You are on page 1of 12
‘Titulo: Criangas, casas comeoldas tho desconk Regina Leite Garcia (org.) ‘GogineLae Gus ne) Alexandr Bande acqutine de Fitima dos Santos Marais“ ow To ‘Manuel Jacinto Sarmiento Mara Paul. Meneses ‘ateran Raguel Doren Sandra C Baron; sandra Cornza De vee ag Late Garcia ‘Mlshele Seana Pree ere Doms Boien Criangas, eran Sas va essas conhecidas ntl pret ‘Macin Osbrinin Delgndo tao desconhecidas oe Editoras Crancas, eas contecas ib decoecidas/ Pana ie (rr) = Ro te Jone: DPA, 2002, 1. Changs condicne ec, 2, Cringe ~ Formas eee ismeees crea fee vir, acto chegou a Mogambique como acto, mas no Brasil Yisaw ato, Acontece o mesmo com facto, que entre nds 6 fato (© que para nds eariocas é menino, em Portugal é miiido e, pasmem, em Porto Alegre, logo ali, ¢ pid. Porém, nao s20, Somente as palavras ¢ as coisas que mudam. E a propria, ‘onstrugdo frasal, a melodia da linguagem escrita e falada, ‘as mesbelises, tao lindas em Portugal e tao abandonadas no Brasil, o a que no Rio de Jansivo vira vocé e que em Porto [Alegre reaparece como tu, embora tanto no Rio quanto em Porto Alegre se misture a 2 pessoa do singular com # 3 pessoa do singular ~ no Rio mistura-se voeé ¢ teu, no Rio Grande do Sul se diz tu vai... e somos todos doutores. Mas pobres das criangas quando 0 fazom na escola, que escola é lugar de se aprender a escrever certo, levam zero e sto reprovadas, pois nem saber falar corretamentee muito menos ‘eserever eorretamente, Pobres crianeas. Noa pensamos diferente, ajudados ¢ ajudadas pela sociolingifstica ¢ pelas nossas proprias pesquisas, que constatam as conseqdéncias para as eriancas das classes, populares dessa rigider no falar e no escrever, em que as, friangas #ko engessadas na escola ¢ que tanto dificult Sua apropriagdo da lingua portuguesa, visto que vo aprendendo que existe uma lingua de falar fora da escola e tuma lingua muito complicada de falar eeserever na escola. Este livro é dedicado as erianeas que em seu brincar, fem seu trabalhar, em seu viver vao tevendo conhecimentos Sobre o mundo e sobre si mesmas e, naturalmente, sobre a sua lingua mie que, as vezee, 6 transformada em lingua ‘madrasta pela ago da escola. Dito assim, pode parecer que ‘a escola 6 0 terrivel lugar da destruigao da auto-estima de noseas eriangas. Nao, digo eu, 2 escola ¢ isto € aquilo, as vvezes acerta, outras era, As vezes ajuda e outras atrapaiha, ‘embora, até onde podemos ver, ainda seja muito importante zno process de emancipagio de quom foi dela historicamente exclufdo, Todas sao criancas... mas sao tao diferentes... Regina Leite Garcia" Em primeiro lugar, 0 que estamos entendendo por eviangas, Diz-a Convensao sobre os Direites da Crianga, aprovada, pela Assembléia Geral das Nages Unidas em 20 de ‘novembre de 1989, em seu art. 1 CCeiangar no todas aa pessons menores de 18 anos de idade No entanto, vivemos num momenta histérico ¢ numa’ sociedadle em que a infaincia vern sendo mais mais encurtada, seja pela midia, seja pela miséria o pela contravengao. Meninas de menos de 10 anos se vestem, se pintam, se calcam, se portam como mulheres adultas e sedutoras, Novelas que ha poueo tempo seriam proibidas para menores de... hoje ja estao no ar As 19h, ou mesmo As 18h, ou até & tarde, horérios que sempre foram permitidos as eriangas ver televisiio sem censura, “Bu jé sei beijar com a lingua. Aprendi na novela’, diz uma menina em sua ingonuidade que teima em no Aesaparecer. Fesqigdoa aocada ao Programs de Prana em Bdsegio~ Bkrade sDectrado de Usieridede Feral Hainnse (2) = esa vant dina Se Nagra Cave Bea Eri do Jan na ne agen ‘ertansor, Estas meninas adultizadas ¢ glamourizadas, as vezes, ode eriangas, pondo-ze ‘a brincar com boneeas ¢ bichinhos de peltcia, a pular, a correr, a fazer artes que todas as criangas vivem fazendo. E 0 que dizer dos meninos pobres da Rio de Janeiro ‘que, segundo dados da orr, aos 8 anos ja esti trabalhando com drogas, avisando aos traficantes que @ policia esté chegando, ou entregando a droga para o usustrio e ganhando ‘migalhas que para quem nada tem ¢ muito. B os que sto fliciados ou procuram as gangues que roubam ¢ matam. EB oe que em paises que vivem situacao de guerra, dela participam, usando armas, matando ¢ expondo-se & morte. Ea que dizer do eago extremo de dois irmaos gémeos, talvez com seus 11 ou 12 anos que, num pais asitico, tornaram-se chefes da luta armada com status de chefes de Estado. F a terrivel situagao denunciada por Salman Rushdie de assassinatos didrios de bobés indesejados do sexo ferninino na India, Fo siltimo relatério do uNicee, que aponta 150 ‘milhdes, ou seja, um tergo das criangas que vivem em paises “em desenvolvimento” apresentando niveis de subnutri¢éo, vitimas de freqiientes doengas que as impedem de reter os ‘nutriontes indispensdvois. Mas ha também meninos que a vida fez adultos pprecaces, embora vez por outra sejam chamados a infancia perdida e se ponham a brincar como qualquer exianca Snormal” Criangas que, na falta de ter com o que brincar, tranaformam oss0s de animais mortos em brinquedos, ‘ajudadas por sua imaginagto criadora... 0 0s ossos 0 ‘transformam em carros, bchinhos, barcos,eelas criam cenas fe eriam historias...e brincam com o mesmo prazer que ‘quaisquer eriangas cujos pais podem comprar os brinquedos, ‘da moda, mostrados pela propaganda televisiva. Oweriangas, ‘que, precocemente chamadas ao trabalho, sio eapazes de tropar em coqueiros come macaquinhos para colher cocos & vendé-los aos turistas que aguardam. O trepar no coqueire vira jogo, brincadeira, competigio para ver quem sobe mais répilo, quem colhe mais cocas em menos tempo. Neste texto falo de eriangas q brincam, choram ¢riem, brigam efazem aa pazes, que muitas ‘yezes trabalham ¢, embora trahalliem, sem pereeberem ou serem pereebidas, traneformam o trabalho em jogo. Prazer cedor, come diria Groddeck. ‘Todas sto erianeas, muitas em idade pré-escolar, como se costuma denominar no Brasil, algumas ja frequentando uma escola de educagao infantil, como ultimamente #0 chamadas as antigas pré-escolas, jardine de infancia, guarderias, © tantas outras denominagses, umas politicamente corretas, outras nem tanto, Neste pequeno texto, aprosento algo da vida de algumas destas eriangas, 0 que as faz diferentes, apesar de todas caberem na generalizagéo ~ eriangas. Sao criancas om faixaa etarias diferentes, goneros diferentes, vivendo em cidades diferentes, tendo origens de classe diferentes, de raga eeinia Aiferentes, suas familias tendo credos religiosos diferentes, 0 tipo de erganizacdo familiar da qual fazer parte também ‘diferente; enfim, tao diferentes, mas, ainda assim, eriangas. Criangas que sonkam com o direito de freaiientar uma escola, ou dela fogem pelo que jé ouviram © acabou assustando-as. Crianeas cujos pais lutam por uma vaga nas poucas escolas de educaeto infantil existentes na redondeza, ‘ou cujos pais sio obrigados a complementar oque conseguem somar para sobreviver a cada més com o trabalho de seu filho ou filha erianga, trabalho algumas vezes leve © outr ‘muito duro, embora indispensavel para a sobrovivéncia da familia. " itangat, esis conecdat to desconhecias ‘Vamos a suas histérias, do que conheco, por terem, de alguma forma, passado por minha vida, ou meihor, em algum, momento de minha vida eu as conheci ou soube delas ¢ por clas me interessei, A primeira histéria a acontei tantas vezes, mas sempre dela me record que falo de saberes de criangas ‘Era um menino que aparentava uns 4 anos ~ pele que revelava sua origem afro-brasileira-, mestico, portanto, pole ‘cor de earamelo eseuro, cabelos encaracolados levemente flourados (seria efeito de Agua axigenada, como os mais elhos andam fazendo?) boca earnuda, nariz chato, ou melhor dizendo, narinas abertas, olhos melosos, escuros © brithantes, Fieava todas as tardes correndo de um lado pare fo outro num sinal de transite de grande movimento, por fade diariamente eu passava de carro, em geral parando por tum tempo quando o sinal estava vermelho. Sempre 0 via, pois me chamava a atengio por ser to pequeno ¢ jé estar enfrentando com tanta agilidade o transito diffe daquela bifurcagio, Ali vendia balas. Era um pequeno trabalhador, como tantos trabalhadores ou trabalhadoras ‘que contribuem para o orgamento familiar com as pequenas vendas que fazem pelas ras das cidades brasileira. Um dia osinal me fez parare ele se aproximou de mim oforecondo umn saquinh de bales GED, oon ee ‘ano a6 merecusar a comprar, como a comegar a Ihe expli por que nao comprava as balas que me oferecia. Disso-1he ‘que no gostava de balas porque fazem mal aos dentes © fui dando a justificativa “cientifica", o que evidentemente 0 pprendia do meu lado, sendo impedido de tentar pogar outro fregués. No meio de minha lenga-lenga, ele mudou a expresso e, humildemente, me pediu: = Compra pra me ajudar, val Todas ako criangas. mas sh to termi (©Mteu sentimento de culpa de classe média numa sociedade de miseraveis me fer comprar as bales, © por toda ‘ponte Rio-Nitersi ful pensando nos desencoatros que tan ‘Yeves os acontocem e que nos fazer pensar e aprender" Aquele menino, com tio pouea idade mas com tanta sabedoria sobre o mundo em que vive, Yencera a minha ‘esaténcia v o meu moralismo de professora carregada de Yalores de classe média. Eu acabara comprando aa balas, dinda que elas estraguem os dentes, ¢ eu, professora que pretendeu ensinar algo Aquela eran, acabei aprendendo ‘que, nas situagdes de penuria, mais vale sobreviver do que pretender ter bons dentes. Ele me obrigos a pensar do {que vale ter Dons dentes quando nada se tem para comer. Ble sabia muito e eu me pus a pensar sobre os conhecimentos que ele jé adquirira na prétic, trabalhando, Darticipando da luta pela sobrevivéncia de sua familia. Os conhecimentos tecidos no cotidiano da vida, os conhecimentos da pratiea, os conhecimentos prenides no trabalho. Ble j& sabia fazer contas, pois me dera o troco corretamente, ele intula (e @ intulgho no é um tipo de conhecimento?) 0 sentimento de culpa que hé de ter uma ‘mulher professora que tom um carro ese depara com uma trianga que precisa vendor balas num sinal de transite para flumentar o pouco de que a familia dispoe para sobreviver. Ble sabia manipalar o meu sentimento de culpa ~ compra ‘bra me ajudar..— ole sabia caleular 0 tempo que 0 sinal Ficava fechado eo pouco tompo que tinha quem pretendes vender algo naquele ponto. Gonhesimentos indispensaveis para desempenhar © papel de vendedor num sinal de trans Dat om diante, ele passou a ser mou estudo de caso, ‘Acada dia eu parava no ainaleconversava com ele. Depo, conee’ sua irri que também vendia no sinalmais velha, ‘ais aa, atenta ao irmao mais moco, mais ousads, po rlanear eas conhaids tio deconhecas vida jé havi the ensinado mais. E fai sabendo a cada dia ‘um poueo mais de suas vidas e, a0 me abrir para melhor compreendd-los, ia compreendenda melhor a sociedade porversa em que vivo eas incriveis taticas(conforme Certeat) ue © pove eria para ve dar bem, ow simplesmente, para sobreviver num mundo eo, Quem diria que eriangas, ume de 4 ¢ outra de 9 anos, ‘que nunea haviam estado na escola, sabiam oque so juros € lucro, além das quatro operagdes, como aquelas duas Criangas me mostravam saber. Quando Ihes perguntei de quem eram as balas que vendiam, os dois me responderamn: ~ Soda nessa me, qu compen noatacndo pando pagar jure provendedor-Asas, agente gaahemass nn Pt Nés, professoras, fomos ensinadas a ser a6 na esco ese aprende, mas aquelas eriangas me mostravarn q rua também se aprende, e mais: que a vida nos leva render eoisas que nem sempre so aprendo na escola, sto ensinadas descoladas da realidade, 0 quo leva diz. a0 répido esquecimento. E como uma hist6ria puxa outra, ao acabar de escrever sobre o menino que vendia balas, lembro-me de outra histéria, esta mais dramatica, eque me acontaceu novamente no carro, trazendo-me tanto sofrimento que nunca a comentei, nunca mais pensei sobre ela, Por que razto hoje ‘me lembro dela no sei. Talvez porque, quando se abre 0 ati de memérias, dele sai o que queremos © 0 que nio ‘queremos, mas o que pula para fora no podemos impedir. Vinha eu dirigindo meu carro, conversando com um, amigo que me acompanhava. Como tedos fazem no Rio de Janeiro, as janelas estavam fechadas e o carro trancado, pols os’ pequenos assaltos nos sinais de transito sto frequentes, quando nao, sobrevém os agora denominados ‘seqiiestros-ralampago; no minima, as pessoas se protegem “ fachando-se nos carros, No meio de nossa animada conversa, sme dei conta de que o tanque de gasolina ostava quase vazic eresolvi parar no primeire posto de gasolina. Abri ajancla f entreguei a chave do carro ao frentista, continuando voltada para meu amigo e dando curso & nossa conversa. Derepente, sinto uma mae escura em meu bragoe uma voz dizendo: Ta Panico foto que senti. Mou corpo se defendeu recuando come se quisesse se oseonder. O menino maltrapilho e sujo, fe naquele momento 0 podia ver, também assustado com ‘minha regio me disse: ~Tia,owna sou lado no, SSquera te dar um abrago, Post? Vergonha, muita vergonha foi o meu sentimento ‘© menine pobre e earente de afeto s6 me pedia afato. E eu, ‘bem cu, também vitima dessa sociadade perversa, a0 vor 0 ‘menino negro, pobre, sujo, maltrapilho, antes de tudo 0 vi como um potencial atacante. Envergonhada o abracei, mas feito a estava feito, Nao sei ge Ihe valew de alguma coisa 0 ‘abrago que Ihe dei pouco A vontade, mas fui tomada de muita vergonha, tristeza, obrigada que estava a me deparar com minhas préprias contradigoes. Esta 6 primeira vez que tenho coragem deme lembrar dosta histsria acontecida hi tantos anos. Saio do Rio e Ihes conto a histéria de uma menina, crianga também, embora no to pobre quanto os dois, ‘meninos das histérias anteriores. Descendente de indigenas por parte da mic, jé hibridizada pela elagao com umbranco, fillo de portugueses, sem considerarmos que os mouros 1d andaram pelas terras portuguesas, fala um portugues meio latravessado ¢ frequenta uma escolinha de uma pequena cidade do interior nordestino. Na verdade, a escola é na 6 pra casa da professoraIeign, que aprendeu que agora Se cnnina a ler ea entrever na pré-essala ee vente ha Chrigato de fastl, la que mal emalerranhnoseu proprio rome soletra cartilha que compro de segunca maa, ‘A menina tom difiuldades para sogurarolipis que @ profeesora tanto valorie, a veres parece ter son durante ‘aud de esrita, fala powce, pois no entendo bem © a3e ihe dizem e percabe nfo ser bem antendida quando dis alguma esa. A cadn manb, volta para a escola, tezidn pela info da mie, embora tante sempre encontrar uma Assculpa para nto ix Mase pa, ile de portuguese, term a fsacoa como valor e quer quo sua fla apreada o que ele no wove a eportunidade de aprender A mae, sbrasea a0 ‘sou homom, simplesmente aceite, enibore io ontenda multe bbom a importinia do a fazer o que nto ve gosta Eta erianga, tho desnjeitada para fazer as tarefas scolares, cata pasea por uma transermagio ~ 6 tiva, Slegre, fala sito, participa dos afazeres domésticos, ‘aprende tudo 0 que a mae Ihe ensina, sente-se capas, a0 Contrio do sentimento de incapacidade que cesce a cada diana escola Tio a tivee visto om sun cnaa, talven 0 arriscasse Julgar que a menina pudesse tr o que a velha pedagoeia dlonomina de alguna difeuldade para aprender Mies comm explear quewmaceianga.qus tom dieuldades para aeguraro lipispossa descasca as batatas para fazer a Comida, som so corer, ou prender e desprender o alfinete das falda do fo bebé dom ao Turar? Como explcar qve ‘lemonsire tana dficuldade para memorizar os nomes das letras quem 6 eapar de cantar repetindo ae letras das musteas que ouve no rdio de pilha do pal? Como expicar amanha desonvoltura pars culdar éa limpess da casa, para ajudar a mae na eorinna e no cular do irmozinho uo aeabava de nasoer, quem parece Uo tom inieatva © 16 “Todas eho erangu hhabilidade para entender simples ordens da professora e fazer a8 tarefas eacolares? E eu me pergunto, perguntando-thes: ne Seri que ela sabe para que serve o que a professor tonta ensinar-Ihe na escola? Serd que ela sabe para que serve aprender a ler € Ser que alguém aprende o que para a sua vida pai nfo ter sentido e quem Ihe quer ensinar nao conses ‘mostrar 0 sentido do que pretende ensinar? A outra histéria que proponho vem lé de sul maravilha. ahistoria de um fo dnieo de uma familia tipiea de classe média do Parand. A mae ¢ filha de italianos, eo pai deseende, ‘mas bem distanto, do alemges, Tanto 0 pai quanto a mae estudaram, se formaram, tém um bom emprego e atribuern ‘seu "sucesso" a terem sido muito bons alunos. Avs domingas, (0s trés se paramentam e vio a igraja do bairro, onde a mae ‘ainda encontra tempo para fazer caridade, que é dever de ‘odo eristao. No final da tarde, vem toda a familia dos dois lados, materno e paterno, para Lanchar junta. Zsta farnilia segue o dito popular de que a familia que come unida se ‘mantém unida. B,é claro, tadas as atengoes se vollam para © filho do casal, de quem esperam um belo futuro, tao inteligenteeleé. sta 6 a hora de contar os feites do pimpolho: = Imagina que sod sube lr wmas pariah... 9 tm tréa tance. que sabia! Sabeoque ele meporguntou enter, quando eu estava vend “O clone”? Me perguntou vecane cents falado un pale incre, ia = Ble i est aprendendo a jogar xadees comiga. Vai ser um ‘campetio! ‘evtangas, a5 conhecdas to desconhecias No prezinho, como é chamada a sua escola, vai muito bom. A professora é encantada com a inteligéneia do pi (assim sa0 chamados os meninos no Parand), que aprende tudo o que ela ensina e ainda mostra saber mais do que ela ensina. Quando a professora manda a turma fazer uma pesquisa, pai e mae se mobilizam para ajudar 9 menina a fazer uma linda pesquisa, que é sempre a melhor da classe. Dificl sabar quem tem mais prazer em fazer a pesquisa, ‘pai, a mae ou se pid, a quem foi encomendada a pesquisa, Quando se avizinha 0 tempo de férias, 0 menino participa da escolha do lugar em que passardo as férins — ‘yao vendo juntos os folhotes de propaganda da agéneia de vviagem, vdo lendo juntos (quem sabee quem ainda nao sabe ler) as'informagbes sobre os diferentes lugares que so apresentam como possiveis, vao procurar no atlas onde fica, ceada um dos lugares em pauta. Escolhom juntos, ombinam data da partida e da chegada, fazem contas dos eustos da. viagem e veem de quanto dispoem na caderneta de poupangs, O menino esta prosente e participa ativamente o processo de escolha.e, com os pais, comega a sonhar com 0 lindo lugar aonde iro no vero. A cada dia, o pai traz mais noticias sobre aquele lugar de sonhos da familia, noticias ‘que sao complementadas na Internet, disputada entre pai e filo. E claro que, no infeio das aulas no préximo ano lativo, tudo 0 que aquela erianea tiver aprendide em suas férias fara parte das conversas na sala de aula, cla sera convidada, 4 falar sobre o que viu, o que aprendew, o que descobriu, ‘pois 2 aconteeimentos considerados muito importantes pela rofessora. Esta crianca de 3 anos esta sendo preparada para tomnar-se uma camped, quase igual ao que acontece com eriangas e jovens abastados do mundo todo que, tendo dinheizo para pagar escolas com mensalidades altfssimas, ‘Todas #i0 erangatar as sto to etree aspiram por exemplo a se tornar campedes de ténis © 20 ratriculades na Escola de Campeses da Florida, nos Estaos Unidos, para a qual sous pais pagam uma fortuna ¢ 98, criangas ¢ 03 adolescentes pagam o progo de abdicar de viver como todos os jovens vivera no mundo ~ tém aulas de tenis todos os dias, véom filmes ¢ videos sobre ténis todos os dias, ‘nfo podem namorar, dangar, fazer 0 que.os pobree narmats fazem, pois isso os distraivia de seu grande ohjetive de se tornarem campedes mundiais de tenis. Neste ponto, apresonto a histéria de um menino ¢ uma menina, iemdos, trapezistas, filhos de trapezistas de um

You might also like