You are on page 1of 25
\y = Capitulo 1 Cena 1 ~- EXPVRNA/ JARDIM DA CASA DE RENATO. 7 DIA Uma bela manha ensolarada. vistoso guarda-sol est&o Carolina, o General Hélio e Paulo. Marlene, conve- nientemente uniformizada, uma elegante saida de praia; o genenral, um jogging. Paulo esta de terno. CAROLINA HELIO PAULO HELIO PAULO. HELIO CAROLINA HELIO PAULO HELIO PAULO acaba de servir refrescos ¢ sai. Carolina veste Sentados em volta de uma mesinha coberta por um Te digo com toda sinceridade, Paulo. Vai ser nui- to diffcil convencer 0 RENATO a ir nessa cerimé- nia. Camara dos vereadores...! Sera poss{vel que vo- c8 nfo podia arranjar nada melhor que isso ? Vocés acham que & muito “facil, nao ? Polftica ndo & assim como vocés esto pensando nao. A po- litica tem suas normas, suas regras. Eu conhego as normas dos polfticos. Tudo salafré- rio, Paulo ! Eu sou um politico, general. E néo me considero um salafrario. Um polftico tio bom que t4 sem mandato... Por favor, tio ! (P/ PAULO) A questao, Paulo, & que © RENATO vai achar simplesmente ridfculo . E convenhamos, o titulo de Cidaddo Honordrio da cidade 6 muito pouco prum homem da importancia dele. Qualquer bicheiro ai 34 recebeu esse titulo... (1- RONICO) Essa honraria... Voc&s nao entendem! Renato € muito importante, muito conhecido no mundo dos negScios, no mundo empresarial... Renato & conhecido no pais inteiro. £ uma perso- nalidade nacional ! Mas na politica ele ainda no € nada ! Isso que vocés nao entendem. Nés nao queremos fazer dele um politico, fazer dele o presidente desse pais ? PAULO NSo 6 pra isso que a gente ta reunido aqui ? HELIO Esse pais precisa de um homem como Renato Viana na presidéncia da Repiblica ! PAULO De pleno acordo. S6é que pra isso ele vai ter que fazer politica. E de polftica eu entendo. Renato surge na porta da casa e se dirige para eles, com seu sorriso seco ¢ arrogante. Veste um terno sébrio, elegante. CAROLINA Olha ele ai. Aposto como vai rir na tua cara. Canera fecha no rosto de Renato. : CORTE Cena 2 - SET / BAR DE JOANA / DIA Abre no retrato de RENATO estampado na primeira pagina de um jornal.o retra- ' to est& sendo cuidadosamente recortado com uma tesoura. A camera se afasta | ¢ mostra gue € Joana quen faz isso. Ela esta sentada numa mesa no fundo do | bar. Fatima no balcio, lavando copos. Entra Gilson, vindo de fora. i GILSON Bon dia ! Ninguém responde. Ele fica de pé, esperando. GILSON (GRITA) Bom dia ! JOANA (SEM SE VOLTAR) Precisa gritar desse jeito ? GILSON £ pra acordar a boa educagao. Acho que ela ainda ta dormindo. Ele se senta. GILSON Ser que eu posso tomar uma cerveja ? JOANA, DA uma cerveja af pra ele, Fatima. GILSON Eu preferia ser servido pela dona. JOANA, N&o ta vendo que eu t8 ocupada ! Joana acaba de recortar o retrato. CORTE Cena 3 - EXTERNA / JARDIM DA CASA DE RENATO / DIA © general e Paulo est&o de pé para receber Renato, muito obsequiosos. RENATO Meu general ! HELIO Como vai, Renato ? PAULO Tudo bem, Renato ? Renato olha pros trés, irdnico. RENATO Um general, um politico e uma estrategista reuni-~ dos a essa hora da manha sé pode ser uma conspira- go. HELIO E &, Uma conspiragao a seu favor. CAROLINA © Paulo tem uma notfeia maravilhosa pra te dar, querido. Paulo fica sem jeito. PAULO Maravilhosa eu sei que ndo é, Renato. Mas & uma coisa que eu acho importante. RENATO © que 6? PAULO Vocé sabe que a gente ta preparando uma série de homenagens pra semana do teu aniversario...A gente quer fazer uma verdadeira"semana Renato Viana. RENATO (Sei. PAULO Entdo eu marquei um dia pra vocé ir na Camara dos Vereadores receber o titulo de Cidadio Honorério da Cidade... Lembra que eu tinha conseguido que isso fosse votado, por unanimidade.. RENATO (SECO) Eu nao vou a Camara de Vereadores nenhuma! Carolina e o general trocam um olhar. PAULO Mas é uma coisa importante, Renato... RENATO Pode ser importante pra eles. Eu nao tenho tempo a perder. PAULO (DESOLADO) Mas eu me empenhei tanto nisso. RENATO Por sua conta. Eu nio pedi nada. Renato foi rispido. Carolina tenta quebrar o constrangimento. CAROLINA Eu néo te disse. Conhego meu marido muito bem. HELIO Mas ele tem razdo. Camara de vereadores...J4 se viu coisa mais indtil! RENATO Eles, se quiserem, que venham aqui. PAULO Quem ? RENATO Os vereadores, ora ! Quem havia de ser ? ; PAULO Isso eu ndo sei se vai ser possivel, Renato. Mas acho que vocé ta desprezando uma coisa que ten importancia. Carolina resolve interceder, antes que RENATO se irrite de vez. CAROLINA Depois a gente resolve esse assunto,t, Paulo ? Agora deixa o Renato ver o grande acontecimento do dia. Ela pega um jornal que esta dobrado sobre a mesa. CAROLINA Vocé ainda nao viu os jornais hoje, viu ? RENATO Nao. HELIO Disso ele vai gostar. Carolina mostra o jornal pra ele. CAROLINA olha aqui. Renato pega e vé o seu préprio retrato estampado na primeira pagina. Camera fecha sobre o retrato. PUSKO Cena 4- SET / BAR DE JOANA / DIA FUSKO. Abre no retrato de Renato recortado que est& colado como a cabeca de um outro corpo (uma mulher nua, um macaco, um palhago, etc, de modo que forme uma figura bastante grotesca). A montagem est& colada num pequeno es- pelho na parede do bar. Pedro esta diante dela, olhando-a com ar debochado. Est& com suas roupas caracter{isticas e carrega um taco de golfe, apoiando- se nele como se fosse uma bengala. Ele se volta para Joana, que est4 atras do balcio, observando-o. PEDRO Quem fez isso af ? Joana n’o se contém mais e comega a rir. Pedro olha espantado para ela mas aos poucos vai se contagiando e os dois caem na gargalhada. Gilson, sentado na sua mesa, bebendo cerveja, observa a cena, sem entender. GrLsoN Que'é que vocis to xindo af ? | JORNA, Ndo é da sua conta. ! Ble se volta para Fatima. GILSON Que é que foi, Fatima ? PATIMA Eu 14 sei das maluquices de Dona Joana ! JOANA Nesse mundo a gente tem que dar um jeito de se divertir, velho. Nem que seja com a prépria des- graga. GILSON Que desgraga ? JOANA Nada. Toma tua cerveja e no enche o saco. PEDRO (CONTEMPLANDO A MONTAGEM) Até que ele ficou mais simpatico assim. JOANA N&o ficou ? Sabe que eu nao resisti. Quando vi a cara dele no jornal... (RI). PEDRO Que & que aconteceu com ele? JOANA Ganhou um prémio, um bagulho desses ai. (PEGA 0 JORNAL) TA aqui. Foi escolhido o empres&rio ‘ido ano pela Camara de Comércio Brasil-Europa. PEDRO T com tudo, esse coroa. JOANA © cordio dos puxa-sacos. A vida é assim mesmo. PEDRO Sabe que eu té com vontade de ir procurar ele hoje, pra levar aquele papo. JOANA Ja devia ter ido. Nao sei o que ta esperando. Pedro fica pensativo. Na verdade nao gosta do que vai fazer. PEDRO (DECIDINDO-SE) Eu vou até 14 agora. Ele sai. JOANA, Boa sorte. Gilson acompanha sua saida, com ar de reprovagao. JOANA Que € que t& olhando pro meu neto 2 «7 ptt paml oan 2 y GILSON Nada. £ que ele a0 parecido com as pessoas que a gente conhece... SOANA, Garanto que ta melhor que elas. E muito melhor que vocé, CORTE Cena 5 - EXTERNA / CASA DE RENATO / DIA Frente da casa. Tabaco encostado no carro, esperando por RENATO. Marlene se aproxima. MARLENE Tu ainda ta af ? TABACO © homem t& 14 de papo. MARLENE Tu € nentizoso mesmo, hem, Tabaco.Disse que tava na maior pressa. Nen falou comigo aquela hora. ‘TABACO © homem tinha mandado aprontar 0 carro. Ia sair naquele instante. Que & que eu posso fazer ? MARLENE Acho que tu ta é fugindo de mim. Tem mais de uma semana que tu nao comparece. TABACO Tenho andado muito ocupado, meu amor. MARLENE Ocupado nada. Te conhego. Escuta, t6 precisando @aquele dinheiro, hem. E pra hoje. TABACO Eu vou te pagar. Pode ficar descansada. Agora nao tenho. Mas de noite eu trago. MARLENE Vou esperar. (INSINUANTE) E no é s6 0 dinheiro que eu vou querer nado. TABACO © que vocé t& querendo eu também quero. MARLENE (CARINHOSA) Sanguessuga ! D& um beijinho, a TABACO Para com isso... Doutor Renato ja ta vindo af. MARLENE Fica todo prosa quando t& servindo o patrao. Quando ela se vira-para ir embora, Tabaco habilmente desengata o sutia dela e se afasta, rindo. Bla se volta pra ele. costou da brincadeira. MARLENE Safadinho ! E nesse momento que Renato apararece. Imediatamente Tabaco se compde. Marle- ne se afastd. Tabaco abre a porta para Renato. Ele entra. Tabaco vai para a diregao. RENATO Pro escritério. Tabaco dé a partida e o carro vai em diregao ao porto, que é aberto por um guarda. 0 carro sai. coRTE Cena 6 - EXTERNA/ RUA / DIA Local bem préximo 20 port&o da casa de RENATO. 0 carro de Renato vai seguin- do, ele atras, Tabaco na direg&o. Na calgada, caminhando em direg&o oposta, vem Pedro com o set taco de golfe. Ble vé o carro e faz sinal, pedindo para Parar. Tabaco diminui a marcha. RENATO (ASPERO) Segue em frente. Eu t6 com pressa. TABACO Sim senhor. . Tabaco acelera. CORTA para Pedro, que vé o carro se afastar. PEDRO Vocé nao vai se livrar de mim assim nao, cara! CORTE Cena 7 - EXTERNA / RUA / DIA Outra rua. © carro de Renato segue seu caminho. Tabaco dirigindo, muito compenetrado. Renato abaixa o jornal que 1é. RENATO VoeS me deixa no escritério e depois volta, pra ver 0 que o menino queria. ‘TABACO Sim senhor. Renato volta a ler. CORTE CEna 8 ~ EXTERNA / PORTO DA CASA DE RENATO / DIA Pedro, do lado de fora, conversa com o guarda, do lado de dentro. GUARDA Voc& n&o viu ele acabando de sair, cara ? PEDRO Ent&o eu falo com a Carolina. GUARDA Dona Carolina deu ordem pra nao deixar voc8 en- trar aqui. PEDRO Nao interessa. vai 14 e diz que eu quero falar com ela. Chega Felipe na sua moto. Ana Maria na garupa. Ele para. GUARDA (P/PEDRO) Ndo vou falar nada, cara ! FELIPE (INTERFERINDO) Que é que voc€ t& fazendo aqui ? PEDRO (SEM OLHAR PARA ELE) Ser& que eu ouvi um barulho? Devem ter deixado algum esgoto aberto. FELIPE Quem te chamou aqui ? PEDRO Quem deixou esse esgoto aberto ? Felipe se contém. FELIPE Minha tia no quer voc® aqui. Néo t4 sabendo ? PEDRO Essa titia tA muito descuidada. Deixa o esgoto aberto, ele fica por ai falando besteira... ANA (ASSUSTADA) Vamos embora, Felipe. Deixa isso pra ANA la! FELIPE Um dia eu vou te dar uma ligdo, xara, que vocé nunca mais vai esquecer. Nunca mais ! ANA, Por favor, Felipe ! Pedro olha para ela, ar debochado mas deixando transparecer um fio de ter- nura. PEDRO E voc, gata, por que essa carinha tao triste ? Ele passa a mio no rosto dela. Felipe se encrespa e faz mengao de bater nele. Pedro se defende, ameagando-o com o taco. FELIPE Eu te arrebento, cara ! Te arrebento Ana Maria se agarra a ele. ANA, Pelo amor de Deus, Felipe ! Para com isso ! Felipe e Pedro se encaram, tensos. FELIPE Se algum dia voc8 puser a mio de novo na minha irma, eu acabo com a tua raga.Quve o que eu td te dizendo ! Ele liga a moto e entra pelo portio, j4 aberto pelo guarda. Pedro fica olhan-| do durante algum tempo e depois vai enbora. 0 guarda fecha o portio. CORTE Cena 9 - SET / ESCRIT6RIO DE RENATO / DIA | Sala de Nazaré. Renato abre a porta, vindo de fora, e entra. Nazaré se le~ | vanta instantaneamente. NAZARE Bon dia, doutor Renato. RENATO Bom dia, dona Nazaré. NAZARE 0 doutor Mario e o doutor Benson est3o na sala lhe esperando. Renato no gosta. RENATO Tinha alguma reunizo marcada ? NAZARE Nio senhor. Mas eles disseram que é um assunto urgente. RENATO Muito bem. A senhora tente fazer aquela ligagdo para Nova Torque que ficou faltando ontem. NAZARE Sim senhor. Renato abre a porta que da para sua sala e entra. CORTE Renato entra, tan, Cena 10 - SET / SALA DO ESCRITORIO DE RENATO / DIA Benson e mario, que estavam sentados em poltronas, se levan- BENSON Pinalmente...Olha ele ai. RENATO (SECO) Bom dia. i MARIO Bom dia, Renato. Renato vai direto a sua mesa, senta-se e comeca a examinar um papel que es~ ta sobre ela. tempo. Benson Mirio e Benson vém sentar-se a sua frente, em siléncio. Um esfrega as mios, nervoso. RENATO (SEM LEVANTAR OS OLHOS) 0 que houve ? MARIO Estamos com um problema, Renato. Um pepino daque- les ! Mario espera alguma reagiio de RENATO, mas ele continua impassivel, examinan- do os papéis. Pela primeira RENATO Vai falando. BENSON © caso é muito grave, Renato.Uxgente... RENATO Se fosse tio urgente vocés j4 tinham falado. MARIO £ o seguinte, Renato. 0 Celso Rezende, aquele gerente financeiro que nds indicamos pra compor a diretoria do banco do Mister Benson, est& fazen- J do ameagas a ele. vez, Renato levanta os olhos. RENATO Ameagas ? Que tipo de ameacas, Benson ? BENSON Ben, deixa eu te contar a histéria toda.g4 ha alguns meses nés estavamos com um cargo vago no Conselho Internacional do Banco. Uma das vice-pre-- sidéncias estava vaga... RENATO E dai ? BENSON E eu cheguei a pensar no nome do Celso Rezende para ocuper este cargo... RENATO Voc@ prometeu isso a ele ? Benson se atrapalha um pouco. BENSON Nao...No prometi nada... S6 toquei no assunto... Reagdo de contrariedade de Renato. Ele sabe que o outro esta mentindo. Reagdo de Renato. Sutil, mas demonstrando a profunda irritagio dele. Renato bega. Benson Benson Benson Benson RENATO BENSON RENATO NARTO RENATO MARIO fica’pensativo. Depois olha longamente para Benson. Ele abaixa a ca- RENATO nio entende. BENSON RENATO se levanta . RENATO caminha até 14. RENATO olha e se volta para ele, sem entender. BENSON lo E daf ? Bem...Parece que ele ficou se julgando com direi- to ao cargo...Nio sei o que passa na cabega dele. Acontece que eu tive que indicar outra pessoa para a vice-presidéncia... Nao tinha outra manei- xa...Muitas injungdes politicas dentro do banco., Em fungao disso, ele comegou a fazer ameacas... Que ameagas, Mario ? Coisa muito séria. Ele est4 ameagando entregar 4 Justiga brasileira documentos que provam que nés fazemos remessa ilegal de dSlares para o exterior. Existem esses documentos ? Pra uma pessoa na posigdo dele nao é dificil ter isso. (PAUSA) © pior, Renato, 6 que isso te atin- ge diretamente, porque voc® sabe muito bem que essa operagio 6 feita através da tua firma expor- tadora.Se esses documentos vierem 4 tona, vai ser o maior esc&ndalo financeiro desse pafs. E vocé vai estar envolvido... (COM MUITA SERENIDADE) Por favor, mister Benson, levante-se. Hem ? Levante-se, por favor. Va até aquele espelho. (INDICA UM ESPELHO). Olhe para o espelho. N&o estou entendendo, Renato. RENATO BENSON RENATO a Que que o senhor est& vendo ? Ora ! Estou vendo a minha imagem. Nao. 0 senhor esta vendo a imagem de um asno ! Reagao de Benson, perplexo. CORTE Cena 11 EXTERNA / JARDIM DA CASA DE RENATO / DIA Ao grupo de Carolina, Hélio e Paulo, vieram se somar Felipe ¢ Ana Maria. FELIPE CAROLINA FELIPE HELIO CAROLINA ;"PAULO Ana Maria se levanta. ANA CAROLINA Ana Maria sai. FELIPE CAROLINA HELIO CAROLINA A senhora precisava ver, tia. Foi passando a mio na cara da Ana, assin. Aquilo é um moleque, um demente ! Ja dei ordens explicitas para nao deixarem ele entrar aqui. = ele sabe disso. Mas n3o adianta. B ele € perigoso, hem. A senhora j4 viu que ele agora deu pra andar com um taco de golfe na nao. Uma hora dessas arrebenta a cabega de alguém com aquilo. Sendo filho e neto de quem é, nao se poderia esperar outra coisa. Renato precisava tomar uma decisdo drastica a esse respeito. Inclusive porque fica muito mal pra imagem dele. Uma coisa dessas suja que vocés nfo podem imagi- nar. E se a gente t& querendo fazer dele um polf- theorss A Helena t& em casa, tia ? Deve estar no quarto dela, estudando. vai até 14. Aninha ficou assustada, v6. Precisava ver como me agarrou. Agora imagina se ela té sozinha... Voe® tem conversado sobre esse assunto com 0 RE- nato, Carolina ? © senhor sabe como & o meu marido, nao é, tio? CAROLINA HELIO CAROLINA PAULO CAROLINA FELIPE HELIO CAROLINA CORTE = Cena 12 12 £ uma rocha. Diz que esse 6 um assunto particu- lar dele e nao quer que ninguém se meta. Mas acho que agora a coisa ta passando dos limi- tes. Eu vou falar com ele. Mas independente disso acho que a gente devia fazer alguma coisa, por nossa prdpria conta. © que, por exemplo ? No sei. Alguma coisa que afastasse esse menino da nossa vida...Voc8 nao tem nenhuma idéia, Fe- lipe ? Eu posso dar uma li¢o nele, tia. Pago isso numa boa. Acho que € 0 caminho. De homem pra honem. Uma solugdo viril, mascula. Pra certas coisas é o que resolve. Pelo amor de Deus ! Que Renato nao nos ouga ! - SET / SALA DO ESCRITORIO DE RENATO / DIA Renato esta de pé. Benson e Mario sentados. Benson amuado, ofendido. RENATO BENSON RENATO BENSON RENATO Eu ouvi perfeitamente tudo que me foi dito, Mis- ter Benson. E sé posso concluir que de um jeito ©u outro foi o senhor que nos levou a essa situa- Gao. Nao 6 verdade. Mas ainda que fosse, yoo8 nio ten © direito de me ofender. © senhor € que nao tem o direito de nos meter — numa situacdo dessas, de p6r em risco os meus empreendimentos, de pSr em risco a minha reputa- gd 3... Por uma besteira ! Mas o que € que eu podia fazer, meu Deus Rezende esta louco ! © senhor nao podia ter deixado a situagao che- RENATO 13 gar onde clegou. Desse © que o homem queria, ou no prometesse 0 que no podia cunprir...Matasse © homem se fosse necessario ! (PAUSA) 0 que nao pode & pdr em risco os meus interesses, que sao os seus também, do seu banco ! Um tempo. Renato caminha de um lado para outro. Benson cabisbaixo. MARIO RENATO Renato volta a se sentar. MARIO Voeé me desculpe, Renato, mas eu acho que nés estamos perdendo tempo. Ha uma série de coisas que a gente tem que fazer pra evitar o pior. EB tem que ser rapido. Voc tem razao. 1 Eu vou te explicar detalhadamente 0 caso pra vo- e& poder decidir. Renato se prepara para ouvir. CORTE Cena 13 - EXTERNA / BAR DE JOANA / DIA Tabaco estaciona o carro em frente ao bar. Salta e entra. Alguns fregueses, que est&o sendo servidos por Fatima. Joana nfo est&, Gilson, no seu canto, come bolinhos e bebe cerveja. Tebaco olha em volta, procurando por Joana e Pedro. Depois se dirige a Fatima. TABACO FATIMA ‘TABACO PATIMA ‘TABACO GILSON Tabaco se volta para ele. TABACO GILSON TABACO GILSON Escuta, menina, Dona Joana no ta ai nio ? Ela saiu. N&o sei que horas volta nao. Eo menino, Pedro ? Tanbém nao t& af nao. Voeé niio sabe onde ele foi ? (DO SEU CANTO) Pelo jeito foi jogar golfe. Reconhece-o. Oi, Seu Gilson ! N&o tinha visto o senhor af. Acho que eu t6 ficando invis{vel. Que nada, seu Gilson. A cerveja t& deixando o se- nhor cada dia melhor. (T0M) Eseuta, o senhor nio sabe do Pedro nao ? E alguém 14 sabe da vida de maluco, rapaz. Malu- 14 GILSON co pode estar cm qualquer canto. Tabaco olha com interesse para Patima, que nao lhe da bola. ‘TABACO B. 7 vendo que bati com a cara na porta. Mas j& que t6 aqui, pra nao perder a viagem, vou apro- veitar pra tomar uma lambada. (TOM) Desce uma branguinha af pra mim, menina ! Fatima vai pegar a cachaga, Tabaco a examina com apetite. TABACO Assim aproveito e bato um papinho con meu velho amigo aqui. E 0 Botafogo, hem,seu Gilson ? GILSON Nem me fale ! Nem me fale ! CORTE Cena 14 - SET / QUARTO DE HELENA / DIA Helena esté estirada na cama. Livros e cadernos de anotagées espalhados. Ana Maria em frente a ela. HELENA © Pedro sempre foi assim. Nao sei porque vocé tA tao espantada. ANA No té espantada nfo. £ que eu nunca tinha tido um contato assim de perto com ele. SO tinha vis- to de longe. HELENA De perto achou ainda pior ? » ANA Nao. Nao 6 isso. S6 fiquei curiosa. HELENA, Pois eu nao tenho a menor curiosidade por ele. N3o entendo agquele género que ele faz, nem quero entender. ANA Voc& nunca teve assim mais tempo com ele ? HELENA Nao. Endo me faz a menor falta.Ele que viva a vida dele pra 14. Nao tenho nada contra mas tam- bém n3o quero nem saber. Um cara agressivo...Nio ia metendo a mao na tua cara ? ANA Mas eu n&o senti que ele queria me agredir nao. Felipe que ficou achando isso. (PAUSA) Nao enten- do porque todo mundo trata ele t&o mal. HELENA Tratar bem uma figura daquelas é dificil, nao é, Aninha ? ANA Quem sabe Se tratando bem ele nao seria diferen- te ? (PAUSA.TOM) Nao sei...Eu fiquei com pena dele. CLOSE de Ana, olhar perdido. CORTE Cena 15 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA Sala de Nazaré. Ela esta manejando um terminal de computador. Entra Pedro. Ela se assusta , mas tenta disfarcar. PEDRO oa: NAZARE oi: PEDRO Ele ta ai ? NAZARE Esta em reuniao. PEDRO Avisa que eu td aqui. NAZARE Acho que vai ser aiffcil ele te atender agora. PEDRO Nada 6 diffcil. avisa. Wazaré hesita. NAZARE Doutor Renato nao gosta de ser interrompido quan- do esta em reuniio. PEDRO No me interessa o que ele gosta. Avisa. NAZARE Eu n&o posso. ' PEDRO Ent&o eu aviso. D& aqui. Ele pega o interfone. Nazaré tira da mio dele, assustada. NAZARE T& bem. Eu aviso. Pode deixar. Ela pée o fone no ouvido e aperta o boto. Pedro observa, debochado. CORTE Cena 16 -- SET / SALA DO ESCRITORIO DE RENATO/ DIA Renato na sua mesa. Benson e Mario diante dele. Renato atende o interfone. NAZARE (OFF) Desculpe, doutor Renato, mas 6 que o Pedro est& aqui querendo falar com o senhor. Reagao de contrariedade de Renato. RENATO. Agora nao posso. Diga pra ele passar amanha. NAZARE (OFF) Sim senhor. 16 Renato desliga o interfone. coRTE Cena 17 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA Sala de Nazaré, Nazaré desliga o interfone. NAZARS: Ndo disse? Ele pediu pra vocé passar amanha. PEDRO Amanha por que, se ele tA ai dentro ? Uma hora vai ter que sair. Eu vou esperar. Pedro vai se sentar numa poltrona e olha para Nazaré. Sorriso debochado, Gesafiador. Nazaré olha para ele, sen saber o que fazer. Pedro continua sorrindo. CORTE COMERCIAIS Cena 18 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA : Sala de Nazaré. Agora, sentados diante de Pedro, ha dois japoneses, muito distintos, acompanhados de um intérprete. Eles nao conseguem disfarcar o espanto que a figura de Pedro lhes causa. Nazaré vem de dentro e fala com © intérprete, procurando ser o mais am4vel poss{vel. - NAZARE Doutor Renato pede muitas desculpas mas vai ter que faz8-los esperar um pouquinho. Surgiv um pro- bloma muito grave que cle est& tendo que resolver. © intérprete traduz o que ela disse para os japoneses. Eles balangam a cabe- ga para ela, sorrindo. Pedro sé olhando. CORTE Cena 19 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / SALA / DIA Benson e M4rio diante de REnato. RENATO Vamos ver se eu entendi. Existe um processo con- | tra o Benson correndo numa Vara Federal. | MARIO Isso. Mas o processo & uma banalidade. Como advo- gado eu posso te dizer. A gente liquida o assunto na audiéncia | RENATO MARIO BENSON MARIO RENATO MARTO RENATO MARIO BENSON MARIO RENATO MARIO RENATO MARIO RENATO BENSON RENATO 17 E essa audi@ncia est4 marcada para semana que vem. Exato. Nessa audiéncia, o Benson e o Celso Rezen- de vio depor. S5 que o Rezende est4 ameagando apresentar os documentos contra nés nessa audiéncia. Percebeu o perigo, Renato? 0 processo é uma boba- gem, mas se 0 Rezende apresentar esses documentos a coisa toma proporgées imprevisiveis. Muito bem. Entao o primeiro passo é adiar essa audigneia, ‘para nos dar tempo. & possivel isso? Perfeitamente. Eu fago uma peti¢gdo ao juiz, ale- gando que o Benson precisa fazer uma viagem de negécios. Ele concede na hora. Nao ha nada de urgente no processo. TA correndo h4 dois anos. Ent&o vocé faz isso hoje ainda. Agora mesmo. Saio daqui e vou pra 1a. Mas a gente também nao pode esquecer aquele ou- tro perigo. Rezende disse que se desse na cabe- ge mandava os documentos direto para o juiz. Ele pode ter feito isso. Esse dado a gente nao tem. Nao adianta especular. De qualquer forma é uma sorte que o juiz sejao doutor Marcos Vilanova.Vocé tem que agradecer aos Sus por isso, Benson, Por que ? Eu conhego 0 doutor Marcos Vilanova. De longa da- ta, e de circunstancias muito especiais. Se a coisa cair na mio dele eu tenho como segurar. Pode-se saber de que jeito ? ! Nio. Isso 8 assunto meu.Eu #6 tenho que me rea~ | Proximar do “doutor vilanova". Refazer uma velha | amizade. Mas disso eu cuido sozinho. . Podemos ir, entéo ? | Esta tudo bem claro? Mario vai conseguir 0 adia- | . 18 RENATO mento da audiéneia. E vocé, Benson, entrar em contato com o Rezende. Vocé tem que deter esse homen de qualquer jeito. Principalmente convenga- © a nao voltar ao Brasil agora. BENSON Isso vai ser dificil. Ele disse que j& estava com a passagem marcada. RENATO Desmarca.E eu quero que voc’ descubra porque ele t& fazendo isso. S6 esse negécio da vice- presid&ncia nao ta me convencendo nao. Tem mais alguma coisa por tras disso. Renato aperta o bot&o do interfone. Mario e Benson vio saindo. CORTE Cena 20 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA Sala de Nazaré. Ela esta com o interfone no ouvido. : NAZARE Sim senhor. Ela levanta-se e entra para a sala de Renato, ao tempo em que Mario e Benson saem. Os dois esto tio apressados e compenetrados que nem reparam a presen- ga de Pedro e dos japoneses. Passam direto e saem. CORTE —Cena 21 - SEP / CORREDOR / DIA Mario e Benson saem do escritério de Renato e vao pegar o elevador. BENSON Nunca me senti tao ofendido na vida, Mario. | MARIO Calma, Benson. Renato estava nervoso. Nao fez por mal. BENSON Como nao fez por mal ? Quem ele pensa que eu sou? Um dos criados dele ? N&o sou nao. Nao sou em- pregado dele. Sou diretor de um banco, e nés so- mos s6cios. Sé isso. MARIO Como velho amigo do Renato, Mister Benson, eu ihe pego que releve a atitude dele hoje. BENSON Nao sou um dos puxa-sacos dele nfo...£ também n&o sou asno nao ! Mario segura o riso. 19 BENSON Eu lhe digo, Mario, quando tudo isso estiver acabado, quando tudo estiver no seu lugar outra vez, eu vou tomar satisfagdes com Renato Viana. Vou tirar minha forra! Reagdo de Mario, procurando ficar sério. CorRTE Cena 22 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / SALA / DIA Renato na sua mesa. Nazaré em pé, ao lado. Renato passa um papel para ela. RENATO Providencie isso. B pode mandar os japoneses entrar. NAZARE © Pedro ainda esta ai esperando, doutor Renato. Reagao de Renato, contrariado. RENATO Deixa esperar. Manda vir os japoneses. NAZARE Sim senhor. Nazaré vai saindo. Renato chama. Ela se volta. RENATO Dona Nazaré, mais uma coisa.A senhora ja mandou es convites pra festa do meu anivers&rio ? NAZARE Quase todos, doutor. RENATO Pois acrescente mais un. Nazaré pega o seu caderninho para anotar. RENATO Doutor Marcos Vilanova e senhora. E também para Roberto Vilanova, filho dele. £ um juiz. Descu- bra o enderego. Nazaré acaba de anotar. NAZARE Sim senhor. Ela sai. Renato se recosta na cadeira. RENATO Doutor Marcos Vilanova CORTE Cena 23 - SET / SALA DE AUDIENCIAS DE VILANOVA / DIA Mario estA diante do porteiro. MARIO Vou falar com 0 doutor Marcos Vilanova. © porteiro olha para dentro e se volta para Mario. PORTEIRO Ele esta ocupado agora, doutor. 20 MARIO Eu vou esperar 14 dentro. PORTEIRO Pois nao, doutor. NArio entra. Vilanova est& na sua mesa, atendendo a um advogadd que esta de P& ao lado dele. Na outra parte da sala, Licia, a Juiza, esta terminando um julgamento. Ela esta na sua mesa. Diante dela, o escrivao, o procurador, © advogado de defesa, as duas rés - duas senhoras bolivianas, de aparéncia hunilde, muito amedrontadas. Mais atras, um senhor boliviano, também humil- de, com uma crianca no colo. Mario se senta em algum lugar e observa o julgamento. LOcIA (FORMAL) Senhor escrivdo, atengao. © eseriviio olha para ele, atento. LOCIA Ouvidas as partes, e de posse de todos os elemen- tos necessarios, eu vou proferir a sentenga. Reagio do advogado. ADVOGADO Desculpe, Merit{ssima. A senhora disse que vai proferir a sentenga agora ? LOCIA © senhor ouviu perfeitamente, doutor. Como os fa~ tos s&o de uma clareza insofismavel, eu no acho justo fazer essas senhoras esperarem mais tempo pelo veredito. ADVOGADO Perdao, Meritissima. Eu falei apenas porque nao € comum os juizes darem a sentenga no ato do jul- gamento. LOCIA A Justiga & t3o mais justa quanto mais répida é aplicada, doutor. ADVOGADO Perfeitamente, Meritissina. LOCIA Anote, senhor escrivao. (PESQUISA: REFAZER A SEN- GA DE ACORDO CON AS NORMAS JURIDICAS)Tendo en v. ta que as rés foram presas em flagrante delito, quando transportavam substancias téxicas ilegais, mais claramente, cocaina, no Aeroporto do Rio de Janeiro, caracterizando-se assim o crime federal @e tr&fico de entorpecentes... Reagdes intercaladas das mulheres e do senhor, assustados, do advogado, dc . 21 Mario e de Vilanova, que acompanha de ‘Longe. Locra +++acusagao que as rés admitem, alegando apenas, em sua defesa, que o faziam a mando de terceiros, com 0 objetivo de receber remuneragao que apla- casse a condigao de miséria em que viviam, for- mei convicd’o de que este fato em nada atenua o crime cometido, A sociedade nio pode admitir a pobreza cono justificativa para o crime. Assin sendo, condeno as rés 4 pena de reclusao por... (PESQUISA: PENA MAXIMA) . BOLIVIANA(1) (CAI NO CHORO) Santa Madre de Dios ! A outra se levanta, revoltada, desesperada. BOLIVIANA(2) Quien es esta mujer ? No tiene coracon ? vendo my hijo (APONTA** 7 -CRIANCA NO COLO DO SE~ No esta NHOR) pobrecito ? ! Que vé ser dele ? Licia permanece impassivel diante da cena, LUCIA (PARA UM GUARDA) Conduzam as rés ! CLOSE de Licia, a expresso dura, severa. CORTE Cena 24 - SEY / SALA DA CASA DE PATATIVA / DIA Patativa est na maquina de costura, fazendo um vestido de noiva. Ha um manequim que veste um dos vestidos. Entra Tabaco. PATATIVA Olha s6 ! N&o acredito ! Nio & que o homem ainda t& vivo ? TABACO Patativa, meu amor ! Vocé nfo imagina como eu te- nho andado ocuoado, PATATIVA Faz um tempZo que tu nao me prfocura, rapaz. Pen- sei até que tivesse morrido, J& ia mandar rezar uma missa. Dé ci um abraco daqueles ! Fla se levanta e os dois se abracame beijam na boca. ‘PRBACO Tava morrendo de saudades, meu amor... (ELES SE BEIJAN OUTRA VEZ) Voc@ tem um tempinho agora ? Ela percebe a intenc#o dele. Olha-o com malfeia. 22 PATATIVA Tempinho pra que ? TABACO, Vai me dizer que vocé nao imagina ? Bila sorrdj:mani loge muda e; axezessio, desconfiada, - PATATIVA —_Eseuta aqui, 6 cara. Da Gltima vez que tu teve aqui tu me levou quinhentos paus emprestado. Até hoje nao vi a cor dessa grana. Tu nao veio aqui pra me pedir mais dinheiro, velo ? Tabaco se atrapalha. TPABACO Que 6 isso, benzinho ? Eu aqui cheio de amor pra dar e voc& me vem com papo de grana...Eu vou pagar o que te devo. Comigo € jpreto no branco. Vocé sabe disso. PATATIVA Sei TABACO Amanh& o dinheiro t& af. Pode ficar descansada. (TOM) Mas nés nZo vamos perder o meu tempinho de folga nessa conversa careta, vamos ? PATATIVA N&o vamos nado. Pelo menos nisso cu sei que tu sempre paga o que t& devendo... Os dois riem e se abragam, PATATIVA Meu docinho de céco ! Eles se beijam, com muita sensualidade. CORTE Cena 25 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA Sala de Nazaré. Os japoneses e o intérprete esto saindo, Nazaré imediata- mente entra para a sala de Renato e fecha a porta. Pedro se levanta, muito sério, e:faz uma reveréncia para:os:japoneses. Eles correspondem. Pedro faz outra reveréncia. Eles correspondem. Pedro faz outra. Eles também, Ainda uma outra e os japoneses se d&o conta de que es- t8o sendo gozados. Saem fazendo cara feia. Pedro volta a sentar-se e ri. Depois olha para a porta de Renato fechada. Contrai as fei¢gdes. Saco cheio. CORTE 23/'* Cena 26 - SET / SADA DE AUDIENCIAS DE VILANOVA / DIA Mafio est& diante de VILAnova, sentado na sua mesa. VILANOVA Pois nfo, doutor Mario. Pelo que eu me lembro do processo, acho que nao ha nenhum -inconvenien- te em adiarmos essa audiéncia. Basta o senhor me apresentar uma peticao por escrito. Mario abre sua pasta e tira um papel. MARIO A petigo j4 est& pronta, Meritfssimo. Entrega o papel a Vilanova. VILANOVA Eu despacho hoje mesmo, doutor. Boa tarde. MARIO Boa tarde, Merit{ssimo. Mario se volta e sai. Licia vem se aproximando. MARTO Boa tarde. LUCIA Boa tarde. Lucia vai falar com Vilanova. Mario vai saindo, Quando passa pelo porteiro, este 0 aborda, falando em voz baixa. PORTETRO © senhor viu,doutor, 0 que ela fez hoje ?(REFERE- SE A LOCIA) Coitadas das gringas ! Duas infeli- zes, Essa mulher @ desalmada, doutor. No é & toa que todo mundo tem raiva dela. Mario se limita a sacudir a cabega e sai. 0 porteiro olha com rancor para Licia. CORTA para Liicia e Vilanova, VILANOVA, Nem sempre severidade & sindnimo de justiga, Liicia. LOCIA Me admira muito ouvir isso do senhor, professor. VILANOVA Eu nunca preguei a severidade como norma, Liicia. Lucia Pois eu prego. Com esse mundo que est af, pro- fessor, s6 a severidade da lei pode lidar. VILANOVA Pois eu continuo achando que vocé poderia ter dado uma pena mais branda praquelas mulheres. Sem querer ne imiscuir nas suas decisdes.Falo apenas como amigo. LUCIA Eu sei, professor, Nem eu estaria mantendo essa *@ aa LUCIA conversa se fosse de outra forma VILANOVA Mas € sempre bom a gente deixar essas coisas claras, Afinal de contas vocé é minha substitu- ta, @ eu no quero que parega que estou queren- do influir no seu modo de pensar. LUCIA Professor, eu sou uma mulher que sei perfeita~ mente o que quer. Nio me fiz juiza para ter um cargo piblico. Me fiz juiza porque eu acredito na Justiga. Eu acho que a lei & a finica coisa 9 que pode consertar esse mundo brutal e corrupto em que nds vivemos. corre Cena 27 - SET / ESCRITORTO DE RENATO / DIA/ SALA Renato esta na sua mesa, acabando de assinar um papel. Nazaré de pé, ao lado. Ele passa o papel para ela. RENATO Manda o menino entrar. NAZARE Sim senhor. Ela sai. CORTE Cena 28 - SET / ESCRITORIO DE RENATO / DIA Sala de Nazaré. Pedro sentado. Entra Nazaré, vinda de dentro. NAZARE Voc8 pode entrar , Pedro. PEDRO Mais um pouco e eu ficava com a bunda quadrada. Ele se levanta e faz uma brincadeira com ela com o taco. PEDRO Un dia eu venho aqui sé pra te ver. REagao dela. Pedro entra na sala de Renato, CORTE Cena 29 - SET / SALA DO ESCRITORIO DE RENATO/"DIA Do ponto de vista de Renato, Pedro surge na porta. 0 taco sobre 0 ombro, 0 jeito arrogante e debochado. PEDRO Ndo tava querendo falar comigo, (TOM) "papai"? Reaglo de Renato. Os dois se encaran. CORTE Fim do primeiro capftulo

You might also like