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a pitulo 1 > Unidades, Padrées, Grandezas, Escalas e Tamanhos 1.1 INTRODUGAD OOS Geralmente a ciéncia procura estabelecer relagGes entre conjuntos de observagdes, com as quais tenta desenvolver generalizacdes e, a partir disso, elaborar conceites te6ricos para as interpretagdes. As observagdes e comparagces quantitati- vas geralmente nos levam a generalizagées quantitativas, hipéteses e teorias quantita- tivas. A dificuldade para se fazer generalizag6es quantitativas esta diretamente relaci- onada com as observagdes feitas, que muitas vezes so bastante complexas, mas _justamente isso que torna as ciéneias uma permanente fonte de conhecimentos. As leis do movimento de Newton, a teoria atémica de Dalton e a elaboragio dos princi- pios da hereditariedade de Mendel sio exemplos notaveis de que as generalizagéies a partir de observagdes deram origem a conhecimentos importantissimos, ‘Quando fazemos um conjunto de observagdes, ou seja, um experimento, dados similares poderdo ser obtidos outras vezes se o experimento for repetido nas mesmas condigOes. A generalizacdo sempre € conseqiiéncia de ume série de experimentos similares. Na pritica, 6 dificil garantir que dois experimentos sejam exatamente iguais ‘em todas as varidveis, de modo que no podemos assegurar resultados exatamente iguais. Os dados numéricos deverdo variar dentro de uma faixa, o que é denominado erro experimental, e as generalizagdes deverio levar em conta este erro ou incerteza, A fisica e a quimica, cigncias com grande tradigio experimental, apresentam generalizagdes baseadas em resultados com am bom grau de reprodutibilidade, pois ria dos casos a incerteza pode ser reduzida a proporyOes desprezivels, Ja na biologia, o problema da incesteza & bastante sério, pois a maioria das experigncias & feita com organismos vivos, que so altamente complexos, 0 que gera resultados altamente varidveis, ou seja, como a incerteza é muito grande, ¢ cificil a reproduce exata de uma experigncia. Para minimizar 0 problema, reduzir essa incerteza seria uma providéncia imediata, porém a tarefa de identificare controlar todas as fontes de incerteza é algo impossivel. Além disso, seria um risco muito grande supor que qual- quer organismo-padrio posse representar toda uma espécie ou populagio, Ante essa realidade, devemos procurar meios para conduzir nossos experimentos, apresentan- do observagdes ¢ analisando os resultados de maneira que possamos extrair conclu- sOes com uma preciso conhecida, arin ea -jndaments €aplcas es “Técnicas experimentais e métodos te6ricos tipicos da fisica e da quimica sao exiremamente iteis para as generalizagies quantitativas feitas na biologia. Procura- mos sempre garantir que as incertezas tenham uma observagdes, e, muitas vezes, s6 0 fato de conseguirmas identificar as provaveis fon- tes da incerteza permite que estas generalizagdes quantitativas constituam uma con- tribuigdo importante no entendimento ca biologia. Nas ciéncias biol6gicas, as obser- vases experimentais, que requerem justificativas bastante detalhadas, para se chegar aa generalizagbes quantitativas, exigem um conhecimento muito claro dos fundamen- tos do caleulo vetorial, diferencial e integral, ¢ também de varios prinefpios da fisica © da quimica, © principal objetivo aqui é entender como métodos e prinefpi fisica séo utilizados para se chegar as generalizagdes quantitativas de observagoes nas ciéneias bioldgicas, utilizando-se ferramentas matemiticas fundamentais e prin- cfpios de certas ciénecias, toda vez que necessio, fluéncia mi ma em nossas 1.2 MEDIDAS: UNIDADES FUNDAMENTAIS Como foi dito anteriormente, a generalizagao de uma série de observa- es € conseqiiéncia da repetigao de experimentos similares. Isso exige uma certa habilidade para medir as grandezas que so variaveis do experimento. Para que a 4quantidade resultante tenha algum significado, 20 se fazer uma medida, sua magnitu- de deve estar acompanhada da respectiva unidade. Na biologia, a semelhanga do que ocorre na fisica e na quimica, so bastante diversas as grandezas que medimos. AS unidades do Sistema Intemazional (SI), ou unidades meétricas, sio as mais utiliza~ das para expressar as medidas de uma grandeza, Neste texto utilizaremos, para as grandezas que serdo definidas, este sistema de unidades. Mas niio deixaremos de mencionar, quando for necessério, outras unidades também wtilizadas para expressar as medidas de algumas grandezas. As unidades basicas do SI so: 0 metro (m), 0 quilograma (kg) €0 segundo) para medir comprimento, massa ¢ tempo, respectivae mente, Muitas grandezas derivadas sio expressas em terms destas unidades bisicas; por exemplo, as medidas de energia tém como unidades o kg-m*-s, que 6 denomins- do joule (1). Algumas grandezas exigem outras unidades bisicas, além daquelas ja mencionadas. No SI estas sio: 0 kelvin (K), 0 ampere (A), a candela (ed) € © ‘mole (mol) para medidas da temperatu- Senies Unidade _simbolo ra termodinamica, da corrente elétrica, da intensidade luminosa e de quantida- ja 1.1 Unidades Biasicas no S| Camprinerse Tare sh des de substincia, respectivamente. Na Massa quilograma kg “Tabeta 1 apresentamos as unidadesbé- Tempo segundo 8 sicas do SI. Corrente eléirica ampere A Algumas vezes as medidas de uma Temperatura termodingmica kelvin K grandeza so muito pequenas ou muito Intensidade luminosa candela of grandes quando comparadas com os Quantidade de substéncia moe mol pudrdes das unidades basicas do SI, arin Uniades, Pade, Grandzns, Escala € Tamuntos 3 como por exemplo I milissegundo(ms)=10°s; _Tabela 1.2 Prefixos ¢ as respectivas poténcias de 10 1 quilémetro (km) = 10° m ou 1 microampére Prefixo ‘Simbolo Poténcia de 10 (uA) = 10% A. Quando estes miiltiplos dos pa- drdes véio expressos em poténcias de 10, os pre- tera i 10" Gtoedencunidedes bisives'(emnommes‘especite- iva 6 1? cos, como se vé na Tabela 1.2. Esses prefixos mega M 10° também sio aplicdveis a qualquer outro tipo de quilo k 10° unidade. centi c 10? ‘As medidas de grandezas também podem ser mili n 10° ‘expressus em unidades ndo pertencentes ao Sl, ¢ micro B 10% em unidades derivadas, ou seja, unidades criadas ane 5 40° a partir das unidades biisicas do SI. No Apéndice ‘pb 5 40 A apresentaremos algumas dessas unidadk reaatt t 10" }O niimero de Reynolds (9), indicador do fluxo de um fluido, & definido para um fluido de densidade p ¢ coeficiente de viscosidade n como: X paV/n, onde a € 0 raio do tubo de escoamento eV, a velocidad média do fluido. Sendo St adimensional, determine as unidades de 1, no SL ResolugZo: No SI, a unidade resultante da quantidade fisica pa seré: uni- dade de p x unidade de a x unidade de V = kg-m"'mms"! = kg-mr's, Para que 5X seja adimensional, a unidade de 1) no SI deve ser: kemr-s 1.3, PADROES Sempre que medimos uma grandeza estamos comparando-a com 0 res- pectivo padrdo de referéncia, Este padrio ¢ a unidade da grandeza, Quando o sistema métrico foi estabelecido, a unidade de comprimento meiro foi definida como 10” vezes.a distincia do Equador a0 Pélo Norte, medido 20 longo do meridiano que passa por Paris; posteriormente, em 1889, a Conferéncia Geral de Pesos e Medidas, consi- derando que todo pacrio unitério deve ter durabilidade e repredutividade, definiu 0 ‘metro como a distancia entre dois tragos paralelos sobre uma determinada barra de platina iridiada. Os inconvenientes deste padrdo unitirio eram ter de se fazer muitas séplicas do objeto, para disponibilizé-las a outros patses, e de ser necessério compa mente estas réplicas com o padrio internacional. Assim, em 14 de outu- bro de 1969, a Conferéncia Geral alterou a definigio deste padrao intemacional, lizando uma unidade natural de comprimento baseada na radiagio atémica. E aceito agora, como padrdo de medida de comprimento, o comprimento de onda da luz. ver- ‘melho-alaranjada emitida pelos stomos excitados do is6topo cripténio 86. Foi defini- do que exaramente 1 650 763,73 comprimenios desta onda constituem 1 metro, Este arin fea ~ fundamen ¢aplicestes padrao pode ser reproduzido em muitos laborat6rios do mundo inteiro, evitando as- sim a necessidade de deslocamento, para fazer comparagbes com um padrio. © padrao de massa, porsua vez, é um cilindro de platina iridiada, definido como, ‘um quilograma. Infelizmente, ainda nao foi adotado um padrio atdmico de massa, tal como se fez com 0 padrdo internacional de medida de comprimento. Certamente, {quando houver condigdes tecnologicas para se poder determinar com preciso a mas- sado quilograma-padro, em termos de uma massa atémica-padrio, uma nova defi- igo deverd surgir. © padiriio de tempo & 0 segundo, que originalmente foi definido como o tempo igual a 1/86 400 de um dia solar médio. Esta definigio niio era muito conveniente para trabalhos de alta precisto, por depender da velocidade de rotagao da ‘Terra. Em 1967 foi estabelecida uma unidade natural para 0 tempo, que, assim como a defini- do do padrdo de comprimento, € umn padrdo atOmico. Desta vez foram utilizadas as caracteristicas vibracionais do elemento césio 133. Atualmente, um segundo € defini- do como 0 tempo necessério para que 0 eSsio realize 9 192.631 770 vibragBes com- pletas. na \\ 1.4 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS, . PRECISAO E CERTEZA®” ‘As medidas nunca sfo feitas com precisio absoluta. Suponha que pretendemos medir a massa de uma tartariga. Dispomos de uma balanga graduada de Tem | g. Esta balanga fornece com precisiio 0 valor da medida em gramas, e qualquer frag dessa unidade deverd ser estimada. Assim, para expressar nossa medida, esta devera conter todos 0s algarismos precisos mais 0 algarisino estimado. A teitura na balanga da Figura 1.1 € 16.5 g, Se a escala desta balanca permitisse ler com precisio até décimos do gramas, a leitura seria 16,50 g. Ou seja, terfamos um aumento na prec sao da medida. Os algarismos que compéem o resuitado de uma medida so chamados de algarismos signijicativos. Deles fazem parte todos os algaristnos precisos mais un e somente un algarismo estimado. E sobre este tiltimo que incide o desvio absoluto da medida, Observagie: 1, Os zeros a esquerda do primeiro algarismo nao nulo nao sao significa tivos, pois o nimero de algarismos significativos nio depende da unidade ado- tada Assim, a medida 7,5 cm =0,075 m = 0,000075 km = 75x10 wm tem s6 dois algarismos significativos nos quatro casos acima. Os zeros a direita do titimo algarismo nio nulo sero significativos se indicarem um valor realmente medido, Assim, a medida, 0.0750 m tem trés algarismos significativos ¢ Figura 1.1 medida da : massa de uma tartaruga. 7,5000 cm tem cinco algarismos significativos. Unidades, Padndes, Grantezas, Escalas Tanavlos Para medir uma grandeza, podemos fazer apenas uma ou vdrias medidas repetidas, depencdendo das condigées experimen- tais particulares ou ainda da postura adotada frente a0 experimen- to. Em qualquer caso, deve-se extrair do proceso de medida um. valor que melhor represente a grandeza ¢ ainda um limite de erro, dentro do qual deve estar compreendido 0 valor real. Veja a0 lado uma explicagio sobre desvios e limites de erro ‘Teremos uma precisito maior quanto menor for o desvio ab- soluto, Sempre & desejavel obter a maior precisio possfvel, Se, 20 fazer a medida de uma grandeza, encontrarmos um desvio abso- Juto muito grande e o diminuirmos arbitrariamente, entao essa reducio arbitréria da faixa de desvio lanca diividas sobre a certe- za de que 0 valor da medida feita estaré dentro da nova faixa de valores, pois esta se tornou mais estreita, Portanto, precisdo ecer- 12a esto relacionadas, ¢niio podemos modificar abitrariamente uma delas sem que @ outra seja modificada. Vejamos, com um exemplo, como esta relagio aparece quando lidamos com varias medidas de uma mesma grandeza: Para fazer medidas, sob condicdes de repouso, do potencial de Nernst devido aos fons Na* no axénio de um nervo de lula, utilizamos um voltimetro graduado em décimos de milivolt (mV). Foram feitas dez medidas; veja abaixo os resultados em mV en- contrados: V, = 84,20 Vy= 54.15 V5 = 54,17 Vp = 9423 Vy = 54,22 ‘Queremos encontrar o melhor valor para expressar este po- tencial de Nemst e saber qual 60 desvio sobre este valor. 4 O melhor valor é certamente 0 valor médio ow valor mais provavel: nos supor que, para ter boa preciso, consideramos um desvio pequeno, por exemplo 0,01 mY, Neste caso, somente duas medidas, entre as dez feitas, estdo no intervalo (54,20:+0,01) mY, ou seja, 80% dos valores estio fora deste intervalo. Dizemos que este resultado nos 44 muito pouca certeza, pois s6 duas em dex medidas tm 0 mesmo resultado. Se considerarmos 0 desvio ‘como0,02 mY, teremos quattro medidas dentro do intervalo (54,20 +£0,02) mV. Com um desvio de 0,08 mv, serio seis medidas den- tro do novo intervalo, Se considerarmos 0 desvio como 0,05 mV, teremos todas ax medidas dentro do intervalo (54,20:+0,05) mV. Neste tiltimo caso, teremos uma certeca total, mas a preciso di- minui muito, arin Desvios e limites de erro Sex, X.Y, S80 08 valores de uma série de n medidas de uma gran- 0) ou negativa (m< 0) ener podem ter valores intelros 0, +1, # {que € a equagio de uma reta com inclinagio m. O valor de b é igual ‘ao de y, quando G = 1. Graficos, eceimento Espovenctal, Crescimento Exyonenctl ¢ Esale ne Biologia 15 A taxa metabélica K de um espécime com massa M indica a (quantidade de energia que um organismo usa por unidade de tempo para exe- ccutar uma fungiio. A seguir apresentamos alguns valores de R, Espécimes: rato coelho. gato. © cao. homem R (koatm: 2584 73 248 85,5 Massa (kg) 07 20 a0 150 20,0 a) Encontre uma relagio funcional para essas grandeas. 'b) Quais serdio 0s valores de R para um camundongo de 20 g e para um cavalo de 800 kg? Resolugio: a) A Figura 2.7 mostra o grifico R = f(M) consiruide em uma folha com escalas lineares, onde M é a massa do espécime. Esse gritfico representa ‘uma fingdo poténcia, logo a relago funcional entre essas grandezas &: R BM™, Nesse caso, a escala da grandeza M contém o valor M = 1 kg; assim, podemos determinar o correspondente valor de R que, por sua vez, também serd o valor de B, Logo, Melkg > R=B= A Figura 28 mostra o grilico R = f(M) feito em uma folha com escalas logariimicas. Esse grifico & uma refa, cuja inclinagio m é determinada a partir do. A ABC: m= AB/BC 3,25 kcal 2. R= 3,25 M™. %, log 18 - log 5)/{log 10 ~ log 1,78) = 0,742 Logo, a relagio funcional entre essas grandezas sect b) Admitingo que a entrapola ando essa relagio funcional, encontramos, para 0 camundongo, R = 0,173 keal/h ¢, para 0 cavalo, R= 488,9 keal/h. of © 80 1 40 Miko) Figura 2.7 As grendezas Ae M seguern uma relagao de poténcia. Quando M= 1 kg, temas A = 3,25 kcal 10 (kg) Figura 2.8 Gvéfco das grandezas Fie M feito fem uma felha dilog. Do 4 ABC calculamos que a inclinagéo da reta é m= 0,742. Arita fea ~ fundamen eaplicos tes 16 2.3 DECAIMENTO E CRESCIMENTO EXPONENCIAL \ Toda fungio da forma y= Bq" é denominada fimgdo exponencial. Nessa fungio, tanto y quanto x sio quantidades variiveis; sendo «uma quantidade real e B © 4, dois parimetros, onde q > 0. Muitas observagdes experimentais na biologia tém comportamentos que seguem uma fungao exponencial. Essa fungi & muito impor {ante nos tratamentos matemiticos e estatisticos de vérios problemas nas ciéncias da Vida, sendo, por isso, conveniente conhecer sts principais propriedades. A fiuncao exponencial na forma y = Bq* nao ¢ pritica para ser diferenciada e/ou integrada, a menos que seja introduzida uma base especial, como o niimero e = 2,718281 82845 Com essa base, a fingdo exponencial toma a forma y = Be, onde ¢ é uma base as natural, e a, um pardmetro positivo ou negativo. 8 ‘Tendo um conjunto de medidas de duas grandezas Ge G’ e, levando esses dados ge uma folha de grifico com escala linear, se 0 grético obtide coresponder a uma Jfuncao exponencial, entio a relagio funcional entre essas grandezas serd da forma 6 Figura 2.9 Fungao PG =B.expfaG) = Be, (2.3) crescimento exponencial 0 valor de B 60 valor ce &*, quando & = 0. onde B e a so constantes, podendo assumir valores positives ou negativos, Nas iguras 2.9 e 2.10 mostramos a forma da funcdo exponencial, usando escalas linea- res para os casos em que 0 parametro a respectivamente & positivo ou negativo. Se: + a> 0, entéo G tem um crescimento exponencial com relagio a G’, caso da Figura 2.9. + a <0, entio G tem um decaimento exponencial com relagio a G", caso da Figura 2.10, Na equagio (2.3), note que, ao fazer G = 0, 0 valor de G" correspondente serd 0 valor do parémetro B. Para que a relagio funcional entre essas grandezas esteja completamente deter- Figura 2.10 Fursao minada, falta conhecer o valor do parmetra a. Para isso, recorremos ao grifieo dos decaimento exponercia, _valores dessas grandezas constiutdo em uma folhat mono-log Gveler ee oe eas oe Na Figura 2.11 temos a forma do gréfico apresentado em uma folha mono-log G, quando G das grandezas G e G’. Se em (2.3) tomarmos os logaritmos, teremos, RP log G = og B + (a.loge)G. (2.4) Fazendo em (2.4) log G = y; log B = be alog e = m, teremos ie DP y=bam, 25) que 6 a equagio de uma reta com inclinagio m. Entretanto, como a esea- to" la de G’ € logarfimica, deve-se lembrar que, para dois valores g € g’, lidos diretamente na escala logaritmica, sua diferenca (loz 2”, — log 2',)é 0 valor it que seré utilizado no eéleulo de m. Figura 2.11 Graticos em uma O parametto a € determinado a partir da rel ‘olta mono-og des tungoes: crescimento (—) > @ deceimenio (~) exponencia. flog e = nV0,4343 26) Graficos, eceimento Espovenctal, Crescimento Exyonenctl ¢ Esale ne Biologia Ww Assim, vemos que 0 uso de uma folha mono-log evita 0 céleulo dos logaritmos das medidas da grandeza G’, além de permitir, por um céleulo bastante simples, @ deten iio do parmetro a. Umm organismo unicelular se reproduc por divisdo bindiria a uma taxa consiante. Se, inicialmente, hi duas bactérias ¢ cada uma se divide em duas a cada 20 minutos, teremos o resultado a seguir. Numero debacterasN: 2 4 8 16 32 Tempo t (minutos): 0 2 40 60 80 @) Doterminar; a perticdo-um geifico deNe'o tompo't,una = relagdo funcional entre essas grandezas. 0 GChiculnas seine debacle quae Lhe ah g Resolugio: B20 a) A Figura 2.12 mostra o grifico N = f(0) construfdocom 8 4. escalas lineares. Este grafico representa uma finciodecres- — & cimenio exponencial; portanto, a relagio funcional entre 10 essas grandezas seri N = Beexp(at) ou N= B-e™, com a>0. é Do grifico obtemos N =2 bactérias, quando t= 0; isto im- plica que B = 2. Logo a relacao funcional entre N e t ser N ° = 2exp(at) ou N = 2-e, 2 hae © Na Figura 2.13 tem-se 0 grafico N = f(t) apresentado em Figura 2.12 As grendezas N 6 t sequem uma folha mono-log. Este grafico & uma reta, cuja inclina- uma li de erescimento exponencial ‘Quando t =0, temos N= 2 bactérias. glo m € determinada a partir do AABC: m = ABJBC = (log 16 ~ log 4)/(60— 20) = 0015 Utilizando a equacdo (2.6), calculamos a = 0,0346, -.N = 26xp(0,0346t) ou N = 2-e™* seria relagdo funcional en- tre Ne t. Note que a taxa de variagtio do mimero toral de bactérias € proporcional a esse nimero, ou seja, (AN/dt) = 0,0346 N. Observe que a unidade de a = 0,0346 6 ¢"! b) Da equagiio determinada em (a), encontraremos: 4 | hora depois de iniciada a divisdo, 16 bactérias 4 2 horas depois de iniciada a divisdo, 128 bactérias. Numero de bactérias 0 2 40 60 80 * (in) Figura 2.13. Gretico N =1()) em escala monorlog. Do A ABC calculamos que a ineinagao da reta 6 m= 0015. Arita fea ~ fundamen eaplicos tes 18 |Considere uma substancia que contém étomos radioativos de tecnécio (Te). Foram feitas medidas da atividade relativa (A) desse tomo (a definigao da atividade de uma amostra é dada no final do exemplo) a cada 2 horas, ¢ foram encontrados os valores abaixo: Ad 079 063 050 040 032 025 thy 0 2 4 6 8 10 12 Determine: a) A partirdo gréfico A b) Os tempos em que a ativi {(), a relaglo funcional entre essas grandeza ide relativa do "Te € 0.5 (50%) € 0,3679 a6 Resolugiio: 2) A Figura 2.14 mostra o grifico A = fit) construido com escalas linea os res, Este grifico representa uma fingdo de decaimento exponencial; g portanto, arelagio funcional entre essas grandezas seri: = B- fos ouA = B-e*,coma<0.Do grifico obtemos A= 1, quando 3 implica que B = |. Logo a relagio funcional entre A e t seri A= g04 exp(at) ou A =e%. Na Figura 2.15 tem-se 0 gréfico A = f() construido em fotha mono- oe log. Este grafico € uma reia, cuja inclinagio m & determinada a partir oo do AAB Le eee m = ABIBC = (log 08 - log 0,45¥(2-7) = -0.05 “amoo th) Utilizando a equagao (2.6), ealeulamos Figura 2.14 As grandezas Aet 0,115, -xp(-0,1 151) ou A =e senda relac seguem ima lei de decaimento SRRASL, exponencial. Quando A funcional b) Da equaco determinada em (a), encontraremos + A=0,5, quando t = 6 horas (tempo de meia-vida dos étomos) + A =0,3679, quando t = 8,69 horas (tempo de vida média) + A atividade A de uma amostra de qualquer material radioativo € a taxa pela qual os niicleos dos tomos que constituem essa amostra decaem, Se em um dado instante ta amostra tern N miicleos, sua ativi- dade A & dada por A = -dNkit. A € expresso em desintegragGes/s. A Figura 2.15 mostra que a variagio da atividade em fungi do tempo segue uma lei de decaimento exponencial, ou seja, A = Ag-exp(-Al) ouA = Aye. Onde 2 € a constante de decaimento radioativo desses fiomos e Ay € aatividade em t= 0. + O tempo de meia-vida T,, desses Stomos é 0 tempo necessirio para ES Te Rw que a atividade A caia a YeAy ou Ac/2 ou metade. <. Ty, = Ln2/h = Tempoth) —__0,693/A. No caso do” Te, Ts, = 0,693/0,115 = 6 horas. Figura 2.15 GréticoA={() em + O tempo de vida média T, caractoristico do decaimento, € 0 tempo barred alsin Ge ae édio que um nicieo sobreviveantes de decair. T= /h-=T./0,693. ém=~005. Para o Te, T = 8,69 horas. (observe que os produtos 2-tempo sto constantes, AT» = Ln2 = 0,693 € AT = 1, Atividade relatva on Grifcos,Deceimento Esponencal, Cr imento Exyonenctl ¢ Esale ne Biologia NO 2.4 ESCALAS NA BIOLOGIA® Os cientistas as vezes podem ser classificados como os que ajuntam ou ‘separam fatos que ocorrem na natureza. Os que ajuntam, geralmente os fisicos, des- ‘revem leis que ligam fenémenos aparentemente diversos entre si. Os que separam, geralmente os das ciéneias da vida, relatam mais a diversidade. Mas hé excegdes, ‘como € 0 caso do problema da escala bioldgica, em que ambas as tendéncias reuni- das permitem melhorar a compreensio de fatos conhecidos. ‘Como relacionar as mudangas de ticas de organismos vivos (du- ragio da vida, freqiiéncia cardfeca, rapidez. com que convertem energia, etc.) com o tamanho de seus corpos? Para relacionar a fimgdo biolégica dos organismos com seu Jamanho, recorremos ao conceto de escala, Na biologia o tamanho de um organismo esta diretamente relacionado com sas caracteristicas € fungdes. Assim, virios problemas da biologia podem ser analisados de maneira simples, relacionando a forma e/ou 0 tamanho efou © peso dos organis- ‘mos com algumas de svas fungdes biolégicas. Quando nos referimos a um organis- ‘mo, este pode ser tinico ou constitufdo de organismos menores. As propriedades biolégicas de um organismo sio bastante dependentes de seu comprimento, rea superficial, volume © massa, Tendo em vista um comprimento earacteristico para um organismo complexo, interessa & biologia saber como suas diversas partes dependem desse comprimento. Por exemplo, a0 considerarmos 1,80 m de altura como comprimento caracteristico para um ser humano, stas diversas partes ou constituintes terio tamanho, volume ou massa associados ao valor desse compri- ‘mento caracteréstico, Como as fungdes dessas partes ou do organismo total podem estar relacionadas com esse comprimento caracterfstico? Poderfamos tentar avangar tum pouco mais, fazendo 0 seguinte questionamento: considerando alguma fungio J6gica de um ser humano de comprimento caractertstico |, podemos predizer essa mesma fungi hiolégica para outro ser humano de comprimento caracteristico 1") as caracie' Ouainda: podemos predizer essa mesma Fangio biol6gica para uma parte correspon dente de outro ser vivo com forma semelhante & do ser humano? Alguns exemplos que apresentamos a seguir ajudardo a chegar a uma resposta, Crescimento de uma célula ‘Vamos admitir que uma célula tem forma esférica de raio r. Quando esta cétula cresce, sua drea superficial aumenta ao longo de duas dimensdes (ct), mas o volu- me aumenta ao longo de wrés dimensdes (0¢ 1). Sua sobrevivéncia exige uma certa harmonia entre crescimento superficial e de volume, Isso & devido 20 fato de que 0 fluxo de fons ¢ moléculas como O; ¢ CO, ou, generalizando, o fluxo de nutrientes através de sua superficie desenvolve-se com ritmo mais lento que 0 de sua eapacida- de metabélica, que & proporcional ao seu volume. Além disso, vamos admitir também que as propriedades fisico-quimicas dos com- ponentes celulares no experimentam alteragSes importantes que possam influenciar seu mecanismo de sobrevivencia, 19, arin 20 BayBea~ jindamentos €oplcegdes ‘Se as dimensoes criticas de uma célula sao caracterizads pelos raios r_€ r,, como se vé na Figura 2.16, entio toda céul com raio r colapsard se: ¢ F< r., pois seu metabolismo niio seré suficiente para dar ‘conta do influxo de nutrientes através de sua superficie; ¢ r> 1, , pois o fluxo de nutrientes através de sta superficie —_8— fa 2.16 Dimensées critcas de uma ‘ : ‘célula, Toda célula de raior tera condlgoes nijo acompanharé sua capacidade metabslica. para sobreviver, 80 r. 1,mas quando r—> 10 valor de f, decresce continuamente até chegar a f, = |. Considere uma eélula com raio igual a r, ¢ outra com raio r sendo r. 1,€ 0 valor limite do fator de escala serd L= 1. Biologicamente, quando L < 1, a célula que esté crescendo nadoconseguira sobreviver, Logo. quando esta célula atingir um raior= r,, ela deverd parar de eres- cer ou se dividird. Se a célula se dividir, as novas células terdo cada uma f, > 1, repetindo-se novamente 0 ciclo de vida desse organismo. Resisténcia em organismos de tamanhos diferentes As aplicagdes mais comuns do conceito de escala a atividades de animais rela- cionam-se com a capacidade: + que seu esqueleto tem para suportar 0 proprio peso; € + para suportar pesos externos, sem afetar seu funcionamento normal. Ha questGes relacionadas com 0 tamanko de seres vivos. Por exemplo, pode um rato serdo fananho de um gato ou uma formiga do tamanho de um ser hamano? Hi também questOes relacionadas com 0 peso que esses seres vivos podem suportar ou carregar, Estas poderiio ser respondidas com precisdio razodvel se encontrarmos um relagio entre 0 iamanho do ser vivo ¢ alguma propriedade relacionada com 0 conjun- to de atividades que ele realiza para sobreviver. Os oss0s e/ou miisculos destes seres ‘fo os principais elementos responsivels por sua resisiéneia aos diversos esforgos a que so submetidos. Apresentaremos a seguir alguns argumentos que ut conceitos de comprimento caracteristico ¢ escala, que permitiram esclarecer o papel dos ossos ¢ dos misculos nas ividades desses seres vives. + A capacidade de wm osso para suportar uma compressio direta ou uma ten- so de carga é proporcional a drea de sua secgio transversal, ou seja, cP, onde 1é 0 comprimento caracteristico do organismo que contém 0 osso. Conseqiientemente, ‘um animal duas vezes mais alto que outro animal semelhante teré membros eapazes para suportar quatro vezes mais carga que 0 animal menor. rifeos,Decoimenta Exponential, Cr imento Exponencial ¢ Exale ne Biologia 4 A massa suportada pelos membros de um ser vivo € proporcional a seu volu- ‘me, ou seja, ot P. Portanto, um animal trés vezes mais alto que outro animal seme- thante suportardé uma massa 27 vezes maior que 0 animal menor. Na natureza os pequenos mamiferos tém formas geométricas diferentes daquelas “observadas nos mamiferos de grande porte; estes ltimos tem ossos avantajadas e se sustentam mantendo os membros eretos € pouco vulneriveis a esforgo de arquea- mento. A Figura 2.17 mostra 0 que acontece ao ‘mero no membro anterior de um cavalo, quando este oss0 experimenta uma forga F devido a compressio de suas articulages e uma forga P devido A massa do animal. A secio transversa do osso de area A © com ditimetro médio d experimenta 0s efeitos das forgas F € P. 0 0ss0 se encontra em equilibrio, logo tomando momento em relacdo a0 ponto O: Fed=P+b => F=Pb/d, sendo PP, dale b oI, entéo Fa I’, Como A Fa forga F que produz 0 momento eapaz de dobrar 0 osso eresee com taxa maior que a capacidade para resis- tencia do osso. Em resumo, as forcas capazes de dobrar wn osso, assim como as Jorcas de carga que 0 comprimem, crescem com taxa maior que a capacidade de resistencia deles. ‘imaro 21 Figura 2.17 Andlises das forgas transmitidas a0 mero de um cavalo em repauso e seu efeito na sengéo transversal de diametio d. A forca Fa: ? deve ser tansmitida através de uma rea A do osso, que é oF 4 Os misculos, assim como os ossos, também contribuem para a resistencia dos seres vivos aos esforgos externos ¢ intemos. Esse tecido contratil, além de con- verter energia quimica em movimento, assegura a resisténcia as forgas extemas. Os muiscules estriados dos vertebrados esto organizados em células alongadas ou paco- tes de fibras A resisténcia R de um masculo é, com grande aproximagao, diretamente propor cional ao mimero de fibras no misculo, ou seja, a area de sua seco transversal que, por sua vez, € proporcional a area de sua seegto transversal caracterfstica (como se vyé na Figura 2.18). «. ROP. Quando comparamos a resisiéncia muscular a esforgo, ou compressio, entre seres vivos de formas semelhantes, a grandeza mais significativa € @ que mede a razio entre resisténcia e massa do ser vivo, que denominaremos resistencia especifi- ca R,, Em fungdo do comprimento caracterfstico I do ser vivo, teremos Resisiénci — o Risen r Figura 2.18 Muscuio estriado de um vertebrado, arin 2 Boyfca~ jindamentos epics Ao comparar a resisténcia especifica de dois seres vivos a partir do fator de escala, como mostra a Figura 2.19, devemos " evar em conta que alguns seres vivos utilizam sua capacidade 1 muscular de maneira mais eficiente. Para avaliarmos a massa que um ser vivo pode levantar em relagio a seu tamanho, de- ‘Yemos analisar a razao entre essa massa e a massa do proprio ‘organismo. Essa rarfo so denomina esforgo especifico E, Em fungdo do comprimento caracteristico 1 do organismo ra 2.19 A resistencia especttioa de dots sence organismos pode ser comparada a pert do - ‘aor de escalaL = im, ‘Massa maxima que levanta ‘Massa do organismo Observe que forca experimentada peloser vivo, devido & massa méxima que ele pode levantar, de- penderd da segdo transversal de seus miisculos; ow seja, essa forga sera 0. F. De acordo com a Figura 2.20, para comparar os esforgos especificos de dois seres vives, pode-se usar fator de escala L:mas,.como Yeremos a seguir, as formas dos organismos também Figura 2.20 0 estorgo especitico dos organismos vivos sio varidveis a serem consideradas. depende da capacidade muscular deles. Forma e tamanho Tanto os animais como as plantas erescom at$ atingir a altura adulta, de modo a suportar a massa corporal nas diversas fases do ciclo de vida, Desenvolver regras, utilizando o conceito de escala para explicara forma e o tamanko desses organismos, engquanto suas proporgdes se alteram, tem como ponto de partidaasregras de Kleiber!", Regras essas resultantes das observacdes da energia calorifica irradiada por animais com relagdo a sua massa, para animais com tamanho variando desde um rato até um novilho (boi novo). As conclusdes obtidas sio um caso em que, excepcionalmente, ‘uma lei biolégica & derivada de forma muito simples, de leis fisioas; e mosiram que nna biologia, quando ha dados suficientes ¢ so usadas as ferramentas mateméticas adequadas, também € possfvel fazer generalizagdes quantitativas como talvez. seja mais freqiionte na fisica ena quimica. A Figura 2.21 mostra, em um formato di-iog, as observagdes de Kleiber, sendo a inclinagio dessa reta % (ou 0,75). A medida que 0 tamanho dos animais aumenta, desde o pequeno musaranho & enorme baleia-azul, a frequéncia cardfeca diminui e a duragao da vida aumenta, Um rato simplesmente usa essas pulsagdes mais rapidamente do que um novilho. Este ¢ viirios outros fenémenos variam com tamanho do corpo, de acordo com um princt- pio matemitico preciso: a escala de um quarto de poténcia. O modelo fisico propos- to para explicar 0 que causa certos tipos de escala de quarto de poténcia pode esten- der-se ao reino vegetal. Graficos, Deceimento Esponenctal, Crscimento Exyonenctl ¢ Esale ne Biologia A lei de Kieiber diz que a taxa metabotica de um gato € cerca de 31,6 maior do que a de um camundon- 0. Mas essa relagio, dependente da massa corporal, parece manter-se em todo o reino animal, desde musaranho até a baleia-azul, ¢ foi posteriormente gene- ralizada aos organismos unicelulares ¢ até mesmo nitocindrias presentes no interior das eélulas. A seguir, ulifizando 0 conceito de escala, analisa- remos a relacio que deve existir entre a altura h, que as drvores podem atingir, ¢ 0 didmetro d, de seu tronco. E. ogo aplicaremos as conciusdes a0 caso dos animai ‘Vamos utilizar 0 modelo fisico de um cilindro de altura 10 o ‘Taxa de calor (keal/dia) 10 1 A, suficieniemente fino com didmetro d, € com massa Maco (ks) W atuando no centro de massa do cilindro. Aplicando- Figura 2.21 Calor produzido por um animal em se 0s conceitos de esforgo e deformagio (a defin {ungdo de sua massa. A reta tem inclinagao % — esses conceitos encontra-se no Capitulo 3, Seqlo 3.5) *aavtasso de Kieiber um material de densidade p, mostrou-se que a sltura critica h., para a coluna comegar a curvar-se, tema se- fe dependéncia em relagio a seu difimetro d: Phy = 0,851 ¥/p}!9 a, (2.7) ‘onde ¥ é um parimetro relacionedo coma elasticidade do material, Para chegar- mos a equacdo (2.7), considerou-se que o cilindro & swjicientemente fino, equivalen- doa uma relagio = (hid) > 25. Essa raziio se apliea 4 grande maioria das érvores. Se considerarmos que a massa W estd distributda ao longo de toda a extensio do cilin- dro, a equago (2.7) sofre uma pequena alteragio, sendo, nesse caso, P = 0,792, ¥/p]"" a", (2.8) ‘Guardadas as diferengas entre as equagdes (2.7) ¢ 2.8) pode-se dizer com muita prudéncia, que, para a estabilidade eléstica do cilindro considerado, a alura eritica do cilindro é proporcional a seudidmetro elevado i poténcia 2/3. Aoaplicarmos essa relagio a um ironco (pedtinculo) de drvore graminea), «altura critica do cilindro em 2.7) ou (28) sera prépria altura da devore (graminea). ‘ejamos o exemploa seguir. Um caulede graminea ‘muda suas proporetes geométrieas quando cresce subs- tancialmente. Seu crescimento ¢ caracterizado pelo pa- Tabela 2.1 Valores maximos de 2. para algumas rametro A = h/d comentado na equacio (2.7). Como se- _gtamineas e arvores” ria de esperar, o valor de 2. para uma familia de frvores a Re him) Tee € um valor médio. A Tabela 2.1 traz as alturas médias e os valores como ee Sq méximos de 4 para algumas gramineas. Para 0 pé de Bambu 25-40 133 centeio considerou-se que d = 0,3 cm, de modo que Palmeire 90-40 60 2x = $00 caracteriza seu crescimento, Para que 0 pi- Pinheiro 70 2 aheiro tent ps, =42, seu dimetro deverdser~ 1,70 m. Eucalipto 130 28 arin 24 Biafisea ~ Jundaments aplcas pouco provavel encontrar na natureza uma drvore com didmetro dessa magnitude. Mas como encontraremos um valor de 1 que correspond aos didimetros dessas rvo- res? A resposta exige que saibamos qual € a relago mais freqiiente entre fre d para essas dirvores. As equagdes (2.7) ou (2.8) teriio a resposta? Se admitirmos uma forma cilindrica para 0 tronco, pelo conceito de escala, para ‘uma estrutura de altura f, seu volume sera V 0: h?, sua massa serd M 0: h’,e aresistén- interna do tronco R ot dea A da seco transversal serd of h?, Assim, enguanto ht aumenta, M aumenta com taxa maior do que a de R. Logo, a drvore chegardé a uma certa altura acima da cual colapsard devido a seu préprio peso. Para evitar isso & necessirio que a drea da secgiio transversal aumente com taxa maior que a de h*, Se, por tentativa, considerarmos que A @ h’, como A oe ¢°, entdo d? oth? oud h™, essa 6 a relagio que esti mais de acordo com os valores encontrados para h & dda maioria das drvores. Além disso, coincide com a equagio (2.8) ¢ satisfuz a condigéto de sufi- cientemenie fino, ou seja, 2 = (hid) > 2: ‘Na Tabela 2.2 mostramos valores tipicos da altura h de diversas érvores, onde 05 valores dos diametros d sio valores médios. Acrescentamos, também, uma coluna dos valores correspondentes de 2. Esses valores de 2. esto de acordo com a regra d? 0: h*e principalmente com as estruturas bioldgicas dos sistemas vivos. Assim, pode- mos concluir que, enguanto h aumenta, % diminud drasticament. No gnifico d = f(h) (com esealas logaritmicas), epresentado na Figura 2.22, a inclinagdo da reta é = 3/2. Tahela 22 Valores mais comuns de altura de arvores € 0s valores de 2 correspondents 10 h(m) d(m) a 15 0,008 500 30 0,008 975 10° 90 0,04 225 _ 18 012 144 : 6 0,35 102 bw 72 19 72 i 144 28 52 288 8 36 10" 10° 10 10° 0 alt im Figura 2.22 Gréico do didmetro mécio de drvores em fungao de sua altura, Coniirma-se a relagao d°«.h°. feos, Decoimento Esponencal, Crescimento Exponencial ¢ Exale ne Biologia Agora considere o quadnipede da Figura 2.23. Nesses animais, pode-se considerar que a parte onde se concentra, a maior massa € a regido desiacada na figura. Admitiremos que 0 comprimento | do quadnipede € medida entre seu ombro e o quadril,¢ d, a largura, mede « cespessura média do corpo do animal. O tronco do animal é comparado a um cilindro de didmetro d e comprimento 1, sustentado em seus extremos. Rashevesky” admite que 0 tronco € como uma viga carregada de modo uniforme ¢ teoria linear para analisar a relagio entre | ed, tendo em vista evitar 0 dobramento axial da viga. Assim, mos- trou que > @s) Nese modelo, ao considerar 6 tronco do animal como uma viga, 6 0 préprio peso da viga que poderd fazé-la ce- der ou vergar. Considere, também, que a rea da segiotrans- versal dos membros do animal & proporcional a0 peso do tronco. A razio 1) = Vd esté limitada até um certo valor Tire de modo que, para t0d0 1) > Th a viga colapsard. Na Tabela 2.3, apresentamos valores de 7 para cinco quadri- pedes. Esses valores dependem das unidades de I ¢ de d. E. claro que © tronco de um animal bem mais complexo que tuma simples viga, pois tem ossos, mtisculos e outros 6r- giios. Portanto, ao aplicarmos & equagio (2.9) as dimen- ses de um quadnipede. esta nos limitari de modo bastante aproximado os valores de |e d. A Tabela 2.3 mostra que © ‘comprimento do arminho ¢ trés vezes sua largura. Se fosse 10x maior, 1= 1,20 m, d= 0.40 men = lod”. Figura 2.23. Formato tipico de um animal quadripede. Seu comprimento é |, e sua atura é 4. 2,2; a equacao (2.9) prevé que o animal seria tio compacto, que provavelmente Tabela 2.3 Valores de |, d'¢ n” para cinco quadripedes, ido conseguiria se deslocar. Seu tronco im dtm) a ficaria encostado no chio. Se W 6 a massa do animal, conside- Armano O12 Sioa 108 rando que suas partes (cabega, tronco € castors 9198 oa 140 membros) se alteram na mesma propor- Tigre da India 0,90 0,45 1,53 ‘io, conforme varia seu tamanho, a mas Lhama 1,22 0,73 181 sa de qualquer dessas partes seré.uma fra- Elefante da india 1,53 1,35 1,25 ‘flo de W. Pelo conceit de escala W 6: 1d? « pela equacao (2.9), PP lows daws, (2.10) Esta equagio (2.10) tem sido utilizada em trabalhos'"®" proporcionalidade enue I, d © W. que verificaram esta 26 t (eemana) 0 1 2 3 4 ‘Substancias Glicose Sacarose Ratinose Inulin, Ribonuclease Lactoglobulina Hemogiobina arin Biafisea ~ Jundaments aplcas ® PROBLEMAS YA 4, Acexperincia feita com dois conjuntos A ¢ B de pés de milho, para verificarmos 6 efeito do adubo, esta resumida na tabela abaixo, Admita que as alturas si valores médios, ‘Altura das plantas (cm) a) Encontre uma relagdo entre altura e tempo. A 0 15 28 a7 60 B »b) Caleule a taxa de crescimento para os conjuntos A (plantas 0 controle, culkivadas sem adlubo) e B (cultivadlas com adubo). 28 58 82 110 2. A taxa de mortaliace M em cestas populagées (ntimero de mortes por unidade de populagio, por unidade de tempo) aumenta linearmente com a idade t, ou seja, M = 0+ Bt, onde cee B so constantes. Encontre a populayiio Pem funsio do tempo t, endo Py a populacdo inicial. 3. Natabela abaixo temos a massa molecular M eo raio rde algumas molécut (ba) to * (mp 4) Faga um grifico que permite chegar a uma rela- «io linear entre M et 180 39 55 Ss b) Determine o raio das moléculas para M = i 2 = 18(HY 2 (0,) og a 250,000 (catalase), M = 18 (H,O)e M=32 (0; 5.000 125 13.500 180 35.000 270 68.000 31,0 4, Guitman'”? fer medidas da dependéncia do tempo t em relagio A temperatura T, necesséiios para que um pulso de corrente continua excite 0 axénio de uma lula. ‘As medidas a seguir foram obtidas nesta experigncia, TCC: 5 10 15 20 25 30 35 cr 41 34 19 14764 a) Faga um gréfico com estes dados. b) Encontre uma relagao empirica entre Te t. 5, Osdados a seguir so valores de concentrazao C de etanol no sangue, em fungao do tempo t, apds a ingestio do etanol (Lynn, et al)." Cig: 1341201069388. (min): 90 120 150180 210 240.270 Graficos, Deceimento Espovenctal, Crescimento Exyonenctl ¢ Esale ne Biologia 10, 1, 2, 13, 14, a) Faca um grafico a partir desses dados. b) Discuta a taxa de metabolizaeio do élcool. Uma fonte de ouro radicativo (Au) tem inicialmente 1x10* étomos. Passados 2,7 dias, a fonte terd S10? dtomos radioativos; apés 5,4 dias, ela ter 25x10" ‘tomo; ap6s 8,1 dias, tera 12,5x10° étomos, e assim por di a) Faga um grafico desses dados. b) Determine o tempo de meia-vida desse elemento. ‘Uma dose D de uma droga, depois de ser aplicada em uma pessoa, faz aumentar sua concentragio plasmatiea de 0 para C,, Depois, a concentragiio C comega a ter um decaimento exponencial. a) Em um certo instante t, que dose da droga deve ser aplicada na pessoa, para elevar sua concentraglo plasmitica novamente a C,? by © que aconteceri se a dose original for administrada sempre em intervalos t? Suponha que células cancerigenas no interior do corpo se reproduzem a uma razio r, tal que 0 ntimero N de células tem um erescimento exponencial, em relagdo ao tempo r. Em determinado momento, um agente quimioterdpico € apli- cado para destruir uma fracio fdas células existentes. ‘a) Faca um grifico de Nem fungi def, para varias administragbes de droga em intervalos de tempo T. ) Que casos diferentes podem ser consideracios para relacionarT er? Uma célula esfériea de raio R divide-se em duas células filhas iguais, cada uma com raio r. a) Encontre 0 fator de escala das célutas. b) Determine a razio entre a firea superficial da célula fitha e da eétuta mie. ¢) Qual € a razao entre 0 volume da célula filha e da cétula mae? Compare a forga muscular de pessoas com formas semelhantes, tendo 1,3 me 1,8 mde altura, ‘Uma mnuther tem 1,6 m de altura € 55 kg de massa. Tomando esses dados como referencia, qual deverd ser a massa de outra mulher com forma semelhante, ten- do 1,7 mde altura? ‘Compare a forga relativa de uma formiga gigante (tamanho de um humano adul- to) com ade uma formiga normal, Calcule a massa que a formiga gigante conse- guiria carregar. Em mamiferos, o volume do coragdo vezes seu ritmo eardiaco (niimero de bati- «das por segundo) € proporcional a sua taxa metabdlica, Se 0 fator de escala entre um homem ¢ um doterminado macaco for L, qual seria relago entre seus rit- mos cardiacos? A energia usada por um mamifero marinho durante © mergulho € igual a sua taxa metabstica vezes 0 tempo que dura a imersZo. Se o fator de escala entre dois mamiferos semelhantes for L, qual seria relagio entre os tempos em que ‘ambos os mamfferos podem ficar dentro da agua? 21 arin Biafsea ~ junamentes ¢ apes 15, Um homem normal pode levantar objetos com massa de até metade de sua pro- pria massa. J4.um gafanhoto pode levantar objetos com massa até 15 vezes maior ‘que a sua. Explique, usando 0 conceito de escala, se isso significa que 0 gafa nhoto & mais Forte que 0 homem. 16, Compare o nimero de pasos por unidade de tempo eo tempo gasto para darum passo entre animais de formas semelhantes, porém de tamanbos diferentes, Apli- {que seu raciocfnio ao caso de dois homens com 1,8 m¢ 1,5 m de altura. 17. Qual é araziio entre aaltura maxima a que uma pessoa de 1,3 m pode elevar uma massa € a maior massa que uma pessoa de 1,65 m pode levantar? Admita formas e estruturas semelhantes para estas pessoas. 18, Discuta, usando 0 conceito de escala, se € possfvel que um rinoceronte adulto seja do tamanho de um cachorro adulto. 19, Qual é a relagio entre a velocidade de caminhada de dus pessoas com alturas it eh’, sendoh'>h. 20, Discuta, utilizando 0 conceito de escala, se ¢ biologicamente possfvel haver um. rato: 4) com dimensio linear 10 vezes maior que a de um rato normal; € b) com 21, Ha rvores com mais de 100 m de altura, com parfimetro 2.tendo um valor mixi- mo de 15. Qual seré o valor méximo des didmetros dessas rvores? 22, Animais que vivem no deserto andam grandes distincias sem beber égua. Usan- do 0 conceito de escala, encontre um relagdo entre a distancia maxima que um ‘animal pode caminhar no deserto e seu tamanho. 1ensfo linear 10 vezes menor que a de um rato normal. Referéncias Bibliograficas MAYNARD, SMITH J. Mathematical ideas in Biology. Cambridge Us Press, 1980. ET, E,Smroduction to mathemesis fr lie ciemists. New York: Springer Vesta, 1973. STAHL, WR. Similarity and dimensional methods in biology. Seience. ¥.137, n. 3525, p. 205, 1962, 4, KLEIBER, M. The five of lif: An intoduetion to animal energetic. Now York: John Wiley & Sons Ine, 1961, 5. Idem, ibitem. (6. MeMAHON, T. Size and shape in biology. Science. v. 179, , 4079. p. 1201-1208, 1973. 7. RASHEYSKY. N. Mathematical biophysics: Physico-Matkematical Foundations of biology. 3 ri edition. New York: Dover, 1960, v Vand v. I 8. Idem, sbidem. 9, BATSCHELET, Op. 10. BRODY. S. Bioenergetics and Grow: Reinhold, New York, 1945. 11, STAHL, WR.;GUMMERSON, JY. Systematic allometry in 5 species of adult primates (Gystematio allometry in primates). Growth. v 31. n. 1, p. 21, 1967. 12, GUTTMAN, R. Temperature characterises of excitation in space-clamped squid axons, J. Ger Plysiol v.48... 5, p. 1007, 1866. LYNN, 1: BENNION, M.D: TING-KAI, M.D.L. Alcohol metabolism in American Indians and whites. New England J. Med. ». 294.0. 1, p. 9-13, 1976. L 3 aus (anitulo 3 apltulo Movimentos, Biomecdnica e Elasticidade 3.1. INTRODUGAO \\. Para realizar suas tarefas cotidianas,freqlentemente os seres vivos pre- ccisam se movimeniar, Muitas vezes, esses movimentos sdo importantes para a pro- pria sobrevivéncia — seja para se alimentar ou se defender. Aplicando-se as leis fisi- ‘eas aos corpos em movimento, estes movimentos geralmente sdo bastante simples de seranalisados. Na fisica, os movimentos mais simples so 0s unidimensionais, sendo um pouco mais complexos os compostos ou bidimensionais. Qualquer andlise de um ‘movimento exige determinagoes cas varidveis deslocamento, velocidade ¢ acelera- fo. Essas varidveis Sio quantidades vetoriais: portanto, representadas por um vetor. faremos um resumo das principais propriedades dessas quantidades" (veja A seg a Figura 3.1 a Figura 3.2). Para representar uma quantidede vetorial, 6 necessério conhecer sua mag- nitude, ou intensidade, e sua diregao (normalmente € 0 angulo em relacio a dirego horizontal), sendo sua representagao um vetor. Por exemplo, na Figura 3.1, o-vetor V tem magnitude de 3 unidades ¢ inclinagdo de 30° em relagao & diregdo horizontal. Para fazermos operagées usando quantidades vetoriais, é conveniente que ‘05 velores sejam representados por um sistema de eixos cartesianos. Porexemplo, na Figura 32, esté representado o vetor V, de magnitude Ve anne Flees ‘Os componentes desse vetor nas diregdes x e y so V,=V cos; V, =V sen 0, e sua inclinagao € te" (V,/ V0, Logo, 0 vetor V terd a segt V=VitVyi ‘onde ie j so vetores m tivamente. Note que V=VV#V,. 4 Se temos um conjunto de n yetores: Ay, Az, Ayy cada um com os 1,2, .., n), enttio a soma desses vetores sero Jimte representago 3s (magnitude um) nas diregSes xe y, espec- Figura 3.2 Yetor de magnitude V e direcao 8 com os vetor compenentes Ve V, ‘componentes, Ay ¢ Ay, ( 29 arin 30 Bifia ~ fdamenes caplet P = S=S,1+5,J=DA= EA, de magnitude S = V5.5," e inclinagao @= tg" ($/S.). a 4 Se considerarmos os vetores A =A, i+A, je B=B, i+ B, j, entao + adiferenga entre esses vetores seré +E AI an Figura 3.3 Vetores AeB DRA>EsCycRD Hit oB) foirando um angulo y. *+ 0 produto escalar desses vetores seré E=A-B=A.B, +A,B,=AB cosy; + produto verorial desses vetores seré V=AxB=(A,B,-A,B)ix j=AB senyixj. Na Figura 3.3 estio representados os vetores Ae B ¢ nas figuras 3.4 € 3.5, 08 vetores D e V. respectivamente, Note que o produto escalar de vetores € uma quantidads escalar, enquanto © produto vetorial € um veror, de magnitude AB seny, orientado na diregzio perpendicular ao plano formado pelos vetores Ae B. Figura 3.4 Vetor diferenca D=A+(-B)=A-B, 3,2 MOVIMENTO NO PLANO Movimento no plano € 0 movimento que um corpo realiza ao longo de uma trajetéria curva sobre um plano fixe. Quando conhecemos 4 omovimento, entao podemos encontrar a velocidade, a aceleragao e a forca aplicada ao corpo que esté se movimentando: y + aforca aplicada ao corpo, entéo podemos conhecer a equaziio do mo- vimenio. Deslocamento e velocidade média A Figura 3.6 apresenta uma trajet6ria curva em um plano xy. Quando um corpo se desloca do ponto Paté Q, zo longo de sua trajetéria, esse deslocamen- 10 6 representado pelo vetor Ar. Se Até o tempo que 0 corpo gasta para ir de P alé Q entdo definimos 0 vetor velocidade média como RP sVz.=4r/At (3.2) onde V,,tem2 mesma diregdo de Ar, ¢ V,,6 0 mesmo para qualquer trajetéria que leve 0 corpo de P até Q no tempo At. Velocicade instanténea Yelocidade instantinea & definida em médulo, direcdo e sentido, como © limite para o qual tende V,, quando Q se aproxima cada vez Figura 3.6 Trajeto de curva de um mais de P. Ou seja, corpo em movemente. Pe Q sao portos dessa tajelsria, com velores > aa na posigao r er + Ar, respectivemente, Moviments, Blonecinien ¢ Elsticdade A medida que Q— P, a diregio de Ar se aproxima da diregao da tangente da trajetGria em P. Portanto, a velocidade instantanea Vem qualquer ponto da trajetéria € tar nese ponto, Na Figura 3.7 mostramos as velocidades instantineas V eV? nos pontos P € Q, respectivamente, Aceleracao De acordo com a Figura 3.1, a velocidade do mével, ao ir de P até Q experimentou uma variagdio AV = V’— V. Como o tempo gasto € at, sua aceleragio média seré DP a=av/ar (3.0) quando Q se aproximacada vez mais de P. Ou seja, quando At > 0, aaceleragio em P é a aceleracéo instantéinea, isto &, D> elim (AV At) = AV 35) A Figura 38 mostra os vetores velocidade e aceleragio instanti- neas no ponto P da trajetsria. Em geral, de acordo com a Figura 3.9, a pode ser decompesto em ‘componentes nas diregdes normal (a,) ¢ tangencial (ay) &trajet6ria. O ‘componente a, surge da variacdio no modulo de V, enquanto a, surge da variagiio na direcdo de V. ‘Todo movimento realizado com a constante ¢ denominado movi- ‘mento uniformemente acelerado (MUA). AS equagies (3.5) € G.3). ‘depois de integradas, nos dardo a velocidade e « posigao em qualquer instante t: RP ovewsat (38) P orentva+var, a7 ‘onde ¥oe ro so, respectivamente, a velocidade e a posigio no ins- tante t = 0, Sendo a = constante, tanto a diregio como 0 médulo do yetor aceleragao néo mudam. Se o MUA gerar uma trajet6ria na dite~ ‘¢Ho horizontal x, ou sej J, ento as equagdes (3.6) (3.7) ficam simplificadas para a forma RP ventat (3.8) iea= PR xexavtsn 3.9) ‘onde vp ¢ Xo so, respectivamente, a velocidade ¢ a posig’i0 no instante t = 0. Os termos nas equagdes (3.8) ¢ (3.9) sio escalares, pois ‘© movimento, por ser unidimensional, no exige variiveis vetori Nas Figuras 3.10 e 3.11 esti representados, respectivamente, os gei- ficos das equagdes 3.8 ¢ 3.9. Figura 3.7 0s vetores velocidade ingtanténea Ve V'sio respectivamenta tangentes & trajetéria nes pontos Pe O. Figura 3.8 0 vetor aceleragao instarténea ano ponto P da trjetéria do movimento Figura 3.9 0 votor accleragio insiarténea a tem componentes ‘noimal (a,) € tangencial (a) & trapeterie, v Figura 3.10 Gratico V =u) para um MUA; ainclinagao da reta €0 valor a, da aceleragio. arin fea ~ jundamentos ¢oplces tes 32 Bay [Na Figura 3.10 encontramos ay = (V — vy)/t, OU t= (¥— Vp), Subs- tituindo este valor do tempo em @.9), encontramos a seguinte relagio para a velocidade: Dav +20 (K- x). (310 (© movimento de queda livre gera uma trajetria vertical (diregto y); nesse tipo de movimento os corpos experimentam uma aceleragéio — constante ay= g= 9,8 1m/s°, na diregio vertical e no sentic i baixo, Logo trata-se de um MUA que, de acordo a Figura 3.12, era as Figura 3.11. Gréfico x= (1) para um MUA; a ncthagdo da tangent 20 seguintes equagSes quando © movimento for de baixo para cima: gratico, no instante z, € a velocidace neste instant. Pm vew-e 10 RP yavet-%ee. (3.12) ] Como 0 corpo esti sofrendo uma desaceleragao constante, em de- v=o terminado momento sua velocidade poder ser nula (v = 0). Quando isto hewn acontecer, ele ter alcancado uma altura h, que dependeré da velocidade ial vp 1] t ae RP vi =2¢h, 8.13) emi=0 Figura 3.12 MUA com aceleragao negativa, pera uma ae trajet6ria vertical no sentido de Primeira aplicagat Sato pars Gene velocidade da caminhada Considere uma pessoa cuja perna tem comprimento |, eT 0 tem o necessério para que © mesmo pé toque o chiio em duas passadas consecutivas. Logo T/2 ser o tempo necessirio para dar sé um passe. Segundo o coneeito de escaia, podemos dizer que, a0 dar um passo, 0 hhumano ayanga aproximadamente 1. Se N for 0 miimero de passos por uunidade de tempo, entio N= 1/T/2) 0: 1/T. Como a caminhada pode ser considerada un: movimento periddico de amplitude le perfodo'T, assim como est representado na Figura 3.13, entio T at V1. A velocidade de caminhada v, €N vezes a distancia comespondemte a um passo, logo, veal TaN. Discusses baseadas no custo energético da forma bipedal, usada pelos seres humanos para caminhar, argumentam que assim & possivel cobrir grandes distincias de maneira econdmica™™. PorSm, alguns bi6- Jogos sustentam que, devido a essa forma de caminhar, a locomo¢io dos setes humanos é mais inefciente se for comparada com ade outros ani- mais. ae O conceito de andadeiro tem sido aplicado principalmente & loco- Reena can ates ogo terestre sobre pernas ov pats, pons & usual aplicur-se a outras ‘coniprimento da perna. Formas de locomo;ao"*, —a— Movimentes, Blonecintea ¢ Elsticldade Segunda aplicagao: velocidade de corrida dos seres humanos Inicialmente devemos saber se a cortida & de longa, média ou curta distincia, pis, 6m céida caso, a velocidads médin V alcangada pelos atlctas 6 diferente, Duran- te um tempo limitado, geralmente o atleta mantém uma velocidade igual a sua velo- cidade maxima. Se calcularmos as velocidades médias V correspondentes &s provas tipicas das competicoes de atletismo, notaremos que, no caso dos homens, V aumen- ta emcorridas ce até d= 200 m, enquanto em corridas para d> 200 mV decresce. A Figura 3.14 mostra esse comportamento de V em fungio da distancia d. Os valores de V foram calculados com base nos tiltimos tempos recordes mundiais conseguidos nas respectivas provas de atletismo. Na Figura 3.15 mostramos como varia a velocidad v de um atleta em fungio do tempo 1 para uma prova de 200 m. Ap6s r= 2 s, 0 atleta atinge uma velocidade proxima de 10,5 m/s, sua relocidade miéxima. Para essa distancia, a velocidad mé= dia € menor que a velocidade maxima e, se 0 perfodo de aceleracao € aproximada- mente 0 mesmo para um eorredor de distancias curtas, entiio, como mostra a Figura 3.14, a Velocidade média para d= 200 m ¢ maior que para d= 100 m. Para médias e longas distdncias, a velocidade média do atleta comega a decres- cer & medida que a distincia aumenta, pois o suprimento de O, comega a diminuir, tornando-se insuficiente para a demanda, O atleta inicia seu esgotamento de O, entre 200 me 400 m. Observagdes feitas em primatas®”, correndo com dois ou quatro membros, mostram que 0 consumo de energia é 0 mesmo em amas as 33 tia. siluagSes. Como o custo energético para transportar © corpo € o mesnio, 12 ‘0 10 Ze 08 3 2 fos | , 5 3 04 3 7 02 et r 1 1 1 1 OM 1 1 1 © | 400” 2000” goa” 40005000 3 3 oo Distinct (), Terrvo() Figura 3.14. Velocidaces médias observadas nas corridas _Figira 3.18 _Variagao do valor vnormalizado em tungao 4e curta, media e longa distancia. Os tempos correspondem de f para uma corrida de curta distancia (200 m), 0s recordes mundisis para cada distancia em agosto de 2002. 34 Biya ~ andamentos eaplcos tes seja usando quatro ou dois membros, € preciso outro argumento para explicar a van- tagem ou a desvantagem que ser humano teria por se locomover com dois mem- bros. Logo adiante analisaremos a transformagak de locomogdo de animais e seres humanos. nas diferentes formas Um objeto com velocidade constante v= 2i + 4j m/siniciou seu movimento da origem de um plano xy. Qual serd sua posiedo 10 s depois de ter iniciado 0 movimento? Resolugio: A velocidade tem componentes constantes: v, Ins, Logo apés 10 s, 0 objeto terd avangado nas diregoes horizontal: x = vt = 20m t=40m misev,=4 vertical: £4 posigo do objeto sera r=xi+yj =201 + 40jm y Admita que a posigio de um objeto movimentando-se na dire ‘Gio x seja dada por x = 5 + 2t + 10°, sendo x expresso em metros € ¢, em segundos. Em relagio ao objeto, qual serd sua a) Posigio inicial? bb) Velocidade em qualquer instante? ©) Aceleragao? Resolu a) Quando t = 0, a posi¢io do objeto seri ) Para determinar a velocidade em qualquer instante, tomamos a derivada da posigdo em relagdo ao tempo, ou seja, dx. & 234201ms, Ge 72+ 20tmIs ©) A aceleragio serd a derivada da velocidad em relagio ao tempo, ou av 2 a= S220 mis. at Logo, o objeto tem um MUA. Um gato precisa se deslocar 100 m para alcangar um ratinho morto, Quando o gato comega a correr, com aceleragdo uniforme de I m/s, ‘uma coruja, que est 20 m acima do gato, tem uma velocidade de 5 mvs. Se a coruja seguir uma trajetéria retilinea, qual deverd ser sua aceleragio para al- cangar 0 ratinho juntamente com o gato? Movimentes, Blonecintea ¢ Elsticldade Resolugdo: O gato tem uma velocidade inicial nula, e um MUA, com a= Im/s?. Logo, s¢ # for 0 tempo necessério para © gato chegar até 0 ratinho, entaio 100 m=" (Ins)? t= 14,145, 20m A conuja, para alcangar 0 ratinho nesse mesmo tempo t, precisa percorrer uma distancia d= V20 F100 = 101,98 m. ‘Como a conuja tem MUA, velocidade inicial de 5 m/s e aveleragio desco- nhecida, entio 101,98 m= (5 mis)(14,14 s) +4 a(14,14 s¥ > a=031 mvs Esta deve ser sua aceleracdo para alcancar 0 ratinho juntamente com 0 gato. Quanto tempo leva um objeto para cair de uma altura de 40 m, ppartindo do repouso? Que distancia esse mesmo objeto percorreria no dobro do tempo? Resolugio: O objeto tem um movimento de queds livre, com velocidade inicial nula, 240m=% (98 m/s) = 1 =2,865 sero tempo necessirio para cair 40 m, Para um tempo 2t = terd uma queda de H=% 98 ms'\(3,72 .72.s, 0 objeto 60 m. ” 3.3. MOVIMENTO COMPOSTO OU PARABOLICO ‘Movimento composto & 0 movimento resultante da composiedo de um So movimento com velocidade uniforme na diregao horizontal, ¢ um MUA comacelera- ‘edo uniforme a = g na diregdo vertical, A trajetéria resultante é parabéliea, como mostra a Figura 3.16. As equagées desse movimento so as seguintes ot Vos 2 Moy Bt jot Vol — Yet. A Figura 3.16 mostra a posigdo (x, ys), a velocidade ini- cial (Noy, Va) € & velocidade em qualquer instante t. Note que, no movimento de subida e descida, as veloci- dades para uma mesma altura tém 0 mesmo médulo, | 3 Figura. 3.16 Trajetoria parabolica de um movimento composto, com velocidade inicial vy {© posigao inicial (x, y,)- arin 36 BoyBea~ undamentes eaplestes Considere x, de inicial vp tem Yo=0, conforme a Figura 3.17. Sea velocida- naga 0, entio Yn =WeosO € Y= vy send A altura maxima dessa trajet6ria tem coordenadas x = R/2€ y =H. Nessa posigio, v, = 0, logo, Vy = 8h ‘ou seja, P ta vpsenOlg (3.14) ‘serdi © tempo empregado para aleangar a altura maxima H, portanto, Fignra 3.17 Mormerio parabstea com P Ha, senOt-Kgr=s,?senPO2g. (3.15) Yelocidade inci v. A trajtcriaalcanga a No instante 2 a trajetGriaatinge seu afastamento maximo R, altura e o alastamenio maximos He F, respectivarente, portanto, DP aR=2tvq = ve sen2erg. (3.16) Primeira aplicagéo ‘Umatleta vai realizar um salto em distdncia. Quando iniciar 0 salto, ele teré uma velocidade de 10,5 m/s. Se 0 seu centro de massa estiver a 60 cm do cho, a que distncia 0 atleta saltara? Nao considere o efeito da resisténcia do ar. Diseussio: No ponto A da trajet6ria AC do centro de massa do alleta, a veloci- dade inicial vp teré os componentes Vo, = 10,5 mis € vy, = 43. m/s, pois, a0 iniciar 0 salto, ele esté com uma velocidade v = 10,5 m/s na direga0 horizontal. Como, ao © salto, 0 centro de massa esté a 0,6 m do chao, 0 com- ponente vertical de vp sera Vy, = VIO RMAVOG my = 343 ms A inclinagio ¢ a magnitude de vy serio, respect mente, 0 = te (ve!) = ta"G,A3/10,5) = 18,09° y= VVQ Ry = 11,05 mis, Moviments, Blonecinien ¢ Elsticdade 31 ‘No ponto B da trajet6ria, a velocidade do atleta também sera 11,05 nvs. Logo, usando a equagao (3.16), poderemos calcular o afastamento maximo R= voi sen26/g = (11,05 vs)? sen 36,18°9,8 mis? (0 ponto C da trajetéria éa posigdo do centro de massa do atleta zo bater no chiio, Se t € 0 tempo necessétio para fazer a wrajetéria BC, enti 0,6 m=vgt + gt = B43 misyt + (9,8 mis!) = T= 0,145 8, Logo, 0 afastamento horizontal 8 serd OS m/s) 0,145 8 Yon 52 m. Assim, 0 salto em distancia do atleta serd R + 8 = 8.87 m. Esse resultado nao Jevou em consideragio 0 efeito da resistencia do ar. Normalmente os atletas que pra- ticam essa modalidade de esporte nfo sio corredores de curta distancia (com a hon- rosa excegio do norte-americano C. Lewis), Assim, considerat voy = 10,5 mvs est tum pouco além da velocidade inicial que esses atletas podem alcangar. Os recordes mundiais (até julho de 2002) de 8.95 m para homens ¢ 7.52 m para mulheres mos- tram que os atletas dessa modalidade, além de aumentarem a velocidade com que iniciam 0 salto, tentam aproveitar favoravelmente o efeito da resisténcia do ar duran- te o salt. Segunda aplicagao Observagdes do salto de uma pulga'"” mostraram que a trajetéria do salto é para bélica © que a velocidade inicial vp é proxima de 1,3 m/s, com uma inelinagiio @ de aproximadamente 87°. Com esses dados, mais a Figura 3.18, discuta qual deve ser a aceleragio produzida pelas patas da pulga para que ela realize este salto, Discussiio: Considerando v, = 1,3 mis ¢ 6 = 87°, entiio, de acordo com as equagées (3.15) ¢ (3.16), aalura ¢ 0 afastamento méximos do salto serio, respectivamente, H= (1,3 m/s)'(sen’87°y2(9,8 m/s’) = 9 em. R= (1,3 m/s}*(sen174°)/(9,8 mvs?) ~ 2 em, Da Figura 3.18 extraimos que @ pulga, para dar este salto, ‘encotheu suas patas durante um tempo médio de aproximadamente 1,25 ms. Logo, usando (3.8), encontramos que a aceleracio, de- vido & ago dos miisculos das patas, seri = vot =(1.3 m&YC1,25x10°%) = 100 9, (Ou seja, aproximadamente cem vezes maior que a acelera- a & a ‘a (unidades de) gS a ‘go da gravidade terrestre. 2 No caso do salto de um gafanhoto""” observou-se que 0 afastamento maximo de seu salto é cerca de 80 cm, e. inclinacio 000° 0.25 050 075 100 1,25 da trajetéria em seu ponto inicial € ~ 55°, Logo, usando (3.16), Aeon ie) podemos calcular a velocidade inicial do salto Figura 3.18 Variacao da aceloracao durante 0s primeiros ms do salto da pulge. w= gR /sen20 = (9,8 m/s°)(0,8 my/sen 110°. (Adeptado de Rothschile etal, Op. Cit)

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