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Altuu N° 1540-PGR-AF MINISTERIO PUBLICO FEDERAL. ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE N° 3450-2/600 REQUERENTE REQUERIDOS RELATOR : PROCURADOR-GERAL DA REPUBLICA, : PRESIDENTE DA REPUBLICA E OUTRO : Min. Cezar Peluso ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIO- NALIDADE. ART. 3° DA LEI FEDERAL 9.296/1996. INTERPRETAGAO QUE PERMITE AO JUIZ, NA FASE DE IN- VESTIGACAO CRIMINAL, DETERMI- NAR DE OFICIO A INTERCEPTAGAO DE COMUNICAGOES TELEFONICAS. INCONSTITUCIONALIDADE, OFEN- SA AO PRINCIPIO DO DEVIDO PRO- CESSO LEGAL, EM VIRTUDE DO COMPROMETIMENTO DO PRINCI- PIO DA IMPARCIALIDADE. AFRON- TA AO SISTEMA ACUSATORIO, HAJA VISTA A USURPAGAO DA ATRIBUL- CAO INVESTIGATORIA DO MINISTE- RIO PUBLICO E DAS POLICIAS CIVIS: E FEDERAL. PARECER QUE, REITE- RANDO OS TERMOS DA INICIAL, E PELA PROCEDENCIA DO PEDIDO. 1. Cuida-se de agdo direta de inconstitucionalidade intentada pelo Procurador-Geral da Repiblica contra a interpretacdo extrafda do art. 3° da Lei federal 9.296, de 24 de julho de 1996, que permite ao juiz, na fase de investigagio criminal, determinar de oficio a interceptagao de comunica- Gées telefdnicas. MINISTERIO PUBLICO FEDERAL ADI 3450 2. O artigo que contém a interpretagdo atacada é este: “Art. 3° A interceptacao das comu- nicagoes telefdnicas podera ser de- terminada pelo juiz, de oficio ou a re- querimento: | — da autoridade policial, na in- vestigagao criminal; II — do representante do Ministério Publico, na investigagao criminal e nna instrugao processual penal.” 3. Sustenta o requerente, em sintese, que “a iniciativa da inter- ceptacao pelo juiz, na fase que antecede a instrus%o processual penal, ofen- de 0 devido processo legal” (art. 5°, LIV, CF), “na medida em que compro- mete o principio da imparcialidade que Ihe é inerente, e vai de encontro a0 sistema acusatério” (art. 129, Le VIII, ¢ § 2°, e art. 144, § 1°, Le IV, § 4°, CF), “porque usurpa a atribuig&o investigatéria do Ministério Puiblico e das Policias Civis e Federal, permitindo ao julgador a assun¢do desse mister” (Als. 03). 4. Foram prestadas as informag@es pelo Presidente da Republi- ca (fls. 17/30) e pelo Congresso Nacional (fis. 121/128). 5. © Advogado-Geral da Unido manifestou-se (fls. 18) ao ado- tar as informagées elaboradas por Consultor da Unido, das quais se valeu 0 Presidente da Republica. ; As informagdes prestadas pelos requeridos nao so, data ve- nia, habeis a deslustrar a pretenséo deduzida pelo requerente, 7 Os argumentos expendidos na inicial, com apoio em magi tério de Paulo Rangel, Luiz Flavio Gomes, Jodo Roberto Parizzato e Mar- cellus Polastri Lima, e, ainda, nos fundamentos da decisio desse Supremo Tribunal Federal na ADI 1570, de relatoria do ex-Ministro Mauricio Cor- réa, sao, por si, suficientemente conducentes 4 procedéncia do pedido for- mulado, motivo pelo qual o Procurador-Geral da Republica limita-se a rei- tera-los. Em vista disso, reiterando os fundamentos contidos na pega inicial, o parecer é pela procedéncia do pedido, a fim de que seja declarada a inconstitucionalidade parcial, sem redugdo de texto, do art. 3° da Lei fe- deral 9.296, de 24 de julho de 1996, excluindo-se-lhe a interpretaco que MINISTERIO PUBLICO FEDERAL, ADI 3450 permite ao juiz, na fase pré-processual penal, determinar de oficio a inter- ceptagdo de comunicacées telefdnicas. Brasilia, 26 de maio de SARROS E SILVA DE SOUZA IR{GERAL DA REPUBLICA mus

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