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| AR a — “ a ev eter BLYNO RA GUAZZELLI VRE RESUMO D/A OBRA APOIO DIPATICO PARA O TRABALHO COM Hs COMENTARIOS ANALITICOS SOBRE AHQE 0 CLASSICO SUGESTOES Dé ATIVIDADES. EXERCICIOS RESOLVIDOS A ESCRAVA ISALUIRA - RESUMO Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, meados do século XIX. Ai vive Isaura, dona de educacio e beleza incomuns, mas nio de si mesma: nasceu escrava, do amor de uma mulata clara por um feitor branco. O romance dos dois enfureceu 0 Comendador, cheio de desejos pela mulata, ¢ ele a castigou até a morte, além de expulsar o feitor da fazenda ‘A pequena Isaura foi entio criada como filha pela esposa do Comendador, a qual prometia ree ec vee erste Isaura, agora moga, desperta 0 desejo de Le8ncio,filho do Comendador, que lhe a fazenda e vai morar na Corte apés a morte de sua esposa. Visando o dote do matriménio, Peete Tene ners ee ete ses eee em atendimento & promessa de sua sogra, mas ele se recusa, mesmo quando o pai de Isaura Ihe oferece o exorbitante prego da alforria. Ledncio tenta seduzir Isaura com promessas de amor, mas, diance da recusa, acaba por intimidi-la com ameagas. Ela estédlsposta a se mata Sree aetna [oe er tee te eee a beleza e docura da jovem encantam o idealista e riquissimo Alvaro. Apaixonada, ela vai a um baile e & desmascarada por tum cagador de recompensas. Leéncio vai a Recife e resgata sua ‘propriedade”. Por vinganca, encarcera Isaura Forja uma carta em que Alvaro informa seu casamento com outra mulher. E anuncia que iré liberté-la — depois que ela se casar com o deformado jardineito Belchior. Assim, reconquista Malvina, que 0 abandonara isola) vis, Ultrrist ieee eae ayaesayremtint | nome oe oun o levou a negligenciar os negécios fazer dividas. Alvaro as assume, tornando-se tinico credor eee enlouquecido, suicidacse. Isaura, como todos os eseravos da fazenda, agora é livre. Hles serio 0s arrendatétios das teras,¢ ela, a mulher de Alvaro Aro OW NLT eet 7 Col oc A colecao Cléssicos Brasileiros em HQ se vale da popularidade dos quadzinhes para iniciar os estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio na leitura dos maiores cléssicos da literatura brasileira Rete nen gece een eee eae ee een ete quadeinhos, e que a0 mesmo tempo sto apuradas leitores dessas obras clissicas. Dessa maneira, foram produzidas recriagoes de altssima qualidade, proporcionando uma leieura sedutora, que com certeza vai envolver o piiblico... quadro a quadro. Todo volume vem acompanhado de apéndice ¢ suplemento de leitura. No apéndice, sio apresentados os autores do original e da adaptasao, aspectos da época enfocada no Breen tera kere sre M eet mam ance tnen tat Gere eRe es Unseen mC ert creer sobre a obra original ea recriada, sugest6es de atividades que interagem com campos diversos do conhecimento ¢ exercicios que agucam a compreensio do leitor. Clissicos Brasileiros em HQ chega para estimular nos jovens o gosto pela leitura e pafa proporcionar familiaridade com 0 que de melhor jé se escreveu em nosso idioma PARA TRABALHAR COM A ESCKAVA /ISAURA EM QUADRINHOS [As segbes “A linguagem dos quadrinhos”, “Roteiro de comentitios” e “SugestGes de atividades” tém o objetivo de oferecer subsidios a0 professor para o trabalho com a HQ. A LINGUAGEM DOS QUADRINHOS Em termos gerais, io estes os elementos da arte dos quadrinhos (com exemplos seguidos de comentatios que podem ser expostos & turma). QUADROS So as diversas cenas que, dispostas em sequéncia e em geral emolduradas, estabelecem a narrativa, “contam a historia”. (Ein muitas paginas, hd algum desenho sem a moldura, ao qual as vezes se sobrepoem os quadros. Esse recurso evita a monotonia visual causada pela distribuigao esquemética dos quadvos.) PLANOS So os cortes das imagens, que determinam o que aparece ¢ 0 que € ocultado. Os principais planos s + plano geral (ou panorémica): é bem amplo, abrangendo tanto os personagens como © censtio em que eles esto inseridos. (A HQ abre com uma panorémica da fazenda de Leéncio, da qual o leitor vai se aproximando pelo efeito do room, «até se sentir introduzido na casa-grande,) + plano de conjunto: mostra os personagens por inteiro, mas sem grande abertura, para o censtio, (No pemiltimo quadro da p. 24, se 0 cendrio nao estivesse oculzo pelas paredes do galpiio e a paisagem que se entrevé pela porta fosse bem ‘ampla, teriamos ai um plano geral. Como estd, temos 0 plano de conjunto.) + plano médio: retrata os personagens mais ou menos da cintura para cima, ‘mostrando com bastante clareza os seus gestos. (No primeiro quadro da p. 10, observamos bem o puxa-empurra entre Henrique e Isaura: ele tentando trazé-la para si, ela tentando afastdclo de si.) ‘+ primeiro plano: atém-se & altura dos ombros dos personagens, salientando sua expressio fisiondmica. (No primeire quadro da p. 33, vemos nitidamente que Alvaro chora de emogéo ao ouvir Isaura cantando.) A denominacio “em primeiro plano” indica também o elemento da imagem que, em relacio aos outros, esté mais préximo do observador. (No segundo quadro da p. 33, Isaura colocada em primeiro plano transmite uma impressio de acuo diante da plateia, como ocorre na p. 29, conforme relatado no exercicio 6.) + elo: concentra-se num deralhe da figura humana ou de um objeto, realgando-o. (0 olbar cobigoso de Henrique na p. 9.¢ a ldgrima ardente de Leéncio na (p.23 sito mostras do desejo que Isaura provoca nos homens. Mas ela sé se rende «Alvaro, que tem seu empenho coroado com um beijo no final. ANGULOS DE VISAO ‘Ou “tomadas de cena”, so os angulos pelos quais o desenhista enfoca a cena. Sua vatiagao confere mais expressividade 3s cenas e mais dinamismo as paginas. (Na p. 29, a tomada enviesada da plateia passa a impressio de haver um corredor sem fim pelo qual Isaura e seu pai, acuados, sao obrigados a passar, ¢ a visiio frontal do par reforca a sensagio de constrangimento, Vale notar que Leéncio 0 personagem com mais tomadas de baixo para cima (p. 11, 23, 52), dado o seu cariter autoritério e repressor. Ele sé tem tomadas de cima para baixo na p. 13, para realear sua solidao apés Malvina e Isaura o terem deixado falando soxinho, ena p. 62, quando morre e jd nao pode incomodar mais ninguém.) COR O uso das cores nao sé torna mais atraentes os quadros e as piginas como também se presta a variados propésitoss por exemplo, nesta HQ: marcar planos narrativos distintos (note como, no tltimo quadro da p. 7, a auséncia de cor deixa bem elaro que a cena em Paris é apenas uma lembranga de Leéncio); identificar period do tempo (neja como 0 anoitecer, anunciado por Aluaro no primeiro quadro da p. 46, nai se manifestando nos quadros seguintes); ralgar atmosferas, estados de espitito (observe que, nos ambientes mais ligubres, predominam cores soturnas, menos vivas, como no galpdo das fiandeiras, da p. 19 a 25, na cadeia em que Miguel éaprisionado, da p. 51 a 53, ena masmorra em que Isaura é confinada, na p. 54, em contraste com a luminosidade das cenas do baile em Recife, na p. 27, ‘que transmite alegria e descontraséo; a ceriménia do casamento de Isaurd, por ser uma festa, poderia ser iluminada com cores radiantes, no entanto a atmosfera néo éde alegria, s6.0 é para Leéncio, Malvina e— é claro — Belchior). TEXTO ‘Além de aparecer nas falas € nos pensamentos, nesta HQ 0 texto ganha outras formas: representando uma cangio (p. 32, 33), indicando uma ovagio (p. 33), reproduzindo tum antincio de jornal (p. 37), simulando carta manuscrita (p. 41). Os pensamentos siio indicados por baldes em forma de nuvens ¢ com setas em forma de bolhas (p. 14, 22, 45). As falas em tom mais elevado sio representadas por letras de tamanho maior (p. 10, 24, 36, 48, 49, 52, 59, 61, 62), enquanto as falas sussurradas tém. letras menores e bal6es com contorno pontilhado (p. 8, 9, 29, 30, 31, 32, 39, 40, 44, 45, 46, 51, 52, 55). Eimportante observar que os autores da adaptagio optaram por nao utilizar legendas, que normalmente aparecem em boxes e representam a vor do narrador. Em muitos casos, a prépria fala dos personagens & que faz as vezes das legendas, que “narra a histéria’, e nesses casos a fala aparece no itélico e sem balao (. 5, 6, 47, 504.55). Também so intimeras as falas em off, em que 0 personagem que fala nfo aparece em cena (p. 7, 8, 9, 12, 13, etc.). A onomatopeia, nos quadrinhos, é uma mistura de texto e imagem para representar sons, geralmente com letras grandes desenhadas préximas do ponto em que ocorre © som representado (p. 13, 21, 46, 58, 62). A ESCRAVA ISALIRA ROTEIRO DE COMENTARIOS Nesta seco sugerimos alguns enfoques que o professor pode complementar, desenvolvere expor curma: HA cconomia do Segundo Império era eminen- temente agréria, No entanto, vemos que na fazenda de Leéncio, além de se produzir café, fabricavam-se tecidos e eram muitasas escravas que tabalhavam como fiandeiras. Foi aindkis- tia céxtl que dew inicio ao processo de indus- ssializagio do Brasil El jéexistia nos tempos dda coloniaagio, mas em 1785 Dona Maria I ‘ordenou o fechamento de todas as Fabricas,ex- eto aquelas que produziam tecidos grosseiros, ‘como os que se destinavam vestimenta dos cescravos. Com a chegida de Dom Joio VI a0 Brasil, em 1808, o decreto de Dona Mata I foi revogado, mas. assinatura do tratado dealian ae cométcio, em 1810, que reduzia a taxagio dos produtos ingleses, deixou a produgio na- ional em maus lengsis. Em 1844, com a ele- vagio das tarifas alfandegi til brasileira ganhou impulso, favorecida tam- bbém pela significativa culcura algodoeira s, a indhistria tex 8 Campos dos Goytacazes, cenatio principal de A exravatIsaura, €0 maior municipio do inte- rior do estado do Rio de Janeiro e uma das cidades mais importantes do Brasil. A prospe- ridade se deve a0 seu solo e reve um passado pujante por causa da cultura do café ¢ da ca- narde-agticar (foi a primeira cidade dotada de Juz elétrica na América Latina); a descoberta de petedleo e gis natural trouxe um novo im- pulso para a regio. WA partir da primeira metade do séeulo XIX, a Inglaterra passou a contestarotrifco de esc vos por razées econdmicas e presses sociais ‘em seu terrtéro, provocando repercussses em todo © mundo, A Lei Aberdeen (1845) proibia © rico atkintco e dava poder 20 pais para abordat, naufragar ¢ aprsionar quem ainda © praticasse. Com o apoio de Dom Pedro I, foi criada aqui em 1850 a Lei Eusébio de Queiroz, ‘que acabava com o trifico no pais. Outras leis alforiavam os considerados “mais fiacos”. A Lei do Ventre Livee daa liberdade aos filhos de «scravos nascidos a partir de 1871; a Lei do S sxagendrio (1885), 20s ~ raros ~ maiores de 60 anos. Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isa- bel assinow a Lei Aurea, tornando o Brasil a “ikima nagio das Américas a abolir completa- mente a escravido, W1Ao colocar a escravido como tema central da narrativa, 0 romance de Bernardo Guimaries foge aos padres da prosa produzida no Brasil aéentio,quese concentrava nos conflitosindi- viduais dos personagens, deixando as questes sociais fora do campo de preocupacio. E, con- siderando que na época predominavam 0s £0- mances urbanos, 0 autor cambém foi pioneiro a0 escolher © ambiente rural como cenério de sua obra. Assim, pode-se dizer que A exnsoa ‘aura foi um ponto de partida para 0 enfoque do Brasil agrétioe provinciano, com seu modo de vida peculiar que seria mais tarde explorado pelos pré-modernistas (como Monteiro Lobato, Lima Barreto e Euclides da Cunha) e pelos es- critores tegionalistas do modemismo (como Graciliano Ramos ¢ José Lins do Rego) W Bernardo Guimaries, nascido em Ouro Preto (MG), em 1825, entrou na Faculdade de Dire to do Largo Sio Francisco, em Sio Paulo, em 1847, Aliescudavam também os poetas Alares de Azevedo ¢ Aureliano Lessa, Os tés se torna- sam amigos fntimos e teriam planejado publi- car uma obra conjunta, um livro de poesia que se chamaria As ors fra, No entanto, 0 projeo nao foi adiante porque sé Alvares de Azevedo teria feito asua parte, que result no livro Lira dos vnte anes, Conta-se também que os trés fandaram, ou eram membros ativos, da Socie- dade Epicurea, onde, segundo o eriticoliters- tio Antonio Candido, “os jovens procaravam.

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