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MASSIM, M. e GUEDES, M.C. (orgs) - Histéria da Psicologia no Brasil: novos estudos - S80
Paulo: EDUC @ Cortez, 2004
Capitulo v1
APSICOLOGIA NO BRASIL NO SECULO Xx:
DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO E PROFISSIONAL,
‘Mitsuko Aparecida Makino Antunes
Este texto no tem a pretenso de esgoter 0 assunto enunciado em seu titulo, nem @
estritamente uma formelizago de dados de pesquisa (embora estes sejam sua base) Foi ele
elaborado com base em pesquisas em Histéria da Psicologia no Brasil, particularmente
feferentas 20 periodo que vai da virada do século a 1962 e de algumas reflexes sobre 0
pperiodo posterior a esta data. Sua finalidade & expor um panorama do século XX, enfocando
realizagdes que marcaram 0 processo que culminou com a regulamentacao da profisso de
psicdlago ¢ em seu desenvolvimento como ciéncia e como profisséo, posteriormente. O
periodo é bastante extenso, pois & medida que o tempo avancava, ampliava-se sobremaneira
© espectro das realizagSes na rea, abrangendo ensino, pesquisa, prélicas de intervencdo,
diversidade de abordagens teéricas, publicago de livros e periédicos, criaedo de instituicbes,
fundago de entidades profssionais e promocéo de eventos cientiicos. Hé que se registrar a
ccaréncia de pesquisas que aprotundem a andlise histérica da Psicologia neste século, quer no
que diz respeito & variedade de suas manifestagées, quer no que se refere as produgées das
diferentes regi6es do pals, pois a maioria das pesquisas ainda enfoca Rio de Janeiro, S80
Paulo, Minas Gerais e Bahia
Percebe-se, na virada do século, 0 incremento da _preocupaco com os fenémenos
‘sicolégicos no interior de outras reas de conhecimento, particularmente na Medicina @ na
jucagto. Nesse conlexto, circunscreve-se aos poucos aquilo que poderia ser denominado
‘Propriamente de Psicologia, processo esse que caracteriza seu reconhecimento como area
‘especifica de saber em nosso meio, Esse movimento precisa ser visto & luz de pelo menos
{ois conjuntos de fatores: 0 desenvolvimento da Psicologia na Europa, @ mais tarde nos
Estados Unidos, ¢ as miltiplas demandas impostas pelas condiges sociais brasiliras. Esse
period pode ser considerado como aquele em que se processa a conquista da autonomia da
Paicolog
‘Ao longo dos snog_20, ¢ sobretudo @ partir da década_de 1930. veriica-se uma intonsa
producéo na area, Gus’se amplia e se diversfica em diferentes abordagens © campos de
ftuagdo, aesim como s0 miliplas as articulagdes que se estabelecem no interior da propria
area e desta com outras, Pode-se considerar que, nesse momento, a Psicologia consalida-se
ro pais, produzindo as bases para seu reconhecimento como profissao @ o estabelecimento
Go curiculo minmo pera seus cursos de formato. Esse periodo pode ser considerado como
aquele em que se dé a consolidacéo da Psicologia como ciéncia e como profissdo no Brasil
‘Apés a aprovagto da Lein, 4.119162, tendo sido a Psicologia reconhecida como profisséo, S40
Ctiados seus primeiros cursos reguiares. Nesse momento, é potencializada a expanso que jé
vinha enteriormente ocorrendo, sobretudo pelo aumento de cursos ocasionado pela Reforma
Universitria ge 1968. Nesse periodo, concretizou-se a profissionalizacao da Psicologia,
No final dos anos 70, no contexto da luta pela democratizacao do pais, emérgem criticas as
Virias formas de manifestacdo da psicologia, enfocando as teorias © as abordagens mais em
\voga, suas préticas e sua organizagao académica @ profissional, Nesse periodo, s8o fartos os
debates em varias instancias da Psicologia, 0 que concore para a busca de novas
perspectivas teéricas © metodolégicas e sua expanséo para varios campos da vida social,
+ 2
acarretando @ superagéo da velha triade escola-trabalho-clinica, Talvez isso caracterize um
neva memento histéico, defini-lo com preciséo é dificil, porém vislumbra-se com certanitidez:
fa expanséo da Psicologia como ciéncia e como profissdo, assim come 0 reconhecimento de:
‘sua originalidade @ exceléncia em varias insncias,
A Psicologia 6 reconhecida como area especitica de conhecimento
Preocupagdes com o fenémeno psicolégico eram jé recorrentes desde os tempos da Colt
‘Como jé fo! dito, nao se poderia, eniretanto, afar que se tratava propramente de Psicologia,
‘36 208 poucos ela conquistaria & condigio de érea especifica de conhecimento e, pouco mais.
tarde, por decorréncia, a de campo de intervenco prética. Concorrer para a concrelizag3o.
desse proceso falores de ordem intema, como o incremento das preocupagées com 0.
fendmeno psicolégico em outras areas de saber © o reconhecimento da Psicologia como.
ciéncia auténoma na Europa e nos Estados Unidos, assim como fatores de ordem externa,
‘como as transformagoes da sociedade brasileira e seus velhos e novos problemas, que:
‘demandavam, por sua vez, novos conhecimentos @ possibilidades de interven *
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implantagéo €@ permaneceram no “modelo republicano brasileiro, emerge a defesa da
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‘construgdo de una nova nacéo pela construcée de um homem novo, para o que deveria,
‘oncorrer a a¢do da Educacgo, esta também alcereada numa perspectva & al
lempon Assn 0 exclanasmo, una dex epresiies x conenaies hunts Tosa
em Educagao, que se pretendia pedagogia cientifica e buscava na
Sacrpeeaniecata easter Gea eee
ae ects cette eee coat
possiblidades gerou as condigées para que a ciéncia psicolégica produzide na Europa e nos.
Pua tacit ig pesos pred etn slo IK ve nla ce, ips
"Mpa etengb do mes infomartes, ver esau sobre exe avo er ANTUNES 1061), Vere i aus
pecam archon a ANTUNES (180006 T5050), 3
Estados Unidos aqui penetrasse, concretizando seu processo de reconhecimento como area
‘auténoma de saber.
Apresentar-se-4, 2 seguir, uma breve descrigéo da produgdo psicolégica na Educagdo © na
Medicina, com a finalidade de demonstrar as realizagées que contribuiram para o processo de
‘autonomizagSo da Psicologia no Brasil
A Psicologia na Educagao
Um marco importante no processo histérico ora em estudo foo estabelecimento da Psicolgi
como dicipina auténoma, Mais precisamente, em 1860 a forma Beniamim Constant, de
taunho postvsta,ansformou a dsciplina Filosofia am Paicolaga e Logie. mas tarde, s80 se
desdobraria na introducto das dsciplinas Psicologia e Padanoria nas Escolas Normals
Vale dizer que, nos primeiros anos da Republica, foram realzadas varias reformas
educacionais, oscilando entre as tendéncias positvstes ¢ liberais, enretanto, o quadro da
Educagao brasileira pouco se alterou, permanecendo ainda os graves problemas educacionais
herdados da Conia e do Império, sobretudo pela auséncia Je um projeto nacional de
Eacagao, 0 que suit ater nico apés os anot 20. A pane isso, ccoieu a0 jo doses
anos, uma efervescéncia de ideiass educacionais, expresso dos idedrios nacionalisas
modernizadores.
A necessidade de expandic a escolarizagao trouxe grandes debates © muitas propostes, cia
ténica resicia na defesa da elevacao do Brasil & condigéo de poténcia mundial, Muitas dessas
proposias traziam em seu boo aigumas preocupagbes com 0 fendmeno psicoldgico, porém
ainda distantes daquilo que poderia ser considerado propriamente. como Psicologia, pois
abordavam questées relacionadas & higiene, enfocando 1 vicios e a decadéncia moral como
Drodutos da ignoréncia, Tais preocupagées éram basicamente de natureza disciplinadora. Em
—geral de cunho patriéico, essas ideias no penetravam na questéo propriamente educacional
®, sobretudo, pedagésica, pois permaneciam no Ambito do discurso politico genérico; disso
dcorre em parte a auséncia de elementos préprios da céncia psicolbgica*
‘Além disso, emerge mais sistematicamente, por volta da década de_1920_a defesa da
‘organiza¢o_de_um sistema nacional de Educarso, sobretude com _a implariagéo de uma
reforma eminentemente pedagésica. Nese contexto, surgiram os primeiros profssionais da
‘Educagdo-vindos da Medicina, do Direito e de outvas reas), foram criades entidades
representativas de educadores, como a Associago Brasileira de Educacéo - ABE; foram
‘ompreendidas reformas estaduais de ensino\ baszadas em projetos especialmente
Pedagdgicos, além de outras iniciativas. & importante sublinhar que tals empreendimentos
festavam intimamente relacionados com @ introdugéo das novas ideiass educacionals ©
pedagégicas representadas pela Escola Nova. Procure’-se-4 demonstrar, a seguir, algumas,
‘manifesiag6es que lustram esse processo
.
im, idealizado originalmente por Ruy Barbosa, foi criado en. 1890 tom a finalidade
oe Sitar gio. carta do toaigio te eae © tonenio pare roves ealzagias
‘educacionais. Em ‘en foal criado 0 primeiro laboratério de Psicologia no Brasil, planejado
pot Binet em Pari, Coma colaboragao de Manoel Bomfin.
> Eee ast fo vataco mais eapecticamert am ANTUNES, M A.M. Peeape °Eevenpo no Bras oe que
antcedoram 9 swtmttpto do secoarawamo no Bran pee. se ‘
dirigiu esse centro por cerca de quinze anos. Nao ha registtos sobre a produgao desse
laboratério, embora em suas obras de Psicologia e Pedagogia seu diretorfzesse referéncia 8s
pesquisas la realizadas. Curiosamente, nessas obras, 0 autor apresenta uma bem
fargumentada critica as pesquisas realizadas em laboratério; para ele, as condicdes restritas ©
afificiais deste nao permitiam apreenséo da complexidade e das mUtiplas determinagses do
{fenémeno psicolégico, especialmente do pansamenta, visto por
\\ tborer dontim consderava‘0-paigulsmo como um fendmene Ge carer Nsiicosoca
“devendo ser estudado segundo © método interpretative, 0 qual deveria recorrer ao estudo de
‘suas miltiplas menifestagSes, dando especial atencdio & imensa obra humana forjada ao longo
da histéra. E importante lembrar que Banfi n4o fei um partido do escolanavismo, embora
sua produg3o nese ambito fosse eminentemente voltada para a psicologia da educagao,
padendo ele ser considerado, por sua obra em geral, como um intelectual que nao se alinhava
‘20 que era hegeménico na época
Outros laboratérios foram criados em Escolas Normais, principalmente vinculsdos as
enominadas Reformas Estaduais da Educag3o dos anos 20, realizadas por aqueles que
personificaram os primeitos profissionais da Educago no Brasil, denire os quais alguns dos
pioneiros da Psicologia, como_Lourengo Filho e Issias Alves Essas reformas seguiam
fundamentalmente os principios da Escola Nova, tendo a Psicologia como um dos principals,
‘sustentéculos para a prética pedagégica, envolvendo estudos sobre desenvolvimento infanti
processos de aprencizagem, relagdes entre professores e alunos, além de dar inicio 30
femprego de técnicas oriundas da Psicologia, como os testes icos @
ltlizados como instrumentos de racionalizagéo da prética educativa, Denire outras,
‘destacam-se as Escolas Normais de S80 Paulo, Fortaleza, Salvador, Recife e Belo Horizonte.
AAs Escolas Normais foram também base para 0 ensino de Psicologia, e continuaram sendo
‘ap6s 08 anos 30, pois foram elas os alicerces para as futuras secdes de Pedagogia das
Faculdades de Filosofia, Ciéncias e Letras - FFCL, nas quais @ Psicolodia se estabeleceu
~ como materia de ensino Superior, concomitantemente 80 que ocorria nas segdes de Filosofia.
Como jé foi dito, nessas escolas foi introduzida a disciplina Psicologia e Pedagogia, um dos
mais importantes meios pelos quais a ciéncia psicolégica se difundiu e se desenvolveu,
incluindo as diferentes abordagens teéricas e técnicas da época, por meio da traducdo de
‘obras estrangeiras ou da vinda de psicélogos como Piéron, Walther, Simon, Claparede
‘uros, fatores estes que permitiram 0 acesso mais amplo aquilo que vinha sendo produzido
‘em émbito internacional. AS cdtedras de Psicologia e Pedagogia nas Escolas Normais também
forrentaram a produgdo de pesquisas e de obras escritas por seus catedraticos, para uso dos
‘alunos @ suporte para suas aulas. Eis algumas obras que tratam da ciéncia psicolégica,
produades por profssores das Escolas Nomais| Compendio-de_Bekdloga (1911) @
‘Equcacéo da inféncia anormal de iateligencia.no Brasil (1812), de Clemente Quaglic, Licdes
ie Fedagogia (1914), Nodes de Psychotogia (1916) e Pensar e dizer estudo do symbolo.no
(eusameuia-e oa Inguagedi-(1323), de Manoel Bomifim. Psychologia (1826), de Sampaio
Déria: Teste individual de inteligencia (1927) e Os testes @ reorganizagdo escolar (1930), de
Isaias Alves, entre outras,
Come diretor da Escola Normal Oficial de Pernambuco, Uysses Pemambucano criou, em
1925, Institute de Psicologia de Pemambuco, o qual fol transterido para o Setor de Educacao
fem 1929, passando a ser denominado Instituto de Selecdo Orientagdo Profissional Isop.
mais tarde anexado 20 servigo de Higiene Mental do Hospital de Alienados do Recife, quando
Pemambucano tomou-se seu direlor. E bem verdade que tals fatos demonstram que essa
Institigdo esteve mais ligada a seu criador do que propriamente & Escola Normal; entretanto.
‘nas suas diferentes etapas, foi constante a presenga de professoras normalistas, assim como 5
‘2 preocupagao com a pesquiss em Psicologia © com 0 desenvolvimento de suas técnicas.
‘Muitas realizagées ai ocorreram, como estudos sobre testes de nivel mental, aptidio e outros,
incluindo @ padronizagdo para a realidade brasileira; pesquisas sobre 0 vocabulério das
criangas das escolas primarias, elaboragdo de testes pedagdgicos, estudos sobre técnicas
projetivas, assim como muites alividades que tinham como finalidade a formago de
esquisadores em Psicologia, destacando-se Anita Paes Barreto, Nelson Pires © Silvio
Rabelo. Pernambucano tambén realizou alividades em Psicologia mais relacionadas sua
atuacdo médico-psiquidtica, as quais serBo citadas mais adiante.
Relacionada a Escola Normal ¢ criada no bojo da Reforma Educacional de Minas Gerais em
1928, a Escola de Aperfeicoamento de Professores de Belo Horizonte constituiu-se numa das
mais proficuas insttulgoes progutoras de connecimento, ensino e experlencias eaucacionais
baseadas na Psicologia, tomando-se parémetro para os rumos que tomaram a Psicologia © a
Educacdo no pais, Mais tarde, essa instituigdo fundiu-se com a Escola Normal, dando origem
20 Instituto de Educago, que também anexou Seu laboratério de Psicologia, Sob a direcio de
Helena Antipoff e por forca de sua lideranga, ai muitas normalistas entraram em contato com
a Psicologia e foram introduzidas nos campos da pesquisa e da prética educacional nela
baseada.E importante ressalter que Antipoff,elém de ter se responsabilizado pela formacao
de educadores @ futuros psic6logos, também fundou @ Sociedade Pestalozzi no Brasil,
idealizou @ coneretizou a experiéncia educacional da Fazenda do Rosério, ocupando-se da
educagdo de superdotados © da educacdo rural; escreveu muilos artigos para importantes
periédioos brasileiros em Psicologia e Educago, tendo reconhecidamente prestado
significativa contribuigdo para a educagao brasileira e para a consolidagao da Psicologia no
Brasil
‘A Escola Normal de Salvador fol também um importante coleiro para a introdugo ¢ 0
desenvolvimento da Psicologia no Brasil, e continuou sendo-o também apds os anos 30, tendo
fem Isaias Alves seu mais importante protagonista; foi ele um dos pioneiros na difuséo,
_aplicacao, revis8o © adaptagao de testes psicolégicos no Brasil, assim como um dos mais,
‘veementes defensores de sua ulizago na organizacéo escolar, Foi, por isso, figura mercante
nessa drea, no apenas na Bahia, mas nacionaimente, além disso, fol um proficuo
ppesquisador do desenvolvimento psicolégico da crianga
A Escola Normal de Fortaleze foi um dos pilares da Reforma do Ensino do Cearé,
‘empreendida por Lourengo Filho. Teve essa escola a finalidade de formar os educadores que
deveriam concretizar 0s novos rumos da Educago cearense. Para subsidiar esse
fempreendimento, fo criado um laboratério de Psicologia para colaborar com a formacao dos
‘educadores, 0 qual, de certa maneira, também permitiu a continuidade das pesquisas que
LLourengo Filho jé vinha realizando na Escola Normal de Piracicaba, onde iniciou suas
pesquisa sobre maturidade para a leitura e a escrita
‘A Escola Normal de Sao Paulo foi uma das mais importantes institugdes responséveis polo
desenvolvimento da Psicologia no Brasil. Sua importancia justlica-se por suas atividades de
ensino dessa érea, pela produgSo de seu laboratério, pelos cursos ministrados por importantes.
psicélogos estrangeiros e por ver sido a base para a cétedra de Psicologia Educacional da
ego de Pedagogia da Faculdade de Filosofia, Ciéncias e Letras - FFCL da Universidade de
‘$80 Paulo - USP. A cétedra de Psicologia da Escola Normal de S40 Paulo pertencou,
sucessivamente, a Sampaio Détia, Lourengo Filho e Noemi Silvera. Seu laboratério, criado na
‘Para mas iomagiee sobre produte de Helen Anno, ver pblcaces vitae 6 Regn Helena de Frees Compos.
5 °
‘gestéio de Oscar Thompson, em 1914, fl dirigido no inicio pelo italiano Ugo Pizzoll, ai foram
Produzidas inimeras pesquisas, abordando grafismo, atenco, tempo de reago, meméria,
associagSo de ideiass, raciocinio Infanti, tIpos intelectuais e oulras. Mais tarde, esse
laboratério oi incorporado & cétedra acima citada,
‘As Escolas Normais foram, pois, esserciais para 0 desenvolvimento da Psicologia e,
Certamente, protagonistas de primeira grandeza no processo de autonomizacao da Psicologia,
‘no Brasil, Sua tarefa consistiu em divulgare difundir 0 conhecimento psicoldgico produzido na
Europa e nos Estados Unidos por meio do ensino, da produgo de obras e da vinda de
importantes psicélogos estrangeiros, Forem importantes pela producao de pesquisas; pela
formacao de profissionais que viriam @ fazer parte do grupo de pioneiros da Psicologia; pela
introdugo das conhecimentos da érea em intervencdes praticas e por terem sido 0 alicerce
para 8 introdugo da Psicologia como matéria do ensino superior.
A Psicologia na Medicina
Dando sequéncia as tendéncias do século XIX, as Faculdades de Medicina (Bahia € Rio de
Janeiro) © 08 hospicios foram as prircipais fontes médicas de produéo de_ideiass
psicolégicas, muitas das quais foram aos poucos adquirindo contomos que as qualiicavam
Propriamente como Psicologia, 20 mesno tempo em que vao se distanciando e se
siferenciando da Medicina, sobretudo da especialidade psiquistrica,
‘Algumas teses jé apontavam, desde 0 século passado, para conteidos que poderiamos
‘considerar como préprios da Psicologie. Em 1890, @ tese de José Estolita Tapajés,
Paicoisiologla da percepcdo e das representagées, jé apresentava a tendéncia psicofisil6gica
dda época, Teses denominadas Das emcebes foram apresentadas por Verissimo Dias de
Castro (1890), Manuel Pereira de Meio Norais (1891) e Adolpho Porchat Assis (1892). De
Alberto Seabra, a lose A meméria e a personatidade, de 1894, anunciava temas que viriam a
ser largamente pesquisados mais tarde, também pelos primeiras laboralérios de Psicologia
criados alguns anos depois.
[A tose de Henrique Roxo, Duragdo dos atos Psiquicos elementares, de 1900, defende a
Psicologia como propedéutica da Psiquatria, o que revela @ admisséo de que @ primeira
Constitui-se numa area especifica de saber, A tese de Oscar Freire de Carvalho, orientada por
[Nina Rodrigues, Etiologia das formas concretas da religiosidade do norte do Bras j& apontava
para um tema que seria incorporado pelas preocupacdes da psicologia social mais tarde. De
1907, tese de Mauricio Campos de Medeiros, médico que acabou por se dedicar &
Psicologia, Métodos em Psicologia, @ derronstrativa do reconhecimento da autonomia dessa
‘rea, assim como da preccupagao com o rigor cientfico na produgso de seus conhecimentos.
Em 1911, Plo Olinto, outro médico que mais tarde viria a se dedicar & Psicologia, defendeu
‘a tese Associaggo de Ideiass, indubitivel mente um tema psicolégico. Essas teses
‘demonstram com bastante clareza a produgdo psicolégica da época, assim como a condigao
{da Psicologia como rea de saber, ainda que fosse ela vista, por varios de seus autores, como
subsidiéria da Medicina, interpretago esta que em verdade perdurou ainda por muito tempo.
AAlguns hospicios também se dedicaram a produr3o de conhecimentos em Psicologia,
Principalmente com a instalagao de laboratirios® No Hospital Nacional de Alienads, foi criado,
fem 1907, um laboratério de Psicologia, sob a infiuéncia de Georges Dumas, dirigido por
‘Para aisnfrmagies sobre o lbaratinoedeses hops, ver pubicaSes was de Arie Gomes PENNA sobre a
Petolopa ra ease nore
° 7
Mauricio Campos de Medeiras. Um laboratério de particular relevancia foi o da Colénia de
Psicopatas da Engenho de Deniro, criado em 1923, Em 1932, este foi subordinado a0
Ministerio da Educagéo e Saide Publica como Instituto de Psicologia e, em 1937, incorporado
2 Universidade do Brasil. Esse laboratério foi dirigido pelo psicélogo polonés Waclaw Radeck,
tendo produzido um significativo rol de pesquisas abrangendo varias teméticas da Psicolog)
‘como estudos sobre selegdo e orientagao profissional, fadiga em trabalhadores menores de
‘dade, selegdo de avisdores, psicometria, etc; além disso, dedicou-se @ formac3o de
pesquisadores e de profissionsis na érea incluindo a preocupardo com a modalidade clinica e
‘a aplicagao as quest6es relativas ao trabalho. A Liga Brasileira de Higiene Mental, fundada em
1923, também ctiou um laboralério de Psicologia, considerando ser esta uma ciéncia afim &
Peiquiatia; drigide sucessivamente por Alfred Fessard, Plinio Olinto @ Brasilia Leme Lopes,
foram af realizados os Seminérios Brasileiros de Psicologia e, anualmente, as Jomadas
Brasileiras de Psicologia, com @ finalidade de divulgar as pesquisas produzidas.
Na esteira do movimento higienista, 0 Instituto de Higiene de S80 Paulo formou um grupo de
‘estudiosos dessa rea, sob a lideranca de Geraldo Paula Souza, composto por médicos,
‘educadores e engenheiros. Produtos desses enconiros foi a criago do Servico de Inspegao
\Médico-Escolar, no qual foi criada uma escola para “deficientes mentais’, ¢, em 1938, da
Clinica de Orientac&o Infantil, dirigida por Durval Marcondes. Além disso, esse grupo foi
também precursor do Instituto de Desenvolvimento © Organizagao Racional do Trabalho -
dort, que esteve muita ligado @ produgdo de Psicologia aplicads ao trabalho nos anos
seguinies
Os pressupostos higienistas exerciam, nessa época, uma substancial influéncia sobre @
Medicina, particularmente sobre a Psiquiatria, haja vista a denominagdo de algumas
instituigBes acima citadas. Os idesis higienistas geralmente se aticulavam a0s principios da
feugenia, intimamente ligados ao pensamento raciste brasileiro. Baseavam-se numa concepeao
‘que afirmava @ existéncia de uma hierarquia racial (sendo a raga ariana considerada superior
@ a raga negra, 8 mais inferior de todas), do que decorria a teoria da degenerescéncia, que
‘considerava a propensdo & degenerescéncia fisica e mental das ditas "racas inferiores" Por
‘essa Via, a reivindicagao de adogéo de medidas “higiénicas", cuja finalidade no era outra
senao 0 “embranquecimento da raga brasil’, consttula-se numa das bandeiras de lutas
‘dessas enticades. E importante dizer que tas ideiass ja se definiam como contetidos préprios
da Psiquiatria, distanciando-se, pelo menos diretamente, daquilo que se produzia como
Cconhecimento psicolégico, embora este trouxera, pelo uso de testes, uma ceria contribuigao
para cocroborar “cientificamente” tais concepcbes.
Num sentido bastante diferente, evoluiu 0 Movimento Psiquidtico de Recife, sob a lideranga
do jé citado Ulysses Pernambucano, movimento este que antecipou ‘as ideiasss da
antipsiquiatria, que s6 viria a se manifestar décadas depois. Na condigdo de diretor do
Hospital de Doengas Nervosas e Mentsis do Recife e participando da Assisténcia a Psicopatas
de Pernambuco, ele aboliu as camisas-de-forea e os calabougos implantou ambulatérios @
hospital aberto, dentre indmeras outras realizacdes, incluindo o ja citado Instituto de Selecao e
Crientago Profissional - Isop. Periambucano fundou também a Liga de Higiene Mental de
Recife, porém numa direcao bastante diferente das demais, al criou ele a primeira "Escola
para Anormses" no Brasil, mais tarde assumida pela Associacdo de Pais ¢ Amigos dos
Excepcionais - Apae. Nessas atividades por ole realizadas, fizeram-se presentes médicos &
professoras normalistas, incumbidos de deserwolver e realizar tarefas relacionadas 3
Psicologia, na condigao de manitores de salide mental ou auxilares psicélogos. E possivel
‘dizer que, para Ulysses Pemambucano, néo havia uma linha de separagdo nitida entre
Psicologia e Psiquiaria, devendo 0 trabalho em saide mental contar com a colaboragdo de
7 diferentes profssionais, o que também s6 muitas décadas depois viia a ser dafendido. Essa
sua vis8o deve-se muito provavelmente & sua concepgo de doenca mental como situagSo.
fexstencial, produto da dindmica psicol6gica do individuo, considerado como sujeito ativo em
InterarSo com fatores de ordem socal
Em sintese, podemos dizer que a Medicina, tal como no século XIK, continuou sendo um
importante Solo para 0 cesenvolvimento da Psicologia, com a criagdo de laboratérios, cursos,
fencontros, etc., que tinkam, em uitima insténcia, a finalidade de subsidiar a prética médica
Eniretanio, foise gradativamente demonstrando sua delimitaglo enquento area de
Conhecimento, em especial por suas realizagSes no campo da Educagdo. Ao mesmo tempo,
Psiquiatria assumia um perfil mais nitido e distante daquilo que se produzia em nome da.
Psicologia. Muitos médicos permaneceram mesmo no escopo da Psicologia e se distanciaram
da Psiquiatria,aliés, mutos profissionais que se dedicaram & Psicologia na Educaco vinham
também da Medicina. Dasa forma, € possivel dizer que a Psicologia, nessa época, ganhou
‘8sparo no interior da Medicina, embora dela comecasse a se separar, adquirinds contomnos de:
ciéncia auténoma
Processo diverso ocorreu com a Educagao. Deve-se lembrar que esta no 6 urra ciéncia, mas.
uma pratica social que, sistematizada pela Pedagogia, busca sustentado nos conhecimentos.
Cientficos. Essa caracterstica talvez soja importante para se compreender como a Psicologia
tenconirou na Educagao um rico substrato para o seu desenwolvimento, assim como é possivel
‘afirmar que esta também encontrou ria Psicologia um vasto cabedal de conhecimentos
‘ubsidiérios as suas préicas. Além disso, é possivel dizer que ambas, Psicologa e Educaso,
elas vertentes que adotaram, foram elementos fundamentais para contibuir com um projeto
social mais amplo, a modernizacao do pals, consubstanciado na implementacao da
Industrializagao. 0 movimento da Psicologia a partir dos anos 30 demonstra com clareza 0.
vinculo com esse projeto, que, por sua vez, é representado pelas direrizes assumidas pelos
‘grupos que tomaram ¢ poder na denominade "Revolugéo de 30". Assim, as ideies de.
modemizagao da adminstrapao pela racionalizag3o e a organizagao cienifce, elementos j&
presentes na aplicago da Psicologia a Educapao na década anterior, expandiam-se para as
aplicagBes ao trabalho, tendo como protagonistas alguns dos pioneiros da Psicologia que
‘emergiram no periado precedente, derire os quais alguns que se tornaram eminentes quadros
paliticas do governo, como Lourenco Filho, por exemplo. Nessa perspectiva cientificsta
Vigorava a ideia de neuialidade representada pela ciéncia, obscurecendo, de certa forma, as
ccontradicées de classe, herdadas do periodo anterior, mas naquele momento portando uma
‘nova roupagem.
Esse quadro, no entanto, apresenta contradigdes, representadas por posigées que néo se
‘articulavam com 0 que era corrente ou hegeménico na época Nessa condig&o, enconiram-se,
ppor exemplo, Manoel Bomfim © Ulysses Pernambucano, defensores de ideias que s6 mais,
tarde viriam a ser efetvamente reconhecidas e que no encontraram respaldo em seus
Contemporsneos; ndo por acaso foram ambos vitimas do ostracismo e, de ceria maneira, de
‘um "esquecimento” deliberado,
A Psicologia consolida-se como area de conhecimento e campo de aplica¢ao
Esse periodo caracteriza-se pela _multiplicagao de manifestagdes da Psicologia
relacionadas & sua condigéo de rea de conhecmento € de campo de ago, envolvendo:
‘ampliago de seu ensino para 0s cursos superiores; a concretizacéo da aluaco em diversos
‘campos de aplicacdo (particuarmente em Educagao, trabalho e clinica), a introdugo de
6 °
diferentes abordagens teéricas; a criagdo de instituigées de pesquisa @ aplicarlo; 0
incremento da publicap4o de livros e 0 aparecimento de periédicos na area, a criagdo de
centidades representatives da érea © de seus profssionais; a organizacéo de importantes
eventos cientifices e, por decorténcia, 0 movimento que culminou com a regulamentacso da
profisso de psicblogo. Os dados aqui apresentados so ainda precérios, pois, pela extensso
da produgéo do periodo, ha ainda caréncia de estudos que possam fomacer um quadro
analtico mais aprofundado de suas inimeras realizages, assim como de suas produgées nas
diversas regides do pais,
Para expor 0 percurso da Psicologia nesse periodo, foram utilizados 0s dados de uma
pesquisa’. Cujo objetivo foi elaborar um quadro de referéncias com base no
fesquadrinhamento de publicagdes que abordam a Histéria da Psicologia no Brasil” Serdo
tratados, da referida pesquisa, especifcamente os dacos referentes 20 periodo compreenaiao
entre 1930 e 1962, que foram organizados nos seguintes agrupamentos: ensino; aplicacéo;
estudos e pesquisas; publicagdes e outros (eventos e associagbes cientficas e profssionais).
Estas foram também subdivididas pelos campos de aplicag3o encontrados frequentemente no
periodo: educaglo, trabalho, clinica, ou de &mbito gerel. Alm disso, fez-se um levantamento
{a distribuigdo geogréfica das produgdes, e, quando diretamente relacionadas a inslituigbes,
{oram elas ergarizadas por sua natureza privada ou publica,
0s dados obtidos apontam pars 0 aumento da quantidade de referénciss encontradas nesse
periodo, sigificativamente maior que. nos periodos precedentes. Além disso, explicita-se
Garamente a dversfcagao de realizagbes, mostrando elementos que caracterizam 0 processo
{e consoldagdo da area e sua gradaliva proisionalaagao. € importante salionar que esses
dados néo refltom igorosamenta os Talos ocorrides, uma vez que 80 1Go-somonte
feferéncias enconiradas nas obres estudadas, 9s quais correm 0 isco de terem sido
privlegiadas pelo olhar especifico do autor, assim como muitas obras se referem
especiicamente a determinados autores, insituigdes ou regides. Enetanto, acreditamos que,
‘pesar disso, 08 dados levantados podem certaente reveartendéncias @ conibus para ume
vis8o do periodo, sendo, necessério que se tome cuidado na interpretagdo deste, Fram
fenconiradas releréncias* @ publicagées (122), ensino de Psicologia (116), prticas
psicolégicas (69), estudos © pesquses (57), © ouras reaizagées (41), como congressos ©
‘iiagdo de enlidades represeniativas da rea, entre outras. Seguem-se abaixo slgumas
‘doscrigées sobre essas produgées.
Publicagoes
(Os dados demonstram que houve uma quantidade substancial de publicagdes, ainda que
nessa categoria estejam incluldas indistintamente referéncias a livos, relatérios de pesquisas
‘0u artigos em periédicos; no entanto, essa diversidade demonstra que houve preccupagao
Oe sas aq aprnetads buslom a0 na pea3uea Qua deReferdnc etre a Plog no Bra relzasa pr um
Go Progfoma ce Estuace Pts Gredages om Ehucero.Puesepa ds Escort,
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‘iin © Tetara habe, carmem Rotndana Tavera, Cvsine Bove fovea, are Parana Tul La Mt
Sans, lara de Fatma F se Pesan, Rage © Novum ta ao Coen Masia Rapa, Sanaa Regia de Sours
Pesce, Siva Menges Pessoa ¢ Sone Regina Bueno A pre flere so pedo 18801862 ancase-se pateacs
Paola Reus Renata go Fausnse oe Peciogs on PUCP ste. pp. 87-13),
"Fora conierdas somo cvasleranag, nen peut, ete oases eopecfca, ae seguir pubieage: A
acolo Expermorel no Brest de lio Cin, A Pacadgs no asl, de Ania Cabral A Pacooge no Bras « h
Paola no Bret nat Utinos 25 anos, embes de Lourego ina A Pcp re Brest ce Sanus Pon Neto Mae
[aroun Muon de Pocaogs no Srl © doe pars ume Mtore de Pacaoge no Sel sma ala Psst ©
‘eloge no as de Jana de Artane Gomes Pee.
em eatganae nd sto mavamente esc; sam, neler qu orm ncrpornea a ai cums eta 10
com a sistematizago © a difuso do conhecimento, em especial pelos periécicos
‘especializados ent8o criados.
Em 1944, foi criado 0 periédizo Revista Brasilera de Estudos Pedagdgicos-RBEP, por
iniciativa do INEP - Institulo Nacional de Estudos Pedagégicos. Embora fosse esta’ uma
publicacéo do campo da Educacio, constituiu-se ela num importante veiculo de divulgaeao da
Psicologia educacional, tendo Aigo Leonardo Angelini, Helena Antipoff e Belti Katzenstoin
como autores bastante proficuos. Em seguida, outros periédicos, especicos de Psicologia,
‘surgiram no cenério brasileiro, dentre eles, 08 Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, publicado
pela Instituto de Selego e Oriertacéo Profissional -Isop, da Fundago Getto Vargas - FGV.
Esse periédico, criado em 1949 e publicado até hoje (passou a se chamar Arquivos Brasileiros
de Psicologia Aplicada e, atualmente, Arquivos Brasileiros de Psicologia), foi um importante
jeulo de difuso das pesquisas © aplicagSes realizadas pelo por esse Instituto,
principalmente realizadas sob a lideranca de Emilio Mira y Lopez. Em 1949, a Sociedade de
Psicologia de S80 Paulo criou o Boletim de Psicologia. A Revista de Psicologia Normal e
Patolégica, do Instituto de Psicologia da Pontificia Universidade Catélica de S30 Paulo -
Ippuc/SP, inicialmente publicada como Boletim, foi particularmente relevante, no apenas pela
diversidade de anigos sobre as diferentes dreas da Psicologia, mas também como importante
{rg8o informativo, que apresentava resenhas de obras ¢ relatos sobre congressos nacionais ©
festranaeiros. com farta contrituicso de Anicla Ginsberq e Enzo Azzi, Além de outros
periddicos, também foram publicados nimeros especiais de Psicologia em periddicos mais
‘gerais, como o Boletim da Faculdade de Filosofia, Ciéncias @ Letras da USP.
(Os dados demonstram que havia um numero razodvel de obras de ceréter geral, dentre as
‘quais Psicologia moderna, de 1953, organizada por Otto Klineberg © contando com a
Participago de vérios profssionais, como: Annita Cabral, Anibal Silveira, Paulo Sawaia,
Cicero Christiano de Souza, Durval Marcondes, Aniola Ginsberg, Belt Katzenstein, Oswaldo
dde Barros Santos @ outros. Aparecem obras em psicologia social, como Psicologia social (1
935), de autoria de Raul Briquet, © Introdugso 4 psicolagia social (1952), de Arthur Ramos.
‘Muitas 820 as publicagSes relacionadas & psicometria, relatives & adaptacso e & padronizacao
de testes, tis como as de autora de Anita Paes Barreto, ou 0 método de Rorschach (1953),
dde Cicero Christiano de Souza. Vale registrar que um significative numero de publicagBes em
Periddicos referia-se a essa tematica. Autores caidlicos, como Alceu de Amoroso Lima,
Teobalde\Airanda Santos, Leonel Franca, frei Damigo Berge, padre Paulo Siweck, também
produziram obras psicologicas, cra relacionadas a aspectos religiosos, ora de Psicologia geral
‘u educacional. A Educacéo ccupa papel privilegiado nas publicarées do perlodo, com
participago de autores como Helena Antipoff, Lourenco Filho, Isalas Alves 3 outros. Essa
expressividade aumenta se nesse grupo forem incluidas as publicagtes sobre psicologia
infantil, por autores como Sivio Rabelo e Mauricio Campos de Medeiros. Deve-se acrescentar
ue artigos sobre a Psicologia no Brasil j& comecavam a ser publicados nesse periodo, como
Um decénio de atividades no Instituto de Psicologia [de Pernambuco de Anita Paes Barreto &
‘Aida Campos (1935), La pensde de Ribot dans la psychologle sud-americaine (1999), de
‘Lourengo Filho; A psleologia excarimental no Brasil (1944), de Plinio Olinto @ A Psicologia no
‘Brasil, de Annita Cabral, de 1950, o primero texto mais longo e elaborado sobre o tema
Ensino
‘As publicagdes seguem as referéncias a0 ensino de Psicologia. As Escolas Normals
‘continuaram a ser importantes fontes de ensino dessa disciplina e, além disso, terreno sobre 0
‘qual foram criados 08 cursos superiores de Educagéo, geralmente constituidos como segées
de Pedagogia das Faculdades de Filosofia, Ciéncias e Letras - FFCL, que, por sua vez, deram
10 aS bases para 0s primeiros cursos de Psicologia. Foram encontradas varias referéncias &
Escola Normal de Sao Paulo, origem da cétedra de Psicologia Educacional da FFCL da
Universidade de Séo Paulo, A ela se acrescenta o Instituto Pedagégico, subordinado &
Diretoria do Ensino de S80 Paulo, criado em 193 1, sob a direcdo de Lourenco Filho, com a
Colaboracso de Noemi Silveira, no qual a Psicologia Educacional foi oferecida como matéria
de ensino superior, 0 Instituto de EducacSo do Distito Federal, com efetiva paticipago
também de Lourenco Filho, seu catedratico; a Escola Normal da Bahia, com Isaias Alves ©
‘Simone Bensabath, cujo curso de aperfeigoamento de professores foi base para a segao de
Pedagogia e, mais tarde, para o curso de Psicologia da Universidade Federal da Bahia -
UFBA.
‘A partir dos anos 30, inicia-se © ensino formal de Psicologia em cursos superiores, com
destaque para as segdes de Pedagogia e Filosofia das FFCL. Em So Paulo, com a ciaco da
USP, em 1934, Lourengo Filho fo! nomeado professor de Psicologia, essa instituigSo criou,
ouco mais tarde, na segdo de Pedagogia, a cétedra de Psicologia Educacional, incorporando
© Laboratério de Psicologia da Escola Normal de Sao Paulo e nomeando Noemi Silveira sua
primeira catedratica, que, em 1954, seria sucedida por Arrigo Angelini
‘A cétedra de Psicologia na secdo de Filosofia da FFCL da USP abrigou Jean Mauguse depois
Otto Kineborg, que tave como seus assistntes: Annita Cabra, Cicero Christiano de Souza,
Jogo Cruz Costa © Anibal Siveir. Em 1947, com a saida de Mineberg, Annita Cabral
tomou-se sua catedrética. Em 1958, Annta Cabra, Cicero
Christiano de Souza, Anibal Silveira e Durval Marcondes dariam inicio a0 curso de
‘especializagéo em Psicologia Clinica. Foi em 1962 que a Congregacso de FFCL da USP
‘estabelecou 0 curriculo pleno do curso de Psicologia
Em 1940, a FFCL Sedes Sapientiae comeca a gestar um projeto para formagao de pscélogos.
Sob a lideranga de madre Cristina Sodré Déria, catedrética de Psicologia Educacional, foi ai
instalada, em 1953, uma clinica psicolégica’e criado um cu'so de especializacéo em
Psicologia Clinica, com duragSo de tés anos, para graduados em Filosofia ou Pedagogia.
Destaque deve ser dado @ figura de sua idealizadora, que foi néo apenas uma das pioneiras.
da Psicologia no Brasil e formadora de geragées de psicslogos paulstas, mas também uma
‘combativa defensora da demacracia © dos Direitos Humanos, atividades estas jamais
separadas de sua pratica psicol6gica e educativa
Em 1946, foi criada a Universidade Catélica de Sao Paulo, um ano depois elevada @ sonic
de Pontificia Universidade Catélica de So Paulo - PUCISP, na qual Ana Maria M. de Morais
{oj nomeada catedratica de Psicologia Educacional e da Crianca. Nesse mesmo aro, Maria
José Peters assumiu @ cétedra de Psicologia Educacional ¢ Orientago Profissional na
PUCISP-Campinas. Em 1950, foi criado 0 Instituto de Psicologia da PUCISP - IppuclSP,
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