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Aspectos Legais e Toxicológicos do Descarte de Medicamentos

Article  in  Revista Brasileira de Toxicologia · January 2009

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4 authors, including:

Eduardo Viviani de Carvalho Carmenlucia S. G. Penteado


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REVISTA BRASILEIRA
DE TOXICOLOGIA
BRAZILIAN JOURNAL
OF TOXICOLOGY
©SOCIEDADE
BRASILEIRA DE
TOXICOLOGIA
Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009) 1-8

Aspectos legais e toxicológicos do


descarte de medicamentos
Eduardo Viviani de Carvalho, Elena Ferreira, Luciano Mucini, Carmenlucia Santos*

Tecnologia em Saneamento Ambiental da Faculdade de Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP,


Campinas, SP, Brasil

Abstract

Legal and toxicological aspects of medication discharges

The incorporation of chemical substances in environmental matrices, notably medicines and some endocrine disruptors, has
been a factor of increasing concern by scientific community. These compounds, that have been called “emerging contaminants”,
are widely used by the modern society, and are characterized by their environmental impacts, even in low concentrations, since
they interfere with the metabolism of various organisms, and result in disturbs of its population equilibrium. In this context, the
medication discharge in its different forms, and the demand for strategies of management of these wastes, takes an important
role. These strategies, to be worth need to consider the participation of professionals evolved at all the phases of the life cycle
of medicines. This work presents a critical overview, based on a technical literature review and regulations analysis, about the
effects of waste medicines on environment, especially on water bodies.

Keywords: medicine waste, pharmaceuticals, emerging contaminants, environmental education, public health

Introdução Resíduos de uma ampla variedade de fármacos podem


entrar no ambiente através de uma rede complexa de fontes
A presença de fármacos, cosméticos e produtos de e mecanismos (8); as principais vias de entrada de fármacos
higiene pessoal tem sido detectada em águas superficiais, no ambiente resultam do seu uso intencional, quando são
subterrâneas, água para consumo humano, e até mesmo em eliminados por excreção após a ingestão, injeção ou infusão;
solos sujeitos à aplicação de lodo de esgoto (1). Estes produtos da remoção de medicação tópica durante o banho; e da
são extensivamente empregados em medicina humana e disposição de medicamentos vencidos ou não mais desejados
veterinária e vem sendo considerados como contaminantes no esgoto ou no lixo (9,10).
ambientais emergentes (2). Uma vez no organismo humano, uma fração do
Embora os efeitos tóxicos decorrentes da exposição ingrediente ativo é eliminada na urina ou em menor
ambiental aos fármacos ainda não estejam totalmente quantidade nas fezes, sem sofrer alterações; a quantidade
claros, estudos recentes mostram que estes compostos excretada depende do tipo de medicamento e do indivíduo.
podem interferir no metabolismo e no comportamento dos O ingrediente ativo segue então para a estação de tratamento
organismos aquáticos, resultando em desequilíbrio das de esgoto (ETE), onde uma parte é removida pelo tratamento
suas populações (2,7). Dentre os fármacos considerados de (esta remoção depende do tipo de medicamento e da
importância ambiental devido às quantidades consumidas, tecnologia de tratamento), e finalmente o efluente é lançado
toxicidade e persistência no ambiente, estão os beta nos corpos hídricos (11). Os medicamentos vencidos, ou
bloqueadores, analgésicos e anti-inflamatórios, hormônios não mais desejados, que são lançados diretamente nas
esteroides, citostáticos e drogas para tratamento de câncer, pias e vasos sanitários, uma prática comum, chegam às
compostos neuro-ativos, agentes redutores de lipídeos no estações de tratamento de esgoto na sua forma original, sem
sangue, antiparasitas e antibióticos (2,7). sofrer alterações do metabolismo no corpo humano. Desta
forma, podem contribuir de forma mais acentuada para a
contaminação ambiental (12,13).
*Autor correspondente. Endereço para correspondência: Faculdade Deste modo, a principal porta de entrada de fármacos
de Tecnologia – UNICAMP. Rua Paschoal Marmo, 1888 - Limeira, no meio aquático, é através do efluente oriundo das estações
SP. CEP: 13484-332. Telefone: (+5519) 2113-3466 FAX: (+5519) de tratamento de esgotos, uma vez que as tecnologias
2113-3353. E-mail: carmenlucia@ft.unicamp.br  convencionais de tratamento apresentam limitações na
remoção de uma variedade de fármacos. Zhou et al. (14)
©Sociedade Brasileira de Toxicologia
direitos reservados avaliaram as concentrações de onze fármacos em três estações
2 Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009)

de tratamento de esgotos na Inglaterra, e concluíram que são limitados e frequentemente relacionados a ensaios de
diferentes compostos apresentaram diferentes eficiências de toxicidade de um único composto em um único organismo
remoção nas estações, variando de 43 a 92%, sendo que o teste, e ainda estão limitados a avaliação dos efeitos agudos.
melhor desempenho foi obtido na ETE que possuía tratamento Outro ponto destacado pelos autores é o impacto da mistura
terciário. Em outro estudo, Alonso et al. (15) avaliaram a de diferentes fármacos no ambiente, que pode resultar em
presença de psicoativos em rios da região metropolitana de efeitos de toxicidade mais pronunciados do que aqueles
Madri,e os resultados obtidos indicam que as tecnologias de causados por um determinado composto sozinho. Um estudo
tratamento de esgoto empregadas não removem de forma conduzido por Flaherty e Dodson (21) mostra que misturas de
efetiva compostos como fluoxetina, citalopram, vanlafaxina, diferentes compostos se comportam de forma imprevisível em
nordazepam, oxazepam e carbamazepina. Diversos autores meio aquático, e causam sérios efeitos em Daphnia magna,
também relatam diferentes eficiências de remoção e a como deformidades e aumento na mortalidade.
presença de diversos compostos em efluentes de estações Os efeitos ambientais mais sérios têm sido observados
de tratamento de esgotos (16-18). Outra questão importante em relação aos interferentes endócrinos, tais como o
envolve a utilização de efluentes para irrigação, nos quais a hormônio 17α-estradiol, que pode ocasionar a efeminação
presença de fármacos, mesmo em níveis traço, pode resultar em peixes expostos a concentrações menores que 1 ng/L (3).
no acúmulo destas substâncias no solo e a conseqüente O termo “interferente endócrino” tem sido usado para definir
contaminação das águas subterrâneas (19). uma substância química que pode interferir no funcionamento
Dentro deste contexto, fica evidente a necessidade natural do sistema endócrino de espécies animais, incluindo
de medidas para a redução da quantidade de substâncias os seres humanos; tal substância pode ser de origem antrópica,
emergentes enviadas para as estações de tratamento de também denominada xenoestrogênio, ou de origem natural
esgoto (o que passa necessariamente por mudanças de (22). Os interferentes endócrinos englobam uma grande
comportamento com relação ao consumo indiscriminado variedade de classes de substâncias químicas, que incluem
de medicamentos e a forma de descarte dos mesmos); os hormônios naturais e sintéticos, fitoestrógenos, pesticidas,
e o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes na compostos utilizados na indústria, subprodutos de processos,
remoção destas substâncias nas estações de tratamento. entre outros. Alguns são persistentes, enquanto outros são
Dados de pesquisas efetuadas junto à população usuária de rapidamente degradados no ambiente (23).
medicamentos em seus domicílios apontam a fundamental Ainda, estes compostos apresentam uma variedade
importância da adoção de campanhas, visando esclarecer os de rotas de exposição no ambiente, dependendo das suas
impactos ambientais advindos do descarte inadequado de propriedades físico-químicas inerentes, das condições
medicamentos. externas em que são utilizados, das condições ambientais,
Desta forma, esse trabalho tem por objetivo discutir do conteúdo microbiológico, dentre outros. A preocupação
abordagens que vem sendo usadas pelos diferentes em relação a estes compostos está nos possíveis efeitos na
países, inclusive o Brasil, visando ações que atendam a saúde humana e no ambiente, incluindo espécies animais.
demanda atual de gestão e educação ambiental, objetivando Substâncias químicas suspeitas de causar alteração no sistema
minimizar o descarte inadequado de medicamentos. Para o endócrino estão potencialmente associadas a doenças, como
desenvolvimento do estudo, foram analisadas as legislações o câncer de testículo, de mama e de próstata, à queda da taxa
vigentes no país e no exterior, bem como, trabalhos de espermatozóides, deformidades dos órgãos reprodutivos,
relacionados com o tema, publicados em periódicos nacionais disfunção da tireóide e alterações relacionadas com o sistema
e internacionais. neurológico (22).
Um estudo conduzido por Sodré et al. (24) analisou
Aspectos toxicológicos da contaminação ambiental por a presença de estigmasterol, colesterol, bisfenol A,
fármacos cafeína, estrona e 17β-estradiol em amostras de água de
Os fármacos são desenvolvidos para serem abastecimento na cidade de Campinas, SP. Enquanto a
biologicamente ativos e, portanto, podem apresentar estrona e o 17β-estradiol foram detectados apenas em
efeitos em organismos terrestres e aquáticos mesmo em períodos de estiagem e abaixo dos limites de quantificação,
concentrações traço. Apesar de existirem pesquisas sobre os o estigmasterol apresentou a concentração mais elevada (0,34
efeitos agudos de fármacos nestes organismos, dados sobre ± 0,13 µg/L), seguido pelo colesterol (0,27 ± 0,07 µg/L),
efeitos crônicos são escassos (2). Os efeitos ambientais da cafeína (0,22 ± 0,06 µg/L) e bisfenol (0,16± 0,03 µg/L).
maioria dos fármacos têm sido observados somente em Estes níveis são mais elevados do que aqueles encontrados
condições de laboratório, porém, avaliações de risco usando em matrizes ambientais similares em outras partes do mundo.
testes de toxicidade têm mostrado que as concentrações de Os autores destacam que até o presente não foram definidos
alguns fármacos encontradas no ambiente são suficientes para limites de concentração para estes compostos em água para
representar risco a organismos aquáticos, como a Daphnia consumo humano, e desta forma, não foram analisados os
magna (20). riscos associados ao consumo desta água; ainda, alertam
Zhou et al. (14) destacam que dados sobre para os efeitos sinergéticos ou antagônicos da mistura destes
concentrações máximas para fármacos em meio aquático compostos, mesmo em baixas concentrações.
Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009) 3

Além dos interferentes endócrinos, outra preocupação Como destacam Glassmeyer et.al. (10), nos anos
dos cientistas é com o grupo dos antibióticos, pelo seu potencial seguintes à pesquisa, a Sociedade de Farmacêuticos dos
em promover o desenvolvimento de resistência bacteriana, Estados Unidos, decidiu implantar o programa “Disposição
e por serem usados em grandes quantidades. Uma pesquisa Inteligente” (Smart Disposal). O programa tem por objetivo
realizada nos Estados Unidos e publicada em 2008 confirma orientar sobre a destinação adequada dos medicamentos,
que cerca de 41 milhões de cidadãos americanos, de 24 áreas através das seguintes ações:
metropolitanas recebem água potável contaminada por uma a) não descartar medicamentos no vaso sanitário ou
variedade de produtos farmacêuticos – entre eles antibióticos, na pia;
anticonvulsivos, estabilizadores de humor e hormônios (25). b) descartar os medicamentos juntamente com o lixo
Martinez (26) apresenta uma discussão detalhada a comum; o medicamento deve ser colocado dentro de um saco
respeito da poluição por antibióticos e genes resistentes, e plástico, e se for sólido, deve-se adicionar água para dissolvê-
o impacto destes na estrutura e atividade de populações de lo, e em seguida adicionar itens não palatáveis, como areia,
micro-organismos, e destaca que o uso de antibióticos para serragem, pó de café, entre outros, para evitar que crianças
outros fins, não terapêuticos, pode enriquecer o ambiente ou animais de estimação possam ingerí-lo;
com bactérias resistentes capazes de infectar o homem. c) remover o rótulo e toda e qualquer informação
Segundo Schwartz et al. (4), isso pode acontecer nas estações pessoal das embalagens antes de enviá-las para a reciclagem
de tratamento de esgotos ou nos corpos receptores, ou em ou descartá-las no lixo;
ambientes onde os antibióticos são lançados diretamente, d) fazer uso dos programas de coletas locais ou
como em lagos de criação de peixes ou na agricultura. estaduais quando disponíveis.
Petersen et al. (5) analisaram amostras de água em uma O programa disponibiliza um vídeo demonstrativo
fazenda de criação de peixes, que recebiam como fonte de para o correto descarte dos medicamentos, e uma lista
alimento esterco de aves nas quais foram administrados de 27 medicamentos, que segundo o FDA (órgão que
antibióticos; em 100% das amostras analisadas foi encontrada fiscaliza alimentos e drogas nos Estados Unidos), devem ser
resistência ao antibiótico sulfametoxazol. descartados no vaso sanitário, devido aos elevados riscos à
Cunningham et al. (27), avaliaram os riscos à saúde saúde, em caso de ingestão acidental (29). O FDA recomenda
humana associados a presença de fármacos no ambiente que sejam seguidas as instruções que acompanham a bula do
aquático, devido ao consumo de água e peixe contendo níveis medicamento, e se nada constar a respeito do descarte no vaso
traço de diferentes ingredientes ativos. O estudo conclui que sanitário, o mesmo deve seguir para o lixo comum, tomando
concentrações traço de ingredientes ativos de fármacos em as precauções já mencionadas (30).
ambiente aquático, e a subsequente transferência destes para a Em 2004, o Estado do Maine, nos Estados Unidos,
água de abastecimento e para peixes, não representam risco à implantou um programa de conscientização de descarte
saúde humana. No entanto, os autores alertam que por se tratar adequado de medicamentos, com base em um decreto
de água, uma necessidade básica do ser humano, uma série de denominado “Decreto para Incentivar a Disposição
incertezas precisam ser elucidadas, tais como a avaliação de Apropriada de Medicamentos Vencidos”. Essa iniciativa
riscos crônicos à exposição de misturas de micropoluentes; teve como objetivos tirar as drogas dos domicílios,
a susceptibilidade de grupos de indivíduos, e a efetividade identificar e caracterizar os medicamentos não usados,
das tecnologias atualmente empregadas para o tratamento de identificar os custos do programa, testar a eficiência
água na remoção de compostos emergentes. da sensibilização da população, focando o programa
na terceira idade, e identificar as razões das sobras
Panorama mundial das ações de descarte de medicamentos de medicamentos. Posteriormente, no início de 2008 e
Na década de 90, as autoridades de saúde norte- contando com financiamento federal, iniciou-se a segunda
americanas orientavam os usuários de medicamentos a fase do programa. Esta fase contemplou uma parceria com
descartá-los nos vasos sanitários quando vencidos ou os correios, para a entrega de envelopes nos quais devem
quando não mais utilizados. Esta orientação baseava-se na ser acondicionados os medicamentos a serem descartados.
premissa de que a saúde humana teria prevalência sobre Esses medicamentos ficam temporariamente sob custódia
eventuais danos ao ambiente, uma vez que, se descartados dos correios, até serem adequadamente destinados (10).
no lixo comum, poderiam ser ingeridos por terceiros, Em janeiro de 2008, na cidade de St. Louis,
acarretando desta maneira, sérios riscos à integridade física também nos Estados Unidos, foi lançado por uma rede de
dos indivíduos (10). supermercados, um programa piloto, que recebe duas vezes
Uma pesquisa efetuada em 1996 nos Estados por mês nas farmácias localizadas no interior de suas lojas,
Unidos revelou que 54% da população se desfaziam dos medicamentos fora de validade ou não mais usados. No ato
medicamentos através do lixo comum, 35,4% descartava da entrega, as pessoas são entrevistadas e as informações são
na pia ou no vaso sanitário e apenas 1,4% retornaram inseridas em um banco de dados (9).
os resíduos para a farmácia quando possível. Um dado Na Austrália existe um programa em caráter
relevante desta pesquisa mostra que somente 2% dos nacional e permanente denominado “programa de retorno
usuários fizeram uso da totalidade do medicamento (28). de medicamentos não desejados”. Este programa promove
4 Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009)

o recolhimento de medicamentos não usados e fora colocava em risco a sua saúde; e apenas 5,1% demonstraram
de validade desde 1998, e conta com verbas anuais que os medicamentos poderiam ser prejudiciais ao meio
concedidas pelo governo juntamente com a indústria ambiente. Muitos revelaram preocupação maior com
farmacêutica e as farmácias. Os farmacêuticos e atendentes relação ao risco de crianças terem acesso aos medicamentos
dos estabelecimentos são orientados a “convidar” os descartados, do que com os danos ambientais (20).
usuários, quando da compra dos medicamentos, a destinar A partir das informações levantadas nestas pesquisas,
nas farmácias estes produtos quando estiverem com o prazo é possível inferir que existe a necessidade em primeiro lugar,
de utilização expirado. No Canadá, um programa semelhante de informar aos consumidores sobre os riscos ambientais
foi lançado em 1996, através de um acordo entre farmácias do descarte inadequado dos medicamentos, e partir daí,
e indústrias farmacêuticas, para recolher e enviar para desenvolver mecanismos eficientes para a coleta e destinação
incineração todo tipo de medicamento, exceto produtos de segura dos mesmos. Kotchen et al. (33) realizaram um
higiene pessoal. Esse programa é considerado um sucesso estudo que envolveu 1005 entrevistados na Califórnia,
devido a sua objetividade e interface amigável (10). com o objetivo de identificar a preocupação em relação ao
Em outras regiões do mundo as informações sobre o tema, as práticas de descarte empregadas, a disponibilidade
correto descarte de medicamentos são limitadas. No Japão, em participar de um programa de disposição adequada e
somente em outubro de 2007 foi criada a uma agência com a disponibilidade em pagar por este programa. Menos da
o objetivo de gerenciar os danos ambientais causados pela metade dos entrevistados se mostrou preocupada com o
indústria farmacêutica. No Kuwait, a primeira experiência assunto, e a grande maioria descartava os medicamentos
piloto não foi bem sucedida, apesar dos entrevistados no vaso sanitário ou na pia. Aqueles que apresentavam
terem achado a idéia de devolver os remédios vencidos preocupação com os riscos ambientais associados ao descarte
interessante. Somente após os participantes serem alertados inadequado demonstraram disponibilidade em participar
sobre os perigos associados ao uso e descarte inadequado de programas de envio dos medicamentos para centros de
desses materiais é que ocorreu uma adesão ampla do grupo tratamento de resíduos perigosos ou para farmácias, e mesmo
envolvido (10). em pagar por tais programas.
No Brasil, em 2005, alunos do curso de Vigilância Uma iniciativa pioneira no Brasil é o Programa
Sanitária e Saúde Ambiental da Escola Politécnica de Saúde “Farmácia Solidária”, que apesar de tímido, já existe há
Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de 10 anos em municípios brasileiros. O programa surgiu de
Janeiro, realizaram uma pesquisa junto a 139 pessoas dos uma parceria entre os Conselhos Regionais de Farmácia, as
mais variados níveis de instrução, onde foi constatado que Associações de Farmacêuticos Magistrais e Homeopatas,
88% faziam uso de medicamentos em suas residências; 83% o poder público, médicos, organizações da sociedade civil
descartavam os medicamentos em lixo comum, sendo que e empresariais. O programa tem por objetivos a orientação
destas, 70% acreditava ser a destinação correta; 63% tinham o sobre o destino correto dos medicamentos, a arrecadação
hábito de ler a bula dos medicamentos, e 30% eventualmente e doação dos mesmos dentro do conceito de “farmácia
a liam (31). solidária”. Voluntários recolhem sobras de medicamentos,
Um estudo realizado em 2004, pela Faculdade de nas residências e nas empresas, e montam pequenas
Ciências Farmacêuticas e Bioquímicas Oswaldo Cruz, farmácias cujos produtos são distribuídos, gratuitamente
revelou que a grande maioria das pessoas não sabe o que fazer – e com orientação farmacêutica – a pessoas carentes. As
com as sobras de medicamentos. Foram entrevistadas 1009 farmácias estão sediadas em endereços próprios e dentro
pessoas na cidade de São Paulo, e os resultados mostram que de hospitais públicos. Ao retirar os medicamentos das
76% dos usuários descartam os medicamentos no lixo comum residências, o programa reduz o perigo da automedicação,
e 6% jogam na pia ou no vaso sanitário. Além disso, 92,5% racionaliza o uso e evita o desperdício com as sobras.
nunca procuraram saber a forma correta de descarte (32). Depois, ao selecionar os itens recolhidos, os farmacêuticos
Em um estudo conduzido na Inglaterra, com o objetivo solidários realizam o descarte correto, seguindo protocolos
de identificar as práticas empregadas para o descarte dos científicos (34).
medicamentos, e também a percepção do risco ambiental A Prefeitura de Porto Alegre, por meio do Comitê Gestor
destas práticas por parte dos consumidores, revelou que das de Educação Ambiental, lançou a campanha “Medicamento
392 pessoas entrevistadas, 52,8% usavam o medicamento Vencido - Destino Ambientalmente Correto” em parceira com
por completo; 30,7% guardavam até que o prazo de validade uma rede de farmácias de manipulação, através de três lojas,
expirasse; e 12,2% descartavam o excedente após o término do que encaminham os medicamentos recolhidos à uma central
tratamento. Com relação às formas de descarte empregadas, de resíduos licenciada pela FEPAM – Fundação Estadual de
63,2% descartavam no lixo; 21,8% retornavam às farmácias; Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul. Desde janeiro de
e 11,5% lançavam na pia ou no vaso sanitário; ainda, 3,5% 2010, a maior rede de farmácias da região Sul também começou
mantinham o medicamento estocado e uma pessoa relatou a recolher medicamentos vencidos e providenciar seu descarte
que queimava o medicamento no quintal. Com relação à correto em parceria com a UFRGS. Inicialmente, o programa
percepção do risco, 55,1% estavam fortemente convictos e acontece em 14 filiais de Porto Alegre, mas gradativamente
39,8% concordavam que o uso inadequado de medicamentos será expandido para toda rede (35).
Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009) 5

O curso de Farmácia da Faculdade de Tecnologia e perigosos e não inertes; e, Classe IIB – resíduos não
Ciências de Salvador, Bahia, lançou em 2009 a campanha perigosos e inertes. Esta classificação se baseia em critérios
“Descarte Responsável de Medicamentos Vencidos”. Esta de periculosidade de resíduos, segundo suas características
campanha tem como objetivo promover o descarte adequado de toxicidade, corrosividade, inflamabilidade, reatividade e
dos medicamentos e esclarecer a população sobre os patogenicidade (37).
aspectos ecológicos do uso racional dos mesmos. A iniciativa No entanto, estes regulamentos se aplicam apenas
contempla também palestras em campanhas itinerantes por “aos estabelecimentos que prestam assistência à saúde”,
toda a cidade (36). e não trata do descarte de resíduos ou medicamentos pela
Em São Paulo e em outras áreas metropolitanas de população em geral.
grande e médio porte, existem iniciativas pontuais similares Por ocasião da revogação da Resolução 283/2001 do
às citadas anteriormente, porém nos municípios menos CONAMA (41), ocorrida em 2005, quando passou a vigorar
populosos, nos quais raramente existem postos da Vigilância a Resolução 358/2005 (39), foram retirados do artigo 13 da
Sanitária, esses programas praticamente inexistem, se referida Resolução os seguintes parágrafos:
constituindo assim em um fator complicador. “§ 1º Os quimioterápicos, imunoterápicos,
antimicrobianos, hormônios e demais medicamentos
Requisitos legais para o descarte de medicamentos no vencidos, alterados, interditados, parcialmente
Brasil utilizados ou impróprios para consumo devem ser
Os medicamentos vencidos ou não utilizáveis se devolvidos ao fabricante ou importador, por meio do
enquadram do ponto de vista legal, como resíduos de serviços distribuidor.
de saúde - RSS. A geração deste tipo de resíduo, dadas as suas § 2º “No prazo de doze meses contados a partir
características especiais, deve ser controlada e minimizada em da data de publicação desta Resolução, os fabricantes
níveis aceitáveis, estabelecidos por consensos internacionais ou importadores deverão introduzir os mecanismos
(37-39). necessários para operacionalizar o sistema de
Atualmente no Brasil as Resoluções RDC 306/2004 devolução instituído no parágrafo anterior.”
da ANVISA (38) e CONAMA 358/2005 (39) classificam os A supressão destes dois parágrafos evidencia a
resíduos de serviços de saúde, em cinco grupos: dificuldade de implantação de uma política a nível federal
• Grupo A – resíduos infectantes, com possível que institucionalize a logística reversa dos medicamentos
presença de agentes biológicos; vencidos, e em parte, a falta de comprometimento do
• Grupo B – resíduos contendo substâncias setor farmacêutico com a questão. Se este mecanismo
químicas; existisse, seria muito mais fácil a adoção de programas
• Grupo C – rejeitos radioativos; de entrega voluntária de medicamentos pela população às
• Grupo D – resíduos comuns; e, farmácias, que poderiam encaminhá-los aos distribuidores
• Grupo E – materiais perfurocortantes. e estes, às indústrias, para o destino final ambientalmente
Esta classificação tem por objetivo nortear o adequado.
gerenciamento dos RSS dentro das unidades geradoras e No Estado de São Paulo, foi publicada em 10 de
fora destas, por ocasião do descarte, quando devem ser setembro de 2008 a Portaria CVS n o 21, do Centro de
adequadamente tratados e/ou destinados a aterros licenciados Vigilância Sanitária (42), que trata dos critérios técnicos
pelo órgão ambiental competente. Outra premissa destacada de segurança para o gerenciamento de resíduos perigosos
tanto pela ANVISA quanto pelo CONAMA é a segregação de medicamentos em serviços de saúde, criando para isso o
dos resíduos na fonte geradora, e o correto acondicionamento subgrupo “Resíduos Perigosos de Medicamentos” – RPM,
dos mesmos, como forma de minimizar as quantidades de como parte do Grupo B – Resíduos Químicos de Serviços de
resíduos perigosos gerados, e possibilitar a reciclagem e o Saúde. Os RPM são divididos em:
reuso daqueles não perigosos. a) Tipo 1 – medicamentos listados no Anexo II da
Dentre os resíduos considerados no Grupo B, estão portaria, não usados, parcialmente usados, fora do
os produtos hormonais e antimicrobianos; antineoplásicos; prazo de validade ou sem condições de uso; resíduos
imunodepressores; antiretrovirais; entre outros, descartados provenientes de derramamentos de medicamentos
por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores listados, bem como os materiais de contenção,
de medicamentos ou apreendidos; os resíduos e insumos absorção, remoção e limpeza contaminados; filtros
farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria HEPA de cabines de segurança em que se lida com
MS 344/1998 (40). Esta Portaria trata do regulamento medicamentos listados; e, bolsas de infusão e equipos,
técnico sobre medicamentos e substâncias sujeitas a controle cheias ou parcialmente utilizadas e outros recipientes
especial e demais produtos considerados perigosos conforme não vazios contendo soluções de medicamentos
classificação da NBR 10.004. listados acima dos limites estabelecidos na portaria.
NBR 10.004 é a norma que classifica os resíduos b) Tipo 2 – recipientes vazios, equipamentos de proteção
sólidos quanto à periculosidade, em três classes distintas: individual e outros acessórios ou dispositivos de
Classe I – resíduos perigosos; Classe IIA – resíduos não proteção provenientes de manipulação e preparo de
6 Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009)

medicamentos listados e demais atividades de rotina sanitário), e 1540 possuem aterro sanitário (44), que é
que não apresentem sinal visível de resíduos desses considerada a forma correta para disposição final dos resíduos
medicamentos, tais como luvas de procedimentos, sólidos domiciliares e demais resíduos classificados como
vestimentas, máscaras e aventais descartáveis e; Classe II-A pela NBR 10.004.
forrações de superfícies, bancadas e cabines de Estes dados, somados ao hábito da população, de
segurança que não tiveram contato direto com descartar os medicamentos em vasos sanitários e/ou na pia,
medicamentos listados por via de derramamentos, ou então diretamente no lixo, tornam evidentes os riscos aos
borrifos ou outras ocorrências similares e que não quais a saúde pública e o ambiente estão expostos. Há que se
apresentem sinal visível de medicamento. considerar ainda, o hábito da população, principalmente em
A Portaria CVS no 21, se aplica ao gerenciamento localidades que não dispõem de sistema de coleta de lixo e
dos resíduos no âmbito dos serviços de saúde, por ser esta a no interior, de atear fogo, especialmente ao lixo de banheiro,
atividade que, segundo o texto da portaria, concentra o maior onde normalmente são descartados os medicamentos e/ou
uso de medicamentos perigosos, e que as fases de fabricação seus frascos. Esta queima descontrolada provoca a formação
de distribuição de medicamentos, assim como os aspectos de substâncias tóxicas, algumas persistentes.
referentes ao gerenciamento dos resíduos produzidos ao
nível domiciliar não competem a esta portaria, por já estarem Considerações Finais
contemplados em normas relativas aos resíduos industriais e
aos serviços de limpeza pública, respectivamente. A Portaria Os medicamentos são agentes terapêuticos importantes
destaca ainda em seu texto o seguinte parágrafo: nos sistemas de saúde, porém geram um passivo ambiental
“Devemos considerar que uma parcela significativa significativo e os seus usuários precisam ter a percepção
dos resíduos de medicamentos, inclusive os perigosos, de que os mesmos devem ter uma destinação adequada.
é encaminhada diretamente para aterros inadequados, Dados oriundos de pesquisas efetuadas junto à população
os chamados ‘lixões’, expondo trabalhadores da usuária de medicamentos em seus domicílios indicam que
limpeza urbana e recicladores ao contato direto com a grande maioria dos usuários não sabe o que fazer com
agentes tóxicos, além de facilitar a contaminação do os medicamentos fora de validade, além de desconhecer
meio ambiente. Em casos ainda mais graves, os RSS os danos provenientes de sua destinação inadequada. Esse
contendo medicamentos perigosos são misturados fato torna evidente a importância da adoção de campanhas
aos RSS infectantes que são encaminhados para periódicas na mídia escrita e falada, visando esclarecer os
tratamento por aquecimento, o qual, além de não impactos ambientais advindos do descarte inadequado desses
contribuir para a redução do risco químico, promove medicamentos. É importante ressaltar ainda a necessidade
a liberação de gases e vapores tóxicos (42, p. 5) de iniciativas que contemplem também os municípios de
O Conselho Regional de Farmácia do Estado de pequeno porte, visto o fato que a grande maioria destes não
São Paulo publicou uma cartilha sobre gerenciamento conta com postos da Vigilância Sanitária, nem sistema de
de resíduos de serviços de saúde, onde são informados coleta e disposição de resíduos adequados.
todos os procedimentos a serem adotados no manuseio, As iniciativas de educação ambiental, tímidas
acondicionamento e destinação final dos resíduos gerados e pontuais, por parte de algumas das grandes redes de
nos estabelecimentos. E mais importante, a cartilha salienta estabelecimentos farmacêuticos, na maioria em áreas
que é obrigatória a criação de um programa de treinamento metropolitanas, constataram a baixa adesão por parte dos
na área de resíduos e educação continuada em biossegurança usuários e se mostraram ineficazes. Estas campanhas, muitas
e ambiente, a todos os profissionais envolvidos nas vezes são motivadas pela apropriação do discurso ambiental,
atividades de gerenciamento de resíduos (43). Esta iniciativa porém com objetivos econômicos.
demonstra que existe uma preocupação do setor em atender a Evidencia-se desta forma, a necessidade de campanhas
legislação ambiental e capacitar os profissionais nas questões massivas de orientação e coleta de medicamentos fora de
ambientais, normalmente negligenciadas pelos profissionais validade, inseridas em políticas públicas de saúde e em
da área de saúde. No entanto, não é feita qualquer referência parcerias entre o Estado, entidades de classe, associações
sobre iniciativas para a coleta de medicamentos vencidos comerciais, e a indústria farmacêutica.
entregues por consumidores. O fato da grande maioria de usuários de medicamentos
Cabe aqui uma reflexão acerca dos serviços de limpeza ler a bula dos medicamentos sugere que as mesmas poderiam
pública e destino de resíduos domiciliares no Brasil. Os conter alertas e orientações quanto ao descarte dos mesmos.
dados oficiais com relação ao destino de resíduos sólidos A adoção de embalagens fracionadas seria uma forma de
urbanos no Brasil são do ano de 2008, quando foi realizada minimizar a quantidade de sobras, bem como o incentivo
pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ao uso de medicamentos magistrais, já que os mesmos são
a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada em feitos na quantidade exata a ser ingerida. Outra iniciativa
2010. A pesquisa revela que dos 5564 municípios, 2824 seria a doação de excedentes aos postos de saúde, dentro
ainda depositam seus resíduos em lixões, 1254 em aterros do Programa Farmácia Solidária, quando as sobras de
controlados (uma forma intermediária entre lixão e aterro medicamentos estiverem ainda dentro do prazo de validade.
Carvalho, E.V./Revista Brasileira de Toxicologia 22, n.1-2 (2009) 7

Embora o descarte inadequado de medicamentos Dalsgaard A. Impact of integrated fish farming on


vencidos, ou não mais desejados pelo usuário seja considerado antimicrobial resistance in a pond environment. Appl
uma rota secundária, o mesmo assume significativa Environ Microbiol. 2002. 68:6036-42.
importância na medida em que, de forma indireta, alerta a 6. Jones AH, Voulvoulis N, Lester JN. Potencial
sociedade da necessidade de políticas públicas de gestão dos ecological and human health risks associated with the
diversos impactos nos ambientes aquáticos. presence of pharmaceutically active compounds in
A conscientização da sociedade através da educação the aquatic environment. Critical Rev Toxicol. 2004.
ambiental na redução do descarte inadequado de medicamentos 34:335-50.
vencidos ou indesejados, é uma ação tangível, juntamente 7. Morley NJ. Environmental risk and toxicology of
com um novo olhar sobre as demandas atuais e futuras de human and veterinary waste: pharmaceutical exposure
gestão e de saneamento ambiental a fim de fazer frente às to aquatic host-parasite relationships. Environ Toxicol
necessidades e desafios que se apresentam. Pharmacol. 2009. 27:161-75.
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A incorporação de substâncias químicas nos 9. Ruhoy IS, Daughton CG. Types and quantities of
compartimentos ambientais, notadamente os fármacos e leftover drugs entering the environment via disposal
alguns interferentes endócrinos, vem constituindo um motivo to sewage – revealed by coroner records. Sci Total
de crescente preocupação na comunidade científica. Estes Environ. 2007. 388:137-48.
compostos, que vem sendo denominados de “substâncias 10. Glassmmeyer ST, Hinchey EK, Boehme SE, et al.
emergentes”, são amplamente usados pela sociedade Disposal practices for unwanted residential medications
moderna, e se caracterizam pelos impactos potenciais no in the United States. Environ Internat. 2009. 35(3):566-
ambiente, mesmo em baixas concentrações, pois interferem 72.
no metabolismo de vários organismos e levam ao desequilíbrio 11. Ternes TA. Occurrence of drugs in Germany sewage
de suas populações. Neste contexto se insere o descarte de treatment plants and rivers. Water Res. 1998. 32:3245-57.
medicamentos nas suas variadas formas e a demanda por 12. Daugton CG. Cradle-to-cradle stewardship of drugs
estratégias de gestão destes resíduos. Estas estratégias para for minimizing their environmental disposition while
serem eficazes devem contemplar o comprometimento dos promoting human health. I. Rationale for and Avenues
vários profissionais envolvidos em todas as etapas do ciclo toward a Green Pharmacy. Environ Health Perspect.
de vida dos medicamentos. Neste trabalho é apresentada uma 2003. 111:757-74.
discussão, com base em levantamento da literatura técnica 13. Daugton CG. Cradle-to-cradle stewardship of drugs
e legislações pertinentes, sobre os efeitos do descarte de for minimizing their environmental disposition while
medicamentos vencidos ou fora de especificação, e seus promoting human health. II. Drug disposal, waste
impactos na qualidade ambiental, especialmente nos corpos reduction, and future directions. Environ Health
hídricos. Perspect. 2003. 111:775-85.
14. Zhou JL, Zhang ZL, Banks E, Grover D, Jiang, JQ.
Palavras-chave: resíduos de medicamentos, fármacos, Pharmaceutical residues in wastewater treatment
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