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D O R

DESLOCAMENTO SEM REDUÇÃO DO


DISCO DA ARTICULAÇÃO
TEMPOROMANDIBULAR: REVISÃO DA
LITERATURA
Dr. Eduardo Januzzi1; Dr. Frederico Mota Gonçalves Leite2; Dra. Betania Mara Franco Alves3 ; Dr. Maurício Serejo Ribeiro4;
Dr. Eduardo Grossmann5

RESUMO
O objetivo do estudo foi revisar a literatura referente a publicações sobre o tratamento
do deslocamento do disco sem redução da articulação temporomandibular, assim como a
evolução natural dessa condição, e analisá-los criticamente. Foi realizada uma busca siste-
mática da literatura de 1990 até 2010. Após revisão e análise crítica dos estudos selecio-
nados, sobre o tratamento do deslocamento sem redução do disco da articulação temporo-
mandibular assim como a evolução natural dessa condição, chegou-se às seguintes conclu-
sões: é importante procurar restabelecer a biomecânica da articulação temporomandibular,
mesmo que o disco articular esteja deslocado permanentemente; quando a dor e a limitação
da função estiverem presentes nessa condição, o tratamento conservador deve ser primaria-
mente instituído e apresenta bom prognóstico; o tratamento invasivo só deve ser instituído
Dr. Eduardo Grossmann5 depois de considerar falho o tratamento conservador; ao instituir o tratamento invasivo,
CRO 7247/RS devemos priorizar os procedimentos mais conservadores como infiltrações e artrocentese,
uma vez que existem evidências comprovando sua eficácia; até o presente momento, não
existem muitos ensaios clínicos randomizados para cada modalidade terapêutica, além de
existirem diversas falhas metodológicas nos existentes. Sendo assim, deve-se agir com cau-
tela pelos estudos existentes, porém, com boa qualidade metodológica.
Palavras-chave: Deslocamento do disco sem redução, tratamento conservador, tratamento
cirúrgico, evolução natural.

ABSTRACT
The aim of this study was review of literature of published studies about the treatment of
the articular disc displacement without reduction of the temporomandibular joint, as well as the
natural course of this condition, and critically analyze them. A systematic search of the literatu-
re from 1990 to 2010. After review and critical analysis of the selected studies about the tre-
atment of the temporomandibular joint disc displacement without reduction as well as the
natural course of this condition, the following conclusions were reached: it is important to resto-
re the biomechanics of the temporomandibular joint even though the articular disc is perma-
nently displaced; when pain and function limitation are present in this condition, the conserva-
tive treatment should be primarily established and presents a positive prognostic; the invasive

1- Doutorando em Saúde Baseada em Evidências pela UNIFESP. Mestre em DTM e Dor Orofacial pela UNIFESP (São Paulo/ SP).

2- Doutorando em Saúde Baseada em Evidências pela UNIFESP (São Paulo/ SP).

3- Especialista em DTM e Dor Orofacial.

4- Professor do Centro Universitário Fluminense, Faculdade de Odontologia de Campos (Campos dos Goytacazes / RJ).

5- Professor associado, responsável pela Disciplina de Dor Craniofacial aplicada à Odontologia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Diretor do Centro de Dor e Deformidade Orofacial de Porto Alegre- CENDDOR (Porto Alegre/RS).

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treatment should only be established after the consideration of the conservative treatment
failure; after establish the invasive treatment, we should prioritize the most conservative proce-
dures like infiltrations and arthrocentesis, once there are evidence showing theirs efficacy; at the
moment, there are not many randomized clinical trials for each therapeutic modality, and, there
are many methodological failures found on those existent. So, we should guide ourselves with
the necessary caution on the existent studies, however, with a good methodological quality.
Keywords: Disc displacement without reduction, non–surgical treatment, surgical treat-
ment, natural course.
INTRODUÇÃO
O deslocamento do disco articular sem redução da articulação temporomandibular (ATM)
é comumente conhecido como “Closed Lock”. Pode se apresentar de duas formas: a aguda que
se caracteriza por uma limitação acentuada da abertura da boca (≤ 35 mm), persistente, com
história de instalação súbita; deflexão para o lado afetado na abertura da boca; laterotrusão
limitada para o lado contralateral (se for unilateral) e dor. Ao exame de imagem de tecido mole
está presente um disco articular deslocado sem redução e imagenologia de tecido duro não
revelando nenhuma alteração osteoartrítica extensa.
A crônica caracteriza-se por história de instalação súbita de limitação da abertura de boca
que ocorreu há mais de 4 meses; imagenologia de tecido mole revelando disco articular deslo-
cado sem redução, e imagenologia de tecido duro sem revelar alteração osteoartrítica extensa,
podendo estar presente dor que é muito reduzida quando comparada a do estágio agudo (de
Leeuw, 2010).
Uma vez estabelecidos os critérios de diagnóstico do deslocamento do disco sem redução
da ATM, é importante definir qual o melhor tratamento para essa condição (Kurita et al.,1998,
Sato et al.,1999).

OBJETIVO
Revisar a literatura dos últimos vinte anos referente a estudos publicados sobre o tratamen-
to do deslocamento do disco articular

REVISÃO DA LITERATURA músculos da mastigação, sendo que o ruído articular não


se alterou. No grupo II, cirurgia, houve também uma
Manejo do deslocamento do disco sem melhoria na abertura da boca e da dor articular, ATM,
redução da ATM porém a dor nos músculos mastigatórios e o ruído arti-

S
ato et al. (1995) avaliaram clínica e por artrografia cular não se alteraram. Se considerarmos os critérios de
pacientes com deslocamento anterior do disco arti- sucesso da associação americana de cirurgia oral e maxi-
cular sem redução. Dividiram aleatoriamente os lofacial vemos que o grupo que obteve melhor resultado
mesmos em três grupos: o grupo I consistiu de 20 foi o cirúrgico, 76,9%, seguido pelo de placa, 55% e por
pacientes (1 do gênero masculino e 19 do gênero femi- último o de evolução natural, 41,9%.
nino com idade média de 40 anos) tratados com placa
estabilizadora. Evolução natural do deslocamento do disco
O grupo II cirurgia composto por 26 (5 do gênero sem redução do disco (DDSR) da ATM sem
masculino e 21 do gênero feminino com idade média de nenhum tipo de tratamento
36,5 anos) e um terceiro grupo composto por 31 Sato et al.(1997) avaliaram uma população de 52
pacientes (2 do gênero masculino e 29 do gênero femi- pacientes (4 do gênero masculino e 48 do gênero femini-
nino com idade média de 32,5 anos) que não se subme- no) que tinham sido diagnosticados com DDSR da ATM,
teram a nenhum tratamento (evolução natural). Ao mas que não foram submetidos a qualquer tipo de trata-
longo de 12 meses no grupo I e III houve uma melhoria mento por pelo menos 12 meses. A idade média dos
na abertura da boca, diminuição da dor na ATM e nos pacientes foi de 28,6 anos (entre 13 e 58 anos). Em 47

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pacientes foi diagnosticada uma condição unilateral e em ção dos sintomas foi registrada, e a média de duração foi
5, bilateral. O DDSR foi diagnosticado a partir de dados de aproximadamente 3 meses. A manobra foi realizada,
clínicos e confirmado na consulta inicial por meio de colocando-se o dedo indicador no dente molar inferior
artrografia. Os pacientes incluídos nesse estudo: apresen- do lado travado e fazendo pressão para baixo. Uma ala-
tavam dor constante ou frequente na ATM ou uma ampli- vanca foi obtida colocando os polegares nos dentes supe-
tude do movimento menor que 35mm na consulta inicial riores do paciente. Foi pedido ao paciente para estar
e aceitaram ser acompanhados por um período de 12 atento ao reproduzir o som de clique que ele já havia
meses. A avaliação final consistiu de novo exame clínico e experienciado no lado afetado (articulação travada) antes
de ressonância magnética nuclear das ATM. Esse estudo de a limitação ocorrer; moderada pressão foi aplicada nos
sugeriu uma possibilidade de resolução espontânea de molares inferiores (alavanca). A capacidade de movimen-
sinais e sintomas na evolução natural do DDSR da ATM, tação mandibular foi obtida após manipulação. Esse estudo
sobretudo em pacientes mais jovens. mostrou uma imediata melhora na abertura interincisal
Kurita et al. (1998) avaliaram 40 pacientes (38 do para todos os 12 pacientes (média de melhora de 8,0mm,
gênero feminino e 2 do gênero masculino, com idade variando de 5 a 12mm). Todos os pacientes foram capazes
média de 35 anos) sem realizar nenhum de realizar movimentos excursivos laterais, sem restrição.
tratamento(evolução natural) com deslocamento do Kurita et al.(1999) avaliaram a eficácia da técnica de
disco articular sem redução sintomático da ATM, durante manipulação mandibular (MM) na redução do desloca-
um período de 2 anos e 5 meses. A avaliação compreen- mento do disco sem redução (DDSR) da ATM. Foram
deu exame clínico e de RMN. avaliados 544 pacientes, encaminhados para tratamento
Os resultados mostraram que aproximadamente 42% de DTM, sendo que 215 apresentavam características clí-
dos pacientes apresentavam-se espontaneamente assinto- nicas de DDSR. Esses autores utilizaram tal técnica na
máticos, em 33% seus sintomas diminuíram e aproximada- tentativa para reduzir os discos articulares deslocados na
mente 25% não demonstrarão nenhuma melhora. primeira ou segunda consulta. Com essa terapia, 35
Sato et al.(1999) avaliaram as alterações a longo-prazo pacientes (grupo A) apresentaram retorno do clique da
dos sinais e sintomas clínicos e da posição e morfologia do articulação nos movimentos de abertura e fechamento e
disco articular em pacientes com deslocamento do disco foi colocado imediatamente um dispositivo de
articular sem redução (DDSR) da ATM. O grupo estuda- ­reposicionamento anterior.
do foi composto de 21 pacientes do gênero feminino (24 Os outros 180 pacientes (grupo B) não obtiveram o
ATM acometidas) que não receberam tratamento por um clique e foram tratados com medicação anti-inflamatória
período superior a 12 meses. A idade média era de 26 não esteroidal ou um dispositivo interoclusal (placa esta-
anos. Todos os pacientes com DDSR foram submetidos à bilizadora ou placa lisa). Desses 215 pacientes, 74 (22 do
artrografia no compartimento articular inferior na consul- grupo A e 52 do grupo B, 67 eram do gênero feminino
ta inicial. A posição e configuração do disco articular foram e 7 do gênero masculino, com idade média de 32,5 anos)
avaliadas durante um período médio de 27,1 meses concordaram em fazer imagens por Ressonância Magnética
(variando de 12 a 80 meses), por meio de imagens de Nuclear(RMN) de sua ATM. Cinco desses pacientes
ressonância magnética nuclear (RMN). tinham travamento em ambos os lados, e assim, 79 articu-
Os critérios para inclusão nesse estudo foram os lações estavam disponíveis para estudo.
seguintes: abertura máxima da boca menor que 35 mm; O estudo de imagens por RMN foi realizado poucas
dor na ATM constante ou frequente na consulta inicial; semanas após a manobra de manipulação mandibular.
ausência de história de tratamento da ATM; consentimen- Cinco imagens em tomada sagital da ATM foram obtidas
to do paciente em ser observado sem nenhum tratamen- com os dentes na posição de intercuspidação e posição de
to como primeira escolha e observação dos sinais e sin- abertura máxima da boca. Nas ATM que foram tratadas
tomas clínicos por pelo menos 12 meses, com um estudo com aparelho de reposicionamento anterior foi repetido o
de imagens por RMN no controle. exame com o dispositivo colocado em posição após a
abertura total da boca e após a ocorrência do clique.
Manipulação mandibular do deslocamento do Novo exame de imagem similar ao anterior foi realiza-
disco sem redução do disco da ATM do, com a placa em posição de boca fechada e aberta. As
Jagger (1991) realizou a técnica de manipulação man- imagens por RMN foram analisadas por radiologistas trei-
dibular no deslocamento do disco sem redução (DDSR) nados e por um dos autores. Na primeira imagem sagital
da ATM em 12 pacientes (8 do gênero masculino e 4 do feita sem a placa de reposicionamento anterior, o desloca-
gênero feminino), com idade média de 21,8 anos. A dura- mento anterior do disco articular foi confirmado. A redu-

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ção do disco articular foi avaliada nas imagens com ou mento é útil para o deslocamento sem redução de o
sem inserção da placa de reposicionamento. disco articular da ATM.
Quando o disco articular assumiu a posição normal Yuasa e Kurita (2001) avaliaram sessenta pacientes
em relação à cabeça da mandíbula na abertura bucal, com com dor articular, deslocamento de o disco articular sem
ou sem o dispositivo de reposicionamento anterior, o redução (DDSR) sem alterações ósseas Esses pacientes
disco articular foi avaliado com sucesso na redução. foram randomizados e divididos em 2 grupos, sendo que
Entretanto, nos casos do deslocamento do disco articular um dos grupos recebeu um anti-inflamatório não este-
permanecer em posição anormal em relação à cabeça da roidal (AINE) e realizou fisioterapia (grupo tratamento),
mandíbula na posição de boca aberta em alguma imagem, enquanto o outro grupo (controle) não recebeu nenhum
o disco articular foi ­considerado não reduzido. tipo de tratamento. Ambos os grupos foram observados
O estudo mostrou que um deslocamento anterior do por duas semanas, sendo que os pacientes que não apre-
disco articular foi encontrado em todas as avaliações das sentaram nenhuma melhora foram acompanhados por
imagens por RMN. Os resultados dessas mais quatro semanas. Esse estudo
avaliações de imagens foram: no grupo mostrou que aproximadamente 60%
A, 14 de 23 articulações tiveram suces- dos pacientes do grupo com o trata-
so com manobra e placa, enquanto as 9 Esse estudo mento melhoraram seus sintomas ini-
articulações restantes não tiveram ciais, enquanto o grupo controle apre-
redução de o disco articular; todas as concluiu que a sentou 33% de melhora nas quatro
56 articulações do grupo B tiveram os primeiras semanas. Sendo assim, uma
discos articulares deslocados perma- fisioterapia parece combinação de anti-inflamatório não
nentemente sem redução. Entretanto, esteroidal (AINE) e fisioterapia por
14 articulações foram classificadas como aliviar a dor quatro semanas, foi efetiva como um
tendo sucesso na redução e 65 como tratamento primário de pacientes com
sem redução. essa condição.
articular, Minakuchi et al.(2001) avaliaram o
Fisioterapia tratamento não cirúrgico em 69 pacien-
Nicolakis et al.(2001) avaliaram a melhorar a tes com DDSR, confirmados por ima-
efetividade da fisioterapia em pacientes gens por RMN. Os pacientes foram
com desarranjo interno da ATM. Vinte amplitude dos aleatoriamente selecionados para o
pacientes foram selecionados consecu- grupo controle e para dois outros gru-
tivamente, apresentando: distância inte- movimentos pos de tratamento. As orientações
rincisal < 35 mm; dor na região da ATM; incluíram abertura máxima da boca,
evidência de deslocamento anterior do mandibulares. escala analógica-visual de dor (EAV) e
disco articular sem redução (DDASR), limitação das atividades diárias (grupo
avaliando-se imagens por RMN e evi- controle). Examinadores calibrados
dência de alteração postural. A fisiotera- coletaram dados na avaliação inicial,
pia foi o único método terapêutico utilizado. Exercícios com 2, 4 e 8 semanas do tratamento. Na oitava semana
fisioterápicos pretendiam melhorar a coordenação dos foi realizada avaliação dos grupos em relação a todas as
músculos da mastigação, reduzir o espasmo muscular e variáveis.
alterar a restrição do movimento mandibular. Esse proto- O grupo de autocuidados e AINE consistiu em exer-
colo incluiu massagem dos músculos doloridos, alonga- cícios para abertura bucal, escala analógica-visual, limitação
mento muscular, exercícios isométricos, orientação do das atividades diárias e administração de anti-inflamatório
movimento de abertura e fechamento da boca, distração não esteroidal, enquanto o outro grupo consistiu dos itens
manual da ATM, mobilização da cabeça da mandíbula/ acima, adicionados de placa oclusal estabilizadora, perfa-
disco articular, correção da postura e técnica de relaxa- zendo um total de 3 grupos. Não houve diferença signifi-
mento. Cada paciente aprendeu os exercícios para um cativa nos resultados entre os grupos com AINE, porém
programa caseiro supervisionado e fizeram fisioterapia na os resultados forma superiores ao do grupo controle
clínica duas vezes por semana. (sem AINE). Os autores concluíram que o deslocamento
Esse estudo concluiu que a fisioterapia parece aliviar a do disco articular sem redução da ATM, melhora com
dor articular, melhorar a amplitude dos movimentos man- mínimas intervenções terapêuticas, sem a necessidade de
dibulares. Tais autores discorrem que tal método de trata- intervenções complexas na maioria das vezes.

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Stiesch-Scholz et al.(2002) realizaram um estudo sem redução e 28 com osteoartrite da ATM.Trinta e cinco
avaliando o uso de fármacos e fisioterapia em 72 pacientes foram alocados no grupo de hialuronato de
pacientes com deslocamento do disco sem redução da sódio e 28 pacientes no grupo com predinisolona.
ATM. No grupo I, os pacientes foram tratados apenas O grupo experimental recebeu injeções no compar-
com placa oclusal; no grupo II, os pacientes foram tra- timento superior da ATM acometida (hialuronato de
tados com placa e medicação; no grupo III, com placa e sódio a 1%, 6mg), enquanto o grupo controle recebeu
fisioterapia; e, finalmente, no grupo IV, com placa, medi- predinisolona (12,5mg) uma vez na semana. Três a quatro
cação e fisioterapia. Os medicamentos utilizados nos injeções foram realizadas nesse período. Uma semana
grupos com medicação (grupos II, IV) foram benzodia- antes do procedimento e uma semana após o procedi-
zepínicos e anti-inflamatórios não esteroidais. Após a mento, os sintomas clínicos, a avaliação de interleucina-G
terapia instituída, os pacientes foram avaliados quanto à (IL-G) e o total de proteínas do líquido sinovial foram
melhora objetivamente e subjetivamente, por meio de mensurados e comparados.
exame clínico detalhado e um questionário enviado Os resultados desse estudo mostraram que ambas as
pelo correio para controle posterior. O percentual de drogas foram capazes de aliviar os sintomas clínicos da
pacientes livre de dor após a terapia foi: 76% no grupo desordem degenerativa da ATM. No grupo com hialuro-
I, 88% no grupo II, 43% no grupo III e 65% no grupo IV. nato de sódio, a média da melhora foi de 51,43% enquan-
Foi estatisticamente significativo o aumento da abertura to que para o grupo com predinisolona, a média de
máxima da boca no grupo II comparado com o grupo sucesso foi de 39,29%. A diminuição do nível de interleu-
controle (grupo I) – (p≤ 0,05). O ganho na abertura cina-G no líquido sinovial foi sensivelmente maior no
bucal foi de 9,7mm no grupo I, 14,5 mm no grupo II, grupo com hialuronato de sódio, quando comparado ao
7,3mm no grupo III e 11,2mm no grupo IV. Esse estudo grupo com predisolona (corticóide).
concluiu que medicação (AINE e benzodiazepínicos)
parece ter uma influência positiva no controle de Tratamento com artrocentese com e sem
pacientes com deslocamento do disco articular sem hialuronato de sódio intra-articular no
redução da ATM. deslocamento do disco articular sem redução
Alpaslan e Alpaslan (2001) avaliaram a eficácia da
Tratamento com corticosteróide ou artrocentese da ATM com e sem injeção de hialuronato
hialuronato de sódio intra-articular no de sódio no tratamento dos desarranjos internos da ATM
deslocamento do disco articular sem redução em 31 pacientes (26 do gênero feminino e 5 do gênero
Koop et al.(1985) realizaram um estudo controlado masculino), com idades entre 14 e 55 anos, totalizando 41
duplo cego em 33 pacientes com DDSR, onde o trata- articulações. Os pacientes apresentavam limitação da
mento conservador falhou. Dezoito pacientes receberam abertura bucal, dor e sensibilidade da ATM, além de sons
injeções de hialuronato de sódio a 1% (0,5ml) no compar- articulares durante a função.
timento superior da ATM, duas vezes na semana, por duas Os mesmos foram aleatoriamente divididos em 2
semanas. Quinze pacientes receberam corticóide (0,5ml) grupos, nos quais somente artrocentese foi realizada em
por aplicação (betametasona), seguindo o mesmo critério. um grupo, e artrocentese mais injeção intra-articular de
O controle foi realizado por 4 semanas, a avaliação foi hialuronato de sódio foi realizado no compartimento
realizada analisando os sintomas subjetivos (questionário superior da ATM, do outro grupo. Ambos os grupos con-
contendo 10 questões) sobre dor na ATM, dificuldade com tinham pacientes com deslocamento do disco articular
a abertura bucal, sons articulares, duração dos sintomas. sem redução e com travamento. A avaliação clínica dos
Também foi realizada palpação das ATM, músculos da mas- pacientes foi realizada antes do procedimento, imediata-
tigação e detecção de crepitação e força de mordida máxi- mente após o procedimento e no 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º, 9º,
ma. Os autores concluíram que duas aplicações semanais 12º, 18º e 24º meses de pós-operatório. A intensidade de
de betametasona (0,5 ml), por duas semanas, foram efetivas dor da ATM, função mandibular e estalidos da ATM foram
para reduzir dor na ATM e sensibilidade muscular. avaliados usando escala analógica-visual. A abertura máxi-
Shi et al.(2002) avaliaram 63 pacientes com doença ma da boca e os movimentos laterais da mandíbula tam-
degenerativa da ATM, que muitas vezes estava acompa- bém foram mensurados em cada visita de controle. Esse
nhada de deslocamento do disco articular sem redução estudo mostrou que, embora os pacientes de ambas as
na ATM. A amostra constava de 12 indivíduos do gênero técnicas tenham sido beneficiados, a artrocentese associa-
masculino e 51 do gênero feminino, sendo 14 com sinovi- da com injeção de hialuronato de sódio, pareceu ser
te, 21 com deslocamento anterior de o disco articular superior à artrocentese isoladamente.

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Tratamento cirúrgico no deslocamento do também, a presença de dor à palpação e à função. Os


disco articular sem redução pacientes foram avaliados através de um questionário
Reston e Turkelson (2003) avaliaram, por meio de (escala analógica-visual- EAV, 8 perguntas específicas sobre
estudos de metanálise, o tratamento cirúrgico para desor- dor, 5 sobre DTM e 18 sobre atividades rotineiras) e
dens da ATM. Os autores pesquisaram no MedLine, exame clínico em 1, 3, 6 e 12 meses.
Embase e 22 outras fontes, observando a data de publica- Todos os pacientes agudos foram tratados inicialmente
ção até agosto de 2000. Revisaram mais de 1600 jornais, com manipulação mandibular, na tentativa frustrada de
artigos e periódicos, além de conferências práticas ­privadas liberação do disco. Foi realizada artrocentese (no compar-
e governamentais. timento articular superior) em todos os pacientes, sob
A estratégia de pesquisa excluiu a literatura não escri- anestesia local. Após o procedimento, injetou-se hialuro-
ta em inglês e incluiu todos os artigos com metodologia nato de sódio e manipulação mandibular. No pós-opera-
adequada. O critério de inclusão utilizado foi: 1.Pelo tório empregou-se dieta macia, AINE, fisioterapia e placa
menos 10 pacientes deveriam participar do estudo; 2 .Os oclusal de uso diário. Um mês após a terapêutica, foi rea-
pacientes deveriam ter sido diagnosticados com desloca- lizado um exame de RMN em todos os pacientes sem a
mento do disco articular com redução, sem redução e placa oclusal. Para determinar o sucesso do procedimento,
doença articular degenerativa; 3. Reportagem das seguin- foram utilizados 3 critérios: grau de artralgia (EAV), aber-
tes técnicas cirúrgicas: artrocentese; artroscopia; discecto- tura bucal (> 38mm) e capacidade de ingerir uma dieta
mia sem substituição por outro tipo de material e reparo/ normal. 3 critérios atendidos- excelente; 2 critérios aten-
reposição do disco articular. Setenta e seis estudos aten- didos- bom; 1 critério atendido ou nenhum- fraco. A taxa
deram aos critérios de inclusão acima descritos, sendo de sucesso foi de 72%; maior nos pacientes agudos
que desses, 54 foram excluídos sistematicamente por (87.5%) do que nos crônicos (68%). A recaptura do disco
qualidade pobre do estudo, tais como: curto período de (RMN mostrando o disco interposto à cabeça da mandí-
acompanhamento longitudinal; inclusão de pacientes sem bula e o tubérculo articular) ocorreu em 3 casos, onde a
o tratamento conservador prévio; ausência de um duração do travamento foi inferior a 1 mês (agudo). Esses
­programa de autocuidados. autores concluíram que a recaptura do disco é possível
Apenas 22 estudos preencheram os critérios exigidos, através da artrocentese, em casos agudos, quando combi-
perfazendo um total de 30 grupos de pacientes. Como nados com manipulação mandibular e placa oclusal.
conclusão dessa metanálise observou-se: Entretanto, a recaptura do disco não é essencial no alívio
1. Tratamentos cirúrgicos parecem prover algum da dor e melhora da função em pacientes com desloca-
benefício para pacientes refratários a terapias não mento do disco sem redução.
cirúrgicas; Schiffman et al.(2007) realizaram um ensaio clínico
2. deveríamos proceder com cautela quando a indica- randomizado uni-cego avaliando a efetividade de quatro
ção de cirurgia para pacientes com desarranjos internos modalidades terapêuticas para DDSR com limitação da
da ATM; abertura da boca (closed lock). Foram incluídos 106 indi-
3. Apesar da impressão clínica de que a artrocentese víduos com deslocamento do disco sem redução com
e artroscopia possam ser benéficas para pacientes com limitação de abertura, os quais foram divididos em quatro
deslocamento de o disco articular sem redução, ainda não grupos terapêuticos: Manejo clínico, reabilitação, artrosco-
há estudos randomizados controlados (RCT) que confir- pia e artroplastia. Os pacientes foram avaliados no início
me a eficácia desse procedimento e especialmente os do tratamento, 3, 6, 12, 18, 24 e 60 meses usando o Index
escolhidos para uso no tratamento de clique da ATM, Craniomandibular (CMI) e o Índice de Severidade de
travamento (DDASR) e doença articular degenerativa; Sintomas (ISS) para função mandibular e dor articular,
4. há necessidade de estudos randomizados controla- respectivamente.
dos (RCT) utilizando grupos placebos controlados, que Critérios de Inclusão:
possam realmente demonstrar sua eficácia. 1. Idades entre 18 e 65 anos;
2. Dor diária nas articulações afetadas agravada por
Tratamentos Combinados movimento mandibular e função;
Sembronio et al.( 2008) avaliaram 33 pacientes com 3. Aumento da dor à provocação e ao exame clínico;
deslocamento anterior do disco sem redução unilateral, 4. Imagem de RMN comprovando diagnóstico;
com duração de uma semana a dois anos. A abertura 5. Limitação da abertura bucal e
bucal média era de 24,7mm, associada com deflexão para 6. Disponibilidade de pelo menos 2 anos para participar
o lado afetado e movimentos excursivos alterados. Havia, do estudo.

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Grupos Tratados e Intervenções: forma do disco. Eles acreditam que a mobilidade da cabe-
a) Manejo clínico (n=29), educação e aconselhamento ça mandibular aumente e deduzem que o disco se deslo-
ao paciente, programa farmacológico (6 dias de uso de cou e se deformou no exame de RMN. Isso pode ou não
corticóide, seguido de 3-6 semanas de uso de anti-infla- ser verdade, uma vez que duas diferentes técnicas foram
matórios não esteroidais (AINE), analgésicos e relaxantes empregadas. Para tanto novos estudos com metodologias
musculares usados quando necessários) mais rigorosas precisam ser realizados a fim de avaliar o
b) Reabilitação (n=25), manejo clínico, emprego de papel da remodelação do disco e do tecido ósseo frente
placa oclusal, fisioterapia (exercícios e programa caseiro) e à evolução natural do deslocamento do disco.
terapia cognitivo-comportamental (hábitos orais) No estudo de uma série de casos descrito Jagger, em
c) Artroscopia (n=26), anestesia geral, lavagem do 1991, não está presente imagem por RMN para avaliação
compartimento superior articular e injeção de betameta- da ATM, como também esse autor não avaliou a posição
sona. Avaliação de sucesso, quando a manipulação mandi- do disco articular, assim como sua configuração. Devido a
bular consegue executar movimentos excursivos. esta falha metodológica no diagnóstico e no desfecho não
d) Artroplastia (n=26), cirurgia aberta com anestesia podemos considerar a sua efetividade e segurança.
geral. Procedimento de reposicionamento do disco (dis- O trabalho de Kurita et al.(1999), por sua vez,
coplastia). Se o disco estivesse muito danificado, r­ ealizava-se demonstraram que a redução do disco articular por mani-
a sua remoção. pulação mandibular é rara, e menos efetiva nos estágios
A conclusão desses autores é que todos os grupos avançados dessa condição, principalmente quando o
apresentaram melhora (p< 0.0001). mesmo se torna deformado. Apesar de esse estudo ser
uma série de casos, deve ser considerado o tamanho da
DISCUSSÃO amostra, tornando-a significativa, o que melhora o nível de
No estudo descrito por Sato et al.(1995) há falhas evidência das conclusões obtidas nessa pesquisa.
metodológicas importantes no desenho (seleção e ran- Os trabalhos de Nicolakis et al. (2001), Yuasa e Kurita
domização dos pacientes), e houve perda aproximada- (2001), bem como Minakuchi et al. (2001) apresentaram
mente 50% da amostra na análise final dos resultados, o falhas metodológicas importantes quanto à seleção da
que inviabilizou as evidências das conclusões. Em 1997, amostra, randomização e intervenção, sendo assim, seus
Sato et al. desenvolveram um estudo do tipo coorte desfechos não devem ser considerados.
prospectivo avaliando apenas a evolução natural do Por outro lado, o estudo Stiesch-Scholz et al. (2002),
DDSR (não-tratamento), observando que sinais e sinto- empregando um estudo do tipo coorte prospectivo, por
mas dessa condição podem ter resolução espontânea combinação de fármacos (AINE associado a benzodiaze-
após 12 meses, sobretudo em pacientes jovens. Os sinais pínico) e fisioterapia, parece essa associação ter uma
e sintomas do DDSR tendem a ser aliviados a partir do influência positiva no tratamento do DDSR da ATM.
sexto mês desta condição. Tanto os trabalhos de Koop et al.(1985) empregando
Devemos salientar que esse estudo perdeu também injeções de corticosteróides na ATM, como o de Shi et
aproximadamente 50% da amostra na análise final dos al.(2002) com o emprego de hialuronato de sódio intra-
resultados, tornando-o metodologicamente inadequado e -articular parecem ser,respectivamente, efetivos na redu-
suas conclusões sem força de evidência. ção da dor da ATM e na sensibilidade muscular, bem como
Kurita et al.(1998) empregaram um estudo do tipo de diminuir o nível de interleucina.
coorte prospectivo para pacientes com DDSR. Esse tra- Por sua vez, Alpaslan e Alpaslan (2001) demonstraram
balho avaliou o quadro clínico ao final de 2 anos e 5 que a artrocentese com e sem injeção de hialuronato de
meses, o que é muito longo ao nosso entender e, conse- sódio é efetiva para o DDSR, porém artrocentese mais
quentemente, demonstra a necessidade de alguma hialuronato de sódio parece ser superior à artrocentese
­intervenção quando essa condição estiver presente. sem hialuronato. Esse estudo apresentou boa metodologia
A pesquisa descrita por Sato et al.(1999) foi um estu- e apresenta bom nível de evidência.
do do tipo coorte prospectivo, no qual avaliou a evolução Reston e Turkelson (2003) realizaram uma revisão
natural do DDSR (não-tratamento). O grupo de pacientes sistemática de RCT (com metanálise), comparando tra-
foi inicialmente submetido à artrografia do compartimen- tamentos invasivos para ATM. Concluíram que a modali-
to inferior e o follow up com ressonância magnética nucle- dade que apresenta maior segurança e efetividade nos
ar. Ambas as técnicas de imagem possibilitam diagnosticar estudos é a artrocentese em primeiro lugar e em segun-
a posição do disco, porém esses mesmos autores mencio- do lugar a artroscopia.
nam que a artrografia não auxilia na determinação da Sembronio et al.(2008) empregaram um estudo des-

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Deslocamento sem redução do disco da articulação
Grossmann E et al.
temporomandibular: revisão da literatura

critivo de uma série de casos para avaliar a efetividade da 2. Quando a dor e a limitação da função estive-
artrocentese no alivio da dor e restauração da função rem presentes nesta condição, o tratamento conserva-
(abertura bucal). Concluíram que a artrocentese parece dor deve ser primariamente instituído e apresenta bom
ser um tratamento efetivo para o tratamento do DDSR prognóstico;
quando aliado à manipulação mandibular e uso de placa 3. A terapêutica invasiva somente deve ser instituí-
oclusal. O tamanho da amostra desse estudo deveria ser da depois de considerar falho o tratamento conservador;
reconsiderado, tornando-a significativa. 4. Ao estabelecer um tratamento invasivo, deve-
Apesar do estudo de Schiffman et al. (2007) ter sido mos priorizar os procedimentos mais conservadores
um RCT, apresentou algumas falhas metodológicas, tais como infiltrações e artrocentese, uma vez que existem
como: tamanho da amostra, uni-cego, diferentes tempos evidências comprovando sua eficácia;
das intervenções e também a combinação de mais de 5. Até o presente momento, não existem ensaios
uma terapêutica no mesmo grupo. Também apresentou clínicos randomizados (RCT) para cada modalidade tera-
falha na descrição das intervenções. Dessa forma, seu pêutica, além de existirem muitas falhas metodológicas
desfecho deve ser avaliado com cautela e seus resultados nos existentes. Sendo assim, devemos nos guiar com a
devem ser considerados inconclusivos. necessária cautela pelos estudos existentes, porém, com
boa qualidade metodológica. H
CONCLUSÕES
Após revisão e análise da literatura chegou-se às
seguintes conclusões:
1. É importante procurar restabelecer a biomecâni- Endereço para correspondência:
ca da ATM, mesmo que o disco articular esteja deslocado Dr. Eduardo Grossmann
permanentemente; E-mail: edugrmnn@terra.com.br

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