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Teoria da comunicação e Níveis de linguagem

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Prof. Carol Lucena

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A VERDADEIRA LEI DE GÉRSON
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Raul Marinho Gregorin

Você se lembra daquele célebre comercial do cigarro


Vila Rica, onde nosso tricampeão Gérson falava a famosa frase:
“...Porque você tem que levar vantagem em tudo, cerrrto?”.
A frase teve tanto impacto que acabou sendo criada a “Lei de
Gérson”, 1que simboliza o oportunismo e a falta de escrúpulos
típicas de uma grande parcela de nossa sociedade. (...)
Concordo que nossa postura oportunista realmente
contribui para nos manter 2neste estado de atraso econômico e
cultural em que vivemos. 3Só que a “Lei de Gérson”, na verdade
é muito mais antiga que o próprio. No excelente livro “Mauá,
Empresário do império”, de Jorge Caldeira (Ed. Companhia das
Letras), 4percebe-se que há quase duzentos anos atrás esta lei
já era cumprida. Aliás, essa deve ser a lei mais antiga do Brasil,
pois desde as capitanias hereditárias nossa história é pontilhada
de exemplos de oportunismo e falta de escrúpulos. A própria
escravidão não deixa de ser uma mostra do viés ético de nossa
1. (Esa 2023) Sobre as questões da linguagem presente no sociedade desde tempos imemoriais, mas isso já é outra
texto, assinale a alternativa correta: história.
a) As palavras que aparecem em volta da personagem nos Eu não conheço a biografia do Gérson, muito menos do
quadrinhos revelam a diferença da linguagem utilizada na publicitário que criou a frase e o comercial do Vila Rica. 5Mas
escrita e na fala. acho muito improvável que o Gérson real seja um oportunista
b) A personagem utiliza línguas diferentes em cada quadrinho. sanguinário como ficou sendo sua imagem. Nem acredito que o
c) No segundo quadrinho a personagem utiliza a língua padrão. diretor de criação da agência poderia imaginar que esta frase
d) Não há variações linguísticas no texto. seria usada mais de vinte anos depois para designar esta nossa
e) No primeiro quadrinho a personagem utiliza uma linguagem característica.
informal. Nossa língua é ferina. Quando a Volkswagen lançou o
Fusca com teto solar no final da década de ‘60’, as vendas
2. (Esa 2022) Observe a tira do Calvin a seguir. despencaram depois que passou a ter a conotação de “carro de
chifrudo”. A VASP na década de 70 criou um voo noturno
ligando São Paulo ao Guarujá 6para atender aos executivos que
deixavam suas famílias no balneáreo e passavam a semana
trabalhando na capital. O nome do voo era “Corujão” devido ao
horário. Não demorou muito, o voo passou a ser apelidado de
“Cornudão”, pelo fato das esposas ficarem na praia enquanto os
maridos ficavam na cidade. 7A VASP teve que cancelar a linha
por falta de passageiros.
E óbvio que 8a VW tinha introduzido o teto solar
baseado no fato do Brasil ser um país quente e ensolarado,
perfeito para aquele opcional. 9Só que o consumidor preferia
A função da linguagem predominante na fala de Calvin, por ficar passando calor a ser visto dirigindo um carro com um
testar o canal de contato com outra pessoa, é a: buraco no teto para “deixar os chifres de fora”. 10O voo corujão
a) conativa (apelativa). era perfeito, especialmente na época em que não havia
b) metalinguística. Piaçaguera e, para chegar ao Guarujá de carro na alta
c) poética. temporada, o motorista tinha que enfrentar horas de fila na
d) denotativa. balsa. 11Mas era melhor demorar oito ou dez horas de carro do
e) fática. que ir de avião, em meia hora, num voo chamado “Cornudão”...
12Com o comercial do Gérson foi a mesma coisa.
3. (Eam 2022) 13Levar vantagem em tudo não significa que os outros tem que

levar desvantagem. O oportunismo foi incorporado à frase por


quem a leu/ouviu, não por quem a escreveu/disse. O problema é
que passou a ficar (para usar um conceito atual) “politicamente
incorreto” levar vantagem em alguma coisa.
Na verdade, parece que nossa sociedade se divide em
dois grandes blocos: um que leva vantagem em tudo (no sentido
pejorativo) e outro que não pode levar vantagem em nada.
Acontece que dá para levar vantagem em tudo sem fazer com
Nos quadrinhos acima, é observado que Armandinho e seus que os outros saiam em desvantagem. 14Você não precisa
colegas pedem ao adulto "aipim", "mandioca" e "macaxeira". esmagar a outra parte para sair ganhando.
(http://www.geocities.ws/cp_adhemar/leidegerson.html. Acesso em: 10 abril 2017. Texto
Esses termos são exemplos de variação regional, que também revisado conforme a nova ortografia.)
pode ser chamada de:
a) variação diafásica. b) variação distintiva.
c) variação discursiva. d) variação diatópica.
e) variação diastrática.

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4. (Epcar (Afa) 2022) O texto – com o objetivo de empregar certo arregaçado das narinas, uma ponta de ironia que lhe
uma linguagem mais cotidiana e próxima do leitor comum –, em voejava na comissura da boca breve e enérgica – tudo isso
alguns trechos desvia-se das regras da norma padrão da mostrava estar ali naquele painel representada uma mulher
gramática. Assinale a alternativa em que NÃO se encontra esse meridional, ardente e vivaz, pronta ao amor apaixonado ou à
tipo de desvio. luta odienta. [...]
a) “...que simboliza o oportunismo e a falta de escrúpulo típicas Sem querer acrescentar mais ao já dito sobre as
de uma grande parcela da sociedade.” (ref. 1) damas, perguntava de mim para mim se o pintor do século
b) “...percebe-se que há quase duzentos anos atrás esta lei já passado, ao traçar com tanta correção e finura os dois retratos
era cumprida.” (ref. 4) de mulher, transmitindo-lhes em cada cabelo do pincel uma
c) “Só que a 'Lei de Gérson', na verdade é muito mais antiga chama de vida, não estaria realmente diante de dois
que o próprio.” (ref. 3) espécimens raros de filhas de Eva, de duas heroínas que por
d) “Só que o consumidor preferia ficar passando calor a ser visto serem de comédia ou de ópera nem por isso deixam de o ser da
dirigindo...” (ref. 9) vida real?
– Quem sabe se a Fontagens e a Montespan?
5. (Eam 2021) – Qual! Impossível!
– Impossível? não! Porque a cadeirinha podia
perfeitamente ter sido pintada em França e era até mais natural
crê-lo; porquanto a finura das tintas e a correção dos traços
pareciam indicar um artista das grandes cortes da época.
E assim, em tais conjeturas pus-me a examinar mais
detidamente o velho e delicado veículo, relíquia do século
passado, sobrevivendo não sei por que na sacristia da igreja de
um modesto arraial mineiro. Os varais, conformes à moda
bizarra do tempo, terminavam em cabeças de dragões com as
faces abertas e sanguentas e os olhos com uma expressão de
ferocidade estúpida. O forro de cima formava um pequeno docel
de torno senhorial; e o ouro velho do damasco que alcatifava
Quando se fala em variação linguística, analisam-se os também os dois assentos fronteiriços não tem igual nas casas
diferentes modos em que é possível expressar-se em uma de modas de agora.
língua. Levando-se em conta a escolha de palavras feita no Qual das matronas de Ouro Preto, ou das cidades que
primeiro quadrinho, é correto afirmar que esse é um exemplo de como esta alcançam mais de um século, não terá visto, ou pelo
variação: menos ouvido falar com insistência, quando meninas, nas
a) diafásica, pois se trata de uma variação da língua em que cadeirinhas conduzidas por lacaios de libré, onde as moçoilas e
ocorrem diferenças de linguagem devido à região do falante. as damas de outrora se faziam delicadamente transportar?
b) diastrática, pois se trata de uma variação social da língua em Quem não fará reviver na imaginação uma das cenas
que ocorrem diferenças de acordo com o grupo 'social galantes da cortesia antiga em que, através da portinhola
específico do falante. cortada de caprichosos lavares de talha, passava um rostozinho
c) diacrônica, pois se trata de uma variação histórica da língua enrubescido e dois olhos de veludo a pousarem de leve sobre o
em que, ocorrem mudanças no decorrer do tempo. cavalheiro de espadim com quem a misteriosa dama cruzava na
d) diastrática, pois se trata de uma variação da língua em que passagem?
ocorrem diferenças de linguagem, levando-se em conta o Também, ó pobre cadeirinha, lá terias o teu dia de
ambiente de interação entre os interlocutores. caiporisnio: havia de chegar a hora em que, em vez dos saltos
e) diacrônica, pois se trata de uma variação da língua em que se vermelhos de um sapatinho de cetim calçando um pezinho
percebe o predomínio de expressões informais ligadas a delicado, teu fundo fosse calcado pela chanca esparramada de
grupos sociais específicos. alguma cetácea obesa e tabaquista. [...]
Nem foram desses os teus piores dias, ó saudosa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: cadeirinha! Já pelos anos de tua velhice, quando, como agora,
A CADEIRINHA sobrevivias ao teu belo tempo passado, quando, perdidos teus
Naquele fundo de sacristia, escondida ou arredada antigos donos, alguém se lembrou de carregar-te para a
como se fora uma imagem quebrada cuja ausência do altar o sacristia da igreja, não te davam outro serviço que não o de
decoro do culto exige, encontrei a cadeirinha azul, forrada de transportares, como esquife, cadáveres de anjinhos pobres ao
damasco cor de ouro velho. Na frente e no fundo, dois cemitério, ou semelhante às macas das ambulâncias militares, o
pequenos painéis pintados em madeira com traços finos e de conduzires ao hospital feridos ou enfermos desvalidos.
expressivos. Representava cada qual uma dama do antigo Que cruel vingança não toma aquela época longínqua
regime. A da frente, vestida de seda branca, contrastava a por lhe teres sobrevivido! Coisa inteiramente fora da moda, o
alvura do vestido e o tênue colorido da pele com o negrume dos contraste flagrante que formas com o mundo circundante é uma
cabelos repuxados em trunfa alta e o vivo carmim dos lábios; prova evidente de tua próxima eliminação, ó velha cadeirinha
tinha um ar desdenhoso e fatigado de fidalga elegante para dos tempos mortos!
quem os requintes da etiqueta e galanteios dos salões são já Mas é assim a vida: as espécies, como os indivíduos,
coisas velhas e comezinhas. A outra, mais antiga ainda, trazia vão desaparecendo ou se transformando em outras espécies e
as melenas em cachos artísticos sobre as fontes e as em outros indivíduos mais perfeitos, mais complicados, mais
pequeninas orelhas; um leque de marfim semiaberto comprimia- aptos para o meio atual, porém muito menos grandiosos que os
lhe os lábios rebeldes que queriam expandir-se num riso franco; passados. Que figura faria o elefante de hoje, resto exótico da
os olhos grandes e negros tinham mais paixão e mais alma. fauna terciária, ao lado do megatério? A de um filhote deste. E,
Esta contemporânea de La Vallière, que o artista anônimo no entanto, bem cedo, talvez nos nossos dias, desaparecerá o
perpetuou na madeira da cadeirinha, não se parecia muito com elefante, por já estar em desarmonia com a fauna atual, por
aquela meiga vítima da régia concupiscência; ao contrário, um constituir já aquele doloroso contraste de que falamos acima e

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que é o primeiro sintoma da próxima eliminação do grande Assinale a alternativa INCORRETA referente ao texto “Poesia”.
paquiderme. Parece que o progresso marcha para a dispersão, a) “No entanto”, no terceiro verso, e “Mas”, no penúltimo verso,
a desagregação e o formigamento. Um grande organismo tomba têm sentido adversativo; reforçam a luta do poeta com as
e se decompõe e vai formar uma Inumerável quantidade de palavras.
seres ávidos de vida. A morte, essa grande ilusão humana, o b) No segundo verso, “que a pena não quer escrever”, a forma
início daquela dispersão, ou antes a fonte de muitas vidas. E verbal apropriada, para o racionalismo que o poema defende,
que grande consoladora! seria “quis escrever”.
Lembra-me ter visto, há tempos, um octogenário de c) O poema fala da própria busca da poesia. Trata-se de um
passo trôpego e cara rapada passeando em trajes domingueiros texto metalinguístico.
a pedir uma caricia ao sol. Dirigi-lhe a palavra e detivemo-nos d) Em “inunda minha vida inteira” há um exagero verbal, que
largo espaço a falar dos costumes, das coisas e dos homens de recebe o nome de hipérbole; o exagero nasce do
outro tempo. Nisso surpreendeu-nos um magote de garotos que contentamento do eu-lírico.
escaramuçou o velho a vaias. O pobre do ancião já ia seguindo
seu caminho quando o abordou a meninada; não apressou o TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
passo nem perdeu aquela serenidade de quem já tinha domado Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh
as fúrias das paixões com o vencer os anos. Vi-o ainda voltar-se largou o emprego bem remunerado numa agência de
com o rosto engelhado numa risada tristíssima, a comprida publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como
japona abanando ao vento e dizer, em tom de convicção roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos
profunda: “Ai dos velhos, se não fosse a morte!" Parecia uma os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e
banalidade, mas não era senão o apelo supremo, a prece enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais
fervente que esse exilado fazia a Deus para que pusesse termo eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas,
ao seu exílio, onde ele estava fora dos seus amigos, dos seus uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na
costumes, de tudo quanto lhe podia falar ao coração. [...] MGM.
Por que, pois, a pobre cadeirinha, esse mimo de graça,
esse traste casquilho, essa fiel companheira da vida de Prezado senhor:
sociedade, da vida palaciana, da vida de corte com seus apuros
e suas intrigas, suas vinganças pequeninas, seus amores, Gosto de palavras. 1Gosto de palavras gordas,
todavia sobrevive e por que a não pôs em pedaços um braço untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de
robusto empunhando um machado benfazejo? Ao menos palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso,
evitaria esse dolorosíssimo ridículo, essa exposição indecorosa valetudinário. 2Gosto de palavras espúrias, enganosas, como
de nudez de velha! mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de suaves palavras
Já tiveste dias de glória, cadeirinha de outros tempos! com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de
Pois bem: desaparece agora, vai ao fogo e pede que te reduza palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha,
a cinzas! É mil vezes preferível a essa decadência em que te croque, esbarrão, crosta. 3Gosto de palavras emburradas,
achas e até mesmo à hipótese mais lisonjeira de te perpetuarem carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso,
num museu. Deves preferir a paz do aniquilamento à glória de sovina. 4Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas,
figurares numa coleção de objetos antigos, exposta à como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de palavras
curiosidade dos papalvos e às lorpas considerações dos elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio,
burgueses, mofada e tristonha. Morre, desaparece, que talvez – Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas,
por que não? – a tua dona mais gentil, aquela para quem tuas farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar.
alcatifas tinham mais delicada carícia ao receber-lhe o corpinho Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete,
mimoso, aquela que recendia um perfume longínquo de roseira borbulhão, arroto.
do Chiraz te conduza para alguma região ideal, dourada e Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator,
fugidia, inacessível aos homens... [...]. e por isso resolvi largar meu emprego numa agência de
ARINOS, Affonso. Pelo Sertão. Minas Gerais: Itatiaia, 1981. (Texto adaptado) publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas,
antes de dar o grande salto, fui para a Europa, onde passei um
6. (Esc. Naval 2021) Marque a opção que apresenta a função de ano estudando, contemplando e perambulando.
linguagem predominante no último parágrafo do texto.
a) Conativa. b) Referencial. c) Emotiva. Acabei de voltar e ainda gosto de palavras.
d) Fática. e) Metalinguística.
Posso trocar algumas com o senhor?
7. (Epcar (Afa) 2020)
Poesia Robert Pirosh
Gastei a manhã inteira pensando um verso Madison Avenue, 385
que a pena não quer escrever. Quarto 610
No entanto ele está cá dentro Nova York
inquieto, vivo. Eldorado 5-6024.
Ele está cá dentro (USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de
e não quer sair. pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras,
2014.p. 48.)
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 8. (Epcar (Afa) 2020) Analisando a forma e o objetivo do texto, é
2007, p. 45.) correto afirmar que
a) a linguagem utilizada é acentuadamente formal, já que o
remetente está em um contexto que necessita desse tipo de
tratamento.

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b) para convencer o destinatário, Robert utilizou, ao longo da língua que desdobra os versos de Homero. A língua cria o
carta, discurso direto, caracterizando assim um tom de mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda a Grécia,
proximidade e amizade com o receptor. Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de Pidias, dos
c) o texto é marcadamente denotativo, possibilitando ao deuses do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode do poeta ao
destinatário perceber a versatilidade linguística do remetente. ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi feita com a língua, a
d) a carta se utiliza de elementos da função emotiva – centrada língua de belos gregos claros falando para a eternidade.
no emissor – ainda que a intenção predominante do autor
seja a função apelativa – conquistar o receptor. XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) –
Bravo, Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de melhor.
9. (Epcar (Afa) 2020) Tomando por base seus conhecimentos (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) Vai agora ao
gramaticais, assinale a alternativa INCORRETA, referente ao mercado, e traze-nos o que houver de pior, pois quero ver a sua
texto. sabedoria! (Esopo retira-se à frente com o saco, Xantós fala a
a) “Palavras elegantes” são as preferidas do autor; elas Agnostos.) Então, não é útil e bom possuir um escravo assim?
mostram a posição cultural de alguém que, por ser jornalista,
não pode usar palavras de cunho popular. AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com prato
b) A palavra “vermiformes” é uma evidência de que um idioma é coberto)
marcado por processos de criação de novas palavras, a partir
de outras já existentes na língua. XANTÓS – Agora que já sabemos o que há de melhor na terra,
c) Em “Posso trocar algumas [palavras] com o senhor?”, o vejamos o que há de pior na opinião deste 1horrendo escravo!
sentido é dialogar, conversar. Equivaleria à expressão “Ter Língua, ainda? Mais língua? Não disseste que língua era o que
um dedo de prosa com alguém”. havia de melhor? Queres ser espancado?
d) A repetição da expressão “Gosto de palavras” de algum modo
intensifica o gosto do autor por palavras. ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. É a
fonte de todas as intrigas, o início de todos os processos, a mãe
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: de todas as discussões. É a língua que usam os maus poetas
Trecho da peça teatral A raposa e as uvas, escrita por que nos fatigam na praça, é a língua que usam os filósofos que
Guilherme de Figueiredo. A cena ocorre na cidade de Samos não sabem pensar. É a língua que mente, que esconde, que
(Grécia antiga), na casa de Xantós, um filósofo grego, que tergiversa, que blasfema, que insulta, que se acovarda, que se
recebe o convidado Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é mendiga, que impreca, que bajula, que destrói, que calunia, que
servido por Esopo e Melita, escravos de Xantós. vende, que seduz, é com a língua que dizemos morre e canalha
e corja. É com a língua que dizemos não. Com a língua Aquiles
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. Está mostrou sua cólera, com a língua a Grécia vai tumultuar os
2pobres cérebros humanos para toda a eternidade! Aí está,
coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem para a
mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para sentarem-se.) Xantós, porque a língua é a pior de todas as coisas!

XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a comer (FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. Cópia
digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em Teatro
com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva Agnostos. Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em
Este também começa a comer vorazmente, dando grunhidos de www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-araposa-e-as-
satisfação.) Fizeste bem em trazer língua, Esopo. É realmente uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.)
uma das melhores coisas do mundo. (Sinal para que sirvam o
vinho. Esopo serve, Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer Em 1934, um redator de Nova York chamado Robert Pirosh
modo é bom possuir riquezas. Não gostas de saborear esta largou o emprego bem remunerado numa agência de
língua e este vinho? publicidade e rumou para Hollywood, decidido a trabalhar como
roteirista. Lá chegando, anotou o nome e o endereço de todos
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum. os diretores, produtores e executivos que conseguiu encontrar e
enviou-lhes o que certamente é o pedido de emprego mais
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e volta eficaz que alguém já escreveu, pois resultou em três entrevistas,
imediatamente com outro prato coberto. Serve, Xantós de boca uma das quais lhe rendeu o cargo de roteirista assistente na
cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! É bom língua de MGM.
fumeiro, hein, amigo?
Prezado senhor:
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ XANTÓS
(A Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes aí? Gosto de palavras. Gosto de palavras gordas,
untuosas, como lodo, torpitude, glutinoso, bajulador. Gosto de
ESOPO – Língua. palavras solenes, como pudico, ranzinza, pecunioso,
valetudinário. Gosto de palavras espúrias, enganosas, como
XANTÓS – Mais língua? Não te disse que trouxesse o que há mortiço, liquidar, tonsura, mundana. Gosto de suaves palavras
de melhor para meu hóspede? Por que só trazes língua? com “V”, como Svengali, avesso, bravura, verve. Gosto de
Queres expor-me ao ridículo? palavras crocantes, quebradiças, crepitantes, como estilha,
croque, esbarrão, crosta. Gosto de palavras emburradas,
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é o que carrancudas, amuadas, como furtivo, macambúzio, escabioso,
nos une todos, quando falamos. Sem a língua nada poderíamos sovina. Gosto de palavras chocantes, exclamativas, enfáticas,
dizer. A língua é a chave das ciências, o órgão da verdade e da como astuto, estafante, requintado, horrendo. Gosto de palavras
razão. Graças à língua dizemos o nosso amor. Com a língua se elegantes, rebuscadas, como estival, peregrinação, Elísio,
ensina, se persuade, se instrui, se reza, se explica, se canta, se Alcíone. Gosto de palavras vermiformes, contorcidas,
descreve, se elogia, se mostra, se afirma. É com a língua que farinhentas, como rastejar, choramingar, guinchar, gotejar.
dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, é a Gosto de palavras escorregadias, risonhas, como topete,

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borbulhão, arroto. Arrochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra,


Gosto mais da palavra roteirista que da palavra redator, no range-range das cangalhas.
e por isso resolvi largar meu emprego numa agência de
publicidade de Nova York e tentar a sorte em Hollywood, mas, E aquele menino, lenheiro ele, salvo seja.
antes de dar o 3grande salto, fui para a Europa, onde passei um Sem infância, sem idade.
ano estudando, contemplando e perambulando. Franzino, maltrapilho,
pequeno para ser homem,
Acabei de voltar e ainda gosto de palavras. forte para ser criança.
Ser indefeso, indefinido, que só se vê na minha cidade.
Posso trocar algumas com o senhor?
Amo e canto com ternura
Robert Pirosh todo o errado da minha terra.
Madison Avenue, 385 Becos da minha terra,
Quarto 610 discriminados e humildes,
Nova York lembrando passadas eras...
Eldorado 5-6024.
(USHER, Shaun .(Org) Cartas extraordinárias: a correspondência inesquecível de Beco do Cisco.
pessoas notáveis. Trad. de Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras,
2014.p. 48.)
Beco do Cotovelo.
Beco do Antônio Gomes.
10. (Epcar (Afa) 2020) Janela sobre a palavra (V) Beco das Taquaras.
Javier Villafañe busca em vão a palavra que deixou escapar Beco do Seminário.
bem quando ia pronunciá-la. Onde terá ido essa palavra, que Bequinho da Escola.
ele tinha na ponta da língua? Beco do Ouro Fino.
Beco da Cachoeira Grande.
Haverá algum lugar onde se juntam todas as palavras que não Beco da Calabrote.
quiseram ficar? Um reino das palavras perdidas? As palavras Beco do Mingu.
que você deixou escapar, onde estarão à sua espera? Beco da Vila Rica...
(GALEANO, Eduardo. As palavras andantes. Porto Alegre: L&PM, 2017, p. 222)
Conto a estória dos becos,
Sobre o texto “Janela sobre a palavra (V)”, é correto afirmar que dos becos da minha terra,
a) utiliza a metalinguagem para reforçar a ideia de que a poesia suspeitos... mal afamados
só existe quando se consegue usar a palavra certa, exata. onde família de conceito não passava.
b) se assemelha ao texto do redator de Nova York, pois ambos “Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara.
são do gênero carta. De gente do pote d’água.
c) nele o escritor se refere às palavras que escaparam antes de De gente de pé no chão.
serem pronunciadas; elas estariam, talvez, em um “Reino das Becos de mulher perdida.
palavras perdidas”. Becos de mulheres da vida.
d) a expressão “na ponta da língua” equivale à expressão do Renegadas, confinadas
trecho da peça teatral A raposa e as uvas “é fonte de todas na sombra triste do beco.
as intrigas”. Quarto de porta e janela.
Prostituta anemiada,
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: solitária, hética, engalicada,
TEXTO I tossindo, escarrando sangue
na umidade suja do beco.
Becos de Goiás
Beco da minha terra... Becos mal assombrados.
Amo tua paisagem triste, ausente e suja. Becos de assombração...
Teu ar sombrio. Tua velha umidade andrajosa. Altas horas, mortas horas...
Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio. Capitão-mor - alma penada,
E a réstia de sol que ao meio-dia desce, fugidia, terror dos soldados, castigado nas armas.
e semeia polmes dourados no teu lixo pobre, Capitão-mor, alma penada,
calçando de ouro a sandália velha, num cavalo ferrado,
jogada no teu monturo. chispando fogo,
descendo e subindo o beco,
Amo a prantina silenciosa do teu fio de água, comandando o quadrado - feixe de varas...
descendo de quintais escusos Arrastando espada, tinindo esporas...
sem pressa,
e se sumindo depressa na brecha de um velho cano. Mulher-dama. Mulheres da vida,
Amo a avenca delicada que renasce perdidas,
na frincha de teus muros empenados, começavam em boas casas, depois,
e a plantinha desvalida, de caule mole baixavam pra o beco.
que se defende, viceja e floresce Queriam alegria. Faziam bailaricos.
no agasalho de tua sombra úmida e calada. - Baile Sifilítico - era ele assim chamado.
O delegado-chefe de Polícia - brabeza -
Amo esses burros-de-lenha dava em cima...
que passam pelos becos antigos. Burrinhos dos morros, Mandava sem dó, na peia.
secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados. No dia seguinte, coitadas,

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cabeça raspada a navalha, e nuvens, alusões


obrigadas a capinar o Largo do Chafariz, a um mundo mais poético
na frente da Cadeia. onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Becos da minha terra...
Becos de assombração. Vai o meu elefante
Românticos, pecaminosos... pela rua povoada,
Têm poesia e têm drama. mas não o querem ver
O drama da mulher da vida, antiga, nem mesmo para rir
humilhada, malsinada. da cauda que ameaça
Meretriz venérea, deixá-lo ir sozinho.
desprezada, mesentérica, exangue.
Cabeça raspada a navalha, É todo graça, embora
castigada a palmatória, as pernas não ajudem
capinando o largo, e seu ventre balofo
chorando. Golfando sangue. se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
(ÚLTIMO ATO) Mostra com elegância
sua mínima vida,
Um irmão vicentino comparece. e não há cidade
Traz uma entrada grátis do São Pedro de Alcântara. alma que se disponha
Uma passagem de terceira no grande coletivo de São Vicente. a recolher em si
Uma estação permanente de repouso - no aprazível São Miguel. desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
Cai o pano. o passo desastrado
mas faminto e tocante.
CORALINA, Cora. Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. 21ª ed. - São Mas faminto de seres
Paulo: Global Editora, 2006.
e situações patéticas,
de encontros ao luar
TEXTO II
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
O elefante
ou no seio das conchas,
Fabrico um elefante
de luzes que não cegam
de meus poucos recursos.
e brilham através
Um tanto de madeira
dos troncos mais espessos.
tirado a velhos móveis
Esse passo que vai
talvez lhe dê apoio.
sem esmagar as plantas
E o encho de algodão,
no campo de batalha,
de paina, de doçura.
à procura de sítios,
A cola vai fixar
segredos, episódios
suas orelhas pensas.
não contados em livro,
A tromba se enovela,
de que apenas o vento,
é a parte mais feliz
as folhas, a formiga
de sua arquitetura.
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
Mas há também as presas,
pois só ousam mostrar-se
dessa matéria pura
sob a paz das cortinas
que não sei figurar.
à pálpebra cerrada.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
E já tarde da noite
sem perda ou corrupção.
volta meu elefante,
E há por fim os olhos,
mas volta fatigado,
onde se deposita
as patas vacilantes
a parte do elefante
se desmancham no pó.
mais fluida e permanente,
Ele não encontrou
alheia a toda fraude.
o de que carecia,
o de que carecemos,
Eis o meu pobre elefante
eu e meu elefante,
pronto para sair
em que amo disfarçar-me.
à procura de amigos
Exausto de pesquisa,
num mundo enfastiado
caiu-lhe o vasto engenho
que já não crê em bichos
como simples papel.
e duvida das coisas.
A cola se dissolve
Ei-lo, massa imponente
e todo o seu conteúdo
e frágil, que se abana
de perdão, de carícia,
e move lentamente
de pluma, de algodão,
a pele costurada
jorra sobre o tapete,
onde há flores de pano

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qual mito desmontado. Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na sombra


Amanhã recomeço. fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. Ou então ir
descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente dar um
ANDRADE, Carlos Drummond de. O ElefanteO. 9ª ed. - São Paulo: Editora galope na correnteza, passando rente às pedras, como se a
Record, 1983.
canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora até não poder
mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem
11. (Ime 2019) A respeito do “conceito de erro em língua”, o
pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque
gramático Luiz Antônio Sacconi, em sua obra Nossa Gramática
cortei uma iba de assa-peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer
– Teoria e Prática, afirma:
afogado com os soldados de canoa dando tiros, e havia uma
mulher do outro lado do rio gritando.
“Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos casos de
Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-la em
ortografia. O que se comete são transgressões da norma culta.
menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu
De fato, aquele que, num momento íntimo do discurso, diz:
junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas.
“Ninguém deixou ele falar”, não comete propriamente erro; na
Tinha uma que para mim uma adoração. Ah, paixão da infância,
verdade, transgride a norma culta. (…) Vale lembrar, finalmente,
paixão que não amarga. Assim eu queria gostar de você, mulher
que a língua é um costume. Como tal, qualquer transgressão,
estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem
ou chamado erro, deixa de sê-lo no exato instante em que a
maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, você estava distraída,
maioria absoluta o comete, passando, assim, a constituir fato
meus olhos eram outra vez daquele menino feio do segundo
linguístico (registro de linguagem definitivamente consagrado
ano primário que quase não tinha coragem de olhar a menina
pelo uso, ainda que não tenha amparo gramatical).”
um pouco mais alta da ponta direita do banco.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa Gramática – Teoria e Prática – 18ª ed. Reformada
Adoração de infância. Ao menos você conhece um
e atual. São Paulo: Atual, 1994. pp. 8 e 9. passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo: imagine
uma saíra grande que de súbito aparecesse a um menino que
Considerando o conceito de “erro em língua”, exposto acima, só tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres cambaxirras.
assinale a alternativa em que se apresenta uma transgressão da Imagine um arco-íris visto na mais remota infância, sobre os
norma culta considerada “fato linguístico”? morros e o rio. O menino da roça que pela primeira vez vê as
a) Eu não sei aonde o elefante quer chegar. algas do mar se balançando sob a onda clara, junto da pedra.
b) Ana Lins Bretas, cujo pseudônimo era Cora Coralina, foi uma Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração
grande escritora brasileira. da infância. Na minha adolescência você seria uma tortura.
c) “E há por fim os olhos, / onde se deposita / a parte do Quero levá-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma
elefante” (texto 2, versos 19 a 21). vez na fazenda rira: ele não sabe nem passar um barbicacho!
d) “Ele não encontrou / o de que carecia, / o de que carecemos,” Mas o que sei lhe ensino; são pequenas coisas do mato e da
(texto 2, versos 86 a 88). água, são humildes coisas, e você é tão bela e estranha!
e) É uma das poucas opiniões do poeta onde existe uma Inutilmente tento convertê-la em menina de pernas magras, o
controvérsia. joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos
dedos dos pés.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra grande!
Passeio à Infância Na adolescência e torturaria; mas sou um homem maduro.
Primeiro vamos lá embaixo no córrego; pegaremos dois Ainda assim às vezes é como um bando de sanhaços bicando
pequenos carás dourados. E como faz calor, veja, os lagostins os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados
saem da toca. Quer ir de batelão, na ilha, comer ingás? Ou avançando, saltando ao sol, na piracema; um bambual com
vamos ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa sombra fria, onde ouvi um silvo de cobra, e eu quisera tanto
a água rasa? Não catemos pedrinhas redondas para atiradeira, dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio,
porque é urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os com remanso, com cigarras. Mas você é como se houvesse
cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro! demasiadas cigarras cantando numa pobre tarde de homem.
Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do
morro e descer escorregando no capim até a beira do açude. Julho, 1945
Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval
é só no mês que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de Rubem Braga
formas de máscaras. Ou então vamos jogar bola-preta: do outro
lado do jardim tem um pé de saboneteira. 12. (Efomm 2019) No texto, o autor faz uso de algumas marcas
Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, de oralidade. Assinale a opção na qual uma dessas marcas está
numa simples menina de pernas magras e vamos passear presente.
nessa infância de uma terra longe. É verdade que jamais comeu a) Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e
angu de fundo de panela? descer escorregando no capim até a beira do açude.
Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. b) Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o
Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com carnaval é no mês que vem, vamos apanhar tabatinga para
o canivete. Mas não consigo imaginá-la assim; talvez se na fazer formas de máscaras.
praia ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? c) Ou então vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem
Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto à praia. Iremos um pé de saboneteira.
catar conchas cor-de-rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão d) Ardente da mais pura paixão de beleza é a adoração da
junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser infância.
três horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de e) Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele não
sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu lhe sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino
vou aipim ainda quente com melado. Talvez você fosse como (...).
aquela menina rica, de fora, que achou horrível nosso pobre
doce de abóbora e coco.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: de agir. Neste sentido de iniciativa, todas as atividades humanas
A CONDIÇÃO HUMANA possuem um elemento de ação e, portanto, de natalidade. Além
A Vita Activa e a Condição Humana disto, como a ação é a atividade política por excelência, a
Com a expressão vita activa, pretendo designar três natalidade, e não a mortalidade, pode constituir a categoria
atividades humanas fundamentais: 1labor, trabalho e ação. central do pensamento político, em contraposição ao
Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas pensamento metafísico.
corresponde uma das condições básicas mediante as quais a A condição humana compreende algo mais que as
vida foi dada ao homem na Terra. condições nas quais a vida foi dada ao homem. Os homens são
O labor é a atividade que corresponde ao processo seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em
biológico do corpo humano, 2cujos crescimento espontâneo, contato torna-se imediatamente uma condição de sua
metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades existência. O mundo no qual transcorre a vita activa consiste em
vitais produzidas e introduzidas pelo labor no processo da vida. coisas produzidas pelas atividades humanas; mas,
A condição humana do labor é a própria vida. constantemente, as coisas que devem sua existência
3O trabalho é a atividade correspondente ao exclusivamente aos homens também condicionam os seus
artificialismo da existência humana, existência esta não autores humanos. Além das condições nas quais a vida é dada
necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie, e cuja ao homem na Terra e, até certo ponto, a partir delas, os homens
mortalidade não é compensada por este último. O trabalho constantemente criam as suas próprias condições que, a
produz um mundo “artificial” de coisas, nitidamente diferente de despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a
qualquer ambiente natural. Dentro de suas fronteiras habita mesma força condicionante das coisas naturais. O que quer que
cada vida individual, embora esse mundo se destine a toque a vida humana ou entre em duradoura relação com ela,
sobreviver e a transcender todas as vidas individuais. A assume imediatamente o caráter de condição da existência
condição humana do trabalho é a mundanidade. humana. É por isso que os homens, independentemente do que
A ação, única atividade que se exerce diretamente façam, são sempre seres condicionados. Tudo o que
entre os homens sem a mediação das coisas ou da matéria, espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele é
corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que trazido pelo esforço humano, torna-se parte da condição
homens, e não o Homem, vivem na Terra e habitam o mundo. humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existência
Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação humana é sentido e recebido como força condicionante. A
com a política; mas esta pluralidade é especificamente a objetividade do mundo – o seu caráter de coisa ou objeto – e a
condição – não apenas a conditio sine qua non, mas a conditio condição humana complementam-se uma à outra; por ser uma
per quam – de toda a vida política. Assim, o idioma dos romanos existência condicionada, a existência humana seria impossível
– talvez o povo mais político que conhecemos – empregava sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos
como sinônimas as expressões “viver” e “estar entre os homens” incoerentes, um não mundo, se esses artigos não fossem
(inter homines esse), ou “morrer” e “deixar de estar entre os condicionantes da existência humana.
homens” (inter homines esse desinere). Mas, em sua forma
mais elementar, a condição humana da ação está implícita até ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado).
mesmo em Gênesis (macho e fêmea Ele os criou), se
entendermos que esta versão da criação do homem diverge, em
princípio, da outra segundo a qual Deus originalmente criou o 4Quando se analisa o pensamento político pós-clássico, muito
Homem (adam) – a ele, e não a eles, de sorte que a pluralidade
se pode aprender verificando-se qual das duas versões bíblicas
dos seres humanos vem a ser o resultado da multiplicação4. A
da criação é citada. Assim, é típico da diferença entre os
ação seria um luxo desnecessário, uma caprichosa interferência
ensinamentos de Jesus de Nazareth e de Paulo o fato de que
com as leis gerais do comportamento, se os homens não
Jesus, discutindo a relação entre marido e mulher, refere-se a
passassem de repetições interminavelmente reproduzíveis do
Gênesis 1:27 “Não tendes lido que quem criou o homem desde
mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essência,
o princípio fê-los macho e fêmea” (Mateus 19:4), enquanto
tão previsíveis quanto a natureza e a essência de qualquer outra
Paulo, em ocasião semelhante, insiste em que a mulher foi
coisa. A pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de
criada “do homem” e, portanto, “para o homem”, embora em
sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém
seguida atenue um pouco a dependência: “nem o varão é sem
seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido,
mulher, nem a mulher sem o varão” (1 Cor.11:8-12). A diferença
exista ou venha a existir.
indica muito mais que uma atitude diferente em relação ao papel
As três atividades e suas respectivas condições têm
da mulher. Para Jesus, a fé era intimamente relacionada com a
íntima relação com as condições mais gerais da existência
ação; para Paulo, a fé relacionava-se, antes de mais nada, com
humana: o nascimento e a morte, a natalidade e a mortalidade.
a salvação. Especialmente interessante a este respeito é
O labor assegura não apenas a sobrevivência do indivíduo, mas
Agostinho (De civitate Dei xii.21), que não só desconsidera
a vida da espécie. O trabalho e seu produto, o artefato humano,
inteiramente o que é dito em Gênesis 1:27, mas vê a diferença
emprestam certa permanência e durabilidade à futilidade da vida
entre o homem e o animal no fato de ter sido o homem criado
mortal e ao caráter efêmero do corpo humano. A ação, na
unum ac singulum, enquanto se ordenou aos animais que
medida em que se empenha em fundar e preservar corpos
“passassem a existir vários de uma só vez” (plura simul iussit
políticos, cria a condição para a lembrança, ou seja, para a
existere). Para Agostinho, a história da criação constitui boa
história. O labor e o trabalho, bem como a ação, têm também
oportunidade para salientar-se o caráter de espécie da vida
raízes na natalidade, na medida em que sua tarefa é produzir e
animal, em oposição à singularidade da existência humana.
preservar o mundo para o constante influxo de recém-chegados
que vêm a este mundo na qualidade de estranhos, além de
prevê-los e levá-los em conta. Não obstante, das três atividades,
a ação é a mais intimamente relacionada com a condição
humana da natalidade; o novo começo inerente a cada
nascimento pode fazer-se sentir no mundo somente porque o
recém-chegado possui a capacidade de iniciar algo novo, isto é,

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Das vantagens de ser bobo d) o texto A condição humana discute inegavelmente questões
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo caras à filosofia, já o texto Das vantagens de ser bobo não
para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar atinge essa mesma profundidade, pois se limita a descrever
sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado relações no cotidiano.
por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou e) o estilo acadêmico do texto A condição humana é igualmente
pensando.". encontrado na argumentação lispectoriana.
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque
os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e 1o TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:
bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. Leia os textos a seguir e responda à(s) questão(ões).
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os
espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos
_____i_____ espertezas alheias que se descontraem diante dos RETRATO
bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O Eu não tinha este rosto de hoje,
bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca Assim calmo, assim triste, assim magro,
parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Nem estes olhos tão vazios,
Dostoievski. Nem o lábio amargo
_____ii_____ desvantagem, obviamente. Uma boba, Eu não tinha estas mãos sem força,
por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para Tão paradas e frias e mortas;
_____iii_____ compra de um ar refrigerado de segunda mão: Eu não tinha este coração
ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso Que nem se mostra.
porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e Eu não dei por esta mudança,
compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Tão simples, tão certa, tão fácil:
Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho – em que espelho ficou perdida
estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia a minha face?
comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo
é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranquilo, enquanto MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José
Aguilar, 1958.
o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O
esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe
que venceu.
ENVELHECER
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem:
Arnaldo Antunes/Ortinho/Marcelo Jeneci
pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma
das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a
A coisa mais moderna que existe nessa vida é envelhecer
célebre frase: "2Até tu, Brutus?".
A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra cabeça
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
aparecer
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar
Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que agora é pra
todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na
valer
cruz.
Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se
Não quero morrer pois quero ver como será que deve ser
fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como
envelhecer
toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não
Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o que vai
conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros.
acontecer
Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados
(...)
os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não
Pois ser eternamente adolescente nada é mais *démodé com os
se importam que saibam que eles sabem.
ralos fios de cabelo sobre a
Há lugares que facilitam mais _____iv_____ pessoas
[testa que não para de crescer
serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e esquece
fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos
de aprender
perdem por não nascer em Minas!
3Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai correr.
(...)
cima das casas. É quase impossível evitar o excesso de amor
*démodé: fora de moda
que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de
amor. E só o amor faz o bobo. www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679

LISPECTOR, Clarice. Das vantagens de ser bobo. Disponível ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos)
em: http://www.revistapazes.com/das-vantagens-de-ser-bobo/. Art. 2 – O idoso goza de todos os direitos fundamentais
Acesso em 10 de maio de 2017. inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral
de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros
13. (Ime 2018) Comparando-se os textos, é possível dizer que meios, todas as oportunidades e facilidades, para preservação
a) apesar de seus estilos completamente diversos, ambos os de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
textos convergem para a problemática das relações intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e
interpessoais, portanto, para a ética. dignidade.
b) o texto A condição humana é expositivo: conceitua, define, Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
descreve e analisa situações, enquanto Das vantagens de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e
ser bobo é informativo, predominando, por isso, o sentido todo atentado aos seus direitos, por ação ou por omissão, será
denotativo no uso das palavras. punido na forma da lei.
c) o texto A condição humana é bastante descritivo; o texto 2 é www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm
narrativo.

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PARA SEMPRE JOVEM lambada atroz. Quando perdi minha mulher, foi atroz. E
Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é
que saltava obstáculos como se fosse um cavalo de corrida. Já uma vasta ferida. Mas nem assim você me dá os remédios,
tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar atenção na você é meio desumana. Acho que nem é da enfermagem, nunca
letra da música, soando forte e repetindo a estrofe de uma vi essa cara sua por aqui. Claro, você é a minha filha que estava
canção muito conhecida, “forever Young... I wanna live forever na contraluz, me dê um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar para
and Young... (para sempre jovem... quero viver para sempre e me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa
jovem). Será que, realmente, queremos viver muito e, de televisão ligada o dia inteiro, as pessoas aqui não são sociáveis.
preferência, para sempre jovens? (...) Não estou me queixando de nada, seria uma ingratidão com
O crescimento da população idosa nos países você e com o seu filho. Mas se o garotão está tão rico, não sei
desenvolvidos é uma bomba-relógio que já começa a implodir por que diabos não me interna em uma casa de saúde
os sistemas previdenciários, despreparados para amparar tradicional, de religiosas. Eu próprio poderia arcar com viagem e
populações com uma média de vida em torno de 140 anos. A tratamento no estrangeiro, se o seu marido não me tivesse
velhice se tornou uma epidemia incontrolável nos países arruinado.
BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das
desenvolvidos. Sustentar a população idosa sobrecarrega os Letras, 2009, p. 10-11.
jovens, cada vez em menor número, pois, nesses países, há
também um declínio da natalidade. Será isso socialmente justo? 14. (Epcar (Afa) 2017) Nos textos em geral, manifestam-se
Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade simultaneamente várias funções da linguagem. No entanto,
total de alimentos muito maior do que as outras, o que contribui sempre há o predomínio de uma sobre as outras. Após a leitura
para esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta e dos textos, assinale a alternativa correta.
agravar ainda mais os desequilíbrios sociais. Para que uns a) No texto, “Estatuto do Idoso”, a função da linguagem
poucos possam viver muito, outros terão de passar fome. Será predominante é a metalinguística, porque há uma explicação
que, em um futuro breve, teremos uma guerra de extermínio aos do código, o qual é o foco do discurso.
idosos, como na ficção do escritor argentino Bioy Casares, O b) No texto “Envelhecer” tem o canal como elemento de
diário da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../ destaque, logo o predomínio é da função fática da linguagem.
c) O referente é o elemento que se sobressai sobre os demais
TEIXEIRA, João. Para sempre jovens. In: Revista Filosofia: ciência & vida. Ano VII,
n. 92, março-2014, p. 54. no trecho do livro Leite derramado, caracterizando o
predomínio da função informativa sobre a poética.
PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE d) A função poética se destaca no poema Retrato, tendo em
O tempo passa, e com ele os sinais da idade vão se vista a preocupação do enunciador em enfatizar a
espalhando pelo nosso organismo. Entre eles, os mais mensagem.
evidentes ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma
de rugas, flacidez e perda de elasticidade. Um estudo publicado 15. (Epcar (Afa) 2017) Em todos os trechos apresentados, o
ontem no periódico científico Journal of Investigative emprego do termo destacado constitui uma estratégia do autor
Dermatology, no entanto, identificou um mecanismo molecular para criar envolvimento entre o receptor e a mensagem
em células da pele que pode estar por trás deste processo, transmitida pelo texto, EXCETO:
abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos a) “Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a esquecer”
para, se não impedir, pelo menos retardar o envelhecimento (Envelhecer)
delas e, talvez, as de outros tecidos e órgãos do corpo. b) “(...) todo atentado aos seus direitos (...) será punido na forma
Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, da lei.” (Estatuto do Idoso)
no Reino Unido, analisaram amostras de células da pele de c) “Será que, realmente, queremos viver muito e, de preferência,
vinte e sete doadores com entre seis e 72 anos, tiradas de para sempre jovens?” (Para sempre jovem)
locais protegidos do Sol, para determinar se havia alguma d) “O tempo passa, e com ele os sinais da idade vão se
diferença no seu comportamento com a idade. Eles verificaram espalhando pelo nosso organismo.” (Promessa contra sinais
que, quanto mais velha a pessoa, menor era a atividade de suas da idade)
mitocôndrias, as “usinas de energia” de nossas células. Essa
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
queda, porém, era esperada, já que há décadas a redução na
capacidade de geração de energia por essas organelas Leia o texto a seguir e responda à(s) questão(ões).
celulares e na sua eficiência neste trabalho com o tempo é uma
O Sal da Terra
das principais vertentes nas teorias sobre envelhecimento. /.../
BAIMA, César. O Globo, 27 de fev. 2016, p. 24. Anda!
Quero te dizer nenhum segredo
LEITE DERRAMADO Falo desse chão, da nossa casa
“Um homem muito velho está num leito de hospital. E Vem que tá na hora de arrumar
desfia a quem quiser ouvir suas memórias. Uma saga familiar
caracterizada pela decadência social e econômica, tendo como Tempo!
pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.” Quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante
Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a Nem por isso quero me ferir
senhora levanta a persiana com bruteza e joga sol no meu
rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma Vamos precisar de todo mundo
pontada cada vez que respiro. Às vezes aspiro fundo e encho os Pra banir do mundo a opressão
pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de Para construir a vida nova
conforto, expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da Vamos precisar de muito amor
velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma A felicidade mora ao lado
dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma E quem não é tolo pode ver

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A paz na Terra, amor de uma forma muito mais abrangente do que o conceito de
O pé na terra propriedade privada – comprei, é meu. O livro é de quem lê
A paz na Terra, amor mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja
O sal da emprestado, mesmo que tenha sido encontrado num banco de
praça.
Terra! O livro é de quem tem acesso às suas páginas e
És o mais bonito dos planetas através delas consegue imaginas os personagens, os cenários,
Tão te maltratando por dinheiro a voz e o jeito com que se movimentam. São do leitor as
Tu que és a nave nossa irmã sensações provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto,
tudo que é transmitido pelo autor, mas que reflete em quem lê
Canta! de uma forma muito pessoal. É do leitor o prazer. É do leitor a
Leva tua vida em harmonia identificação. É do leitor o aprendizado. É o leitor o livro.
E nos alimenta com seus frutos Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do
Tu que és do homem, a maçã Instituto Estadual do Livro em que falo aos leitores exatamente
isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não
Vamos precisar de todo mundo existe livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que
Um mais um é sempre mais que dois não serve para nada.
Pra melhor juntar as nossas forças Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele,
É só repartir melhor o pão o livro é de quem traz o nome estampado na capa, como se isso
Recriar o paraíso agora sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de como se dá o
Para merecer quem vem depois processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem
sabe o que é tiragem.
Deixa nascer, o amor Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar
Deixa fluir, o amor colocar as coisas em seu devido lugar, mesmo que para isso
Deixa crescer, o amor tenha roubado o livro de uma garota sem perceber.
Deixa viver, o amor Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata.
O sal da terra Um fã do Mia Couto afanou seu exemplar. Não levou o celular, a
carteira, só quis o livro. Um danado de uma amante da
GUEDES, Beto. www.mundojovem.com.br/musicas/o-sal-da-terra-beto- literatura, deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas
guedestransito.
Acesso em 18/04/2016.
também pela vida, interpretadas a seu modo por cada dono.

Martha Medeiros. Jornal ZERO HORA – 06/11/11. Revista O Globo, 25 de


16. (G1 - epcar (Cpcar) 2017) Assinale a opção que contém novembro de 2012.
uma informação correta sobre a canção “O Sal da Terra”.
a) A função apelativa é predominante no texto. 17. (Esc. Naval 2017) Em que opção ocorre um exemplo de uso
b) Apenas a linguagem padrão foi empregada em toda a conotativo da linguagem?
canção. a) “Li outro dia um fato real narrado pelo escrito moçambicano
c) Foi utilizado, no texto, apenas pronome de segunda pessoa Mia Couto.” (1º parágrafo)
gramatical para se referir à Terra. b) “O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia
d) A canção foi escrita apenas para dois interlocutores: a Terra e visto em jornais.” (3º parágrafo)
o Tempo. c) “O livro é de quem lê mesmo quando foi retirado de uma
biblioteca, [...]” (5º parágrafo)
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: d) “Não levou o celular, a carteira, só quis o livro.” (10º
Leia o texto abaixo e responda à(s) questão(ões) a seguir. parágrafo)
e) “Assim são as histórias escritas também pela vida, [...]” (10º
O dono do livro parágrafo)
Li outro dia um fato real narrado pelo escritor
moçambicano Mia Couto. Ele disse que certa vez chegou em TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto FAVELÁRIO NACIONAL
humilde de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto Carlos Drummond de Andrade
estava com um dos braços para trás, o que perturbou o escritor,
que imaginou que pudesse ser assaltado. Quem sou eu para te cantar, favela,
Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um Que cantas em mim e para ninguém
livro do próprio Mia Couto. Esse livro é seu? perguntou o a noite inteira de sexta-feira
menino. Sim, respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto e a noite inteira de sábado
explicou que horas antes estava na rua quando viu uma moça E nos desconheces, como igualmente não te
com aquele livro nas mãos, cuja capa trazia a foto do autor. conhecemos?
O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já Sei apenas do teu mau cheiro:
havia visto em jornais. Então perguntou para a moça: Esse livro Baixou em mim na viração,
é do Mia Couto? Ela respondeu: É. E o garoto mais que ligeiro direto, rápido, telegrama nasal
tirou o livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para anunciando morte... melhor, tua vida.
fazer a boa ação de devolver a obra ao verdadeiro dono. ...
Uma história assim pode acontecer em qualquer país Aqui só vive gente, bicho nenhum
habitado por pessoas que ainda não estejam familiarizadas com tem essa coragem.
os livros – aqui no Brasil, inclusive. De quem é o livro? A ...
resposta não é a mesma de quando se pergunta: “Quem Tenho medo. Medo de ti, sem te conhecer,
escreveu o livro?”. Medo só de te sentir, encravada
O autor é quem escreve, mas o livro é quem lê, e isso Favela, erisipela, mal-do-monte

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Na coxa flava do Rio de Janeiro. cardíaca, mãos frias, dor de cabeça, dificuldades na digestão e
irritabilidade”. A vítima acaba maltratando os outros porque não
Medo: não de tua lâmina nem de teu revólver está bem, sente-se culpada e fica com um humor pior ainda.
nem de tua manha nem de teu olhar. Essa situação pode ser desencadeada por pequenas tragédias
Medo de que sintas como sou culpado cotidianas – como um trabalho inacabado ou uma conta para
e culpados somos de pouca ou nenhuma irmandade. pagar -, que só são trágicas porque as encaramos desse modo.
Custa ser irmão, Evidentemente, nem sempre dá para achar graça em
custa abandonar nossos privilégios tudo. Há situações em que a tristeza é inevitável – e é bom que
e traçar a planta seja assim. “Você precisa de tristeza e de alegria para ter um
da justa igualdade. convívio social adequado”, diz o psiquiatra Teng Chei Tung, do
Somos desiguais Hospital das Clínicas de São Paulo. 5“A alegria favorece a
e queremos ser integração e a tristeza propicia a introspecção e o
sempre desiguais. amadurecimento.” Temos de saber lidar com a flutuação entre
E queremos ser esses estágios, que é necessária e faz parte da natureza
bonzinhos benévolos humana.
comedidamente O humor pode variar da depressão (o extremo da
sociologicamente tristeza) até a mania (o máximo da euforia). Esses dois estados
mui bem comportados. são manifestações de doenças e devem ser tratados com a
Mas, favela, ciao, ajuda de psiquiatras e remédios que regulam a produção de
que este nosso papo substâncias no cérebro. Uma em cada quatro pessoas tem,
está ficando tão desagradável. durante a vida, pelo menos um caso de depressão que
vês que perdi o tom e a empáfia do começo? mereceria tratamento psiquiátrico.
6Enquanto as consequências deletérias do mau humor
...
(ANDRADE, Carlos Drummond de, Corpo. Rio de Janeiro: Record, 1984) são estudadas há décadas, não faz muito tempo que a
comunidade científica passou a pesquisar os efeitos benéficos
18. (Epcar (Afa) 2016) Nos versos: “Mas, favela, ciao, / que do bom humor. O interesse no assunto surgiu há vinte anos,
este nosso papo / está ficando tão desagradável / vês que perdi quando o editor norte-americano Norman Cousins publicou o
o tom e a empáfia do começo?”, verifica-se a presença das livro Anatomia de uma Doença, contando um impressionante
funções de linguagem caso de cura pelo riso. 7Nos anos 60, ele contraiu uma doença
a) apelativa e referencial. degenerativa que ataca a coluna vertebral, chamada espondilite
b) poética e referencial. ancilosa, e sua chance de sobreviver era de apenas uma em
c) metalinguística e apelativa. quinhentas.
d) fática e emotiva. Em vez de ficar no hospital esperando para virar
estatística, ele resolveu sair e se hospedar num hotel das
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: redondezas, com autorização dos médicos. Sob os atentos
O BOM HUMOR FAZ BEM PARA SAÚDE olhos de uma enfermeira, com quase todo o corpo paralisado,
O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o corpo Cousins reunia os amigos para assistir a programas de
está bem “pegadinhas” e seriados cômicos na TV. Gradualmente foi se
Por Fábio Peixoto recuperando até poder voltar a viver e a trabalhar normalmente.
Cousins morreu em 1990, aos 75 anos. Se Cousins saiu do
“Procure ver o lado bom das coisas ruins.” Essa frase hospital em busca do humor, hoje há muitos profissionais de
poderia estar 1em qualquer livro de auto-ajuda ou parecer um saúde que defendem a entrada das risadas no dia a dia dos
conselho bobo de um mestre de artes marciais 2saído de algum pacientes internados.
filme ruim. Mas, segundo os especialistas que estudam o humor Uma boa gargalhada é um método ótimo de
a sério, trata-se do maior segredo para viver bem. relaxamento muscular. Isso ocorre porque os músculos não
(...) envolvidos no riso tendem a se soltar – está aí a explicação para
3O bom humor é, antes de tudo, a expressão de que o
quando as pernas ficam bambas de tanto rir ou para quando a
corpo está bem. Ele depende de fatores físicos e culturais e bexiga se esvazia inadvertidamente depois daquela piada
varia de acordo com a personalidade e a formação de cada um. genial. Quando a risada acaba, o que surge é uma calmaria
Mas, mesmo sendo o resultado de uma combinação de geral. Além disso, se é certo que a tristeza abala o sistema
ingredientes, pode ser ajudado com uma visão otimista do imunológico, sabe-se também que a endorfina, liberada durante
mundo. “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque o riso, melhora a circulação e a eficácia das defesas do
produz mais endorfina, um hormônio que relaxa”, diz o clínico organismo. A alegria também aumenta a capacidade de resistir
geral Antônio Carlos Lopes, da Universidade Federal de São à dor, graças também à endorfina.
Paulo. Mais do que isso: a endorfina aumenta a tendência de ter Evidências como essa fundamentam o trabalho dos
bom humor. Ou seja, quanto mais bem-humorado você está, Doutores da Alegria, que já visitaram 170.000 crianças em
maior o seu bem-estar e, consequentemente, mais bem- hospitais. As invasões de quartos e UTIs feitas por 25 atores
humorado você fica. 4Eis aqui um círculo virtuoso, que Lopes vestidos de “palhaços-médicos” não apenas aceleram a
prefere chamar de “feedback positivo”. A endorfina também recuperação das crianças, mas motivam os médicos e os pais.
controla a pressão sanguínea, melhora o sono e o desempenho A psicóloga Morgana Masetti acompanha os Doutores há sete
sexual. (Agora você se interessou, né?) anos. “É evidente que o trabalho diminui a medicação para os
Mas, mesmo que não houvesse tantos benefícios no pacientes”, diz ela.
bom humor, os efeitos do mau humor sobre o corpo já seriam O princípio que torna os Doutores da Alegria
suficientes para justificar uma busca incessante de motivos para engraçados tem a ver com a flexibilidade de pensamento
ficar feliz. Novamente Lopes explica por quê: “O indivíduo mal- defendida pelos especialistas em humor – aquela ideia de ver as
humorado fica angustiado, o que provoca a liberação no corpo coisas pelo lado bom. “O clown não segue a lógica à qual
de hormônios como a adrenalina. Isso causa palpitação, arritmia estamos acostumados”, diz Morgana. “Ele pode passar por um

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balcão de enfermagem e pedir uma pizza ou multar as macas mesa.


por excesso de velocidade.” Para se tornar um membro dos 15Quietinhas, mas inquietas.
Doutores da Alegria, o ator passa 8num curioso teste de 16Até que chegou o dia em que deixamos de ser as
autoconhecimento: reconhece o que há de ridículo em si mesmo coitadinhas.
e ri disso. “Um clown não tem medo de errar – pelo contrário, Ninguém mais fala em namoradinhas do Brasil: somos
ele se diverte com isso”, diz Morgana. Nem é preciso mencionar atrizes, estrelas, profissionais.
quanto mais de saúde haveria no mundo se todos Adolescentes não são mais brotinhos: são garotas da
aprendêssemos a fazer o mesmo. geração teen.
(super.abril.com.br/saúde/bom-humor-faz-bem-saude-441550.shtml - acesso em Ser chamada de patricinha é ofensa mortal.
11 de abril de 2015, às 11h.)
Pitchulinha é coisa de retardada.
Quem gosta de diminutivos, definha.
19. (G1 - epcar (Cpcar) 2016) Assinale a alternativa que
Ser boazinha não tem nada a ver com ser generosa.
associa corretamente o trecho do texto à função da linguagem 17Ser boa é bom, ser boazinha é péssimo.
em predominância.
As boazinhas não têm defeitos.
a) “Procure ver o lado bom das coisas ruins.” – (Função
Não têm atitude.
Emotiva)
Conformam-se com a coadjuvância.
b) “Um indivíduo bem-humorado sofre menos porque produz
PH neutro.
mais endorfina...” – (Função Conativa)
Ser chamada de boazinha, mesmo com a melhor das
c) “Agora você se interessou, né?” – (Função Fática)
intenções, é o pior dos desaforos.
d) “Nos anos 60, ele contraiu uma doença degenerativa que
Mulheres bacanas, complicadas, batalhadoras,
ataca a coluna vertebral ...” – (Função Expressiva)
persistentes, ciumentas, apressadas, é 18isso que somos hoje.
Merecemos adjetivos velozes, produtivos, enigmáticos.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
As “inhas” não moram mais aqui.
MULHER BOAZINHA
Foram para o espaço, sozinhas.
(Martha Medeiros) (Disponível em: http://pensador.uol.com.br/frase/NTc1ODIy/ acesso em 28/03/14)

Qual o elogio que uma mulher adora receber 1? 20. (Epcar (Afa) 2015) Assinale a alternativa que apresenta
2Bom, se você está com tempo, pode-se listar aqui uns
uma análise correta acerca de aspectos linguísticos tratados no
setecentos: mulher adora que verbalizem seus atributos, sejam texto.
eles físicos ou morais. a) A função poética da linguagem se faz presente no texto por
Diga que ela é uma mulher inteligente3, 4e ela irá com a meio da repetição do sufixo -inha que, através da sonoridade,
sua cara. expressa depreciação.
Diga que ela tem um ótimo caráter e um corpo que é b) O emprego da vírgula que antecede o conectivo na referência
uma provocação, e ela decorará o seu número. 3 não está de acordo com a norma padrão; seu uso foi
Fale do seu olhar, da sua pele, do seu sorriso, da sua decorrente da predominância da norma popular da língua.
presença de espírito, da sua aura de mistério, de como ela tem c) Os dois pontos foram utilizados na referência 6 para indicar a
classe: ela achará você muito observador e lhe dará uma cópia supressão da conjunção subordinativa causal.
da chave de casa. d) O predomínio da função metalinguística da linguagem no
5Mas não pense que o jogo está ganho6: manter o
texto se manifesta nas interrogações presentes nas
cargo vai depender da sua perspicácia para encontrar novas referências 1 e 10.
qualidades nessa mulher poderosa, absoluta.
7Diga que ela cozinha melhor que a sua mãe, que ela
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
tem uma voz que faz você pensar obscenidades, que 8ela é um A MAÇÃ DE OURO
avião no mundo dos negócios. A Apple supera a Microsoft em valor de mercado, premiando o
Fale sobre sua competência, seu senso de espírito visionário e libertário de Steve Jobs
oportunidade, seu bom gosto musical.
Agora 9quer ver o mundo cair 10? 12A Microsoft e a Apple vieram ao mundo praticamente
Diga que ela é muito boazinha. ao mesmo tempo, em meados dos anos 1970, criadas na
Descreva aí uma mulher boazinha. garagem de jovens estudantes. Mas as empresas não trilharam
Voz fina, roupas pastel, calçados rente ao chão. caminhos paralelos. A Microsoft desenvolveu o sistema
Aceita encomendas de doces, contribui para a igreja, operacional mais popular do mundo e rapidamente se tornou
cuida dos sobrinhos nos finais de semana. uma das maiores corporações americanas, rivalizando com
Disponível, serena, previsível, nunca foi vista negando gigantes da velha indústria. A Apple, ao contrário, demorou a
um favor. decolar. 14Fazia produtos inovadores, mas que vendiam pouco.
11Nunca teve um chilique. 4Isso começou a mudar quando Steve Jobs, um de seus
12Nunca colocou os pés num show de rock.
fundadores, 6que fora afastado nos anos 80, assumiu o
É queridinha. comando criativo da empresa, em 1996. 11A Apple estava à
Pequeninha. beira da falência e só ganhou sobrevida porque recebeu um
Educadinha. 10aporte de 150 milhões de dólares de Microsoft. Jobs iniciou o
13Enfim, uma mulher boazinha.
lançamento de produtos 8genuinamente revolucionários nas
Fomos boazinhas por séculos. áreas que mais crescem na indústria de tecnologia. Primeiro
Engolíamos tudo e fingíamos não ver nada, ceguinhas. com o iPod e a loja virtual iTunes. Depois vieram o iPhone e,
Vivíamos no nosso mundinho, 14rodeadas de agora, o iPad. Desde o início de 2005, o preço das ações da
panelinhas e nenezinhos. empresa foi multiplicado por oito. 3Na semana passada, a Apple
A vida feminina era esse frege: bordados, paredes alcançou o cume. 15Tornou-se a companhia de tecnologia mais
brancas, crucifixo em cima da cama, tudo certinho. valiosa do mundo, superando a Microsoft. 13Na sexta-feira, a
Passamos um tempão assim, comportadinhas, empresa de Jobs tinha valor de mercado de 233 bilhões de
enquanto íamos alimentando um desejo incontrolável de virar a

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dólares, contra 226 bilhões de dólares da companhia de Bill TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Gates. Trecho de uma entrevista com o escritor canadense Don
2A Marca, para além da disputa pessoal entre os Tapscott
7maiores gênios da nova economia, coroa a estratégia definida

por Jobs. Quando ele retornou à Apple, tamanha era a Jornalista: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _


descrença no futuro da empresa que Michael Dell, fundador da _________
Dell, afirmou que o melhor a fazer era fechar as portas e Don Tapscott: Quando falamos em informação livre, em
devolver o dinheiro a 5seus acionistas. Hoje, a Dell vale um transparência, falamos de governos, de empresas, não do ser
décimo da Apple. 1O mérito de Jobs foi ter a 9presciência do humano comum. As pessoas não têm obrigação de expor seus
rumo que o mercado tomaria. dados, seus gostos. Ao contrário, elas têm a obrigação de
BARRUCHO, Luís Guilherme & TSUBOI, Larissa. A maçã de ouro. In: Revista manter a privacidade. Porque a garantia da privacidade é um
Veja, 02 de jun. 2010, p.187. Adaptado.
dos pilares de nossa sociedade. Mas vivemos num mundo em
que as informações pessoais circulam, e essas informações
21. (Epcar (Afa) 2013) Mesmo em um texto em que haja o
formam um ser virtual. Muitas vezes, esse ser virtual tem mais
predomínio da função referencial da linguagem, é possível
dados sobre você do que você mesmo. Exemplo: você pode não
identificar passagens em que o autor, mais que transmitir
lembrar o que comprou há um ano, o que comeu ou que filme
informações sobre a realidade, apresenta seu posicionamento,
viu há um ano. Mas a empresa de cartão de crédito sabe, o
ou seja, deixa transparecer um juízo de valor em relação ao
Facebook pode saber. Muitas pessoas defendem toda essa
referente. Em todas as alternativas isso acontece, EXCETO em:
abertura, mas isso pode ser muito perigoso por uma série de
a) “O mérito de Jobs foi ter a presciência do rumo que o
razões. Há muitos agentes do mal por aí, pessoas que podem
mercado tomaria.” (ref. 1)
coletar informações a seu respeito para prejudicá-lo. Muitas
b) “A Apple supera a Microsoft em valor de mercado, premiando
vezes somos nós que oferecemos essa informação. Por
o espírito visionário e libertário de Steve Jobs.” (subtítulo)
exemplo, 20% dos adolescentes nos Estados Unidos enviam
c) “A Marca, para além da disputa pessoal entre os maiores
para as namoradas ou namorados fotos em que aparecem nus.
gênios da nova economia, coroa a estratégia definida por
Quando uma menina de 14 anos faz isso, ela não tem ideia de
Jobs.” (ref. 2)
onde vai parar essa imagem. O namorado pode estar mal-
d) “Na semana passada, a Apple alcançou o cume. Tornou-se a
intencionado ou ser ingênuo e compartilhar a foto.
companhia de tecnologia mais valiosa do mundo, superando
Jornalista: E as informações que não fornecemos, mas que
a Microsoft.” (ref. 3)
coletam sobre nós por meio da visita a websites ou pelo
consumo?
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Don Tapscott: Há dois grandes problemas. Um é o que chamo
Sendo este um jornal por excelência, e por excelência
de Big Brother 2.0, que é diferente daquela ideia de ser filmado
dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito:
o tempo todo por um governo. Esse Big Brother 2.0 é a coleta
precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa
sistemática de informações feita pelos governos. O segundo
a ficar contente porque esta está tão contente que não pode
problema é o "little brother" – as empresas que também coletam
ficar sozinha com a alegria, e precisa 2reparti-la. Paga-se
informações a nosso respeito por razões econômicas, para
extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a
definir nosso perfil e nos bombardear com publicidade. Muitas
própria alegria. É urgente, pois a alegria dessa pessoa é fugaz
empresas, como o Facebook, querem é que a gente forneça
como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois
mais e mais informações sobre nós mesmos porque isso tem
que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a
valor. Às vezes, isso pode até ser vantajoso. Se eu, de fato,
noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde
estiver procurando um carro, seria ótimo receber publicidade de
demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga
carros diretamente. Mas e se essas empresas tentarem
depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal
manipulá-lo? Podem usar sofisticados instrumentos de
que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão
psicologia para motivá-lo a fazer alguma coisa sobre a qual você
grande que se tem que a repartir antes que se transforme em
nem estava pensando.
drama. Implora-se também que venha, 1implora-se com a
Jornalista: O que podemos fazer para evitar isso?
humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também
Don Tapscott: Precisamos de mais leis sobre como essas
uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de
informações são usadas. É necessário ficar claro que os dados
bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da
coletados serão usados apenas para um propósito específico e
sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede
que esse conjunto de dados não pode ser vendido para outros
desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro
sem a sua permissão.
que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para (Folha de S. Paulo, 12/07/2012. Texto adaptado.)
dar.
Clarice Lispector
(http://pensador.uol.com.br/frase. Acesso dia 30/05/2012, 17h03min)
23. (Ita 2013) Na resposta de Don Tapscott para a segunda
pergunta, uma forma típica da linguagem oral, cujo uso NÃO é
22. (G1 - epcar (Cpcar) 2013) Quanto à classificação do gênero recomendado para textos escritos formais é:
textual e à função da linguagem predominante no texto, pode-se
dizer que se trata de uma/um I. a troca de pronome da primeira para a segunda pessoa do
a) carta com função da linguagem apelativa. singular.
b) anúncio com função da linguagem referencial. II. a forma do pronome relativo em “sobre a qual”.
c) poema com função da linguagem poética. III. o emprego do pronome pessoal oblíquo em “manipulá-lo” e
d) classificados com função da linguagem emotiva. “motivá-lo”.
Está(ão) correta(s) apenas:
a) I. b) I e II. c) I e III. d) II. e) II e III.

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TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: pronto. 33Do que me mostraram eu não sabia muito. Basta dizer
VELHO MARINHEIRO que o último navio em que servi já deu baixa. 17Quando saí de
28Sou marinheiro porque um dia, muito jovem, estendi bordo, parei no portaló, voltei-me para a bandeira, inclinei a
meu braço diante da bandeira e jurei lhe dar minha vida. cabeça... e, minha garganta entalou outra vez.
Naquele dia de sol a pino, com meu novo uniforme Isso é corporativismo; não aquele enxovalhado, que
branco, 21senti-me homem de verdade, como se estivesse significa o bem de cada um, protegido à custa do
dando adeus aos tempos de garoto. 29Ao meu lado, as vozes de desmerecimento da instituição; mas o puro, que significa o bem
outros jovens soavam em uníssono com a minha, vibrantes, e da instituição, protegido pelo merecimento de cada um.
terminamos com emoção, de peitos estufados e orgulhosos. 5Ao 27Sou marinheiro e, portanto, sou corporativista.

final, minha mãe veio em minha direção, apressada em me dar Muitas vezes 25a lembrança me retorna aos dias da
um beijo. 20Acariciou-me o rosto e disse que eu estava lindo de ativa e morro de saudades. 18Que bom se pudesse voltar ao
uniforme. 6O dia acabou com a família em festa; 11eu lembro-me começo, vestir aquele uniforme novinho — até um pouco
bem, fiquei de uniforme até de tarde... grande, ainda recordo — Jurar Bandeira, ser beijado pela minha
Sou marinheiro, porque aprendi, naquela Escola, o falecida mãe...
significado nobre de companheirismo. 7Juntos no sofrimento e 3Sei que, quando minha hora chegar, no último

na alegria, um safando o outro, leais e amigos. Aprendi o que é instante, verei, em velocidade desconhecida, o navio com meus
civismo, respeito e disciplina, no princípio, exigidos a cada dia; amigos, minha mulher, meus filhos, singrando para sempre, indo
depois, como parte do meu ser e, assim, para sempre. 23A cada aonde o mar encontra o céu... e, se São Pedro estiver no
passo havia um novo esforço esperando e, depois dele, um portaló, direi:
pequeno sucesso. 26Minha vida, agora que olho para trás, foi – Sou marinheiro, estou embarcando.
toda de pequenos sucessos. A soma deles foi a minha carreira.
19No meu primeiro navio, logo cedo, percebi que era Autor desconhecido. In: Língua portuguesa: leitura e produção de texto. Rio de
Janeiro: Marinha do Brasil, Escola Naval, 2011. p. 6-8)
novamente aluno. Todos sabiam das coisas mais do que eu
Glossário
havia aprendido. Só que agora me davam tarefas,
- Portaló: abertura no casco de um navio, ou passagem junto à
incumbências, e esperavam que eu as cumprisse bem. 2Pouco
balaustrada, por onde as pessoas transitam para fora ou para
a pouco, passei a ser parte da equipe, a ser chamado para
dentro, e por onde se pode movimentar carga leve.
ajudar, a ser necessário. 8Um dia vi-me ensinando aos novatos
12e dei-me conta de que me tornara marinheiro, de fato e de
24. (Esc. Naval 2013) Em que opção o autor estrategicamente
direito, um profissional! 32O navio passou a ser minha segunda
interage com o leitor, dialogando explicitamente com o
casa, onde eu permanecia mais tempo, às vezes, do que na
interlocutor?
primeira. Conhecia todos, alguns mais até do que meus
a) “O dia acabou com a família em festa; eu lembro-me bem,
parentes. Sabia de suas manhas, cacoetes, preocupações e de
fiquei de uniforme até de tarde...” (ref. 6)
seus sonhos. Sem dar conta, meu mundo acabava no costado
b) “Juntos no sofrimento e na alegria, um safando o outro, leais
do navio.
9A soma de tudo que fazemos e vivemos, pelo navio, e amigos.” (ref. 7)
14 c) “Um dia vi-me ensinando aos novatos e dei-me conta de que
é uma das coisas mais belas, que só há entre nós, em mais
me tornara marinheiro, de fato e de direito, um profissional!”
nenhum outro lugar. 24Por isso sou marinheiro, porque sei o que
(ref. 8)
é espírito de navio.
d) “A soma de tudo que fazemos e vivemos, pelo navio, é uma
Bons tempos aqueles das viagens, dávamos um duro
das coisas mais belas, que só há entre nós, em mais nenhum
danado no mar, em serviço, postos de combate, adestramento
outro lugar.” (ref. 9)
de guerra, dia e noite. 30O interessante é que em toda nossa
e) “Engraçado, vocês já perceberam que marinheiro velho
vida, 15quando buscamos as boas recordações, elas vêm desse
dificilmente baixa a terra com máquina fotográfica?” (ref. 10)
tempo, das viagens e dos navios. 16Até 13as durezas por que
passamos são saborosas 1ao lembrar, talvez porque as
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
vencemos e fomos adiante.
Gosto de olhar as capas das revistas populares no
É aquela história dos pequenos sucessos.
supermercado nestes tempos de corrida do ouro da classe C. A
A volta ao porto era um acontecimento gostoso,
classe C é uma versão sem neve e de biquíni do Yukon do tio
sempre figurando a mulher. Primeiro a mãe, depois a namorada,
Patinhas quando jovem pato. Lembro do futuro milionário
a noiva, a esposa. Muita coisa a contar, a dizer, surpresas de
disneyano enfrentando a nevasca paraobter suas primeiras
carinho. A comida preferida, o abraço apertado, o beijo quente...
patacas. Era preciso conquistar aquele território com a mesma
e o filho que, na ausência, foi ensinado a dizer papai.
31No sofreguidão com que se busca, agora, fincar a bandeira do
início, eu voltava com muitos retratos,
consumo no seio dos emergentes brasileiros.
principalmente quando vinha do estrangeiro, depois, com o
Em termos jornalísticos, é sempre aquela concepção
tempo, eram poucos, até que deixei de levar a máquina.
10Engraçado, 22vocês já perceberam que marinheiro velho de não oferecer o biscoito fino para a massa. É preciso dar o
que a classe C quer ler – ou o que se convencionou a pensar
dificilmente baixa a terra com máquina fotográfica? Foi assim
que ela quer ler. Daí as políticas de didatismo nas redações,
comigo.
34Hoje os navios são outros, os marinheiros são outros com o objetivo de deixar o texto mastigado para o leitor e tornar
estanque a informação dada ali. Como se não fosse
- sinto-os mais preparados do que eu era - mas a vida no mar,
interessante que, ao não compreender algo, ele fosse beber em
as viagens, os portos, a volta, estou certo de que são iguais.
outras fontes. 1Hoje, com a Internet, é facílimo, está ao alcance
Sou marinheiro, por isso sei como é.
da vista de quase todo mundo.
Fico agora em casa, querendo saber das coisas da
Outro aspecto é seguir ao pé da letra o que dizem as
Marinha. E a cada pedaço que ouço de um amigo, que leio, que
pesquisas na hora de confeccionar uma revista popular.
vejo, me dá um orgulho que às vezes chega a entalar na
Tomemos como exemplo a pesquisa feita por uma grande
garganta. 4Há pouco tempo, voltei a entrar em um navio. Que
editora sobre “a mulher da classe C” ou “nova classe média”. Lá,
coisa linda! 35Sofisticado, limpíssimo, nas mãos de uma
ficamos sabendo que: a mulher da classe C vai consumir cada
tripulação que só pode ser muito competente para mantê-lo
vez mais artigos de decoração e vai investir na reforma de casa;

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que ela gasta muito com beleza, sobretudo o cabelo; que está b) [...] a editora oferece o produto – a revista – ao mercado de
preocupada com a alimentação; e que quer ascender social e anunciantes. Normal. (ref.2)
profissionalmente. É com base nestes números que 2a editora c) Estão confundindo a classe C com passarinho, só pode.
oferece o produto – a revista – ao mercado de anunciantes. (ref.3)
Normal. d) [...] tipo uma parede toda de filtros de café usados. [...]. (ref.4)
Mas no que se transformam, para o leitor, estes e) Dicas culturais de leitura, filmes, música, então, nem pensar.
dados? Preocupação com alimentação? Dietas amalucadas? A (ref.5)
principal chamada de capa destas revistas é alguma coisa
esdrúxula como: “perdi 30 kg com fibras naturais”, “sequei 22 TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
quilos com cápsulas de centelha asiática”, “emagreci 27 kg com Texto I
florais de Bach e colágeno”, “fiquei magra com a dieta da aveia” O silêncio incomoda
ou “perdi 20 quilos só comendo linhaça”. Pelo amor de Deus, 1Como trabalho em casa, assisto a um grande número

quem é que vai passar o dia comendo linhaça? 3Estão de jogos e programas esportivos, alguns porque gosto e outros
confundindo a classe C com passarinho, só pode. para me manter atualizado, vejo ainda muitos noticiários gerais,
Quer reformar a casa? Nada de dicas de decoração filmes, programas culturais (são pouquíssimos) e também, por
baratas e de bom gosto. O objetivo é ensinar como tomar curiosidade, muitas coisas ruins. Estou viciado em televisão.
empréstimo e comprar móveis em parcelas. Ou então alguma Não suporto mais ver 25tantas tragédias, crimes,
coisa “criativa” que ninguém vai fazer, 4tipo uma parede toda de violências, falcatruas e tantas politicagens para a realização da
filtros de café usados. Juro que li isso. A parte de ascensão Copa de 2014.
profissional vem em matérias como “fiquei famosa vendendo Estou sem paciência 20para assistir a tantas partidas
bombons de chocolate feitos em casa” ou “lucro 2500 reais por tumultuadas no Brasil, consequência do estilo de jogar, da
mês com meus doces”. Falar das possibilidades de voltar a tolerância com a violência e do ambiente bélico em 14que 9se
estudar, de ter uma carreira ou se especializar para ser transformou o futebol, dentro e fora do campo.
promovido no trabalho? Nada. 5Dicas culturais de leitura, filmes, Na transmissão das partidas, 30fala-se e grita-se
música, então, nem pensar. demais. Não há um único instante de silêncio, nenhuma pausa.
Cada vez que vejo pesquisas dizendo que a mídia O barulho é cada dia maior no futebol, nas ruas, nos bares, nos
impressa está em baixa penso nestas revistas. A internet restaurantes e em quase todos os ambientes. O silêncio
oferece grátis à classe C um cardápio ainda pobre, mas bem incomoda as pessoas.
mais farto. Será que a nova classe média quer realmente ler É óbvio 15que informações e estatísticas são
estas revistas? A vendagem delas é razoável, mas nada importantíssimas. Mas exageram. 2Fala-se 26muito, mesmo com
impressionante. São todas inspiradas nas revistas populares a bola rolando. Impressiona-me 18como 10se formam conceitos,
inglesas, cuja campeã é a “Take a Break”. A fórmula é a dão opiniões, baseados em estatísticas 13que têm pouca ou
mesmade uma “Sou + Eu”: dietas, histórias reais de sucesso ou nenhuma importância.
escabrosas e distribuição de prêmios. Além deste tipo de Na partida entre Escócia e Brasil, um repórter da TV
abordagem também fazem sucesso as publicações de fofocas Globo deu a 6“grande notícia”, 21que Neymar foi o primeiro
de celebridades ou sobre programas de TV –aqui, as novelas. jogador brasileiro a marcar dois gols contra a Escócia em uma
Sei que deve ser utopia, mas gostaria de ver mesma partida.
22Parece haver uma disputa para saber 19quem dá
publicações para a classe C que ensinassem as pessoas a se
alimentar melhor, que mostrassem como a obesidade anda mais informações e estatísticas, e outra, entre os narradores,
3para saber quem grita gol mais 23alto e 24prolongado. 11Se
perigosa no Brasil porque se come mal. Atacando, inclusive,
refrigerantes, redes de fast food e guloseimas, sem se dizem 16que a imagem vale mais que mil palavras, por que se
preocupar em perder anunciantes. Que priorizassem não as fala e se grita tanto?
21Outra discussão 27chata, durante e após as partidas,
dietas, mas a educação alimentar e a importância de fazer
8
exercícios e de levar uma vida saudável. Gostaria de ver é se um jogador teve a intenção de colocar a mão na bola e de
reportagens ensinando as mulheres da classe C a se sentirem fazer pênalti, e se outro teve a intenção de atingir o adversário.
bem com seu próprio cabelo, muitas vezes cacheado, em vez Com raríssimas exceções, 4ninguém é louco para fazer pênalti
de simplesmente copiarem as famosas. Que mostrassem como nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador.
7O que ocorre, com frequência, é 5o jogador, no
é possível se vestir bem gastando pouco, sem se importar com
marcas. impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do outro. O impulso
Gostaria de ler reportagens nas revistas para a classe está à frente da consciência. Não sou também tão ingênuo para
C alertando os pais para que vejam menos televisão e convivam achar 17que todas as faltas violentas são involuntárias.
mais com os filhos. Que falassem da necessidade de tirar as Não dá para o árbitro saber 12se a falta foi intencional
crianças do computador e de levá-las para passear ao ar livre. ou não. Ele precisa julgar o fato, e não a intenção. Eles
Que tivessem dicas de livros, notícias sobre o mundo, ciências, precisam ter também bom senso, o que é raro no ser humano,
artes –é possível transformar tudo isso em informação acessível para saber a gravidade das faltas. 29Muitas parecem 28iguais,
e não apenas para conhecedores, como se a cultura fosse mas não são. Ter critério não é unificar as diferenças.
patrimônio das classes A e B. Gostaria, enfim, de ver revistas (Tostão, Folha de S.Paulo, caderno D, “esporte”, p. 11, 10/04/2011.)
populares que fossem feitas para ler de verdade, e que fizessem
refletir. Mas a quem interessa que a classe C tenha suas Texto II
próprias ideias? O ídolo
(Cynara Menezes, 15/07/2011, em: http://www.cartacapital.com.br/politica/o-que- Em um belo dia, a deusa dos ventos beija o pé do
quer-a-classe-c) homem, o maltratado, desprezado pé, e, desse beijo, nasce o
ídolo do futebol. 7Nasce em berço de palha e barraco de lata e
25. (Ita 2012) Das opções abaixo, a única que não apresenta vem ao mundo abraçado a uma bola.
linguagem informal é 1Desde que aprende a andar, sabe jogar. Quando
a) Hoje, com a Internet, é facílimo, está ao alcance da vista de criança, alegra os descampados e os baldios, joga e joga e joga
quase todo mundo. (ref.1) nos ermos dos subúrbios até que a noite cai e ninguém mais

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consegue ver a bola, e, quando jovem, voa e faz voar nos 26. (Epcar (Afa) 2012) Sobre os textos I e/ou II, pode-se afirmar
estádios. Suas artes de malabarista convocam multidões, que
domingo após domingo, de vitória em vitória, de ovação em a) a função poética está presente no texto II, através do uso de
ovação. linguagem figurada.
4A bola 13o procura, 14o reconhece, precisa dele. No b) tanto o texto I quanto o texto II apresentam função emotiva.
peito de 18seu pé, ela descansa e se embala. 6Ele 19lhe dá brilho c) no texto I, a intenção do autor é persuadir o leitor a mudar seu
e 20a faz falar, e neste diálogo entre os dois, milhões de mudos comportamento, fazendo uso, dessa forma, da função
conversam. 11Os Zé Ninguém, os condenados a serem para apelativa.
sempre ninguém, podem sentir-se alguém por um momento, por d) o fato de Tostão ser um ex-jogador de futebol e estar falando
obra e graça desses passes devolvidos num toque, 16essas sobre esse esporte – texto I – caracteriza uma
fintas que desenham os zês na grama, 17esses golaços de metalinguagem.
calcanhar ou de bicicleta: quando ele joga o time tem doze
jogadores. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
— Doze? Tem quinze! Vinte! Bruxos, vampiros e avatares
10A bola ri, radiante, no ar. Ele a amortece, a Lya Luft
adormece, diz galanteios, dança com ela, e vendo essas coisas
nunca vistas, seus adoradores sentem piedade por seus netos "A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça nos
ainda não nascidos, que não estão vendo 15o que acontece. controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo"
22Mas o ídolo é ídolo apenas por um momento,
19Cibernéticos e virtuais, 15nadamos num rio de
humana eternidade, coisa de nada; e quando chega a hora do
azar para o pé de ouro, a estrela conclui sua viagem do novidades e nos consideramos moderníssimos. Um turbilhão de
resplendor à escuridão. 3Esse corpo está com mais remendos recursos trazidos pela ciência, pela tecnologia, nos atrai ou
que roupa de palhaço, o acrobata virou paralítico, o artista é confunde. 13Se somos mais velhos, nos faz crer que jamais
uma besta: pegaremos esse bonde - embora ele seja para todos os que se
— Com a ferradura, não! dispuserem a nele subir, não necessariamente para ser
8A fonte da felicidade pública se transforma no 12para- campeões ou heróis.
11A tecnologia abre territórios fascinantes, e ameaça
raios do rancor público:
— Múmia! nos controlar: se pensarmos um pouco, sentiremos medo. O
Às vezes, o ídolo não cai inteiro. 5E, às vezes, 2quando que mais vem por aí, quanto podemos lidar com essas
9se quebra, a multidão 21o devora aos pedaços. novidades, sem saber direito quais são as positivas, quanto
(Eduardo Galeano. Futebol, ao sol e à sombra.) servem para promover progresso ou 16para nos exterminar ao
toque do botão de algum demente no poder? Exageradamente
Texto III entregues a esses jogos cada dia inovados, vamos nos perder
Sermão da Planície da nossa natureza real, o instinto? 6Viramos homens e mulheres
(para não ser escutado) pós-modernos, sem saber o que isso significa; 1somos
cibernéticos, somos twitteiros e blogueiros, mas não passamos
Bem-aventurados os que não entendem nem aspiram a disso. E, se não formos muito equilibrados, vamos nos
entender de futebol, pois deles é o reino da tranquilidade. transformar em hackers, e o mundo que exploda.
Bem-aventurados os que, por entenderem de futebol, 14Sobre a sensação de onipotência que esse mundo
não se expõem ao risco de assistir às partidas, pois não voltam novo nos confere, lembro a história deliciosa do aborígine que,
com decepção ou enfarte. contratado para guiar o cientista carregado de instrumentos
(...) refinados, disse-lhe: 20“Você e sua gente não são muito
Bem-aventurados os que não escalam, pois não terão espertos, porque precisam de todas essas ferramentas
suas mães agravadas, seu sexo contestado e 3sua integridade simplesmente para andar no mato e observar os animais".
física ameaçada, ao saírem do estádio. 9Não vamos regredir: a civilização anda segundo seu
4Bem-aventurados os que não são escalados, pois
próprio arbítrio. Mas, como quase todas as coisas, 3seus
escapam das vaias, projéteis, contusões, fraturas, e mesmo da produtos criam ambiguidade pelo excesso de aberturas 17e pelo
5glória precária de um dia.
receio diante do novo, que precisa ser domesticado, para se
2Bem-aventurados os que não são cronistas tornar nosso servo útil. As possibilidades do mundo virtual são
esportivos, pois não carecem de explicar o inexplicável e quase infinitas. Sua sedução é intensa. 8Tão enganador quanto
racionalizar a loucura. fascinante, no que tange à comunicação. 21Imenso, variado,
(...) assustador, rumoroso, ameaçador e frio, porque impessoal.
Bem-aventurados os surdos, pois não os atinge o 4Nesse mundo difuso, somos quase onipotentes, sem maior
estrondar das bombas da vitória, que fabricam os surdos, nem o responsabilidade, pois cada ação nem sempre corresponde a
1matraquear dos locutores, carentes de exorcismo.
uma consequência - e ainda podemos nos esconder no
(...) anonimato. Criam-se sérias questões morais e éticas não
Bem-aventurados os que, depois de escutar esse resolvidas nesse território: através da mesma ferramenta que
sermão, aplicarem todo o ardor infantil no peito maduro para nos abre universos e nos comunica com o outro, caluniamos e
desejar a vitória do selecionado brasileiro nesta e em todas as somos caluniados, ameaçamos e somos ameaçados, nos
futuras Copas do Mundo, como faz o velho sermoneiro despersonalizamos, nos entregamos a atividades estranhas,
desencantado, mas torcedor assim mesmo, pois para o diabo vá algumas perversas; espiamos, espreitamos, maldizemos amigos
a razão quando o futebol invade o coração. e desconhecidos, odiamos celebridades, cortamos a cabeça de
(Carlos Drummond de Andrade. Jornal do Brasil, 18/06/1974.)
quem se destaca porque se torna objeto de inveja e
ressentimento, escutamos mensagens sombrias e cumprimos,
talvez, ordens sinistras.
18Relacionamentos pessoais começam e terminam,

bem ou mal, nesse campo virtual – não muito diferente do

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mundo dito real, dos bares, festas e trabalho, faculdade e em primeiro lugar, treinamento e desenvolvimento — quer dizer,
escola. 12Para as crianças, esse universo extenso e invasivo a possibilidade de virar um profissional melhor. A mesma
pode ser uma grande escola, um mestre inesgotável, 5um salão característica é valorizada só por 38% dos americanos, que
de jogos divertido em que elas imediatamente se sentem à colocam no topo das prioridades, neste momento, a estabilidade
vontade, sem os limites dos adultos. Mas pode ser a estrada no emprego. 3Os brasileiros apontaram como segundo maior
dos pedófilos, a alcova dos doentes, ou a passagem sobre o objetivo a possibilidade de empreender, criar ou inovar, numa
limite do natural e lúdico para o obsessivo e perverso. disposição para o risco que parece estar diminuindo nos
7Como quase tudo neste mundo nosso, duplo é o Estados Unidos.
gume: comunicar-se é positivo, mas sinais feitos na sombra, O paulista Guilherme Mosaner, analista de negócios de
sem verdadeiro nome nem rosto, podem acabar em 25 anos, representa bem as preocupações brasileiras. “O
fantasmáticas perseguições e males. trabalho precisa ser desafiador. Tenho de aprender algo todo
Singularmente, mas de maneira muito significativa, dia.” 10Mosaner trabalha há um ano e meio em uma empresa de
enquanto 2estamos velozes e espertos no computador, criando administração de patrimônio, mas acha improvável construir a
mundos virtuais, e jogando jogos cada vez mais complexos, carreira numa mesmacompanhia, assim como metade dos
buscamos o nevoeiro desse anonimato e, na época das maiores estudantes brasileiros entrevistados pela Universum. 2Entre as
inovações, curtimos voar com bruxos em suas vassouras, boas qualidades de um empregador, os universitários incluem
namorar vampiros e inventar avatares que vão de engraçados a seu sucesso econômico e a valorização que ele confere ao
sinistros. currículo. “A gente sabe que não vai ficar 40 anos em um
10Estimulante, múltiplo, tão rico, resta saber o que mesmo lugar, por isso já se prepara para coisas novas”, diz
vamos fazer nesse novo mundo - ou o que ele vai fazer de nós. Mosaner.
7Apesar
Quando soubermos, estaremos afixados nele como borboletas de mais pragmáticos, os universitários
presas com alfinete debaixo da tampa de vidro ou vaga-lumes brasileiros, assim como os americanos e europeus, 8consideram
em potes de geleia vazios, naquelas noites de verão quando a como objetivo máximo equilibrar trabalho e vida pessoal. 6Quem
infância era apenas aquela, inocente, que ainda espia sobre pensa em americanos como viciados em trabalho e em
nossos ombros. europeus como cultivadores dos prazeres da vida talvez precise
(Revista Veja, 17 de fevereiro de 2010) reavaliar as crenças diante da geração que está saindo da
faculdade: o bom balanço entre trabalho e vida pessoal é a meta
27. (G1 - epcar (Cpcar) 2011) Assinale a alternativa correta. número um de 49% dos brasileiros, 52% dos europeus e... 65%
a) A metalinguagem permeia todo o texto, porque há um grande dos americanos.
destaque para o código da linguagem tecnológica. (ÉPOCA, 21 de junho de 2010)
b) A principal intenção comunicativa do locutor é alertar para os
perigos que o mundo virtual pode oferecer a adultos e 28. (Epcar (Afa) 2011) Assinale a alternativa em que o recurso
crianças. textual apontado não foi utilizado no texto.
c) O título “Bruxos, vampiros e avatares” faz referência direta a) Citação textual.
aos homens e mulheres pós-modernos cada vez mais b) Contraste temporal.
racionais, objetivos e espertos no uso do computador. c) Comparação.
d) O subtítulo dá ênfase aos aspectos positivos do universo d) Linguagem conotativa.
tecnológico, o que se evidencia pelo uso do adjetivo
“fascinantes”. 29. (Epcar (Afa) 2011) Assinale a alternativa que traz uma
explicação pertinente ao emprego de numerais ao longo do
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES: texto.
Os ideais da nossa Geração Y a) Confere rigor matemático ao texto, tornando-o inquestionável.
5Uma pesquisa inédita mostra como pensam os jovens que b) Tem valor argumentativo e, portanto, reforça a ideia central
estão entrando no mercado de trabalho. Eles são bem menos do texto.
idealistas que os americanos. c) É indispensável porque o texto é jornalístico e traduz uma
Daniella Cornachione opinião do autor.
d) Relativiza o acentuado rigor matemático predominante no
1Quando o jornalista Otto Lara Resende, diante das texto.
câmeras de TV, pediu ao dramaturgo Nelson Rodrigues que
desse um conselho aos jovens telespectadores, a resposta foi 30. (Ita 2003) O texto a seguir, de divulgação científica,
contundente: “Envelheçam!”. A recomendação foi dada no apresenta termos coloquiais que, apesar de muito expressivos,
programa de entrevistas Painel, exibido pela Rede Globo em não são comuns em textos científicos. Reescreva o primeiro
1977. Pelo menos no quesito trabalho, os brasileiros perto dos período, utilizando a linguagem no nível formal.
20 anos de idade parecem dispensar o conselho. 9Apesar de
começarem a procurar emprego num momento de otimismo
econômico, quase eufórico, os jovens brasileiros têm A ciência vive atrás de truques para dar uma rasteira genética
expectativas de carreira bem menos idealistas que os no câncer, mas desta vez parece que pesquisadores
americanos e europeus — e olha que por lá eles estão americanos deram de cara com um ovo de Colombo.
enfrentando uma crise brava. É o que revela uma pesquisa da Desligando um só gene, eles pararam o crescimento do tumor.
consultoria americana Universum, feita em 25 países. (...). No Melhor ainda: quando a substância que suprimia o gene parava
estudo, chamado Empregador ideal, universitários expressam de agir, ele se ativava, outra vez - mas a favor do organismo,
seus desejos em relação às empresas, em diversos quesitos. O ordenando a morte do câncer.
Brasil é o primeiro país sul-americano a participar -- foram (JOSÉ REINALDO LOPES. Gene "vira-casaca" derruba tumor.
entrevistados mais de 11 mil universitários no país de fevereiro "Folha de S.Paulo", 5/07/2002, A-16)
a abril.
11De acordo com o estudo, 4dois em cada três

universitários brasileiros acham que o empregador ideal oferece,

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31. (Ita 2002) Tem gente que junta os trapos, outros juntam os revoltadíssimos, vociferavam palavrões contra as
pedaços. vergonhosas medidas do governo.
No texto, a marca da coloquialidade apresenta-se como b) O Corinthians, "derrotado" antes mesmo da peleja em
transgressão gramatical. Assinale a alternativa que corresponde Montevidéu, enfrentando um adversário terrível, obteve a
ao fato: mais notável vitória dos clubes nacionais fora de nossas
fronteiras. Clube algum elevou tão alto o prestígio do futebol
a) Ausência de conectivo. b) Escolha das palavras. do Brasil.
c) Emprego do verbo ter. d) Repetição do verbo juntar. c) Finalmente, o famigerado projeto de Lei de lmprensa seguirá
e) Emprego da vírgula. para apreciação em plenário. Seu texto, porém, nebuloso por
não fixar limites para as indenizações por calúnia, injúria e
32. (Ita 1999) Assinale a opção que apresenta a função da difamação, significará tão somente uma espada de Dâmocles
linguagem predominante nos fragmentos a seguir: sobre nossos injustiçados e perseguidos jornalistas.
(I) d) O protesto "Abra o olho, Brasil", que atraiu ínfima atenção
Maria Rosa quase que aceitava, de uma vez, para resolver a para uma causa honestíssima - a gigantesca dívida social, foi
situação, tal o embaraço em que se achavam. Estiveram um um mero e fracassado truque: aproveitar a legítima
momento calados. insatisfação da maioria para vitaminar o radical PT e, por
tabela, criar um ambiente para a ambicionada sucessão
- Gosta de versos?
presidencial.
- Gosto... e) Há, na sociedade moderna, uma espécie de corredor
- Ah... comercial - editor, distribuidor, livreiros etc.- pelo qual deve
Pousou os olhos numa oleografia. passar a obra literária, antes que se cumpra sua natureza
social, de criar um espaço de interação estática entre dois
- É brinde de farmácia?
sujeitos: o autor e o leitor.
- É.
- Bonita... 35. (Ita 1997) Assinale a opção cujo texto apresenta a melhor
- Acha? redação, considerando correção, clareza, concisão e
- Acho... Boa reprodução... propriedade.
(Orígenes Lessa. O FEIJÃO E O SONHO) a) O porquê de a intervenção direta e indireta do Estado na
economia, receita tão bem sucedida em certos países
asiáticos mas nem tanto no Brasil, está na paródia de
( II ) conhecido comercial: "Nossos políticos são mais criativos,
Sentavam-se no que é de graça: banco de praça pública. mas menos honestos".
E ali acomodados, nada os distinguia do resto do nada. Para a b) A intervenção direta e indireta do Estado na economia,
grande glória de Deus. receita empregada tanto no Brasil como em certos países
asiáticos, deu mais certo porque nossos políticos, parodiando
Ele: - Pois é. conhecido comercial, são mais criativos mas menos honestos
Ela: - Pois é o quê? que os deles.
Ele: - Eu só disse "pois é"! c) A receita - intervenção direta e indireta do Estado na
Ela: - Mas "pois é" o quê? economia que tanto deu certo em alguns países asiáticos -
não acarretou ao Brasil os mesmos resultados porque nossos
Ele: - Melhor mudar de conversa porque você não me entende. políticos, segundo paródia de conhecido comercial, "são mais
Ela: - Entender o quê? criativos mas mais corruptos que os deles".
Ele: - Santa Virgem, Macabéa, vamos mudar de assunto e já. d) A resposta a porque a intervenção direta e indireta do Estado
(Clarice Lispector. A HORA DA ESTRELA) na economia, cuja receita deu certo em alguns países
asiáticos, não tenha possibilitado melhores resultados no
a) Poética. b) Fática. c) Referencial. Brasil, parece, parodiando conhecido comercial, ser esta:
d) Emotiva. e) Conativa. "Nossos políticos são mais criativos mas menos honestos".
e) A resposta a por que a receita - intervenção direta e indireta
33. (Ita 1999) Assinale a opção que NÃO apresenta do Estado na economia - deu mais certo em alguns países
impropriedades em relação às regras da escrita formal: asiáticos do que no Brasil, parece paródia de conhecido
comercial: "Nossos políticos são mais criativos, mas menos
a) Desde o início do século, tem sido realizado estudos visando honestos".
à erradicação do analfabetismo em países pobres.
b) O candidato ao governo do Estado interviu na apresentação 36. (Ita 1997) Na língua falada em situações informais, é
de um dos seus expositores. comum um texto como o seguinte: "Detesto aquele rapaz. Se eu
c) Aquele analista econômico, cujo livro foi um sucesso, previu a
tiver a chance de não cumprimentar ele, eu não cumprimento.
crise econômica pela qual passamos.
Conheço ele há mais de 10 anos atrás. Quando pedi ajuda, ele
d) Este medicamento vem sendo testado em animais a um ano
aproximadamente. me virou as costas. Tenho amigos que acham que deve-se
e) É salutar que o diretor devirja de nossa proposta. perdoar estas coisas. Me recuso a aceitar isto."

34. (Ita 1998) Assinale a opção cujo emprego da linguagem Assinale a opção que corresponde à melhor correção do texto
mostra intenção de imparcialidade do locutor em relação ao anterior, de acordo com as normas da língua escrita formal.
assunto de que trata. a) Detesto aquele rapaz. Se eu tiver a chance de não
a) A Avenida Paulista foi brutalmente tomada de assalto pelo cumprimentá-lo, eu não cumprimento. Conheço-o há mais de
movimento. Aos ruidosos trabalhadores rurais juntaram-se os 10 anos atrás. Quando lhe pedi ajuda, ele me virou as costas.
marginalizados desempregados da cidade. Todos,

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Tenho amigos que acham que deve-se perdoar estas coisas.


Recuso-me a aceitar isto.
b) Detesto aquele rapaz. Se eu tiver a chance de não lhe
cumprimentar, eu não cumprimento. Conheço-o há mais de
10 anos atrás. Quando pedi ajuda, ele me virou as costas.
Tenho amigos que acham que devem-se perdoar essas
coisas. Recuso-me a aceitar isso.
c) Detesto aquele rapaz. Se eu tiver a chance de não o
cumprimentar, eu não o cumprimento. Conheço-lhe há mais
de 10 anos. Quando lhe pedi ajuda, ele virou-me as costas.
Tenho amigos que acham que deve perdoar-se essas coisas.
Recuso-me a aceitar isso.
d) Detesto aquele rapaz. Se eu tiver a chance de não
cumprimentá-lo, eu não o cumprimento. Conheço-o há mais
de 10 anos. Quando lhe pedi ajuda, ele virou-me as costas.
Tenho amigos que acham que se devem perdoar essas
coisas. Recuso-me a aceitar isso.
e) Detesto aquele rapaz. Se eu tiver a chance de não o
cumprimentar, eu não cumprimento. Conheço-o há mais de
10 anos atrás. Quando pedi ajuda, ele virou-me as costas.
Tenho amigos que acham que se deve perdoar estas coisas.
Recuso-me a aceitar isso.

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Prof. Carol Lucena

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