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Introdugaéo Desde 0 inicio de nossas vidas interagimos com 0 mundo através das informagdes captadas pelos 6rgaos sensoriais. Como os estimulos séo extremamente numerosos, 0 organismo huma- no seleciona apenas aqueles que julga pertinentes ou que se impoem a ele de modo mais concreto e material; através de com- plexa atividade psiquica, cujo substrato fisico corresponde aos mecanismos neurofisiolégicos e bioquimicos, estes estimulos sao processados e categorizados pelo individuo. Nao apenas infor- mado das condicées do mundo (sentidos exteroceptivos), mas também do que ocorre no interior de seu organismo (sentidos interoceptivos), o individuo elabora sua experiéncia ¢ intervém no ambiente. Se nas primeiras fases de desenvolvimento o mundo € co- nhecido pela crian¢a através das sensag6es tateis, gustativas, ol- fativas (cujas nogdes correspondentes acompanham-se de mai- or repercussio afetiva) e, ainda de modo precario, ela adquire as nogées primordiais do ambiente através da visdo e audi¢ao, rapidamente estes dois tltimos sentidos passam a dominar a no¢gao que o ser humano constroi da realidade. O sentido da visio € 0 que oferece de modo sintético e imediato o panorama do mundo externo. Se na visio é a percep¢ao do espago que prevalece, enquanto na audi¢ao a vertente temporal édominante, ambos os sentidos nos informam sobre as condigées da realidade. Nosso olhar focaliza o que ocorre ao nosso redor; porém, nossa visio niio é fixa: ela se apdia em movimentos oculares orientados ativamente pela atengao que permite o exame e a selecao dos dados externos. E, nesse aspecto, a visio também abrange a escala temporal. Ao lermos um livro, olharmos para um quadro, assistirmos um espetéculo ou simplesmente apreciarmos uma paisagem, nao apenas a atencao dirige 0 movimento de nosso 10 Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretagdo dos resultados olhar mas, também, os significados que encontramos ou buscamos nestes cenarios do mundo. E estes significados sao de ordem cultural e individual, construidos através da hist6ria pessoal e da humanidade. Assim, nao apenas a percep¢iio, no caso visual, mas também a atengao, a memoria, o pensamento, a emogdo e a linguagem constituem processos indispensdveis para a construcio de nossas experiéncias e de nossa identidade subjetiva. A genialidade de Hermann Rorschach foi a de ter reconhecido a importancia destes processos psiquicos superiores na dinamica de personalidade. Mais que seu conhecimento médico e experiéncia clinica, a sua sensibilidade de artista, com sua extensa cultura humanista aliada ao rigor de seu conhecimento experimental, foram os motores responsaveis pela elaboracao da Prova de Rorschach. Partiu da constatacao de que, quanto menos padronizado e realista for um evento (ou objeto), maior sera a mobilizag’io dos recursos subjetivos do observador para interpreté-lo. A meméria, 0 conhecimento, os sentimentos e os recursos motores do individuo irao intervir na criagao dos significados. As manchas que compGem os estimulos do Rorschach possuem estruturas especificas, porém abertas; os estimulos fi- sicos que nelas encontramos correspondem ao material bruto do mundo captado pela visao. Ao olharmos para os estimulos do Rorschach, mais do que projetar nossos anseios e expectativas, nos construimos significados, criamos uma realidade pautada em) nossa experiéncia cultural e em nossas disposigdes psicoldgicas, normais ou patoldgicas. No trabalho mental que transcorre durante a Prova de Rorschach, o observador e intérprete atua como um artista ao) conceber a sua obra, criando imagens, cenas, objetos ou seres vivos segundo seu talento, estilo e interesse dominante. As suas cons” trugdes nao sao meramente convencionais ou factuais, como habitos cotidianos; mas, tampouco as imagens, assim elaboradas, sdo arbitrarias. Elas foram despertadas na consciéncia do observador Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretacao dos resultados ul pelas propriedades fisicas e configurag6es das proprias manchas, que servem de diretrizes ao seu pensamento € ao processo de evocacio, ao mesmo tempo em que, pelo fato de alguns estimulos serem cromaticos, também despertam sentimentos € reacoes imediatas. Os estimulos do Rorschach nao sao manchas amorfas pois, se assim fosse, nao permitiria qualquer atribuigao de significado. \ selecio das manchas e a seqiiéncia com que sao apresentadas 40 examinando foram efetuadas pelo criador da prova de modo jntencional. Todas as manchas apresentam qualidades pictoricas: 4s proporgoes de suas areas ¢ o modo como se distribuem no ©spago em branco facilitam a distingao entre figura e fundo; a “ontiguragao quase simétrica das manchas em torno de um eixo \ entnal (cuja definig&o varia em cada uma delas) facilita a atribuigao “|. significados pois, se elas fossem perfeitamente simétricas apenas am a constru¢io de imagens de objetos fisicos ¢ eatinulari ‘\ponsibilitariam a percepeao de seres vivos cuja simetria 6 sempre ‘ipetieita ec, por outro lado, se fossem totalmente assimétricas - any consideradas como meros borrées sem qualquer significado. +) e-ortes mais ou menos nitidos que encontramos ¢m porcdes 1) inchs facilitam o isolamento de reas, cuja pregndincia formal © poe Valengaio. Além do ritmo espacial, as propriedades fisicas 4) tiulos do Rorschach, como as suas diferentes cores, as oes de tons em sua superficie despertam na memoria do ) iindo a evocagao de experiéncias visuais relacionadas a +) | aiperficies concretas, 2 nogao de transparéncia. Associada “Hh oiies fons de luminosidade, a proporgao entre as diferentes +) daui mesma mancha sugere a percep¢ao de profundidade, “espace ova construcao tridimensional, na qual as dreas 4) percebidas como planos mais proximos. Em todas tis, we diferentes proporgdes entre as areas compoem . Je Limunho © os ngulos observados entre suas linhas 4) peteepelo de movimento. As linhas ascendentes ou 12 Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretagao dos resultados descendentes orientam nosso olhar sugerindo a diregao do movimento. Portanto, se os estimulos do Rorschach oferecem condicées para a produgao de uma grande variedade de imagens para os diferentes individuos que os examinam, esta variacao nao é infinita. As experiéncias comuns a todos os seres humanos e aquelas vividas em um determinado contexto hist6rico-cultural, do mesmo modo que norteiam a interpretacdo de todo observador diante de uma Cena nova ou inusitada, intervém na construgao de imagens a partir dos estimulos do Rorschach. Assim, nas respostas aos estimulos desta prova psicol6gica, € possivel distinguirmos os padrées visuais que orientam os modos de percepgao e de construcao mental comuns a espécie mas, também, as categorias de contetidos que expressam os interesses dominantes na vida coletiva e nos sentimentos mais profundos e individuais do examinando, O material que se obtém em cada protocolo de Rorschach pode e deve ser avaliado em confronto com os dados obtidos nas provas de uma populagao média padrao, ao mesmo tempo em que permite a andlise da dinamica especifica das construg6es individuais. Se a Prova de Rorschach nao se reduz a um simples Psicoteste, com respostas certas e erradas que sao medidas e— quantificadas em fungao de critérios empiricos como medidas de ‘ uma balanca, ela também nao permite as interpretacGes abusivas ¢ impressionistas, pautadas em intuicdo arbitraria ou em concepedes te6ricas fechadas e redundantes. Dai a originalidade deste exam psicologico, mas também a dificuldade que oferece para set aprendida. Constatando a riqueza do material oferecido pela Prova Rorschach, Anibal Silveira a concebeu como um paradi, experimental para o estudo dos processos psiquicos superioi e da dinamica de personalidade. Solidamente apoiado em sel conhecimentos psicolégicos e neurofisiolégicos, este cienti brasileiro desenvolveu um sistema pessoal de avaliacao. interpretagao dos dados oferecidos pela Prova de Rorschach, Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretacao dos resultados 13, Cada imagem da Prova de Rorschach é analisada, neste sistema, em fungao do modo com que processos psiquicos dominantes deram origem a sua construgao. No protocolo total, ‘is relagdes especificas entre os fatores que representam cada resposta permitem a elaboragao de indices indicativos da natureza dindmica dos sistemas psiquicos e esferas de personalidade mobilizadas durante a prova. Enquanto paradigma experimental, a Prova de Rorschach deve ser fundamentada em um modelo teérico do psiquismo H\imano, passivel de verificagdo empirica e, ao mesmo tempo, sulicientemente genérico e abstrato para o exame de processos eiquicos comuns a espécie. Embora nao caiba aqui a ce eosicso ‘itis profunda e extensa deste modelo concebido por Silveira, lito dele servir como diretriz para a andlise dos dados da Prova ‘/6 Horschach nos leva a tecer algumas considerag6es sobre o + onevilo de personalidade adotado pelo autor. Lucia Coelho Um esbogo do modelo teérico de personalidade ‘Adinamica psiquica do ser humano constitui um fendmeno complexo e evolutivo, no qual fatores biolégicos, em particular cerebrais, interagem com as condiges sociais de existéncia. A expressio individual desta dinamica corresponde a personalidade, cujo conceito em psicologia € ainda vago e problematico para a sistematizacao cientifica dos processos que ela abrange. Na ciéncia, a busca de coeréncia logica € conceptual se faz através da elaboracdo de modelos tedricos de referencia. Omodelo corresponde a uma constru¢ao racional de representago e de- limitagio de um campo especifico de fendémenos, com o obje- tivo de elucida-los. Baseando-se em postulados tedricos, 0 modelo cientifico atinge maior grau de abstragao e generalidade na re- presentagao de uma categoria especifica de fenémenos, ao mesmo tempo em que permite a avaliacao empirica de sua pertinéncia. Aconstrucio de um modelo abstrato de personalidade supde a distincao de estruturas mentais relativamente estaveis € suficientemente amplas para abrangerem processos psicolégicos que ocorrem em todo o ser humano. Apenas a partir de um modelo mais amplo do psiquismo poderemos esclarecer a dinamica de personalidade tal como ela se expressa em um individuo concreto cOes genéticas € constituigao e singular, sede tinica de dispos' biolégica estimuladas pelo ambiente soci 1. Desse modo, a dinamica de personalidade acha-se intimamente ligada a experiéncias interpessoais vividas pelo individuo de modo tinico em um dado momento hist6rico da cultura a qual ele pertence. A teoria de personalidade que adotamos tem suas raizes historicas na filosofia de Augusto Comte, criador da sociologia e que influenciou as concep¢oes: estruturalistas em antropologia © as concep¢oes sistémicas da atividade cerebral. Seguindo esta diretriz € baseando-se em concepg6es e experiéncias mais recentes da psicologia, neurofisiologia e antropologia sobre 0 psiquismo 16 Prova de Rorscha es gers el ao dos S > Rorschach: diretrizes gerais na interpretag’o dos resultados normal, Silveira elabora seu modelo te: de personal Este : ‘labora s odelo te6rico de personalidade. Este modelo parte do pressuposto da natureza social da espécie humana da espéci pois, para Silveira, todo bi i 6 ico requer , F Processo biolégico ou ogi ql Pp 4 icolos re a interagao social, condi¢ao p: rd ra i evi ia da 5 ig: rimordial para a s i obreviven ic espécie. Ele propde uma organizacao sistém evolutiva do: ‘ d ica e evolutiva dos fendmenos psicolégicos, express’o mais diferenciada e complexa 0 dife da atividade cerebral. : * eee Es A dinamica psiquica resulta da estreita ligacdo entre individuo e ambiente, considerados c Glos im. ema aberto, em : omo polos de um sistei bi id mi constante transformacao e reestruturaca la decorre de fungdes 0. El 2 f ‘corn fungd Asicas que se articulam de modo seleti rma sistemas que b: seletivo, formand evoluem com certo grau de regularic as ce fa ie de grau de regularidad le nas difere: a desenvolvimento do ser humano. A expressdo singular, em um individuo concreto, da dindmica psiquica assim con ida ‘oncreto, a psiqu i icebi corresponde a personalidade. Portani isti i ati i devemos distinguir entre a estrutura e a dinami- personalidade postulada pelo modelo teGrico e, como tal a _ % a comum a espécie humana, de sua expressao particular na exis- pes > 10 la téncia de cada ser humano. : Modelo Teérico de Personalidade: Unidades Estratégicas eds ae sh estr utr mais ampla deste modelo é concebida como : pos por trés esferas principais de personalidade: afetividade, ‘onagao e intel i ai | a ae a (ou cogni¢ao). Cada uma destas esferas série de fun¢gdes especificas is SA : icas, as quais sao interligadas entre si fc Ao, si intrit eae eee ego entao, sistemas intrinsecos em cada esfera mas antendo, com as demais, relacd ; , telagdes preferenciais atravé: ae : s : iais através das ig a ee as comp6em, configurando os sistemas extrinsecos. Estas s is ea, ae esferas so coexistentes na dindmica evolutiva da vee idade; porém, suas fungdes especificas so ativadas com rente intensidade e expressa xpressdo nas diversas fi = i dads iversas fases de : ‘senvolvimento individual. A distincao entre clas decorre da Xpressa is pressao mais relevante de seus atributos no ambiente. ova de Rorschach: direttizes gerais na interpretacio dos resultados v7 5 da esfera afetiva, 5 indispensaveis & estabelecimento Assim, da ativacao continua das fungoe: resulta a coordenagao subjetiva de proceso: sobrevivéncia do individuo e da espécie € ao hharmOnico e crescente de ligagoes interpessoai: ,¢ predominantemente como reacoes psicolégicas as condicdes do ambiente organico ou como expressio dos sentimentos no ‘ocial. O fato de, teoricamente, distingui impede a constatacao de modo harménico ntimentos is, expressando- ambiente s irmos na esfera \fetiva dois grupos dlistintos de fungdes, nao de que estes grupos atuem em conjunto € sendo que, com o amadurecimento psicolégico, os se passam a modular a expressiio dos afetos primarios. Esta distingao & considerada atualmente por neuropsicdlogos € pesquisadores cognitivistas, em termos de emocdes primarias € secun eles consideram que as expressoes das Ultimas, darias e, tal como Silveira, isto 6, dos sentimentos, baseiam-se em imagens mentais. las funcdes da esfera conativa resulta a atua- Da ativagio d: a iniciativa, cho subjetiva dos processos motores indispensaveis ao controle seletivo ea manutengio dos propésitos. Tais processos expressam-se basicamente na atividade explicita como habilidades motoras e atitudes corporais, mas também, como veremos, per- mitindo a transposicao das idéias € sentimentos no plano do 0, de modo a tornar eficiente o seu ren- comportamento manifest dimento. Estes processos conativos foram também estudados como “funcao postural” no exame do desenvolvimento da crianga por Wallon e seus seguidores. Da atividade das fungdes cognitivas resulta o processamento das informagdes do ambiente, através da observacao, da elaboracao. a, expressando-se como capacidade comunicagao simbédlic: de integragao a realidade. Desde Bruner, psicdlogos cognitivistas colingilistas realizam experimentos sobre estas fungdes e€ e ep sos intelectuais. No modelo de Silveira, est mantém fungdes de ligagdes preferenciais entre si. proces tes trés setores da personalidade 18 Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretagao dos resultados Lo Assim, as func6es da esfera afetiva estimulam continuamente as fungoes conativas de modo a mobilizar o desencadeamento de atos indispensaveis & sobrevivéncia fisica e social do ser h mano. Esta interacao se expressa Como motivagio. . Mas, ao mesmo. tempo, as fungdes da esfera afetiva estimulam aquelas e esfera intelectual, tanto no sentido do individuo buscar no ambiente as informacées indispensaveis a satisfacdio cea Pulsos e sentimentos, como para ele comunicar aos demais suas necessidades e desejos. Esta interacdo se expressa como aoe F As funcées da esfera conativa atuando sobre as da esfe: intelectual permitem a coordenagio seletiva e estavel, tanto Dioce o de observagio e de elaboracao das idéias, cane de = comunicacao através da linguagem. Esta interacao se express. através da ateng¢io. ‘ sr nek aa ask eins estimuladas tanto pelas cae ae 5s 10 pel 25 constvas também retroagem sobre im, a no¢ao, real ou imaginaria, atual ou evocada, do fato ol egy ecO no ambiente, nog&o esta apreendida aeaves da Pea ou da linguagem, produz impacto sobre as funcées aletivas, provocando a emogio. Dependendo da intensidade : da natureza deste impacto, a nogio pode mobilizar as funcé atetivas ligadas a sobrevivéncia (por exemplo em pee : poco) de perigo ou amea¢a) provocando emogdes eee a mobilizar 3 sentimentos (decorrente de aspiragées. Coe e alors estéticos ou religiosos) provocando emogoes Sociale mais diferenciadas. i - eee cee ship ES func6es intelectuais intervém sobre ene 25 litigindo seus processos de acordo com os sient ‘ados e as exigéncias da realidade. Este controle se expressa como orientagio, tendo sua expressao mais basica na orientaca \ temporal € espacial. : : 5 Processos centrais responsaveis pela integracao harmonica dos diferentes sistemas na dinamica de personalidade decorrem pyova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretagio dos resultados 19 das experiéncias interpessoais, tendo como base o vinculo afetivo que se expressa através dos sentimentos e, como principal ins- irumento, a capacidade de comunica¢ao simbélica. ‘A natureza abstrata e generalizada deste modelo de personalidade, aliada & possibilidade de verificagao empirica de seus postulados e 4 precisao com que foram definidos os seus conceitos chaves, permite sua aplicagao em diversos campos das ciéncias humanas e mesmo 0 exame de postulados de diferentes (corias psicoldgicas, inclusive da psicanalise. Ao mesmo tempo, cle orienta a realizacao de experimentos pontuais sobre os diferentes processos psfquicos, quer em. condigdes normais, quer patoldgicas. Baseado neste modelo, veira sistematizou os fend- menos psicopatolégicos ao mesmo tempo em que formulou uma classificagao das doengas mentais. Expressdes Comportamentais da Personalidade O resultado peculiar da atividade de cada uma das diferentes fungdes psiquicas das trés esferas de personalidade é que permitiu a postulagio teérica das unidades do sistema. Estas fungdes subjetivas foram deduzidas a partir da observagao de suas expressdes caracteristicas no comportamento explicito. Enquanto construgoes teéricas, elas se distinguem das fungdes im designadas por corresponderem a modos 2 de ligacao, concretos dos processos subjetivos estabelecerem ligagdes com © ambiente. Deste modo, estas fungdes nao dependem apenas das condicGes psicolégicas mas, também, das condigdes somaticas do organismo. Os seus resultados variam conforme 0 individuo, as circunstancias, o amadurecimento psicoldgico e, ainda, conforme 0 estado normal ou patolégico. Portanto, as fungdes de ligacao relacionam-se com os processos fisiolégicos e com fatores do ambiente, que constituem as condicdes modificadoras da expressaio da personalidade, oriundas do meio externo e das disposigSes genéticas. Ao mesmo 20 Prova de Rorschach: diretrizes gerais na interpretacao dos resultados tempo, as fungoes de ligacao permitem a expressao da dinamica especitica da personalidade, isto 6, do arranjo dinamico das fungdes Psiquicas entre as trés esferas, expressao esta que assume caracteristicas diversas, conforme o modo de se combinarem na adapta¢ao peculiar do individuo ao ambiente. Deste modo, a expressao deste arranjo peculiar e dinamico entre as fun¢6es subjetivas pode ser avaliada objetivamente através da observago sistemiatica do comportamento em termos de tracgos de personalidade. A combinagao especifica entre o conjunto dos diferentes tracos de personalidade e o respectivo meio de ligacao com o ambiente externo, corresponde ao temperamento. A expressiio “temperamento”, derivada de “témpera” sig- nifica, assim, a mistura de diferentes tracos de personalidade. Na constituicao, consideramos o conjunto de disposicdes Psiquicas e somaticas que regem 0 comportamento do individuo no mundo externo. Ela compreende tracos herdados e tragos adquiridos durante a evolucao individual, especificamente na fase embriondria, correspondendo ao substrato anatémico (encefalico © somatico em geral) ea expressao funcional, especificos a cada individuo. Portanto, o temperamento corresponde ao aspecto dinamico da constituigao, mas nao se confunde com ela. Mais dependente das condigdes ambientais, 0 temperamento é mais passivel de modificagdes do que a constituigdo. O componente morfoldgico da constitui¢do se expressa na configuragiio somatica objetiva do corpo do individuo em termos de bidtipo, enquanto o componente funcional, psiquico e fisiolégico, se apresenta como temperamento. O bictipo acha- se mais diretamente ligado as condic6es vegetativas do meta- bolismo, que expressam uma disposicao genética responsavel pelas teag6es individuais basicas aos estimulos do ambiente organico e interpessoal. Alguns tragos de personalidade assumem expressao mais complexa por dependerem da Participagdo conjugada de duas ch: diretrizes gerais eI dio dos resultados 21 Rorschach: diretrizes gerais na interpretacao dos rest Prova de ai Bs Sees osferas de personalidad: afetividade e ae fe : que definem a disposi¢ao de carater do indivi a iS ae : ifestacao da atividade explicita ocorre Sees as Ra oe ela € motivada pelo estimulo afetivo. Deste modo, awe indivic : sa suas no cc Meet Era ° ee te U p i disposicdes afetivas caracterizando @ sua m Pica Son Bi sy o carfiter expresse disposi¢oes mais ine @ dere a que se expressam desde cedo no modo da ia ; sae adios vinculos afetivos com os demais — ele poset ae sa re modificagdes, conforme o nivel de Sa tear ae Ae ee lo individuo e das condigdes dos estimulos am! ts oi orn estrutura de carater, ou mais abrangente oy ‘ (afetando também as fungoes afetivas primarias), conativas; mais rigida for comprometimento: ae menor sera a possibilidade de seen en eee seguir sintetiza as O esquema a seguir delo de personalidade:

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