. Infecção natural de Lutzomyia longipalpis por Leishmania sp. em Teresina, Piauí,
Brasil. Cadernos de Saúde Pública (FIOCRUZ), 23: 1715-1720.
SILVA-SOARES, T.; HEPP, F.; COSTA, P. N.; LUNA-DIAS, C.; GOMES, M. R.;
CARVALHO-E-SILVA, A. M. P. T. & CARVALHO-E-SILVA, S. P. 2010. Anfibios anuros
da RPPN Campo Escoteiro Geraldo Hugo Nunes, Município de Guapimirim, Rio de
Janeiro, sudeste do Brasil. Biota Neopropica, 10: 225-233.
SILVEIRA-NETO, S.; NAKANO, O. & BARBIN, D. 1976. Manual de ecologia dos insetos.
São Paulo: Agronômica Ceres. 419p.
SILVEIRA-NETO, S. & SILVEIRA, A. C. Armadilha luminosa modelo "Luiz de Queiroz". O
Solo, Piracicaba, v. 61, n. 2, p. 19-21, 1969.

277
SIMPSON, G.G. Princípios de taxonomia animal. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian,
1981.
SOKAL, R. R. & SNEATH, P. H. A. 1963. Principles of Numerical Taxonomy, San Francisco:
W.H. Freeman & Co. 359 p.
SOUZA, C. A. S.; LIMA, M. S. C. S. & PEDERASSI, J. 2011. Contribuição metodológica na
confecção de armadilhas iscadas para lagartos em ecossistemas de restinga, Angra dos
Reis, Rio de Janeiro. ecologi@, 2: 42-45.
SOUZA-JÚNIOR, M. H.; MELLO, S. A. X. & XAVIER, G. A. A. 2010. Museu de anatomia
comparada da UFRPE: Intercâmbio com o Zoológico de Recife. X Jornada de ensino,
pesquisa e extensão – JEPEX – UFRPE. Recife: 2010. Disponível em:
<http://www.sigeventos.com.br/jepex/inscricao/resumos/0001/R0796-1.PDF>. Acesso
em: 21 de junho de 2012.
SZPILMAN, M. 1991. Peixes Marinhos do Brasil. Rio de Janeiro: Mauad Editora Ltda. 288 p.
STORER, T. I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R. C. & NYBAKKEN, J. W. 1989. Zoologia
geral. 6. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 816p.
SUDIA, W. D. & CHAMBERLAIN, R. W. 1962. Battery operated light trap, an improved
model. Mosquito News, 22:126-129.
SUDIA, W. D. & CHAMBERLAIN, R. W. 1965. Methods for collection and processing of
medically important arthropods for arbovirus isolation. Atlanta: Communicable Disease
Center Publication. 35 p. Disponível em: <www.mosquitocatalog.org/files/pdfs/127945-
0.pdf>. Acesso em: 04 de setembro de 2011.
TADDEI, V. A.; MARTINS, U. R.; VIVO, M. & PERCEQUILLO, A. R. 1999. O acervo das
coleções zoológicas do Estado de São Paulo. In: BRITO, M. C. W. & JOLY, C. A. (Org.).
Biodiversidade do Estado de São Paulo. Síntese do conhecimento ao final do Século
XX, 7: infra-estrututa para conservação da biodiversidade. v. 7, p. 53-67.
TOLEDO, L. F. & HADDAD, C. F. B. 2011. Guia interativo dos anfíbios anuros da Mata
Atlântica. CD / CD-ROM. São Paulo: Editora Neotropica.
TOLEDO, L. F.; GIOVANELLI, J.; GIASSON, L. O.; PRADO, C. P. A.; GUIMARÃES, L. D.;
BASTOS, R. P. & HADDAD, C. F. B. 2007. Guia interativo dos Anfíbios Anuros do
Cerrado, Campo Rupestre & Pantanal. CD / CD-ROM.
TRANTER, D. J. & HERON, A. C. 1965. Filtration caracteristics of Clarke Bumpus samplers.
Australian Journal of Marine Freshwater Research, 16: 281-291.
TRANTER, D. J. & HERON, A. C. 1967. Experiments on filtration of plankkton nets.
Australian Journal of Marine Freshwater Research, 18: 89-111.
UKSAFARI. 2011. UK Safari Nature Shop. Disponível em:
<http://www.uksafari.com/shop/goods/lwt.htm>. Acesso em: 03 de maio de 2011.

278
UMETSU F, NAXARA, L & PARDINI, R. 2006. Evaluating the efficiency of pitfall traps for
sampling small mammals in the Neotropics. Journal of Mammalogy, 87: 757-765.
VANZOLINI, P. E.; RAMOS-COSTA, A. M. M. & VITT, L. J. 1980. Répteis das Caatingas.
Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências. 119p.
VANZOLINI, P.E. & PAPAVERO, N. 1967. Manual de coleta e preparação de animais
terrestres e de água doce. São Paulo: Departamento de Zoologia, Secretaria da
Agricultura do Estado de São Paulo, v. 1. 223 p.
VARGAS, G.A.; KRAKAUER, K.L.; EGREMY-HERNANDEZ, J. L. & MCCOID, M. J. 2000.
Sticky trapping and lizard survivorship. Herpetological Review, 31: 23.
VASCONCELLOS, A.; MELO, A. C. S.; SEGUNDO, E. M. V. & BANDEIRA, A. G. 2005.
Cupins de duas florestas de restinga do Nordeste Brasileiro. Iheringia, Série Zoologia,
95(2): 127-131.
VASCONCELLOS, R. M.; ARAUJO, F. G.; SANTOS, J. N. S. & SILVA, M. A. 2010. Short-
term dynamics in fish assemblage structure on a sheltered sandy beach in Guanabara
Bay, Southeastern Brazil. Marine Ecology, 31: 506–519.
VERDADE, L. M. 2001. Allometry of reproduction in broad-snouted caiman (Caiman
latirostris). Brazilian Journal of Biology, 61: 431-435.
VIANA, B.F.; SILVA, F.O. & KLEINERT, V. A. M. P. 2001. Diversidade e sazonalidade de
abelhas solitárias (Hymenoptera: Apoidea) em dunas litorâneas no nordeste do Brasil.
Neotropical Entomology, 30(2): 245-251.
VIVO, M. 1996. How many species of mammals are there in Brazil? Taxonomic practice and
diversity evaluation. In: BICUDO, C.E. & MENEZES, N.A. (Org.). Biodiversity in Brazil: a
first approach. São Paulo: CNPq, p. 313-321.
VOGT, R. C. 1980. New methods for trapping aquatic turtles. Copeia, 1980: 368-371.
WHITTAKER, R. 1969. New concepts of kingdoms or organisms: Evolutionary relations are
better represented by new classifications than by the traditional two kingdoms. Science
163: 150–160.
WILLMANN, R. 2003. From Haeckel to Hennig: the early development of phylogenetics in
German-speaking Europe. Cladistics, 19: 449–479.
WOESE, C.; MAGRUM, L. & FOX, G. 1978. Archaebacteria. Journal of Molecular Evolution,
11(3): 245–51.
WU, X. B.; XUE, H.; WU, L.S.; ZHU, J. L. & WANG, R. P. 2006. Regression analysis
between body and head measurements of Chinese alligators (Alligator sinensis) in
captive population. Animal Biodiversity and Conservation, 29.1: 65–71.
ZAHER, H. & YOUNG, P. S. 2003. As coleções zoológicas brasileiras: panorama e desafios.
Ciência e Cultura, p. 24 - 26.

279
ZANUNCIO, J. C.; BRAGANÇA, M. A. L; LARANJEIRO A. J. & FAGUNDES, M. 1993.
Coleópteros associados à eucaliptocultura nas regiões de São Mateus e Aracruz,
Espírito Santo. Revista Ceres, 41: 584-590.
ZINA, J.; ENNSER, J.; PINHEIRO, S. C. P.; HADDAD, C. F. B. & TOLEDO, L. F. 2007.
Taxocenose de anuros de uma mata semidecídua do interior do Estado de São Paulo e
comparações com outras taxocenoses do Estado, sudeste do Brasil. Biota Neotropica,
7: 1-9.

280

You might also like