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Capitulo 1 A teoria invisivel Ana Cecilia Carvalho Nada acontece entre analista e cliente, salvo «ques conversam entre si Um psicanalista, como todo profissional que se interessa pelo alivio do softimento emocional daqueles que o procuram, trabalha para conduzir seu paciente para um ponto diferente daquele em que este se achava no ddo processo terapeutico, A razio de ser do oficio do psicanalista —e é para cle étreinado — € ajudar seus pacientes a se livrarem de sofrimen- ‘gnfeentar a realidade, Hoje em dia, rendo a psicandlise mais de um século de exercicio clinico ininterrupto, e desenvolvido um sélido conjunto teérico a partic dessa cexperiéncia acumulada, nfo é surprese nenhuma constatar a enorme in- fluéncia que as idéias psicanaliticas tém no pensamento contemporinco, sa idéias se disseminaram por todo o mundo ¢ atingiram até mesmo sso conhecimenco humano selativamente afastadas da situagao cl ratura € as artes, a sociologia ¢ a antropologia, 2 filosofia ea his- os esses campos mantém constantemente com a psicanlise um muito fecundo, o que mostra como a afetam ¢ como so aferados fazem parte wossa maneita de ver a realidade, Nesse sentido, quando alguém, ajuda psicoteripica, provavelmente o fiz porque suspeita que inte, Desse modo, acredita que o terapeuta ou psicanalista conhece Jesses Fatores e que pode agir sobre eles a partir desse saber. Con- ar aarte de se , €bem isso 0 que faz um psicanalista, pois também o psic lc que sabe dominar a arte de se fuzer dispensdvel, Mas para tend se tornado dispensivel depois de te, 5 ce possa reavaliar seu sofrimento emoci ‘ressivamente prazerosa nas formas narrativas ¢ no posicionamento sul tivo do paciente em relagio & sua historia, resultante da reconsideragao q «0 individuo faz sobre 0 papel do inconsciente em sua vida, é um indica importante de que a escuta psicanalitica esté se processando a pat operadores que constituem a teoria da psican: Isto nos leva a considerar, do ponto de vista tedrico, 0 que € w ca, para que possamos distingui-la das outras propostas te Por outro metodo, Esta definigao foi dada por Freud™, o inventor da psi “nilive, harmais de oito décadas, e, por mais diferentes que sejam as contri- buigées das diversas correntes no campo psicanalitico, todas concord: com esse ponto, pois ele se refere ao eixo psicanalftico central, que éa teoria do inconsciente. Esses_processos psfauicos inconscientes, embora f emocional dos individuos que procuram ajuda, Para analisar esse materiale ver como ele se encontra nos problemas do paciente, aquele que pra excelente exposigio dessus diferengas, vero artigo Psca ro Tempo de muda: ens ivel mais manifesto como o que é apenas aludido, ou até mesmo em um nivel mais latente. O psicanalista v tido, A atencéo dada pelo psicanalista, em sua escuta, a todos esses elemen- tos — inclusive aqueles que nunca foram submetidos a alguma forma de representago psiquica — fornecerd o material com o qual ele fundamen- tart sua ntervengBes, Ess intervengbes sig denominadas, em sua maior ¢s, Além disso, 0. nace produzido ectos mais importantes do trabalho clinico. E,o que permite a0 analisca nhecer 0 lugar onde o paciente o coloca em relagao aos conflitos e dese- jos inconscientes que contém a marca das primeiras relagbes afet ia singular, para que possa ultrapass4-los. Nada disso seria possfvel se, em seu trabalho, o psicanalista néo se jentasse por um conjunto de suposig6es tedricas que servem tanto para tir 0 conhecimento que resulta da sua pritica 1c as intervengSes produzidas pelo psicanalisa scjam pertinentes&his- singular desse st ivel) produzido por uma interpretagio a de sentido, ¢ nfo um fechamento em wima captura uma interpretacio é um instrumento que dé 20 va proceder Aqui ynsciente mencionada anterior- 1 €, 30 mesmo tempo, iluminar a posigéo st ocupada por um namica que existe ios psiquicos que se expressam sob as formas téncia 20 trabalho analitico. Uma interpretagio ¢ feita a partir do mate ‘oduzido pelo paciente na associagio livre e da maneira peculiar com que cle estabelece a transferén 108 aspectos apontam para o papel a teoria do recalea- canilise oferece, afinal, é a oporcunidade para que sejam re-trabalhadas as operagdes psiquicas que, para um determinado sujeito, formaram os caminhos da histéria de seu softimento emocional. Colocan- do-se como um acom analista aposta, desde 0 traf, em seus préprios termos, uma saida cra fa para seu sofrimento, Capitulo 2 Em nome da mae: 0 brado kleiniano Cassandra Pereira Franga Falar de Melanie Klein ¢ Jembrar de uma mulher de personalidade forte, a fundadora da Psicandlise de criangas, aquela que num grande insight desco- brriu que’ brincar das criangas era a via égia deacesso 20 suas brincadeiras, desenhos e histérias fintasiosas podiam ser escurados exatamente como se escutavam as associagées livres dos pacientes adultos, Aquela fi 7 wa crianga se engaje num pro- qual ele props ia prestado, fossem as coisas diferentes.” (Freud, 1909, p. 15) Apesar de Klein sempre ter se considerado uma -ipula do funda dor da Psicandlise, 0 surgimento fulgurante do estilo técnico da Sra. Klein na hist6ria da Psicandlise pode ser cantada breve e metaforicamente através de uma cantiga do folclore brasileiro “Terezinha de Jesus’

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