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Ois0q OF oWunf ‘oragid o;auNepUode oF ort Sorossajoud sop auexo ap opdeaoatios ap ‘oneauc. olonap opeuntuiorap ozeid sod sopereiiuos sere soueumy sosimsay ap vr SIVUAS SVNIW Ad VOIIOLVD aavarsy ‘tOOzzI/ rnb S01-p opeorunuie I Os Fundamentos do Conhecimento na Vida Cotidiana 1, A REALIDADE DA VIDA COTIDIANA SENDO NOSSO PROPOSITO NESTE TRABALHO A ANALISE: pelo esclarecimento dessa realidad a0 senso comum dos membros ordinarios da sociedade. ‘Saber como esta realidade do senso comum pode ser in- fluenciada pelas construgdes tedricas dos intelectuais ¢ outros comerciantes @ uma questio diferente. Nosso empreendimento, por conseguinte, embora de ca- rdter tebrico, engrena-se com a compreensdo de uma realidade que constitui a matéria da ciéncia empirica da logia, a saber, 0 mundo da vida cotidiana, Deveria, portanto, ser evidente que nosso propésito ndo € envolver- Apesar disso, se quiser- mos entender a realidade da vida cotidiana & preciso levar em conta seu carter intrinseco antes de continuarmos 35 idade como dada, tomar como dados os fendmenos particulares que surgem dentro dela, sem maiores indagagdes sobre os fundamentos dessa realidade, tarefa séfica. Contudo, conside- icular propésito do presente tratado, nao letamente 0 problema filos6fi O mundo da vida cotdiana nio somente & tomado com uma realidade certa pelos membros ord dade na conduta su © na agio dos ido como real por eles. Antes, portanto, Preendermos nossa principal tarefa deve recer os fundamentos do conhecimento n: Para a finalidade em apreco, isto € uma tarefa pre nar, mas no podemos fazer mais do que esbocar os principais aspectos daquilo que acreditamos ser uma so- lugao adequada do problema filosofico, adequada, apres- samo-nos em acrescentar, apenas n0 si servir como ponto de pi As consideragoes a segui de prolegdmenos filoséficos e, logicas. O_método que esclarecer os fundament liana é 0 da ani fe para do conhecimento na vida co- nomenolégica, método odo como entendemos a natureza das cién- cias empiricas.* idiana,..ou me- fiana, abstém- assim como cientificas e quase- que admite como certas. Se quisermos descrever a rea- fidade do senso comum temos de nos referir a estas in terpretagées, assim como temos de carater de suposi¢ao indubitével, mas fazemo: ocando 0 que dizemos entre parénteses fenomenol6, & sempre intencional; sempre “tende ida para objetos. Nunca podemos apreen- suposto substrato de consciéncia enquanto mas somente a consciéncia de tal ou qual coisa assim & pouco importando que 0 objeto da experi experimentado como pertencendo a um mundo 19 OU apreendido como el Quer eu (a aqui como nas consciéncia ordi plando 0 panorama da cidade de Nova York ou te conscigncia de uma ansiedade interior, os processos de conscitncia implicados so intencionais em ambos os ca- sos. Nao é preciso discutir a qui cia do Empire State Bi da ansiedade. Uma andlise fenomenoldgica detalhada as varias camadas da expei ificago implicadas, digamos, no jido por um cachorro, lembrar ter sido ido por um cachorro, ter fobia por todos os cachor- ;, € assim por diante, O que nos interessa aqui € 0 ional comum de toda consciéncia. meus semelhantes com os quais tenho de tratar no curso icendo a _uma realidade intei- ente da que tém as figuras desencarnadas 37 que aparecem em meus sonhos. Os dois conjuntos de objetos introduzem tensdes inteiramente diferentes em minha consciéncia e minha atencio com referencia a eles € de natureza completamente diversa. Minha consciéncia or conseguinte € capaz de mover-se através de diferentes esferas da realidade. Dito de outro modo, tenho conscién- cia de que 0 mundo Quando passo de uma realidade a outra experimento a transi¢io como uma espécie de choque. Este choque deve las realidades h4 uma que se apresenta ide por exceléncia. E’ a realidade da ina. Sua posigdo Ihe a designagéo de realidade predominante. A tenso da consciéncia chega ao maximo na vida cotidiana, isto 6 esta tiltima impde-se a consci¢ncia de maneira macica, urgente e intensa. E’ impossivel ignorar e mesmo fiminuir sua presenga imperiosa. Conseqiientemen- te, forga-me a ser atento a ela de maneira mais com Experimento a vida Este estado de vida cotidiana normal iéria como uma rea dade ordenada. Seus fendmenos acham-se previamente dispostos em padrdes que parecem ser independentes da apreensio que deles tenho e que se impdem minha apreensio. A realidade da vida cotidiana aparece ja obje- tivada, isto é constituida por uma ordem de objetos que foram’ designados como objetos antes de minha entrada na cena, A linguagem usada na vida cotidiana fornece-me continuamente as necess aces ¢ detern ido e na qual a cotidiana ganha significado para mim. Vivo num | que € geograficamente determinado; uso instrumen desde os abridores de latas alé os’ automé Porte, que tém sua designacio no vocabulério 38 minha sociedade; vivo dentro de uma teia de relagdes hhumanas, de meu clube de xadrez até os Estados Unidos , que sio também ordenadas por meio do esta maneira a linguagem marca as coor- ha conscigncia, A realidade da vida didria, porém, do se esgota nessas presengas imediatas, mas abraca fendmenos que nao estio presentes “aqui ¢ agora’. Isto ‘quer dizer que experiment a jeren- tes graus de aproximacao e , espacial e tempo- ralmente. A mais préxima de mim 6 a zona da vida cotidiana diretamente acessivel A minha manipulaglo cor- poral. Esta zona contém o mundo que se acha ao meu alcance, 0 mundo em que atuo a fim de modificar a . Deste modo € meu mundo evidentemente, que a realidade veis por mim. Ti antes € menos intenso e certamente menos urgente. Es- tou intensamente interessado no aglomerado de objetos implicados em minha ocupagio di mundo da garage se sou um mec&nico. Estou interessa- do, embora menos dit , no que se passa nos la- boratérios de provas da indi -a em De- troit, pois ¢ improvével que algum dia venha a estar fem algum destes laboratérios, mas 0 trabalho ai efe- 39 tuado poderd eventus Posso tambén Cabo Kenned; vida cotidiana sonhos, mas st real para os ito, nao posso exis! ‘com relagio a este | dos outros, que Ia” deles. Meu Podem mesmo entrar que vivo com eles em u maior importancia € que eu sei que correspondéncia entre meus significados e seus sit dos neste mundo que partilhamos em comum, no que respeita a realidade dele. A atitude natural 6 a atitude fncia do senso comum precisamente porque se refere a um mundo que € co imento que cu ‘om os outros nas rotinas normais, evidentes da ‘como sendo @ tealidade. Nao requer maior ve tenda além de sua simples preseng 40 ai, como facticidade evidente por si mesma e compul- séria, Sei que & real. Embora seja capaz de empenhar-me em divida a respeito da realidade dela, sou obrigado a suspender esta divida ao existir rotineiramente na vida cotidiana. Esta suspensio de divida é tio firme que para abandond-la, como poderia desejar fazer por exemplo na contemplacdo tedrica ou reli tenho de realizar uma extrema transigéo. © mundo da’ vida cotidiana procla- ma-se a si mesmo e quando quero contestar esta pro- clamagdo tenho de fazer um deliberado esforgo, nada facil. A transigéo da atitude natural para a atitude te6- rica do filésofo ou do cientista ilustra este ponto. Mas nem todos os aspectos desta realidade s4o igualmente ndo problematicos. A vida cotidiana divide-se em setores que so apreendidos rot sentam a mim com problemas desta ou daquela espécie. Suponhamos que eu seja um mecdnico de automéveis, com grande conhecimento de todos os carros de fabrica~ refere a estes € uma de minha vida didria. fo dia aparece alguém na garage e pede-me para consertar seu Volkswagen. Estou agora obrigado a entrar no mundo problematico dos carros de constru- wer isso com relutancia ou com curiosidade profissional, mas num caso ou noutro agora diante de problemas que no tinha ainda zado. Ao smo tempo, € claro, no deixo a realidade iana. De fato, esta enriquece-se quando co- incorporar a ela o conhecimento e a habilidade requeridos para consertar os carros de fabricagia problema ndo per ferente (por exemplo, dos pesadelos). Enquanto as rotinas da continuarem sem interrupgao so apreendidas como néo- problemiticas. ‘Mas mesmo 0 setor nio-problematico tidiana s6 € tal até novo conheciment to é, até que a lema. Quando isto acontece, a realidade da instrugées sobre a maneira de fazer isso. Por exemplo, 95 outros com os quais trabalho so néo-proble para mim enquant rrompem estas rotinas, por exemplo, amontoando-se num canto e falando em forma de cochicho. Ao perguntar sobre o que significa esta atividade estranha, hum certo niimero de pos ‘que meu conhecimento de sentido comum é capaz de rein- fegrar nas rotinas ndo problematicas da vida cotidiana: podem estar discutindo a maneira de consertar uma mé- quina de escrever quebrada, ou um deles pode ter al instrugées urgentes dadas pelo patrio, etc. De outro lado, oso achar que estao discutindo uma diretriz dada pelo Ssindicato para entrarem em greve, coisa que est4 ainda fora da minha experiéncia mas dentro do circulo dos Problemas com os quais minha conscitncia de senso co- ‘mum pode tratar. Trataré da questio no setor it e, entretanto, che- luséo de que meus colegas enlouqueceram ivamente 0 problema que se apresenta & entao de outra espécie. Aci agora em face de um pr da realidade da vida cotidiana uma realidade inteiramente diferente. Com efeito, conclusio de que meus colegas enlouqueceram implica ipso facto que entraram num mundo que ndo é mais 0 ‘mundo comum da vida ci iana, as Ss reafidades aparecem como campos finitos de significa ‘so, enclaves dentro da realidade dominante marcada idos e modos de experiéncia delimitados. A Fealidade dominante envolve-as por todos os lados, por az interrompida pelo aparecimento assim dizer, ¢ a conscitncia sempre retorna a realidade dominante como se voltasse de uma excursio. evidente, conforme se vé pelas il das criangas quer, ainda mai adultos. © teatro fornece uma excelente ilustragao desta atividade lidica por parte dos adultos. A transigao entre as realidades € marcada pelo levantamento € pela descida do pano. Quando 0 pano se levanta, o espectador é “transportado para um outro mundo”, com seus pré- prios significados e uma ordem que pode ter relagdo, ou no, com a ordem da vida cotidiana. Quando o pano desce, 0 espectador “retorna a realidade”, isto & & rea~ lidade predominante da vida cotidiana, em comparacdo com a qual a realidade apresentada no palco aparece agora tenue e efémera, por mais vivida que tenha sido a representacao alg ritncia esté josa & rica em produ: ges desta espécie, na medida em que a arte ¢ a sio produtores endémicos de campos de signif ‘Todos os campos finitos de se por desviar a atengdo da realidade da vida contempo- ranea. Embora haja, esta claro, deslocamentos de aten so dentro da vida cotidiana, deslocamento para um Campo finito de significagao € de natureza muito mais radical. Produz-se uma radical transformagéo na ten- sio da conscigncia. No contexto da experiéncia rel giosa isto j4 foi adequadamente chamado “transes”. importante, porém, acentuar que a realidade da vida co- luagZo dominante mesmo quando ” ocorrem. Se nada mais houvesse, a line guagem seria suficiente para nos assegurar sobre este onto, A linguagem comum de que disponho para a 1S poucos momentos antes. A expe- transi- wagem comum para interpre as experitncias “nio-pertencent jana na realidade suprema da vida didri Isto pode ser facilmente visto em termos de sonh € também tipico das pessoas que pr mundos de signiticagao tedricos, est O fisico teérico diz-nos que seu pode ser transmitido por m © artista com ri ico com relagdo a seus ent dade. Entretanto, todos estes — 0 so 0, 0 também vivem na realidade ‘da la verdade um de seus importantes. pro- a coexisténcia desta realidade com 05 enclaves de realidade em que se aventuram, © ‘mundo da vida cotidiana 6 estruturado espacial e temporalmente. A estrutura espaci tancia em nossas atuais consideragi tem também uma dimensao. soi da minha zona de manipulagao e @ dos outros. Mais importante para nossos. propésitos atuais & a estrutura temporal da vida cotidiana, ‘A femporalidade € uma propriedade intrinseca da A corrente de consciéncia é sempre ordena- E’ possivel estabelecer diferencas en. tos desta. temporalidade, uma vez que tra-Subjetivamente. Todo individuo tem luxo interior do. tempo, que por sua imos fisiolbgicos do organismo, em- ique com estes. Excederia de. mui destes prolegomenos entrar na andlise deta- hada desses niveis da temporalidade Conforme indicamos, porém, a intersubj da cotidiana tem também uma temporal. O mundo da vida cotidiana tem seu proprio padrio do fempo, que € acessivel intersubjetivamente. ‘0 tempo Padrao pode ser compreendido como a intersecgio entre © tempo césmico e seu calendério socialmente estabele. nos & acessivel conscigncia do 4 cido, baseado nas seqiléncias temporais da natureza, por lad por outro lado, em ‘suas jes acima _mencionadas. Nunca pode haver completa simultaneidade entre estes varios niveis de tem- Poralidade, conforme nos indica claramente a experiéncia, da espera. Tanto meu organismo quanto minha sociedade impdem a mim e a meu tempo interior certas seqiién imento esportivo, mas tenho de t€ que meu joetho machucado certos. papéis esperar devo esperar ia € extremamente complexa, por- is da temporalidade empiri presente devem ser continuamente correlacionados. A estrutura temporal da vida coti face de uma facticidade que tenho isto 6 com a qual tenho de sincronizar meus proprios Projetos. O tempo que encontro lade didria & jana coloca-se em continuamente ordenada pelo tempo dela, est de fato en- volvida por esse tempo. Minha propria vida é um episédio na corrente do tempo extermnamente convencional. O tem- existia antes de meu nascimento e co it depois que morrer. O conhi morte inevitdvel torna este tempo finito para mim. Sé disponho de certa quantidade de tempo para a realizagéo de “meus projetos © 0 conhecimento deste fato afeta minha atitude com relagio a estes pi acontecimentos esportivos. Sei que vou Pode mesmo acontecer que esta seja a dltima oportuni- dade que tenho de participar desses acontecimentos, ‘Minha espera tornar-se- ansiosa conforme o grau em que a finitude do tempo incidir sobre meu projeto. 45 A mesma estrutura temporal, como ja foi indicado, & coercitiva. Ndo posso inverter & vontade as_primeiras , NO posso prestar determinado exame antes de ter cumprido certo programa educativo, nao posso exercer minha profissdo antes de prestar esse exame, e assim por diante. Também a mesma estrutura temporal fornece a historicidade que determina minha situagao no mundo da configura ano da grand ia. em que meu pai i para a escola pouco antes da revol iar pouco depois de irromper a Grande rutura_ temporal da vida cotidiana Guerra, etc. A somente impde nha biografia em labelecidas por a “agenda” di relogio e a ha asseguram de fato que sou um “homem do meu tempo”. $6 nesta estrutura temporal é ana conserva para m sm casos em que posso ficar (por exemplo, sofri um a dente de automével em que fiquei it uma necessidade quase inst tro da estrutura temporal relégio e procuro tembrar-me que atos retorno a realidade da vida cé 2. A INTERACAO SOCIAL NA VIDA COTIDIANA A realidade da vida cot Mas, de que modo exper ia € partilhada com outros. iento esses outros na vida co- 46 tidiana? Ainda aqui & possivel estabelecer diferengas en- ‘A mais importante experiéncia dos outros ocorre na situagdo de estar face A face com o outro, que & 0 caso prototipico da interagdo social. Todos os demais casos derivam deste. Na situagdo face a face 0 outro é apreendido por mim num vivido presente partilhado por nés dois. Sei que no mesmo vivido presente sou apreendido por ele. Meu “aqui ¢ agora” ¢ 0 dele colidem continuamente um com © outro enquanto dura a situagdo face a face. Como resultado, ha um intercambio continuo entre minha ex- pressividade e a dele. Vejo-o sorrir e logo a seguir rea- gindo ao meu ato de fechar a cara parando de sorrir, depois sorrindo de novo quando também eu sorrio, etc. fica que ma situagdo face a face a subj ‘outro me € acessivel mediante o maximo de sintomas. Certamente, posso interpretar erroneamente alguns desses sintomas. Posso ‘est sorrindo quando Contudo, nenhuma . Todas as outras formas ynamento com 0 outro séo, em graus variaveis, 0 pode ser real para mim sem que eu o tenha en- contrato face a face, por exemplo de nome ou por me corresponder com ele. Entretanto, s6 se torna real para mim no pleno sentido da palavra quando o encontro pessoalmente. De fato, pode-se afirmar que 0 outro na situagdo face a face é mais real para mim que eu proprio. Evidentemente “conhego-me melhor” do que posso jamais, aT ividade € acessivel a mim de um em que a dele nunca poderd ser, por mais “pré- que seja nossa relagao. Meu passado me & acessivel ‘na meméria com uma plenitude em que nunca poderei reconstruir © passado dele, por mais que ele o relate a mim. Mas este “melhor conheciment *xdo. Néo & imediatamente apresent » porém, é apresentado assim na a face. Por conseguinte, nuamente acessivel precede a reflex’: ‘Segue-se que as relagdes com os outros na situagio face a face so altamente fl gativa, € relativamente di interagao face a face. Sej se introduza terao de ser continuamente modificadk vido ao intercambio extremamente variado esi ados subjetivos que tém lugar. Por exemplo, posso ‘outro como alguém inerentemente hostil a mim ele de acordo com um padréo de “re- como é entendido por mim, Na situa- $40 face a face porém 0 outro pode enfrentar-me com fudes € atos que contradizem esse padrio, chegando falvez a um ponto tal que me veja obrigado a abandonar © padrao por ser inaplicdvel e considerar 0 outro amiga- velmente. Em outras palavras, o padréo no pode resistir A maciga demonstrago da subj tomo conhi Posic¢do, € muito mais facil para. mi ignorar essa de- monstragao desde que ndo encontre o outro face a face. ‘Mesmo numa relagao de certo modo “préxima”, como @ mantida por correspondéncia, posso com mais sucesso 48 itar os protestos de amizade do outro acreditando nao representarem realmente a atitude subjetiva dele com re- idade, Sem diivida, 6 possh fengdes do outro mesmo na a face, assim como é possivel que ele “hipo- esconda suas intengoes. De qualquer modo, terpretacdo errdnea © a so mais dificeis interago face a face do que em formas de relagdes.sociais. estes esquemas sejam mais dele do que em formas Noutras palavras, embora seja r padroes rigidos A interagéo face a face, desde o fiana, (Podemos deixar de parte para exame poste casos de interagdo entre pessoas completament jana). A realidade da vida cotidiana contém esquemas icadores em termos dos quais os outros sio apren- etc. Todas estas ik eragdo com 0 outro, por exemplo quando decido di- vertir-me com ele na cidade antes de tentar_vender-he meu produto. Nossa interagao face a face sera modelada ages, pelo menos enquanto ndo se tor- ‘as por alguma interferéncia da parte pode dar provas de que, apesar de ser um homem”, ymprador”, € também um farisaico moralista € que aquilo que a principio parecia jovialidade é realmente uma expresso de desprezo pelos € pelos vendedores americanos em particular. Neste ponto, evidentemente, meu esquema tipi- ficador terd que ser modificado e 0 programa.da noite 49 Planejado diferentemente de acordo com esta modi ‘40. Mas a nao ser que haja esta objecio, at serio mantidas até nova ordem e determinar: agées na situagio. Os esquemas tipificadores que entram nas face a face so naturalment ‘me apreende de uma maneira tipificada, como “americano”, inuante”, etc. As tipificagdes do outro'sdo tio suscetiveis de sofrerem interferéncias de minha parte como as. minhas arte dele. Em outras palavras, os dois esquemas cadores entram em cont face a face. Na vida “negocia¢o” provavel- mente estard predeterminada de uma mancira tipica, co- mo no caracteristico processo de barganha entre com- pradores vendedores. Assim, na maior parte do tempo, meus encontros com os outros na vida co ‘i tipicos em duplo sentido, apreendo 0 outro cor teratuo com ele numa situagio que € por tipica. As bes da interacio soc sivamente andnimas a medida qu tuagdo face a face. Toda uma anonimidade ini como membro da categ tornam-se progr se afastam da si- icagao naturalmente acarreta ia X ( interpreto ipso facto pelo menos certos aspectos de sua conduta como resultantes desta gostos em matéria de ci icos ‘dos ingleses, algumas de suas reagées emo. cionais, etc. Isto implica, contudo, que tais caracteristicas © ages de meu amigo Henry so atributos de qualquer pessoa da categoria dos ingleses, isto é apreendo estes aspectos de seu ser em termos andnimos. Entretanto, logo as meu amigo Henry se torna acessivel a’ mim ide da expressividade da situacio face a face, cle romperd constantemente meu i © se manifestara como um 0 € portanto atipico, como seu amigo Henry. © anonimato do tipo & evidentemente menos susceptivel a esta espécie de indivi- 50 izagio quando a interagio face a face é um assunto Go paseo" (meu amigo Hency, 0 Inglés, que ames quando eu era estudante no colégio) ou é de cardter su- (0 inglés com quem converse ouco tempo num trem), ou munca teve lugar (meus competidores comerciais na Inglaterra). cre compan cms gas ne me tt me compan, de sms a ie at on ee oto oho anoint dn ae om gpene ode gl (oe ae en): sia "a at ts, fos st a te te sper a a ae aca a rainha da Inglaterra). Entre estes ultimos & possivel 51 ainda distinguir entre provaveis conhecidos em si face a face (meus competidores com e3) € conhecidos potenciais mas improvaveis (a rai connect improvaveis (a rainha da In- © grau de anor outros na vida to que caracteriza a experiéncia dos lana depende contudo de outro fator jomaleiro da esquina tio regularmente quanto vejo minha muther. Mas ele € menos inortonts imas com ele. Pode ivamente andnimo para mim. O grau de interesse de intimidade podem com © anonimato da exper independentemente. Posso ter relagées bas. membros de meu clube de ténis 'S muito formais com meu patrio. Contudo, os fos, embora de modo algum inteiramente andni- mos, podem fundir-se naquele “grupo da quadr quanto 0 primeiro destaca-se como individuo finalmente 0 anonimato pode tidiana € portanto apreen- ficagdes, que se vdo tornando tuagdo face a face. Em um pélo estio aqueles outros com 0s quais fre- fensamente entro em ago reciproca em si- fuagées face a face, mew “circulo interior”, por seen dizer. No outro polo estio abstragses imente and- nimas, que por sua propria natureza nao podem nunca ser achadas em uma intera¢ao face a face, A estrutura Social a soma dessas tipificagées e dos padrées re- Sorrentes de inleragio estabelecdos por meio delas. Assim sendo, a estrutura € um eleme; i realidade da vida cotidiana. nie esencal a 52 Um ponto ainda deve ser indicado aqui, embora néo possamos desenvolvé-lo. Minhas relagSes com 0s outros no se limitam aos conhecidos e contemporaneos. iono-me também com os predecessores € sucessor ros que me precederam e se seguirio a que sido companheiros passados (meu fal Henry), relaciono-me com meus predecessores mediante ti mas, “meus antepassados em grantes” € is Fundadores”. Meus su- cessores, por motivos compreensiveis, sio maneira ainda mais andnima — os “filhos de meus filhos” ou “as geragdes futuras”. Estas quase completamente ido, a0 paso que as tipificagbes dos predecessores tém ao menos algum con- tetido, embora de natureza grandemente mitica. O_ano- nimato de ambos estes conjuntos de tipificagdes no os impede, porém, de entrarem como elementos na realidade da vida cotidiana, as vezes de maneira muito deci Afinal, posso sacriticar minha vida por lealdade aos Pais Fundadores ou, no mesmo sentido, em favor das geragbes futuras, 3. A LINGUAGEM E 0 CONHECIMENTO NA VIDA COTIDIANA hhomens, como elementos que so de um mundo comum. Estas objetivagSes servem de indices mais ou menos du- s de seus produtores, permitindo que se estendam além da situagdo face a face em que podem ser diretamente apreendidas. Por exemplo, uma atitude subjetiva de célera & diretamente expressa na situagdo face a face por um certo nimero de indices. corpéreos, fisionomia, postura geral do cor- po, movimentos especificos dos’bracos e dos pés, etc. 58. Estes indices estio continuamente ao alcance da vista na situagdo face a face, ¢ esta precisamente a razo pela qu: tuagao étima para ter acesso 4 subjetividade do outro. Os mesmos_ indi capazes de sobreviver a0 presente nitid face a face. A célera, porém, pode ser objetivada por meio de uma arma. Suponhamos que tenha tido uma alteragdo com outro homem, que me dew amplas provas expressivas de raiva contra mim. Esta noite acordo com luma faca enterrada na parede em cima de minha cama. A faca enquanto objeto exprime a ira do meu adversario, Permite-me ter acesso a subjetividade dele, embora eu estivesse dormindo quando ele langou a faca e nunca o tenha vi de quase ter-me atingi- do. Com efeito, se deixar 0 objeto onde esta posso vé-lo de novo na manha seguinte e novamente exprime para mim a ¢6lera do homem que a lancou. Mais ainda, outras pessoas podem vir e olhar a faca, chegando a’ mesma conclusao, Noutras faca em minha parede tornou-se um consti yamente acessivel da rea lidade que pa meu adversario © com outros homens. Presumivelmente esta faca nao foi produzida com 0 propésito exclusive de ser langada em mim. Mas exprime uma intencdo subjetiva de violencia, quer moti- vada pela c6lera quer por consideracées utilitérias, como matar um animal para comé-lo, A faca, enquanto objeto do mundo real, continua a exprimir uma intengdo geral de cometer violencia, 0 que & reconhecivel por qualquer pessoa conhecedora do que € uma arma. Por conseguinte, 4 arma € ao mesmo tempo um produto humano e unia objetivagao da subj A realidade da vida cotidiana nfo € cheia unicamente de objetivas possivel por causa delas. ido por objetos que “procla- de meus semelhantes, em- dade de saber ao ‘certo © que um objeto part “proclamando”, espe- cialmente se foi produzido por homens que ndo conhieci bem, ou mesmo nao conheci de todo, em situagdo face 54 ngbes. subje' bora possa as vezes ter a face. Qualquer etnélogo ou arqueélogo pode facilmente dar testemunho destas dificuldades, mas 0 proprio fato de poder superd-las e reconstruir, partindo de um arte- ti pode ter sido ex! mi do duradouro poder das obj Um caso especial mas decisivamente importante de objetivagao € a significado, isto é a produgdo humana . Sem diivida, todas as ol ago ‘como sinais, mesmo yamente produzidas com esta significados sul Ges so suscepti quando nio foram finadas a_servir como Por exemplo, em vez de langar a faca contra mim (ato que presumivelmente ti- nha por intenggo matar-me, mas que concebivelmente ificar essa_possi- ido um X negro fe com outros homens. Reconhego a intengao que e 0 mesmo acontece com os outros homens, e acabamos de dizer fica claro que ha entre 0 uso instrumental e 0 us0 si ivagdes. © caso especial da magia, em que ha uma (o interessante desses dots usos, néo precisa dde nosso interesse neste moment. Os sinais agrupam-se em um cer 0 mas. Assim, hd sistemas de sinais gesticulatérios, de mo- 55 vimentos corporais padronizados, de varios conjuntos de artefatos materiais, etc. Os sinais e os as de sinais sao objetiva i m da expressao de intengdes subjetivas “aqui . Esta “capacidade de se destacar” das expresses imediatas da sul ide também pertence aos. sinais que requerem a presenga med executar uma danga que sigi coisa completamente diferei sim, intengéo agressiva & le dar by © agora”, enquanto umente destacados desta subjetvidade, posso nio estar de todo zangado ou agres- sivo até este ponto mas simplesmente tomando parte na danga porque me pagam para fazer isso por conta de uma outra pessoa que estd encolerizada. Em outras pa. lavras, a danca pode ser destacada da subjetividade do dangarino, a0 passo que os berros do individuo ndo po. dem. Tanto a danca como o tom desabrido da voz aio manifestagdes de expressividade corporal, @ primeira tem cardter de sinal obj Os “desprendimento”, mas néo podem ser diferenciados fermos do grau em que se podem desprender das situagées face a face. Assim, uma danca & evidentemente menos destacada do que um a nifique a mesma intengio sul A Tinguagem, que pode ser aqui d de sinais vocais, € 0 mais important mano de expressividade vocal, mas s6 podemios comegar a falar de linguagem quando as expressdes vocais tora ram-se capazes de se destacarem dos estados subjetivos imediatos “aqui e agora”. Nao € ainda linguagem se Fosno, grunho, uivo ou assobio, embora es vocais sejam capazes de se tornarem dlida em que se integram em um jetivamente praticavel. As ages ‘a séo mantidas primordialmente pela significagdo ica. A vida cotidiana € sobretudo a vida com a linguagem, e por meio dela, de que participo com meus ies. A compreensio da linguagem € por isso I para minha compreensio da realidade da vida A Tinguagem tem origem na situago face a face, mas pode ser facilmente destacada desta. Isto ndo é somente Porque posso gritar no escuro ou a distanci felefone ou pelo radio ou transmitir um signi Bilistico por meio da escrita (esta const dizer, camento da or assim sma de sinais de segundo grau). O desta iguagem consiste muito mais fundamental- mente em sua capacidade de comunicar icipa desta capacidade tros sistemas de sinais, mas sua idade tornam-no muito mais facilmente destacdvel da situagdo face a face do que qualquer outro (por exemplo, um sistema de gestos). Posso falar de inume- Faveis assuntos que nao esto de modo algum presentes ive assuntos dos quais que pode entéo preservar no tempo e transi $0es seguintes. Na situagio face a face a linguagem possui uma qua- lidade de reciprocidade que a fema de sinais. A cor sinais vocais na conversa pode ser sincronizada de modo sensivel com as intengdes subjetivas em curso dos parti- cipantes da conversa. Falo como penso e 0 mesmo faz locutor na conversa, Amt nossas duas subjetividades, uma aproximacio i jetiva na situacdo face a face que nenhum outro sistema de pode reproduzir. Mais ainda, ougo a mim mesmo 37 os sapepyanajo 9 Sonpiarput ap oyadsox e919 wos sesi90 -uo9 ossod 9 ‘sap & wio9 esoduimy es4y1301q eougnbas ouls ossod ‘oxno op & 9 opseme ap vase oyeiy 0. sopus: ossod woden3uy ep 908 9 syeroduiay ‘sqeisedso sagsuouNp ug rouguadxe seyulu ‘esjaueU ¥\SOq -,eiH0S E WO jauioge,, 19} apod (so.ual sop vyodaye eu wn b ‘ajuouieyexa stew) wn Janbjonb sew na seuade jour 0 eyauese ‘upiod ‘opSeomidy eusou wunsoxd 2 soxyno so exed upyiadxa se siod id) onb wo aque, seu 10 ayutiod ow anb opow ap ‘eaIs uadenduy © ‘sexaered sexno wa jougtiadxa equa op oeseanalqo s0au0} au wadens : sagiped stow assiajaxd 8 owsou ‘sagiseoo sepa Seu eja1i09 epey ep sajuet -op sogiped so ogSesopisuoa wo seAaq ap OyuOL, ep e120} ap seossad woo sea1unuI0D aur sasinb 2s ap soue san ap oly, Mow sod sepeyaauE sesneyed sesn ep ‘ossod O8N ‘sau! oe} opuenb ywaye axeys ep sesB -a1 se sean ossod oFN ‘sagiped snas wo seu e our e310} wa8enBuy y “uur asqos soanis1909 soytayo opuas ~rox0 “wn ‘onuosug “apepianalgo ‘sieus ap ewaISIS WN Opuag “RUPIP epIA EP uWOD Osis op apepireas eu ojuouesteze nas Wisse owsou ears oo “aa91q wa osjuap amos v opnnosip yas anb o ‘sap -epijeas sesno e srajas 9s vied epeSoidua sos w9quiey vssod woBenuy) e eioqug -auapiaa ysodns. estouew Bun ap sosjno wos oyed anb > (seanjny no sojuasasd sagbe ® sojuoiajas ajuouejauip sopeaisulis ap opeiawolse © 9 081) soonpuSerd soanow sod epeuiwop 9 anb “14 9p Opeyso wa eIoUB!asuOD eu ON ~eo1 & opmaiqos as-opunaza4 ‘eM eioupi9jar ens eNuosuD >» wade jenb © wa) woSenfuy, e ‘vows}s9}2e4e9 BISA “aoe e aoe} oRSEMIS EP LIK ISP 38 uafenSuy v opuenb (saoSestpour woo esoquis) epeAsas 2 sexes ius exed wgqure} seu Jo)n291s eu apepranafqns eyuur ear 3 ‘wo8en3uy) ep apepioedes sq -oulsout jou ered a]WOS ze waSensiuy) e anb ayumBasuoa sod as-sazIp apod “epesaqiap opxaijo1 ep ,orsdnusoqu,, @ was 49s assa B sopuodser auoWauE) ~todso ossod 2 “oxyno ojad roxpSueoye usse eus0} 9s anb ‘oduray ousour ot fenuyuod 9 eS!9eU 5-EU0} 198 0} zp tout 40d 398 oudord now svanalgo oF ‘e1Q “49s o1sdoad nour seSue3qe ered opxayjar ap vlaupSixo ¥ uio> epeseduioa ‘20e4 29e} op 498 op earxayjar-gid 9 enunuoa id now uofendu oxno op ,ojuau!dayU09 soYlat,, aL a1qos sajUE oH1p Yo} anb o ‘sesquiay 9 est09 euisom e s9zIp ap wslouEUt ‘esnQ “wh ered ,sieor stew, 498 B essed 0120) osd? 9 wpw tod staapSuedye ajuauenuyuon 2 son 5, a Tingua- uma grande variedade temporal e socialmente facto uma vasta acu- ausentes do “aqui e agora”. mulagdo de experitncias e si no pensamento solitério, lum mundo inteiro pode apresentar-se a mim a qualquer momento. No que diz (0 aS relagdes sociais a lin- ‘orna presente” a mim nao somente os seme- fisicamente ausentes no momento, mas 108 no passado relembrado ou reconstituido, assim jetados como figuras imaginarias no fu- podem ser altamente do- a experiéncias pertencentes a ar cagio e abarcar esferas da re: exemplo, poss integrando-o iana, tornando-a um en- © sonho fica agora dotado de mos da realidade da vida cotidiana em vez ser entendido em termos de sua prépria realidade icular. Os enclaves produzidos por esta transposigio pertencem em certo sentido a ambas as esferas da rea- lidade, Esto “localizados” em uma realidade mas “re~ ferem-se” a outra, Qualquer ivo que abrange assim esfe- lade pode ser definido como um simbolo 60 ea maneira ica pela qual se realiza esta transcen- déncia pode guagem do simbolismo, por conseguinte, a “aqui e agora” da vida cotidiana e a linguagem cleva-se a re- gides que sdo inacessiveis, ndo somente de facto mas experitncia cotidiana. A linguagem entdo, imensos edificios de representagao sim- bolica que parecem elevar-se sobre a realidade da vida antescas presengas de um outro mundo. losofia, a arte e a ciéncia sao os sistemas amente mais importantes deste go- nero. A simples mengao destes temas j4 representa dizer que, apesar do cotidiana que a construgéo desses sistemas requer, podem verdade grande importancia para a rei 3¢ componentes essenciais da rea- © da apreensio pelo senso co- Vivo em um mundo de sinais e intaxe estio engrenadas na organiza¢ao desses campos semanticos. As ara realizar enunciados da agio por dos do ser; modos de graus de Por exemplo, nas linguas que di intimo do formal por meio de pronomes, fu © vous em francés, ou du ¢ Sie marca as coordenadas de um ‘campo ico que poderia cham: intimi dade. Situa-se aqui o mundo do tu 6 derschaft, com uma rica colecéo de significados que me sio continuamente aproveitaveis para a ordenagao de ‘minha experiéncia social. Um campo semantico desta es- pécie também existe, esté claro, para o falante do inglés, embora seja mais lingaisticamente. Ou, para dar outro exemplo, a soma das objetivacdes lingisticas referentes a minha ocupacdo constitui outro campo se- ‘mantico que ordena de maneira significativa todos os acontecimentos de rotina que encontro em meu trabalho diario. Nos campos semanticos assim construidos a ex- perigncia, tanto biogrAfica quanto historica, pode ser ob- jada, conservada e acumulada. A acumulagio, esta laro, € seletiva, pois os campos semanticos determinam aquilo que ser’ retido € 0 que sera “esquecido”, como partes da experiéncia total do in Em virtude desta acumulagio consti cial de con a outra e utilizavel pelo individuo na vida cotidiana. Vivo no mundo do senso comum da vida cotidiana equi- pado com corpos espe conhecimento, e eles sabem que ett sci disso. terago com 0s outros na vida cotidiana & por conse- lui 0 conhecimento Por exemplo, sei que sou pobre, que por conseguinte ndo posso esperar ro elegante. Este conhecimento, esta claro, elo” dos individuos na deles de maneira apropriada. to no & possivel para quem nao pa mento, tal como o estrangeiro, que nio pode abso- jente me reconhecer como pobre talvez porque os ‘omo posso ser pobre se uso sapatos € ndo arego estar passando fome? Sendo a vida cotidiana dominada por motivos prag- miticos, 0 conhecimento receitado, isto & 0 conhecimento tado competéncia pragmatica em desempenhos de rotina, ocupa lugar eminente no acervo social do conhe- cimento. Por exemplo, uso 0 telefone todos os dias para meus propésitos pragmaticos especificos. Sei como fazer isso. Também sei o que fazer se meu telefone no fun- ciona, mas isto néo significa que saiba conserté-lo, sim que sei para quem devo apelar pedindo assisténcia. ‘Meu conhecimento do também uma infor- magdo mais ampl ma de comunicaéo fonica; por exemplo, sei que algumas pessoas tém meros que nao constam do catalogo, que em certas cunstancias especiais posso obter uma ligacdo simulténea com duas pessoas na rede interurbana, que devo contar com a diferenga de tempo se quero falar com alguém pragmaticos presentes eressa saber por que o , No enorme corpo de co- € de engenharia que torna possivel a construcdo dos telefones. Tampouco me interessa os uusos do telefone que esto fora de meus propos a combinagéo com a ins de comunicagao. mai ita do funcionamento das relagdes humanas. Por exemplo, sei para requerer um passaporte. S6 passaporte a0 espera. Nao como meu requerimento € pro- jes do governo, por quem e depois de que trdmites € dada a aprovagao que pie 0 carimbo no documento. Nao estou fazendo um estudo da burocracia passar um periodo de fé- resse nos trabalhos. ocultos do processo de obtenco do passaporte s6 sera desper- tado se deixar de conseguir meu passaporte no. final. de auxilio quando meu telefone est com det lum perito em obtengZo de passaportes, digamos um ad- vogado, ou a pessoa que me representa no Congresso, ou a Unigo Americana das Liberdades Civis. Mutatis ‘mutandis uma grande parte do acervo nhecimento consiste em receitas para atender a proble- mas de rotina. Tipicamente tenho pouco interesse em ir além deste conhecimento pragmaticamente necessario, desde que os problemas possam na verdade ser domina~ dos por este meio. © cabedal social de conhecimento diferencia a reali- dade por graus de familiaridade. Fornece informacio complexa e detalhada referente aqueles setores da vida didria com que tenho freqilentemente de tratar. Fornece uma informagdo muito mais geral e imprecisa sobre se- ores. mais remotos. Assim, meu conheci a propria ocupacao e seu mundo € mui enquanto tenho somente um conhecimento. mui pleto dos mundos do trabalho dos outros. O estoque so- do conhecimento fornece-me além disso os esquemas ipificadores icipais rotinas da vida diana, nio somente as des dos outros, que foram anteriormente ‘ages de todas as espécies de acontecimentos © experiéncias, tanto sociais quanto naturais. Assim, vivo em um mundo jarentes, colegas de trabalho e funciondrios piblicos ‘Neste mundo, por conseguinte, experimento ise relagoes © “pano de fundo” natural ‘ado no acervo de no mau tempo, na estagdo da febre do feno e em situagdes nas quais um cisco entra debaixo de minha pélpebra. “Sei que fazer” com relagao a todos estes outros e a todos esses aconte~ cimentos de minha vida jana. Apresentando-se a elementos descontinuos de meu proprio conhecimento. Em outras palavras, “aquilo que todo mundo sabe" ‘e a mesma légica pode ser aplicada coisas que eu sei. Por exemplo, Sei que meu amigo Henry € inglés e que & sempre muito pontual em chegar aos enc: iodo mundo sabe” que a inglesa, posso agora rar estes dois elementos de cago dotada de idade de meu conhecimento da vida c fa certa por mim e pelos outros até nova ordem, ir um problema que nao pode ser resol- vido nhecimento funciona sa disposto a suspender qualquer divida a respeit ides destacadas da realidade cot contar uma piada no te ja ou empenhar-me vez por em dii- idas “nao so vida alguns elementos para ser levadas a séri de negécios pregador exal reconhecer, em um das as relagées. sociais Regra de Ouro. Tendo rid sido movido e filo- sofado, retorno ao mundo “ dos negécios, reco- nnhego uma vez. mais a légica das mAximas que the dizem respeito e atuo de acordo com elas. Somente quando minhas maximas falham em “cumprir 0 prometido” no mundo em que so destinadas a serem aplicadas, podem provavelmente tornarem-se problematicas para mim “ séri Embora 0 estoque social do conhecimento represente © mundo cot de acordo com zonas de familiaridade e atastamento, deixa opaca a totalidade desse mundo. Noutras pala- vras, a realidade da vida cotidiana sempre aparece como uma zona clara atrés da qual hd um fundo de obscu- tidade. Assim como certas zonas da realidade sii nadas outras permanecem na sombra. Nao posso ci cer tudo que hd para conhecer a respeito desta reali- dade, Mesmo se, por exemplo, sou aparentemente um déspota onipote posso conhecer sucesso de meu despotismo. Sei que minhas ordens so sempre obedecidas, mas ndo posso ter certeza de todas as fases e de todos os go © a execugio de que se passam “po fortiori quando se plexas que as da fami em, por que os déspotas sdo endemicamente nervosos {Mew conhecimento da vida cotidiana tem a qualidade /de um instrumento que abre caminho através de uma “floresta e enquanto faz isso projeta um estreito cone luz sobre aquilo que esta situado logo adiante e imediatamente a0 redor, enquanto em todos. os lados do caminho continua a haver escuridio. Esta imagem é ainda mais adequada, dades nas qu. cendida. Esta po 10 quando nao exaustivamente, dizen- do que a realidade da vida, cotidiana € toldada pela Penumbra de nossos sonhos. H4 sempre coisas Isto € verdade a de relagdes sociais mais com- ‘Meu conhecimento da vida cotidiana estrutura-se em termos de conveniéncias. Meus interesses pragmaticos imediatos determinam algumas destas, enquanto outras inadas por minha situagéo geral na sociedade. sa_que no tem importancia para mim saber como minha mulher se arranja para cozinhar meu ensopado preferido, enquanto este for feito da maneira que me agrada. Nao tem importancia para mim o fato das agées de uma companhia estarem caindo se no possuo tais 66 agbes, ou de que os catdlicos estéo modernizando sua su, OW que & possivel agora voar sem se nao desejo ir 14. Contudo, minhas estruturas de conveniéncias cruzam as estruturas de con- venincias dos outros em muitos pontos, dando em re- sultado termos coisas “interessantes” a dizermos uns aos ‘outros. Um elemento importante de meu conhecimento da vida cotidiana € 0 conhecimento das estruturas que tém importancia para os outros. Assim, “sei o que tenho de melhor a fazer” do que falar a0 meu médico sobre meus problemas de investimentos, ao meu advogado sobre mi- nhas dores causadas por uma iilcera, ou ao meu conta- ei que a “con para mim como homem, que a “‘especula¢do ociosa” € irrelevante para como homem de acao, etc. Finalmente, 0 acervo do conhecimento em 'totalidade tem sua propria . Assim, em termos do estoque ado na sociedade americana nio tem importancia estudar o movimento das estrelas para izer 0 movimento da bolsa de valores, mas tem portancia estudar os ““lapsus linguae” de um para descobrir coisa sobre sua vida sexual, e assim por diante, Inversamente, em outras sociedades a astrologia pode ter considerével importncia para a economia, en- quanto a andlise da para a curiosidade er algum conhecimento que nao partilho com ninguém. Compartilho minha capacidade profissional com os co- legas, mas néo com minha fa , € no posso partilhar 67 iana pode tornar-se alta nte complexa e mesmo confusa pai No somente no possuo 0 conhecimento supostamente exigido para me curar de ja, dentre 5) aquela 0 sobre 0 que me deve curar. Em tais casos no apenas pego o conselho de especia- igo social do conhecimento comega assim com 0 simples fato de ndo conhecer tudo que é conhecido por meus semelhantes, e vice-versa, e culmina em sistemas de_ peri mente complexos do como o estoque lo, pelo menos em suas linhas gerais, € um importante elemento deste pré- prio estoque de conhecimento. Na vida cotidiana sei, a0 menos grosseiramente, 0 que posso esconder de cada pessoa, a quem posso recorrer para pedir 0 nto que se supde serem possuidos por determinados individuos, cy

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