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Eliane Quelho Frota Rezende Maria Licia Bontorim de Queiroz GEOMETRIA EUCLIDIANA PLANA E CONSTRUGOES GEOMETRICAS IMPRENSA a Af OFICIAL Flows carstocaincs stanoana eta ‘Bivioreca Covrat bs Usresnir , Resende, Bane Quel Fro 1 3398 Geomerriaeuelicians plana ¢ constugtes geometics | Eliane Quetho Froca Rezerde ¢ Mara Lisia Bontorim de Queior Campinas, SP: Ecttora da Uniamp: Sto Paulo, SP: Imprensa Of, 2009, (Colegto Livo-Texto) 1. Geometia eucidiana. 2, Teoria axiomitica Gos conjuntos. 3. Geometry = Probieman exesicos, ete Geometia = Fstudo e ensine. I Title, cpp - $16.22 ISBN: 85-268-0504-5 5162 Tadices pare Catlogo Siteminsn 1. Geometria euclidena $16.22 2 Teoria aniomitica dos eojunios $11,322 3. Grometria = Problemas,enscicios, ela 316.2 44 Geomeuia Estudo'e ensina 316.2 Copyright © by Eultors eu Unicamp, 2000 i Colegio Livro-Texto [Nenhuma parte desta publicsgao pode ser gravad, armazenaa em sistema cletrico,flocopiada,repreduside por ielvs rmecinicos ‘u outros guusquer sem avtorizagio previa do editor. Coordenador-geal (Corton Roverta amari Seccetira excouiva Elisabeth Regina Marchetti Assessor de produsioeditori! Vladomir Jose de Camargo Supervisora de revisto Kania de Aimeida Rossini Supervisors de editoresiocletrnica _ Silvia Helena PC. Goncalves Bditoragto eletrnica Eliane Quelho Frota Revende Maria licia Dontorin de Qucioe . Designer de capa Adaiton Clayton Santos ‘Acompanhamento grifico allson Trista Assessor de informatics Carlos Leonardo Lamers Edita da Unicamp mprensa Oficial do Estado S.A. nest Caixa Postal 6074 Rus da Moca, 1921 (Cade Univestiria~ Barka Geraldo ‘CEP 03103-902 ~ Sto Paulo $P ‘CEP 15083-970 = Campinas ~ SP ~ Brasil Tel: (11) 6099-9446 Fan: (11). 66923803 Tel: (19) 788-1015 ‘ewe mprenssliia om.br ‘Tea: (19) 788-1100 Imprensatieilehimprensofcial. comb woe ediorsuniain br 0800-23401 Capitulo 2 Congruéncia de Triangulos Apresentamos aqui os trés primeiros casos de congruéncia de tridngulos e, como conseqiiéncia, 0 Teorema do Triéngulo Isdsceles, 0 qual constitui também valiosa fer- Tamenta para a resolucdo de varios problemas de construgdes geométricas. Deutre os exereicios, propomos construgdes de triangulos que confirmam os casos de congruéncia ou dao contra-exemplos para os “falsos” casos de congruéncia. Congruéncia Jé vimos em definigdes anteriores que: a) Dois segmentos _sio congruentes se possuem a mesma medida ou compri- mento, 7 . Ae i; ae Ties 7 b) Dois angulos sao congruentes quando possuem a mesma medida. De maneira geral, de um modo intuitivo, duas figuras planas sio congruentes se uma delas puder ser deslocada, sem que sejam modificadas sua forma nem suas medidas, até que passe a coincidir com a outra, Se duas figuras F FP; forem congruentes, isso serd denotado por Fy © Fy Sao congruentes, por exemplo, duas circunferéncias de mesmo raio, ou pares de figuras como abaixo: a eee aC E nao sio congruentes, por exemplo, duas circunferéncias que possuem raios diferentes. Pode-se observar, dessa forma, que a congruéncia entre figuras planas satisfaz as propriedades: reflexiva, simétrica e transitiva. 31 Eliane Q. F. Rezende e Maria Liicia B. Queiroz Neste capitulo, desenvolvemos a teoria de congruéncia entre tringulos Como definido no capitulo anterior, por triangulo entendemos um poligono de trés lados. Um tridngulo ABC, denotado por AABC, tem por elementos os trés vértices, que so 0s pol tos A, B e C; os trés lados, que sao os segmentos AB, BC ¢ CA; e 0s trés dngulos internos, que sio ABC, BCA e CAB. Quant d 1m tridngulo pode ser chamado: (1) triangulo eqiildtero, quando possui os trés lados dois a dois congruentes. (2) tringulo isdsceles, quando possui dois de seus lados congruentes entre si, denominados lados. O terceiro lado é chamado base do triangulo isdsceles. (3) triangulo escaleno, aquele em que quaisquer dois de seus lados tém medidas diferentes. Quanto A medida de seus Angulos min triéngulo pode ser: (1) triangulo retangulo, quando possui um angulo reto. Neste caso, o lado aposto ao Angulo reto é chamado hipotenusa e os outros dois sio chamados catetos. (2) triéngulo acutangulo, quando possui os trés angulos agudos. (8) triéngulo obtusdngulo, quando possui um angulo obtuso. (4) triangulo eqiiiéngulo, quando possui os trés Angulos dois a dois congruentes, A 8 ic A congruéneia entre tridngulos apresenta-se da seguinte forma: 21 Definicio, Dois triangulos sio congruentes se for possivel definir uma cor- respondéncia entre seus vértices de modo que sejam congruentes os pares de lados cor- respondentes e também sejam congruentes os pares de Sngulos correspondentes. Assim, ida a correspondéncia A D,B 4+ Ee C + F entre os triangulos ABC e DEF. AB = FD, dizemos que os dois. triangulos S80 congruentes, 0 que denotamos por AABC © ADEF F A B c D E Para verificarmos a congruéncia entre dois triangulos pela definigéo, seria preciso verificarmos essas seis congruéncias entre seus elementos. Alguns resultados, entretanto, os chamados “casos de congruéncia entre triangulos”, vém contribuir para facilitar 0 nosso trabalho. Geometria Euclidiana Plana e Construgdes Geométricas 33, Os Trés Primeiros Casos de Congruéncia de Triangulos e Conseqiiéncias O primeiro deles 6 aqui apresentado em forma de postulado ¢ os demais, como teoremas, decorrem desse postulado, Postulado 12. Dados dois triangulos ABC e DEF, A 0, 8 cl E F 2.2 ‘Teorema. i(TeoremardovTrisngulonTs6sceles) Erm um tringulo isésceles, os (Sngulos da base so congruentes. Demonstracdo. Consideremos o triangulo isésceles ABC com base BC. Queremos provar que B & €. Para isso, considere- mos a correspondéncia que leva o tridngulo ABC nele mesmo de modo que A ++ A,B C eC + B. Por hipétese obtemos AB = AC e AC & AB e, co- mo 1 = A segue, pelo caso L.A.L de congruéncia de rldngulos, que AABC © AACB. Como conseqiiéncia remos B ¥ C, A reciproca desse teorema, isto é, a afirmacio que diz qu , Esta demonstragio estd proposta no exercicio 2.6. 2.3 Coroldrio. Todo trisngulo eqiildtero possui seus trés Sngulos com a mesma medida 2.4 Definicéo. Uma semi-reta OC € uma bissetriz de um Angulo AOB se C esté no interior de AOB e AOC = BOC. Neste caso, temos mAOC = mBOC = 1 au Eliane Q. F. Rezende e Maria Liicia B. Queiroz A, ° B Escolhamos os pontos Be C, um em cada lado de A, tais que AB = AC. Seja M o ponto médio do BC, que esta no interior de A (veja exercicio 1.9). Pelo Teorema do Triangulo Isésceles aplicado ao tridngulo ACB, obtemos a congruéncia dos angulos ABM e ACM. Pelo caso L.A.L. de congruéncia de de triangulos, obtemos AABM = AACM. Como conseqiiéncia temos BAM © CAM. Portanto AM € bissetriz do BAC. Para mostrarmos a unicidade da bissetrz, suponhamos que uma outra semi-reta AD, seja também uma bissetriz de A, Entéo mBAD = mBAM = gmBac, do que resulta que AD coincide com Ai/, pelo Postulado da Construsio do hae Portanto etriz de Al AM 6 a tnica 2.7 Teorema. ((29iGassldelGongrucncia de DHangulos oul Casa) AMDVAN)/Dados dois triangulos ABC e DEF, se A= D, AB ~ DE e B ™ EB, entao os triangulos sio congruentes. Demonstragao. Consideremos os tringulos ABC e DEF, satisfazendo as hipsteses do teorema. | | | | Geometria Euclidiana Plana ¢ Coustrugées Geométricas A Seja F’ um ponto da semi-reta DF tal que DF" = AC. Comparemos os triangulos ABC e DEF”. Como AB & DE, A= De AC = DF, segue que eles s L.A.L, Portanto ABC © DEF". congruentes, pelo caso do Angulo, EF e BF coincidem. — ‘Portanto-P eF" soo mesmo ponto(veja Teorema 1.2) e temos MABC * ADEF 2.8 Teorema, (82 Caso de Congruéncia de Triangulos ou Caso LLL.) Se Demonstragao. Consideremos os triangulos ABC e DEF tais que AB = DB, BC = EF e CA™ FD. No semiplano determinado por BC e que ‘nao contém o ponto A, consideremos uma semi-reta de origem B formando com BC um angulo congruente a0 DEF. Bs- colhamos sobre ela um ponto D’ tal que BD’ = DE. Pelo caso L.A.L., obtemos AD'BC = ADEF. Vamos mostrar agora que AABC © AD'BC. ja H 0 ponto em que AD’ corta BC. Vamos supor primeiro que H esté entre B e C, como na figura anterior. 36 Bliane Q. F. Rezende e Maria Lricia B. Queiroz Pelo Teorema do Tridngulo Isésceles aplicado aos tridngulos BD’A e CAD’ respec- tivamente, obtemos BAD! & BD'A e CAD! = CDA Utilizando 0 Postulado da Adigéo de Angulos, obtemos mBAC = mBAD! + mDVAC = mBD'A + mADIC = mBD'C Daf, pelo caso L.A.L, segue que ABC ¥ AD'BC No caso em que B esté entre He C como na figura que segue, ¢ demonstrado analogamente que AD'BC * ADEF e que AABC © AD'BC. A Em ambos os casos, por transitividade, obtemos AABC = ADEF. ‘Analisemos agora o caso em que H = B, isto é, A, B e D’ sao colineares. A D, Neste caso, A & BD, pelo Teorema do Tridngulo Isésceles, e, por transitividade, AD. Novamente, pelo caso L.A.L e por transitividade, obtemos AABC ¥ ADEF. Os outros dois casos, H = C ou B— C — H, so exatamente andlogos aos casos anteriores. 2.9 Teorema. Por um ponto de uma reta dada passa uma dnica reta perpendicular a essa reta. Geometria Euclidiana Plana e Construgdes Geométricas Demonstragio. Consideremos a reta re 0 ponto P pertencente ar Seja Hum dos semiplanos que contém r como origem, e seja X um ponto de r distinto de P. Pelo Postulado da Construcio do Angulo, existe um ponto Y em tal que XPY 6 um angulo reto. Seja m a reta PY. Entio m 1 re, assim, temos demonstrado que existe pelo menos uta reta que satisfaz as condigdes do teorema. Para mostrarmos a unicidade, suponltamos que existam duas retas, m, ¢ ma, pas- sando pelo ponto P e perpendiculares ar, e contendo respectivamente os pontos ¥; e ¥} ambos pertencentes a H. As retas m; e m, contém respectivamente as semi-retas PY, e PYs, que esto no mesmo semiplano 1 que tem r como origem. Pela definigio de retas perpendiculares, =.90. De modo andlogo, mX PY: = 90. Isto contradiz o Postulado da Cons- trugdo do Angulo que diz que existe somente uma semi-reta PY com Y em H, tal que mXPY = 90. Portanto temos uma tinica reta pasando por P e perpendicular a r 2.10 Definigio. A mediatriz de um segmento é a reta perpendicular ao segmento € que contém seu ponto médio. Todo segmento tem exatamente um ponto médio, ¢ pelo ponto médio passa, exatamente uma reta perpendicular. Assim, a mediatria € tnica, 2.11 Teorema. _A mediatriz de um segmento € 0. das extremidades do segmento. into dos pontos que eduidistam Demonstragao. Soja AB um segmento com ponto médio M. Seja m a mediatriz de AB e seja P um ponto pertencente a m. Se P esté em AB, entaéo P = M e portanto PA = PB, pela definigio de ponto médio. 38 Eliane Q. F. Rezende e Maria Lucia B. Queiroz Se P nao esta no AB, entao temos PM = PM, MA= MBe PMA= PMB pela hipdtese. Pelo Postulado L.A.L., temos APMA © APMB. Portanto PA = PB. Nos dois casos obtemos que P é eqiiidistante dos pontos A e B. Agora, seja P um ponto eqiiidistante dos pontos A e B. Se P esté em AB, entio P coincide com o ponto médio M de AB, e, portanto, P esta em m. Consideremos agora o caso em que P nao pertence a AB. | Pp Seja m' = PA. Como PM = PM, MA = MB e PA = PB, pelo caso LLL. temos APMA © APAB. Portanto mPMA = mPMB = 90, e, pela Definigao 1.23, m' é perpendicular a AB. Pela unicidade da mediatriz temos m = m' e, portanto, P esté em m. 2.12 Definicio. so um vértice do Uma mediana de um triangulo é um segmento cujas extremidades iBulo € 0 ponto médio do lado oposto, 2.13 Teorema. ingulo isésceles ABC com base BC, a mediana desde 0 fe com a bissetriz do triangulo correspondente ao angulo A Deixamos como exercicio a demoustragao deste teorema. Nota Histérica. O Teorema do Tridngulo Isdsceles e o exercicio 2.3 equivalem & Proposigao 5 do Livro I dos Elementos de Euclides que di: “Os éngulos da base dos tridngulos isdsceles sao iguais entre si, e se as retas iguais sao prolongadas, os Gngulos sob a base sdo iguais entre si.” Em geral, ela recebe o nome de Pons asinorum, expressio latina que significa “ponte de asnos”. Alguns supdem que esta expressio tenha surgido na idade média, quando a re- feréncia padrao da época era um trabalho de Boécio (475-524), 0 qual consistia de um pouco de Aritmética ¢ do enunciado de algumas proposigdes de Euclides. A tinica proposigio demonstrada era a Proposicio 5 do Livro I, que representaria, portanto, Geometria Euclidiana Plana e Construges Geomeétricas 39 uma espécie de ponto culminante da geometria demonstrativa da época. Supde-se que a expresso “pons asinorum”f acia ao fato de que aqueles que nao cruza- vam essa ponte eram tolos; ou que ela significasse que aqueles que paravam nesse ponto da geometria eram como asnos que se recusavam a atravessar uma ponte; ou, ainda, a expressio acima pode ter aparecido por causa da semelhanca da figura existente na Proposigio 5 que consta do Livro I dos Blementos de Buclides, com uma ponte de cavaletes, que 56 pode ser atravessada por um animal que nao pisa em falso como 0 asno, Dessa forma, s6 um estudante que nao pisasse em falso conseguiria ir além desse ponto em geometria. A descoberta dessa Proposigio 5, Livro I de Euclides, é atribuida a Tales (600 a.C.). Além da demonstragao devida a Buclides, ha duas outras dadas por Proclus (410-485), uma delas atribuida a Papus (sec. IV). Em uma prova aparentemente devida a Papus, supde-se que o tridngulo seja erguido, que vire do avesso e volte sobre si mesmo. Existiram alguns comentarios com respeito & demonstragio: De Euclides: “Seguramente isto um contra-senso total e lembra a histéria do ho- mem que desceu pela propria garganta para merecer um lugar num tratado estritamente filosético” De Minos: “Supondo que seus defensores diriam que é concebida para deixar uma pista de si mesma atrds de si, ¢ que o tridngulo ao avesso assentaré numa pista assim deixada”. Texto extrafdo do artigo de Donald L. Somers que consta em [11 e uma referi Exercicios 2.1, Verifique qui a) A relagéo de congruéncia entre segmentos de reta satisfaz as propriedades: reflexiva, simétrica e transitiva. b) © mesmo para a relagdo de congruéncia entre tridngulos Demonstre que, se dois segmentos AH e RB se bisseccionam no ponto F, entao AFAB = AFHR. 2.3. Na figura ao lado, temos AB © Mostre que DBC

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