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Boaventura de Sousa Santos na‘oficina do sociologo artesao aulas 2011-2016 Selegao edigao Maria Paula Meneses Carolina Peixoto Sees at rgnanzaur CO Saha 99 Aula 3 E possivel descolonizar 0 conhecimento? Mi “ viyitaizauy cull Val Por que é importante descolonizar o conhecimento? 0 tema desta aula pode soar provocatrio a muitos de vis. 0 que gg nifica descolonizar 0 conhecimento? Seré que j cincias sociis precisam de ser descolonizadas? Em nome de qué? E para qué? Nesta aula, © que vos vou apresentar é 0 sentido que eu dou a este termo, Penso que precisamos efetivamente descoloni ‘sas ciéncias sociai irndo apenas as no. mas. epistemologia, as nossas onto to porque famosa pasar por um periado em que se torna claro, como j refer, que ‘a compreensio do mundo émais vastado que a compreensao nortecéntricy_ do mundo, Durante um tempo nao tivemos que nos preocupar demasiado com isso, Mas hoje no € assim, 0 Norte glob |, por assim dizer, encolhe,€ 0 Sul global expande-se. Esabemos que atualmente, na Europa, lum sentimento de ex: f . Esta situagdo pode ajudar-nos a detectar oportunidades de pensar para além dos critéros e dos paradigmas que predominaram até agora, sofremos Os meus estudantes de doutoramento em Portugal ou em Inglaterra ‘io, em grande maioria, estrangeiros. Em Portugal a maioria é composta Por latino-americanos, enquanto que na Inglaterra so oriundos funda- ‘mentalmente das ex-col6nias britanicas. Como sabem, as universidades iropeiasrefletem muito nas suas estruturas a heranca colonial, Estes alunos perguntam-me fundamentalmente “por qi resolve este problema que se arrasta hé tanto tem a, que durante séculos nos a Democracia, do Dreito, jue & que a Europa néo pO? Como & que a Euro- * ensinou 0s principios dos Direites Humanos, ete, v8, 05 direitos dos seus cidadios a sere agora, as suas democracias suspensas, NAOFIINA D0 SoaLOCo AsTEskO fat en io estou a falar de uma alternativa 0. Quero pensar que esta falta de fando, também o resultado de uma falta de mais profundos,& n > Stico, ontolégico. E, portanto, 20 sto “como descolonizar as cign ? Encarar as crises no Norte global como uma oportunidade de pensarmos desde o Sul Atualmente € claro o esgotamento epistemoldgico teérico no chamado Norte global: {Europa e a América do Norte. Depois de cinco séculos a ensinar ao mundo, o Norte global néo sabe resolver os seus pré= prios problemas. Quando olhamos para 9 resto do mundo, para a Africa, a ua Asia, hoje em dia, vemos que hé muita gente a fazer do mundo? Porque um preconceito colonial, que persiste mesmo de fim da era dos impérios, impede o Norte de aprender com o Sul. Segundo 4 perspectiva preconceituosa que, de modo geral, permanece em vigor no Norte global, ndo & possivel que o Sul global tenha algo a ensinar.” Com este pensamento, o Norte nio & capaz de poder aprender. Entretanto, es- tamos num ponto em que, qui, todas as crises no Norte global ajudem a criar uma janela de oportunidade, desde que possamos fazer os trmites politicos e epistemolégicos, que nos permitam realmente pensar a partir do Sul, de uma outra perspectiva que possa mostrar a sua relevancia para 199. Trato deste tema na la 1: Porque at epstemolonas do Su? viyitauzauocom Car PORVENTURADE SOUS stg le mundo em geral, Ou seja, no se trata simplesmente cere deena © 2G 0 Sl neo (que pretendemos estabelecer é uma outra rene da humanidad, como dia o grande filsofo norte-americano, Joh Dewey. E que poy, samos realmente compreender que necessitamos de manter relacdes mais horizontas para nos entendermos no mundo. Mas, par SSonecesiia muta cosa. primeira é que o Sul se constitua como uy istemol6gico. Porque neste momento o Sul ¢ ainda, em grande 1.0 que quero dizer com isto? Um sujeito¢ aquele que pode representar o mundo como seu, Se podemos representar9 ‘mundo como nosso, podemos transformé-lo. Se o conhecimento que temos, cdo mundo nao nos permite representi-lo como nosso, to pouco podemos transformé-lo.£, de alguma maneira, as ciéncias sociais eo pensamento do ¢ global criaram essa ideia que mantém grande parte da populagio do ‘mundoa sentir-se exilada no seu préprio mundo. Sentem-se do lado errado ia porque Ihes foi negada a capacidade de representar o mundo como seu. essa é,no fundo,@ grande tarefa de uma nova epistemdlogia, de ‘uma nova politica: permiir que mais pessoas tenham acesso a esta grande possbilidade de poder representar o mundo como seu e, consequentemente, poder transform lcangarmos iso, Como sabem, hé algum tempo propus o conceito de epistemologias dd Sul para designar uma outra maneira de construir conhecimento para - transformacao social, Porque, como tenho dito, para imaginar e realizar esta transformacao é necessdrio um outro tipo de conhecimento, bem como um outro tipo de validagio, de credibilizagéo do conhecimento. Para comecar, dev ou s ‘amos usar 0 termo conhecimento sempre no plural, Feferirmo-nos a conhecimentos. Enfatizar a pluralidade do co- "hecimento é, por sis6, uma transgeessio, Tentem escrever num texto em inglés knowledge no plural — knowledges identificado como erro. Para o Norte global. no ¢ plural — e verdo que isto & sempre .0 conhecimento 6 singular, 100. Vease ente outst Ge. ene cuts tabats, Dewey (1958 [1925), WAOFIENADO SCOCLOGD ANIESAD 03 Para enfrentar uma politica epistemoldgica precisamos de uma epistemologia politica Fundamentalmente, esta neces lade de transgressio impe-se por- «que a politica que temos hoje, em muitas partes do mundo, é um: epistemolégica. £ uma p. ica que se afirma como a tinica po edbiliza todos os conhecimentos que poderiam_ a, cenfrontévla, isto acontece quando um sistema ‘natural, por exemplo, entra em 6 0 que os sociélogos chamam uma pendente. 0 problema é que vivemos num tempo em que acrise ‘permanente. E quando a crise se faz permanente, ela nfo tem que set explicada porque passa a ser a explicagao de tudo, Quando se diminuem. as pens6es, se privatizar os sistemas de satide e educagio e se tomam medidas preju ‘como diriam os socidlogos, que a crise deixoi de ser uma variével depen- dente para ser uma variivel independente, Ou seja, a crise explica tudo. Isso traz-nos uma grande inquietude, porque a crise permanente impede a transformagio e a emergéncia de alternativas. Neste ponto, importante perceber quem detém 0 poder p social, econémico, porque muitas vezes os governs — mesmo aqueles {que consideramos progressistas — controlam o Estado, mas nio detém o poder. Preocupa-me, por exemplo, facto de que no continente amer ‘que marcou o inicio do século XXI com tanta esperanca e com tantas ‘ofensivas, de um més a outro, tenha sido necessério passar a lutas defen- por exempl || temos assistide a negacio do direlto & terra aos indigenas, a0 assassinato de indigenas, de jovens afrodescendentes e de ‘antes de diversos mo- E qui situagbes semelhantes es yma acontecer por viyitanzauy cuin Car !ORVENTURA DE SOUS say todo continente americano enoutras partes do mundo, na Aftica,naAsig ce também na Europa. Este poder afirma-se como invencivel. Eu chamo a este poder 9 poder de drone. f um poder ronificade, Funciona como os drones, Gue matam A distinciae nunca podem ser vencidos. Porque quem at ge alvos com drones no Afeganistio esté, de facto, a matar a pat Nebraska, e ndo é um herd programa de computador. Nao € a isto, obviamente, que nos referimos los e personagens heroicas. Jé no hé guerra do hd realmente uma narrativa onde os vencidos possam, de alguma maneira, enfrentar os vencedores. E 0 que se pas inanceiros é uma situacio semelhante. Uma agéncia jidar um pais de um dia para o outro, como vimos acontecer com a Grécia, Este poder nao é invencivel, mas apresenta-se como tal. Esto s6& possivel devido ao conhecimento que elabora e que Aifunde como o tinico possivel. Por a & epistemol6gi 4 epistemologia tem que ser ~~ ; gias do i stems uma proposta de epistemologia p ‘no sio uma epistemologia, ocupam o espaco da epistemologia. Yejam omovimento Occupy. Pego-vos que olhem para as epistemologias éo Sul com a mesma filosofia. £ uma ocupacio do termo epistemologia para realizar outras agdes, como vamos ver, Mas antes de iniciar a an? whe € das condigdes para descolonizar 0 ¢o- hecimento, queria referir O-porqué da opcio, nalguns contextos do Sul de ert condensa em sios a "cepconal. Geum determina pecbema. como so oss js 8 superagso, de forma 5 de quera, Nestescontextos um dado problema & cue colaca em cause, agincia de ing & ur ‘etn agers) én ma agincia de classiticacdo {29 9910) ura erpresae porsche 4 ie, gover 85 vd no prazofnado, moron 90 soceL0ce ARTESAO slobal, da deta de areferéncia ‘Tal como jé ref 2 smo é uma violenta rela-)) Goto glo de controle pe produtiva e do trabalho, e da forma |owa~ de ser e conhecer de um deierminado grupo sobre outro ou outros. Uma {4s ~ das caracte ‘do colonialism €0 facto de, muitas vezes, as ™~2 capitais politica, as metrépoles coloniais se situarem noutras jurisdicBes ‘caso de Portugal em relacio as suas colénias na Na sequéncia de lutas nacionalistase aa segunda metade do século XX conheceu ‘0, lutas que ainda marcam o panorama poltico contemporineo, como, ‘por exemplo, a luta dos estudantes sul-africanos pela descolonizagao da | ane. sidade, Apesar de ser impossivel desfazer a violéncia do encontro -ontextos africanose decisdes a partir da sun realidade, da sua experiénc {6a colonialidade, tal como proposto por Anibal Quijano.™ revela-se como a outra face da nodernidade eurocintria, rato da manutencho das |} rmetropolitanas. Vejam como as duas correntes se aproximam, Nos da situagao colonic consequéncias politic ‘expansdes’ no mundo io da inferiorizagio da alteridade e a despolitizacao do contexto, descolonizar o conhecimento passa por uma re descolonizar o conhecimen is casos — descolonizacdo ¢ descolonialidade — a dendincia 103, Vejase, entre cuts. Thong (1986) ¢ Cabral (1976 [19701 p. 221-33) 104, cujan (20001 viyitalZauv CU ‘Car BOAVENTURA De: ws SOUSA santos de concetos centrais, hegemonicamente definidos pela racionalidade a expansio do projeto civ. pela descolonizagao ¢ 4 moderna — estrutura de saber lizacional moderno ocidental no mundo —, como hist . Sabemos que grande parte da populacdo do tmundo vive o seu quotidiano a partir de outros critérios, pensamentos, “es. Estes conhecimentos ndo estdo refletidos nos relatérios do emt do Banco Mundial, mas so a base 7 Mundial, que orienta a vida das pes- ‘$o3s.em geral, E quando nos damos cont, : a de que estes conhecimentos uma perplexidade que se este reconhecimento susci ‘raduz na constatacdo de que nia é possivel h; Sem Justiga cognitiva global. - eae ideia de ‘te, se ndo houver justica entre os conhecimentos Recisides no mundo, nio é passive haver justiga social no mundo, Isto NAOMEINA DO goCiGLOC AnTESKO no se reflete s6 no mundo do lado de lé (extraeuropeu), mas também no mundo do lado de c4, A propria Eurosa é cada vez mais um conjunto de Europas, cujadiversidade ndoesté de maneira nenhumaa ser reconecida Ehd parmetros e critérios de conhecmento que fazer com que a ciéncia ‘muitas vezes se transforme numa méquina infernal de produgio de este- redtipos. Um conhecimento rarefeito da realidade transforma esterestipos em pretens erdades sobre os paises as qua depois se transformam em Aecisdes poiticas. Esta €uma priticacorrente do Banco Mundial. Vejam, por exemplo, a estratégia de Rapid Rural Appraisal usada pelo Banco Mundial na Africa, © Banco Mundial vai a um pafs onde quer resolver um problema ¢ realiza um Rapid Rural Appraisal. Ou seja, manda 3 ou 4 téenicos durante 15 dias para fazer um retrato das estruturas rurais daquele pals ¢, no fi produzirem um documento com as conclusbes sobre o que deve ser fe Obviamente, as conclusdes jf estavam decididas antes dese fazer o estudo. £ possvel analisar a agecltura de Mocambique, um pats com mais de 25 milhdes de habitantes ¢ com uma populacéo maioritariamente agricola, com 15 dias? E possvel analisar a agricultura do Niger em 15 dias? £ este 6 problema do conhecimento que temos que comecar a enfrentar de uma rmaneira muito mais critica econsciente. ara descolonizar 0 conhecimento curocéntri histérico que, quigé, iciar um processo id atravessar varias geragdes até que as mudangas se tornem perceptivels, proponho que nos centremos na andlise do modo _ de funcionamento ¢ nos currfcules das universidades modernas. A luta da universidade passa por Ho e a ocupzgao col diversificar a universidade,fazendo dela ‘espaco capaz de abrigar vores e saberes diversos. fe terem menos aparert preciso, apresent fo, mas & apresentado come econémico po que respeta ao tempo . exsencalment, um process de extraGio de conhecimento sobre \ Viyitalzauy GUI m Car BOAVENTURA DE SOUS su 10 TOs ‘como tenho dito, nas universidades temos ensinado 0 conhecimenty dos vencedores, nunca o conkecmento dos vencidos, Este timo est sts ras, nas lias, O conhecimento nascido na luta raramente entra na, viniversidades modeenas, Pode entrar por alguma ocasido cerimonial, mas [mo central dos curriculas. De facto, estamos diante de uma tarefy es de um conhecimento pl mito importante: enovar as possbilidades de um conbecimento plural {que se juntea priticaspoliticase que contribua decisivamente pare yuk | a construir um mundo melhor. ‘io interessa ter uma definicfo exata deste mundo, mas é importante aque possamas,dealguma maneira, superar 0 sentido comum do inferna. cole presente e que nos diz que nio é iva a este presente, £ necessério criar, por assim dizer, uma contra-hegemonia, un pensamento que desnaturali 2e as formas de opi riminagao, de exploracao, que nos dizem lternativa a este estado de coisas, a esta realidade em farga de maneira credivel de democracia, farga-se de democracia.™ Usa a democracia para fea frmasde domingo mato semehares 3s que dominarar capitals Sehagem wes do nosso emp, sb a radcalzagdo da democracia nos termes er oprocessode des i do esto de natureza hobbeslano, da querra de soa Zonas onde vigoram com alguma consisting mBnico que atravessa tds 3S © que Por isso & comum & agéo estatal € "0 cova do quosiiano No dominio da a8 Ge aes separa pats ecto NAOHUNA Lo SvOOLOGOARTESAO, m destruir a democracia, Usa os direitos humanos para destruir os direitos Jhumanos, usa a defesa da vide para destruir a vida. & um poder que est fe da chvericia,mesma aparente do crit. O pola que ajuda © menino aa a aravessar a rua € 0 mesmo que perseque e eventuamente mata 0 ‘renina das 2onas satanene. A segunda forma de fscsmo social é offen danaaal\Ocore nas stuagdes em ho, por aidetes ou acontecimentos dasesabiizadores,produindo ses elevados viyitaizauy Guin Car BOAVENTURA DE SOUSA Sutos a apropriarse de mutes bandeiras de luta,Bandeiras emancipadoras oy dor, como a dos Direitos Humanos, por exemplo, gue io temas que elimina, mas que teros que repensar totalmente, Isto porque a grande maioria da populagdo mundial nio é sujeito de direitos hhumanos. objeto de discursos de direitos hurmanos."* O conhecimento desde o Sul global, néo subimperial, anticapitalista, antipatriarcal e anticolonial Estamos diante da necessidade de um outro tipo de pensamento que no seja apenas um esforco intelectual, mas que busque, sobretudo, uma transformacio politica. Aqui, a metéfora do Sul pode ser util. Mas existem is” e por isso 6 necessério saber em que Sul nos encontramos. © que nos interessa néo & o Sul geogrfico, mas sim o Sul geo} ‘sul que durante muit ni colo fempo foi dominado e/ou continua d ives de ansedadee erst de sponbildede para suportar grandes encargos pare notte segura Zi ox 1&0 fsesmo jnancer. tlver a forma mals iulenta, lade fascista e aquela que nos as hoje mais nos ‘smercados fnanceros de valores ede moedas, espe hoje descnado por economia de cassno. Essa forma de mre ine Ge opr cae slomsos vier sea {sl ta sed stodossac cere na ce anes ea gear mente na Aula &:€ possive democratizar [NAOFIONA 00 SOCIOLOGO ARTESAO, mundo colonial, pafses periféricos, paises subdesenvolvides, paises depen- dentes, Tereeiro Mund nomear este mundo geop. que é aquele que mz da construcda e vali ‘conhecimento a partir da perspect is da dominaco, exploracao e injusticas causadas pelo capi 0, a partir de uma perspect do Sul. Mas hé um terceiro conceito de Sul, utilizo no meu trabalho, que é 0 Sul como metéfora dos que ‘nado moderna — algumas delas com raizes muito antigas, mas que foram reconfiguradas pelo capitalism, como & 0 caso do patriarcado —, que esta metéfora representa a busca de uma alternativa que possa efetivamente ajudar-nos a alcancar a libertagdo dos povos. Quando apelames aos paises emergentes, os BRICS, fério Norte, outros: logos Sul-Sul, ou quando nos referimos aos por exemplo, alguns paises estao no Hemis- |.O que importa é que se reconheca que este smo. Por exempl, amos os movimentos socials de camponeses, lutam contra a mesma} mineradora, a Vale do Rio Doce, uma grande multinacional brasileira que tem provocado danos as populagdes que habitam regides onde a empresa funciona: deslocamento forcado, destruigdo ambiental, mineragao a céu aberto. Este encontro entre movimentos sociais mogambicanos, brasileiros encontro entre movimentos sociais mogambicanos, brasi angolanos exemplfica uma tentativa de promover um didlogo Sul-Sul » Fealmente contra-hegeménico. Mas ndo posso dizer o mesiio sobre as ne- eerénca 205 pases membros furdadores: Bras ssi, um estéio similar de mercado emer imento econBico. Os BRICS formem uma aianga po 1a cooperagSo econdmica Uma des principals medidas assumidas pelos BRICS foi a assinaturaem 2014, de um acorcoparaacriarSo do Nowo Banco de Deserve NBD (em inglés. New Development Bank), também reerido como “banco 60s Bf print ejevo #0 tnancanento de rt J naestutura& desenainen ies pores emerges. viyitaizauu Gum Car trés grandes formas de domi- {j BOAVENTURA DE SOUSA Santos belecidas ao nivel dos Estados da India, da Résia, da China ociages etl — aon rail, porque me parece que estes Estados praticam, muitas vezes, Aftica é neocolonialismo. tum grande socidlogo be imperialismo afirma que o mundo nao podia ter ) poténcias imperiais, necessitava de subimpérios, Muitos dentro te Sal p ‘ber de que lado estamos. Porque hé um Sul que pode ter um potencial de libertagdo dos poves, mas hé um Sul que pode reproduzir toda a opressio ‘Crepressio do neoliberalismo e do neocole ‘mente é importante para analisarmos as reais pos: para uma efetiva transformacio so Ter esta premissa em idadesde contribuigio do mundo que o Sul nos oferece. Para iniciarmos este trabalho epistemologico, proponho-vos que, quan- 40 comecarmos a adotar uma perspectiva a partir do Sul — neste terceiro sentido de que falei —, surja de imediato a celebracao da diversidade. Eu ppenso que é uma conquista do nosso tempo, que se evidencia na afirmagio da capacidade de cada um ou cada uma se transformar a partir de uma outra forma de compartilhar conhecimentos, experiéncias e formas de vida © imaginagées de Essa celebragdo da diversidade detém epistemolégico, Mas, quicé, este potencial possa ser destruido se essa diversidace se transformar numa fragmentacio total. 0 que, de certo modo, a armadilha do ne lisconsin, trabalhando & quele movimento como uma #20 neoliberalismo, Porque os jovens, na sua ansiedade, na sua 1977 © 1972) fade social e econémica em todo © fansformarasrelacdes econdmicas epalticasem todas ieréauicas com mais ustica social. 25 sociedaces em relagdes menos [NA OFICINA D0 SOC0L0GO ARTESKO us ideia da autonomia in ta estavam, sem querer, a reproduzir a ideologia neoliberal. 0 neoliberalismo tinha-se apropriado dos Occupy e de sua prépria luta, Essa é a grande armadilha da hegemonia do nosso tempo. E que ela se apropria de nés; por isso, uma transformacao comeca por ser uma autotransformagio — isso é muito diffe — para construir um outro tipo de epistemologia, ‘Além disso, é necessério que nio fiquemos pel dee que possamos avancar para articulades. . Por qué? Porque sio necessérias i ic 16gico é, também, como venho dizendo, um trabalho p . Ea grande dificuldade — e 0 #YoSoy13: como tiveram os protestos no Brasil" os protestos na praca Tharir, no Egito” ~ que temos de enfrentar ao reali- zar este trabalho é descobrir como criar aliancas, porque quem iniciou os processos nao foram os movimentos ou organizagBes sociais, foram jovens, alguns deles nio organizados. $é depois alguns movimentos e organizacées lebracdo da diversida- ‘rigens socioecondmicas ade, jus ‘esto os recursos e da politica do Eqito. viyitauzauy cui Car BOAVENTURA DESOUSA Santos sancasobvinmente, nfo podem levar os movimentos¢ perderem ast wtdo wer como, por um lado, desaprendendo e, por podemos cir algumas aliangas. mentos. M importantes, Vamos covtro lad, reaprendendo Entre a diferenga e a igualdade: os ditemas eressantes do nosso tempo basela-se na dade, precisamos também do reco- ‘Uma das linguagens mé ideia de que j4 nio nc ald Pr ‘ a Jos diorengas ssa formulagio — de que temos o direito Vier quands a gia dade nos descaracteriza e temos o dir anos inferioriza —, € que me parece forte, é, 1 I de enunciar do que de apl ‘vivemos num periodo pés-institucional em que existe uma extrains- titucionalidade para os opressores. Quando os jovens que protestam os como estando a desenvolver lutas extrainstitucionais, isto deverse a0 fato de atuarem para além das instituigBes. Porque as ruas e pracas sio espacos piblicos que ndo estdo ainda totalmente ocupados pelo mo financeiro. por sso ocupam as ruas ¢ as pracas. Numa praca sno uma formulacao politica. A formulacio aliancas capazes fortes e mals agressivas €, ‘sobretudo, cada vez mais extrainstitucionalizadas?: Tenho vindo a propor, como motor metodolégico e tedrico desta ntercultural entre movimenttos socials ido tem nada a ver com uma tradugao linguistica, al. A traducdo intercultural, tal como a concep- 118, Vease Santes (2006) 0 5 condgdes para 8 construgSo de um dislogo etre siberes apart das epstemoogis do Sul? TNA OFICBIA Do SocGLOGO ARTESAO uma tradugio {roca entre narra uagens, de diferentes movimentos e organizagées; uma tradugdo que nos pode ajudar a encontrar uma maneira mais exitosa de ampliar as nossas lutas. Se queremos ter uma compreenstio mais ampla do mundo, temos que refundar as ciéncias sociais Apresento-vos agora uma outra premissa para a descolonizacio das cléncias sociais. As ciéncias soci MO I comoas conhecemos, esto centradas essencialmente na compreensio nortecentrada do mundo. Se queremos ‘As cléncias sociais modernas, sobretudo a partir do século XIX, permiti- ram uma representacio do Norte global a parti da sua autorrepresentacdo, Esta capacidade de criar uma representacio de si proprio significa que os conhecimentos, 0s conceitos, as metodologias, as teorias desenvolvidas a partir do Norte permiter que o Norte global experiment 0 mundo como seu e tenha capacidade de o transformar. Entretanto, no Sul global, estas ‘estas clncias sociais no permitem que a grande maioria da populagdo ‘mundial represente o mundo como seu. De alguma maneira, as popula- 58es do Sul global parecem estar sempre do lado errado da histéria do ‘mundo, no experimentam o mundo como seu e, por isso, também no 0 odem transforma. Por exemplo, para muitos historiadores afticanos, um dos problemas capacidade de osafricanos se autorrepresen- problemasda Africa reside na incapacidade de através de outros conhecimentos que ndo aqueles que foram produzidos 120. Vea-se Mbemnbe (1993 ¢ 2010), viyitaizauu Gum Car BOAVENTURA DE SOUSA santos 0 6, como Mbembe advoga, por mais que digam “nés a seu FesPe a sempre por representar-se através do conhecimento africa. ido sobre os afrcanos. Este conhecimento reproduziu-os que foi produas ssa inferioridade permanece dentro do de ser superada Se ptuales seu pensaent,e i : aon importante compreender seas ciancias socials no Seu con- to padem tera capacidade de permitir que mais pessoas e comunidades ee sentem o mundo de tal forma que ele possa ser experimentado aie je avesalsgente poss aud transformaromnda tae Cumtatathoextemaente di rae soorectiiasPorstarazlocabe-n0s pensar ereaprender muita ost. que nfo é Jo se trata de uma mera questlo teérica, trata-se, acima de tudo, de ica, Por isso proponho as epistemologias do Sul para averiguar a pe de, lesta perspectiva, de alcancar outras formas de conhecimento, entendimento, compreensdo e de transformagio do mundo, Como podemos querer seguir conceitos que foram criados no século XIX essencialmente entre cinco pais conceitos valem para todo o mundo? Mudar isto éa tarefa das epistemologias cdo Sul. 0s africanas tém um provérbio muito forte que, certamente, alguns istéria da Africa foi escrita pelo cacador, é tempo que todos somos produtos das um esforgo de des- Etemos que assumir do Norte ¢ pensar que estes , obviamente, ahi - Afinal, a’compreensio do mundo é muito mais ampla e. diversificada do que a compreensio ocidental do mundo. __ Descolonizar ~ se quisermos fazer uma andlise que demonstra a complexidade deste termo — por um lado afirma e por outro lado nega a relagio entre colonizador e colonizado, A dicotomia colonizador-colo- nizado € muito problemi co porque @ colonizacdo foi uma coinvencao: © colonizado participou, de algumma maneira, na colonizagao. Como pode {ima coinvensio permitir a deta de que houve realmente dominantes € dominados? E preciso fazer toda uma fenomenologia do que é o oprimi de onde esté o oprimido e de onde esté o opressor. Nao ¢ facil sabemos que muitos oprimidos foram também epressores, Necessitamos de muito trabalho para poder determinar, num dado espaco-tempo, quem eee abe orque 'NAOFIINA D0 SOCI6LOO ARTESAO us 4 primeira dificuldade que temos de confrontar. muitos estudos correm risco de trans- formar o pensamento ocidental em algo monolitico. Como se o Ocidente em si mesmo ¢ o eonhecimento que produzinfosseminonolitica, Para jam uma caricatura da Europa ou do Ocidente para poder fazer © que & facil. E certo que 0 Ocidente muitas vezes caricaturou 6s outros para poder estabelecer a sua unicidade e a sva especificidade, ‘mas nio faz sentido que numa critica a este tipo de pritca seja cometido, mesmo erro, © pensamento ocidental é extremamente.complexo, Num de meus textos, etl interrogo se existe um Ocidente ndo ocidentalista."* Neste texto tilzo alguns autores menos conlhecidos para descobrir as rafzes da mo- dernidade desde tempos mais antigos. Recorro sobretudoa Nicolau de Cusa ea Pascal para tentar mostrar como estes autores, que esto no principio da modernidade ocidental, e que apresentam uma capacidade enorme de pensar 0 mundo, vio ser completamente marginalizados do pensamento dominante do Ocidente. Bo mesmo modo, aquilo que na India, na China, ina América Latina perisam da Europa, ou pensam do Ocidente, ou pensam dos conhecimentos flos6ficos dominantes, nunca entra em dislogo critico,, com agrande: 0s seus ciniones, Vejamos o exemplo de Pascal, que é muito interessante, Pascal morreu angustiado com a grande questdo de que sendo finitos. ‘emos possibilidade de provar que Deus existe, Como nao temos pos ide de provar que Deus existe, s6 temos uma possi Etenta explicar raci que & melhor apostar naiideia de que Deus existe do que o contrdrio, Pela simples razio de que, se cu apostar na ideia de que Deus existe, vou viver uma vida virtuosa por temor a Deus. Se chegar cou conhecido pelos seus trabalhos viyitaizauu cum Car '& numa situacio() ‘ EE EES PONS fim e Deus no exist, paciéncia, pelo menos tive uma vida virtuoss, ane eda aposta de que Deus n&o existe, vou levar uma vida de ‘Agora, su are lq no deve se no fim etivererrado, realmente a sr destuicho. Por iso, para Pascal, era melhor apostar ng pascal mostrava uma complexidade tio grande e uma dividaexistencil to fundamental acerca da existéncia de Deus que, obviamente, no tinha lugar enone dominante. 6 pensamento social ocidental é extremamente diverso, mas esta diversidade foi posta de lado, arredada para as margens. Contudo, é muito importante reconhecer a diversidade desse conhecimento para, a partir dermos comecar a rojo abissal Descolonizaras ciéncias socias 5 aquilo aque eu chamo uma sociologia das: No final do século XIX, conservador, assis sob ataque, Odi c 4indrio, porque procura criar 0 minimo de igualdade entre duas part so obviamente desiguais:o patrio eo trabalhador empregado, o operitio.£ ‘uma conquista extraordindria, sem divida, 56 que nos esquecemos que, nO mesmo momento em que se conquistava este grande avanco ional deste lado de cé da linha abissal, do outro lado da linha (nas colénias), 0 trabalho era uma forma de direito penal. Do outro lado da linha abissal 0 trabalho forcado assumia a forma de disciplina educativa no caminho para ilo XX, seguindo um registo mais & emergincia do direito do trabalho, que hoje esti 124. Nejase a Aula 2 e iqualmente Santos (2007). 128, Vjo-se Santos (2002). NA OFICINA 00 Soci6LOGO ARTESKO pees a civilizaga 10s perante duas realidades estanques. Porque lade que lo de lé da linha, como esté tio obviamente radicalmente excluida, esta para além do bem e do mal E, por isso, nfo conta, nfo pode questionar a validade das t eorias produzidas do lado de c4. Como tenho dito, esta linha abissal hak a ‘ao terminou com o colonialismo. Continua bem presente nas nossas sociedades. Ha realidades que a ida hoje locar dentro dos parametros do legal e do ilegal nas ‘a abissal continua a atravessar as nossas sociedades. | to terrorista? Esté para além do bem e do mal, est4 para.além do legal edo ilegal? Como é tratado o imigrante sem documentos Como tratamos o supost nna Europa hoje? Tem alguma semelhanca com Di Aatentar nas ditetivas da migrasio na Europa e ni accriancas,filhos de imigr 3s Humanos? Basta 65 EUA, Wejam 0 que se faz| 'es sem documentacao. Existem hoje ‘no mundo) ue estd em Cuba. Guanténamo| a abissal, e abarca tudo aquilo que ficou. tucional as grandes dlvisdes que fzemos entre| ©.que é legal eilegal, porque esta para além da legalidade; € outra coisa Os meus colegas norte-americanos discutem hoje até que ponto pod a tortura sem violar a Constituigdo, 0 que estas discussdes demonstram €a bancarrota de um pensamento liberal const universal, mas que no o é de forma alguma, fora da normalidade consti ‘onal, pretensamente Se caminharmos nesse sentido, vamos ter de empreender algum: tarefas para desmonumentalizar 0 Ocidente, De facto, descolonizar signi fica incluir algumas dimensSes de desmontimentalizacao. Nao se trata de ‘estruir, mas de desmonumientalizar. Cabe-nos perceber qual contexto em que podemos ter uma compreensio do mundo que nao faca dele ums sombra daquilo que é o Norte global. Se o desmonumentalizarmos, b ‘amos também a Sombra e permitimos que outras realidades, eventual mente, emerjam. Dou-vos@ois exemplo’) entre muitos outros, para que percebam melhor esta realidade, 0 primeiro é, naturalmente, o das reflexSes produ- Zidas pelo grupo dos estudos subalternos (subaltem studies), uma corrente _ muito importante da histéria da india, Esta corrente vai produzir uma histéria a partir da perspectiva do leo, a partir da vitima, digamos assim, viyitanzauy cuit Car BOAVENTURA DE SOUSK Sato m sinimeros volumes que refletem ess, faz uma transversal muito a interessante. Teoricamente jva do leo, mas ah e man sete dale ‘chamamos, no Norte global, pés-estruturalis. mite uma tentativa de apresentar uma temologias do Norte de uma ica. £ um primeiro passo de desmonumentalizacig sménica. £07 loa que meados da década de 1950, quando surge a ada por Cheik Anta Diop. £ fundament im livro maravilhioso onde Cheik Anta Diop ir fora da dria, estd dentro na_pré-coloni . Anta Diop chama a atencao para a pré-colonial. Obviamente trata-se roblemitica& hoje so wiios os historiadoresafricanos sas de Anta Diop. Por exemplo, Boubakar cexemplo di-se em m colonial nio era nenhum para s violéncia,Embora o modelo de Anta Diop néo seja a solucdo, cons «esforgo importante nesse sentido, 126. Entre 1982 ¢ 2005 foram etados em eos ve condensam pa 129.Vej-se Bary (2000), \ Na oFIcINA 00 So06.0¢0 anTEsko Estes exemplos mostram-nos a necessidade de reler a histéria para comecar a ter uma outra ideia que, sem desprezar o contributo do Norte global, consiga inser Eomais amplo e de seri-o num contexts mais amplo e equitativo. Porque de ciitra maneira no conseguimos, de boa-fe, ensinar os nossos estudantes, ‘A maioria dos meus estudantes em Madison, nos Estados Unidos, & chinesa. Como posso ensinar aos meus estudantes chineses que arevolusio industrial inglesa é um acontecimento iinico na hi ia, que fundou todo © mundo industrial moderno? Isto quando, em meados do século XVII inetade do coméreio internacional era controlado pela China imp estou a afirmar que nao houve revolugio industrial 0 importancia. Mas sabemos que houve muitos outros eventos semelhantes ue devemos ter em conta, ¢ aos quais ndo se tem dado a devida atenco, E ‘assim continuanios a & parcial, De igual modo, ensinamos-lhes que a América do Sul foi desco- berta por portugueses e espanthis. Mas quem primeiro chegou & América do Sul parece ter sido o navegador chinés Cheng Ho (Zheng He). Este na- vegador teré chegado as costas do que hoje conhecemos como continente americano pelo lado do oceano Pacifico antes dos espankdis e portugueses cruzarem 0 Atlintico, como afirmam vérios historiadores.” Néo ocupou esta regido, eto pouco ocupou os territérios africanos que visitou nas suas varias expedigées maritimas, porque o Imperador o mandou regressar. Este conhecimento, mais uma vez, ndo entra nos nossos manuais de histéria, Do lado de c4 da linha, esta versao da histéria obrigaria a desmonumentalizar tudo aquilo em que nés, europeus, assentamos a nossa identidade, Existe tum processo de desmonumentalizacdo que esté por fazer e que abre as pportas & convivialidade mais aberta com o mundo. isto nao significa que a harrativa ocidental deva ser apagada, de maneira nenhuma. O que a des- monumentalizagio exige € que a narrativa ocidental seja colocada mum contexto mais amplo. ‘Aprendemos que a primeira universidade moderna é a de Bolonha, ras no é assim, Talvea a primeira universidade moderna tenha sido 130, Vea-se, entre outros, Lim (1984) e Liu et al (Org) (2014) viyitaizauu com Car ms rgito, outra das mais antigas € 2 universidade de ade Alcashar, MEST Tal. Estas universidades, ém conjunto ‘Tombuct, hoje em FE aiterrineo,constitulram grandes centros de com outras da bacia do aan. éclaro para um estudante aprendagem disso os que estdo no Norte global é menos no Eto ow na Ingenta agora porque & importante i avancando claro, abviamente. Perce 0? nna desmonumentalizacae' 0 objetivo aqui nao € tan nio€ ames por provincia os outros pases tab, nae 3 itos ds colegas que trabalham na 8 dos estudos Por exemp'o rem uma inversio que devernos ‘olhar com suspeita. Ao ae ente,o pensamento acide 11 num pensamento monolitice, feri anteriormente Pe eaocaricatural quanto a Europa. Isso acontece em é tdocarica ‘Aalternativa que propoem é tend com os estudos que transforma @ NOV Mundo no centro da vrodernidade ocidental, porque foi com a conaulsid do Novo Mundo que se ganhou a coeréncia da modemidade ocdental 159% apenas uma outra forma de essencilizar 0 Novo Mundo. Porque howve diferentes mundos, penadoreslatino-aneicanoscontinuam a oa apenas Para ‘-americana ou,quando muito, para o Atlantico. lidades encontradas ico. Quando os portu- ‘Vejam, por exemplo,come foram diferentes 25 gelos portugueses 3s margens do Atlintio ¢ do Indico gueses chegam ao Indico, encontram um oceano totalmente globalizado, etervescente de contacts soci’, culturaiseeconémicos. Nao um Atlantic para globalizar. Por isso, o sistema de colonizagio portuguesa no Indico é diferente, Alds, segundo virios autores, Portugal teve trés impérios, endo dlls)” com realidades muito diversas. De recordacao da sua viagem & Amé- ric, Cabral trouxe papagaios para apresentar aos rei. Das suas expedicdes pelo indico, Vasco da Gama trouxe embaixadores. 131. Chateabarty (2000), 132, Veja, por exerpl, Clarence-Smith (1985) 1990). [NA OFICINA DO SOCOLOGO ARTESAO 125 0 préprio mundo europeu possuia uma diversidade que se foi perden- do e devemos acautelar para que no se perca definitivamente. A partir do século XIV, a Europa, que vai ser a Europa desenvolvida, é um pequeno ‘conjunto de paises que se estende desde o norte da’ O centro da Europa. 0 resto sio periferias. A perif do Sul, a periferia do Sudeste e a periferia do Lest XIV-XV até hoje, a tinica periferia que a periferia nérdica: Noruega, Suécia Fi a0s paises balticos. a do Norte, a periferia Vejam que, do sé jegrou no centro da Europa ap . Todas as outras periferias| ainda nio estio integradas. Estamos a viver intensamente essa diversida de, e€ muito importante que atentemos a isso para compreendermos a conjuntura atual Eh Muitos dos conceitos que as ciéncias socials continuam a usar populacio do mundo no lado errado da histria, Se considerardes 0s tipos de ideais, de Weber, por exemplo, sea o tipo ideal de Estado, de famfia, de sociedade, hé umn fator fundamental comum atodos: obviamente, nenhuma sociedade realiza completamente qualquer um dos tipos ideais, mas as 50- ciedades europeias aproximam-se mui jos ti do que quai algumas so mais dos tipos ideais weberianos sdades siste do que outras, é dbvio que ha qualquer coisa sus do fora da Europa, e até eventualmente agora em Portugal, percebi que os portugueses nunca compreenderam bem a ideia de que os pafses menos desenvolvidos podem ser mais desenvolvidos que os patses desenvolvidos ‘em alguns aspectos. Talvez isto seja um reflexo do fato de que a teoria do, tempo linear ndo permite que os paises menos desenv desenvolvidos no que quer que seja. Entdo, estes pafses continuam a ser considerados menos desenvolvidos na cultura, nas instituig6es, nas relagdes de familia, etc, S40 vistos como menos desenvolvidos em tudo, porque a concepsdo de tempo linear ndo permite analisar a diserepancia. Qs pos ‘deais sio um produto dessa linearidade.£ por isso que defendo que para Jesmonumentalizarmos as eiéncias sociais precisamos ir mais além na compreensdo e na prética dos conceitos. jidos sejam mais Tgitanzauu com Car

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