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APLICACAO DA ANALISE DE CORRELAGAO CANONICA NA IDENTIFICACAO DE INDICES DE QUALIDADE DA MADEIRA DE EUCALIPTO PARA A PRODUGAO DE CARVAO VEGETAL‘ Paulo Fernando Trugilho’, Benedito Rocha Vital’, Adair José Regazzi‘e José Livio Gomide’ RESUMO - 0 objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade da madeira de Eucalyptus para produgio de carvao vegetal, utilizando-se a técnica multivariada, denominada correlagao candnica, Foi analisada a relacio entre dois grupos ou conjuntos de varidveis, um grupo formado pelas caracterfsticas do carvao vegetal € outro pelas caracteristicas da madeira. Foram utilizadas nove espécies de cucaliptos em diversas idades. Das caracterfsticas avaliadas nos dois grupos pela andlise de correlagio candnica, pode-se concluir que as madeiras que apresentam alta densidade basica, baixo teor de cinzas, alto teor de lignina ¢ que possui fibras de parede celular mais espessa ¢ de menor largura sao responsdveis pela qualidade e produgio do carvao vegetal. caracteristicas podem ser consideradas como carviio vegetal, mas devem ser sempre analis desta natureza. sas dices de qualidade da madeira para produgao de das em conjunto ¢ nao individualmente em estudos Palavras-chave: Correlagdo candnica, indice de qualidade, madeira de eucalipto e carvao vegetal. THE USE OF CANONICAL CORRELATION ANALYSIS FOR IDENTIFYING QUALITY INDEX OF EUCALYPTUS WOOD FOR CHARCOAL PRODUCTION ABSTRACT - This research aimed at evaluating the Eucalyptus wood quality for charcoal production through the use of the multivariate technic canonical correlation. The relation between a group of variables related to charcoal characteristics and a group of variables related to wood quality was studied. Nine Eucalyptus species in several ages were analysed. The canonical correlation showed that the properties of wood that are highly associated with charcoal quality were the high basic density, low ash content, high lignin content, thickeness of fiber walls, and fiber wideness, These characteristics presented a high potential for charcoal production, these variables must be always analysed conjunctly in studies like this one. Key words: Canonical correlation, quality although index, Eucalyptus wood, charcoal. * Ret ido para publicacdo em 8.4.1996, Aceito para publicagzio em 11.10.1996. ? prof. Adjunto do Dep. de Ciéncia Florestal da UFLA, Caixa Postal 37, 37200-000 Lavras-MG. * Profs. Titulares do Dep. de Engenharia Florestal da UFV; ‘ Prof. Titular do Dep. de Informatica da UFV, 36571-000 Vigosa-MG. R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 260 TRUGILHO, PF. et al. 1. INTRODUCAO No Brasil, a madeira é usada amplamente como fonte de energia, Existe certa tradi¢ao no emprego dos recursos naturais renovaveis, em que a energia hidrdulica, a lenha, 0 bagago de cana e outras fontes primdrias contribuem com cerca de 60% do total do consumo energético nacional Neste contexto, a lenha contribui com 16% do consumo total (BRASIL, 1991). A maior parte da madeira de eucalipto ¢ consumida para producao de carvao vegetal, pasta celulésica ¢ chapas de fibra. O consumo de lenha é desconhecido, mas a expectativa & de que o valor seja bastante elevado, Segundo SOUZA (1992), 0 Brasil comava com cerca de 5,5 milhdes de hectares de florestas plantadas, ressaltando-se que, desse total, 4,5 milhdes de hectares correspondem a florestas implantadas somente com o género Eucalyptus. Atualmente, existem cerca de 6,5 milhdes de hectares de reflorestamentos, sendo distribuidos por 65% com espécies de Eucalyptus, 30% com espécies de Pinus e os 5% restantes com Gmelina, Araucaria e Acacia (SOCIEDADE BRASILEIRA DE SILVICULTURA, 1990), Dessa area, aproxi- madamente 2 milhdes de hectares destinam-se 2 produgio de carvao vegetal para emprego como termorredutor. Entretanto, apesar da extensa area reflorestada, alguns setores consumidores de madeira e derivados tém encontrado sérias dificuldades para suprir suas necessidades com base apenas nas florestas plantadas, como é 0 caso, por exemplo, do setor siderirgico nacional. Apés dez anos de mercado recessivo e periodo de estagnagio, 1993 foi o ano de recuperagio da indistria florestal. O consumo de carvéo vegetal cresceu 9%, € a receita da siderurgia a carvio vegetal cresceu pouco mais que 22%, em relacdo a 1992, alcancando a cifra de 3,9 milhdes de délares (ANUARIO ESTATISTICO ABRACAVE, 1994). Apesar do notavel aumento na produgdo de carvio vegetal originado de reflorestamentos, 275% em 1993, em relagio a 1984, ainda existe grande participagdo das florestas nativas na produgio do carvao vegetal destinado ao. R. Arv., Vigosa-MG, v.21, 0.2, p.259-267, 1997 abastecimento de diversos setores da economia brasileira, principalmente do setor sidertirgico. As florestas nativas possuem grande variabilidade de espécies florestais, ¢ sendo a madeira um material desuniforme, tanto do ponto de vista fisico- quimico como estrutural ¢ anat@mico, espera-se que essa variabilidade seja repassada ao carvao vegetal, que ¢ um produto dependente, além de outros fatores, das caracteristicas da madeira que Ihe deu origem. Tal variabilidade no carvio vegetal prejudica o funcionamento ideal dos alto- fornos, reduzindo © seu rendimento ¢ a sua cficiéneia, Durante muito tempo, a selegio de arvores- matrizes dentro dos programas de methoramento florestal no Brasil foi baseada em valores fenotipicos das caracteristicas de crescimento; mais especificamente, preocupava-se com a producao volumétrica da floresta. Isso, contudo, no assegura a qualidade da Arvore selecionada para a sua melhor utilizagdo, Torna-se, assim, necessério incluir fndices de qualidade, com bas nas caracteristicas fisico-quimicas anatémicas da madeira, nos programas de melhoramento florestal, visando a obtengiio de genétipos superio~ res para determinadas finalidades. A selegio de espécies florestais que produzem madeira com caracterfsticas Gtimas para abastecer os diversos setores industriais j4 ¢ uma realidade. Estudos que envolvem a qualidade da madeira, com base nas suas caracteristicas fisico-quimicas © anatémicas, desejaveis & conversio energética, sto necessirios para otimizar a produgio de carvdo vegetal e, assim, aliviar a pressiio sobre os desmatamentos predatérios das florestas nativas. Nesse sentido, varias temtativas foram feitas, visando determinar as espécies de Eucalyptus mais aptas como insumo energético. Entretanto, na maioria das pesquisas sobre a qualidade da madeira e do carvao vegetal, geralmente so avaliadas varias caracteristicas, realizando andlises estatisticas por caracteristica e tirando, posteriormente, conclusio conjunta comum a todas as caracteristicas, sem, no entanto, levar em consideragio um nivel de significincia conjunto, APLICAGAO DA ANALISE DE CORRELAGAO CANONICA Na IDENTIFICACAO DE ENDICES 261 A técnica da andlise de correlacdo candnica é muito usada em estudos exploratérios. Um pesquisador pode ter um conjunto grande de varidveis, mas pode estar interessado em estudar somente umas poucas combinagGes lineares de varidveis desse conjunto. Poderd, entio, estudar aquelas combinagoes lineares, cuja correlagio é mais elevada, Uma caracteristica importante da andlise de correlagdo candnica € que, diferente- mente dos componentes principais, ela é invariante na escala das varidveis. 0 objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade da madeira de Eucalyptus para produgio de carvao vegetal, mediante o emprego da técnica multivariada, denominada correlacio candnica, visando analisar a relacto entre dois grupos ou conjuntos de varidveis, um grupo formado pelas caracteristicas do carvao vegetal © outro pelas caracterfsticas da madeira. 2. MATERIAL E METODOS Foram utilizadas neste estudoarvores- amostra de nove espécies de Eucalyptus, de varias idades, oriundas de povoamentos implantados pela COPENER, em Alagoinhas-BA, e pela PAINS FLORESTAL, em Trés Marias-MG, conforme descrito no Quadro 1. As rvores foram plantadas em espacamento comercial de 3 x 2m, As Arvores-amostra foram colhidas _ nos povoamentos como sendo a Arvore média, ou seja, aquelas cujos DAPs (didmetro a altura do peito - 1,30 m) eram iguais a média estimada da populagio (povoamento) + um desvio-padrio. Foram coletadas cinco érvores-amostra por espécie e por idade, tendo sido abatido um total de 115 drvores para serem analisadas. Tomou-se 0 cuidado de escolher somente drvores que apresentaram bom estado fitossanitdrio ¢ evitou-se o efeito da bordadura, De cada Arvore-amostra foram retirados toretes de 30 cm de comprimento a 0 (base), 25, 50, 75 e 100% da altura comercial do tronco, considerada até 5 em de didmetro, tendo sido medidos os didimetros com e sem casca nessas posigdes, para 0 cdleulo do volume de madeira e de casca. Na porgéo mediana de cada torete, foi retirado um disco de 2,5 cm de espessura, 0 qual foi subdividido em quatro partes, em forma de cunha, passando pela medula. A primeira parte foi destinada & determinagdo da densidade basica; a segunda, as andlises quimica e anatGmica; a terceira, A carbonizagho; e a quarta, deixada de reserva, para alguma necessidade posterior. As partes selecionadas foram —_convenientemente identificadas e usadas para representar a arvore- amostra, Cada drvore-amostra foi, portanto, representada por cinco pontos, a 0 (base), 25, 50, 75 © 100% da altura comercial, que foram usados nas andlises fisico-quimicas e anat6micas e nas carbonizagées. A densidade basica foi determinada de acordo com © método de imersio em gua, descrito por VITAL (1984). O teor de lignina (Klason) foi determinado de acordo com 0 procedimenta descrito por GOMIDE © DEMUNER (1986) e 0 teor de lignina soltivel em Acido sulfiirico, por meio da espectrofo- tometria, tendo sido utilizada a equacao descrita por GOLDSCHIMID (1971). A lignina total foi tomada como sendo a soma das ligninas soldvel e insoliivel. O teor de cinzas ou minerais foi determinado conforme a Norma M 11/77 (ASSOCIACAO, BRASILEIRA TECNICA DE CELULOSE E PAPEL-ABTCP, 1974). A preparacdo do macerado para andlise das fibras, visando a determinagio das suas dimen- s6es, foi feita de acordo com o método de Nicholls ¢ Dadswell, descrito por RAMALHO (1987). Este método, também conhecido como método do perdxido de hidrogénio (H:02), utiliza como solugdo macerante Agua oxigenada 30% e dcido acético glacial, na porporgdo de 1:1, Foi medido um total de 50 fibras por drvore-amostra, R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 262 TRUGILHO, PR etal. Quadro 1 - Relagio das espécies do genero Eucalyptus utilizadas no trabalho Table I - List of Eucalyptus species used in this research Genétipo Taade Namero especie em Local de Coleta Procedéncia Subgénero Anos T E. maculata 7 COPENER Gympie Corymbia 2 B. maculata 9 COPENER Gympie Corymbia 3 E, pellita 5 COPENER Helenvale Symphyomyrtus 4 E. pellita 6 COPENER Morada Nova* | Symphyomyrtus 5 BE. pellita 1 COPENER Morada Nova* | Symphyomyrtus 6 E. tereticornis 7 COPENER Mareeba ‘Symphyomyrtus 7 E. tereticornis 8 COPENE! Mareeba Symphyomyrtus 8 E. urophylta 4 | PAINS FLORI Htamarandiba*™ | Symphyomyrtus 9 2. urophylla 5 COPENER Guarujé Symphyomyrtus 10 » wrophylta 6 COPENER Avaré Symphyomyrtus i urophyila 7 COPENER Lengdis Paulista | Symphyomyrtus 12 grandis 3 COPENER Paluma ‘Symphyomyrtus B grandis 4 COPENER Paluma ‘Symphyomyrtus 14 E. cloeziana 4 PAINS FLORESTAL Capelinha +** Idiogenes 15 cloeziana 6 COPENER: Miao Forest Idiogenes 16 cloeziana 7 COPENER Miao Forest Idiogenes 17 | E.cloeziana 8 COPENER Miao Forest Idiogenes 18 loeziana 9 COPENER Miao Forest Idiogene 19 | HiBRIDO 5 COPENER Aracruz Symphyomyrtus 20 | HiBRIDO 6 COPENER Aracruz Symphyomyrtus 21 HIBRIDO 7 COPENER Aracruz Symphyomyrtus 22 E, camatdulensis 4 | PAINS FLORESTAL Bom ‘Symphyomyrtus Despacho**** 23 E. resinifera 4__| PAINS FLORESTAL | Lewis Track QD | _Symphyomyrtus * Origem Helenvale. ** Origem Timor. *** Origem Gympie. “ee Origem Petford. HIBRIDO = cruzamento entre Eucalyptus grandis ¢ Eucalyptus urophylla, As carbonizagdes foram realizadas em um forno elétrico do tipo mufla adaptado, conforme a ilustragio mostrada na Figura 1. O controle do aquecimento foi manual, com incrementos de 50°C cada 30 minutos, 0 que corresponde a uma taxa média de 1,67°C por minuto, A temperatura inicial foi sempre igual a 100°C e a temperatura maxima, de 450°C, permanecendo estabilizada por um perfodo de 30 minutos, O tempo total de carbo- R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 (0 foi, portanto, de 4 horas. Foram usados em cada ensaio, aproximadamente, 200g de madeira, dependendo da espécie, em forma de cunha, retira-da em cada ponto na arvore-amostra, previamente seca em estufa a 105 + 3°C. Apés cada carbonizagao, foi determinado o rendimento gravimétrico de carvio, de Ifquido pirolenhoso € por diferenga de gases no-conden- siveis, todos em relacio ao peso da madeira seca APLICAGAO DA ANALISE DE CORRELAGAO CANONICA NA IDENTIFICAGAO DE INDICES 263 > A= fomo elétrico B= cépsula de carbonizagao (C= condensador restiiade a agua D = frasco coletor Figura 1 - Esquema ilustrativo do equipamento utilizado nas carbonizagoes. Figure 1 - Diagram of the equipament used in the research. A andlise quimica imediata do carvio foi realizada para determinar 0 teor de materiais volateis, de cinzas e de carbono fixo, por meio da Norma NBR 8112 (ABNT, 1983) A densidade basica relativa aparente foi determinada pelo método hidrostitico, por meio da imersao em Agua, conforme descrito por VITAL (1984). Ela foi calculada como sendo a média aritmética, levando-se em consideragio os cinco pontos de amostragem para cada érvore-amostra, Foi adotado 0 modelo inteiramente casua lizado, com 23 tratamentos ou gendtipos ¢ repetigdes, Os tratamentos ou gendtipos Tepresentados por espécie ¢ idade, tanto para a madeira quanto para o carvao vegetal. No presente estudo, utilizou-se a andlise de varidncia multivariada para obtengio das matrizes de variincias e covaridncias residuais, necessirias 2 andlise de correlacdo candnica. Foram analisadas seis caracteristicas para cada gendtipo na madeira: densidade bésica, teor de lignina total, comprimento da fibra, largura da fibra, espessura da parede celular e teor de cinzas na madeira © cinco caracteristicas para cada gendtipo no carvio vegetal: densidade relativa aparente, rendimento gravimétrico em carvao, rendimento em liquido pirolenhoso, teor de carbono fixo e teor de cinzas. A anilise de correlacao candnica caracteriza- se por avaliar relagdes entre dois complexos influenciados, no minimo, por duas caracteris- ticas. De maneira genérica, considera-se que o primeiro complexo é estabelecido por p caracteris- ticas € 0 segundo, por q. O niimero de correlacoes candnicas € igual ao menor niimero de caracteristicas que constituem um dos complexos P ou q, © sua magnitude sempre decresce com a ordem em que sio estimadas. Entretanto, 0 primeiro coeficiente é sempre superior ou igual, em valor absoluto, a qualquer coeficiente de corre- lagao simples ou maltipla, entre as caracteristicas do primeiro e do segundo grupo (CRUZ e REGAZZI, 1994), A anilise de correlagio candnica se baseia na determinagio de varidveis candnicas ortogonais em cada conjunto de varidveis, por isso as varidiveis em cada conjunto devem ser linearmente independentes. Se esta condi¢io nio for satisfeita de inicio, seré necessdrio descartar as varidveis que sio combinagdes lineares das demais, varidveis denominadas redundantes. Sejam dois grupos de varidveis X e Y, definidos como: x =[x Kye], que & 0 vetor de medidas de p cara terfsticas que cons ituem 0 grupo T, ¢ Y =[Viy2-.yg]- que é 0 vetor das medidas de q caracteristicas que constituem o grupo Il O problema estatistico consiste em estimar a maxima correlagdo entre combinagdes lineares de caracteristicas do grupo I ¢ do grupo II, bem como estimar os respectivos coeficientes de ponderaco das caracteristicas em cada combinacdo linear. Sendo X; € Y; uma das combinagdes lineares das varidiveis pertencentes aos grupos I e Il, respec- tivamente, tem-se (CRUZ ¢ REGAZZI, 1994) X,= aX, $x, tt axe Y, = 1Y, + yy, toot Day » em que R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 264 TRUGILHO, P-F. et al a =[a ap ay |éo vetor 1 x p de pesos das caracteristicas do grupo I; € b =[bjbp...bg]é 0 vetor I x q de pesos das caracteristicas do grupo II. Define-se como a primeira _correlagao canOnica aquela que maximiza a relagdo entre X c Yj. As fungdes Xe Y; constituem o primeiro Aquela par candnico — associado candnica que € expressa por correlagao em que COv(X,,¥,) =a'S,,b; V(X) =a Syaze V(Y,)=b Sb. Seja S$), = a matriz p x p de covariancias entre as caracteristicas do grupo I, Sx = a matriz q x q de covaridncias entre as caracterfsticas do grupo I; a matriz, p x q de covaridncias entre as caracterfsticas dos grupos I IL Para os casos em que se utilizam varidveis padronizadas, tem-se S); = Ri, S22 = Raz ¢ Si Ry, em que R representa uma matriz de corre- lagdes. Seja R asmatriz de correlagdo da unido dos dois grupos de varidveis, na forma R R 7 -| u Re Ra Ro Sia | sendo Ry, =R}, A estimativa dos vetores ae maximizagdo da funcdo r’, sujeita a restrig&io de que aR,,a=b'R,,b=1. Estas restrigdes sto necessfrias para prover estimadores tinicos de a e be indicam que cada combinagao linear tem variancia igual a | (CRUZ e REGAZZI, 1994). b ¢ obtida pela R. Ary, Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 O primeiro passo é a determinagao dos auto- valores das equagdes caracterfsticas: RAR RER, -Al]=0 & seguido do célculo dos respectivos autovetores associados, Os autovalores podem ser calculados a partir de duas equagdes caracteristicas distintas, a partir de duas matrizes diferentes, uma de ordem, Pe outra de ordem q. E claro que se p = qe as varidveis X1, Xo, .... Xp, bem como as varidveis Yi. Y: Y,, so linearmente independentes, existirdo p = q autovalores ndo-nulos ¢ p = q pares candnicos. Entretanto, se, por exemplo, p < q, existirio q - p autovalores nulos da matriz RR Ri Rj € apenas p pares candnicos. O sistema de equagdes lineares & dado por (RifRiR3Ro-Al) a=o. (RYRoiRiTRi2—Al) b=6. Assim, tem-se que: 1) a primeira correlag’o canénica (r1) entre a combinacdo linear das caracteristicas dos grupos 1 ell é dada por em que A, € o maior autovalor da matriz Ri R,RZR,,. que é quadrada e simétrica de ordem p; 2) © primeiro fator canénico € dado por X,=a'X e Y,=b'Y, em que a = autovetor associado ao primeiro autovalor de R7}R,,RZR, © b = autovetor associado ao primeiro autovalor de R3RyRYRyie 3) as demais correlagdes e fatores candnicos so estimados, utilizando-se os autovalores ¢ os autovetores das expressdes descritas, de ordem correspondente a p ou q-ésima _correlagao estimada. APLICAGAO DA ANALISE DE CORRELAGAO CANONICA NA IDENTIFICAGAO DE ENDICES 265 A significdncia da hipétese de que todas as possivies correlagdes cannicas sido nulas (Ho:p = p2=..= p.=0), com s = min(p.q), pode ser avaliada pelo teste aproximado de y*, que, segundo Dunteman (1984), citado por CRUZ e REGAZZI (1994), € dado por x -tiog S(p+q+3); & n= ndmero de observagGes experimentais. A estatistica est associada a pq graus de liberdade. Se a hipdtese é rejeitada, testa-se a hipotese Hy =P,>0 © Pyar = Pra =--=P.=0. por meio de -t we, x com (p-k)(q-k) graus de liberdade. associada a fh (ir 41 h que es A anilise de correlacio canénica fornece uma. maneira simples de reduzir as complexidades envolvidas em relacionar dois conjuntos de varidveis. O principal problema associado com a técnica se refere a interpretagio das solucdes candnicas. Isso se deve ao fato de que a anilise pode identificar varias correlagdes que, embora estatisticamente _significativas, associam as varidveis utilizadas de forma bastante heterogénea fe, conseqiientemente, dificil de ser interpretada, Isso € possivel porque os fatores candnicos sio representados por fungées lineares que podem, nao necessariamente, refletir partes significativas da varidncia dos respectivos dominios de medidas. Com o objetivo de auxiliar no procedimento de interpreta‘ alguns artificios. | tém_— sido desenvolvidos, a fim de ajudar 0 pesquisador a identificar que tipos de relagdes esto sendo representados por um fator candnico, Um desses. artificios 6 a matriz candnica de estruturagao fatorial, a qual representa a correlacio entre as varidveis originais e as can6nicas (ABREU e VETTER, 1978). A matriz candnica de estruturagio fatorial fornece as correlacdes das varidveis pertinentes a um domnio de medidas com os fatores candnicos extraidos © substitui os vetores de coeficientes candnicos, nos quais as varidincias ndo podem ser controladas. Essa matriz é obtida por meio da muliplicagio da matriz de correlagio das varidveis pertinentes a cada dominio de medidas pela matriz de coeficientes candnicos, Os elementos da matriz, can6nica de estruturagio fatorial so dteis na interpretagio dos fatores can6nicos, porque eles sdo similares aos “factor loadings” da andlise fatorial (ABREU e VETTER, 1978). 3. RESULTADOS E CONCLUSOES © Quadro 2 apresenta as correlagdes cand- nicas © os pares candnicos estimados entre 0 carvio vegetal (grupo I) e a madeira (grupo I). No Quadro 3, apresentam-se os coeficientes da matriz estrutural ou matriz dos fatores candnicos, ou seja, a matriz de correlagio entre as varidveis originais e as candnicas. A interpretagio por meio das correlacées entre as varidveis originais e as canOnicas fornece, em geral, o caminho mais adequado (ABREU e VETTER, 1978). Pelo Quadro 2, pode-se observar que as correlagées candnicas entre o primeiro, 0 segundo © 0 terceiro par canénico foram significativas, em nivel de 1% de probabilidade, pelo teste de qui- quadrado. Também, verifica-se que a correlago candnica do primeiro par candnico é clevada (0,8643) e que os grupos considerados nao sao independentes. Pelo Quadro 3, verifica-se que as associagéies intergrupos si estabelecidas, _principalmente, pelas influénci i) do primeiro par de fatores candnicos, com correlagio de 0,8643, que associa 0 carvao vegetal de alta densidade basica relativa aparente e baixo teor de cinzas com a madeira que possui clevada densidade bésica, baixo teor de cinzas e que possui fibras de menor largura ¢ de parede celular mais espessa; € R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 266 TRUGILHO, P.F, et al. Quadro 2 - Correlagdes candnicas ¢ pares candnicos entre as ci considerando-se 0s 23 gendtipos Table 2 - Canonical correlations and correlations pairs between charcoal and wood for the 23 genotypes risticas do carvao vegetal e as da madeira, Varidveis Pares Candnicos rE 3 # # dra 0,9200 0,3354. -0,0984 -0,2423 ree -0,0271 0,6928 1,1893, 0,3964 rp -0,0199 0,2394 1,4387 0,3174 tet 0,0228 0,1635 0,2771 11418 ten -0,2378 0,3196 0,9802 -0,0018 -0,1623 ab 0,7843 0,1083 0,1585 0,1352 -0,0858 lig -0,0027 -0,5242 0,1159 -0,0709 -0,0323 efb -0,0559 0882 -0,10! -0,0115 -0,0525 It -0,0376 0,1802 -0,0775 -0,0247 -0,0859 esp 0,020 0,0190 -0,2462 0,0580 cin -0,1047 0,074 -0,0018 -0,0197 p 0.8683 0,6039 0,2094 0,0881 x 239,67 91,23 5,68 0,84 GL 30,00 20,00 6,00 2,00 o 0,00 0,00 46,00 65,70 dra = densidade basica relativa aparente (g/em’), rge = rendimento gravimétrico em carvio (%), rIp rendimento em Ifquido pirolenhoso (%), tef = teor de carbono fixo (%), tez = teor de cinzas (%), db = densidade basica (g/em*), lig = lignina (%), ef = comprimento da fibra (mm), Ifb = largura da fibra (\um), esp = espessura da parede celular (jum), cin = teor de cinzas (%), P = correlago candnica, 7° = qui-quadrado calculado, GL = graus de liberdade e of = nivel de significin Quadro 3 - Coeficientes da matriz estrutural, considerando-se os 23 gendtipos Table 3 - Structural matrix coeficients for the 23 genotypes Varidveis Fatores Candnicos if 2 = = = dra 0,9743 0,0897 0,2015 -0,0354 ree 0,1397 -0,9183 0,3097 0.1427 -0,1434 rp -0,0717 0,7287 -0,2642 0,6246 -0,0633, tcf 0,116 0,1935 0,193 -0,2574 0,9319 tez -0,4339 0,4084 07771 -0,2009 -0,0264 db 0,8572 0,022 0,0437 -0,0750 lig 0,0420 -0,5647 0,0890 0,0021 fb -0,1517 -0,0334 -0,1927 -0,0255 -0,0416 fb -0,3467 0,2805 -0,0563 0839 -0,0598 esp 0,5033 0,1473 0,0097 -0,1603 -0,1094 cin -0,4031 0.1284 0.4502 0.0101 0.0170 dra = densidade basica relativa aparente (g/cm*), rge = rendimento gravimétrico em carvio (%), rip = rendimento em Ifquido pirolenhoso (%), tcf = teor de carbono fixo (%), tez = teor de cinzas (%), db = densidade basica (g/cm), lig = lignina (%), cfb = comprimento da fibra (mm), Ifb = largura da fibra (um), esp da parede celular (jum) e cin = teor de cinzas (%). R. Arv., Vigosa-MG, v.21, n.2, p.259-267, 1997 APLICAGAO DA ANAL ii) do segundo par de fatores candnicos, com correlagdo de 0,6039, que associa o baixo rendimento gravimétrico em carvio, 0 alto rendimento gravimétrico em liquido _piro- lenhoso © 0 elevado teor de cinzas no carvao com a madeira de baixo teor de lignina, De acordo com a andlise de correlagio candnica, deve-se procurar selecionar madeiras que apresentem alta densidade basica, baixo teor de cinzas, alto teor de lignina © que possuem fibras de parede celular mais espessa e de menor largura, quando se visa a producto de carvio vegetal. caracterfsticas podem ser consi deradas como indices de qualidade da madeira para produgdo de carvao vegetal, mas devem ser sempre analisadas em —conjunto. e —niio individualmente em estudos dessa natureza. 4, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABREU, M.A., VETTER, D. A andlise de relagdes entre conjuntos de variaveis na matriz _geogrética: correlagio candnica. 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