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Texto Elizabete Neves Ilustragio Natalina Coias © nevele & emoqgses ee Porto Editora Elizabete Neves ® nevele de emogees Introdugdo Sao varios os estudos que apontam para a importdncia da inteligéncia emocional no desenvolvimento pessoal e social das criangas e como fator determinante no sucesso da vida adulta. Hoje sabe-se que nao é o quociente de inteligéncia da crianga que determina a maior ou menor possibilidade de sucesso, ‘mas, sim, a forma come esta se mostra capaz de reconhecer, expressar e gerir as suas emogées, bem como de se relacionar com os outros. Flas sao invistveis, mas esto presentes em todos os momentos do nosso dia. Elas seritem-se e influenciam a forma como pensamos, como interpretamos 0 ‘mundo, como agimos e como nos relacionamentos com nds mesmos e com os outros. As emopdes surgem quando menos se espera, moldam os nossos pensamentos, condicionam os nossos comportamentos e o modo como os outros nas vem. As emosées néo sto boas nem mds, mas podem ser usadas em nosso ‘favor ou contra nds. Por isso, e para um desenvolvimento integral, é fundamental ajudar-a crianga a-desenvolver a sua inteligéncia emocional, Conhecer e compreender a emogao proporciona 4 crianga um sentimento de seguranga e tranquilidade, garantindo- ~lhe que 0 que sente é normal, tem um nome e que existem formas de lidar com essas situagbes. Falar sobre emogGes com eriangas é garantir que estamos @ contribuir para um mundo mais assertivo, mais empatico e mais humanizado, na medida em que promovemos o desenvolvimento de adultos equilibracos, com elevado autoconhecimento, capazes de reconhecer as suas emogies e as emocdes dos outros e capacidade de autorregulagdo, com recursos para gerir cada estado emocional, de modo a atingirem os resultados ou as metas que pretendem. Este projeto surge da vontade em disponibilizar uma ferramenta que permita aos pais, educadores e professores, conscientes ¢ comprometidos com a sua missio de educar, ajudar as criangas a identificarem as suas emogdese a crescerem de modo mais confiante, facilitando © desenvolvimento da sua inteligéncia socicemocional. De uma forma hidica, simples e sentida, este livro ajuda os adultos a explicarem as criangas 0 nome ea importdncia das ermogdes. A educagao emocional ¢ transformadora e potenciadora. Exige paciéncia, ‘amore firmeza, mas os resultados sdo eriancas e adultos confiantes, equilibrados e felizes. Como acredito que “A COR E PARA TODOS", e como este é um & projeto cheio de cor, fez toda o sentido assaciarmo-nos ao ColorADD. coieran0 §—- cdc igo Color SDD ¢ um Sistema de Identificagiio das Cores que procura garantir a plena integragao de um piiblico dalténico sempre que a cor é fator determinante na comunicagao e na aprendizagem. Estima-se que 350 milhées de individuos (cerca 10% da populacao masculina mundial @ 0,5% da populagao feminina) sejam dalténicos. A incluso do eédigo ColorADD no livro tem por objetivo @ promoeao da inseroGo social de criangas com daltonismo. Incluir esta ferramenta, de uma forma lidica e divertida, neste livro possibilita que todas as criangas (com ou sem daltonismo) possam crescer familiarizadas com este “Alfabeto das Cores” e que us criangas com daltonismo possam, mais tarde, decidir e optar, com independéncia, sempre que a cor for um fator de deciséio. E fundamental que todas as criangas seja capazes, naturalmente, de associar uma cor a um simbolo. Trata-se de promover uma linguagem inclusiva associada a um tema tao pertinente como as emosdes e a capacidade de desenvolver competéncias socio- emocionais indispensdveis & vida adulta. Elizabete Neves Era uma vez uma menina chamada Marta. A Marta era muito curiosae gostava de explorar o mundo para descobrir coisas novas. Adorava pintar, dangar, correr e saltar. Por vezes ficava muito baralhada, porque sentia umas coisas dentro dela que nao sabia explicar. Certo dia, a Marta ouviu os pais dizerem que eram as emocées, mas continuava sem compreender do que falavam e tinha cada vez mais dificuldade em perceber e explicar o que sentia. Numa daquelas vezes em que estava a sentir coisas que nao sabia explicar, sentou-se no chao do jardim 4 de casa a pensar, e foi ent&o que ouviu uma voz... ss AASBA ¥ cys TOO aa fi Ge GSK 4 se r a | os — Ola, Marta! Estas boa? — perguntou 0 seu amigo Sukha. — Ola... —respondeu a Marta com uma voz triste. —O que tens? — questionou o Sukha, preocupado. — Isso também queria eu saber... — respondeu a Marta. — Sukha, hd uns dias, ouvi o meu pai dizer que, as vezes, as emogées nos deixam confusos. Eu acho que sao as minhas emogées que me esto a deixar assim... E como se eu tivesse dentro de mim um conjunto de fios todos enrolados, todos misturados, sem conseguir perceber 0 que s4o e para que servem — explicou a Marta. —Oh, Marta, e tu? O que sabes sobre isso a que chamam emogdes? — Nada... — respondeu a Marta, desiludida. O Sukha mostrou um grande sorriso e respondeu cheio de entusiasmo: — Oh! Entao estas cheia de sorte! Encontraste alguém capaz de te explicar tudo sobre as emogées! — Tu?! — perguntou a Marta, surpreendida. — Sim! Eu sei tudo sobre emagGes! — confirmou © Sukha, cheio de confianga. v Entdo, o Sukha comegou a explicar A Marta. —Sabes, Marta, as emocdes sao MENSAGENS que o nosso a cérebro envia ao nosso corpo, para que ele saiba o que deve fazer em cada momento. As emogdes s4o normais. Todas as a . a £ pessoas tém emocdes! Surpreendida, a Marta perguntou: % Ret —E normal eu sentir-me assim e nao saber explicar ‘o. que sinto?! — Sim, Marta, é normal! — respondeu o Sukha, muito seguro. — Se nunca te ensinaram a conhecer o que tu sentes e a dar-lhe um nome, como podes tu explicar as tuas emogGes? _ -_ —_ —<_ © Sukha sabia mesmo o que eram as emogGes, e ainda tinha mais coisas para ensinar 4 Marta. ~ Lembra-te, Marta, todas as emog6es sao nossas amigas, porque tém sempre uma mensagem muito. importante para nos transmitirem. Mas, para entendermos aquilo que nos dizem, primeira temos de as conhecer. E, de sorriso no rosto, o Sukha continuou: — Disseste que tinhas dentro de ti muitos fios, todos _ emaranhados, certo? — perguntou o Sukha. — Certo! — confirmou a Marta. —Ent&o, imagina que este novelo sao esses fios que sentes dentro de ti... assim, todos misturados, todos enredados, mas muito coloridos! Agora, faz de conta que cada fio é uma emoga4o, que tem uma cor s6 sua e um nome so seu. O Sukha entregou o novelo 4 Marta e disse-lhe: — Pensa numa cor e puxa o fio da cor que escolheste. A Marta pensou um pouco e escolheu o primeiro fio. — Pode ser este — e puxou 0 fio rox, —Roxo éa cor da medo! - explicou o Sukha.--O medo é uma emogao que aparece quando te sentes em perigo ou quando acontecem coisas que desconheces. A fungao do miedo é proteger-te, Marta! Esta emogao é um alerta enviado pelo teu cérebro para estares atenta. E como se ela gritasse: “Alerta, seguranga, alerta! Presta atengdo a tua volta e vé se hd algo que te pode, realmente, fazer mal.” é verdadeira Quando o medo assume © comando, o teu coragao bate mais rapido, as tuas maos poder ficar suadas e, as rca hort rol Meh aaa orn Ve MeL se [e (ara iptere) aT (erd Lembras-te daquela vez em que ficaste sozinha na sala da musica? — perguntou o Sukha a Marta Sim, lembro-me. Fiquei com Medo porque nao conhecia aquela sala, e o meu coragao comegou a bater muito dep ix ual leo W A eta} Se Modal ero tge Ue cKO RSI ig MCT Escolhe outro fio. im ee AN a — Pode ser 0 amarelo! - exclamou a Marta. - Amerelo € a cor da alegria! — explicou o Sukha, — Esta emog&o conquista o teu corag&o e todo 0 teu corpo, quando consegues ter algo que querias muito ou quando coisas boas acontecem. ( A + ~~) © quer que tu repitas os momentos bons e que os partilhes com os outros. Aquilo que o teu cérebro diz ao teu corpo é: Parabens, Marta! Conseguiste Tu sabes, Marta Quando sentes alegria, 0 teu coracdo esta feliz! Lembras-te quando terminaste aquele puzzle muito grande?! — Oh}! Fiquei tao alegre! — disse a Marta. — E agora jA sei que, quando marquei aquele golo na escola, y © meu corag4o sorria, porque eraa | 0") 9 a dizer: “Conseguiste!” - Agora, escolhe outra cor — pediu o Sukha. — Ora... 0 vermelho! — escolheu a Marta. c ~- Vermelho é a cor da raiva — esclareceu o Sukha. — Esta emogao toma conta de ti quando nao consegues algo que desejas muito ou quando te sentes atacada ou desrespeitada. Araiva quer defender-te e diz ao teu corpo: “Defende-te ja! Ataca!” Mas é preciso teres muita atencao, porque, por vezes, araiva mene MO € justa e podes magoar os outros... Quando a emogao da raiva surge, parece que vais explodir, ficas agressiva e revoltada. Se estiveres atenta, reparas que fechas as tuas m&os com muita forca, que bates com os pés nos chao... As vezes, até dizes coisas menos bonitas aos outros. — Ja me aconteceu... — disse a Marta, com tristeza. — No outro dia, o Luis destruiu a minha construgao de blocos, e eu fiquei cheia de raiva. Gritei com ele e depois chorei muito, Sé fiquei mais tranquila quando ele me pediu desculpa e me ajudou a reconstruir tudo. —Olha, Marta, ainda temos dois fies! Qual é que preferes agora? — continuou oe Sukha. —O fio de cor azul! —decidiu a Marta, entusiasmada. ~ Ora, A cor azul corresponde a tristeza. Esta emogao aparece quando sentes que perdeste alguma coisa ou alguém. A tristeza é muito importante, porque te ajuda a acalmar, para depois compreenderes melhor o que te aconteceu. A tristeza diz-te: “Algo nao esta bem! Tens de parar e pensar sobre o que te esta a deixar triste e, depois, tomar uma decisao ou pedir ajuda!” Por isso, quando estas triste, também das um sinal aos outros; estas a dizer-lhes que precisas de ajuda. Sabes, Marta, quandoa tristeza te comanda, © teu corpo fica sem energia, e nao é facil ver as coisas boas, Os ombros ficam caidos e 0 olhar no chao... Preferes ficar sozinhae até podes chorar! — Pois — concordou a Marta —, quando tu chegaste ao pé de mim, eu estava triste... estava mesmo .a precisar de ajuda para descobrir © que estava a sentir! — E isso mesmo, Marta! — exclamou o Sukha. — Também pode acontecer quando perdes um brinquedo ou quando alguém te diz uma coisa de que nao gostas! aia f ~ i az a mae eee, = mi) Wah, | —Sukha, agora s6 temos a cor verde! Qual é o nome desta emogao? — perguntou a Marta, curiosa. Cheio de alegria, o Sukha continuou: — A cor verde, Marta, corresponde of @ aVersao, e chega quando o teu cérebro diz ao teu corpo: “Afasta-te. Pode fazer-te mal!” Esta emogaéo preocupa-se com a tua 4 satide e com o teu bem-estar e quer que rejeites tudo que te faga mal. E por isso que, as vezes, ficas com NOjO e te oe 2 apetece vomitar — explicou o Sukha. — Estou a lembrar-me daquela vez que caiu uma mosca na minha sopa... Eu fiquei com aVErsa0 e nao consegui comer mais! Fiquei com nojo e queria vornitar! — contou a Marta, divertida. — Sabes, Marta, nao és uma pessoa ma s6 porque sentes medo, alegria, raiva, tristeza ou aversdo. As emog6es sao normais. O importante é perceberes qual é a emogao que estas a sentir e o que ela te quer dizer — explicou o Sukha. — Ja sabes que cada um desses fios, que dizes ter dentro de ti, tem uma cor e que cada cor corresponde a uma emogao diferente. Sempre que separares os fios, podes dar- -lhes um nome e arrumd-los em novelos. Assim, conseguirds perceber o que sentes em cada momento! E agora, como te sentes?! — Acho que sinto... uma grande alegria dentro de mim! — exclamou a Marta, entusiasmada. — Obrigada, Sukha, por me teres explicado o que sao e para que server as emogGes. A Marta aprendeu a conhecer as suas emogées, a dar-lhes um nome e a arrumé-las, uma a uma, no seu préprio novelo. © nevele ce emogses O novelo de emogées desenrola-se em torno de uma menina que nao sabe o que se passa com ela, pois sente algo que nao consegue explicar. Eis que surge o seu amigo Sukha, e através de um novelo de la imagindrio, constituido por cinco fios de cores diferentes, todos misturados, correspondendo i cada uma uma emogao priméaria, vai demonstrar que o que ela sente sao emogdes. Com exerplos do seu dia a dia, Sukha. vai ensinar Marta a reconhecer as emogGes, que nao sao boas nem mas, mas que nos transmitem sempre uma mensagem. ‘Cabe a cada um de nés descobrir qual é! wees. | “mii Sareea

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