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3 e & S S @ € S ZO € 8 8 © S IN ig > A 7 = Digitalizada com CamScanner O autor e a obra + Luis de Camdes nasceu em 1524 ou 1525, provavelmente em Lisboa. + Oriundo da pequena nobreza, estudou na Universidade de Coimbra. + Frequentou a corte, onde viveu uma existéncla boémia e comegou a dar mostras do talento pars. esctita. + Combateu, como soldado, no Norte de Africa e perdeu o olho direito numa expedigao a Ceuta, + Party para o Oriente em 1553 e ai permaneceu durante varios anos, durante os quais participa ep, expedigdes militares, desempenhou cargos administrativos, adquiru uma vasta cultura e desenckiey um forte conhecimento do mundo. + Numa viagem de Macau para a india, sofreu um naufrégio do qual consegulu salvarse, a nado, com manuserito de Os Lusiadas. * Em 1570, regressou a Portugal e a publicacao de Os Lusiadas aconteceu em 1572. + Apesar da tenga atribulda pelo rei D. Sebastido, os iltimos anos foram vividos com dificuldades econ. micas e marcados pela indiferenca dos seus contemporaneos * Morreu em 10 de junho de 1580. *'S6 depois da morte de Camdes so publicadas as Rimas, uma coleténea da sua obra lirica, que incluia sonetos, redondilhas, cangdes, odes... A época O século XVI, época em que Camées viveu, fo palco de intensas transformagées historico-iterévas, Aalividade expansionista deste periodo proporcionu o contacto com novos espagos, culturas e poves, deservolveu o conhecimento do mundo e provocou uma mudanga de mentalidades. See) 7 | * Movimento europeu de renovacao cientifica, literdria e artistica, nos séculos XV e XVI, inspirado | | L na arte e cultura greco-latinas, cujas formas artisticas so recuperadas ¢ reinventadas. * Constituiu uma forte rutura com os valores da Idade Média e abriu caminho ao surgimento de uma nova mentalidade, em que o Homem 6 0 centro de todas as atengoes. O Renascimento surge associado a dois conceitos fundamentais: |. Confianga no ser humano e nas suas + Interesse pela arte e cultura da Antigu | capacidadesiimitadas, i dade Classica. * Sobreposigéio do antropocentrismo ao + Recuperacao dos modelos e temas 9fe0” teocentrismo da Idade Média, -latinos. i * Valorizagaio da experiéncia como meio de * Gosto pela harmonia, pela simetria & pee | conhecimento, equilibrio, ‘ ae i Digitalizada com CamScanner Luis de Camées, Rimas Temas da poesia lirica de Camées CEs Deer *A amada retratada como um ser Unico, superior e divino, * Ideal de beleza fisica e perfeigéio moral (modelo de Petrarca), + Poder transformador da mulher sobre a Natureza e o Homem, PGE mssae esa nus). «+ Refiexo do estado de espirito do sujeito postico. + Cenério e motivo da reflexdo do sujeito postico. | | * Confidente @ testemunha do “eu? | | + Espaco alegre, luminoso e sereno (focus amoe- | | Noa ou e Nias aoa Vata Ok ol IS Neg sso *Cardter contraditério da experiéncia amorosa, originadora de felicidadelinteli- cidade, de esperanga/dececdo. + Amor platénico e amor carnal (associa- dos a dois modelos de mulher: a mulher idealizada e a mulher sensual). ‘+ Amor como forga superior a que nao se pode escapar. +0 Destino, os erros cometidos e 0 Amor como responsaveis pela desventura do sujeito postico. + Um percurso de vida marcado pela desilusao no amor, nunca concretizado. * A recordacao do bem passado em contraste com 0 desencanto do presente. *Aiindignacao, a revolta, a frustracao, 0 cansago, 0 desespero perante uma existéncia de infortinio. Pores scene salle) Oe ETE E * Reflexdo pessimista sobre 0 mundo € @ existéncia humana, | «Constatagdo de uma total inverséo de valores no mundo, jé que os bons sofrem injustigas e os maus so recompensa- dos. * Perplexidade, revolta e incompreensao face ao desconcerto do mundo. + Aiinevitvel passagem do tempo é causadora de mudanga continua, + Reflexdio sobre a mudanga na Natureza e na vida humana: na Natureza, a mudanga é positiva e fonte de esperanga, dado que permite a renovacao ciclica; —na vida humana, a mudanga concretiza-se de forma negativa, encaminhando o Homem para a morte e anulando qualquer esperanga. 9 Digitalizada com CamScanner fos izacco histérico-literaria : = eas nae Rimas, de Luis de Camées: as influéncias | A influéncia da lirica tradicional na FORMA, Nas composigdes de sabortrovadoresco dos cancioneiros medievais, Camées usa a ‘meg na ‘a Methida velha 0 verso de cinco ou sete silabas métricas: a redondilha menor e a redondilha maior, respi vamente, Existem poeras com um mote, que introduz o tema, e uma glosa ou volta, que o desenvojie artorme © nimero de versos que comptem cada parte, assim se denominam vilanoet py cantiga: MOTE MOTE Dois —___ Quatro ——_—__ ote eae oucineo ¢ —__ Pe versos | | GLOSA OU VOLTA GLOSA OU VOLTA | ——_— | Uma ———. | Uma oumais | —————— oumas: | eles | | eee estrofes | ——_____ SS) sae de sete ————————- wo) —— verso. | ————_ Oder | Seer SEE EEEEnEeeed versos, a Hé outras formas poéticas como ~ @ esparsa, composigao de uma tnica estrote, de 8 a 16 versos; 2 ~@ endecha, composiczo com um nuimero varidvel de estrofes, de 4 a 8 versos. A influéncia da lirica tradicional nos TEMAS Na poesia de influér ncla tradicional, é evidente o aproveitamento da tematica da poesia trove doresca: *O amor, 0 sofrimento amoroso @ a saudade *A beleza da mulher em intima relaco com *Cenario campestre e pastoril * Elementos como o mar, os ~ «Aquela cativa / Que me tem cativo> a natureza — «Pastora da Serra ~ “Verdes so os campos / Da cor do limo» Pastores, a fonte ~ «Descalga vai para a fonte» Digitalizada com CamScanner A influéncia petrarquista na FORMA : A influéncia do poeta italiano Francesco Petrarca (1304-1974) em Luts de Camées (século XVI) 2 ‘concretiza-se através da adogao de tipos de composigéo de dez silabas métricas — 0 decassilabo e ‘ou seja, a “medida nova; sobretudo no soneto. O soneto & uma composigao fixa + de catorze versos, * distribuidos por duas quadras e dois tercetos, a *.com esquema rimatico mais usual ABBA / ABBA / CDC / DCD. A influéncia classica nos TEMAS Na poesia com influéncia cldssica e renascentista fruto das novas ideias provenientes de Itélia, verifica-se que os temas colocam o Homem no centro de todas as preocupagées: +o retrato idealizado da mulher amada, de influéncia petrarquista; * a concego do amor puro e ideal; +08 efeitos contraditrios do amor; + a natureza como reflexo ou contraste do estado de alma do "eu"; * a reflextio sobre a vida e a sua brevidade; + a mudanga e o desconcerto do mundo. Oestilo nas Rimas Manifestagdes de subjetividade Recursos expressivos e discurso pessoal ~ianorageo ~ recurso & 1." pessoa gramatical = anéto —uso abundente de adjetivos; —antitese; ~formulago de ju‘zos de valor; ~apéstrofe; ~ expresso de sentimentos e desejos. = metafora; —hipérbole. I i vn Digitalizada com CamScanner FICHA IO dia em que eu nasci, moura e perega Para compreendera, Reflexao sobre a vida pessoal —~ Elemento do c discurso autoblogritico: » 1" pessoa do singular. 1 Ses | Ideias/Assunto ' Reflexdio magoada sobre a vida. y 4 Indicagao dos fatores ae Eros meus, mé fortuna, amor ardente esp atan patra, . a Dott FORTUNA Em minha perdigao se conjuraram; eta vida Inflla © polo sofrtierea, Os erros e a Fortuna sobejaram, Tom confessional e desgestos, Que para mim bastava Amor somente. =~» Amor bastava para provocar ‘sua pertigao. 5 Tudo passei; mas tenho téo presente ‘0 passado ainda permanece no seu A grande dor das cousas que passaram, Opened ahs permease iels permitram retirar uma ligdo: ‘do desejar ser feliz. Que j4 as magoadas iras me ensinaram * A no querer ja nunca ser contente. i i . Com amargura, confossa que tanbén Errei todo 0 discurso de meus anos; | | Soeapeneeicotenam eabin 10 Dei causa a que a Fortuna castigasse L_ isso que a sorte no obasjou. i As minhas mal fundadas esperancas. © AMOR PROVOCOU ; umailusio” “Suma desiuséo De Amor nao vi sendo breves enganos. breve sdolonoas DESEJO Oh! Quem tanto pudesse, que fartasse rs DE a A FP Manifestapao de um desejo VINGANGA Este meu duro Génio de vingangas! «- i impossivel de realizar: ; eixar de ser perseguido pela vontade Lule de Camées, mas, edigéo de Ava J.ca Costa Pimpao, de se vingar, a fim de viver em paz Coimbra, Almedina, 2005 Cok Oren comichicne Primeiros sujeito poético confessa que viveu uma vida marcada pelo sofrimento, devido aos 12 versos erros cometidos, a falta de sorte e ao Amor. 13.°@ 142 versos | Conclusdo do balango negativo do seu itinerdrio pessoal, numa expressdo de raiva e desespero, intensificados pelo desejo de vinganga. 4 Digitalizada com CamScanner 1. Resume o assunto da primeira quadr [[Oquedevestazer? =] ‘Téplcos de resposta * Apresentar, de forma sucintae | _* 08 «Etros» @ a «mé fortuna» foram inimigos do sujeito postico, pois conspiraram contra ele. [por palavras tuas, as ideias da | _* © “Amor era causa natural da sua desgraca ou da period, primeira quadra, peaciscres he Exemplo de resposta Na primeira estrote, 0 sujeito postico refere que os «Erros» cometidos por si Rola. Nao te limites a copiar | © a «mé fortuna, isto 6, a falta de sorte, «sobejaram», pois foram seus inimi expresses do texto! gos ao longo da vida e «conjuraram» contra ele, impedindo-o de ser feliz. Como se isto nao bastasse, considera que o «Amor era um sentimento natural de perdica Mostra de que modo © passado condiciona a vivéncia do presente, tendo em conta o exposto na segunda quadra. 9 aus eves tsar? cae en segunda carats "9° © | + momenies dflei desoiment que se encontam bam presents ra mami do etm, Caracterizar 0 pasado, + aprendeu a ndo decejar ser feliz, * Caracterizar O presente: Sete | etanrunmenm spans fo na forma como o sujeito - poétco vive 0 presente, Exemplo de resposta O sujeito postico refere que os momentos dificeis, as «cousas que passa- ram, provocaram téo grande sofrimento que ainda esto bem presentes no Dica. Repara que no item jd é | seu espirito, Porisso mesmo é que ha algum tempo aprendeu a «no querer feferido que o passado interlee | | nunca ser contenten, a fim de evitar mais sofrimento. Deste modo, 0 & condiciona © modo come ¢ | sujeito postico sente-se condicionado pelas memérias tristes do passado aresecato claiicar a eiagae | dU impedem a felicidade © o sossego no presente, entre 0s dois tempos. =. Justifica o sentimento de culpa que se evidencia nos versos 9 a 12. - - ‘Topicos de resposta | O que deves fazer? + Devido aos erros cometidos, foi castigado pela «Fortunan + Explicar 0 motivo do senti- | « @ eniega ao «Amar provotousthe desiusces, sbreves enganos», “mento de culpa que © sujeito | podtico exoressa, Exemplo de resposta (O sentimento de culpa é visivel no momento em que 0 «eu» lirico se respon- sabilza pelos erros cometidos ao longo do «ciscurso» dos seus anos, reco- nhecendo que, por este motivo, fol castigado pela «Fortuna», provocandoshe grandes desilusdes («As minhas mal fundadas esperancasn). Para além disso, considera que a entrega ao «Amor» he provacou «breves enganos». dentifica um dos efeitos de sentido do uso do modo conjuntivo nas formas verbais do verso 13, enquanto conclusdo da reflexao. ‘Topicos de resposta (uso do modo conjuntvo (-pudesse, startasse») contribui para: af a expressividade do | « expressar a dor, 20 chorar os errs praticados e os desgostos amorosos; |» extririzar 0 desejo de vinganga; tendo em conta que se trata | « manifestara vontade de ter paz e tranquiidade, a fim de apaziguar a dor ea mégoa. “da conclusdo da reflexéo do __Sujeito poética. Exemplo de resposta © uso do modo conjuntivo nas formas verbais « (v. 16), tendo ‘em conta o contexto em que ocorre. a Tépicos de resposta que deves fazer? 5? ‘A metafora contribui para evidenciar: Esclarecer 0 sentido metatérico + a dor au 0 softimento do «perdigom; “da expresséo. 19s equobtumese que agudzam a dr, logon, + Inlerpretar a expressio tendo ‘em conta os outros versos em | Exemplo de resposta ‘quese insore. Através da metéfora «langa no fogo mais lenha», 0 sujeito poético refere que quanto mais © «perdigo» se lamenta ou queixa do seu infortinio mais pro- Recorda. voca dor ou sofrimento. Assim, os constantes «queixumes» sé intensificam Sentido literal - & 0 ptineio | ainda mais 0 «fogo>, 0 sofrimento em que vive, sentido, o sentido usual de uma ” que vive. palavra ou expresso. Sentido metaférico ~ cores- ponde ao sentido figurado de {ima palava ou expresso. 4. Descreve a estrutura formal do texto. Tépieos de resposta Odquedeves fazer? + Vianeeteredondina maior; mote dsc; duas volta (sétimas). * Identiticar a composigao poé- |» Rima interpolada e emparelhada. fica, + Esquema mateo nas votes: abbaace / deeddcc. + lassicaros versos quantoa0 | + Rekéo, rndmero de slabas metrcas. + Descrever a constituigéo do Exemplo de resposta Pre sscrc ipo do ma, vilancete em redondilha maior ¢ constituido por um mote de dois versos ‘ Aprecentar oesquema iatca, | (Aistico) € duas voltas de sete versos (sétimas). A rima é interpolada ‘ identfcar a presenga ds reftéo. | _ emmparelhada, segundo o esquema rimético abbaace / deeddee. O segundo ‘verso do mote repete-se, em refrao, no ultimo verso de cada volta. “tengo Como a instugio do Rem ni especiica os elementos a inca, eves reer todos 0s aspe0s formals | 2 - Digitalizada com CamScanner FICNA 6 Amor é um fogo que arde sem se ver Para compreendera, Representagao do amor sujeito postion expse as contradigoes do Amor, através de antiteses, para evidenciar a impossibilidade de defn, esse sentimento. 0 sujeito postico carcterea © Amor como um sentiments indefinivel Amor é um fogo que arde sem se ver, : ferida que ddi e nao se sente, contraditério, através 6 um contentamento descontente, : Sere 6 dor que desatina sem doer. i ReagGes ou efeitos do Amor: 1" parte | 8 Eumnio querer mais que bem querer, - ce ee a 6 um andar solitério entre a gente, i Reotstgie/)" Cotati Amat: nunca contentar-se de contente, eoear ae € cuidar que ganha em se perder. : sofimento seldo E querer estar preso por vontade, i nent 10 €servir a quem vence, o vencedor, see 6 ter com quem nos mata, lealdade © poema fecha com chave de our. 2 parte i Como é que se pode gostr fone do r Mas como causar pode seu favor i de een aoa ‘sujeito poético i = - 7 perante o prazer que nos coragdes humanos amizade, ‘Como é que as pessoas| oder © Amor proporciona, ei pe confinuar a apaborarse apecar do sou carder | se téo contrario a si é o mesmo Amor? ccantraditirio, " Es ularidade: 0 poema comet a Seas ambos, inn, ek de Ary e termina com a mesma pale " Exprime 0 desejo do “eu” de fat al ‘sobre este sentimenio. Observa + As iguras de estilo mais relevantes- a enumerag, « metéfoa ea anttese — para cont ‘sentimento contraditério e indefinivel. ee +O carater circular do poema, através da repetigao da palavra Amor no inicio e no fim do soneto, a destacaro toma, * O.conector «Alas» a intoducr ura mudana de assunto, a estuturar 0 saneto em duas partes legicas '* A amizade a opor-se a0 Amor, que néo tem um efeito benético sobre. quem ama. | + Aintrogagdo retérca a sxprimirou desperar uma reflex sobre o Armor. Er Digitalizada com CamScanner ~ ~ Vé como se faz Transerove do Poema expressdes que descrevam o «Amor» como b) insatisfagao, ¢) dependéncia, O que deves fazer? Exemplo de resposta “+ Copiar do texto as expresses | _ @) «é ferida que déi e nao se sente» (v. 2). “telativas aos aspetos indica- |b) «6 nunca contentar-se de contente» (v. 7). ©) «E querer estar preso por vontado» (v. 9). ‘+ Respeitar as regras de trans- crigao de texto, Comenta o valor expressivo da metdfora presente no prim verso. ‘Topicos de resposta Metéfora: «Amar é um fogo que arde. Valor expressvo:o «Amor» € motivo de prazer, de ardor, mas é destuidor,provoca sorimerto = Exemplo de resposta Dice Tansareve @ exprensso | © Suelo pottico associa o «Amor» a um wfogo que arden, para evidenciar que identifies a metaoa, uma oposicao ou uma contradigao: se, por um lado, o sentimento 6 causa de um ardor, isto 6, de uma intensidade amorosa que causa prazer, por outro lado, tem a capacidade de destruir, de provocar um grande sofrimento. interpreta o sentido do verso «6 ter com quem nos mata, leaidaden (v. 1) luz do concelto de Amor» apresentado pelo sujeito postico, neste poema. ‘Topicos de resposta ‘Oque deves fazer? ‘Sent do verso: aquele que ama desea set lel, continuar a amar, mesmo que o sentimento ‘Explcaro sentido do verso. ‘no corresponcido provoque sofrmento ou morte de amor “Tornar claro a conceito de | — Goncelto de «Amor» presente no poema: sentimento contradtéro que produz efeitos antags- ‘Amor presente no poems. nicos em quem o experiment, + Estabelecer uma relagdo entre | 08 dois aspetos. Exemplo de resposta [Bees os sone eae es) ‘Através do verso «é ter com quem nos mata, lealdade», 0 sujeito postico evidencia um dos efeitos do sentimento amoroso: quem ama, deseja conti- huar a amar, ser leal a0 objeto do seu «Amor», mesmo que o sentimento ido seja correspondido e cause sofrimento ou morte por amor. Neste sen- tido, confirma-se 0 cardter contraditério do «Amor», bem como os efeitos antagénicos que produz em quem o experiment identifica uin dos efeitos produzidos pela interrogagao retérica, no segundo terceto. Tépicos de resposta ‘inlrrogagdo retéricaproduz os soguintes eletos do sentido: Pa confrmagdo do carter contrad&rioe indefinivel do «Amore; 13 exoresedo da perplexidade do sujet pottico face ao ser humano que procura @ «Amar ‘Sentento Inceaz de produzir amizade» ou saisfagaoplena: « Sncompreensto polo facto de o set humano se envegar ao «Amor, sentimento que Pro- ‘oea eliis contradtérios. “O que deves fazer? ‘Apresentar a intencionalidade ~ do recurso a interrogagao reto- rica, no context, Exemplo de respost _ {A interrogagaio retorica presente no segundo terceto constilul a expressa0 da perplexidade do sujeito poético pelo facto de o ser humano procurar 0 “Amor, mesmo sendo um sentimento contraditério, ineapaz de produzir uma satisfagao plena, contrério & «amizade». Nota. Repara na formulagao do item: apenas tens de referir um ‘feito produzido pela interrogar ‘edo relérica, 23 Digitalizada com CamScanner AICHA 7 Descalga vai para a fonte Representagdo da mulher /, Com um mote do 8s versos, o posma éumvilancete, De inspicagdo tradicional, Integra-se na medida velha, Aeste mote: Descalga vai para a fonte Leanor pela verdura; vai fermosa, e ndo segura. Voltas Leva na cabega o pote, © testo nas maos de prata, Para compreenders, O objeto da atencig | do sujelto poético | éLeanor, © que é que o atta near sua beleza; + a.sua juventude; +a sua graclosidade; + 2suaindumentéra, A contrastar com sua dfemosura, | Leanor va Nas duas voltas, Y 2 , + Porque 6 alo de seduca gals patcn cinta de fina escariata, fetagio annoy @presentado no mote, sainho de chamalote; * Devido & incerteza do ' enconto amoroso na fone Y traz a vasquinha de cote, Descrigéo de Leanor ; . isla @ psicolbgica} mais branca que a neve pura; A pereigao de Leanor 1 vai fermosa e nao segura. etd de acordo com o modes + Jovem petrarqusta + Bela + Pure Gidea Descobre a touca a garganta, ees ca Leases + Insegura cabelos d'ouro 0 trangado ‘sujeto posta f mundo ae fita de cor d'encarnado, y Abeleza de Leanor tee Tem poder sobre tudo éinlensificada através {ao linda que o mundo espanta; o que arose da desorigdo da roupa oa soi deraure 15 chove nela graga tanta, ' campeste que dé graga a fermosura; Provoca espanto,admiragéo — ie «to linda que o mundo espanta aed vai fermosa, e nao segura. Thipérbole}, Que cores sobres Luls de Cambes, mas, eigéo de Avaro y na descrigao? sJ.da Costa Pmpao, Commora, Almodina, 2008 Altera 0 conceito de beeza +0 branco da roupa; “d graga 8 fermosura» + 0 vermelho da fia do cabeloe da cnt; + odourado docabelo; testo.) tampa. : + 0 verde do cenaro, ‘escalate V. 6): tecido vermelho vivo. -sainho (v7): camisa ou colets. chamalote (v, 7): tecido, mistura de lA e seda, vasquinha (v. 8): de pregas. de cote (v. 8): de uso diario, 2a Digitalizada com CamScanner er see < tt cas | Vé como se faz Explicita a Importancla do diminutivo (vv. 7 e 8) na descrigio fisica de Leanor. er Tépicos de resposta ct ere 2 Diminutivo: «sainho» e evasquinhar, ‘Tomar clara a forma como 0 Hrpaitinete do ieee + Tealce da graciosidade e beleza da figura feminina; uso do dit aeons jaacutvo contribu | rfergo do encantameno do sito podt. para a descricao fisica da feminina. Soe Exemplo de resposta diminutive presente nas palavras «sainho» e «vasquinha», pegas da indu- mentaria de Leanor, contribui para conferir mais graciosidade e beleza & figura feminina, para além de fazer sobressair 0 encantamento do sujeito poético por esta mulher. Caracteriza a figura feminina, comprovando que o seu retrato esta de acordo com o modelo petrarquista e ilustra a resposta com segmentos textuais. ‘Tépicos de resposta gue eves ae? Ee eer crc nes pec ve lo petrarquista 0 retrato de Leanor corresponde a esse modelo: bela, graciosa, «maos de prata», «cabelo de beleza ferinina. F Dipicke onan de Lewes cde ouroo trangados, «(do lindae, ‘+ Apresentar segmentos do tens futaties dss ete | E#emole dretposta eral 0 retrato de Leanor corresponde ao modelo petrarquista, no conceito de beleza ideal, celestial, para o qual contribuem a pela clara e o cabelo loiro, entre outros aspetos, tanto fisicos como psicoldgicos e morais. Neste sen- do, a perfeigdo de Leanor é evidenciada pela delicadeza («maos de Dica. Consulta a pégina 11 para | rata»), preciosidade («cabelos d'ouro o trangado»), beleza fisica no seu recordares a influéncia petrar at 2 qua nas Pas. Conjunto («to linda que 0 mundo espanta»), capaz de enfeitigar e sedu: Eucrave uma breve exposigao sobre o modo como este poema do século XVI constitul uma continuidade das teméticas da poesia trovadoresca. ‘Tépicos de resposta Oque devestazer? «-¢ tema dafonle—espaco do encanto dos namorados. ‘A tua exposigdo deve incur: + Adonzela (Lean) presente no ambiente campeste, rural + uma introdugdo a0 tena; A inseguranga (amorosa). ‘+ um desenvolvimento no qual | « a inviuéncia da poesia trovadoresca. relras tés aspotos temicos que aproximam o vilancete | Exemplo de resposta dos poomas da poesia ew: | © poema de Camdes, do sécuio XVI, evidencia uma continuidade temética fdeias apresentadas em, pelo | de insprracdo tradicional. menos. um exemplo significa | Neste sentido, esta aqui presente o tema da fonte, local aonde Leanor se tivo de cada um dos aspetos; dirige, espago tradicionalmente associado ao encontro amoroso. Veja-se a * uma concluséo adequada a0 | — menina das cantigas de amigo, que vai a fonte lavar os cabelos, ou que ld se Ce eas demora inexplicavelmente, esperando que © seu amigo apareca. Leanor encontra-se num ambiente bucdlico, campestre ou rural («pela verdura»), 0 mesmo da poesia trovadoresca, da menina que baila com as amigas sob as i avelaneiras floridas ou que dialoga com as «flores do verde pino». Para além i eee disso, 0 estado de espirito de Leanor («no segura») corresponde a insegu- 1 ica. Recorre a conectores dis- | ranga amorosa daquela donzela que aguarda 0 amigo junto as «ondas do | cursivos para organizares © | mar de Vigo». texto Ge forma mais co8s2.® | Em guma, confirma-se, no vilancete, uma inluéncia da poesia trovadoresca, | | nomeadamente das cantigas de amigo. 25 Digitalizada com CamScanner FIGHA 8 Ondadls fios de ouro reluzente Representagao da mulher A maneira de Petrarca, poeta italiano do século XVI, 0 sujeito po Para compreendera, Jético descreve uma mulher perfeita @ idealizad Enumeragao dos elementos Manecmeke Ondados fios d’ouro reluzente, ~.- fisicos destacados, sujeto postico que, agora da mao bela recolhidos, ‘we Os cabelos dourados enumora os : “~¢ A mio delcada tragosfsicos, Agora sobre as rosas estendidos, ~ ae peat eae icolégicos a f foie fazeis que a sua beleza se acrecente; Pee contibuem para Beleza e pertelgdo arepresentagao dda mulher ideal. olhos, que vos moveis tao docemente, eee em mil divinos raios encendidos, © retrato moral: ‘Se amuher se de cd me levais alma e sentidos, —— ‘mada nfo B osalhos | adogure,apureza ‘existe, mas se 08 que fora, se de vés no fora ausente? ‘seus olhos - i eccana | | oreo (“ISumwdet fascinio, como Honesto riso, que entre a mor fineza - reagira osujato = postico sea de perlas e corais nasce e parece, aboca © adelicadeza, a sedurzo vise? se na alma em doces ecos nao o ouvisse! - Num segundo ‘momento, HERES : pis ade a Se, imaginando sé tanta beleza, mulher retatade i 6ri x a de si em nova gloria a alma se esquece, Ain es tsa jeto posto 4 ir? Ahl i 2.0 moto conjuntvorealeam ute po que seré quando a vir? Ah! Quem a vissel ‘tostlade decorator desejo de ela ser Luis de Canes, Rinas, edo de Alvaro Se real, devido as J.da Costa Pinpao, Coin, Amodina, 2008 suas qualidades @ a0 efeito que ela the provoca ‘perlas e corais (v. 10): metafora de denles e labios, ‘Sabe mais Nisteriosa, civina, celestial, de beleza inefével, inatingive | Niner porta e.; * bio de seduce encasamento, | fi * Muther superior, a quem o suelo poéticeprestavassalagem amorosa. | Y Encanta e sedu2 como uma sfelicern: sta fol a catste wrmasura 2 Corresponde ao ides! ——_sinha Cree» (fcha 24). do boleza petrarquista, = Mulhe ‘Muther te real ©. lulher por quem 0 sujeito postico se sente atraido e se rende aos seus See ‘encantos: «Aquola cativa, / que me tem cativo» (cha 9). 26 Digitalizada com CamScanner == Vé como se faz 1. Explicita 0 valor expressivo do uso da metéfora presente na primeira quadra, Oquedovestazer? = *Identifcar a metéfora, * Explicar 0 efeito de sentido ‘Tépicos de resposta Ammetdfora destaca e valriza os tragos da mulher mada: +o cabelo, fas douro reluzente» ~ 0 iho e a preciosidad +a faces rosadas, «as rosas» ~a puteza, beleza e suavidade. /Rroduzido pela utiizagao dese recurso expressivo. Exemplo de resposta Na descrigao dos aspetos fisicos da mulher amada, o sujeito poético recorre ‘& metafora a fim de realgar o brilho e a preciosidade dos cabelos dourados, comparados a «fios douro reluzente». Para além disso, a pureza, a beleza e a suavidade da mulher sao caracteris- ticas atribuidas pelas faces, metaforicamente associadas a «rosas». Explica 0 efeito que os «olhos» (v. 5) exercem no sujeito poético, ilustrando com segmentos textuais. Topeos de reposta 8 bs dou sof no eat pdt: | *Eeclarecer © mado como o | sSusmeteeo&corura de od rade —wdocemente; solos daamada, + debua-se seduzire encantarpeos «mil cvnos rics»; a jitae datas. rung | “Ttesee0 pote dal Goschos Ga anada ene leas ama sents: apese endo ._ exemplifcatives. ee Exemplo de resposta (Os «olhos» da mulher amada exercem um intenso efeito sobre 0 sujeito poé- tico, que se submete a dogura do seu olhar («docemente»), ao mesmo tempo que se deixa seduzir e encantar pelos «mil divinos raios». Para além disso, 0 ‘sujeito postico fica rendido ao poder da luz dos olhos da amada («me levais alma e sentidos»), 0 que condiciona a sua vida, apesar de ndo os ver, por ela nao ser real. “Mostra de que modo sao realgados os tragos morais da mulher amada._ Tépicos de resposta ‘© que deves fazer? (0s tragos moras so realgados através dos elements tiscos lentficar 0s tragos morals da} « o iso é shonesto» ~ a honestidade; mulher amada. Pear so enraoe | CP “ame* Mover to cocomeron—a dopa a sereidede, < a exc moras © os elementos | Exempla de resposta 8 Os tragos morais da mulher amada, a honestidade e a docura, séo sugeridos pela caracterizagao do riso que «honesto», e também pelo modo como os «olhos» se mover: «to docernente». 4. Justifica os sentimentos revelados através da expressao «Ah! Quem a visse!» (v. 14). 72 ‘Tépicos de resposta © quo deves fazer? Sentmenioseustcag: * Wentiicar os sentimentos. | airsteza, por saber que o seu deseo de vera aad, de se aproxmar dea, &impossive; ‘ Apresentar as raz0es que 08 | 5 fascinio pela mulher idealizada, imaginada, objeto da descrigao, - fundamentam. Exemplo de resposta Ine] A expresso «Ah! Quem a visse!» coloca em destaque nao sé a tristeza do ; | | Nota. Para justticar os sent: | cujeito postico, por saber que 0 seu desejo de ver a amada, de se aproximar |g (Totes preico eneSies | dela, 6 impossivel, como também o fascinio pela mulher idealizada, imagi i o nada, que foi 0 objeto da descrigao. 27 Digitalizada com CamScanner FICHA 9 Aquela caliva Representagao da amat Para compreendera, : Cinco oitavas em redondiha menor Esquema rimatico~ abbacdds 1. estroe] Firma ~interpolada e emparethada Endechas Medida velha Vertente tradicional Ja cativa com quem andava d'amores ‘na India, chamada Bérbora Aquela cativa, O fascinio que que me tem cativo, a escrava, a wcativar, 7 exerce sobre 6 porque nela vivo, sujeito podtic. a J& ndo quer que viva. 5 Eu nunca vi rosa, que em suaves molhos, ue para meus oll Elogio & beleza cee hos, da amada, ~-efosse mais fermosa. superiorizando-a através da hipérbole. Nem no campo flores, 70 nem no céu estrelas, Caracterizagao fisica de Barbora me parecem belas, como os meus amores. boleza : rosto invulgar Rosto singular, olhos ¢ cabelos ee olhos sossegados, ar exctico 15. pretos e cansados, mas nao de matar. Y Pardo do boeza ia graga viva, que se afasta do ideal cléssico que neles Ihe mora, (cabelas louros, “ ‘olhos claros, para ser senhora, pele branca). 29 de quem é cativa. aubaitens ve? Pretos os cabelos, um modelo real. onde © povo vao perde opiniao, que os louros sao belos. siso (v.30): ulzo, ‘amansa (v.34): acalma. _ 28 Identificagao da figura feminina por quem ‘o sujeito postico se sente enamorado. Caractorizacin z sicolégics 26 Pretid&o de Amor, de Barbora ldo doce a figura, y jt araciosidaae que a neve |he jura, goes cor. aleata se brandura Leda mansidao, sensalez serenidade 30 que o siso acompanha: Y bem parece estranha, Wes de mas barbora naoe- perfeico moral Trocadiho entree nome eo adjetie Presenca serena, que a tormenta amansa: Amtaw : sclera as nelaenfimdescansa | Barbone ‘ dierent nas toda a minha pena. | do ages Esta é a cativa, nfo $ bub que me tem cativo, @, pois nela vivo, Semenanga | Sd cede! ent oni nea ique Nive 0 fim do poems Luls de Camsos, Rina, odio ' ‘2 Atvarod da Costa Dns, sas Coimbra, Almedina, 2005 Carter cre EEOCO Rooms ncelerls Versos Lad | Apresentacao da figura feminina. Versos 5236 Caracterizagao fisica e psicolégica de Barbora Versos 37 aap | Fetoma da apresentagao da «cativan. Nota Barbora: Barbara (nome préprio). a Barbora: selvagom, rude (adietivo). Digitalizada com CamScanner Vé como se faz 1. Explica de que modo. ‘9 Jogo de palavras press 08 dols ‘inielais eo p arelagao entre 0 "eu" go Presente nos dols versos iniclais contribui para caracterlzar [Oauedeves azar?) ‘Ténleos de resposte *Identiicar ojogo do palavras, | * Mulher ecatvam ~ condigdo socal -escrava. ‘Chatters tric Seat, | “One eastn plate aor stones not Was. * Relacionar esse sentido com a | Exemplo de resposta Telagdo entre o*eu" e a amada, © jogo de palavras «cativa»/«cativon evidencia a condigao social da mulher =| _ = escrava ~ € 0 estado psicolégico do «eu» ~ escravo do amor dela. Deste ‘modo, é salientada a ideia de que, apesar de o sujeito postico ser socialmente ‘Superior & mulher, é ela quem o subjuga, jé que ele se sente preso por amor. Explicita, com base nos versos 5 a 12, a expressividade da comparagao na descrigao da figura fe ———— ‘O.que doves fazer? Tépicos de rosposta hele oe temerios da com. | Cimpargio i eeza do -Bitbores com aeoste as tes, as stele paragio,| + SobrevalorizagSo da beleza da mulher face & beleza dos elementos da natureza, + Ezcarecer como a compara. | _* Pleo ca fomosradauther (940 coniribui para a caracteri- Sedo da mulher Exemplo de resposta Ao estabelecer uma comparagao entre os elementos da naturoza © «Bk bora», € realgada a formosura da figura feminina. Com efeito, para o sujeito Poético, a beleza da mulher amada é incomparavel, sobrepondo-se até & Perfeigdo da «rosa», das «flores» e das «estrelasm. Dica. Nao 6 necessério detinir @ comparagao, mas esclarecer o sentido com que é utiizada. Interpreta a substituigao de «Aquela» (v. 1) por «Esta» (v. 37) € a estrutura circular do poema, ‘Topicos de rosposta ee ‘Circularidade do poems. “Frercaboroloraaeaa0e 88)» Subttigda figura feminina que estejam de acordo com o ideal de Perarca. + Apresentar elementos texuais iustrativos das caractristcas. Nota. E nocossario que apre- sentes de forma completa 05 aspetos, Nao basta transerever expressées do texto relatives @ esses aspetos. O que deves fazer? + Explcaro contetido dos versos “Indicados, tendo em conta a ideia geral do texto. Interpreta o sentido dos versos 22 a 24, enquanto conclusao do poema. Topicos de resposta “Mato” apreeriagto domo poder anstomador dos anos de Holoa. * Vas ~desenvoimenta do toma: expos da fog co oar de Helen. Exemplo de resposta © mote aprovortao tema da compesigao postica ~ 0 poder transformador dos olhos de Helena. As voltas retomam esse tema, desenvolvendo-o atra vés da referéncia a situagdes que exemplificam a forga do olhar da figura feminina. Téplcos de resposta + Ronlfcar pode dos ohos de Helena, ranspondo-o da natureza para as vidas humanas. + Salentr a orga rarstomadora de Helena ea sua iniuéncia S0br@ os elementos da natu- tera 08 sores humanos Exemplo de resposta : Através da interrogacdo ret6rica, 0 sujeito poético refere 0 poder transforma- dor dos olhos de Helena sobre a natureza, intensificando 0 seu efeito sobre as vidas humanas. ‘comprovam a influéncia petrarquista na caracterizacao da figura teminina. Transcreve uma expressao textual significativa para cada um deles. ‘Topicos de respost + Aoleza fisica: 08 olnos verdes de Helena - wA verdura amena /|...] a deveis / a0s olhos Helena», “A perteigao moral: a serenidade, a pureza, o cardter celestial e apaziguador ~ «Os ventos ‘serena «faz claras as fontes»; «com graca inumana». * O poder transformador da mulher ~ faz flores de abrolhos / o ar dos seus olhos.»; ré-as suspencidas». Exemplo deresposta AA figura feminina é caracterizada segundo o modelo petrarquista, pois 6 salientada a sua beleza fisica, nomeadamente os olhos verdes, que fazem “A verdura amena», mas também a perfeig&o moral, evidente na serenidade («Os ventos serena»), na pureza («(az claras as fontesm) e no seu cardter apaziguador («os ventos serena»). Para além disso, ¢ marca da influéncia de Petrarca o poder transformador da beleza da mulher, que modifica a natureza, tornando-a mais serena e mais perfeita («faz flores de abrolhos /o ar dos seus olhos»). Tépicos de resposta + Personficagao do Amor. + Submisstio do Amora Helena, + Enfase no poder transformador absoluto de Helena, Exemplo de resposta Nos tltimos trés versos, a personificago do Amor contribui para enfatizar 0 poder transformador absoluto de Helena, que tudo e todos cativa, pois a sua beleza nao s6 altera a natureza como também as vidas humanas. Neste sentido, 0 sujeito poético conclui que o préprio Amor se poe em «giolhos» @ «pasma», isto 6, rende-se ou submete-se aos encantos dela. 3a Digitalizada com CamScanner FIGHA TT Alegres campos, verdes arvoredos Para compreendsrg Representagao da natureza Versos 1 a6 Versos7at | Alteragéo do estado de espiito do sujtto posto. Versos 12a 14 | Tianslormagéo da natureza Alegres campos, verdes arvoredos, claras e frescas aguas de cristal, Interpelacdo do sujeito posticg ° j ‘uma palsagem natura, bela, ‘que em vés os debuxais ao natural harmoniosa, serena ¢ luminosa, discorrendo da altura dos rochedos; Apéstrofe Enumeragéo Adjetivagdo Natureza como confidente, . i (uso da 2" pessoa do plural) 5 silvestres montes, asperos penedos, compostos em concerto desigual, (poe punsedfoschite sabei que, sem licenca de meu mal, oe ot A natueza nao posers Magan (nao podeis fazer meus olhos ledOS ane veer a ean alga de espirito do «eu» Le ra pera da fee : Porqua? beleza da paisagem. ', Pois Me ja N&o vedes como vistes, © suelto postico est invadido 10 nao me alegrem verduras deleitosas Pelo «mal» e pola saudade, devo & auséncia da amada. Nem aguas que correndo alegres vam, Oposigao 5 foe natureza alegre = cou» tste emearei em vos lembrancas tristes, ‘Natureza como a ne Desejo do «eu» de transiormar ‘olexo do estado Fegando-vos com lagrimas saudosas, comune anstuer, co aconager deal da sau» x, com 0 seu infortinio. © nascerdo saudades de meu bem. Luts de Camées, Rimas, odizio de Alvaro J. da Costa impo, Coimbra, Almadina, 2008, dobuials ae RlepresentacHo da natureza nos sonetos de Camas) Cenério associado ao locus amoenus cléssico: lugar ideal, tranquilo, sereno & buecdiico, A fermosura desta fresca serra» (pag, 44) «Alegres campos, verdes arvoredos» Cenario personificado, confidente do | Cenério reflexo do estado ¢* | eu» ou testemunha, alma, | “Alegres campos, verdes arvoredos» «Alegres campos, verdes 2”) “Aquela triste e leda madrugada» (pag. 34) | redos» | Verdes sé os campos» (pdg. 48) 32 i Digitalizada com CamScanner descrigao ue cor ‘*Apresentar os principals tra- LS aa da paisa- “+ Associat as caracteristicas da ~ natureza descrita ao ideal do ~ locus amoenus, Bape | Dica. Relé a informagéo da pagina 9 sobre o conceito de locus amoenus. nsiste 0 Vé como se faz Ico. dda natureza 6 felta de acordo com o «lacus amoenusm clés ‘Tépicos de resposta * Tépico do locus amoenus:paisagem ideal, ambiente campeste, agradvel, tranquil, + Caractorizagio:a alegra a fescura a luminosidade dos elementos da palsagem, + Ambiente proximo do ideal do locus amoenus. Exemplo de resposta ‘Segundo 0 tépico do locus amoenus classico, a paisagem ideal esté asso- ciada a um ambiente campestre, agradavel, tranquilo. Através da adjetivagdo expressiva, na descrigaio da natureza destaca-se a alegria dos «campos», a luminosidade ¢ a cor dos «verdes arvoredos», a frescura @ a limpidez das «dguas». Deste modo, 0 sujeito poético apresenta um ambiente de onde sobressai a harmonia, a serenidade, a beleza ea naturalidade, proprias do locus amoenus. Explica em que consiste a alteragao da natureza do passado para o presente. (© que deves fazer? + Explicitar a forma como 0 sujeito poético vé a natureza fem cada um dos tempos ~ ‘Topicos de resposta « Passado: a beleza da natureza faz 08 «olhos ledose, provoca alegria no sueito posto. + Presente: a natureza nfo 6 capaz de alegrar 0 sueito poético ~ saudade da amada, Explicita uma das fungoes “Oxque doves fazer? Esclarecero papel que anate “ Teza assume, tendo om conta ‘ contlado do soneto. Exempla de esposta cRoresentars heticagio aa | A alureza 6 vista de forma distnta, no passado e no presente, pois no pas- ‘amudanga oconida. sado a beleza da natureza era causa de felicidade do sujeito poético e tor ava os seus «olhos ledos», mas, no presente, jd no o pode fazer. De facto, face a saudade da amada, a beleza da natureza nao é suficiente para ale- grar 0 sujeito postico, ‘Comenta a expressividade das metaforas presentes no tiltimo terceto, : iO Gils deve fase ‘Tépicos de resposta 5 *htioras «Semearl[..]lembrangas tistes,eregando-vs com lig Oe devsta | [os lemorangas tists, etegandoses com lagrimas saudosase © + Esclarecer o sentido metaf ++ Ideia de harmonia entre a natureza e 0 estado de espirito do suje et fio no conto do poema. | + Natreza cco espsto da doc eee Exemplo de resposta Através das metéforas («Semearei [...] lembrangas tristes»; «regando-vos ‘com lagrimas saudosas»; «nascerdo saudades»), 0 sujeito postico mani- festa a intengéo de harmonizar a natureza e o estado de espirito que o domina. Como tal, recorre a verbos associados a vida campestre (semear, regat, nascer) para salientar 0 desejo de que a natureza seja o espelho da sua dor. desempenhadas pela natureza neste soneto. ‘Topicos de resposta * Contidente, a quem o sujeito postico evela o seu solrimento e as saudades da amada. + Espelho do estado de alma do suelo posto. Exemplo de resposta Anatureza, que surge personificada, assume o papel de confidente a quem o sujeito postico se dirige através das apéstrofes para expressar 0 estado de infortinio em que vive, devido as saudades da armada. part 33 Digitalizada com CamScanner FICHA 12 Aquela triste ¢ leda madrugada Para compreendera, Representacdo da natureza Caracterizaglo da «madrugay, | y -————————. | Aquela triste e leda|madrugadal . ANTITESE . eee Desejo L Evocagio da _ Cheia toda de magoa e de piedade, i nunca r emadnugadas | esquecera | «triste» eda, em que o | @nquanto houver no mundo saudade, ematrugada». | sujeto posto Devido Inicio de um | seseparouda | qUeTO que seja sempre celebrada Adespedida novo da ey ‘mulher amada, Porqué? | dos amantes. de luz cy i ‘Subjetividade Areleréncia ~Ela sé, quando amena e marchetada ; ropetida & ‘ : «madrugada», ‘saia, dando ao mundo claridade, Ela viu a Ainda que forgado, 0 #20 fongo do 1 a | separagéo ——_afastamento serta apenas oema, vil apartar-se d' Ua outra vontade, Tacades fed pois o amor era mais ae que nunca podera ver-se apartada. | amantes, forte: «a outa vontade> y Modo de expresso do a j~Ela s6 viu as lagrimas em fio, ae Sofrimento desumano, : viu as 1 gmstwaeca»| 10 que duns e doutros olhos derivadas, lagrimas. y ftestemunha| da despedida S'acrescentaram em grande e largo rio; Metéfora edo Hipérbol sofrimento, H 7 ae 7 ‘Bla viu as palavras magoadas, i. ae j Personificagéo que puderam tornar 0 fogo frio, chelas de As palavras abvandaram A magoa. © sofrimento,tornaram | e dar descanso as almas condenadas. 0 fogo» do amor «friow, , deram algun ali Luis de Cambes, Rimas, esigdo de AvaroJ.da Costa aes aie Pimpdo, Coimbra, Almodina, 2005 candenutos Stepaate leda (1): alegre, Explictagao do tema ‘Abeleza da natureza, da «madrugada» A\tisteza e a dor da despedida, suave, chela de core luz, warmena «cheia toda de magoa e de piedaden. ‘emarchotada. ‘A despedida (ou 0 encontro) dos amigos ao amanhecer, num espace (Poesia trovadoresca) bucélico, rural, em cantigas designadas como albas mene) Cantiga de amigo {por “acontecerem” ao amanhecer), por exemplo, Levad;, amigo, que dormides as manhanas frias, 6.0 mesmo tema da despedida dos jovens apaixonados ao amanhece" ‘numa «triste leda madrugada», que dava «ao mundo claridade». Poor) Y Soneto de Camoes 34 ‘ Digitalizada com CamScanner Vé como se faz Explica 0 papel desempenhado pela «madrugada» (v. i), ilustrando a resposta com segmentos textuais pertinentes, Tépicos de resposta ‘A «madrugada» & lestemunha da separagiio dos amantes, assume caracteristicas humans. ‘Segmenios textuais que comprovam a personficago da natureza: * eviu apartar-se dus outra vontade™; + «viv as légrmas em fo»; ‘+ eviu as palavas magoadas», 0 que deves fazer? *Esclarecer a tungao da | stmadrugadas + Mranserver expresssos do que comprovem a ideiz = idea Exemplo de resposta ‘A «madrugada, neste soneto, desempenha o papel de testemunha da ‘Separagao, jé que presenciou ou «viu as lagrimas», 0 sofrimento e a magoa («viu as palavras magoadas») dos amantes. Deste modo, o sujeito poético atribui-the caracteristicas humanas, personificando-a. Mostra de que modo objetividade e subjetividade se relacionam neste soneto. Gaisdens ae ‘Tépicos de resposta ae aes Arete der oe. ode ero reelected wag donc doa, cha de tz co ctigdo objetiva da natureza. a atrbigd a a emégoar, a «piedade» © «amenan, + Refetraspelos comprovatos | SubletWidaderna atibuiggo de sentiments &natureza a sigoan, a wpiedade» © wamena da isto subjetva danatureze. | Exemplo de resposta A objetividade da descrigao da «madrugada» concretiza-se na referéncia a0 ‘Nota. Néo te esquegas de con- | inicio do dia cheio de luz e cor («marchetada»). Contudo, a suavidade do frmaras afirmagées, recorendo | ambiente, a «magoa» e a «piedade» que o caracterizam sugerem a subjeti- @ segmentos textuaisjlustal- | yidade do «eu», que interfere na descrigao do momento vivido e recordado, os, Binds que a formulagéo do | refctindo o sou estado de alma. lem no. soit. indica dois aspetos que justificam a referéncia a wsaudade» (v. 3). ‘Topicos de resposta © que deves fazer? O sontimonto de «saudades justiica-se por “Apresentar duas razbes para o © sentimento detominante; sentimento de saudade do ssociar ao dasejo de nunca esquecer 0 momento em que a mulher amada partiu; ‘sujeto postico. + a ecordaeao daquele da anda provocar mégoa, + 0 amor sentido pela mulher amada fazer softer; + incapacidade de esquecer a amada e o momento da separagao, Exemplo de resposta A referéncia & «saudade» prende-se com a incapacidade de esquecer a mulher amada e o momento em que dela se afastou, assim com o facto de a auséncia dela ainda provocar tristeza e magoa. Identifica as figuras de estilo presentes nas expresses: a) «Aquela triste e leda» (v. 1) b) «s‘acrescentaram em grande ¢ largo rio» (v. 11). ¢) «Bla viu as palavras magoadas» (v. 12) 4) «0 fogo frie» (v. 13) Exemplo de resposta que deves fazer? a) Antitese. *+Nomear as figuras de estilo |b) Hipgrbole. ©) Personificagao. d) Paradoxo / Antitese, roferentes a cada segmento textual, 35 Digitalizada com CamScanner BIG 13 Mudamse os tempos, mudamse as vonlades Para compreendere. tema da mudanga ‘Tom de lamento, triste, pessimista, num registo autobiogrAtico. 10 Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confianga; todo o mundo é composto de mudanga, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperanca; do mal ficam as magoas na lembranga, @ do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre 0 chao de verde manto, que jé coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro 0 doce canto. E, afora este mudar-se cada dia, ‘outra mudanga faz de mor espanto, que néo se muda j4 como sofa. Lufs de Camées, Rimas, edigéo de Alvar.I.da Costa, lmpdo, Coimbra, Almedina, 2005 ‘sofa (v.14): costumava, Consolid Desconcerto social: * desordem; + injustigas + desumanidade; + distrbuigdo arbitra dos prémios e castigos; + degradacdo dos valores moras. Desconcerto individual: + sujeigdo a0 destino («Fortuna»). ‘A mudanga abrange tempo a confanga os interesses os senimentos a personalidade | Amudanga 6 perspetivada de forma negativa, | porque surgem novidades que néo | _conespondem as expectatvas. Com a passagem do tempo ‘omal élembrado bem deiva saudades MUDANGA Na natureza ‘No sujeito postico inverno — primavera _—_‘feiidade —+ desencart ‘neve tia» —+ werde manto» _juventude —+ velhice doce canto» — «chor Renovagdo (Positivo) Finitude (Negativo) Concluséo Como tudo esté em continua mudanga, © sujeio posto soft, pois tema certeza de que no conseque ser novarente fez v Desconfianga em relagdo ao futuro 36 Digitalizada com CamScanner 3. Felaciona a repetigdo das formas do verbo mudar com o modo Vé como se faz ‘Jomo a mudanga se manifesta, de acordo com a primeira quadra, lear 0 modo como a are 9 mance, fro conta a primeira quadra Explicar @ expressividade da ‘wpetigéo das formas do verbo mudar. « Evidencia a ligagdo ene os dois aspetos, O que deves fazer? + Explicitar a viséo que o sujelto ~ pottico tem da mudanga, interpreta o sentido dos versos do primeiro terceto. (O que deves fazer? ‘ Explicar 0 conteddo do terceto, ‘ou soja, tornar claras as idelas ~ af apresentadas. Dica. Embora nao seja solici- tado, usa segmentos textuals para “enriquecer’a resposta Apresenta uma ex ( que deves fazer? * Kdentiicar a constatagéo apre- ‘sentada no citimo verso do soneto. «+ Referir ajustiicagio para essa constatagao. Explica forma como a mudanga 6 perspetivada, nos versos 5a 8. \Gao para a constatagao apresentada no ultimo verso do soneto. Tépicos de resposta Primelra quadra ~ constaagéo da mudanga: + nos nttesseso senimentos, no carer e na conan. Fepetigdo das formas verbais do verbo mudar ~ smuamse» & «muda-ser: « reorgo das varias mudangas que se oporam no ser hurmano. Exemplo de resposta Na primeira quar, o sujello poético refere que, com a mudanga dos «fem poss as pessoas rudam, iso 6, os hnteresses pessoals @ os sentimories arr ce seam como ocarétere a corfianga em si préprio. Neste sentido, a repeticae dag formas verbals do verbo mudar («mudam-ser, «muda-ser) reforga as varias mudangas que se operam no ser humano- Tépicos de resposta +A mudanga, continua e universal perriciosas. + O tempo passa: o «mals ser relembrado; o «bom» trard as saudades, 1, & perspelvada de forma negativa e com consequéncias Exemplo de resposta ‘A mudanga 6 perspetivada de forma negativa, porque, sendo continua, acarreta perniciosas consequéncias, provocando um sofrimento que nunca 6 atenuado. Isto 6, com o passar do tempo, tudo 0 que aconteceu de «mal» ‘sera constantemente relembrado e todo o «bem» provocard saudades. Tépicos de resposta + Amudanga atinge a natureza~ ciclicae reversvel + A mudanga no suelo postico ¢ ireversivel, causa da tristeza e da desilusto. + A mudanga 6 causa da fintude da vida humana, Exemplo de resposta No primeiro terceto, verifica-se que a mudanga atinge tanto a natureza como © sujeito postico. Contudo, enquanto a natureza é ciclica e reversivel, pois ao inverno sucede a primavera («O tempo cobre o chao de verde manto / que ja coberto foi de neve fria»), a juventude e a alegria da vida («o doce canto») deram lugar ao «choro», & tristeza e & desilusao, pela consciéncia da finitude da vida. ‘Topicos de resposta + A mudanga das coisas e dos seres jd nao ocorre como costumava, i também mudou, jd ndo 60 mesmo. a « Aperspetivasubjeiva da mudanga, de acordo com a visio do «eu, + Oespanto, o pessimismo e a admirago Exemplo de resposta sujeito postico constata que a mudanga das coisas e dos seres jé nao cocorre como era costume. Esta ideia deve-se ao facto de ele também ter mudado e, por isso mesmo, a perspetiva da mudanca é marcadamente sub- jetiva, pautada pelo espanto, pessimismo e pela admiragao. Digitalizada com CamScanner 37 FICHA 14 Esparsa sua ao desconcerlo do mundo _ Para compreendera, O tema do desconcerto Honestidade Lealdade Sinceridade Integridade Esfoigo Passam graves tormentos, dificuldades, necessidades. Vida dolorosa e triste v Causa da admiracao, angtstia, desilusao e do pessimismo do sueito postico. $e ‘Verso de 7 silabas métricas - Os / bons /vi/ som / pre / pasfsar]~ Redondilha maior Esparsa’ do Autor ao desconcerto do mundo Desonestidade Os bons vi sempre passar Mentira No mundo graves tormentos; Felsidade ©, para mais m’espantar, os maus vi sempre nadar 5 em mar de contentamentos. Hipocrisia, Oportunisma Viver sass, 3 com contentament, Cuidando aleangar assim 0 bem tao mal ordenado, fui mau, mas tui castigado: 86 para mit [ hi Assi que) s6 para mim Cause da in gnagdo 10 } anda o mundo concertado. Vida alegre e feliz € perpexidade do sujeito postico. Luls de Camses, Rimas,edigao do Alvaro J. da Costa i Paimpao, Coimbra, Amedina, 2008 ’ DESCONCERTO Estes deviam ser ccastigados, punidos los seus atos, No 0 820, 4 Conclusao da reflexao * Resolucao do sujeito postico Consequéncia Constatagao dolorosa de que a sociedade «fui mau» «ui castigado» em que vive é de tal modo injusta que premeia |~>| I~ 0s maus comportamentos e castiga todos 98 que se regem pelos verdadeiros valores. [para alcancar o bem, tornou-se [no obteve privilégios, pois Mau, como 0s outros} © mundo, para ele, ¢ justo) 38 'Esparsa ~ composigo poética de uma tnica estrote, sem refrao, cujo tema abordado assume um tom satirico e melancélico. Digitalizada com CamScanner Vé como se faz [ Oque devesfazer2 «| ~—‘Topleos de resposta : | “s Delimiter, isto 6, Identiicar os | Primera pare (versos 1 a5) ~ constatago da injustiga do mundo, jd que os maus sao premia- "versos de cada parte, 40s € 0s bons sio castigados. ‘Reet o assunto de cada uma as Segunda pare (vers0s 6 a 10) - o sujeito postico decidlu mudar 0 seu comporiament, tor nando-se «mau», mas fi castigado; o mundo para ele est sconcertado». Exemplo de resposta Na primeira parte, constituida pelos versos 4 a 5, 0 ‘sujelto poético constata a injusti¢a do mundo, |4 que os maus so premiados e os bons sao castigados. Na segunda parte, constituida pelos versos 6 a 10, 0 sujeito poético con- fessa que decidiu mudar o seu comportamento, tornando-se «mau, mas foi castigado, ja que para ele o mundo esté «concertadon. 2. Explica 0 uso da primeira pessoa do singular, ao longo do poema. Tépicos de resposta ‘*Referir exemplos do uso da | _ Primeira pessoa: formas verbais («vi», fuis) e pronomes («mim», «me»). primeira pessoa do singular. | _ Expressividade: 0 sujelto podtico é testemunha e vilima do desconcerto @ da injustiga da ‘+Fundamentar 0 recurso & pri- | sociedade em que vive. _ meira pessoa do singular. Exemplo de resposta ‘Ao longo do poema, a primeira pessoa usada em formas verbais («vi», ««fuin) € em pronomes («mim», « men) reitera a ideia de que 0 sujeito poético pertence a sociedade que descreve e analisa, sendo, ao mesmo tempo, testemunha e vitima do desconcerto e da injustiga Explicita o sentido da hipérbole «os maus vi sempre nadar /em mar de contentamentos» (vv. 4 5), enquanto expresso do estado de alma do «eu». ya] Tépicos de resposta que deves + Intenstcagdo da perplexidade e do desénimo do sujeito posto a injust ‘Exelarecer a intencionalidade |" Goeconcerto do mundo. jeito postico em relagao a injustiga e a0 do recurso & hipérbole, Exemplo de resposta Através da hipérbole «os maus vi sempre nadar / em mar de contentamen- tos», 0 sujeito poético intensifica a perplexidade e o desanimo que expressa 0 refletir sobre a injustiga e o desconcerto do mundo em que vive. ‘Tépicos de resposta Aspotos da crc: + injustigae arbitrariedade + Coniradigao entre 0 que deve sere 6 + Desconcerto do mundo. + Desonestdad, falsidade e mentra dos «mausy, que no séo castigados. ‘0 que deves fazer? ER + Relerr as situapbes que 580 ‘alo da ertica do sujeito poé- tied, Exemplo de resposta Neste poema, a critica centra-se na contradicdo entre 0 que deve ser 0 mundo e aquilo que, na verdade 6, j4 que o desconcerto se confirma na injustica e arbitrariedade face & desonestidade, falsidade e mentira dos «mas», Gue N&O S40 castigados ou punidos. Nota, De acordo com o verbo de ‘comando (identticar), nao é ecessario explctar ou esclare- ‘er os aspetos da crc 39 Digitalizada com CamScanner FICHA 15 Agora faz, Leo poema. Enquanto quis Fortuna que tivesse esperanca de algum contentamento, © gosto de um suave pensamento me fez que seus efeitos escrevesse. 5 Porém, temendo Amor que aviso desse minha escritura a algum juizo isento, escureceu-me o engenho co tormento, para que seus enganos nao dissesse. © vés que Amor obriga a ser sujeitos 10 adiversas vontades! Quando lerdes num breve livro casos tao diversos, verdades puras so, e no defeitos.... E sabei que, segundo o amor tiverdes, tereis 0 entendimento de meus versos! Luls de Camées, Rimas, ediggo de ANaro J.da Costa Pimpao, Coimbra, Almedina, 2005 ‘escritura (v8): versos. Isento(v.6): livre. defeites (v.12): elas verdades, interpretagao 1. Explicita, com base no contetido das duas quadras, a importancia da «Fortuna» (v. 1) e do «Amor» (v. 5) na vida do sujeito postico. 2. Transcreve a apéstrofe que, no primeiro terceto, identifica o destinatdrio do sujeito postico. 3. Explica o sentido dos versos 13 e 14 enquanto conclusao da reflexao. 4. Refere dois aspetos ilustrativos do discurso pessoal e das marcas de subjetividade. Exemplifica esses aspetos com referéncia a elementos textuais. 40 Digitalizada com CamScanner FICHA 16 Agora faz tu De quantas gracas tinha, a Natureza fez um belo e riquissimo tesouro; © com tubis e rosas, neve € Ouro, formou sublime e angélica beleza. 5 Pés na boca os rubis, e na pureza do belo rosto as rosas, por quem mouro; No cabelo o valor do metal louro; No peito a neve em que a alma tenho acesa. Mas nos olhos mostrou quanto podia, 10 @ fez deles um sol, onde se apura a luz mais clara que a do claro dia. Enfim, Senhora, em vossa compostura ela a apurar chegou quanto sabia de ouro, rosas, rubis, neve e luz pura Luis de Cambes, Fimas, digo de Avaro J. da Costa Pimpéo, Coimbra, Almedina, 2005, ‘mouro (v.6): morro. (een 1. Aprasenta os tragos caracterizadores da figura feminina retratada no poema, ilustrando cada um deles com uma expressao textual pertinente. 2. Explicita os efeitos contraditérios que a beleza da «Senhora» (v. 12) provoca no sujelto poético, 3. Clarifica a importancia do tiltimo terceto na estrutura interna do soneto. 4. Transcreve: a) uma personificaga b) uma enumeragao; c) uma dupla adjetivagao; d) uma apéstrofe. a Digitalizada com CamScanner FICHA 17 L860 poema, afeito (v. 9): aleto. Iter Interpretacao 0 Agora faz i, Pede o desejo, Dama, que vos veja, No entende o que pede; esté enganado. E este amor tdo fino e tao delgado, que quem o tem nao sabe o que deseja. Nao hd cousa a qual natural seja que nao queira perpétuo seu estado; No quer logo o desejo o desejado, Porque néo falte nunca onde sobeja. Mas este puro afeito em mim se dang que, como a grave pedra tem por arte © centro desejar da natureza, assim 0 pensamento (pola arte que vai tomar de mim, terrestre [e] humana) foi, Senhora, pedir esta baixeza, Luis de amdes, Rimas, adigo de Alvaro J. da Costa impo, Coimbra, Almadina, 2008 1. Refere duas marcas da presenga de um interlocutor no poema. Transcreve um ‘exemplo significativo para cada uma delas. 2. —Explica em que medida o desejo «esta enganado» (v. 2), de acordo com o contetido da primeira quadra. 3. Justifica 0 uso da conjungao «Mas», no verso 9. 4. Identifica 0 recurso expressivo presente nos versos 10 a 14 e explicita o seu valor. 5. Indica: a) aclassificagao do verso 1 quanto ao numero de silabas métricas; b) 0 esquema rimatico do poema; ©) tipo de rima existente. 42 Digitalizada com CamScanner ‘minor (v.10: melhor. 18 2. 4. Agora faz tu Aeste mote alheio és, Senhora, tudo tendes, ‘sendo que tendes os olhos verdes. Voltas Dotou em vés Natureza © sumo da perfeigao que, 0 que em vés é seniio, & em outras gentileza; © verde nao se despreza, que, agora que vés 0 tendes, sd belos os olhos verdes. Ouro e azul é a milhor cor por que a gente se perde; mas, a graga desse verde tira a graga a toda a cor. Fica agora sendo a flor accor que nos olhos tendes, porque s&o vossos... e verdes! Luls de Canes, Rimas, eciao de Alvaro J. da Costa Pimpao, Coimbra, Almedina, 2005 Explicita a relagdo de sentido que se estabelece entre 0 segundo verso do mote e 0 ultimo de Explica 0 «sendo» (v. 5) da mulher amada, tendo em conta o contetido da primeira volta. Justifica a repetigéo da palavra «graga» (w. 12 € 13), no contexto em que surge Identifica, no poema, a) duas caracteristicas tematicas da lirica camoniana; b) dois aspetos formais ilustrativos da influéneia da poesia tradicional. 43 Digitalizada com CamScanner FICHA 19 L860 pooma. cestranha (v. 5): extraordinaria. A fermosura desta fresca serra, ea sombra dos verdes castanheiros, © manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra; © rouco som do mar, a estranha terra, © esconder do sol pelos outeiros, © recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra; enfim, tudo 0 que a rara natureza com tanta variedade nos oferece, me esta (se no te vejo) magoando. Sem ti, tudo me enoja e me avorrece; som ti, perpetuamente estou passando nas mores alegrias, mor tristeza. Luis de Camées, Fimas, ecigao de Alvaro J. da Costa ‘Pimpao, Coimbra, Almedina, 2005 ‘avorrece (V. 12): aborrece; incomada, PF itens — Interpretacao Indica trés tragos caracterizadores da natureza descrita nas quadras, ilustrando a resposta com segmentos textuals significativos. Relaciona o sentido do conector «enfim» (v. 9) com os efeitos produzidos pela auséncia da amada. Mostra de que modo 0 mundo interior interfere no mundo exterior, de acordo com 0 afirmado no Ultimo terceto. Digitalizada com CamScanner Ee FICHA 20 Agate Leo poema. Aeste mote alheio Menina dos olhos verdes, Haviam de ser, Porque me nao vedes? porque possa vé-los, que uns olhos tao belos Voltas préprias z0 no se hao de esconder; | Eles verdes sao, mas fazeis-me crer | © tém por usanga que jé ndo sao verdes, | 5 ma cor, esperanga, porque me nao vedes. e nas obras, nao. Vossa condigo Verdes nao 0 so, | no é de olhos verdes, 25 no que alcango deles; { porque me néio vedes. verdes so aqueles que esperanca dao. 10 Isengdes a molhos Se na condigo que eles dizem terdes, estA serem verdes, no sao d’olhos verdes, 20 porque me no vedes? nem de verdes olhos. Luis de Camdes, Rimas, edicao de Alvaro Sirvo de giolhos, J.da Costa Pimpao, Coimbra, Almedina, 2005 rv 7 15 @ v6s nao me credes, porque me no vedes. tras (x 6): comporamenis, uses. 1S. Binafos (10) emaiada deena. gohos (v.14; jothos. meme 1. Comenta a expressividade da apéstrofe presente no mote 2. Explicita dois sentimentos evidenciados pelo sujeito postico ¢ transcreve um elemento textual significativo para cada um deles. 3. Clarfica o sentido da interrogagao retérica (w. 28 a 30), enquanto concluséo do poema. Indica os aspetos que comprovam a influéncia tradicional nesta composicao postica, quanto & forma. > 45 Digitalizada com CamScanner Lit te Conny Rae FICHA 21 Lé 0 poema, Aeste mote alheio Campos bem-aventurados, tornai-vos agora tristes; que os dias em que me vistes alegres jé sao passados. GLOSAS 5 Campos cheios de prazer, V6s que estais reverdecendo, JA me alegrei com vos ver; agora venho a temer que entristecais em me vendo. 10 E pois a vista alegrais dos olhos desesperados, no quero que me vej para que sempre sejais campos bem-aventurados. 18 Porém se, por acidente, vos pesar de meu tormento, sabereis que Amor consente que tudo me descontente, sendo descontentamento. 20 Por isso vés, arvoredos, que j4 nos meus olhos vistes mais alegrias que medos, se mos quereis fazer ledos, tormai-vos agora tristes. 129): logs. [ats aah alot mor (39): mai. Agora faz iy 25 Jé me vistes ledo ser; mas despois que 0 falso Amor {do triste me fez viver, ledos folgo de vos ver, por que me dobreis a dor. 30 Esse este gosto sobejo de minha dor me sentistes, julgai quanto mais desejo as horas que vos no vejo que os alias em que me vistes. 25 O tempo, que é desigual, de secos, verdes vos tem; Porque em vosso natural se muda 0 mal para o bem, mas 0 meu para mor mal. 40 Se perguntais, verdes prados, pelos tempos diferentes que de Amor me foram dados, tristes aqui sao presentes, alegres jé séo passados. Luis de Cambes, Rimas, edigdo de Alvaro ‘da Costa Pimpio, Coimbra, Almedina, 2008 Justifica 0 pedido ditigido aos «Campos bem-aventurados», no mote. 2. Caracteriza o estado de espirito do sujeito Poético nos dois tempos distintos referidos. llustra a tua resposta com transcrigbes pertinentes. 3. Explica de que modo é percecionada @ mudanga, tendo em conta a ultima volta do poema. Desoreve a estrutura formal da composiga0 Postica. | Digitalizada com CamScanner Agora faz tu Correm turvas as aguas deste rio, que as do Céu e as do monte as enturbaram; 0s campos florecidos se secaram; intratavel se fez o vale, é frio. 5 Passou 0 Verio, passou o ardente Esti as cousas por outras se trocaram; 08 fementidos Fados j deixaram do mundo o regimento, ou desvario. ‘Tem o tempo sua ordem jé sabida; 10 o mundo nao; mas anda téo confuso, que parece que dele Deus se esquece. Casos, opiniées, natura e uso fazem que nos pareca desta vida que nao hé nela mais que 0 que parece. Lule de Cambes, Aimas, eco de ANaro .J.da Costa Pimpo, Coimbra, Almedina, 2005 ‘enturbaram (v2): turvaram. intratével (v.4):inacessivel. fementidos (v7): enganoses. natura (v.12): natureze. [tens — ntororetacso | 1. Relaciona o sentido dos versos 5 e 6 com 0 contetide da primeira estrofe. 2. Explcta a oposigao presente no primero tereeto,fundamentando com expressdes do texto. 3. Atenta nos tercetos. Identifica 0 sentime estd associado. forma esta presente o tema do desconcerto na titima estrofe. ‘nto manifestado pelo sujeito poético e refere o motivo que Ihe 4. Explica de que a7 Digitalizada com CamScanner ole de Camber, Rima : x FICHA 23 Agora faz i, Lé 0 poema. Cantiga aeste moto alheio: Verdes so os campos, Da cor do limo: Assim so os olhos Do meu coragao. Voltas 5 Campo, que te estendes Gados, que pasceis Com verdura bela; Com contentamento, Ovelhas, que nela 15 Vosso mantimento Vosso pasto tendes, No no entendeis; De ervas vos mantendes Isso que comeis 1 Que traz 0 Verao, Nao so ervas, nao: E eu das lembrangas ‘Sao gracas dos olhos Do meu coragao. 2 Do meu coragao. Luis de Camdes, Rimas, edigdo de AWvara J.da Costa Fimpao, Coimbra, Almedina, 2008 “pasceis (v. 19): pastas. 1. Ider antiga. 2. Explicita a simbologia da cor dos «olhos / Do meu coragéo» (w.3 e 4), tendo em conta a descri¢ao da natureza. 3. Explica o sentido da expressao «E eu das lembrangas / Do meu coragao» (w.11 e 12), realgando 0 sentimento que o «eu» expressa. 4. Justifica 0 uso das apéstrofes nos versos 5, 7. ¢ 13, Digitalizada com CamScanner Lute de Cant mas | gHA 24 ora faz tu L8 0 poema. Um mover d'othos brando e piadoso, sem ver de qué; um sorriso brando e honesto, quase forgado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso; 5 Um desejo quieto e vergonhos um repouso gravissimo e modesto; ia pura bondade, manifesto indicio da alma, limpo gracioso; Um escolhido ousar; iia brandura; 10 um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento: Esta foi a celeste formosura da minha Circe, e 0 magico veneno que péde transformar meu pensamento. Ls de CamBes, Rimas, edigao de Alvaro .J.da Costa Pimpo, Coimbra, medina, 2005 ‘Gree (i 49): Fotcera da mitologia gteo2 Ieee 1. 2. 3. i 4 ivide o soneto em partes ogicas © india 0 assunto de cada uma delas. Explicta a importancia do uso da anéfora, nas quadras @ no primeiro terceto. Indica trés tragos caracterizadores da figura feminina que a configuram como um ser perteito. Clarifica 0 efelto que a mulher retratada exerce sobre 0 sujeito poético & ilustra a aes ‘com elementos textuals pertinentes. Digitalizada com CamScanner

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