You are on page 1of 30
FCE/UFBA - Texto de Circulagao Interna, -5 Produtividade: Conceitos e Medigdes José Afonso Ferreira Maia UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE CIENCIAS ECONOMICAS DEPARTAMENTO DE TEORIA ECONOMICA Produtividade: Conceitos e Medigdes Salvador ~ Bahia 1993 SUMARTO 1 EVIDENCIAS HISTORICAS..........45 JUESTORS GONCETTUATS -3..%u)c uw usereaieuein asaya s7e ines ae Seis a 3 DEFINTGAO DE PRODUTIVIDADE......... 1 Produtividade e Utilizagio de Recursos 2 Produtividade é uma Razio 3 Produtivadade é uma medida 4 Outros enfoques 5 A concepe%o japoneza de produtividade 6 Produtividade & eficiéncia? 7 8 3 Produtividade versus eficiéncia Produtividade e a raz%o benef icio/custo Produtividade versus bem~estar 4 FONTIES DEIBRODUTIVLDA BE ween tagia dets nis a neither ete A MEDIGAO CONCEITUAL DA PRODUTIVIDADE hanes sie te 1 Produtividade total 2 Produtividade parcial 3 Produtividade departamental 4 Produtividade especifica 6 A MEDIGXO DE MUDANGAS DE PRODUTIVIDADE. 6.1 Indices de incremento de produtividade 6.2 Indices de Incremento de produtividade do trabalho Ent coer 7 QUESTOES SOBRE 0 METODO... 8 A PRODUTIVIDADE DOS FATORES CAPITAL E TRABALHO: um estudo de caso para o setor quimico-petroquimico no Estado da Bahia...... 25 9 ASPECTOS OPERACIONAIS...... REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS PRODUTIVIDADE: Conceitos e Medicées | José Afonso Ferreira Maia 1 EVIDENCIAS HISTORICAS A melhoria no padréo de vida depends, em grande parte, do correspondente e constante acréscimo na produtividade. Uma maior parcela da renda de uma sociedade pode ser produzida simplesmente através da meThoria na eficiéncia do sistema produtivo. Esta depende, por um lado, da escolha tecnolégica, da melhor adequagao dos recursos compativeis com os respectivos pregos relativos, da escala 6tima de producko que minimize o custo médio de um produto © que imize o ! consumo. Por outro lado, dos investimentos em capital fisico e humano, a stabilidade das politicas econémicas e sociais, garantem 9 dinamismo auto-sustentavel de uma economia e de maiores padrées de bem estar social. A produtividade tem sido um dos elementos importantes na histéria das economias desenvolvidas e constitui condig&o necess4ria para a garantia de maiores niveis de eficiéncia e meThores condigses de competitividade internacional. © movimento da produtividade como instrumento de politica econémica toma uma ens&o institucional com a recuperacio da Europa Ocidentai e do Japio no decorrer dos Uitimos 40 anos, quando © focus da ateng’o da politica econémica era voltada para a recuperagéo dos pafses devastados pela II Grande Guerra Mundial. Ademais da énfase dada ao crescimento econémico destes paises, mudangas nas estruturas jindustriais se tornavam necessdrias, independente da extensdo do uso das quatro categorias de insumos, chamados trabalho, capital, materiais e servicos. Especialmente as mudangas estruturais no emprego e na composi¢&o da produgo voltada prioritariamente para bens de consumo ocorreram expressivamente naqueles paises. lEste trabalho 6 parte do projeto “Andlise de Eficiéncia da Indistria Quimica-~Petroquimica no Estado da Bahia", que tem contado com a colaboragio dos seguintes alunos dos Departamentos de Contabilidade e Teoria Econdmica da FCE/UFBa. e bolsistas do CNPq. : Andrea Costa Magnavita, Bruno Neiva Maracajdé, Cristina Argiles Sanches (Mestranda), Christiano Lima Braga, Elizama dos Santos Ribeiro (Economista), Gerardo Ramirez Badilla, Gurgel Eduardo Mota de Oliveira e Marcia Tereza Tude Ferraz. Entretanto, os erros e omissées ficam sob a inteira responsabilidade do autor. ’Professor do Departamento de Teoria Econémica da FCE/UFBa e Bolsista do CNPq. 0 Professor Kenderick no seu famoso estudo sobre a tendéncia da produtividade nes Estados Unidos, afirma: “The story of produtivity, the ratio of output to input, is at heart the record of man’s effort to rize himself from poverty”. A Produtividade total estimada pelo Prof. Kenderick durante 63 anos nos Estados Unidos (1889-1957), foi responsavel por 50% do crescimento econémico, correspondendo os outros 50% ao uso adicional do capital e trabalho. © Relatério do Consetho Nacional de Desenvolvimento Econémicg do Reino Unido, “Growth of the United Kingdon Economy to 1966",¢ considerando apenas a produtividade parcial do fator trabalho, atribuiu significativa importancia & produtividade do trabalho como um fator no crescimento econémico, indicando que o produto por trabalhador anu cresceu 3,2% em média durante o periods de 61 a 1966. 0 Governador do Banco de Reserva da Australia encontrou um aumento anual de 3,5% do seu crescjmento econémico da Australia, devido a produtividade do trabalho. 0s Japoneses, desde a fundagio do Centro de Produtividade do JapZo (CPJ) em 1955 tém liderado o movimento de produtividade como forga propulsora para tornar as industrias eficientes e compatitivas nos mercados mundiais e assim contribuir para o desenvolvimento nico do Jap&o. Estudos mais recentée indican que a economia Japonesa cresceu 9,2% (PIB per capita a preccos constantes), na década de 1963 a 1972, contra 2 a 5% nos Estados Unidos € na Europa. Esse crescimento rapido foi apoiado por um aumento fantastico em sua produtividade industrial, particularmente no setor manufatureiro. Segundo Dorothea Werneck (1991)* no perfodo de 1970 a 1975, © PIB per capita do Jap&o cresceu a uma taxa anual de 3,5%, comparado com 1,9% nos Estados Unidos, 1,6% na Gra- Bretanha e 2,3% na Alemanha. No mesmo periodo a produtividade da m&o de obra do setor manufatureiro no Japao cresceu 174%, contra 58% nos Estados Unidos, 48% na Gr&-Bretanha e 67% na Alemanha. 4 J.W. Kenderick, “Productivity Trends in the United States”, Princenton Press. 1961. ‘National Economic Development Council: Growth of the United Kingdom Economy to 1956". H.M.S.O., London, 1963. 54.c. Coombs, “Some Ingredients for Growth", The Shann Memmorial Lecture for 1963, University of Western Australia Press, 1963, p.3. 9 Movimento da Produtividade no Jap&éo". IPEA, Documento Avulso/n@1, Abril de 1991, p.17. 3 Outra mudanca estrutural na composi¢zo do emprego e des insumos ocorre na década de 8. Por exemplo, no Japc, 50% do capital investido decorreu da menor utilizagdo de m&o-d2-obra 2 da instalagio de equipamentes de automagio, r consumo oe energia ¢ matérias-primas. 0 esforco das . desenvolvimento no Japic (40 bilhoes de célares por ano, contando com 340.000 pesquisadores, contra 690.000 pesquisadores nes Estados Unidos - embora este numero represente, aproximadamente, a mesma taxa per capita) promoveram as inovacSes tecnolécica: contribuiram com 40 a 50% para o crescimento do PIB. crescimento econémico por sua vez gerou noves empre consideravelmente maior do que o desemprego estrutural causado pe liberagao de m&o-de-obra devido a introdugio de novas tecnologi poupadoras de m&o de obra. Soo 2 QUESTOES CONCEITUAIS A produtividade dos fatores de producio, trabalho e capital especialmente, como medida de desempenho da produgdo, pode ser vista como um indicador de eficiéncia com que a forga de trabalho, influenciada pela motivagao e pela habilidade individual, utiliza © capital e a tecnologia para transformar recursos disponiveis em bens de produgSo e consumo para a sociedads. Em todas as ciéncias, torna-se necesedrio definir prec os conceitos com os quais se constroem as teorias. Estas teorias formam parte do corpo cientifico de um determinado campo co conhecimento quando s&o comprovadas pelo mundo empirico. Desta forma, tais conceites cevem ser precisos para gerar mod&los analfiticos consistentes e se possivel sujeitos a observacdes e medigdes quantitativas ou qualitativas. Somente assim a ciéncia se expande, incorporando as teorias que sdo empiricamente ccmprovadas e refutando aquelas que nio passam pelo teste empirico, Por exemplo, "forga” e “energia” s&o conceitos que tém significades precisos em fisica, embora tenham sentidos bastante distintos na Vinguagem dos leigos. Em economia, como em qualquer ciéncia precisamos também definir conceitos precisos para facilitar a comunicagao, o seu entendimento e a sua aplicagdo nos modelos de avaliagéo e assim permitir comparagSes de eficiéncia com que os recursos fisicos e humanos s&0 utilizados pela sociedade. Dentre estes, o conceito de produtividade tem sido muito alusivo e por esta raz&o tanto dificil de ser entendido e aplicado empiricamente para se fazer avaliagves @ comparactes do desempenho das economias, setores, firmas ou atividades especificas. 3 Definigdes de Produtividade. varias definic#es tem sido formeladas produtividade. 3.1 Produtividade e utilizagao de recursos: a) “.., Capacidade com peder utiljzado para fazer au prover bens © servicos tendo valer de troc b) ".., Utilizagao de recursos om relagdo a aigum padrdo."?. 3.2 Produtividade 6 uma Razdo: ados a uma dada a) "... Razio eqtre predute @ insumo ass atividade produtiva”;* b) “... Qualguer razdo do produto de um trabathader, mAguina, planta ou industria com relag%o ao montante de um dos fateres. de produgao usado, ou,com relagéo A soma ponderada do montante de dois ou mais fatores";! 6) "... € a razio entre unidades de resultades obtidos © unidades do esfargo ou gasto requerido para obter aquele Brodute”; a) “... Produte por univade, de sequéncia de periodes comparades";* ngumo agseciado am uma e) "... € sempre uma raz%o de produte com relacke a insumos ou ‘the Meaning and Measurement of Produtivity, Industrial Relations Research Association, Industrial Produtivity Publication No.7, Madison, 1951. ‘predutivity Measurement, I, Concepts, Paris, Organization for European Economic Cooperation {August 1955), p.34, ‘Irving H, Siegel, Concepts and Measurement of Praduction and Productivity (diss, Columbia, 1851), p.17. "07.8. Gasterfield, “British Management’s Uses of Productivity Indices,” Manager, XXI, No, 2 (February, 1953) p.37. ) charies $. Young, “The Productivity of Laber in Manufacturing,” Dun?s Review, LV, No.2228 (Abril, 1947), p.21. “productivity Measuremente, Ibid., p.49. 5 insumo" 3.3 Produtividade 6 uma Medida: a) Madida de desempenho ou potencial b} + twedigzo do trabalho com um relégie dz so 3.4 Outros Enfoques: . Produte obtide por recursos expandid Qualidade ou estado de ser pradutive 3.5 Produtividade 6 eficiéncia? a) “..,Razo na qual convertemos trabalho mat bens sgrvicos titeis...uma medida de nos: econémica”;?, 6)". 1. Uma medida de eficiéneia com a quai os recursos e&0 utitizades no trabalho c) ".., Uma medida de eficiéncia com @ gual os recursos, stic convertidos em mercadorias e servigos desejados pelo homem” ;”° @)"... Pilastra para a eficiéncia liquida de nosso Salomon Febricant, “Which Productivity,” The Monthly Review, Vol.25 (dune 1962), p.609 “p.o. Steiner, "The Productivity Ratio: Some Analytic Limitations,” Reyiew of Economics and Statistics, XXXII, No. 4 (November 1960), p.322. “karl gorch, "Tnput-Outeut Analysis as a Basis for Productivity Measurement," Productivity Measurement Review, No.1 {May 1956), p.5. 1! the Meaning and Measurement of Productivity, Zbic..p.3. " dbid. spit. Nour miracle of Produtivity, U.S. Chamber of Commerce Economic Research Departmant and the News and Information Departmente, Bulletin no.30 (Apri? 20, 1954), p.2. produtivity, the Last Frontier," Monthly Bulletin of the Federal Reserve Bank of Chicago (May 1958), p.13. ®solomen Fabricant. Basic Facts on Produtivity Change. National Bureau of Economic Research, Occasional Paper No.63, New York, 1959, p.1. industrial em produzir bens para o consumidor final 3.8 A Concepgio Japonesa de Produtividade: 8) Produtividade € 0 dinami organizagties diante de ambientes em mudancas”; f) “Produtividade sianifica o esforgo de agapt: @ humanidade e harmonizar civilizacac e culture’ 3.7 Produtividade versus Eficiéncia Como. vimos acima, Algumas def inigSes descrevem 2 produtividade como a “eficiéncia” de fazer algo. Esta interpreta é incorreta porque eficiéncia 6 um conceito rejative a um nivel maxima teoricamente definido e que pode ser quantificado 6 expresso em termos percentuais, enguanta produtividade € um concsito abscluto, nfo definido, em termes de um nivel maximo, @ sendo assim ako ce pode oxpressd-la percentualmente. £ um conceite empirice, uma raz&o que quantifica, por exemplo, produto(s)/fater(es), expressos em termes Fisicds ou em valores monetarics, Os conceitos de eficiéncia tecnoldégica, alocativa, e de estaia, - que simultaneamente definem a eficiéncia econdmica - derivan de uma solug&o dé otmizagas, seja privada, econdmica social a, portants, tam uma grandeza definida, para um daco est. das ertes e/ou fungdo objetiva social dos agentes privados, da sconomia come um tedo, ou mesmo de uma furigio objet! que incorpora também elementos sujeitos a juizo de valor, n&o econémicos, & uma medida relativa a algum valor maximo ou ébimo que pode ser tomado como paraémetro ¢ assim compardvel teérica ou empiricamente. Em resumo, na andlise econdmica, eficiéncia pode ser enfocada e medida do ponto de vista privado, do ponto de vista econémico, & Finalmente, do ponto de vista social. Para estes trés conceitos, dada uma determinade tecnologia disponivel, uma estrutura de mercado para fatores e produtos, existe um valor maximo alcangavel tal como o lucro do ponto vista privade, ou excedente econémico (minimo de custe médio © méximo de produto) do ponto de vista econémico, e Finalmente, um étimo de bem estar social que incorpora na fungdo cbjetiva social elementes sujeitos a juizo de valor (crescimento econémico, distribuigdo de renda pessoal e espacial, emprego, etc.). Entretanto, nao existe nada com respeito & magnitude de produtividade que implique qualquer taxa percentual, Uvarry Jerome, "Measurement of Produtivity Changes and the Displacement of Labor," American Economic Review, XX¥1Z, Supptement (March 1932), p.32. 2dorothea, op. cit. pg. 15. a um valor maximo ou qualquer étimo social definido. Em andlise econémica, produtividade é um conceito e uma medida em si, gue somente tem sentido analitico quando condicionada a Privada, econémica e socia ciénc Vale ressaitar que, embora produtividade e eficiéncia sstejam geralmente correlacionadas positivamente, isto n&o acontece sempre. Em qualquer momento que um recurso produz algo em maior ou menor escala, ele & mais ou menos produtivo, mas nao significa que ele estd produzindo eficientemente, seja do ponto privadc, econdmico ou social. Fazendo-se comparagdes, em termos de uma andlise fisica, podemos dizer que um recurso que é mais produtivo do que outro pode ser mais, menos ou igualmente eficiente. Por exemplo, uma lampada incandescente de 100 watts é mais predutiva do que uma de 10 watts fluorescente porque aquela produz uma maior quantidade de luz, mas a lémpada fluorescente 6 mi eficiente porque ela produz maig luz de cada quilowatts-hora de eletricidade. Alternativamente, uma lampada fluorescente de 100 watts 6 mais produtiva do que uma laémpada incandescente de 100 watts, porque aquela produz uma mai quantidade de luz e mais eficientemente, porque usa o mesmo montante (100 watts) de eletricidade. 3.8 Produtividade e a Razio Beneficio/Custo: Podemos definir po: Epi; RT/OT = Eayxj onde, pi e yi s&o, respectivamente, os pregos e produtos vendides pela firma e qj e xj so os precos e insumos comprados pela firma. Esta é uma expresso originada do conceito de lucro e, como aquela depende das flutuag3es dos pregos dos insumos e produtos, das distorgSes de mercado e flutuagdes de precos e isso nada tem a ver em si, com a relagéo fisica de produtividade. Assim, o lucro depende mais dos pregos do que das relagdes técnicas dos insumos. Tendo a expressio acima em mente, analisemos agora comparativamente o conceito de produtividade versos os conceitos de lucro (eficiéncia privada), excedente econdmico (eficiéncia econdmica) e bem-estar social (eficiéncia social). Tomemos inicialmente uma empresa com grande margem de tucro, ou com uma relagio beneficio custo acima do normal. Significa que esta empresa 6 mais ou menos produtiva do que outra com uma margem de lucro menor ou uma relagao beneffcio/custo menor? Evidente que nZo. Tudo depende das condigses da eficiéncia tecnoldgica, alocativa ¢ de escala, Ambas podem usar a mesma tecnologia, mas usarem os recursos, digamos, capital e trabalho em proporgdes diferentes, seja porque se defrontam com distintos pregos relativos destes fatores, seja porque gozam de diferentes franquias 8 governamentais tributr4rias e/ou crediticias. Assim, uma das empresas pode ser mais produtiva, ou seja, gerar um maior lucro por uso de insumos, embora seja menos eficiente, em termos privado e econdmico. De outra forma, podemos dizer tamb4m que o uso de um equipamento moderno, artificialmente valorizado, por exemnlo, devido a subsidios crediticios e/ou isengdes de impostos, nao significa que esta empresa 6 mais eficiente em termos econémicos do que uma outra que goze destas mesmas franquias. uma empresa pode deter um grau de monopélio bastante alto para a venda de seus produtos e ou um grau de monopsdnio compras de seus insumos, tendo em termos contdbeis precos artificiais nos custos e gozando de um alto grau de “mark-up” na venda do seu produto. Esta empresa poderé apresentar uma taxa de lucro maior, mas nfo necessariamente as escolhas tecnoldgicas e alocativas no uso dos recursos sto eficientes, nem t&o pouce a escala de prod: 6, necessdriamente, aquela que minimize o custo médio e maximi produto para o consumo da sociedade (eficiéncia econémica). Finalmente, uma empresa pode até estd operando a um nivei maximo de eficiéncia econémica, (i.€. aquela que simutaneamente definida pela eficiéncia tecnolégica, alocativa e de escala), mas no seja aquele valorado nao economicamente pela sociedade. Podemos conceber uma empresa de utilidade publica, que por razées sociais deva operar em um nivel de custo médio acima da receita média, conduzindo a prejuizos e consequentemente subsidiada c pubiico para que se mantenha em funcionamento e atenda, por exemplo, 9 consumo de uma classe scciai de poder aquisitivo mener. Ora, 0 subsidio nada mais é do que uma transferéncia de outras atividades ou empresas, ou grupos sociais que foge totalmente da racionalizag&o puramente econémica. Entramos ai no campo subjetivo, no campo das valorizagées subjetivas do que deve ser ou no campo da andlise normativa, e nZo na andlise econémica positive. Com isso nZo quero dizer que a andlise normativa, substrato essencial das decisdes de politica econdmica n&o seja importante e mesmo essencial, especialmente nas economias com grandes distor¢gées sociais e estruturas de mercado imperfeitas. Porém, mais importante ainda 6 fazer com que a andlise econémica positiva, incorpore de forma padronizada estes elementos subjetivos e assim venha permitir ace fazer andlise comparativa da eficiéncia social na alocagao dos recursos escassos. 3.9 Produtividade versus Bem-Estar Que podemos fazer em termos empfricos? Vejamos alguns exemplos em modelos operacionais. Tomemos uma sociedade com duas mereadorias (y).¥), @ somente o fator trabalho (L = Ly + by) como jnsumo, com 100" unidades disponiveis utilizadas na producdo de yi e y, respectivamente. Sendo Ly, = Horas/homem na produgo de yy © Ly = "foras/homem na produgdo We yy. Suponhamos que as relacte’s tecnolégicas de produgdo sejam representadas pelo vetor (1,1), 0 9 qual significa que uma unidade de trabalho produz uma unidade de consumo de y, € yy. Ent&éo, a fronteira de possibilidade de produgdo ficaria representada pelos vetores (y,, y, = 100-y,) ou pela equagao (y, +. ¥) = 100) Suponhames que, inicialmente, a producio seja distribdida igualmente (y,; = 50, y, = 50), © consequentemente o trabaiho fica igualmente distribuido em 50 unidades destinadas para y, @ 50 unidades para y,, conforme indicado no Grdfico 1. Gréfico 1 Suponhamos agora que a produtividade (eficiéncia tecnolégica) média da primeira indéstria é dobrada. Assim, podemos representar no Grafico 2 0 vetor tecnolégico por (2,1), e a fronteira de possibilidade de produgao pelos vetores (yj, 200 ~ y, = y,) ou pela equagio (200 = 2y + yj). Como ficaria definido quantitativamente © vetor de produgio? Neste caso, temos que fazer supostos adicionais com respeito a demanda, ou seja, a fung&o de preferéncia da sociedade, uma vez que nao necessariamente, e muito provavelmente, a alocacio de recursos eficiente (aquela que equilibraria oferta e demanda), nao seria dada pela solucio técnica (y, = 100, y, = 50). Ou seja, n&o necessariamente o melhor nivel de’ bem-estar dos consumidores (eficiéncia econémica) seria distribuido entre 100 unidades de yj e 50 unidades de y, indicada pela posigao P,. Tomemos, como medida de produtividade, o indice dado pela relagao: 10 T= Cy, + ¥y)/(Ly + by) (2) @ suponhamos entdo trés possibilidad produgao representadas pelos Graficos 2, os pontos de equilfbrio dtimo das representadas por Ej, &% © &. i) No Gréfico 2, suponhamos que a produgdo de y, seria duplicada - - usando a mesma quantidade de insumo conforme 2 mudanga tecnoldgica para este produto, ¢ a de yy permaneceria igual. Entdo, se tomarmos a nova distribuigdo inic da predugdo e dos fatores como base, teremos o indice de produtividace dado por: I, = (100 + 50)/(50 + 50) = 1,50; (2.4) Fagamos uma andlise estati tive: 3 duas situagées. Suponhamos que na situacao original, mostrada no Grafico 1, a escolha Otima da sociedade fosse definida pelas demandas de y; Gréfico 2 \ ec 2 Us) Holt, 4,) W = 50 € % = 50, conforme o ponto de tangéncia da fungdo de utilidade Ul yp 72) - Com a cuplicagio da produtividade a nova fronteira dé produgio seria descolada para a direita © a nova posicao de escoiha dtima seria dada conforme a estrutura de preferéncia da sociedade e indicada pela nova curva de indiferenga U(4.¥%4)+ representando um nivel de bem-estar da sociedade mais elevadd. Este novo ponto de equilibri étimo (P2) poderia definir uma outra composi¢%o de demanda que n&o necessariamente seria dada por: y,=100; y=50 na posigiop Py. A titulo de ilustracko poderiamos Supor A escoiha stima dada peld composigio de cemarda: y, = 70; ¥» = 60, no ponto de eauilibrio étimo (P2). Comperando-se P2 com Pt podemss facilmente demonstrar que o nivel de ben-estar da sociedade seria maior em P2 do que em P1, uma vez que a curva de indiferenca tangenciando a restrig&o tecnolégica dada por y, = 200, y, = 100 na posigéo Py esté em um nivel mais alto do que aqueia que tangencia na posig&> P;. Este mesmo modelo de andlise estat 1 tica comparativa est4 indicada nos Grdéficos 3 e 4 para que o leitor por si possa analisar. Grafico 3 20h 12 ii) No Gréfico 3 a producto de y, = 50 se manteria no nivel inicial dado pelo Grafico 1 e a de y, = 100, seria aumentada para 75. Tomando-se a quantidade inicial de trabaiho (ty + L, = 100) a sua distribuicio ser4 feita para atender a restricao y, = 50. Entdo, necessariamente, L, = 75 el, = 25. O indice de produtividade seria dado por: . I, = (50 + 75)/(26 + 75) = 1,25; (2.2) iii) Na terceira hipdtese a produgdo seria igual para os dois produtos, portanto teriamos que alocar o fator trabalho levando-se em conta que a produtividade do processo produtivo de y; continuaria sendo o dobro da de y,. Assim, em valores aproximados, temo ° (66 + 66)/(33 + 67) = 1,32; (2.3) Grdfico 4 % Fica portando demonstrado, neste simples exemplo, que a andlise da mudanga tecnoldgica do lado da oferta diz muito pouco sobre a solugio final da composig&o do produto para atender a demanda, e desta forma atender a alocagdo eficiente dos recursos disponiveis e garantir a eficiéncia econdmica. Este exemplo suporta © que foi discutido anteriormente, sobre as possiveis divergéncias entre © conceito de produtividade e de eficiéncia. 13 Tudo que podemos dizer é que a mudanga tecnolégica torna possivel um aumento na produg&o e no bem-estar ou no nivel de utilidade da Populagdo, mas n&o necessariamente garante a eficiéncia econémica e social. Produzir mais tanques ou meemo mais residéncias, hospitais, ou qualquer outro bem, n&o significa que a sociedade esteja obtendo o maximo de beneficios com os recursos disponiveis. Somente o equilibrio entre a oferta e demanda, dada a eficiéncia tecnolégica, alocativa e de escala é que garante a eficiéncia econémica. Por sua vez, somente a partir de um certo nivel de eficiéncia econémica 6 que uma sociedade pode garantir a eficiéncia social em algumas atividades, mas nao em todas. Eficiéncia social implica na transferéncia de recursos das atividades com eficiéncia econémica ou privada. Portanto existe um limite sustentdvel para os decisores de politicas sociais transferirem recursos, do contrario © sistema econémico como um todo se hipertrofia e se desagresa. A quest&o fundamental a ser feita $ a seguinte: Primeiro, existe uma relagio entre o desenvolvimento tecnolégico ¢ a demanda em uma economia de mercado?; Segundo, qual a relagdo ou tei comportamental entre a gerag&o de novas tecnologias e a demanda? Em termos de eficiéncia econémica, qual € a trajetoria dtima do desenvolvimento tecnolégico?, ou seja, como determinar a alocacko 6tima de recursos na firma para a expansdo da pesquisa tecnolégica (R&D). Para a firma e/ou para a sociedade, investir em tecnologia € semelhante a investir na producdo de bens e servigos. 4 FONTES DE PRODUTIVIDADE Certamente, tudo aquilo que engaja na produgéo de bens e servigos pode ter uma produtividade. Por exemplo, uma pessoa trabalhando somente com a sua forga fisica, priméria, tem uma Produtividade, assim como um animal qualquer, tal qual uma cabra, que combinando a racHo e agua, produz leite ou carne ou uma fruteira, que combinando aqua, sais minerais e energia solar produz frutos. Estendendo o exemplo podemos dizer que as ferramentas manuais aumentam a produgao, a energia que movimenta as maquinas e os programas de computag&o, que automatizam os equipamentos, tém produtividade. Entretanto, existem outros elementos necessdrios a produsao, tais como a eletricidade para a iluminag&o, méveis e utensilios na fabrica, edificios, etc. Simplesmente porque uma mudanga em algum item é acompanhado por uma mudanca na mesma diregao (positiva ou negativa) na quantidade de bens e servicos produzidos, n&o significa que este item tem uma produtividade. Mesmo se todos os outros fatores s&o mantidos constantes, e uma relac&o de causa e efeito 6 estabelecida, ainda assim, n4o significa que aquele item tem uma produtividade, mas em vez, que este item é responsdvel por uma mudanga na produtividade da fonte de energia, no efeito do equipamento e na programag&o da automagao. Por exemplo, se um trabalhador & colocado em um sistema de incentivo (ganho por 14 unidade), e a sua produgdo aumenta, o sistema de incentivo nao teria uma produtividade, mas em vez, o sistema de incentivo leva o trabalhador a aumentar a produtividade. Somente as fontes de energia, um corpo que se torna ative em resposta a um estimulo ou um dirigente, sao produtivos e tem produtividade. Assim, um administrador que prepara um melhor jayout" de uma planta, programa ou concebe uma melhor metodologia, de trabalho, no tem produtividade com relagio ao praocesso de produgio, mas causa mudancas na produtividade destes fatores produtives. Entretanto, nado 6 inconcebivel que a produtividade de um executive pudesse ser medida em termos do numero de decisées que ele toma. O numero de tomadas de decisdo poderia ser olhado como um servico que ele produz para a firma. Finalmente, matérias-primas n&o produzem e no tém produtividade. Entretanto, a substituigao de uma matéria-prima, que 6 mais facil para se trabalhar pode causar um aumento de produtividade daquele fator. 5 A MEDIGAO CONCEITUAL DA PRODUTIVIDADE A medic&o da produtividade $, porém, um pequeno, embora importante campo de disciplinas combinadas; estatistica, matemaética, economia e administragdo. Ela foi originalmente definida por Quesnay como sendo “produg&o por unidade de fator”. As pesquisas sobre as fontes de produtividade foram desenvolvidas na Franga, especialmente depois da Segunda Grande Guerre, estimuladas pela 0.E.£.C. em 1850, e posteriormente sucedidas em 4960 pela 0.£.C.D., como forma de encontrar politicas alternativas para © desenvolvimento econémico dos paises da Europa Ocidental. Neste trabalho, vamos explorar alguns aspectos dos problemas conceituais, geralmente confundidos com a medig&o da produtividade em uma determinada firma. Comecemos pela def inicao de produto total da firma como o conjunto de sub-produtos dados pela expressdo: ¥= Os Mo ce-0%_)- - (3) Os insumos, fisicos e imateriais (servicos) ficam, por sua vez, expressos por: é (4) K = (x Xpee oka Podemos tomar esta questao de forma mais abstrata, como o fizemos na introdug’o com o conceito de fungéo de produsio, © definir 0 operador (T) como a relag&o tecnolégica entre insumo e produto. Portanto: Tix) = (y) (5) (5.1) ou, rT exaoree saan ei earners 15 Entéo, definimos produtividade como a propriedade do operador T. Se nés queremos medir a produtividade, temos que designar um ntmero para cada operador. Os operadores que so faceis de serem manipulades matematica e empiricaments 80 os operadores lineares”, que constituiriam um caso extremo e particular d teoria neoclassica, como mais adiante referida. Estes operadores lineares podem ser representades por uma matriz que transforma o vetor de insumo x no vetor de produto y. Isto nos dé o modelo linear fechado de insumo-produto: bude [iba Be ected Ps) STEP ty st reat Agiky + yXp eet ApgXy = Yq Um elemento empirico da matriz € 0 coeficiente técnico aj que representa a quantidade do insumo i utilizado para produzi? uma unidade do produto j, Este coeficiente tem sido referido, na literatura da economia classica, como um coaficiente técnico de produtividade. Os nm elementos da matriz dio uma descri¢&o completa do processo produtivo em termos fisicos e de suas interdependéncias nas varias atividades de uma firma, ou dos varios setores da economia como um todo, a depender do grau de agregacHo com que se esteja trabalhando empirica ou abstratamente. Se nés quisermos ter uma Unica medida da produtividade de um processo produtivo, ou de uma firma, precisamos ter realmente todos estes nm elementos quantitativamente, ou em outras palavras, ter toda a matriz especificada empiricamente. Isto é.realmente uma tarefa impossivel de ser conseguida, e assim, novamente, caimos na concepede estrita da palavra, no vacuo da teoria e da sua inaplicabilidade empirica. Na teoria neocldssica os conceitos de produtividade derivam-se de uma fungdo de produg&o que nada mais € do que uma concepgio genérica e simplificada do processo de um determinado produto podendo ser expressa por: MSNBC Spans) m onde Y €0 produto e x; © insumo i = (1, 2,...n). Ygao operadores que definem uma relagiio constante entre as variaveis do modelo. 16 © conceito de Produtividade Marginal do insumo por av/ax;, onde aY e@ ax; respectivamente. os incrementos marginais de Y @ © conceito de Produtividade Média é expresso por, YI; (7.2) Finalmente a Produtividade Marginal Total relaciona o incremento de produto total com os incrementos de todos os insumos, dado por av/aF (x) onde, ar ar dy = --dx, + iss) ax, ax cnde, dY © dx s&o derivadas totais enquanto @F e ax derivadas parciais. A validade desta expressio pressupée, empiricamente, a inexisténcia de interag&o entre insumos nos precessos produtivos, ou seja, os insumos ou fatores deveriam atua no processo produtive sem interdependéncia, -- 0 efet insumo sobre o produto nao afeta o efsito de outro i Subentende-se dai que cada insumo atua independentemente. Estes conceitos derivam-se de uma fungdo de produgao, que nada mais & do que uma concepgiio genérica e simplificada do processo de produgio de um determinado produto. Assim, podemos express4-la por: Cada insumo fisico ou servigo que participa no processo produtivo deve ser identificado, pois n&o se pode somar ou agregar ‘insumos n&o homogéneos por menores- que sejam, as diferengas de suas especifidades. Por exemplo, um trabalhador com instrugao primaria é distinto daquele também com instrucdo secundaria e este 6, por sua vez, distinto daquele com instrugo secundaria mas com treinamento especifico para exercer a fung&o que Ihe é designada na empresa. Portanto, em um processo produtivo, por mais simples que seja, existe um numero bastante grande de insumos dificeis de serem identificados e quantificados. yé-se, portanto, que estes conceitos consagrados no enfoque da teoria neocldssica perdem a sua robustez quanto & aplicabilidade no sentido exato do modelo matemdtico utilizado, embora sejam fundamentais para erigirem a estrutura analitica da ciéncia econémica neocléssica. Assim, como em todas as ciéncias, devemos procurar outras formas de medir estes conceitos, de modo a refletiremo mais préximo poss{vel a concepgdo abstrata expressa no 17 modelo tedrico. Um outro enfoque conceitual de produtividade ode ser formulado em termos de sua abrangéncia na empresa e como expressdo relacionando o desempenho alcangado - produto em um dado perfodo - com relagdo a insumos ou fatores identificaveis © tangiveis. Assim, a medida de produtividade fica expressa como a relagio do produto fisico (em Kg., Ton., Ha., etc.) em um dado periodo, com o insumo fisico (homens/hora, 4rea cultivada, etc.) consumido neste dado periodo. Este conceito tem sido aplicado para a fabrica (planta) em quatro niveis de medigdes. 5.1 Produtividade Total. A relacdo existente entre o valor total do produto e o valor de todos os fatores envolvidos na operagdo da empresa em um determinado perjodo. Este aproxima-se do conceito teérico neocldssico de produtividade total, conforme expressiio( 2). 5.2 Produtividade Parcial. A relacio existente entre o valor do Produto total em um determinado perfodo e o valor de dois ou mais, mas no todos, insumos ou fatores envolvidos na produg&o do produto respectivo. 5.3 Produtividade Departamental. A relagHo existente entre o valor do produto de um departamento especifico e o valor de todos os insumos ou fatores daquele departamento. 5.4 Produtividade Especifica. A relagdo existente entre o valor do produto e um insumo ou um fator especifico. 6 A MEDIGXO DE MUDANGAS DE PRODUTIVIDADE Mais genericamente, podemos considerar a produtividade média dada pela relagao: produto e trabalho em horas/homem. qy = Y/L. (8) Como explicamos anteriormente, esta razio somente tem um sentido claro quando o produto e o fator sto homogéneos, ou quando ela é aplicada para uma simples operagiio no processo produtivo da firma, Dela tém-se utilizado o seu conceito inverso, que corresponde ao conceito de quantidade de trabaiho requerida para uma determinada operag&o na fabrica. Muitos estudos tém sido feitos com respeito ao tempo e movimento, procurando quantificar o requerimento de horas/homem e tempo para cada operagio de um processo produtivo. Se 0 produto n&o & homogéneo, esta taxa nao tem sentido, a menos que o seu numerador seja expresso por fatores de conversio que definam os pesos (participac&o relativa) de cada produto no 18 produte total, como: Y = ayy + ay, +...+ a, onde os yj; (is +.) so montantes des varios produtos produzidos eos a; (i = 1,2,...n), s#o os regpectivos “pesos técnicos. A determinag&o destes pesos nos traz os intrincados problemas dos nlmeros indices. A nivel de fabrica, este problema $ resolvido com a utilizagdo de coeficientes de fatores de conversio ou fatores de equivaléncia. Por exemplo: um pijama = 1,4 de uma camisa padr&o; 1 short de algod’o = 0,7 de uma camisa padrao; etc. Estes fatores de conversao ou fatores de equivaléncia nos dao a equivaléncia em termos de horas/homem utilizadas. Estes coeficientes tém significado pratico dentro da empresa, mas mesmo quando apenas uma mudanca tecnolégica ocorre, esta implicara em modificagSes em todos os coefientes dentro da faébrica. De qualquer forma, 0 alcance destes coeficientes em termos de andlise sconémica é muite restrito. Os fatores de conversdo podem ser calculados ou por estudos de trabalho e andlise técnica, ou por métodos econométrices de andlise de regressdo. Os fatores técnicos de conversdo somente tém sentido prético se existe um numero muito pequeno de produtos em um setor. Se existem muitos produtos diferenciados, obviamente o numer4ério de homogensizacdo é o valor monetdério. Isto significa que os pesos devem ser interpretados pelos pregos. Assim, o numerador da medida de produtividade expressa por I, = Y/L fica transformadc em valor: © = py + Poy, +-- + Py (40) onde, 0 € o produto em termos de valor econémico e pj, os “pesos” econémicos, agora expressos em termos de pregos. Se nés usamos os pregos correntes, a taxa O/L nos dard simplesmente valores brutos da produg&o por horas/homem. Esta 6 uma medida de produtividade média muito utilizada mas tem pouco a ver com 0 conceito de produtividade que relaciona a quantidade de ‘insumos homogéneos para um determinado produto. Somente podemos captar algo mais préximo deste alusivo conceito se tomarmos os Pregos constantes. Embora esta medida tenha importancia para a andlise agregada do ponto de vista, por exemplo, da politica fiscal do governo, quantificagio do PIB, etc., pouco tem a ver com as Preocupagées de um gerente de firma, que mormalmente procura Planejar a produg%o para o préximo ano conforme suas expectativas de vendas, e consequentemente de Tucro e nao por saber sobre questées de produtividade. As diferengas da relago produto por horas/homem entre firmas pode ser devido a organizagao eficiente do trabalho, a qualidade dos insumos e de mao de obra (treinamento), motivagao, etc. Uma forma aproximada de tomarmos estas diferengas € considerando o valor adicionado (Va = 0 - I) da faébrica (planta). 19 Va = (Py; + yyy te--+ Py¥q) — Cayry + Gyry +..-* gry) a) onde gi (; = 1.2,-..n) @ rd (; = 1,2,...m) sfo os pregos e quantidades dos insumos respectivamente. Sz tomassemos todos os valores adicionados de todas as atividades, teriamos ent&o o PIB do pais. Para uma firma, o indicador importante de produtividade é a taxa de valor adicionado (TVA) expressa por: TVA = (0 - I)/L (2) Esta 6 também avaliada a pregos constantes, e que nos dé a contribuigéo da firma ao PIB por horas/homem ou por pessoas empregadas, conforme for definido no denominador. 5 Um indicador de produtividade mais completo ndo pode deixar de considerar também o capital. Para o gerente de uma firma, € razodvel deduzir os custos do capital (Ck) no numerador e expressa- Ja como uma taxa de lucro bruto (TLB/L) dada por: TLB/L = (0 - I ~ Ck)/L (13) Esta indica razoavelmente o conceito de produtividade dos insumos. Se ela tem o seu numerador crescendo mais proporcionalmente do que co denominador, ent&o podemos assegurar que a firma estd indo bem, com alavancagem financeira posit A um nivel mais sofisticado, principalmente quando tomamos um setor da economia de um pais, é mais natural usar o capital no denominador e expressar 0 indicador de produtividade por: TLB/LK = (0 - T)/(L + K) (4) Este indicador que nos d& a contribuigio do setor ao PIB, com relag%o ao montante dos recursos de capital e trabalho empregados no setor. . 6.1 Indices de Incremento de Produtividade Nesta Segdo, apresentamos medidas de mudangas de produtividade para comparagées em diversos perfodos. Apresentamos conceitualmente quatro tipos de indices de incremento de produtividade (TIP): total; departamental; parcial; especifica e, em seguida, indicamos as expressées para cada tipo de medida. Cada um emprega o mesmo conceito de indice de produto e insumos, diferindo somente com respeito aos tipos dos fatores ou insumos e produtos enyolvidos. a) Indice de Incremento de Produtividade Total (IIPT): Indice do Produto Total (IPT)/Indice de Insumo Total (IIT). Este expressa a 20 relagéo entre o valor total do produto e o valor de todos os insumos de fatores envolvidos na operac&o da empresa industrial em um determinado periodo. IIPT = IPT/IIT (18) 3 (ajyj) (3 xO, FOE OK Baer aE Raed i Xi) 0 5 2 (BD: (ay) (fie +) Ry b) Indice de Incremento de Produtividade Departamental (IIPD) Indice de Produto Departamental (IPD)/Indice de insumo Departamental (IID). Este indice possibilita uma comparag&o entre 0 valor do produto de um determinado bem (componente do produzs total) e o valor de todos os insumos alocados naquele departament: Com efeito, € uma medida do produto global ou da produtividade departamental. 0 termo “departamento ou compo tado porque esta medida é andloga a lei Fisica que sstabelece que 2 sodo € igual a soma de suas partes (componentes ou departamento), como neste caso, A soma de todos os valores de insumos e valores de Produtos empregados na determinac&o de todas as produtividades departamentais seria igual ao valor do insumo e produto total. Quando propriamente relacionados, tornar-se-iam uma medida da Produtividade global. Este indice 6 expresso por: IIPD = IPD/IID (17) onde, = ¥ > ) : IPD = 3j(Kjg Vj G)/EICKjy vj Pj) (18) TID = ¥(zxyp + EX) )/(zpejp + Fk) as) onde x; @ X; representam insumos no departamento, respectivamente em unidades fisicas e valores monetdérios ajustados para as variagdes de pregos. ©) Indice de Incremento de Produtividade Parcial (IIPP): Indice do Produto Total ou do Departamento/Indice Parcial do Insumo. Este termo tem sido aplicado para a relag&o existente entre o valor do produto e dois ou mais fatores de insumo. 0 Indicador de Mudanga de Produtividade Parcial (IMPP) € util para comparar a produtividade de varios insumos na produg&o de um determinade produto. Isto torna-se importante, particularmente, quando os insumos que sao estudados estdo relacionados como, por exemplo, o fator trabalho versus o efeito na produtividade quando substituido por uma maquina. A produtividade de uma fabrica poderia ser também considerada produtividade parcial quando incluidos todos os insumos da fabrica e relacionamos estes com o produto total ou produgio total da inddstria. As comparag3es de produtividade parcial s%o igualmente 24 aplicdveis aos insumos da administragao, de venda e de outros insumos néo diretamente relacionados com os processes produtivos da fabrica. Depois de decidido quais insumos particulares s&o integrados, as comparagSes de produtividade parcial ottidas da mesma maneira que aquela mostrada na férmula generalizada d) Indice de Incremento de Produtividade Especifica (IIPE): Indice de Produte Total ou Departamental)/Indice de Insumo Especifico. Como tem sido definida, a produtividade especifica é a relagao existente entre o valor do produto e de um insumo especifico. Assim, este tipo de produtividade é aplicado para medir somente um dos fatores de insumo que pode ser individualmente medide. Um insumo especifico pode tambem ser relacionado ao produto de uma operaciio produtiva particular, tal como a montagem ou o trabalho de uma maquina, um produto particular, um produto departamental ou o total produzido em um dado periodo. O trabalho procutive = equipamento de produg&o serao usados para o propésito de tiustrar a medi¢ao da produtividade especifica e mudangas de produtividace. As expressdes genéricas para o cdélculo dos indices de produto e insumos ou fatores s&o apresentadas a seguir: Medig&o do Insumo ou Fator da Firma. A quantificagao de indices requer homogeneizar as quantidades dos insumos, ou ja r fatores de conversdo. Para isso usaremos os pregos como fator de homegeneizagfo para a construgo dos indices de quantum produto e do indice de quantum de insumo. Assim, mucan: insumos entre periodos podem ser mostradas por um indice ou taxa de valor corrente do insumo, pelo valor do insumo no periodo base. Define-se assim um indice de quantidade fazendo x; representar as unidades fisicas do insumo, p, © prego médio do’ insumo e X; 0 valor monetério ajustado para as variagdes de pregos para aqueles insumos nao medidos em unidades fisicas. O somatério destes valores € indicado por Entdo, 0 indice de insumo generalizado, fica dado por: I CRxyey + I CEpqhog +B xDD (20) Medig#o do Produto (IP). Similarmente, mudangas no valor do produto entre dois perfodos podem ser mostradas como um indice ou taxa do valor, do produto corrente sobre o valor do produto no periodo base (). Fagamos q; igual ao numero de unidades produzidas no respectivo periodo e vj © peso do produto associado. A formula generalizada para o indice do produto é: IP = (Zayv5)/(Zapv5) (21) onde, qj a,(1 + AVC/VC) (22) e, q, = produto fisico acabado, AVC = a diferenga (negativa ou positiva) no valor do custo varidvel do inventdrio de materias~ 22

You might also like