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DEFINIGAO Histérico da Farmacologia. Conceitos essenciais da Farmacologia. Aplicagées da Farmacologia. Fases da pesquisa clinica: desenvolvimentos de farmacos. Principios gerais da agao medicamentosa. PROPOSITO Conhecer a evolugao histérica dos principais conceitos da Farmacologia, o que é fundamental para a atuagdo das substancias quimicas nos sistemas biolégicos e suas aplicagdes no que tange a promogao de melhoria na qualidade de vida individual e da sociedade. OBJETIVOS MODULO 1 Descrever o histérico e a evolugao da Farmacologia como ciéncia MODULO 2 Identificar os principais conceitos da Farmacologia, suas aplicages associadas e a aco medicamentosa dos farmacos MODULO 3 Reconhecer os processos de desenvolvimentos dos farmacos e a importancia de cada fase INTRODUGAO PARA COMEGARMOS 0 ESTUDO DA FARMACOLOGIA, PRECISAMOS COMPREENDER CONCEITOS FUNDAMENTAIS, COMO: O QUE E SAUDE? O QUE E DOENGA? O QUE SAO MEDICAMENTOS? Segundo a Organizagao Mundial da Satide (OMS), 0 conceito de satide é amplo, pois ndo esta ligado apenas a auséncia de doenga, e sim a uma relacdo perfeita entre o bem-estar fisico, mental e social. Esta definigao, descrita em 1947, foi bastante criticada, ja que aponta para algo “inalcangavel’. Cabe destacar que essa definigao é valida até os dias de hoje, porém ainda é alvo de criticas e reflexdes de muitos pesquisadores. t ATENGAO © termo doenga pode ser descrito como estado causado por uma afecgao em um organismo, alterando seu bem-estar. O Ministério da Satide traz esse conceito como uma alteragao ou um desvio do estado de equilibrio de um individu com 0 meio ambiente, conceito este adotado em 1987 O estudo dos medicamentos é importante para obter uma melhor compreensdo da atuagao das drogas dentro do organismo humano. Historicamente, os medicamentos foram originados de elementos da natureza e, até hoje, sao recursos fundamentais na melhoria da qualidade de vida do individuo, seja trazendo a cura, seja amenizando a dor, seja para fins diagnésticos. Podemos dizer que o medicamento é uma das “pontes” que leva o nosso organismo da doenga para a satide. MODULO 1 © Descrever o histérico e a evolugao da Farmacologia como ciéncia HISTORICO DA FARMACOLOGIA Séculos atras, as doengas eram usualmente consideradas como possessdes demoniacas ou resultantes da raiva dos deuses. Muitas vezes, para ajudar no combate aos sintomas, a populagdo utilizava rituais religiosos e pogdes a base de ervas. O uso de substancias quimicas esteve, desde entdo, presente na sociedade, no intuito de aliviar a dor e o sofrimento fisico. Segundo a fala do famoso médico, alquimista, fisico e astrélogo Paracelso, do século XVI: “O QUE DIFERE VENENO DE REMEDIO E A DOSE”. Quando estudamos a histéria dos medicamentos, nés nos confrontamos com um unico profissional que era capaz de compreender os sintomas, diagnosticar as enfermidades e preparar formulagdes medicamentosas a fim de tratar o doente. Este profissional era médico e farmacéutico ao mesmo tempo. Ahistoria da farmacia e dos medicamentos é bem descrita por Claudio Galeno, médico e filésofo nascido em Pérgamo, antiga cidade grega, hoje territério da Turquia Galeno criou uma coletanea (Corpus Galenus), na qual abrange o campo da Medicina, Filosofia, Matematica, Gramatica e do Direito. Uma de suas principais obras é 0 De methodo medendi, escritos em 14 volumes, abordando a parte terapéutica. O médico ressaltava que a doenga se iniciava a partir de uma desordem humoral ou até mesmo a partir de lesdes do corpo. Ao compreender os sintomas do paciente, seria possivel tragar um prognéstice e iniciar a terapéutica adequada para o quadro, objetivando 0 equilibrio humoral. PROGNOSTICO Termo muito utilizado na Medicina. Ele se baseia no diagnéstico do paciente a fim de prever a evolugao e as consequéncias de alguma patologia. Abase terapéutica de Galeno era pautada em alguns fatores, como: personalidade do paciente, idade, raga e até mesmo o clima em que ele vivia. Ele acreditava que esse conjunto de fatores interferiam de alguma forma nos humores no corpo. Diante dessas respostas, era tragado qual medicament seria ministrado ao paciente. © SAIBA MAIS O termo farmacologia vem do grego férmacon, que significa droga e logia, derivado de légus, que significa estudo. Desta forma, a Farmacologia é um ramo da Farmacia que estuda como as substancias quimicas interagem com os sistemas biolégicos. No comego do século XIX, boa parte dos medicamentos eram de origem natural, independentemente de ser extraido de um vegetal, mineral ou animal, e, muitas vezes, de estrutura quimica e natureza desconhecidas, como a obtengao de morfina, derivada do épio retirado do leite da papoula. Anos depois, com a descoberta da quimica organica, muitas drogas foram isoladas e identificadas, favorecendo a evolugao da farmacologia moderna. No século XX, novos férmacos foram desenvolvidos, muitos de origem sintética, e introduzidos no mercado, proporcionando aos pacientes uma possibilidade de cura para doengas ditas fatais e, frequentemente, de natureza infecciosa, como tuberculose, variola e gripe espanhola. | {pF extengso U ‘io @ Figura 1: Da papoula a morfina Atualmente, boa parte dos medicamentos so produzidos em escala industrial, respeitando as boas praticas de fabricagao e, desta forma, conseguiram alcangar um papel central na terapéutica. Com 0 avango da expectativa de vida e a necessidade no aumento da prevengdio de doengas, os medicamentos se apresentam como um dos maiores responsaveis pelos gastos com satide publica. FARMACOLOGIA NO BRASIL Fontes histéricas relatam que, em 1549, partindo de Portugal, chegou ao Brasil o primeiro governador geral, Tomé de Souza, acompanhado de uma comitiva de, aproximadamente, mil pessoas. Nesse grupo, estava Diogo de Castro, um boticario, profissional responsavel por manipular e produzir medicamentos na frente dos pacientes, de acordo com a farmacopeia prescrigao médica ‘Ao chegar ao Brasil, Diogo de Castro encontrou uma comunidade indigena que utilizava raizes, folhas, flores e sementes para tratar seus doentes. Os portugueses vieram com 0 intuito de criar missées junto aos indios, mas, através desse trabalho, acabaram se dedicando ao aprendizado da manipulagdo de matérias-primas extraidas da natureza para a produgao de remédios, como mostra a figura a seguir: @ Figura: O contato com os indios fez dos jesuitas conhecedores de métodos curativos de origem indigena. Colegao Hariberto de Miranda Jordéo COM O AVANGAR DOS ANOS, VARIAS BOTICAS FORAM FUNDADAS. FORAM INSTALADAS NA BAHIA, EM PERNAMBUCO (OLINDA E RECIFE), NO MARANHAO, RIO DE JANEIRO E EM SAO PAULO. A BOTICA QUE GANHOU DESTAQUE FOI A DA BAHIA, POIS SE TORNOU UM CENTRO DE DISTRIBUIGAO. A partir da primeira metade do século XIX, devido a necessidade crescente de medicamentos para os enfermos, a botica — onde eram pesquisadas e manipuladas formulas extemporaneas — deu lugar a outros dois novos tipos de estabelecimentos: a Farmacia e o Laboratorio Industrial Farmacéutico. A partir dai, as preparagées passaram a ser manipuladas em maiores quantidades e com melhores critérios de qualidade, ja que as boticas néo conseguiam abastecer os hospitais com regularidade. REMEDIO X MEDICAMENTO: DEFINIGOES E CLASSIFICAGAO CONCEITOS: Remédios Remédios sao todos os métodos ou cuidados terapéuticos que ajudam a aliviar desconfortos. Um remédio para a fadiga, por exemplo, é 0 repouso. Outros recursos terapéuticos, como fisioterapia, acupuntura, psicoterapia, massagens e compressas locais, também sdo considerados remédios. Medicamentos Jao termo medicamento se refere a um produto farmacéutica, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profildtica, curativa, paliativa ou para fins de diagnéstico, na qual sao produzidos com rigoroso controle técnico para atender as especificagées determinadas pelos érgéios reguladores (ANVISA, 2010). ‘Todo medicamento possui valores agregados, so eles: Valor terapéutico; Valor preventivo; Ganhos em satide, como melhoria da qualidade de vida; e Redugao dos custos da doenga. Os medicamentos sao produtos acabados que contém o componente responsavel pelo principal efeito, conhecido como principio ative ou farmaco, e seus adjuvantes farmacéuticos necessérios para facilitar a administragao. Podem ser manipulados no intuito de atender a um individuo. Seu preparado ocorre de maneira personalizada, para atender suas necessidades em formulagdes nas mais variadas formas farmacéuticas. Esses medicamentos sao clasificados em oficinais ou magistrais. Embora os significados sejam bem préximos, os termos medicamento oficinal e magistral possuem definigdes distintas. Veja os conceitos: Medicamentos oficinais: sao aqueles preparados diretamente em uma farmacia de manipulago de forma individualizada, e nao pela industria farmacéutica. Essa preparagao 6 realizada a partir de formulagées descritas no Formulario Nacional ou em Formularios Internacionais reconhecidos por érgaos fiscalizadores, como, por exemplo, a manipulagao de uma solugao de alcool iodado. Medicamentos magistrais: sao obtidos a partir de uma prescrigao feita por um profissional habilitado. Neste caso, o prescritor deverd fornecer informagdes quanto 4 dosagem, composigao, forma farmacéutica, posologia e ao modo de uso. A grande vantagem deste tipo de medicamento é que poderemos obter formulagées que conservem o principio ativo e resolva problemas de administragao realizando alteragdes da formulagao original. Podemos exemplificar como medicamentos magistrais as formulag6es polivitaminicas prescritas de forma individualizada por um endocrinologista. © SAIBA MAIS: UM CHA CASEIRO DE PLANTAS MEDICINAIS E UM REMEDIO OU UM MEDICAMENTO? Diante do que discutimos, podemos afirmar que um cha é um remédio, e néo medicament, ja que 0 ché nao é uma preparagao elaborada que segue determinagées de qualidade e seguranga. CLASSIFICAGAO DOS MEDICAMENTOS Todos os medicamentos tém como garantia a seguranga, eficacia e qualidade, colaborando com o acesso da populagao aqueles considerados essenciais. Os medicamentos que so produzidos pelas industrias farmacéuticas apresentam distintas classificages de acordo com a RESOLUGAO-RDC NP 16, de 2 de marco de 2007: MEDICAMENTO INOVADOR So medicamentos comercializados em Ambito nacional, que apresentam como principio ativo pelo menos um farmaco patenteado, caracterizando, desta forma, uma nova molécula que agregue ganhos terapéuticos. De modo geral, os medicamentos inovadores podem ser reconhecidos como medicamentos de referéncia. MEDICAMENTOS DE REFERENCIA A industria farmacéutica, muitas vezes, investe em pesquisas clinicas no intuito de descobrir novos farmacos. A partir dessas substancias, sdo elaborados medicamentos inovadores, que podem ser chamados de medicamentos de referéncia, ou seja, o produto inovador com marca registrada Um medicamento de referéncia nao precisa, necessariamente, conter uma molécula nova. Por ‘exemplo, o Buscopan é um medicamento de referéncia e tem como principio ativo a escopolamina. O Buscopan Composto tem, em sua formula, a associagao da escopolamina com dipirona e faz parte do rol de medicamentos de referéncia. E importante frisar que o medicamento de referéncia precisa ter qualidade, eficdcia e seguranga, 0 que s6 pode ser comprovadas depois de muitos investimentos em anos de pesquisa. Esses medicamentos, como ja discutimos anteriormente, poder ser patenteados; desta forma, a industria terd a exclusividade na comercializagao da formula durante o periodo de patente, que varia entre 10 e 20 anos, Cabe ressaltar que esta comercializagao sé ocorrera mediante autorizacao concedida por érgaos fiscalizadores, como a Anvisa. Apés a expiragao da patente, outras indistrias poderao produzir e comercializar 0 produto. MEDICAMENTOS GENERICOS No inicio do século XX, a industria brasileira de medicamentos tinha total dominio sobre o comércio nacional, sem competicao, exercendo, assim, pregos elevados e, por vezes, baixo investimento em tecnologia. Na década de 1990, com a abertura do comércio pela diminuigao das tarifas de importagdo e a assinatura do governo do Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights (TRIPS), muitas indistrias nacionais sairam do mercado, gerando um aumento exponencial das importagdes e, consequentemente, queda da industria de medicamentos no Brasil. Diante do exposto, o governo pretendia reequilibrar este setor, logo veio a criagdo da Lei n’®. 9.787, de 1999, também conhecida como “Lei dos Genéricos”. Esta lei leva ao término da concessao das patentes por mais de 20 anos, além de autorizar a produgao de medicamentos genéricos ‘Os medicamentos genéricos tém como caracteristicas 0 mesmo principio ative, na mesma dose e forma farmacéutica do medicamento de referéncia, além de compartilhar a mesma via, com a mesma posologia e indicagao terapéutica. Para ganhar essa denominagao, necessita passar por testes que comprovem sua eficdcia e seguranga Os medicamentos sao intercambiaveis, ou seja, apés realizagao dos testes, ¢ possivel assegurar a substituico do medicamento de referéncia pelo medicamento genérico. Essa possibilidade é certificada por meio de ensaios que avaliam a bioequivaléncia entre eles. Os testes de bioequivaléncia séo avaliagées comparativas entre medicamentos de referéncia e genéricos, onde se busca comprovar que os genéricos e os de referéncia apresentam biodisponibilidade igual no organismo. O teste de biodisponibilidade evidencia a quantidade de férmaco que é absorvido e a velocidade deste processo por unidade de tempo. Desta forma, quando dois farmacos apresentam a mesma biodisponibilidade, poderemos dizer que sao compativeis e, portanto, intercambiaveis. Afim de identificar os medicamentos genéricos, os fabricantes devem seguir algumas normas pré-estabelecidas. Estes néo possuem marca, e sim o principio ativo indicado na caixa. Apresenta uma tarja amarela com o termo Medicamento Genérico descrito, além do numero e nome da lei impressos na embalagem: “Medicamento Genérico Lei n° 9.787, de 1999" nome do genérico nome do genérico 000 mg @ Figura: Medicamentos genéricos Os genéricos chegaram com o intuito de trazer mais acesso aos medicaments de qualidade, a fim de minimizar 0 dominio da produgao por parte das grandes multinacionais. O prego dos medicamentos genéricos geralmente 6 menor do que os medicamentos de referéncia MEDICAMENTOS SIMILARES Os medicamentos similares contém mesmo principio ative, mesma concentragao, forma farmacéutica, via de administragao, posologia e indicagdo terapéutica dos medicamentos de referéncia, mas podem ser diferentes no tamanho e na forma do produto, no prazo de validade, na embalagem, rotulagem, em excipientes e no veiculo e devem sempre ser identificados pelo nome comercial (marca). Testes de eficdcia e seguranga se fazem necessérios para qualquer medicamento. Porém, os estudos de biodisponibilidade relativa e bioequivaléncia sdo obrigatérios no caso dos medicamentos classificados como tarjados. O teste de bioequivaléncia para os similares tarjados 6 veio a ser obrigatorio a partir de 2003, com a Resolugao RDC 134/2003, ou seja, sao exigidos os mesmos testes que os genéricos para a comprovagao de que estes medicamentos apresentam o mesmo comportamento no organismo quando comparado aos de referéncia. Essa modificagao foi importante para garantir a utilizagao dos medicamentos similares de forma segura. Contudo, com os medicamentos de referéncia, os similares tarjados acabaram se tomando intercambiaveis. Como base para este tipo de substituigao, a Anvisa disponibiliza, em seu portal, uma lista para consulta chamada Lista de medicamentos similares e seus respectivos medicamentos de referéncia, conforme RDC 58/2014. Figura 4. ‘Substancia Simitar Ativa Sea @ Figura: Medicamento de referéncia X genérico X similar. TARJADOS Com seus riscos potenciais ao organismo. Essa classificagao ¢ identificada por tarjas coloridas nas embalagens e inscriges que orientam a dispensagao desses produtos. Os medicamentos podem ser classificados de acordo com seus riscos potenciais ao organismo. Essa classificagao ¢ identificada por tarjas coloridas nas embalagens e inscrig6es que orientam a dispensagao desses produtos. Tipos de tarjas: Vermelha: isada para identificar os medicamentos que tém contraindicagao e podem causar efeitos colaterais graves. Eles devem ser vendidos com apresentagao de receita, sem que esta fique retida no estabelecimento, Nesta tarja, esta escrito o seguinte: “Venda sob prescrigdo médica’. Vermetha com retengao de receita: presente na embalagem de medicamentos de controle especial. Medicamentos desta classe sé podem ser vendidos com apresentagao do receituario especial, que ficaré retido. Nesta tarja, é impressa uma das seguintes mensagens: “Venda sob prescrigao médica — sé pode ser vendido com retengao de receita” ou “Venda sob prescrigéo médica — sé pode ser vendido com retengao da receita. Atengao: risco para mulheres gravidas; causa graves defeitos nas faces, nas orelhas, no coragao eno sistema nervoso do feto”, Preta: identifica os medicamentos com ago sedativa ou que ativam o sistema nervoso central. Esses medicamentos podem ser classificados como psicotrépicos ou entorpecentes. Esta tarja vem acompanhada da seguinte orientagao: “Venda sobre prescrigdo médica ~ 0 abuso deste medicamento pode causar dependéncia’. Amarela: indica que o medicamento é genérico e deve conter a seguinte mensagem: “Medicamento Genérico”, em azul. MEDICAMENTOS BIOSSIMILARES (PRODUTOS BIOLOGICOS) Esse tipo de medicamentos engloba aqueles que foram obtidos a partir de um proceso biolégico, diferentemente das outras classes de medicamentos, que sao obtidas por sintese extragao ou purificagao basicamente. Estas moléculas sao geralmente maiores e mais complexas, o que dificulta sua obtengao e purificagdo, uma vez que sao produtos do metabolismo de um organismo. Seu registro também nao segue aquele fundamentado na lei dos genéricos e é regulado pela Resolugéo RDC n° 55, de 16 de dezembro de 2010. Nela, estao descritos alguns conceitos importantes, como: Produto biolégico: é o medicamento biolégico que nao é novo ou conhecido que contém molécula com atividade biolégica conhecida, ja registrado no Brasil e que tenha passado por todas as etapas de fabricagao (formulagao, envase, liofilizagao, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberagaio do lote do produto para uso); Produto biolégico novo: é o medicamento biolégico que contém molécula com atividade biolégica conhecida, ainda ndo registrado no Brasil, e que tenha passado por todas as. etapas de fabricagao (formulagao, envase, liofilizagao, rotulagem, embalagem, armazenamento, controle de qualidade e liberagao do lote de medicamento biolégico novo para uso); Produto biolégico comparador: é o produto biolégico ja registrado na Anvisa com base na submissao de um dossié completo e que jd tenha sido comercializado no pais; Medicamento biolégico similat s produtos biossimilares sao os produtos biolégicos registrados pela via de desenvolvimento por comparabilidade, que é a via regulatoria utilizada por um produto biolégico para obtengdo de registro, em que foi utilizado o exercicio de comparabilidade em termos de qualidade, eficacia e seguranga entre 0 produto desenvolvido para ser comparavel e 0 produto biolégico comparador; Via de desenvolvimento por comparabilidade: ¢ a via regulatoria que podera ser utiiizada por um produto biolégico para obtengao de registro junto a autoridade regulatéria, em que foi utilizado o exercicio de comparabilidade em termos de qualidade, eficacia e seguranga entre o produto desenvolvido para ser comparavel e 0 produto biolégico comparador; Via de desenvolvimento individual: é a via regulatéria que podera ser utilizada por um produto biolégico para obtengao de registro junto a autoridade regulatéria, em que & preciso apresentar dados totais sobre desenvolvimento, produgéo, controle de qualidade e dados no clinicos e clinics para demonstragao da qualidade, eficdcia e seguranga do produto. Como sao obtidos por processos distintos dos demais tipos de medicamento, nao é possivel ‘comparar os processos produtivos, e, portanto, a comparagao (via da comparabilidade) se da pelos resultados clinicos que néo podem ser inferiores Aqueles esperados pelo medicamento que perdeu sua patente. A incorporagao de medicamentos biolégicos é, hoje, a maior estratégia para dar acesso a produtos de biotecnologia aos pacientes e garantir a satide financeira das instituigdes. Estima- se que 0 uso desses medicamentos pode levar a redugdo de 80% do custo total do tratamento. Foi essa tecnologia a responsavel, por exemplo, pela incorporagao do anticorpe monoclonal Trastuzumabe no SUS, 0 que mudou o panorama do tratamento de cancer de mama no Brasil. Assista ao video a seguir para assistir a simulagao de um caso clinico referente a classificacao dos medicamentos. VERIFICANDO O APRENDIZADO MODULO 2 © Identificar os principais conceitos da Farmacologia, suas aplicagées associadas e a aco medicamentosa dos farmacos. CONCEITOS DA FARMACOLOGIA E SUAS APLICAGOES Para melhor compreensao da Farmacologia, precisamos conhecer conceitos que sao de extrema importancia no estudo dos farmacos. A Farmacologia pode ser dividida em dois grandes grupos: Farmacocinética e Farmacodinamica \ wT | A Farmacocinética estuda destino do farmaco ao atingir o organismo. E de extrema importancia, pois fornecera parémetros fundamentais para tragar a posologia ideal. Ou seja, ajuda a compreender qual é a dose do medicamento capaz de provocar uma resposta terapéutica desejada no paciente, além de trazer informagdes sobre variagao de respostas entre grupos diferentes de individuos. A Farmacodinamica estuda 0 efeito dos farmacos no organismo descrevendo seu mecanismo de ago, bem como a relagao entre a dose e seus efeitos obtidos. A Farmacologia pode, ainda, ser dividida quanto ao tipo de estudo: Farmacognosia, Farmacotécnica, Farmacogenética e Toxicologia. Conhega cada um desses ramos da Farmacologia: FARMACOGNOSIA E o ramo da Farmacologia que tem como alvo de estudo os principios ativos naturais sob todos 0s aspectos. FARMACOTECNICA E considerada uma ciéncia de aplicago, ou seja, é o estudo das formas farmacéuticas sob 0s aspectos relacionados a constituigao, ao planejamento, a formulagao e preparagao, bem como ao acondicionamento, a conservagao e corregao de sabor, odor e cor. Sua grande importancia 6 garantir uma forma farmacéutica ideal para maior absorgo do principio ativo, conforme tratamento, FORMAS FARMACEUTICAS A forma farmacéutica 6 0 estado final dos medicamentos, ou seja, a forma dos medicamentos apés serem submetidas as manipulagdes farmacéuticas necessérias, no intuito de facilitar a sua administragdo e obter o efeito terapéutico desejado. Uma forma farmacéutica ideal garantira a adesdo ao tratamento pelo paciente, além de garantir a precisdo da dose e proteger 08 ativos durante o percurso pelo organismo, objetivando a chegada do principio ativo no local de ago, para finalmente obter o efeito farmacolégico, bem como proteger o férmaco de condigées que poderiam alterd-lo, como umidade, sensibilidade a luz, temperatura ou ar ambiente. FARMACOGENETICA E 0 ramo da Farmacologia que tem por objetivo estudar a variabilidade genética dos pacientes com relacdo a um tratamento especifico. Muitas vezes, a genética ditard o desempenho ou até mesmo a tolerancia de um medicamento. TOXICOLOGIA E a ciéncia que estuda tanto a composi¢ao de substancias quimicas quanto suas respostas no organismo, observando seus danos e beneficios a curto e longo prazos. Essa ciéncia ajuda a estabelecer 0 uso seguro dessas substancias, ja que nem todos os organismos respondem da mesma maneira na presenga de um composto quimico. Apresenta como o principal objetivo evitar que efeitos nocivos afetem a satide de um ser, Outro conceito de fundamental importancia na Farmacologia ¢ o perfil farmacoterapéutico. DESTACA-SE POR SER UM REGISTRO CRONOLOGICO DAS INFORMAGOES DIRETAMENTE RELACIONADAS AO CONSUMO DE MEDICAMENTOS POR UM PACIENTE. ESSA INFORMAGAO AUXILIA O PROFISSIONAL DE SAUDE A ACOMPANHAR O TRATAMENTO DO PACIENTE, OBJETIVANDO GANHOS TERAPEUTICOS. Principios gerais de agao dos farmacos: Segundo a Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria, farmaco é a principal substancia encontrada dentro de uma formulagao farmacéutica. Ele é responsavel pela aco farmacolégica, trazendo como resultados agdes profilaticas, curativas, paliativas ou para fins de diagnéstico. Os farmacos podem ser classificados de acordo com sua origem: natural, animal, vegetal ou sintética Sua ago no organismo podera ser discutida em trés fases: FASE FARMACEUTICA Responsavel pela desintegragao, ou seja, liberagdo da forma de dosagem, seguida da dissolugao da substancia ativa. Esta etapa agrega valor a formulagdo, pois determina a liberago do farmaco a partir da forma farmacéutica. Estuda o modo como as propriedades fisico-quimicas do farmaco, a forma farmacéutica e a via de administragao afetam a velocidade e a extensdo de absorgao do principio ativo. DESINTEGRAGAO A desintegragao consiste na liberagao do ativo para meio biolégico, que estar diretamente relacionado a forma farmacéutica, como comprimidos, drageas e cépsulas. Essas formas farmacéuticas precisam desintegrar para liberar seu principio ativo para o organismo. Vale ressaltar que nem todas as formas farmacéuticas necessitam passar por essa fase, como é 0 caso dos comprimidos efervescentes. DISSOLUGAO A dissolugo consiste na solubilizagao do farmaco no meio onde ocorreré a absorgao, desde que seja requerida uma ago farmacolégica sistémica, e nao local. Esta etapa contribuira para determinar a velocidade da primeira etapa farmacocinetica, a absorgao que consequentemente influenciaré na biodisponibilidade FASE FARMACOCINETICA Esta relacionada ao movimento dos farmacos, ou seja, discute desde o momento em que o férmaco é absorvido até sua excregao, Consiste na identificagao e quantificagao da passagem do farmaco pelo sistema biolégico. FASE FARMACODINAMICA Estuda a interagao dos férmacos diretamente com o local de ago, ou seja, sua afinidade com seu receptor, que podem ser proteinas, enzimas ou receptores-alvo, e, consequentemente, a sua ago farmacolégica. RECEPTOR Macromolécula envolvida na sinalizagao quimica entre as células e no seu interior. Sdo alvos farmacolégicos que podem estar localizados tanto na superficie celular quanto em seu interior. Ao ativar um receptor, serao geradas respostas, muitas vezes estimulando processos bioquimicos celulares, como, por exemplo, influxo de ions, fosforilagao de proteinas, entre outros. AGAO FARMACOLOGICA Quando discutimos a agao farmacolégica, precisamos compreender a interagao dos farmacos com seu alvo terapéutico. O avo terapéutico ou farmacolégico permite interagao entre 0 farmaco e 0 receptor, formando um complexo estavel capaz de permitir determinado efeito. Ainda neste contexto, podemos discutir seletividade, que traduz a afinidade do férmaco com determinado sitio de agao, em vez de outros locais. Desta forma, podemos dizer que, quanto mais seletivo for o farmaco, mais seguro este sera para o paciente, Considera-se um farmaco seguro quando conhecemos todos 08 efeitos colaterais por ele apresentados, j4 que todos os medicamentos podem acarretar efeitos nao farmacoldgicos em decorréncia do seu mecanismo de agao. ) ATENCAO Apesar de muitas pessoas confundirem ou acharem que se trata do mesmo fenémeno, efeito colateral e efeito adverso sao eventos diferentes! Efeito colateral O efeito colateral é a decorréncia causada pelo uso do medicamento em doses habituais, gerando efeitos nao intencionais. Esses efeitos geram uma resposta adversa ao medicamento previsivel. Efeito adverso JA 0 efeito adverso corresponde ao evento indesejado causado pelo uso do medicament, e, muitas vezes, nao possui relag&o causal com o tratamento. Aagao farmacolégica estara diretamente relacionada a dose que se é administrada de um medicamento para o paciente, independentemente da via de administragao escolhida. A dose & a quantidade de medicamento capaz de gerar uma resposta terapéutica no organismo de um paciente, preferencialmente sem gerar efeitos colaterais. Apés administragao do férmaco, sua concentragao plasmatica aumenta a medida que o farmaco é absorvido. A concentragao maxima é alcangada e, em seguida, esse valor decai de acordo com a eliminagao do férmaco no organismo. A durago do efeito do farmaco esta diretamente relacionada a dose, como mostra a figura a seguir: felt Efeito Efeito 100 100 100 50 50 50 10, 10 10 T Tempo 1 Tempo ft Tempo Dose 1 Dose 10 Dose = 100 ura: duragao do efeito na dependéncia da dose. Quando administramos um medicamento a um paciente, devemos respeitar a janela terapéutica ¢ a posologia. Veja os conceitos: termo janela terapéutica, também conhecido como indice terapéutico, é utilizado para determinar as concentrages minima e maxima de um férmaco que poder ser administrado a um paciente. Essa faixa de valores determinara 0 equilibrio entre a eficdcia e a toxicidade do farmaco no organismo. A compreensdo dessas faixas agrega valores ao tratamento, ja que podem ser evitados os quadros de submedicagao e de toxicidade. Posologia é 0 estudo das doses. Ela determinara como o medicamento ser administrado com relagao ao espago de tempo e a concentragao ideal, sempre respeitando a janela terapéutica. Pode haver variagao da posologia de paciente para paciente, da doenga que esta sendo tratada e do tipo de medicamento administrado, ‘Agora que vocé j4 compreende esses conceitos, vamos entender um ramo da Farmacologia importantissimo na Farmacoterapia, a Farmacocinética Clinica. Este ramo da Farmacologia estuda os processos cinéticos dos férmacos e possui uma relagdo direta com a Farmacodinamica, analisando de forma quantitativa e cronolégica os processos de administragao, absorgao, distribuigao, biotransformacao e eliminagao das drogas no organismo do paciente. A ABORDAGEM DA FARMACOCINETICA CLINICA AUXILIA NA DETERMINAGAO DA POSOLOGIA E DE SEUS POSSIVEIS AJUSTES, NA INTERPRETAGAO DE RESPOSTAS INESPERADAS AOS MEDICAMENTOS, NA COMPREENSAO DA AGAO DAS DROGAS E NA PESQUISA DE NOVOS MEDICAMENTOS. Assista ao video a seguir para uma simulagdo de um caso clinico referente ao efeito e dose através do grafico VERIFICANDO O APRENDIZADO MODULO 3 @® Reconhecer os processos de desenvolvimentos dos farmacos e a importancia de cada fase PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS FARMACOS O desenvolvimento de novos farmacos, desde a descoberta até sua real comercializacao, requer fases cruciais que devem ser cumpridas. Muitas vezes, essas etapas sao realizadas em parcerias das induistrias com centros de pesquisa de universidade. Existem ainda empresas especializadas no planejamento e na sintese de novos férmacos que trabalham por demanda das grandes corporagées para inclusdo de novos produtos no mercado, uma vez que estas etapas podem levar mais de dez anos de pesquisa e investimento. Aprimeira etapa de desenvolvimento de novos farmacos esta diretamente relacionada a pesquisa. Essa etapa consiste na busca de moléculas promissoras que sejam candidatas a uma nova droga. Neste momento, sao feitos ensaios de otimizagao quimica visando sua efetividade e seguranca Para agilizar esse proceso, a industria passou a utilizar os recursos da quimica combinatéria e a realizar testes totalmente controlados por robés de alta capacidade, capazes de testar mais de 1 milhao de amostras a cada ano, Esse fato, ao mesmo tempo em que reduziu, em parte, 0 tempo da descoberta de novas drogas, fez com que os custos de desenvolvimento de um novo medicamento aumentassem expressivamente (DIMASI ef al., 2003). Assim, de cada 30.000 moléculas sintetizadas: 20.000 (66,7%) entram na fase de estudos pré-clinicos; 200 (0,67%) entram na fase | de estudos clinicos; 40 (0,13%) passam para a fase Il; 12 (0,04%) entram na fase III; Somente 9 (0,027%) sdo aprovadas pelos érgaos regulatérios. «i ATENGAO E importante mencionar ainda que apenas um medicamento aprovado (0,003%) satisfaz o mercado, e, em fungdo disso, traz retomno para a industria que o desenvolveu A compreensdo do receptor farmacolégico é fundamental quando se estuda ou se desenvolve uma nova molécula candidata a farmaco. Quando pesquisamos uma molécula, ela pode ter afinidade com o receptor de forma a aumentar ou diminuir uma fungao celular. RECEPTOR FARMACOLOGICO Como vimos no médulo anterior, os receptores so macromoléculas que esto envolvidas na sinalizagao quimica entre as células e no seu interior. Alvos farmacolégicos que podem estar localizados tanto na superficie celular, quanto em seu interior. Ao ativar um receptor, sero geradas respostas muitas vezes estimulando processos bioquimicos celulares, como por exemplo 0 influxo de ions, fosforilagao de proteinas etc. Uma mesma molécula poder agir em varios receptores simultaneamente, gerando respostas distintas. Dizemos, nestes casos, que a molécula possui pouca seletividade. A resposta farmacolégica pode ser determinada pelo tempo de permanéncia do complexo farmaco- receptor. t ATENGAO Processos farmacodinamicos e farmacocinéticos podem alterar o tempo de vida deste complexo, ou seja, quanto maior o tempo de ligagao, mais prolongado sera o efeito farmacolégico exercido. E importante destacar que 0 periodo de ocupagao pode levar tanto a efeitos desejados quanto a efeitos téxicos. CONCEITO DE PESQUISA/ESTUDO CLiNICO A pesquisa pode ser classificada como: Exploratéria: objetiva a caracterizagao inicial do problema a ser estudado. Esta etapa constitui a primeira etapa de toda a pesquisa cientifica Teérica: tem por objetivo a ampliagdo dos fundamentos tedricos, estruturago de modelos de pesquisa Aplicada: tem como objetivo investigar, confirmar e recusar hipsteses apontadas pela pesquisa teérica, De campo: pesquisa observacional dos fatos. Neste tipo de pesquisa, ndo se consegue controlar as variaveis. Experimental: tem por objetivo determinar o objeto de estudo. Neste tipo de pesquisa, 6 possivel controlar as varidveis que poderd influenciar na pesquisa. Bibliografica: compila todo conhecimento cientifico sobre o tema abordado. «I ATENCAO Existem varias formas de classificar uma pesquisa, porém a maioria destes estudos apresentam em comum 0 método aplicado. Exemplo: na area da satide, 6 muito comum que as pesquisas sejam divididas em experimental e epidemiolégica A pesquisa experimental mais cautelosa, pois, muitas vezes, sao utilizados animais. A vantagem desse tipo de pesquisa é que conseguimos controlar as varidveis, reduzindo os graus de subjetividade. ‘A pesquisa epidemiolégica investiga a satide da populagao e os fatores diretamente relacionados para agravo da satide publica. Esse estudo se baseia na observagao dos fatos ¢ em suas variagdes. FASES DE ESTUDOS CLINICOS As etapas de desenvolvimento de novos farmacos passam pelas etapas pré-clinicas e clinicas. Aetapa pré-clinica compreende teste in vitro e in vivo, muitas vezes em células e animais. A etapa clinica tem por objetivo teste de seguranga e eficacia em humanos e é dividida em quatro fases: TESTE IN VITRO E IN VIVO Os testes ou ensaios dilos in vitro sao aqueles realizados em laboratérios com equipamentos e vidrarias, como por exemplo tubos de ensaios. Jd os in vivo sdo ensaios que se refere a uma experimentago feita em animais ou no tecido vivo, no intuito de mimetizar uma resposta que poder ocorrer no organismo humano. FASE | Esta relacionada a administragao do medicamento pela primeira vez em seres humanos. S40 testados um numero pequeno de pacientes, de 20 a 100 voluntarios. Nesta etapa, os individuos sujeitos do estudo séo saudaveis. Serao avaliadas diferentes vias de administracéo e diferentes doses, a fim de determinar os provaveis limites da variagao da dosagem clinicamente segura, Havera excegao quando se espera que o farmaco apresente toxicidade, como os antineoplasicos. Neste caso, sao usados pacientes voluntarios com a doenga, em vez de voluntarios sadios. FASE Il Esta relacionada a obtengao de mais dados quanto a seguranga do farmaco e a avaliagdo de sua eficdcia. Nesta fase, os pacientes tém a doenga para qual o farmaco esta sendo testado, Um niimero ainda relativamente pequeno de pacientes sao estudados detalhadamente, em torno de 100 a 200 voluntérios. E nesta fase que normalmente séo detectadas as falhas, como a auséncia do resultado esperado. Apenas uma pequena quantidade de farmacos em desenvolvimento consegue passar por esta etapa e avangar para a préxima. FASE Ill Esta ligada a um maior numero de pacientes; so chamados de estudos multicéntricos, normalmente com milhares de pacientes. Nesta fase, os sujeitos do estudo apresentam a patologia em que o medicamento esta sendo pesquisado, e o periodo de duracao deste estudo é superior aos anteriores, aproximadamente quatro anos. Sao realizados em cenérios bem similares daqueles previstos para 0 uso final. Geralmente, os medicamentos s4o comparados a outros ja existentes e recomendados para o mesmo problema. Ainda nesta fase, sao obtidas maiores informagdes sobre a seguranga e eficacia do farmaco e, até mesmo, as possiveis interagdes com outros férmacos. Os pacientes envolvidos so divididos em dois grupos: um deles recebe 0 novo tratamento, ¢ 0 outro recebe aquele que ja 6 habitual Cabe ressaltar que o paciente e o pesquisador desconhecem qual medicamento esta sendo administrado, Essa pratica também 6 conhecida como ensaio duplo cego, Desta forma, seréo comparados os tratamentos e serd analisada a superioridade de um sobre © outro. As informagées obtidas nessa etapa so de extrema relevncia e iro compor a bula do medicamento. & a mais trabalhosa, devido as dificuldades de planejamento e execugo frente a grandes quantidades de dados gerados. E também a mais custosa, visto que o ntimero de pacientes presentes na pesquisa é bem maior quando comparada as fases anteriores. Apés a fase Ill, podera ser solicitada a patente. PATENTE O termo patente ¢ definido como monopélio de exploragao, por tempo determinado, geralmente até 20 anos para farmacos novos, que é conferido pelo Estado, por meio do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INP!), com prévia anuéncia da Anvisa (Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria). Cabe ressaltar que, apesar da industria detentora da patente ter o direito de exploragao, ndo pode comercializar o produto antes da autorizagao da Anvisa. Apés a expiragdo da patente, qualquer industria farmacéutica poderé produzir o medicamento, podendo comercializé-lo como um produto genérico ou similar. Finalmente, ao passar por todas as trés fases iniciais, a indiistria solicita as autoridades sanitarias 0 registro e a aprovagao para a comercializagao do medicamento. Para isso, devera apresentar todos os resultados envolvendo as fases pré-clinica e clinica juntamente ao processo de produgdo. A agéncia reguladora, estando de acordo com a informagées fornecidas, concedera a autorizagao para langamento e comercializagao do novo medicamento. FASE IV Esta relacionada ao monitoramento do medicamento apés comercializagao. Testes de acompanhamento de uso sao elaborados e implementados no intuito de obter informagées adicionais quanto 4 seguranga e eficdcia destes farmacos. Neste passo, poderdo ser obtidas novas informagées de efeitos colaterais até entdo desconhecidos. Esta etapa ¢ também conhecida como farmacovigilancia, mostrada na figura a seguir: Estudos Testes: invitro animals "Anos (om mécsa) No Noa (Apatertoexpira 20 anos depos do pretocole 3 pecte) @ Figura: 0 processo de desenvolvimento e teste necessério para levar um férmaco ao mercado nos EUA. Algumas das exigéncias sao diferentes para os farmacos usados em doengas potencialmente fatais. IND- novo farmaco em investigacao; NDA- pedido de novo farmaco. VIAS DE COMPARAGAO/COMPARABILIDADE Alguns fatores podem levar ao comprometimento do estudo clinico. A histéria natural da doenga influenciaré no andamento dos estudos, jé que muitas patologias sofrem flutuagées, ou seja, as doengas tendem a aumentar e a diminuir em gravidade. Por isso, em muitos ensaios, faz-se necessério adotar esquemas para os individuos avaliados. E comum que o mesmo paciente receba doses do medicamento que esta sendo testado e, em outro momento, receba placebo (no intuito do controle) e tratamento padrao, que ¢ 0 controle positivo, PLACEBO Medicamentos placebo séo aqueles que nao apresentam nenhuma ago farmacolégica por nao conter principio ativo presente na formulacdo, porém apresenta aparéncia exata de um Mmedicamento real. Apresenga de outra doenga ou quando o paciente apresenta algum fator de risco também pode impactar no andamento da pesquisa, j& que muitas patologias podem alterar a farmacocinética dos farmacos. A administragéo concomitante de farmacos ou até mesmo alimentos pode levar a alteragao significativa dos parametros farmacocinéticos e farmacodinamicos. Para minimizar tais situagdes, 0 que, muitas vezes, pode ser feito é uma técnica chamada de estudo cruzado e selecionar os pacientes que serao alocadas a cada grupo. Para isso, é preciso um bom conhecimento sobre histérias médicas e farmacolégicas, diagnésticos acurados e métodos de randomizacao. ESTUDO CRUZADO Estudos cruzados ou randomizados, sao estudos longitudinais em que os individuos recebem uma sequéncia de diferentes tratamentos, Sao extremamente controlados por pesquisadores na qual os sujeitos da pesquisa séo distribuidos aleatoriamente em diferentes grupos no intuito de ser atribuido a uma sequéncia de dois ou mais tratamentos, dos quais um pode ser um tratamento padrdo ou um placebo. Nao podemos deixar de destacar que alguns fatores, como idade avangada e gravidez, influenciam a farmacocinética de alguns medicamentos. Por restrig6es legais, individuos que apresentem essas caracteristicas néo podem participar dos ensaios. «) ATENGAO Outro fator importante é a adesao ao uso do medicamento durante o estudo pelos pacientes. A nao adesdo impactara diretamente nos resultados obtidos, o que, por vezes, pode estar relacionado as reagdes adversas. LIBERAGAO DE NOVOS FARMACOS PARA COMERCIALIZAGAO principio ativo, também conhecido como farmaco, é uma substdncia presente na composi¢ao do medicamento, em que é responsavel pelo efeito farmacol ico no organismo. No Brasil, os farmacos recebem denominagao em ambito nacional, conhecida como DCB (Denominagao Comum Brasileira), e em nivel internacional, denominadas DCI (Denominagdo Comum Internacional) Veja os conceitos: ADGB é a denominago do férmaco ou principio farmacologicamente ativo aprovado pelo 6rgao federal responsavel pela vigilancia sanitaria e surgiu no inicio da década de 1970. Ainda hoje, a DCB sofre constantes atualizagdes. Esta denominagao ajuda a uniformizar a nomenclatura dos férmacos, trazendo mais clareza e precis’o quanto aos nomes dos. principios ativos, facilitando as praticas de satide e evitando a ocorréncia de danos relacionados ao erro de medicagao. ADC permite que as autoridades de satide de diversos paises possam elaborar formularios internacionais de medicamentos, sempre com 0 intuito de uniformizar as informagées sobre os farmacos, em que os nomes ali listados so de recomendagao da Organizagao Mundial da Saiide (OMS). Assista ao video e veja 0 resumo do médulo e cada fase através de um caso clinico de um medicamento ja existente. VERIFICANDO O APRENDIZADO CONCLUSAO aaa CONSIDERAGOES FINAIS Compreender a evolugao farmacéutica nos remete grande importancia das boticas surgidas no periodo colonial, que utilizavam como principal matéria-prima substancias de origem natural. Pouco se sabia naquela época sobre interagao farmacéutica e conceitos de farmacocinética e farmacodinamica, porém o boticdrio, profissional que exercia a medicina e farmacia ao mesmo tempo, preparava remédios com plantas medicinais nativas através da terapéutica dos indios Esses conhecimentos adquiridos foram fundamentais para o surgimento das farmacias, que foram criadas a partir da industrializagao do pais, e das industrias farmacéuticas. Com 0 processo de industrializagao e a descoberta da quimica organica, criou-se a necessidade de desenvolvimento de novos farmacos e de novas formulagées que trouxessem ganhos terapéuticos para os pacientes. Atualmente, 0 conhecimento técnico tanto da manipulagao quanto da atividade farmacolégica agrega valores expressivos no tratamento de muitas patologias, seja com objetivo profilatico, seja com fins diagnésticos, ou até mesmo a cura O conhecimento e a aplicagao dos contetidos abordados neste tema sao de grande importancia em todas as etapas de obtencdo, utilizacéo e acompanhamento farmacoterapéutico, na atengao ao paciente e ao sistema de satide como um todo. PODCAST A PODCAST REFERENCIAS BRASIL. ANVISA. Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria. Cartilh: © que devemos saber sobre os medicamentos? Consultado em meio eletrénico em: 2 jun. 2020. BRASIL. ANVISA. Agéncia Nacional de Vigilancia Sanitaria. Medicamentos Genéricos. Consultado em meio eletrénico em: 22 maio 2020. BRASIL. Lei 9787/1999, Consultado em meio eletrénico em: 22 maio 2020. BRASIL. ANVISA. Resolugao 134/2003. Consultado em meio eletrénico em: 18 maio 2020. BRASIL. ANVISA. Resolugao 16/2007. Consultado em meio eletrénico em: 2 jun. 2020. BRASIL. ANVISA. Resolugao 17/2007. Consultado em meio eletrénico em: 20 maio 2020. BRASIL. ANVISA. Resolugao 55/2010. Consultado em meio eletrénico em: 20 maio 2020. BRASIL. ANVISA. Resolugao 58/2014. Consultado em meio eletrénico em: 20 maio 2020. CALIXTO, L. B.; SIQUEIRA JR., L. M. Desenvolvimento de Medicamentos no Brasil: Desafios. Gaz. Méd. Bahia. 78 (Suplemento 1): 98-106, 2008. DIEZ DEL CORRAL, F. S. Do boticdrio ao farmacéutico: o ensino de farmacia na Bahia de 1815 a 1949, Salvador: EDUFBA, 2009. DIMASI, J. A.; HANSEN, R. W.; GRABOWSKI, H. G. The price of innovation: new estimates of drug development costs. In: J Health Econ, 22:151-185, 2003. Consultado em meio eletrénico em: 24 jul. 2020. GOODMAN, G. As bases farmacolégicas da terapéutica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan/Mc Graw-Hill, 2012. GOODMAN & GILMAN; BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A; BJORN, C. K. As bases farmacolégicas da terapéutica. 13. ed. 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