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fete ez Toscndesa Ras) = ‘Sas - Varieties {rab fy” Cat ee Pan Cnr CCU) eee a Gitano a ep) Estrutura da Mi Cara ets Sr Une ede oadCUED aber Pes: vere Unter Peal eS Catia (USC) [ate Ghnes Cain Unborn sal so Pao Uno) Lingua Portuguesa ‘ire Unter ra do rnd oa (URS) JOAQUIM MATTOSO CAMARA JR. Edigao critica adeno Capo eon CP (Cierra bm igo estabcecinent de text inrohydoenotas de Cas ge ; -Enilo Goaze Payot, Mari Crinina Fgucieda Ska © Tru ing Pts um ae Cas | caine ees gine Py ‘Manoel Mourivaldo Sansago-Ameida Stee Chaucer ona singe A= pin ene food Unpan) raga Grambie Ia, do Gam tsi Mate Cin emt Sata Ads, Naot Murolan 1-Taa VS Tis pr catog siento “rat Pgs inguin 615 inde ma Di itcin—CHB ET Gramitica e seu conceito 1 AS GRAMATICAS E SEUS PRINCIPIOS. ‘Agramiticadescitivaou sineronicaé0 est do mecanismo pelo qual ‘uma dada lingua fanciona, nam dado momento (gr. sy Teun chrénos, ‘tempo, como meio de comunicagio entre os seus fants ea anise da ‘strutura, ou configuragio formal, que nesse momento a caacterza, ‘Quando se emprega a expressio gramitica descritiva, ou sinerénica, sem outro qualifcativo a mais, se entende tal estudoe andite como ree rente ao momento tual ou present, em que ¢ fia a gram, | tinha em principio exe objetivo a gramética tradicional, claborada 4 partic da Antiguidade Clissica para a ngua greg eem seguia a latna Em portugus, desde Fermio de Olvera e Joao de Barros no século XVI, ‘vem se multiplicando as gramticas, patadas pelo modelo greco-latino, inttuladas quer deseriivas quer expostvas. Ora, mais propriamente normativas se limitam a apresentar uma norma de comportamento linguistico, de acordo com a sempre repetida defini - "arte de falar « escrever corretamente” Ora, mais ambiciosase melhor oientadas, ro: ‘ura ascender a um plano que bem se pode chamar ceniico em sus propésitos, pois procuram expliar a organizag e funcionamento das formas Linguistica com objetvidade eepirito de anise. ‘Tiveram este dime propésito ar chamadas “gramstics flosficas’, ‘como em portugués ade JerOnimo Soares Barbosa no século XVI Em bora tena havi recentements, com a escola nort-americana de Noam Chomsky, certo empenho em valorzaressas“graméticas filos6ficas (CHOMSKY, 1968), deve se reconhecer que a critica que eas se fe, des ‘eos princpios do século XIX até meados do séulo XX, era em essénca procedenteO fundamento para aciencia da gramitica, por els entendi, aa discilin flosifca da Logica como a dlineara Aristételes na Gréci Antiga depois Descartes no século XVI A gramtica foi entenida como ancilar do estado filosfico que rata das leis do racocnio. A justiiativa ‘tava no presupost de que alingua,em sua organizago funcionamen- to, rfl felmente ess lis. avi af antes de tudo, um ciculovciso. lingua seria para ilstrae liga, 2 légiea para desenvoler a gramtica, Depois a Liga arso tia e anda a cartesiana, mesmo quando remodeada jf nos meados do século XIX peo ilsofaingls John Sturt Mil est loge de satistazer aos requisitos de uma anlisergorosae precisa das les do raciocinio. Tanto que 4 Floroia do século XX procurou retiara dsciplina em nas ma temdtcas, sb o tela de "Liga Simblica’, nam ffm que se destacou cspecialmenteo ildsofo ings Bertrand Russel. Finalmente base gia qu se pode depreender na organizagio e nos process comusnicativs das linguas¢ uma compreensio intuitiva das ois permeada por todaa ven ia humana Em ver derefletirem um exame objetivo e dspersonalizado as coisas, a linguasrefletem a maneita de as ee por parte de homens que se acham nels interssados eat integrados. Nema Logica arstotlica, nem a Logica Simbelica podem fazer justia, por ss, organiza fvima de uma lingua humana [A partir do século XIX outro caminbo se esbogou. A tendénca fo co- locar 0 estado da gramatica sob a éyide da Psicologia. A nova atitude se apoiava na filosoia romantica, que saientava os aspects psicolégicos, ou mesmo antilgios, que as lingua revelam, como se via aparecerem todo.o rocedimento humano,Iasisti-sena carga de emogio e fantasia, que ata nse racemento também na comunicag linguistic a sutonome restringindo-se compara das Lingus unas com as outzas ta poder depreender ent elas origens comuns (Gramatica Historico- ‘Comparativa) ccm seguida como hstria das suas modancas através dos ‘empos (Gramétiea Hist6rica), mio se preocupou dietumente com a des «righ linguistica. Mas inditetamentefavoreceu a orientasio pscogia ‘sim, Hermann Paul (846-1921, o grande téricoalemao da Linguistica obstante, do seu tempo, que ele queria exelusvamentehistric, dew, un achega pa um tatament desritivopsicoldgieo, como ji abservou om rato Friedrich Kainz (KAINZ,1941:9). 2 AGRAMATICA DESCRITIVA (0 interes plo extuda desritivo, na Linguistica, femou-senos prin ios do sgeulo XX. Eos 1908, lings slemio Anton Marty aimava ‘yu, no estudo das lingua, “30 ado das es histricas h eis descritivas MARTY, 1950: 19), De maneira mais cab, sistemticaeprofund,o lin nd de Saussure, nos seus cursos na Universi- lta fanco-suigo Ferdi ‘le de Genebr, de 1908 e 191, compendiados postamamente em 1916 or dis de seus maiores dseipulos(SAUSSURE, 1922: 117), dividiua Lin ution em diaerOnia através do ternpo, ou se, hstria) esincrbnica, "kiominago que agi se comentou. Por “linguistic sncronca” ele en- lene a geamatica dscritiva, ciemtifcamenteconduzida ist & de maneira sistemitia, bjetiae coerente (0 propsitofandamental de Saussure raver essa gramatica como di lina “autOnoma” (SAUSSURE, 1922 25), independent das dscipinas f- loses da ica eda Piolo, como de quaisquer outrs citncias Foo ‘yes displ nets onguista dinamargués Louis Hjelmse,colo- ‘ow em trmos nt laos alguns anes depos Para Helmsley ¢ preci 2» inkvie aoa ca Dlg qu cn Lig ce trond donc Ramana (HELMSLEV. 1908 30), Paalelamente com essa nove orientagzo europei, se desenvolve nos Estados Unidos da América o principio a técnica de uma gramstica des ritva Primeir, com 0 antropélogo Pranz Boas, auido por uma bri ‘hante equpe, na qual preponderou a figura de Edward Sapir (1884-1939), Ihouve o propésito de estabeleer a gramstcasdescritvas das lingua ind- genas norte americans, ainda existentes, c em seguida cam o mesmo Sapit especialmente com Leonard Bloomfield (1887-1948) «nova escola tam bbém se orientou para uma linguistics descrtvs em sentido lato, procuran- {do remodelr as pramstica descriivas das lingua de cisliagio europeis, ‘Um grande grupo dediscipuos diets einditetos de Blomfield aboros. téenicas deseritivas cada ver mais objetivas 1 ‘A tendéncia da escola de Bloomfield, quea distingue das esos descr tivas eurpeias derivadas de Saussue, fi pr de lado o valor significative as formas linguisticas, motivo, mitas vers implicit, dessa tendéncia Foo med de s entrar através do estudo das signiicagoes, novamente, na Logica ena Psicologia. Como entretant,a lingua existe essencilmente como meio de com nicagao entre os homens a signiiasbes linguistics esto evidentemente 1a base de tal comunicao, a geamsicadesritva era asim levad @ um veradeio Beco sem sida, Dai nos préprios Estas Unidos da América, ‘uma eagio recente contea 0 trabalho de Bloomfield e seus discipulos. Esa eagdo que parti, prncipalmente li, de Noam Chom, aqui ado fo muita vere desnecesariamente agressvae no poucss wees injusta Na realidad, Sapir, expliciamente, e, implictamente, Saussure jt sham respondido com acert a esa difculdade As linguas, como ris ‘mos, repousam numaldgicaimanentee numa psicologa coletiva intitv, ‘que a Logica, em qualquer de seus aspectos (de Arisiteles, de Descartes, de Stuart Mil e simbalica) ex Psicologia clssica nto inham considera- 4o, Para Sapir até estudo descritvo de uma Kinguae do set mundo de 30 signifiasbes €2 melhor manera de penetrarnesa Logica enesapsicolo- ia que escapam ao estudoflosofico tradicional (SAPIR, 1968: 32,152). Por is, ainda nos princpis do século XIX, 0 flésofo alemio Wilhelm ‘von Humboldt, cui vor eno fou isolada, via implicitamente uma g iitiea descritva compreendendo a anilise da “forma externa” de wma Tinga (cus sons voris, suas desinéncias assim por diante) ea anise da sua "forma interna ist é do seu mundo de sgnficagoes. ‘Chegamos assim a uma condlusio preiminar sobre o que se deve entender por uma gramitica dscritiva, de cuno rigoroso sistemitico [3 RS IMPLICACOES DIACRONICAS Resta o problema de ibe eal ramtica€posivel sem lvar em conta ss considerate de ordem histvia. Ou, em outros temas, seo esd sin “nico 6 poste sem paralloestud dncrnico que the iva de apo. Foi a conviego dessa posibiidade, ou antes, dessa necessidade que constitu uma das grands contrbiges de Saussure ns seus cursos ac na audios, na Universidade de Genebra, nos pinepios do século XX. ntretant, algunas correnteslinguisticas contempordness, especial mente europess, ainda retam exe pont de vista. £, no obstante, o pont de vista teoricamente certo. Anes de tudo, hi s rcunstncia de que os falantes de uma lingua nada sabem espontanes- da histra dela e2 manejam apestr de tudo de maneitaplenamen- cients, Depo, hi obsersagio de que mutas vezs 0 conhecimento, istrico, aplicado A andise sincr6nica, a torna absuda. Por exemplo, por ‘omer vem do lat, comedere em que cns- ers um prefix com aida de ‘reuniol mas é claro que com no verb portugues €a raze dstngue esse verb de ber (deglutie um aliment slid’ versus ‘ingerie um aimento gui’) da mesa sorts, min corsesponde a at. mrt que era um dativo {forma em Sango de objet indizeto); mas mie em portugués se empreg2 31 no por so (que le em regta nao), mas por er epi de preposcso (em angio que em latin corresponderia ame no ablative is vezes no acust- tivo). Finalmente na anise hstrica prtimos sempre de uma andlssin- ‘nia, tomada como ponto de prtda (lt, comedere,porexemplo, sem cngitar de formas anteriores indo-europeias que historicamente a expica- am). sineronicamente que consideramos comedere = com + ed +e ate ponto seri desenvolvido em todo o corer do presente Ivo, que quer ser ma gramitica descriiva em implicagds diacOnics 4 ALINGUISTICA, A GRAMATICA NORMATIVA EO ENSINO Uma consderago final para termina esa introdusio. ‘Vimos que a gramatca grecolatina era normatva e se podia define como arte de fla eesrever conretamente ‘Seri que es gramatica deve se shandonaa como sistent alguns in ut, especiimente nort-amercanos? Um dees, por exemplo, ntitulou tum seu liv de divalgago inguistca Deis a sua lingua em pa (Leave your Jevguage alone!) (HALL, 1950) ‘A respsta que parece certa€ que héem tal atiude uma confuso ene duns disciplina corelatas,masindependentes. ‘A gramitica dscritiva, tal como a vimos encarand, faz parte da Lis guistica pura. Or, como toda ciéncie pura e desntresada a Linguistica tem a sex lado wma disciplina normativa, que fr parte do que podemos cama linguistia apicada « um fim de comportamento soci. HS assim, por exempl, os pects pritcos da igiene, que € independent a Biologia. Ao lado da Sociologia, ho Ditto, que prescreve regres de conduta nas rages entre ot membros de uma sociedade, lingua tem dese ensinada na escola e,como anotao linguist francés ErmestTonnelat, oensino escolar “tem de asentar necessariamente msm egulamentioimperativa" (TONNELAT, 1927: 167). ‘Asim, a gramitica normatia temo seu lugar e nfo se anuladsnte da sramitica descriiva, Mas ¢ un lugar & parte, imposto por injungies de 2 ‘ordem pritca dentro da sociedade. £ um ero profundamenteperturbador nisturar as duas discplinas e, pir ainda, fazer lingustic snernica com, preocupagdes normativas His ese respi algumas consideragdes, ques fazem aqui necessrias, Anes de udo, a gramsticanormativa depende da linguistic sinerénic, 08 ramaticadeseriiva em sum, para no ser caprichosa contraproducente Regras de deta que no assentam na relidade social depreendida plo, «studo sociol6gico puro, ciem no vaio esto ov inoperantes ou negativas sé $6 €altamente nociva uma higiene que ndo asenta em verdadesbio- higias. Nao se compreende uma situaso inves. Depo, mesmo quando edeste’e-0&indiaso de uma classe morfoligica Se encarissemes a segunds ariculaso, terlamos as tes slabas e+ e+ a, que poderiamos, dsompor por sa ver nas consoantesevogais que a8 constr, (Os morfemas, que na primeira arculago slo os constiuintes ty ‘mos de um voctbalo, podem ser de duasnaturezas. Uma exca, essocia rfema com uma coisa do mundo biowsocil que nos envole recebe ‘expresso na ngua, Os morfemas ste, de esl, e com, de come, sto rmorfemas lexcais, que consituem o cere do vocibule, Outros so 0s, morfemas gramaticas, que entrim na contiguagi0 form da gramstica «bs lingua, como -a, da dlsse nomial de esta, out inicativo da 2* “onjagage de come, opost a I* canjugagio de amare 3*de parti ou -r ‘que indica em portugués uma forma verbal determinada dita “infinitive sal se emprega em condigdesespecificas dentro da sentens. Todas as linguas, entretant, obliteram essa oposiio sgnfcativa tio ri entre morfemaslexias e moefemas gramaticais porque uiizam & “a ‘vontade estes tims para caracterizar coisas rigor distnts, do mando biosocial. Assim & que usamos em portugues wm morfema lexical r= prio em crange, para designar um ser humano na sua primeira fase de crescimento, Outro morfema lexical em homiem significa 0 ser humano plenamente desevolvdo. Um proceso diverso temos em gato, com 0 _morfema gramatial -inho eo mesmo morfema lexical de go. mesa sorts, gat, com 0 morfema gramatical a, aposta a gato, 6 mea dese imal Mas, para o sexo feminino dos sees humanos, o que temos & mu her com um semantems lexical verso do de homer, ‘Arado esté num principio de economia expressona intinsco as lin- ‘gus humanas.O antoplogo norte-americano Franz Boas jd agu citado, al epiriual da Lingustica Descriiva dose pais chamou a tengo para «8 circunstincia de que ese uso dos morfemas gramatiais permite uma ‘melhor estruturaio da lingua ‘parpeeceponsds i ineranete heroines ca nares a rsa plod ego ‘mete rca oot 9 re a ago oes ‘iscsi foe BOAS 9:25). wma contingéncia da imper cunstanca de que em nenhuma proceso élevadlocoerenementes suas ‘kis consequencias, e temas em portugués, por exemplo,gainho para _goe gata para go, mas 20 mest tempo eran pata Homer e mulher para homer. Como quer que sj, os morfemas gramatias tém com isto tes fun- Bex naling 1) indicam elasifcagesformais, meramente, como a vogaistemiticas «as conjugagbes on as classes nominal em a, -0 ¢-€ 2)estabelecem as relages dos vocbulos dentro da sentenga, como em latim o “nominativo" assnala 6 sueito do verbo eo “acusativo”o seu objeto dire" bogies das Unguss horas a i= '5) maccam, pela sua posi entre ou plas presengaem fae da sua austncia as velagoes qu lingua etabelec entre coisas diversas, vistas ‘como relacionadas na idea que dla fazemos (ou, antes, nossa lingua stern fz) ‘So os morfemas gramaicais, sistemas mais ou menos fechados, que

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