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REVISTA , BRASILEIRA 206 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 mundo do crime olhando para suas causas sociais seré mais efetiva”. (Vivian Stern, A Sin Against the Future, p. 289) 3. Agir na “boca do funif” Como conetui Levitt em um de seus artigos, mesmo se’ avaliarmos 0 eeane ogo em massa como ees, sso néo diminui a importincia de “dens Saree dongiragueles fates que jazem na fonte do comportarnento criminal Uticar cdciramente factivel a prevengdo e reablitao serdio provavelmente Seclevels wo encarceramenio de longo prazo, tanto na perspectiva do custo Ponefioie quanto na huranitéria” (Levit, 1996) ‘Ease € 0 porto em gue a teoti do prison work fal, ponto especialmente immtante para patsesextremamente desiguais equ passam por momentos coo: important Pact Pemno o Brasil. A faba esté na premissa de que o muimero Je aoe eieMinito e identficdvel, de tal forma que, uma vez trancafiados, as cries inalidade automaticamentecairam, (Vivian Stem. Op. cit.) O pre texas de ef rygue a quantidade de criminosos 80 éfinta pos ocximinoso no a eMmua tipo biogico espectioo de individuo. A quantidade do eriminosos «aor Pe tos fatores, com os ciclos da economia, com as taxas de desempre- Urge nanizagao,tendéncias cemogrificas, niveis de desiguaade soci ¢ soe ee eerie’ O iimero de “oriminosos em potencial” produces por uma aaa gue induz ao crime, comyoa brasileira, ¢ sempre superior Acapacidade seraarea do sistema criminal. E o problema que o ex-comandante da policis aoa fina ama vez como cenaugar o cho com a omnia abet Pannae Go ango da metfora inital, «bocado funilé sempre maior do que a ponte. = Kancande Maisento, mesrno que eficez do ponto de vista custo-beneficio para Oncaea elounda reincidénci, s6 concebe a prevengio limitadamente, 40. cr vista da intmidago, ue como vimis nem sempre funciona conte ne invés de confiar excessivaminteno sistema criminal e no efit simbslico dt reinfara cedar substanciaimete 0 crime, como sugerem vies enimindloges 191 Pa cotmos construire sciedade que seja menos dsigul, com mene | readdess menos insepur, menos desruptive dos Iagos familiares © comune: Pras aa dos valores cooperaivos" Os resultados no podem ser pediog sae) iag ax providencas nese sentido sim, Enguanto isso, a0 inves de may Fra Caden todo ipo de delingionte, por fongos perfodos © por qual er para reco eservala, como pretender os adeptos do dieito penal min raotas pats aqueles que representa realmente un petigo para a sociedad. : - 6, POLICIA E DIREITO 6.1 LETALIDADE DA ACAO POLICIAL NO RIO DE JANEIRO: A atuacdo da Justiga Militar f IGNACIO CANO, e JOSE CARLOS FRAGOSO SUNARIO: | Iotodugdo o ateod MARIO: « antecedetes~ 2. Objeivos e metodotogia — 5 Ss pis eco Rel Rear ea 2 ‘iteram processon; 43 Consideragdes sobre 0 proce: dine 31 nent nl Sita ‘ow Averguagion 43.2 © edie de autament don promt me de igueto nz gp, cn all 0A tam. aol Sa Sosa poll no mono do inc noi ano de 1394 te ffi eu wa anda de pos lies Lar gee gmc bas no re ok yd de sear a Ba de en Norv Teng Tuc boda 3 de feo de 195, com roto dum mo, 44.4 Peele i cro Sapo di I de vec de 1995 ma Avenida Bras abe salon na more de it pein as Feseguio now alts de as am ao on 18 de aie a 195, esto om Sesalane motto 5. Consustes. “nuinente Site ¢ cm supovo Resamet O petete ago spresenta 0 read teal Lega do Ro de net om 0 bye de lias ess prot pls isomer poi mg x, Ossi xpi ams dada seano Fro tomte dR Mieco Avo Jando oedema ctw {eto Come em nema, pet ett cag en {Gepaie. Vinazado eran goascepanm conch deques sia Mitr or clinet qu posi ter Cone 0 wo datnexmas FP Pe Pots mitines | | Palavras-chave: Justiga Militar — pektreeychve Doig Mir — Poll mir ~ nite pil mii Vneia O presente trabalho & va 208 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 Comissées de Direitos Humanos e de Seguranga Pdbica, para analisar as mortes produzidas pelas intervengSes da policia no Rio de Janeiro. A pesquisa fot real Zada por uma equipe do ISER com a colaboracio permanente da Comissio de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa. Foi financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) dentro do projeto inttulado “Magni- tude e Custos da Violencia na América Latina” ¢ contou com 0 apoio da empresa Kerox e da propria Asserableia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. 4 parte édico-legal foi desenvolvida em colaboragio com o professor Nelson Massini, médico legista Cestudo abrangeu todos os episdios de intervengSes policiais que resultaram ‘em mortes ou ferimentos de civis por arma de fogo entre janeiro de 1993 ¢ julho de 1996 no municfpio do Rio de Janeiro, tal como eram relatados nos Registros de Ocorséncia (R.O.s) da Policia Civil. Foram contemplados os casos referentes a policiais militares, policiis civis, e qualquer outro tipo de agente contratado pelo Estado que exercesse fungdes de seguranga publica. Os resultados princi- pais das andlises referentes i lelalidade das intervengSes, ao perfil das vitimas, & Informagdo médico forense sobre os cadéveres, e 2s caracteristicas dos confron- tos foram divulgados ¢ publicados no final de 1997." © resumo das conclusGes fandamentais apontou os seguintes elementos: 4) Os dados oficiais nfo codificam nem contabilizam o nimero de mortos ou foridos nas intervengSes da polica, tratando estas vitimes como uma mera. externalidade ao trabalho policial. & urgente portanto a implementagio de um Sistema de registro que permita monitorar estes cifras ao longo do tempo. 'b) A policia do Rio de Janeiro causa um atissimo niimero de vitimas nas suas intervengdes. Num ano, apolfcia mata na cidade do Rio um nlimero aproximada: rnente igual de pessoas ao de todas as forgas policiais dos Estados Unidos juntas: ©) Existem diversos indicadores do uso excessivo da forga letal por parte di policia na cidade. Entre eles, o nero de opositores mortos em supostos confon= tos é mais de dez vezes superior ao nimero de policiais mortos. A proporedo hhomicidios dotosos acontesidos na cidade devidos & ago da policia é superior 10% do total. Ainda mais importante, o indice de letaidade (imero de mo dividido pelo nimero de feridos ocasionadios nestes confrontos) mostra que aS Hicia causa muito mais vitimas letais do que feridos, revelando uma intengio 2 pressa de matar em muitos casos ao invés de imobilizar ou prender os oponent 4) Desde aentrada em vigor da politica des premiagées ¢ promogées por br rae outtas politicas afins, 0 nimero de mortos decorrentes das intervened policiais dobrou, passando de 16 a32 por més, Ainda mais revelador, 0 indiced [etalidade também dobrou passando de 1,7 para 3,5 mortos por cada ferido, 0 porle ser interpretado no sentido de que a policia mostrou um interesse crescel fem matar opositores em vez. de conté-Ios ou prendé-los. O aumento das vf foi especialmente notSrio no nono Batalhao da PM, depois de passar a ser chit ddo por um corone! fortemente identfieado com estas politcas. CANO, Ignacio. Letalidade da apo policial no Rio de Janeiro. 1SER. 199% 6, POLICIA B DIREITO 209 €) A grande maioria destes supostos confrontos (83%) nila conta com teste ofa vis pens um quarto ds Repstos de Osonecia (26%) mension a pericia do local, que & preceptiva em todos os casos com morte. A maioria dos mortos ¢ levada ao hospital pela policia, desfazendo assim a possibilidade de efetuar a pefca. Do total de casos em que armas devetiam ter sido apreendidas ios opositores feridos ou mortos, um do cada quatro no relata apresns30 de armas no registro de ocorrénca, Nao foj encontracanenhuma perfcia de resiGuos de pélvora nas mis das vitimas. Esta andlise residuogréticaajudaria a determi tmts ima esas amen ened m content ama ‘A informago médico-forense contida nas necropsias do Instituto Legal, analsadgemcolaboragto com oprofessr Nelen Massa medce aga, confitmou 0 uso excessivo da forge letal e apontou fortes indicios de existéncia de execugées sumarias. Um total de 46,5% dos cadaveres apresentavam quatro cou mais orificios de entrada de bala, com uma méila global de 426 perfuragoes por adver, sendo que um ou dots impacts soem geral suficientes para imobi- lizar a uma pessoa, Os disparos aingiam majortariamente des vit: 61,5% dos mortos presenta plo menos um dispar nacabeca. Po outa pat, 65% Jas vitimas morais tinham recebido pelo menos um disparo pelas costa, reve- lando que muitos dees estariam fugindo em ver de conftontando a poli, © = _sinal mais claro de execugio sdo os disparos a curta distincia. Encontram-se registros de 40 cadéveres com perfurap6es cujas bordas mostravam esfumaga, mento tauagem ou queimadur, ou set, foram produto de dsparos eetuados queima-zoupn, Por tltimo, 222 viimas'mortss (32% do total) apresentavam less nfo relacionadas com as projéeis de arma de fogo, Segundo aavaliagao lo professor Massini, mesmo que isto possa acontecer em algum episédiovde onfronto,o alto numero de casos com este ipo de lesbes revela que algumas das ‘ilimas deveriam estar dominadas antes de serem executadas. } <2) 0 estado do Rio de Janeiro promoveu policiais pela sua participagio em = tios destes controntos. A maioria das vit > m 3s vitimas mortas destes casos registrava disparos pelas costs e alguns apresentavam inclusive disparos 4 quelma-roupa, © que nio impediu o estado de promové-tos. -Apés estudar os resultados dos document: G25 epics, dforesindicios de execugao na dosimentagao meen fre se ena aren amen Putidade dos crimes cometidos i fs Bem mes comets por otc, tomando-s assim impossvel a CRIMINALS = 30 210 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS KobrigatGria aabertura de inquétito nos casos de homicfdio, doloso ou culposo, | ¢ de lestes graves, Nos casos de lesdes leves, a lei requer, desde dezembro de 1995, representagio da vitima para a abertura de inqueétito; antes dessa data, a aibertura era obrigatéria. Em conseqiéncia, deve existir um inquérito para todos os episédios que dcasionaram vitimas fatais ¢ para a grande maioria dos que resultaramem ferimentos. ‘Na auséneia de informapio adicional sobre os casos especfficas em que existiamn suspeitas de execugdes sumirias, além da oferecida pela polcia e pelo IML, e na Conseiéncia da extrema dificuldade para se obier esta informagio de forma inde~ pendente (falta de recursos para investigar cada caso, risco envolvido na procura esta informagao, medo de parentes ¢testemunhas para declarar et.) esta-nos a possibildade de analisaro conjunto dos casas pesquisados através da documenta- 0 oficial coletada e tentarestabelecer conclusées sobre este conjunt. ‘Neste conitio, optou-se por estudar os inquéritos da Justiga Militar, por vévias ranbes, Em primoire lugar, a maioria dos casos registrados corresponde a agbes da polieia militar (quase 80% do total) que sio julgadas pela Justica Militar. Uma Inodificagio legal impos posteriormente que os homicidios dolosos cometidos = por policiais militares em scrvigo sejam atualmente compettncia da Tustiga Co- rum, mas no perfodo considerado todos 0s crimes cometidos por policiais mil tares no decorrer da sua fungdo exam julgados pela Justiga Militar, [Em segundo lugar, a Justiga Militar processa uma quantidade de informagio obviamente muito menor de que a Justica Comum, razdo pela qual a busca de Jnformagio é mais fcil na primeira do que na segunda. Com efeito, os indiciados. | ros inguétitos da Justiga Militar esto todos registrados num Gnicoliveo tombo — na Auditoria de Justiga Militar. Consideraindo enti a grande proporgo de casos correspondentes & Justiga ‘Militar, a maior facilidade na procura da informagao e a limitaglo de recursos disponiveis para a continuacio da pesquisa, foi decidido analisar exclusivamen- te os inquéritos na Justiga Militar. Isto implica que os episdios relativos a poti- Ciais civis ou a outtos tipos de agente de seguranga piblica ficam automatica- ‘mente fora do aleance da presente pesquisa. 2 (© mecanismo de busca da informagio & complicado ¢ demorado. A raiz do. problema é a inexisténcia de qualquer nimero de registro comum que permite, Bcompanhar um caso de uma administrag3o a outta, Este é um dos principals — Obstaculos a realizagao de qualquer pesquisa ou avaliagdo que considere o siste= mma de seguranga piiblica como um todo, Por exemplo, o Registro de Ocorréncit. = fica individualizado pelo seu nimero de registro, ano e delegacia, enquanto © audo cadavérico possui seu prdprio niimero de laudo ¢ ano. O tinico elo entre ‘ambos os registros é a guia de remocZo de cadver que ¢ expedida pela delegaci de policia mas nfo guarda relagdo com o registro de ocorréncia. Da mesina forms ‘8 inquéritos na justiga possuem o seu némero de inquérito, que por sua vex esti relacionads com o registro de ocorréncia ‘Aunidade bisica de registro e andlise da pesquisa foi o Registro de Ocorréne dda policia civil, mas este ndmero niio servia para encontrar o inquérito na justigl pelas razSes anteriormente citadas. Para efetuar a conexio entre Registro de OcoF __tém sobre os inguéritos que continvam em andar 6 POLICIA DIREITO au r€ncin e inquétito teria sido preciso uma busca: ‘engin nau ido preciso uma busca demoraca e dificil nos cartérios de O livro tambo da Auditoria de Just litoria de Tustiga Militar contém, como jé foi indicado, os nomes de todos os indiciados ou réus, ordenados alfa eee beticamente apenas pola Brim eta do nome, Existe um io diferente para cada prfosssprouneas eum ano, Na época de referencia, o inquest! er ogisteado no Aaaitoria quando era remiido pelo prorotor com pedo de argue ou cferecimerto de dninoi Postmen, antares er fs a 00 ne cande ores do erento, Depa do rgemata, os enciniss arbén anata & mio mmero de maze em auto ingusto ou 0 proceso ae ee 29 Arquivo Judicidrio. O banco de dados da pesquisa tnvolvids nov epson que resem om more fonbcate de cee olds ns te5¢ feimentos de civis por sem de fogoEm conseqtencia, proce sea procurar os Homes dos police ceuenos como pangs a0 in sea ee seed tro ie a dra rio aterm ‘autora iter 9 tan decaaaala poss wo Heder ae es asa ex ngs Se gut eka ie Bini ge ie Suctompa orem qurcegronancanraimenteatne ee bs pemonts ds hepa ao soma ews pe a feta, por, seers penis sc om Sn Spas an sav uta pen aero ne ext do nome, ano LO sen ee tno, pe earns dpe ese adenosine a pol a aparece en yori, rns dco pel el e surado, Como no existe nenhuma informacio de identificago do caso no ro tomta aon made Sucre aero ee taro propo etioc Sf oinpicanepecange is hana fpenas para poder selecionar os easos de interesse, Em quarto lugar, 0 Iivro Smostcotem ivomagto sobs somo shar som aide escasioaee, ‘elo monendo omineio demeoco anaes Oaseearrenae es rpms cnn no Argos sine er rane Shek aoa aa bul loeaizagto dees era muito diel eve de ser deseareos Ox eros ibenamiantntsce acon cme sero ‘fio também perdidos. Forse trata da Tustiga Milter, quando falarmos de inquésitoestaremos fezendo cia, salvo aviso em coniirio, sos Inquéritos Policiais Militares PMS). 2 © Exist outro fio wombo na Central de Inquéritos da Auitoria que registrava os ine nda em envy ena Quando opoicial ea simples estemunha ou pantonista que epistava os Rosa, pcm papa dos mesos, hoe cid rahe Gedo ceo os i primeios meses de 1983, que apeciam num liv eierent. 212 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 ste ponto anterior ¢ de fundamental importincia, pois significa que s6 seré possivel encontrar os casos correspondentes a: inquéritos que foram arquivados, pois o ministétio pablico ndo ofereceu denncia contra ninguém, e portanto nao viraram processos; }) inguéritos que viraram processos depois de que o ministério pubblico ofere- cesse uma dentncia e foram julgados, estando o processo arquivado junto com © inqueérito. [Em suma, © provedimento seguide foi o seguimte. Uma equipe de trés pessoas procurou os nomes dos policiais militares no livro tomo do ano correspondente 405 fatos enos livros dos anos seguintes. Para os nomes que foram encontrados, foi ‘verificado se o listo registrava a locaizagto do inguérito ou do processo no Arqui- vo Judiciério, Nos casos em que isto acontecia, aparecia do lado o némero do maco. Depois de ter acabado a revisio dos livtos tombos dos anos 1993 (desde 25 de ‘margo),* 1994, 1995 e 1996 na Auditoria Militar, a equipe procurou no Arquivo Judivirio os casos cuja localizagio aparecia no ivro tombo, No arquivo, a leitura 4os inquéritos ou processos individuals permitia comprovar se tratava-se do caso realmente procurado ou de outros fatos imputados ao mesmo policial, Nesta busca, apareccu um total de 50 casos adicionats que ndo tinham sido registrados na pes- Qquisa original baseada nos R.O.s, mas que entravam na dofinigdo dos casos de interesse: intervengdes policiais que resultavam em civis feridos ou mortos por arma de fogo. Estes novos casos nfo foram includes nesta fase da pesquisa, que foi feita exclusivamente sobre o conjunto de epis6ios levantados na fase anterior, « {que tomou os R.O:s como fonte bésica. No entanto, a aparigdo destes novos casos é mais. policial obtidos pela pesquisa constituem na realidade uma subestimagio das fias reais. O niimero verdadeiro de mortese ferimentos por intervencdo policial § sem diivids, maior do que o nimero contabilizado, Quando era confirmado que 0 caso procurado tinha sido de fato encontrado, 08 pesquisadores liam o inquérito e, quando existia dentncia,o processo, e preenchiam tuma ficha extraindo a informagdo fundamental. Além disso, para cada caso eri. 4 fotocopiado 0 documento final: aresolugo de arquivamento do juz, se nfo houve denineia, ou a sentenga nos casos em que houve dentincia. Em algumas ocasives. ‘6s laudos cadavéricos que néo tinham sido encontrados na busca inicial no IME ‘ambém foram copiados. O trabalho de campo foi realizado no timo timeste 8 1997 e nos primeiras meses de 1998. A busca e confirmagio posterior de alguss casos especificos ficou prejudicada pela inundagio etraslado do Arquivo Judicid: So. A data do trabalho de campo é especialmente relevante porque € possivel que {ngueritos que estavam em andamento na época tenham sido posteriormente arquic ‘Vadose porantoregistratos no livo ombo. Bm conseqiénca, os dads coletads tefletem a situagio conereta dos livros na época da busca. © 0 period de janeiro a 24 de margo de 1993 estava nam outeo tivo junto a 199 Este livo no foi revisado porque a possibiidade de um caso acontecido nestes meses ter sido registcado neste mesmo perfodo & extremamente baixa ‘elemento para sublinhar que 0s totzis de mortos e feridos por intervengio = _LrPossbilidade de localiz ‘e280 das pequenas variagdes ou erros na escrita dos nomes, Se 6. POLICIA B DIREITO 213 qo rr ee lo a Dare, ct IS em andamento nao poderiam ser locali 7 sos ansea aeons Portanto, a expectativa era encontrar um Posano, expe trar uma proporgzo ainda menor de casos entre 3. Casos pesquisados ¢ coletados Os 1.194 episédios re istrados originalmente se distribue1 segs eis feistrados originalmente se dstibuem da segunte forma ‘de serem contemplados nesta segunda fase da pesquisa. Tab Tipo de Caso T ‘Némero_ % Gaor ge iocvohenaPaiGanme fr ta [isos que esolvem a PM mas sem poi | ° tare rgiedon & 14 [Casos com policiais militares registrados 895 750 | Tora : a vise | eae] Em sum ny quate 18% dos casos mo se enquadram nesta pesqui Sfeom a plcss militares, Exist anda una ptt 7h devine carcnca mes dos policiais envolvidos. Restar jue COF hie the dst sed psa nt iar cer "pois da busca no livro tombo da Auditoria seguid: 2 itor seguida pea pesquisa no Areui to 301 casos foram cacontaos do cal de 895 procundon, 9 ae pst ss {eremagem de 33.6% Bm cota palave um docada es cscs povuraos {tjondo, Eta una proporgo buna mas no supeendont daa acl {ales envoivdae ne localizaga don documentos anerrmonte docs. Ape {da proporgto ser aixa,o nimero de 301 ¢ sulcientemente alo partes, - £2t conclusées confidveis sob cons id Fe © conjunto de casos, desde que nio existe ne~ aut ¥iés importante na selecto dos mesmos que determine um perfil diferoncial los inp sts colctacos, Fm prinetpio, as causas mais importantes que determinam a Ar 0S C&80S Parecem possuit um carster aleatSrio, como 24 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 De ug oma vos cnaninaalgumescartrits doe csocencon ae a a Se pesca irra Ev into iar sxamiumn sf cunpiée pei de ues ens dos mas casos dos primeros anos, que os casos em andamento io p ee ‘abeta 2 eGao | ANG. Total ee | 1993 1994 1995 1996 aT or a a a ‘i 621% 610% 59,6% 85,6% & le Is ‘St 82 131 30 faseserconmos | Srom_| arom | anes | nase | Sr Toa a 100% | moos | imos | mos EE ee ne 6 POLICIA = DIREITO 215 ‘A, (abela mostra que a taxa de localizagdo dos casos que envolvem feridos SAus-Se aoredor de 20%, tanto paraos feridosacidentais quanto para os opositence 44 & proporcio de cas0s com opositores mortos sabe para quace 44%, Onin Gegines com morta acidentas é pequeiio demas para poder realizar qualoce inferéncia precisa, Estes resultados reforgam a possibilidade de que aves np {PB aberto inquérito em todos os casos mm que tenham existido apenas fermcarns Um ponto positive é que a proporgio de casos encontrados & mator entre os cose To, Manes: agueles que envolvem mortes, superando a taxa de localizagse oe 40%, Nio existe, em principio, nenhuma evidéncia para suspeitar de uin ves os tipo de caso encontrado em relaglo aos nao localizados, O seguinte passo 6 comparar os casos encontrados ¢ nao encontr 408 indicios de uso excessivo da forga letal e de execugdes, Tabelag radios quanto iid De agony as esa cu ae te fest eect ae atic Span ‘continuar esperando para coletar estes casos. : | 9s disparos de armas de fogo e, especialmente, aexistenciad ‘oupa, Estes slo 0s indicios mi COMPIRNGIO DE CASOS ENCON TADOST NAO ENCONTRADOS SEGUNDO INDICADORES Di USD ENCEING Be FOR Médiede | Propoiode | Poponods Oifciosde | cattreescom | Cadlecescom Entedopor | Dipmespee | Cqasremsen cade Cone Cis Casos no encontrados: 413, I 66.5% 52.2% canna 135 — coe ea oe aa As diferengas entre os casos encontrados ¢ dois primeiros indicadores e nao sao estatisticam: ode vitimas mortais com disparos na cabega ¢ encontrados, mas a diferenga no chega a ser estat For ultimo, a comparagdo relatva & existéncia de lesbes néo relacionadas com | le disparos & queima- | as fortes do execugoes suri | cencontrados so mfnimas nos lente significativas.” A propor nnenhuma é superior nos casos tisticamente significativa, Tabela3 : PROPORGAO DE CASOS ENCONTRADOS SEGUNDO TIPO DE ViriMas ‘Casoseom | Casoscom ]Casoscom | Casoscom pestores | oposiores | fendos | menos Ferdos | moos | acidenis | acidentis SE Py 101 ‘i esornioenometos | 200 we | the | in 7 2 | Sessennes | oon | aoe | ioze | sm r 7 569 12s 21 Elais Soa 0% 100,0% 100.0% 100,0% Tabelas | ‘COMPARAGHO DE CASOS ENCOMTRADOS E WO ENCONTRADOS I SEGUNDO INDICADORES DE USO EXCESSIVO DA FOREA Lee i) | Existénciade Disparos2 |” BxisténciadeLesGesnto | | ‘Guim oupa teaivasadisperos \ Mi Sin Rio Sim i estos no encotraios | ~P an iss 90 f Sos | soow | sere | $75 | Caotanconaaas 106 a itt o : 43% | dow | se | Sam { HS cf 3 i \ L woe | com | tow | too% - Com um nivel de signiicagao de alp 216 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 'A tabela mostra que a proporgo de casos com disparos & queima-roupae com lesdes diferentes das causadas pela arma de fogo so aproximadamente iguais para 0s casos encontrados ¢ para os nao localizados. ‘Em suma, nfo encontramos evidéncia de vieses no perfil dos casos encontra~ «dos em comparacdo com o total A tnica diferonga clara 6 que 0s casos encontra- tdos correspondem em maior proporgao a vitimas fatas, tratando-se portanto de casos de especial gravidade pelas suas consequéncias. Em segundo lugar, os ‘asos encontrados tendem a apresentar uma proporgao de cadéveres com disparos ha cabeca algo superior aos casos perdidos. Em conseqtiéncia, podemos razoa- velmente fazer inferéncias sobre 0 total de casos a partir dos casos coletados, fpenas ressalvando que estes tltimos tendem a ser de maior gravidade. Se 0 ‘Sistema judicifrio for leniente com os casos pesquisados 0 sers, com maiorrazio, | ‘com 05 no encontrados que so de menor gravidade. 4, Resultados 4.1 Resultados gerais 0s inquéritos encontrados correspondiam a procedimentos investigatérios que. se iniciaram com inquéritos policiais militares que foram abertos pouco tempo “depois dos fatos. No entanto, existem inquéritos que comeraram com averigua: {gbes, sindicdncias e ainda outras figuras administrativas. 6. POLICIA © DIREITO 217 ta RESULTADO DOS INQUERITOS ENCONTRADOS. Ioguetns Auras a eo einen ge a 0 m inet Apenas sis inquérts via ve PEnEs ses nauiton vie pocssos deve a to do promato ter fe ret dencin © ret flava,» pedo do promer. seient po sori excl ilicitude na atuagdo dos agentes. Os julzes aceitaramn o bared — livamento dos promotores em todos os 295 casos.* Vale ae i en a »$ CASOS que estiverem em andamento n&o entram nesta bt jf oue 1ndo podem ser localizados no arquivo. See O conjumt de vitmas cvs waa de tas vs ocesinadss segundo odesinn Fil do int Tabela 8 NUMERO DE ViTIMAS SEGUNDO 0 DESTINO DOS INQUERITOS ‘Casos com | Casos com | Casos com | Casos com copositores | opositoes | feidos Niimero mortos | Total de Sa | Inguéritos em que foi 2 3 I T = foferecida dentincin l ; . Tubs : Dentro do con SS) aes z i conjunto de eas0s arguivados existem vérios indi INVESTIGATIVO INICIAL Avo da forca de execugdes extajuiciis Sec uo 25 ea sae rasa ares a SDE US0 PXCESSIVO Da FORGA Ouos 4 i CASOS CUIGS NQUERITOS FORAMTAROUNADOS No sesabe i 37 Proporeie de ce ra 301 Fo Cdsverescom ee oe 7 Dispars’ | Lesbes nto rp jim | “oar Mesmo que em alguns dos casos de averiguagbes ¢ sindicdncias a poll 438 43% i: isons possa ter aberio um inquérito posteriormente, o fato & que nem sempre os Progg ‘Bimentos so iniciados com a abertura de um inquérito. Isto acontece em a dois de cada ts casos. ‘Do total de 301 inquétitos efetivamente encontrados, quase todos tinham $ arquivados, isto 6, ndo tinham produzido nenhuma dentincia 2.0 jz pode sccitar ou nega ppc a earn ee an 218 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS = 30 ‘especialmente, de fortes Apesar destes sinais de uso excessivo da forga letal e, especialmente, indieios de exccugao sumtin em alguns c280s, como 0s disparos & queima-rou- pa, os promototes pediram 0 arquivamento destes inquéritos. © tempo transcomido desde o ftos até oarquivamento do inquérito vata parg cal caso. O tempo mio & de 286 dias, isto &, de quase nove meses ¢ meio caso encerrado com maior rapidez teve 0 inquérito arquivado menos de dois ‘meses ap6s 08 fatos. No outro extremo, encontrou-se um inguérito que demorou mais de trés anos para ser arquivado, Logicamente, esta ndo é uma cifra final pois devern existir casos ainda em andamento. Grifico 1 Inquéritos Arquivados segundo 0 tempo transcorrido centro 0s fatos e 0 arquivo Niimero de Inguérito 10 12 1 16 18 20 22 25 28 30 46 p57 9 Ds 7 9 2 3m wo fe nove meses depois dos fads: |A maioria dos casos so arquivados entre ses © m0 : sTidsdocada quatro casos si arquivados no primeiro ano, mas alguns se arash por mito mas tempo. oe ‘A equipe de pesquisa cevisou as provasexistentes nos inguéitos arquiva {Um nun da anise das mesmas mostou os seguntes resultados ‘Tabela 10 MESS TNDUERITOs ARDUTTADOR SEGUNDO aS PROVAS CONTIDAS NO eeeTOS NGuteno De INOUERTOS QUE COWTIVHAM. Tae] DeclaasiesdePercadoLacal | “Ouas Prove Cadavérico ‘Testemunhas Civis GcCE) in| No] Sm Te sim [Nio [sm | Be Si Se [3 jis jie |e fo pas | Bis | show | dorm | 313% | 969m | Sie | A50m | aden | =) De om wr de 25 esse gH cvs nah ape ttt cance conta pera dele state per ou orto (ce eB ences tp erent | _laudo de exame de corpo de deltee cinco declaragées de testemunhas civis, 6. POLICIA & DIREITO 219 AA grande maioria dos inquéritos com vitimas fatais contém laudo cadavético, mas existem ainda casos com motes de civis em que o laudo cadavérico na0 pode ser encontrado. No entanto, a maioria dos inquétitos nfo registrava declara. 605 de testemunhas civis. E mnimo o ntimero de inguéritos que incluem pericia de local, como ¢ preceptivo em casos de morte. Em algumas ocasides aparece ‘uma perfcia de Tocalefetuada por um 6rgao diferente do Instituto de Criminalfsticn Carlos Eboli; mesmo levando em conia estes eagos, a proporgdo de inquéritos com perfcia de local & extremamente reduzida. E revelador que enquanto 269 dos RO.s em que os fatos tinham sido registrados relatavam a existéncia de pericia de local, ou pelo menos que Kastituto Carlos Eboli tinha sido chamado, agora apenas 3% dos inquéritos cont®m de fato uma pericia de local. Isto parece significar que em muitos dos casos em que a policiaafirmou ter convocado 0 LC.C.E. a pericia acabou ndo sendo feita ‘Um de cada quatro inquéritos conta com outras provas, normalmente pericia 4e balistica ou de entompecentes. Nao se encontrou nenhuma pericia de residuos de pélvora que, como jé fo indicado, ajudaria a determinar se as vitimas estavam realmente participando em um confronto armado, Também nao foi encontrada reenhuma fotografia dos cadaveres, 0 quo implica uma auséncia de um elemento ée informacdo médico-legal sumaaente importante. A conclusio aparente & que muitos inguétitos carecem das provas t testemunbais que seriam desejéveis para uma melhor apuragdo dos fatos. A responsabilidade pela maioria dos inquérites corresponds a um németo re- duzido de promotores da Justica Militar. Do total de pedidos de arquivamento, 119 (40%) esto assinados pela promotora Gizelda Leitdo Teixeira, 63 (219%) pelo promotor Marcos Ramayana B. De Moraes, 35 (2%) pela promotora Laucy Esteves, 33 (11%) pela promotora Anna Mariadi Masi, Estes quatro promotores abrangem aproximadamente 85% de todos os pedides de arquivamento. Dos pedidos de arquivamento correspondentes aos 13 easos em que houve disparos 3 ueima-toupa, cinco foram feitos por Gizelda Leitéo cinco por Marcos Ramayana, dois por Anna Maria di Masi e um por Nelma Gléria Trindade de Lima. icas & 4.2 Inquéritos que viraram processos: Como ja foi indicado, foram encontrados seis inguSritos em que o promotor ‘ofereceu dentincia. Portanto, estes seis inquéritos viraram processos e foram jul- ‘ades pelo Conselho de Justiga Militar ‘As dentincias dos promotores fazem referéncia aos seguintes artigos do Cédi- © Penal Militar: artigo 208: lesio corporal (2 casos); artigo 206: homic{dio ilposo (1 caso}; ¢ artigo 205: homictdio doloso (3 casos). +, Aptesentamos um breve resume destes seis casos: 6) Fatos acontecidos em abril de 1993 que resultaram em um opositor ferido. Osagentes foram denunciados por lesio corporal (art. 209). O inquérito continha 220 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 2) Fatos acontecidos em julho de 1994 que provocaram um opositorferido. Os agentes foram denunciados por lestio corporal (art 209). O inguéritoinclufa uma eclarago de testemunha civil mas ni continha um laudo de corpo de delito. 43) Fatos ocortidos em outubro de 1993, que resultarsm em uma pessoa morta acidentalmente, Os autores foram denunciados por homicidio cutposo (at, 206). © inguerito continha 0 laudo cadavérico, perfcia do local, wés dectarages de testemunhas civis e exame balfstice, 44) Fatos ocorridos em maio de 1993, com o resultado de win opositor morto, Os agentes foram denunciados por homicidio simples (art. 205), O inquérito incluia 0 laudo cadavérico, exame balistico e exame de corpo de delito, mas nfo apre- sentava pericia do local nem declaraGes de testemunhas civis. O laudo eadavé- rico mostrava uma ala na parte posterior do corpo da vitimia ¢outras lesbes no relacionadas 8 arma de fogo. 5) Fatos acontecidos em outubro de 1993, que provocaram um opositor mort. (0s autores foram denunciados por homicidio qualificado (art. 205, in. 2, parse sgrafo 2: mediante recompensa ou por motivo torpe; e parégrafo 4: 8 traigo ou de emboscada). O inguérito continka laudo cadavérico e exame belistico, mas nfo lapresentava perivia do local nem declaragées de testemunhas civis. 6) Fates acontecidos em outubro de 1993, que tiveram como resultado um poli- cial ferido, um opositor morto ¢ uma vitima ferida acidentalmente. Os autores foram dentnciados por homicidio qualificado (art. 205, ine. 2, pardgrafo 2: medi- ante recompensa out por motivo torpe; pardgrafo 4: & traigdo ou de emboscada ¢ parigrafo 6: prevalecendo-se da situagao de sevigo). O inquéritotinha laudo cada- Yérico, duas declaragées de testemunhas civis, mas ngo apresentava pericia do focal, © laudo cadavérico mostrava um disparo & queima-toupa na cabega Teds elementos charnam a atencio nestes scis €as0s. Eth pirieiro lugar, todos estes casos correspondem apenas a fatos acontecidos nos anos 1993 ¢ 1994, Uma possivel razdo poderia ser que os inguéritos que acabam em dentincia demoram Ina tempo aserem julgados do que os otros a serem arquivados, jf que o processo levaria um tempo adicional ao do inguérito. De fato, o tempo médio transcorride entre os fates © 0 julgamento neste seis casos é de’ 78 dies, que cortesponde a ‘quase dois anos e dois meses, mais do dobro do tempo transcorrido nos casos de ‘axquivamento: nove meses e meio. Como a busca fot feita fundamentalmente no final de 1997, todo caso anterior a dezemabro ou novembro de 1995 teria pouca chance deter sido registrado na pesquisa. No entanto, continua send inesperada a ‘uséncia de casos do micio de 1995, a maioria dos quai jé podeta ter sido julgada se 0 tempo de processamento do sistema judicial nos witimos anos permanecesse, | igual ao registrado nos anos 93 e 94, E possfvel que alguns destes processos te ‘ham sido transferidos para a ustiga Comum em virtude da Lei 9.299. segundo elemento surpreendente € que, com excegao do dltimo processo. deserito que inclu um disparo a queima-roupa, os inquéritos que viraram proces: 05, ito & aqueles em que os promotores decidiram oferecer demsinia, no co idem com os casos com indicadores mais claros de uso excessivo de forga lta fou de execucdes sumérias propriamente ditas. Com efelto, dos seis provess0s ois correspondem a delitos menos graves, es6es corporais,e ainda wm ahomi= ‘idio culposo ou nio intencional. 6 POLICA B DIREITO 221 Assim, muitos casos com dis vados pela Justiga Militar terete pont que chama poderosamenie alent é ue enum deste se fos acenteceuem fava. Nae obstanto fat de a fase nteror da posquna ok demastrado que a pli ceasona mals mortos nas fen oe siealdedc de Sus ages mito masala nests lugares, odes oscass quorum leone tose passaram no aslo, Em ors palavas, deers etenderaue reno a Justica Milita, nfo existem sequer indicios de que a policia militar matasse ou fers ningusm ogulanmente mas favla Grantees pet fala de rovas ot 3 tagidade das monmas, Os seis representantes Stoce aquele que registrava um disparo 2 queim-roupa na cabega da vitima, Em outras ‘\conclusto final é que ndo foi possivel encontrar um Gnico caso e1n que a Justiga seriam recortidos ¢ portanto seu percurso judicial demoraria mais tempo, haven- encontrada umasé condenacio nem sequer para os casos dos primeitos anos, nos {uss ofempo para dar lgar a una setenga firme teria sido maior. Ist reve au str, estes processos com condenagaoem primeira insidncia de : edn aus exam 1ados pelos peritos determinavam uma forte suspeitd de Posteriormente descreveremostom mais detalhe alguns cas owtrionae ‘mais detalbe alguns casos para exemplificar sparos &i queima-roupa foram simplesmente arqui- 4.3 Consideragdes sobre 0 procedimento Desde 0 ponto de vista procedimental obse imental observamn-se duas iregularidades em Tuitos destes inquérits: peecee 44.8) instrugio de averiguagées, sindicancias ¢ outras figuras administrativas @m lugar dos inquéritos como é preceptivo; *-b) 0 pedido de arquivamento dos to dos promotores, na fase de inquetito, bas ercludentes da antijuridicidade da conduta dos agentes, stuns 222 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 4.3.1 A inexisténcia legal da Sindicdncia ou Averiguagao © direito processual penal brasileiro no prevé a existéncia da Sindicéncia Assim, tanto 0 Cédigo de Proceso Penal (CPP), aplicavel as hipsteses de crimes, Comuns, quanto 0 Cédigo de Processo Penal Militar (CPPM), que contempla as rnormas para a investigagio dos crimes militares, cuidam to-somente do ingui to policial, Acontece que o inguétito policial (civil ou militar) tem sempre um tinico destinatétio: o Ministério Publico. Exatamente por tal citeunstincia é que ctiou-se esta aberragio juridica que veio a se chamar de “Sindicincia” ou ainda, de “Verificagio de Procedéncia de Informagées" (VPI), Esta titima denominagio corresponde a uma tentativa de dar existéncia legal a Sindicdncia, pois o CPP determina que 2 autoridade policial “verificada a procedéncia das informagbes, ‘manda instaurar o inguérito”. Trata-se de mera esperteza interpretativa, que os tribunais do pats jamais reconheceram, ‘A importincia da Sindicdncia ou da VPI para a Policia esté em sua independén- cia, na falta de controle institucional sobre os seus resultados. Sem o compromisso legal deremeteros seus resultados a quem quer que seja, a avtoridade policial pode fazer da Sindicdncia um simulacro de investigacdo, uma ago entre amigos, um arranjo entte quatro paredes, destinada a promover sempre a impunidade, seja por espirito de corpo (quando se trata da criminalidade policial), seja pela corrupgao. Encerrada a Sindieanci, o caso pode acabar também, pura e simplesmente Quando a Sindicdncia ou VPI precede a instauragéo de inquétito policial, 6 que 6 frequente, pode abrir a possbilidade de uma tentativa de extorquir dinhet- rode alguém, porque ¢ evidente a absoluta inutilidade, para efeitos de investiga- gio legal, de Fazer-se uma apuragto prévia dos fatos registrados em Boletim de Ocorréncia. £ possivel conciuir desde logo, portanto, que se algum episédio da vida social, que constitua umn fato previsto em lei penal sob ameaga de pena, tivera sua inves- tigagdo encerrada apés uma mera Sindiciincia Policial ou VPI, estaremos diante uma grave violagio dos deveres a que esté obrigada uma autoridade policial. ‘APM publica uma nota interna (Nota niimero 3.110) no dia 3 de novembro de 1994, durante o governo anterior, frisando a obrigatoriedade da instauracéo de IPM em todos os enfrentamentos dos quais decorram mortes de civis ou poticiais, © que revela que deviam existir exemplos de. desvio de incumprimento desta pritica. Apesar disso, a PM publicou no dia 4 de outubro de1995, jé no gover. tual, outra nota interna (Nota nimero 3.156) revogando explicitamente a nota. anterior ¢ determinando a insteuragdo de averiguago nas ocorréncias que resul: tatem em mortes de civis ou de PM. 4 Questionado sobre este ponto, o coronel Dorasil Castlho Corval, comandant®, da Policia Militar do Estado, declarou no seu depoimento do dia 15 de maio dé 1997 perante a CPI da Assembléia Legislativa que investigava a violéncia poll cial que tal resoluglo tinha sido tomada A instancias de uma promotora da Justi¢a Militar: (5002 esses eee 6. POLICIA B piRETO 223 "Bom, adeterminagio de novembro (sc) aque V. Bxa.serefere sobre aque da svrigucao, a Poiia Mila tem tnbalhado, pelo ener ne eens muito 20 lado do Ministério Pablico militar, A promotora da Auditors Sais acompanha todo otabatho da Poleia Militar nessa dea: fiscaiaa os eae ce, xadrezesexistemes na unidaes, fisalian todas todo ae oe Soa ace ¢ iss0 aqui foi baixado até por ocientagHo da propria promotora da Audi mostrando que nfo havianecessidade dese instaurar PM par odes as stage tio, que se devera instaurar uma averiguagao ena media om dae aecla eriguagto Imosase 0 necessidade da insauragao do IPM, seria feito 1PM 16s temos realizado. Entio essa 6a razao desea norma que fol base novembra (sic) de 1995." a En sum, esa iegularidad conta com oapio ni como apoio nto apenas das alas hierarguias policiais © da Secretaria de Seguranga Pablica, mas apar ontcmente tambes ado Ministério Patblico militar. _ Se 432 0 pedido de arquivamento dos promotores na fase de nguér em excludentes de criminalidade Abate adder O inquérito policial concluido é remetido ao Ministério Pablico, que é a inti« ‘wigo pertencente ao Poder Excoutvo que representa, para fits penal, meres se Social na persecugdo criminal. Pode o Promotor de Justiga, entéo, tet ums seguintes condutas, ean 4) requerer ao Juiz.0 arquivamento do inquérito; >) requis 4 autoridade poicial nova diligencase investigngSes para © melhor esclarecimento dos fatos; ou - ee ©) oferecer dontinci O arguivamento de um inquérito poicial s6 se justfica nas seguints hipSteses 2) auandh estiver extina a punibilidade do crime (por exemplo, pela prescr- #20 ou pela morte do “indiciado", que é como se denomina o autor do crime na fase investigatria); quando © fato apurado no inguérito evidentemente no c uérito evidentemente nfo constituir crime. {sto significa que 0 fato nfo pode ser adoquado a um tipo legal de iicitude, No G4 nos nteresn, signficaria nogar que alguém fo moro por uma outta pessoa existéncia do tipo penal que prevé a conduta “Matar alguém’”~artigo [21 do ~ C6digo Penal); ou {) quando estivererm completamente esgotadas as possibilidades de determ _ fase a autoria ou a materialidade do fato, Por matetialidade entendo-se, em hipsteses de homicfdio, prova da morte de alguém. O arquivamento do inquérito 224 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 CConvém também que se saiba quais so 0s pressuposios para o oferecimento de dentincia por parte do Ministéio Pablico, A dentincia ¢ a petigao inicial da, gio penal piblica. Com o seu recebimento por parte de um juiz est instaurada ‘ ago penal, que terminard com a sentenga de absolvigo ou condenagdo dos denunciados, agora denominados “acusados” ou “réus", a menos gue ocorra ‘uma causa de extinglo da punibilidade no decorrer do processo judicial. ‘A demsincia é uma proposta de prova. Assim, a0 denunciar alguém, propde-se © Grgio acusatério a demonstrar, com as provas que for produzir no curso do processo, que estartio presentes, no momento da sentenga, ¢ acima de qualquer divida razodvel, todos os pressupostos legais para punir-se o acusado. Ou seja: iii € preciso que o Estado (Ministério Ptblico) tenha, no momento da dentin- cia, a prova plena do cometimento de um delito por parte do cidadio acusado. Para o oferecimento da dendincia basta que 0 Ministério Pablico tenha a sua disposicio, segundo os termos da lei processual penal brasileira, apenas duas circunstancias, a saber: 8) indicios de autoria; € ») prova da materialidade do crime, Em se tratando de homicidio, basta ao Ministério Pablico ter, portanto, indicios «de que 0 demunciado é 0 agente do delta, e 2 prova de que uma ou mals pessoas ‘morreram em decorréncia da ago homicida daquele. Quanto aos participes(pes- soas que, sem realizar diretamente a conduta de “rmatar alguém”, contribuern causalmente para que alguém mate avitima), poderdo eles ser também denuncia- dos, desde que o Promotor de Justiga tena, além da prova da mateialidado, 0s indicios da participagio da pessoa na ago homicida de outrem. Importante snotar que eventuais provas ou indicios de excludentes da antiju- ridicidade nto podem ser levados em conta para fazer com que 0 Ministério Pablico deixe de denunciar quem quer que seja. Em outras palavras, eventuais indicagdes, colhidas no inquéito policial, no sentido de que o autor do fato tenha, por exemplo, atuado em legitima defesa ou em exercicio regular de direito, nfo servem para justficar omissdo do érg8o acusat6rio em oferecer demincia, As razes que estio por tris deste principio so as seguintes. Em primeiro ugar, a apuracgo policial ndo é jamais suficiente para que se @ tenha como elemento definitivo de julgamento de um fato, Pode a prova do inquétito poli- cial, por exemplo, ter sido feita com favorecimentos para 0 indiciado. Em se- gundo lugar, o Promotor de Justiga estaria usurpando a fungo do Magistrado. se pudesse arvorar-se a determinar, no momento ainda da superficialidade do término da investigagio policial, que alguém nao seré submetido as barras do Tribunal porque teria atuado justificadamente (por legitima defesa, ou qual quer outra causa legal de excludéncia da ilicitude da conduta). Ou seja: nos termos de nossa lei processual, ainda que o Srgio acusatério esteja plenamente convencido de que o autor de um homicidio tenha atuadoy: por exemplo, em estado de necessidade (que é outra circunstancia excludente [0000 6. POLICIA & DIREITO 225 tude), devers origaoriamente oferecer a devida Jenna, para que se pefagao veredio final pelo gto juisdicional (Juizouo Tbundy Estes prinipios entram em total contradigao com os procediment Contradigdo com os proedimentes observa des ns Tastin Ulta do Estado do Rod Jane ends or promoter ceo pedir oarquivameno ds ingusntos pox homotios someday ais tare deservigo,alegando fatima deca, tas Por Pot 44 Alguns casos exemplares 44.1 Operacto policial no morro do Zineo no dia de jun resultou em uma vitima mortal Peer ae O Registro de Ocornsia da poles, itu “Auto de Resitnci", descr ve que 0s policizs reveheram ordem de Segui para 0 moro do Zineo arene learn atrnvee eas cupants silo mim ube ores te entra nunaeavessado moro ora recencor ate sence tegerem suas vidas. Em decontncia deste conron fi singe ens gene encontrado agonzant ao lado de una caabina (aptesnada ea teas Socorro uma ro pau para o Hoopla Soute Aguion onde oe Na opeagao lem da vit, fr ceioum Supa eaiaite de ceo ae No satan, oad caiavieo eset ts or: dois no tra caso ae um deles & queima-roupa; € outro no pescoco, levant for um dels #aucimeospa e ou no pescogs,lvanand nes Sapa fe 0 IPM foi conduzido no sentido de implantar diva implanar divide quant & avtora da thor, Na conludo,afirma-se epreseunonte que ofa snes pada elementos nao idonicades"Sugeriniose Por congue wenn, ciaparaojlgamento sera da Justige coms nao de aatea Sates eae 6 promotor da Auiorta ita Maroos Ranayanspropés fort faa eee re Inguénito, sob o argumento de ter havide leslie dekes ma soe ae folic ~conclusto eta que contrarian trees do propio PA es oe Siziflcou um poto inal no fet O requsimento do IP Tor loel pes ho he Permitdo, nesta ase proses, conclu pela oconeeis de case eeekcen etude, A obrigato seria ade ootergehelharecclomeates de procera sMtoria, para eno denanciat © dar nite ao procs faded Ne eee f ina no reste gules depoiments dx oe pesca sapeir af esa na operaslo. Também nfo aparece no ingustia pens pes at Sones Para comprovar a autoria dos disparos. i Pere eee 442 Intercept de points militares a.m veiulopresunivelnenterouba- no tine defod no dia 9 de dezembro de 1996 me prod dacs ves - Mortals 0 Retisito de Oconeéncia, intitulado “Recuperagio de Auto Roubado-Troca tiros com evento de Morte”, relata que os policiais foram avisados de um 00s 226 REVISTA BRASILEIRA DE CIENCIAS CRIMINAIS ~ 30 6, POLICIA & DIREITO 207 policiais que intervieram na operagio e a outra foi encontrada por outros policiais ‘competéncia da Justica Militar, também veio a afirmar que teria huvide “scree mostravam o seguinte 54 Toi explicado, iregular nesta fase processual. Os disparos 2 f 8 disparos & queima-r Gontadizem clara depoimertoden otis que atta este Intenso tioteio contra a vitima enguanto esta se encontrava refupiada no interior deum barraco, Cessadootrotio, os polciaistriam entrado no baraco eencon 'No entanto, os laudos cadaver 8) primeira vtima apresentava quatro disparos frontais no t6rax, sendo que dois deles bem proximos ¢ & queima-roupa. tb) segunda via apresentava is dlsparo no ltr da eabega, um deles 2 | qrimaceupe if a || __tsdoavitnn eda, Or, a os paiaiseaavan orca vimacenre oor licam os tiros & queima-roupa, e ainda mais no mesmo stemene anaes No inguéio, os polis dectararam que howe trocadeiros durante apse: | Po ota partum staan a ero seem anatmic guigto, apesar do qual @ viatura policial nfo foi atingida por nenhum disparo. Permitido comprovarse ela foi usada ou nio no episédie, Pena teria ‘Afirmaram também que os opositores tinham armamento pesado, ume metralhado. ; ra, que ficou nas mios da pessoa que logrou fugit. Nao se explica como é posstvel gue tendo recebido um dspare acura ‘segunda vlima fosse enconta- 4.44 Forseguigdo de um carro suspeito no dia 11 de fevereiro de 1995 na do outro tado do tinel por policiais que no partciparam da operagzo Avenida Brasil que result na morte de quatro pessoas? 4 1995 A pericia de balistica nao esclarece se a arma supostamente encontrada junto is oy susscie taka side aed? O Registro de Osoxrenci,imtlado “Auto de Resisténcia” lata que os ‘A inormaso que doin apa a ue diz espe exe patcado | sas mites, depos desvisurem um atone coterie fone eee anteriormente pelas vitimas ~roubo de carro — como se isto conferisse 20s poli- resolveram persegui-lo. Na perseguigdo, os ocupantes do carro atiraram na cis algum cveito adcional a maar os opostores. Os dsparos Aqueimastoupa, | cn, que revdou. O caro eepounena ila do Jodo © quatro do especialmente na lateral da cabo, sf sna muito elafs de exceugio.Nin- |] _ sino ceupantes stam do omovelarando cosy raion seen es Seen Sa ae ee atl octets em aL ato ee est ans bend one ol, sno ue Sonipesnde mecca dos fates, Aaque tudo indica, a viumas foram domina” -a| os ebaleakos nocontome um congata eee Ox ase ee das executadas friamente, Apesar disso, 0 promotor Gianfilippo Pianezzole dos para o hospital mas faleceram, Dois revélveres e uma mettalhaden Fever requereue obteve arqulvamento afitmando, de forma legal como j fol expll: | apeeenctdes, fram cadio, que os policiais teriam agido em lettin defesa | © Inqusito Pica Militar, inst peo tnente Andeé Silva de Mendonca, pects o ale pr npn ana raga se enone 44.3 Uma ncursto do Batalkdo de Choque ao Moro Jorge Turco no dia 3 de ols de er inursionado na favela Batra do Vaseo€afana quo wos ee Pon ehepint i geetergenie er iyrhaing etd | J] flo das armts fica demostrado ma ausénca de fordos na spepulasio cat | _Tetovia. parce fester que os quit “lomentos tent sid tirados do con. y s PEt : vio com a populagao oxdsia", Numa misiurs de futrolosie e O Registro de Ocorséncia,imitulado “Auto de Resisténcia’, desreve que pO! fie com Bia eximinologia iciais do edo jue entraram no Morro Jorge Turco em “ada, 0 instrutor explica o bom resultado da operagdo porque se os “ele- liciais do BOPE e-do Batalhfo d= Choque ent : | Renios” nfo tivessm sido interceptados pelos pois “bev ld do suc seragn Coelho Neto e trocaram tiros com alguns elementos, sendo um deles ferido,¢ Sppnzes” socorrido para o Hospital Carmela Dutra, onde faleceu. Com a vitima foi areca ane dada uma pistola calibre 9 ram, municiada com seis cépsulas intactas, 4 Noentanto, os laudos cada © laudo cadavérico mostra um disparo no brago e mais quatro disparos,feitos a queima-roupa, no abdomen, a Oingusrit norecolhes qulgue tipo de invesigagto miter conformed! 4 oa erecraviiimasofeunm dupa tara ncinnc de ig tatou a prdpria pramotoria, Enconra-se apenas o Inguérito Civil, quo a Cental cada imobilzada, e ainda dois dispares na face edols we ta Aes de Inquétitos mandou para a Auditoria Militar. A promotora da Justica Milita {etesentava também escoriagées na cabeca e uma ferida irregular com bordes ; "08 das quatro vitimas mostraram o seguinte: 8) primeira vitima morrew com um disparo no ouvido. °) a segunda vitima recebeu um disparo na face ¢ outro no abdmen. Gizelda Leitdo Teixeira, solicita 0 laudo cadavérico da vitima que estava falta __“Coriades no antebraco direito que resultou em perda de partes motes, 5 CRIMINAIS = 30 228 REVISTA BRASILEIRA DE CIBN face direita, E dificil acreditar que feridas tho similares e precisas sejam resultado ene race trace oe aa shite, revelando um dngulo de disparo de cima para baixo, Este ingulo ¢ ine derando que foi feito & queima-roupa. O Angulo seria compativel, por exemplo, ae sno dia 15 de outu- 44,5 Perseguigdo aos assaltantes de um banco em Ramos no bro de 1993, que acabou com um policial ferido, uma pessoa acidentalmente Jferida um suposio assaltante morto isto de Ocorrnci, milo “Roubo a banco com events de morte deseeve que dvs poems ltrs pene os autores Sew ssa contra 2 asa Eeohbmica Federal tecande tos que fram um dot polis, Os ‘sallanes operas, endo que un dels embacou nam Ono ef se fue pl oo plc © omer deren Orv plea, 25 apo ic prebou qu stave blend Fo! eva para hospital, mas false revelers foram apreendiges. © Inudo cadavérico mostrou dois disparos, um no abdomen ¢ outro, feito 8 4queima-roupa, na regio temporal da cabeca, disparo com todas as garacte do uma fria execuco, coseitil IPM relate a versio dos policiais militares participantes segundo a qual, ete cone sl gece bart nee papa, sion police dos poste, algumas cura postons qu etavam na ila. do ba Os assaltanesabordaram um caro os dos plicit paaram um outro caro ai passava para perseguir caro dos assaltantes. Quando estes deseeram do caro ua Uranos, estabeleceu-se um novo tiroteio em que um policial foi ferido nd Mi fee mst abdOmen. A maioria dos opositores fugiu para o outro lado da um ieee, sola nur nibs qu tensiavaem degdoa Penna © pola é su que 0 2882 Segui o dnibus no caro at a Estagio de Ramos, quando percebeu que 0 aS tte tine desde eestava cade noc, ete snda com vd Sover ppara o hospital por uma viatura do 22." Batalhdo que chegou, veio a falecet! policial do 22." Batalhio declarou que a vitima estava no chio, desanmada (260000 6 POLICIA & DIREITO 229 © IPM conclui que os polcias uiizaram.se “moderadamente dos meios ne- cessérios para repelir a agressdo”. Ele nfo explica, no entamto, como € possivel {que uma pessoa com uma bala no crfnio suba e despa de Onibus para, +6 entio, ait no chio. Também no explica como uma pessoa com uma bala no celng pode "emer muito”. Uma forma de explicar as contradigdes seria que o palical militar do 22." batalhdo viva vitima realmente com vida antes de ver executes ‘A promotora Lauey Esteves, com uma energia pouco comum nests inquérito, reloma os autos ao encarregado do IPM solictando provas periciais. D laude balistico deu um resultado inconchusivo, ja que 0 estado dos projétes retinas do cadaver néo permitiu determinar qua foi a arma que os deflagrou, Por fins promotora Esteves ofereceu dendncia contra o policial por hommiciaio dolece {art 205, TL §§2., 4° ¢6), isto 6, acusouo réu deter executado a vitime quanto 8 encontrava no chi fora de combate (por causa do disparo no abdomen), em vinganga pelos ferimentos ao seu companheiro. Portanto, este € un dos sere inguéritos que viraram processo, ‘A parti deste momento, nao houve na aezo penal qualquer empenho na obten- Ho de proves visto que nenhuma outta prova aparece coletade no proceso, A Fepresentante do Ministério Pubtico no julgamento, a promotora Giselda Leto Teixeira, pediu a absolvigio do réu por considerar as provas “gels © inconcle, sivas”, detxando de lado as gritates evid3ncias de que a vitima tnha side sxeow. tada, A defesa “ratficou intogralmente” as consideragdes do Ministerio Pablice © acusado foi efetivamente absolvido 5. Conelusies A presente fase da pesquisa na Justiga Militar teve de proceder a uma busca

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