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VAN WYLEN = he ee tT Pa FUNDAMENTCO a Rene aie) 0 Tradiucao da 6! edicdo americana Alguns Comentarios Preliminares Uma parte significativa dos exemplos e problemas apresentados a0 longo do nosso estudo da termodindmica envolve a anilise de processos que ocorrem em equipamentos importantes como as centrais termoelétricas, células combustivel, refrigeradores por compressio de vapor, resfriadores termoelétricos, turbinas, motores de foguete ¢ equipamentos de decomposigio do ar. Nos apresentaremos, neste capitulo introdutério, uma breve descrigto desses equipamentos. Hii pelo ‘menos duas raz0es para a inclusdo deste capitulo no livro. A primeira € que muitos estudantes, tiveram pouco contato com tais equipamentos e a solucao dos problemas ser mais significativa, € proveitosa, se eles jd tiverem alguma familiaridade com 0s equipamentos e com os processos que ncles ocorrem. A Segunda rizdo € que este capitulo fomece uma introduce’ & termodinamica, incluindo a utilizaglo correta de certos termos (que serdo rigorosamente definidos nos capitulos pPosteriores), mostra a importincia da termodindmica na andlise de certos problemas ¢ alguns aperfeigoamentos obtides, pelo menos em parte, como resultado de uma andlise termodindmica. Devemos ressaltar gue a termodinimica & importante para muitos outros processos que niio ‘fo abordados neste capftulo. Ela & bisica, por exemplo, para o estudo de materiais, das reagdes {quimicas ¢ dos plasmas. Os estudantes devem ter em mente que este capitulo € somente uma introdugao breve e, portanto, incompleta ao estudo da termodinamica 1.1 Instalagao Simples de uma Central Termoelétrica A Fig. 1.1 mostra o esquema de uma central termoelétrica instalada recentemente. Observe ‘que vapor superaquecido € a alta pressio deixa 0 tambor da caldeira, que também & chamada de igerador de vapor, ¢ entra na turbina. O vapor expande na turbina e, om o fazando, realiza trabalho, ‘6 que possibilita & turbina acionar o gerudor elétrico. O vapor a baixa pressio deixa a turbina e entra no trocador de calor, onde ocorre a transferéncia de calor do vapor (condensando-o) para a gua de refrigeragao. Como é necesséria uma grande disponibilidade de gua de reftigeragio, as ccentrais termoeléiricas sto fregiientemente instaladas perto de rios ou lagos. Um dos efeitos nhocivos dessa transferéneia de calot € a poluigdo térmica do meio ambiente, A agua de resiriamento também pode ser resfriada em grandes torres de resfriamento onde o rebaixamento da temperatura da gua de resfriamento ¢ aleangado a custa da evaporagio de uma parte desta igua. A gua de resfriamento do condensador presente na central indicada na Fig. 1.1 € utilizada para faquecer ambientes localizados na regio vizinha A central termoelétrica, AA pressio do condensado, na segio de descarga do condensador, é aumentada na bomba, permitindo que 0 condensado ‘escoe para o gerador de vapor. Os economizadores, ov pré- auecedores de signa, sio muito utiizados nos ciclos de poténcia z vapor. O ar utiizado ‘combustio também é pré-aquecido em 'muitas centrais termoeléricas. Esse pré-aquecimento é btido através da transferéncia de calor dos gases de combustio para 0 ar. Os produos de combustdo também precisam ser limpos antes de serem descarregados na atmostera. E importante ‘observar que existem varios equipamentos e processos bastante complicados na central de poténcia apesar de Seu cielo térmico ser simples. ‘A Fig. .2 6 uma fotografia da central esbogada na Fig. 1.1. prédio alto, mostrado na parte cesquerda da figura, é a casa das caldeias. Perto dela esto posicionados os prédios que abrigam a turbina e outros componentes da central. A figura também mostra a chaminé acoplada a caldera, aque ¢ bastante alta, € 0 navio que transporta o carvao que é consumido na caldeira. Esta central de Poténcia ext loealizada na Dinamarca,apresenta poténca térmica de 850 MW (baseada no consumo {na energiadisponvel no carvio combative) atingiu o rendimento térmico recorde de quarenta {cinco por cento na sua posta em marcha, ou seja, a operaio da central proporcionou que quaventa € cinco por cento da energia disponivel no carvao Fosse convert em trabalho, O-aquecimento dos ambientes localizados ao redor da usina consome quarenia¢ sete por cento da poténcia térmica da central. E importante fisar que o ealortransferido nos condensadores da maioria das centrais de poténcia é simplesmente rejeitado no ambiente e que este processo nao nos traz nenhura benetici. 2 Fundamentos da Temoginmica rani ie Figura 1.1 —Esquema de uma central termoelétrica, ‘A central termoelétrica descrita antriormente utiliza carvio mineral como combustivel. O ‘és natural, os 6leos combustiveis e as biomassas também si0 utilizados como combustivel em centras termoektricas. Algumas outras central termocKiricas no muado operam a partir do calor zerado pelas reagSes nucleares em ver da oxidagio de combustiveis. A Fig. 1.3 mostra o esquema 4e uma instalagio propulsora naval baseada na uilizacio de um reator nuclear. Um fluido sceunditio escoa pelo reator,absorvendo 0 calor gerado pelas reages nucleares que ovorrem no equipamento, € encaminhado para o gerador de vapor onde ocorre a transferéncia de calor do fluido secundério para a agua, Observe que a gua € vaporizada no gerador de vapor © que percorre um ciclo de vapor convencional, Nesta aplicagio, a Agua de resfriamento do constensador & bENSR-AOIaR'E iniportante notdl die'a'dgila do resfiarendd Voll ASiniar agedltnthig era temperatura superior aquela na seco de alimentagao do condensador. 1.2 Célula Combu: Quando uma usina termoelétrica convencional & considerada globalmente, veja a Fig. 1.4, verificamos que 0 combustivel ¢ o ar entram na mesma e os produtos da combustio deixam a ‘unidade. Hé também uma transferéneia de calor para a Sgua de refrigeragio e é produzido trabalho na forma de energia elétrica. O objetivo global da unidade & converter a disponibilidade (para produzir trabalho) do combustivel em trabalho (na forma de energia elétrica) da maneira mais cficiente possfvel mas levando em cansiderago os custos envolvides, o espaco necesito para & ‘operaio da usina, sua seguranca operacional e também o impacto provocado pela consirugio & ‘operagiio da usina no meio ambiente Poderfamos perguntar se sio necessérios todos os equipamentos da usina; tis como: 0 sgerador de vapor, a turbina, o condensador e a bombs: para a produglo de energia elétrica. Nao seria possfvel produzir energiaelécrica a partir do combustfvel de uma forma mais direta? Alguns Comentarios Proiminares 3 Figura 1.2 — Central termoelétrica Esbjerg. (Dinamarea, Cortesia da Vestkraft, 1996) 4 Fundementos da Termosinimica oe mn) gle “Some BE —) Restor ‘Sala de maqui x ‘= [Bomte: ae Figura 1.3— Sistema nuclear de propulsio naval, (cortesia da Babcock an Wileox Co.) A célula combustivel 6 um dispositivo no qual este objetivo é aleangado, A. Fig. 1.5 mostra o cesquema de uma eélula combustivel do tipo membrana de troca de fons. Nessa célula, © hidrogénio © 0 oxigénio reagem para formar égua. Consideremos, enti, os aspectos gerais da operagio deste tipo de eétula. © fluxo de elétrons no cireuito externo é do anodo para 0 catodo. O hhidrogénio entra pelo lado do anodo ¢ 0 oxigénio entra pelo lado do catodo. O hidrogénio ¢ ionizado na superficie da membrana de traca de fons do modo indicada na Fig. LS. Os elétrans flnem através da cincwito eexterno ¢ 0s fons de hidrogénio fluem através da membrana para o eatodo, onde ocorte a formaio de égua. Hi uma diferenga de potencial entre o anodo e o catodo, resutando dat um fluxo elétrico que, ‘em termos termodinimices, é considerado como trabalho, E possivel que também ocorra uma transteréneias de calor da eélula combustivel para o meio. Energi eltica (Cesare) “Trarsterencia de calor pars. igus ce reteamento Figura 1.4— Diagrama esquemético de uma central termoelétrica, ‘Aiguns Comentirios Protminares 5 od Sevedos | emrana ce cataibecs ad ‘roca dolore cameras oe 92s igrogenio—> =—Oxgénio oI | 4 @)— XY LP naw, —ragu U uma eéluiacombustivel do =p tipo membrana de toca de Atualmente, © combustivel mais utilizado em células combustivel é 0 hidrogénio, ou uma mistura gasosa de hidrocarbonetos e hidrogénio, e 0 oxidante normalmente € 0 oxigénio. Fntretanto, as pesquisas atuais estio dirigidas para © desenvolvimento de células combustivel que utilizam hidrocarbonetos e ar. Embora as instalagdes a vapor convencionais ow nucleares ainda sejam largamente empregadas em centrais termoelétricas, e motores convencionais de combustio interna e turhinas 2 gs coma sistemas propulsores de meios de transporte, a eéhila combustivel ppoderd se tomar uma séria competidora, Ela jé esta sendo utilizada como fonte de energia em satélites antificiais A termodinamica tem um papel vital na andlise, desenvolvimento e projeto de todos os sistemas. geradores de poténcia, incluindo-se nesta classificagio os motores altemativos de combustio interna e as turbinas a gis, Consideragdes como: aumento de eficiéncia, aperfeigoamento de projetos. condigdes ctimas de operagio © métodos diversos de geragao de poténcia envolvem, entre outros fatores, a cuidadosa aplieagio dos princfpios da termodindmica. 1.3 Ciclo de Refrigeracdio por Compressiio de Vapor anne os saan 9s regacso sour pa = t eamnsan Figura 1.6—Esquema de um ‘Seopa tease ciclo simples de refrigeracao. 6 Fandamontos da Termosinimica (09 Sutaompao; sry sam wp wissH039) “1 1 Lr wanieg 9 op soem somranoo op [Alguns Comentivios Proliminars 7 “Tanstorénla deca um coo ata tempera Matra lotodoe Mati 2 nee f Junete ta Bes tise Bae aut @) o) Figura 1.8 — (a) Refrigerador termoelétrico. (b) Gerador termoelétrico. AFig. 1.6 mostra o esquema de um ciclo simples de refrigeragio por compressiio de vapor. refrigeramte entra no compressor como vapor ligeiramente superaquecido a baixa presso. O vapor € descarregado do compressor ¢ entra no condensador como vapor numa pressio clevada. A ‘condensagio do refrigerante & realizada, no condensador, a partir da transferéncia de calor para a gua de reftigeragio ou para 0 meio. O refrigerante deixa 0 condensador, como liquide, a uma pressio elevada. A pressio no liquido é reduzida quando este escoa pela vilvula de expansio e sy plovuca & cvapurayay luptantines de parte dv Liquide. O Mquidy vestame, agora a baixa ai ia de calor do ‘© vapor retorna ‘espaco que esté sendo refrigerado para o Muido refrigerante, Apts esta operagi a9 compressor. Normalmente, o compressor das geladeiras domésticas esté localizado na parte traseira inferior do equipamento. Os compressores si0 selados hermeticamente, isto é, 0 motor € 0 ‘compressor sio montados numa carcaca fechada e as fios elétricos do motor atravessam a carcaga. Iss0 € feito para evitar 0 vazamento do fluido refrigerate, (© condensador também esta localizado na parte posterior do refrigerador e colocado de tal ‘maneira que 0 ar ambiente escoa pelo condensador por conveccdo natural. A vilvula de expansio presenta a forma de um Iongo tubo capilar e o evaporador, na maioria dos refrigeradores, envolve ‘0 congelador. A Fig. 1.7 mostra uma unidade centrifuga de grande porte que é utilizada para prover a refrigeragio numa unidade de ar condicionado. Nesta unidade, a dgua é resfriada e depois enviada 0s locais onde & necessirio 0 condicionamento do ar. 1.4 O Refrigerador Termoelétrico Podemos fazer a mesma pergunta que fizemos para a central de poténcia 2 vapor para 0 reftigerador por compressio de vapor, isto é, ndo seria possivel alcangar nosso objetivo de uma ‘maneira mais direta? Nao seria possivel, no caso do refrigerador, utilizar diretamente a energia clétrica (a que alimenta © motor elétrico que aciona o compressor) para promover a refrigeragio ¢, assim, evitar 08 custos do compressor, condensador, evaporador e das tubulagdes necessirias? O refrigerador termoelétrico é 2 maneira de consegui-lo. A Fig. 1.8a mostra 0 esquema de um refrigerador deste tipo que utiliza dois materiais diferentes e que é similar aos pares termoelétricos convencionais, Ha duas junges entre esses dois materiais num refrigerador termoelétrico. Uma esti localizada no espago refrigerado e a outra no meio ambiente. Quando uma diferenca de potencial é aplicada, a temperatura da jungo localizada no espaco refrigerado diminui ¢ a 8 Fundamentes da Termodinamica ‘temperatura da outra jungfo sumenta, Operando em regime permanente, haverd transferéncia de calor do espago refrigerado para a jungio Fria, A outra jungio estard a uma temperatura maior que ado ambiente e haveri, entao, transferéncia de calor para o ambiente, Devernos ressaltar que um refrigerador termoelético poderd também ser utilizado para gerar poténcia, trocando-se 0 espago refrigerade por um corpo uma temperatura acima da ambiente. Esse sistema & mostrado na Fig. 1.8b refrigerador termoelétrico ainda nao compete economicamente com as unidades conven- cionais de compressio de vapor mas, cm certas aplicagGes especiais, o refrigerador termoclétrico {i € usado, Tendo em vista as pesquisas em andamento e 0s esforgos para o desenvolvimento deste ‘campo, € perfeitamente possfvel que, no futuro, o uso de refrigeradores termoelétricos seja muito ‘mais amplo, 1.5 O Equipamento de Decomposigao do Ar Um processo de grande importincia industrial ¢ a decomposi¢a0 do ar, no qual este & separado nos seus varios componentes. O oxigénio, nitrogénio, argOnio e gases raros sZ0 obtidos deste modo e podem ser extensivamente utilizados em virias aplicagSes industriais, espaciais € como bens de consumo. equipamerto de decomposigio do ar pode ser considerado como um cexemplo de dois campos importantes: 0 da indiistia dos processos quimicas e o da criogenia, CCriogenia € um termo que diz respeito a tecnologia, processos ¢ pesquisas em temperaturas baixas (geralmente inferiores a 150 K). A termodinamica ¢ bésica para a compreensao dos fendmenos que ‘correm tanto nos processos quimicos como na eriogenia, e, assim, ela € fundamental no projeto € desenvolvimento de processos e equipamentos. ‘Vérias concepgdes de instalagdes para a decomposicto do ar foram desenvolvidas. A Fig. 1.9 ‘mostra o diagrama simplificado de um tipo destas instalagdes. Comprime-se 0 ar atmosférico até tuna pressdo de 24 3 MPa (wegapascal). Ele € eutav purificady, retrando-se busicaente 0 iO 0. O ar € eatio comprimido até uma pressio aque pode varar de 15 a 20 MPa, é resfiado até a temperatura ambiente no refriadx posterior e é Secado para reirar 0 vapor d'gua da mistura (que também iia Obstuir as segGes de escoamento 20 solidi. A refrigeragio bisica no processo de liquctasio ¢ alcangada com dois processos diferentes. ‘Um envolve a expansio do ar no expansor. Durante esse processo 0 ar realiza trabalho , em conseiignca, sua temperatura 6 eduzida. O outro processo de refrigeragdo envolve a passagem do ar por uma valvula de estrangulamento, projetada e localizada de tal forma que provoca uma «queda substancial da pressfo do are, associada esta, uma queda significativa da temperatura stapremto (> co ‘Compressor de Expense! i ata pressto ce ven pene do Temasa ao L__Sitsngulinente) rcarsanetos tres, Figura 1.9 —Diagrama simplificado de uma instalagio de oxigénio liquido. Alguns Comentatios Praiminares 9 Figura 1.10 —Turbina a gas de 150 MW. (cortesia da Westinghouse Electric Co.) A Fig. 1.9 mostra que o ar seco ¢ a alta pressdo entra num trocador de calor. A temperatura do ar diminui & medida que este escoa através do trocador de calor, Num porto intermedisrio do trocador de calor, uma parte do escoamento de ar é desviada a0 expansor. O restante doar continua a escoar pelo trocador de calor e depois passa pela valvula de estrangulamento, As duas fcorrentes se misturam, numa pressio que varia de 0.5 a | MPa, ¢ entram na parte inferior da coluna de destilagio que também ¢ conhecida por coluna de alta pressdo. A fungko desta colina é separar 0 ar em seus varios componentes (principalmente oxigénio ¢ nitrogénio). Duas correntes de composigbes diferentes escoam da coluna de alta pressdo para a coluna superior (também cconhecida por coluna de baixa press) através de valvulas de estrangulamento, Uma delas € um Tiquid rico em oxigénio que escoa da parte inferior da coluna mais baixa e a outra é uma corrente si que aravés de subseestriador A separacio 6 finalizada na coluna superior, com o oxigénio liquide saindo pelo fundo da ccoluna superior e o nitrogénio gasoso pelo topo da mesma. O nitrogénio gasoso escoa através do sub-resfriador e do trocador de calor principal. A transferéncia de calor ao nitrogenio gasoso frio provoca o resfriamento do ar que entra no tracador de calor a alta pressio, A andlise termodindmica ¢ essencial tanto para o projto global de um sistema como para 0 projeto de cada componente de tl sistema, incluindo-s os eompressores, 0 expansor, os puri dores, os secadores ea coluna de destlagao. Note que nos deveros lidar com os principios que deserevem o comporamento das misturas e também com a avaliagdo das propredades termodi- taicas das mistirea, desse proceso de separagio, Esse tipo de problems também & leo e em mmitos outros processos quimicos. E importante ressaltar aque a criogenia fundamental para muitos aspestos do programa espacial ¢ que € essencial um Conhecimento amplo da termodinamica para realizar um trabalho eriativoe eftivo nesta sea, 1.6 Turbina a Gis A operagio basica de uma turbina a gas ¢ similar a do ciclo de poténcia a vapor, mas o fluido de trabalho utlizado € 0 ar. Ar atmosférico & aspirado, comprimido no compressor e encaminhado, a alta pressfo, para uma cimara de combustio, Neste componente o ar é misturado com 0 ‘combustivel pulverizado e é provocada a ignicio. Deste modo obtém-se um gas a alta pressio e temperatura que é enviado a uma turbina onde acorre a expansio dos gases até a pressio de exaustio. O resultado destas operagies é a obtengio de poténcia no eixo da turbina. Parte desta ppoténcin & utilizada no compressor, nos equipamentos auxiliares ¢ resto, a potEneia liquida, pode Ser utilizada no acionamento de um gerador elétrico. A energia que nao foi utilizada na geracao de trabalho ainda permanece nos gases de combustao. Assim estes gases podem apresentar alta temperatura ou alta velocidade. A condigio de saida dos gases da turbina & fixada em projeto & varia de acordo com a aplicagio deste ciclo. A Fig. 1.10 mostra uma turbina a gs estacionéria, de grande porte ¢ que € utilizada na geragio de poténcia.”A unidade apresenta 16 estigios de compresso, 4 estigios de expansdo e potencia igual a 150 MW. Note que ndo ocorre a circula: 10 Fundamentos da Termodindrica Figura 1.11 — Motor a jato "turbofan". (Cortesia da General Electric Aircraft Engines) de fluido de trabalho na turbina a gis como no caso da gua no ciclo de poténcia a vapor (0 oxigtnio do ar é utlizade na combustion © on greet pereiridie nua chmara apresentam envmpe ‘quimica diferente da do ar). ‘A turbina a gis € usualmente preferida, como gerador de poténcia, nos casos onde existe problema de disponibilidade de espaco fisico e se deseja gerar grandes poténcias. Os exemplos de aplicagio das turbinas a gas so: motores aeronduticos, centrais de poténcia para plataformas de petr6leo, motores para navios e helicdpteros, pequenas centrais de poténeia para distribuico local €ecentrais de poténcia para atendimento de picos de consumo. A temperatura dos gases de combustio na segio de safde da turbina, nas instalagSes estacio- nérias, apresenta valores relativamente altos. Assim, este ciclo pode ser combinado com um outro {que uuiliza égua como fluido de trabalho. Os gases de combustao, jf expandidos na turbina, transferem calor para a égua, do ciclo de poténcia a vapor, antes de serem transferidos para a atmosfera, Os gases de combustio apresentam velocidade altas na segio de sada do motor a jat. Isto & feito para gerar a forga que movimenta os avides. O projeto das turbinas a gis dedicadas a este fim 6 realizado de modo diferente daquele das turbinas estacionsrias para a geraglo de poténcia, onde © objetivo & maximizar a poténcia a ser retirada no eixo do equipamento. A Fig. 1.11 mostra 0 Corte de um motor a jato, do tipo “turbofan”, utilizado em avides comerciais. Note que 0 primeiro io de compressio, localizado na regio priixima a seo de entrada do ar na turbina, também forga 0 ar a escoar sobre a superficie externa do motor, proporcionando 0 resfriamento deste € também um empuxo adicional. 1.7 Motor Quimico de Foguete © advento dos misscis € satélites pos em evidencia 0 uso do motor de foguete como instalago propulsora. Os motores quimicos de foguetes podem ser classificados de acordo com 0 tipo de combustivel utilizado, ou sea, sslido ou liquido. A Fig. 1,12 mostra 0 diagrama simplificado de um foguete movido a combustivel Iiquido. © oxidante e 0 combustivel sio bombeados, através da placa injetora, para a cimara de combustio, Aiguns Comentérios Proiminares 14 Bombe Bomba Pca do inetor combusts Boca! cases do combusto ‘ata vloosnde Figura 1,12 — Esquema simplificado de um foguete com combustivel liquido, fonde este processo ocorre a alta pressio. Os produtos de combustio, a alta temperatura e alta pressio, expandem ao escoarem através do bocal. O resultado desta expansio € uma alta velocidade de descarga dos produtes. A variagio da quantidade de movimento, associada a0 aumento da velocidade do escoamento, fornece © empuxo sobre o veiculo. © oxidante e o combustivel devem ser bombeados para a cémara de combustio, Para que isto ocorra é necessiria alguma instalagio auxiliar para acionar as bombas. Essa instalagio, nos grandes foguetes, deve apresentar alta confiabilidade © poténcia relativamente alta; todavia, deve ser leve. Os tangues do oxidante e do combustivel ocupam a maior parte do volume de um foguete real ¢ 0 alcance deste é determinado principalmente pela quantidace de oxidante e de combustivel que pode ser transportada, Diversos combustiveis © oxidantes foram considerados ¢ testados. Observe que um dos objetivos destas pesquisas & 0 desenvolvimento de combustiveis © oxidantes que fornegam © maior empuxo por unidade de fluxo dos reagentes. O oxigénio liquide é freqlentemente utlizado como oxidante nos foguetes movidos a combustivel iquido. ‘Muitas pesquisas também foram realizadas para desenvolver os foguetes movidos a combustivel sélido. Estes foguetes apresentaram bons resultados no auxflio da decolagem de vides e na propulsao de misseis militares e de veiculos espaciais. Eles slo mais simples tanto no cequipamento bisico requerido para a operacao quanto nos problemas de logistca envolvidos no 1.8 Outras Aplicacées e Aspectos Ambientais A termodinamica é relevante na anélise de muitos outros processos e equipamentos, O calor produzido pela decomposicdo do lixo urbano, que contém muito material organico, esti sendo utilizado para a produgao de energia elétrica em vsrias centrais de poténcia que operam em ‘conjunto com aterros municipais de lixo. Além disso, 0 gis produzido na decomposigio do lixo urbano, que apresenta metano em sua composicio, tem sido coletado em varios aterros municipais 12 Fundamentos da Termosingmica de lino ¢utitizado na geragio de eneriaeltica. As fontes geotérmicas de calor, a energia solar e ‘dos ventos também fem sido ulizadas na produgio de energia elie. A termodinamica é vit na aii dos processos de conversio de combustiveis como a gaseificago do carvio mineral ea Sintese de combustiveis liqudos a partic de biomassas, Os processos de conversio de combustives foram eriados para a obtengio de combustiveis mais adequados a0 consumo e mais Tieis de transportar. As hidroelétricgs tem sido uflizadas ha muitas décadas na produjao de energia clétiea A termosindmica & relevante na anlise do processo de cura das estruturas de conereto uilizadas na consiragao destas grandes obras porque o processo de cura do conereto apesenta efeitos trmivos signifieativos. Alem disso, atermodinmica é importante na alse dos processos de resriamento de componentes ¢ equipamentoseletrnico, dos processos crogénicos (como & ‘io crurgia o congelamento répido de alimentos) € de muitos vutros process importantes Nés também devemos nos preacupar com 0s aspectos ambientais relacionados com os processoseequipamentos que foram desenvolvidos com os conhecimentos da termodinnnica. Um Exemplo é a central termockrca a. vapor, cujo objetivo Figura p2.85 2.86 A profundidade do lago esbogado na Fig. P2.86 igual a6 me a comporta vertical apresenta altura ¢ largura respectivamente iguais a 6 m e $m. Deter- imine os médulos das forgus horicontals que at nas superfcies vericais externas da comport, Abts - 56 Figura P2.86 PROBLEMAS ABERTOS, PROJETOS E APLICAGAO DE COMPUTADORES, 2.87 Escreva um programa de computador que faca uma tabela de correspondéncia entre °C. °F, Ke R, na faixa de ~S0°C a 100°C, uilizando um intervalo de 10. 2.88 screva um programa de computador que ‘transforma o valor da pressio, tanto em KPa como ‘em atm ou Ibfn’,em KPa, atu, bare lb’ 2.89 Escreva um programa de computador para a corregio da medida de pressio num barémetro de mereirio (Veja Problema 2,62). Os dados de entrada ‘io a altura da coluna ea temperatura do ambiente & as safdas sfo a presso¢ a lituracorrigida a 20°C. 2.90 Faca uma relagdo dos métodos utlizades, ireta ov indiretamente, para medir a massa dos corpos. Investisue as faixas de utilizaco € as procises que podem ser abtids nas medigbes 291 0 fancionameno dos termimetos € baseado tm vitionTenbmenan, expo de on Te somo samen deempertre ica cr wats splays, As iin ceacan, emits © ropes tS" unuison ein come ttansdaoes,pincipalmente mas aplicones eats. Invetgue oe tpee Ge tenets exsae ep tina rar dss fan delays, preci vanagra decvemaas operons 292 Deseeee mete lenges ma flea deO 8 20°C Exch um terme de reste, um tein ¢ un tetnopar adcquaios pra eta ta, FupeTunm_ bok qoe_ couehaT es predised 6 rreposis las doe tmsduores (rans Sal de vada por alee entra da medida) tocol ale sigs clap x cores mn tieag des wade? 293 Um tesa 6 elizado como tater de temperate Sur restora vara, roti mene com aiemperatun do squite mo R= Rew la(tiT -1/%)] cade Ry estan aT, Aaiitndo que R, 3000 7, = 298 K dteri- te ede mito qu a resect igual 2 200 Chando a temperatura for igual aT Escrova un pogune Ce compact os Tonos 0 vale x Icnpernra es go do essiecis do trio Gotan curve faassen ou renee ae ee temisoreferetea ene prblcoa, 294 Pesquise quais sfo os transdutores adequads para medira temperatura numa chama que apresenta temperatura préxima a 1000 K. Existe algum transdutor dispontvel para medir temperauras proximas a 2000 K? 2.95 Existem vérios tipos de dspositvos dedicados 42 medi pressdes absolutas ¢ relativas. Fag uma relagio com 5 tipos destesdispositivos,splicaveis a situapSes onde « presado diferencial & da ordem de 100 KPa, mostrando os errosintrinsecos de medida, (0s tipos de resposta (linear u no) e 05 custo. 296 Um micromandmetro utiliza um fluido com massa especifica 1000 kg/m © € capa. de medi uma diferenga de altura com uma precisio de 20,5, mmm. Sabendo que a diferenga méxima de altura que pose ser medida & 0,5 m, pesquise se existe um ‘aro medidor de pressio diferencial dispontvel que ‘poss Substitur ese micromandmet. 297 Uma experigncia envolve as medigdes de Temperatura e pressio num wis que escoa numa tubulagio a aproximadamente 300°C © 250 kPa, Excreva um relaGrio que contenhe sua proposta paraos transdutores de temperatura e pressio aalequados 1 esta aplicagzo, indicando duas alter- nativas para cada tipo de transdutor, a resolugio de cada um deles e os custos envolvidos nx aquisigio dos transdutores, Propriedades de uma Substancia Pura Nés consideramos, no capitulo anterior, t8s propriedades familiares de uma substincis: volume especifico, pressio e temperatura, Agora voltaremos nossa alengio para as substincias puras e consideraremos algumas das fases em que uma substincia pura pode existr, o ndimero de propriedades independentes que pode ter e os métodos utilizados na apresentacao das propriedades lermodindmicas, © conhecimento do comportamento das substincias, através de suas propriedades, 6 essencial na andlise-de processos ¢ sistemas termodinamicos. A central de poténcia esquematizada na Fig. 1.1 e sistema de propulsio nuclear eshogado na Fig. 1.3 apresentam processos similares e ambos utilizam a gua como fluido de trabalho. Observe que 0 vapor d'égua a alta pressio & obtido a partir da ebuligdo de igua liquida 2 alta pressio no gerador de vapor. O vapor 6, ento, expandido na turbina até uma pressio préxima a do condensador. Neste equipamento ococre a transferéncia de calor da gua para o meio e obtém-se dgua liguida a baixa pressio na secio de descarga do condensador. A pressto dessa gua Iiguida deve ser aumentada para que retome ao gerador de ‘apor. Esta operacao é realizada pela bomba hidréulica. Nés precisamos conhecer as propriedades 4a gua para projetar, ou selecionar, as turbinas, bombas, trocadores de calor e os vétios fequipamentos que compe as instalagbes exbocadas nas Figs. 11 ¢ 1.3. Por etemplo, nds precisamos saber o valor da temperatura de evaporagio da égua na pressio do gerador de vapor € 0 conhecimento do valor da massa especifica da figua no estado encontrado na segdo de descarga do condensador éessencial no projeto da tubulacdo que liga 0 condensador& bomb. Se essa tubulago for dimensionada incorretamente © a velocidade do escoamento for excessiva, a perda de pressio no escoamento de gua liguida seri significativa e ocorreré um aumento da poténcia necesséria para acionar a bomba. Note que um aumento de poténeia de acionamento’ da bomba sempre provoca uma diminuigdo da poténcia liquida fornecida pelo ciclo de poténcia Outro exemplo 6 o reftigerador mostrado na Fig. 1.6. Nés precisamos, nesta aplicaglo, de uma substncia que evapore nuns. temperatura baixa (em torno de ~ 20 °C) € que condense numa temperatura superior a do ambiente. O processo de evaporacio do fluido de trabalho ocorre no evaporador do refrigerador. Este processo absorve energia do espago refrigerado e, assim, mantém a temperatura no espaco refrigerado mais baixa do que a do ambiente. O vapor de fluido reffigerante a alta pressdo condensa no condensador. Neste processo ocorre a transferéncia de calor para 0 ambiente. Como no caso das centras de poténcia, nbs devemos conhecer os valores das pressCes no evaporador e no condensador do ciclo de refrigeragdo e também quais So as taxas, de transferéacia de calor que ocorrem nos processos. Nés também temos que conhecer 0 volume especifico do fluido de trabalho nos diversos estados encontrados no ciclo para que seja possivel determinar adequadamente os didmetros das tubulagSes do refr gerador. O fluo refrigerante deve ser escolhide de modo que a pressio no condensador nio scja excessiva, devido a seguranca ‘operacional e maior probabilidade de ocorréneia de vazamentos, e que a pressi0 nao seja muito pequena no evaporador para que 2 ocorréncia de contaminagio do fTuide refrigerante com ar da smosferaseja minimizada. Considere, como sitimo exemplo, o ciclo de turbina a gis (a Fig. 1-11 mostra 0 esquema de uma turbina do tipo aeronéutico). N6s também precissios determinar os valores das propriedades os fluidos que escoam no equipamento para que seja possivel conhecer e modelar os fendmencs que ocorrem no equipamento. O fuido de trabalho nessas turbinas é um gis (a composigio do gis Yaria ao longo do escoamento no equipamento mas é sempre préxima a do ar atmosférico) € no ‘corre mudanga de fase no ciclo. O processo de combustio ocorre na cimara de combustio da turbina e nds detectamos um aumento considerivel de temperatura do fluido de trabalho no escoamento a0 longo da camara. Nés precisamos conhecer o estado termodinimico na sepi0 de descarga da cémara de combustio para que seja possvel analisar 0 processo de expanséo que ‘corre na turbina do ciclo. Nés também devemos conhecer 0 estado termodinimica na sexo de ‘descarga da turbina para avaliar a expansio que ocorre no bocal de descarga do equipamento. A velocidade do fluido de trabalho deve ser alta na segdo da turbina e em todo bocal de descarga da

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