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Edina Mercade de Lbiar 1.5 capikale 5 politicas publicas na area da educagao Pera a crianga com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) Cynthia Prata abi-Habib Introdugao Aeducagao é um direito garantido a todas as pessoas, com ou sem deficiéncia, ao longo de toda a vida. O Direito a educagao é parte de um conjunto de direitos chamados de direitos sociais, que tém como inspiragao o valor da igualdade entre as pessoas, Esse conjunto de direitos foi incorporado a Constituigao Federal por meio do Decreto n° 6.949 (Brasil 2009) que assegura as pessoas com deficiéncia © direito de acesso a um sistema educacional inclusivo em todos os niveis, baseando-se para tanto na Convengao sobre 0s Direitos da Pessoa com Deficiéncia (Onu 2006) da qual © Brasil é signatario. A mudanga na legislagao assumindo 4 pessoa com deficiéncia como parte a ser protegida © de Suma importancia. Urge estudos mais aprofundados no Ambito juridico para que se norteie o caminho a ser trilhado Oo UNO com autismo na escola sirude dotema, para ae esta discuses, porante 2 a™P exemple # gituacdo das pessoas ,. nos come jsmo (TEA) Som tomare™ go Espect?© do Autism : jo mum em grupos de inclusao soci ie se referir a pessoas que tay iciéncia, pessoa portadora q ssidades especiais? Para 1 termos tecnicos corretamente nao Usar ou nao usa) ymantica ou s uma mera questao S© se desejamos falar ou numa _perspectiva inclusiva, sobre assunto de cunho humano E a_ terminologia especialmente suntos tradicionalmente elva' em importancia, escrever construtivamente, qualquer importante quando dos de 0 60 ncias que aproximadamente 14.5% (Sassaki 2010) correta é abordamos as: preconceitos, © caso das deficié da populacao brasileira possuem stigmas e esteredtipos, com Promog: NaConveng4o Internacional para Protegaoe a, fio dos Diteitos e Dignidade das Pessoas com Deficiénc! ae que o termo correto a ser utilizado sem@ pess0 oe deficiéncia. No total, foram sete os mo} or movinestos & teem chegade & express deficiéncia, wetter nn — nao esconder ou ¢# diferengas one nomen realidade, valon?™ essidades decorrentes da deficien“ tivos que levat? ‘peso muflat zat 158 Serie Toda erianga pode a" Outro principio utilizado para embasar a escolha foi a defesa da igualdade entre as pessoas com deficiéncia @ as demais em termos de direitos © dignidade, o que exige a equiparagao de oportunidades atendendo as diferengas individuais. Sassaki também chamou atencao para combater neologismos que tentam diluir as diferengas tais como. “pessoas especiais” ou “pessoas com eficiéncias diferentes”, A razao disto reside no fato de que a cada época sao utilizados termos cujo significado seja compativel com os valores vigentes em cada sociedade enquanto esta evoluiu em seu relacionamento com as pessoas que possuem este ou aquele tipo de deficiéncia. (Sassaki 2010) Para o autor, a condigdo de ter uma deficiéncia faz parte da pessoa e esta pessoa nao porta sua deficiéncia. Ela tem uma deficiéncia. Tanto 0 verbo “portar” como o substantivo ou 0 adjetivo “portadora” nao se aplicam a uma condigo inata ou adquirida que faz parte da pessoa. O principio da isonomia nos preceitos legais A obrigagéo de impor o direito de matricula as Pessoas com deficiéncia nas instituigdes que caminham do Ensino Basico ao Ensino Superior decorre do principio da igualdade, tao sensivel e estimado no ordenamento juridico brasileiro, © Princfpio da Igualdade esta presente no caput do artigo 5° da Constituigao da Reptiblica Federativa do Brasil (1988) que aduz: “Todos somos iguais perante a lei sem distingdo de qualquer natureza". Oal : 139 aluno com autismo na escola funda a base do nosso ordename, ue nele pea em todo 0 texto constitucig a consideragoes de Aristéte; tre os individuos nas hipét ‘to, Eis eria con! : juridico, mae to a i © texto, INSET encas en vesen reconhece as podem ser reproduzidas em nosso gia... ue de agoes J de uma igualdade que diferencia para nig dia. Trata-se ra abrigo na generalidade da lei POsitiva g excluir, que lagen forma, encontra a proporcionaliqa, de eee tratar iguais os substancialmente iguaig da igualdade a igualdade era pura € simplesment, Fa eat ir igualmente os iguais e desigualment,s - aaa, ae concep¢gao notavel do jus fildsofo nao desiguals. ° proconceito entre as diferengas, mas Pondera = a ae e que, portanto, devem ser consideradas como tais, com o fulcro de integrar a sociedade. Em 1989 promulga-se a Lei n° 7.853 (Brasil 1989) a fim de estabelecer “normas gerais normas gerais que asseguram o pleno exercicio dos direitos individuais ¢ sociais das pessoas portadoras de deficiéncias, e sua efetiva integragao social, nos termos desta Lei", conforme aduz caput do art. 1° do referido diploma. Como se observa, pessoas com deficiéncia possuem uma atengao especial da Legislagao Brasileira. Além da reserva de vagas em concursos, existe uma de série disposigoes constitucionais que nos fazem entrever um principio de respeito as pessoas com deficiéncia. Como Preconiza Dworkin, “ endossa_principios aprovai Principios justificam”" ( © legislative ndo a legislagéo que esses Dworkin 2005, Pp. 24). No entanto, soy Para que essas pesg Sociedade, As dificul inclusdo, Inchusao Soci a bens @ Servicgos, a todos @ nao ape mente a legislagao nao é suficiente ‘Cas se integrem satisfatoriamente @ ades sao muitas. Fala-se muito em lal 6 oferecer oportunidades de acess? dentro de um sistema que benefici? Meritocraticn gm S208 Mais favorecidos no siste™ ae alunos co due vivemos, Dessa fo: m rma, a educaca® ° desafio, transtorno de espectro do autismo, ¢ U I+0 4 nde! erie Toda crianca pode apre” Ahierarquia das leis O ordenamento juridico brasileiro 6 complexo. sao centenas de leis, decretos, cédigos (civil, penal, processual), ttatados, portarias. Se j4 6 confuso para os operadores do Direito, para os profissionais de outra Area pode ser cadtico. A Legislagao Brasileira 6 composta de atos normativos distintos, as Leis. Sao normas escritas, com forma previamente estabelecida, que cria, modifica ou extingue regras juridicas. Para explicar a ideia de subordinagao das leis, Hans Kelsen, um jurista e filosofo austriaco, usou a figura geométrica de uma piramide. Essa figura é muito usada pelos estudiosos de Direito e denominada por eles como a Piramide de Kelsen. Trad: ltemacionais bre: itis Hu Fonte: Elaborada pela autora A Constituigao Federal é anorma origem. Nao ha nada que lhe seja superior. Ela traga as diretrizes dos elementos ©ssenciais do Estado. Dispée sobre a sua organizagao, sua @ forma de governo (Repitblica Federativa), aquisigao e xercicio do Poder, direitos e garantias fundamentais dos Oo aluno com autismo na escola bull 5 Constitucionais” também, «gmenda! ; 7 . ji yr ser a tinica form: yo aa Pirasmide PO A de encontra no tol ae ra Constituiga “ «© conven - tos: 9 Presidente da Republica celebs, goes Internacionais $40 acon, de Direito Internacional, Gay, exclusi . -ados internaclo: oe! ais, haja vista ser ele 0 Tesponsavel pei, trati s exteriores e pela defesa da nagag n, dinamica das rela’ onal. Os que versem sobre direitos humanos celebradog elo Brasil tém status supralegal, See aiee abaixo da Constituigéo, mas acima da legislagao wi No entanto podem ser incorporados através de Emendas a Constituigae (ficando no topo) ou nao. Contudo, o tratado n&o passa a produzir efeitos internamente, sem passar pelo Congresso. plano internac Um exemplo de Tratado Internacional do qual o Brasil 6 signatario Convengéo da Guatemala (1999). Para ter yvalidade no Brasil, os tratados precisam ser aprovados pelo Congresso, o que é feito através dos Decretos Legislativos Se posicionam logo abaixo, no item 3. No terceiro ponto também é importante ressaltar as “leis ordinarias". Sao exemplos, Lei Brasileira de Inclusao e a Lei Berenice Piana. As Medidas Provisorias editadas pelo executivo igualmente merecem destaque, jé que si hierarquicamente equivalentes. D As Leis Ordinarias sao regulamentadas pelo: 6 = cretos, por isso sao superiores a eles, Sao elaborade: ara 3 Para pormenorizar as disposigdes gerais e abstratas 4 lei, viabilizando sua ay Berenice Piana (Lei Decreto 8368/2014 plicagéo em casos especificos. A Le n° 12. 7164/2012) foi regulamentada pel Uma E ‘a Norma Técnica 6 um ato infra legal produzid Por um orgao of; ae acteditado para tal, como 0 Ministe? 142 Série Tod aprendt a crianga pode da Educagao, que estabelece tegras e diretrize: seguidas. Geralmente orientagao aos Sistemas ee para a implementagao de alguma lei ou direciona em janes de omissao. Apesar de ter sido colocado no —- que o Decreto Regulamentar, nao conta com o mesmo pod oder por nao ter o “status” de lei. Situagdo semelhante a d. Portarias e das Instrugdes Normativas. : Por fim, destacamos as Normas Individuais com énfase nos Regimentos Escolares. Esses sao um conjunto de regras que definem a organizagao administrativa, didatica, pedagégica e disciplinar da instituigdo, observando oa tanto, todas as normas superiores na ordem acima descritas. Casos contrarios podem ser contestados na justiga. Educagao no TEA Antigamente o conceito de deficiéncia era restrito as pessoas com algum tipo de incapacidade fisica ou mental. Com o desenvolvimento da medicina e dos critérios diagnésticos sobre prejuizos ao longo da vida, 0 conceito de deficiéncia foi ampliado, abrangendo também entidades nosolégicas dos transtornos mentais e transtornos do neurodesenvolvimento. A partir da Lei Brasileira da Inclusao (2015), 0 conceito de deficiéncia se desloca para a interagao entre o sujeito e o ambiente: Considera-se pessoa com deficiéncia aquela que tem impedimentos de longo praze de natureza fisica, intelectual, comunicativa mental, psicossocial, gao com diversas ou sensorial, os quais, em intera' parreiras, podem obstruir sua participacao plena ¢ efetiva na sociedade em igualdade de condigoes com as demais pessoas. (Brasil 2015, art. 2°) 3 O aluno com autismo na escola a para efeitos da leh 0 TEA @ considerado um doficiancia. Mas oot? 6 uma condigao em que as adaptacse, das sao tao amplas Tuan a amplitude do eepectro, a, exigi es comportamentais © @ logica de pensamenty ee com TEA sao, mals que tudo, um desatio par, ducador. O professor precisa lidar em sala de aula com oe tam dificuldades de interacao socia, ent alunos que apres 7 a dificuldade com 0 novo, hipersensibilidades, hiperfocg em areas restritas de interesse, interpretagao litera) da comunicagao oral e escrita, dificuldade de acessar pjetivos, objetividade das respostas, conceitos muito su dentre outros. Estas caracteristicas, Se desconhecidas peig in comprometer a avaliagao do desempenho aluno, No entanto, devemos considera: que na nomenclatura médica a época professor, pode: estudantil do que o Autismo ( que a lei foi promulgada estava inserido nos Transtornos Globais do Desenvolvimento), faz parte de um grupo mutto variado de sintomas que abrange desvios nas esferas do relacionamento social e da comunicagao. Neste sentido, o grau de limitagoes impostos pelo Autismo é variavel em cada caso. A dificuldade em termos da variedade de casos é tao significativa que o MEC emitiu uma Norma Técnica (19/2010 — MEC/SEESP/GAB), a fim de regulamentar as atribuigoes de profissionais de apoio para alunos com deficiéncia & transtornos globais do desenvolvimento. Também emitit uma Norma Técnica (06/2011 - MEC/SEESP/GAB) pat@ tratar das avaliagdes dos estudantes com deficiencia intelectual. Aduz a referida Norma que os instrumentos ¢# praticas avaliativas poderao se dar entre observagae © Tegistro, provas operatorias e autoavaliagao. As provas sao elaboradas individualmente atendendo as peculiaridades de cada aluno. Entre outras adaptagoes estao 0 uso de spree ¢ Toda erianga pode uma lnguagem mais direta, com berguntas claras 9 textos reduzidos, sem uso de metaforas. E improscindiy 1 el relembrar que 0 TEA @ 1m transtorno. sociocomunicativo. Assim sendo, uma interpretacio de texto aprofindada a a 1 laborado poderiam resuitar, 80, EM baixo desempenho ) de um texto mais e a confec de acordo com 0 « ire seria justificada, pois, em analogia 6 como pediasemos a uma pessoa com baixa vis40 a nao usar éculos 6 se habilitar a fazer o mesmo! E preciso lembrar que, A educagao constitui direito da pessoa com deficiéncia, assegurados um sistema educacional inclusivo em todos os niveis e o aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcancar o maximo desenvolvimento possivel de seus talentos e habilidades fisicas, intelectuais e sociais, segundo suas caracteristicas, interesses e necessidades de aprendizagem. (Brasil 2015, art. 4°) Eis que surge a questao: seria plausivel umaadaptagao individual, organizada exclusivamente para determinado estudante com a capacidade de dar oportunidades iguais entre todos os alunos, com ou sem deficiéncia? Conforme a Resolucdo CNE/CEB, n® 4/2009 no seu artigo 4°, & considerado Publico Alvo da Educagao Especial (PAEE) I Alunos com deficiéncia: aqueles que tém impedimentos de longo prazo de natureza fisica, intelectual, mental ou sensorial I Alunos com transtornos—globais__— do desenvolvimento: aqueles que apresentam um quadro de alteragées no desenvolvimento neuropsicomotor, _ comprometimento nas relagdessociais, nacomunicagaoouestereotpias motoras. Incluem-se nessa definigao alunos O aluno com autismo na escola | com autismo classico, sindrome de Asperger, indrome de Rett, transtorno desintegrativo da 8 infancia (psicoses) © tanstomnos invasivos sem sutra especificagae- 7 Itas habilidades/superdotagao, I Alunos com al aqueles que apresentam um potencial elevado ae ea =~ areas do conhecimentohumano. isoladasou combinadas: intelectual, lideranga, psicomotora, artes ¢ criatividade (Brasil 2009). A qualificagao do professor para assegurar a operacionalizagéo do ensino de alunos com deficiéncia suscita muitas questdes, devidas igualmente a imprecisoes na interpretagao do texto legal. Mais urgente que a especializacio, 6 a formagao inicial @ continuada de professores para atender As demandas educacionais de todos os alunos, no ensino regular, do basico ao superior, estendendo-se nas pés-graduagées, como proposto nos intmeros projetos ¢ legislagées de inclusao escolar. £ muito importante que o professor conhega a legislagao educacional para que conhega os direitos do PAEE e os deveres do corpo docente. A seguir, serao explicitados alguns conceitos que sao recorrentes na legislacao, a fim de que possam ser melhor compreendidos Alguns conceitos presentes na legislagao da Educagao Especial: AEE - Atendimento Educacional Especializado © AEE tem como fungéo complementar ou suplementar a formagéo do aluno por mei0 da disponibilizagéo de servigos, recursos 4¢ acessibilidade e estratégias que eliminem a5 barreiras para sua plena participacao na sociedade © desenvolvimento de sua aprendizagem. Na 146 Série Toda crianga pode aprense! perspectiva inclusiva, o Atendimento Educacional Especializado do estudante com transtorno do espectro autista contempla: a identi das habilidades e necessid especificas; ficagao lades educacionais : a definigaéo e a organizagao dag estratégias, servicos @ recursos pedagégicos e de acessibilidade; 0 tipo de atendimento conforme as necessidades de cada estudante; 0 cronograma do atendimento e a carga hordria, individual ou em pequenos grupos. O professor do AEE acompanha e avalia a funcionalidade e a aplicabilidade dos recursos pedagdgicos e de acessibilidade na sala de aula comum e nos demais ambientes da escola, considerando os desafios que estes vivenciam, os objetivos do ensino e as atividades propostas no curriculo, de forma a ampliar suas habilidades, promovendo sua aprendizagem. Desse modo, sempre que o AEE for requerido pelos alunos com TEA, as escolas deverao disponibilizé-lo, nao cabendo o repasse dos custos decorrentes desse atendimento as familias dos alunos (MEC/Secadi, NT 24/2013). cE EDI © Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) ow Plano de Ensino Individualizado (PEI) ¢ elaborado por um profissional de AEE e pode ser vinculado ao Projeto Terapéutico Singular elaborado = Ambito das politicas ptiblicas de satide Ele preve a necessidade, orientagao e acompanhamento do Profissional de Apoio a inclusao (mediador/ i jiado cuidador). Deve ser periodicamente reavaliac com a familia, ela escola juntamente fetividade € a principalmente quanto a sua ef O aluno com autismo na escola 148 necessidade da continuidade das adaprae, inseridas (MEC/Secadi, NT 24/2013), a Apoio Escolar: © servigo do profissional de apoio, come tq medida a ser adotada pelos sistemas de engin, no contexto educacional deve ser disponibilizay, sempre que identificada a necessidade individ do estudante, visando a acessibilidade 45 comunicagées e a atengao aos cuidados pessoa, de alimentagao, higiene e locomogao. Dentre os aspectos a serem observados na oferta desse servico educacional, destacam-se nesse apoio (MEC/Secadi, NT 24/2013): O Mediador/Professor de Apoio: E 0 auxiliar na sala de aula que contribui para facilitar a comunicagéo e interacao social da pessoa com TEA. Nao @ substitutivo 4 escolarizagéo ou ao atendimento educacional especializado, mas articula-se as atividades da aula comum, da sala de recursos multifuncionais e demais atividades escolares. O Cuidador/Profissional de Apoio. E 0 auxiliar nas atividades da vida didria como higiene, locomogao e alimentagao. Destinasé aos estudantes que nao realizam as atividades 4° alimentagao, higiene, comunicagao ou locomoge? com autonomia e independéncia, possibilitando seu desenvolvimento pessoal e social Além dos conceitos explicitados acima, 64 mentos ecial @ je sua importancia conhecer os principais doct! que alicergam as bases da educacao esP' inclusiva no Brasil. aprende™ Série T oda crianga pode 4 Marcos historicos e normativos a partir da Constituigao de 1988 © Brasil tem uma legislagao que pode ser considerada avangada no que se refere a educagao especial e educagao inclusiva. A seguir, s40 retomados os principais documentos desta legislagao. Nao seria possivel comentar exaustivamente cada um deles em um capitulo. Eles estéo elencados em ordem cronolégica para que possam ser conhecidos. + Declaragéo Mundial sobre Educagéo para Todos (Conferéncia de Jomtien - 1990) Trata-se de um compromisso global firmado por 164 governos reunidos na Cuipula Mundial de Educacao, entre eles, o Brasil. Traga o Plano de Acao para satisfazer as necessidades bésicas de aprendizagem, incluindo nessa abordagem a ideia que “as pessoas portadoras de deficiéncia requerem atengao especial” ¢ “que é preciso tomar medidas que garantam a igualdade no acesso A educacéo aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiéncia como parte integrante do sistema educativo" * Declaragéo de Salamanca Entre 7 e 10 de junho de 1994, em Salamanca, juntamente com diversos Espanha, 0 Brasil, ara com paises, reafirmou © compromisso pé a Educagao para Todos, reconhecendo a Mer aade cr uence de sence bees providéncias de educagéo para as criangas, jovens e adultos com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino. 1 49 luno com autismo na escola 150 Lei de Diretrizes ~ LDB A Loi n° 9.394 dle 20/12/96 destina o Capity, 4 inteiramente a educagao especial, defining, a a ‘Art, 68° como uma Modalidads 4 colar, oferecida preferenciaimen, @ Bases da Educacio Nagic, ‘al educagao © na rede regu apresentam Apesar de grandes avancos nas letras da lei, estan, atrelados a subjetividade de interpretacces como por exemplo 0 termo “preferencialments da definigdo citada, o que muitas das yezes comina com o nao cumprimento e a necessidade ilar de ensino, para educandos cy, a necessidades especiais” de se fazer outras leis. Decreto 3.298 de 1999 Em 1999, o Decreto n° 3.298 que regulamenta a Lei n°7.853/89, ao dispor sobre a Politica Nacional para a Integragdo da Pessoa Portadora de Deficiéncia define a educagdo especial como uma modalidade transversal a todos os niveis e modalidades de ensino, enfatizando a atuagéo complementar da educagao especial ao ensino regular. Estabelece que as instituigdes de ensino superior devem oferecer adaptagdes de seus testes © os apoics necessérios para a realizagao das provas pal as pessoas com deficiéncia contando inclusive com tempo adicional para os exames, basead? nas caracteristicas individuais, e desde que solicitagées tenham sido previamente feitas Pe? candidato e que a deficiéncia ou necessidad® especifica seja comprovada por laudos metic A norma se estende ao ENEM (Exame Naciom! do Ensino Médio), Série nder oda crianga pode apre” oo Resolugao CNE/CER no 2/2001 Em abril de 2001 as Ditetrizos Naci “ Educacéo Especial na Educa oo me Resolugéo CNE/CER yo 2/2001, no orn determinam que: “me anion 2, qualidade para todos, (MEC/Seesp 2001 ) Convengaéo da Guatemala (1999), incorporada Pelo Decreto Legislativo n° 3.956/01 A Convengéo da Guatemala, incorporada ao sistema legal brasileiro Por meio de Emenda Constitucional, declara que as pessoas com deficiéncia tém os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que as demais pessoas. Define como discriminagao toda diferenciagao ou exclusao que possa impedir ou anular o exercicio dos direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. * Decreto n° 6.571 de 2008 O Decreto regulamentar acima da as diretrizes para 0 estabelecimento do Atendimento Educa- cional Especializado (AEE) no sistema regular de ensino (escolas pablicas ou privadas). Tema fina- lidade de ampliar a oferta do atendimento educa- lizado aos alunos com deficiéncia, cional especial — nto e@ al transtornos globais do desenvolvimento © as habilidades ou superdotagéo, matri rede de ensino regular. it O aluno com autismo na escola Resolugéo n° 4 CNE/CEB de 2009 Institui diretrizes operacionais para o Aton, Educacional Especializado (AEE) na x, ee Basica, que deve ser oferecido no tumno i da escolarizagao, prioritariamente nag Salag recursos multifuncionais da propria escoia on s outra escola de ensino regular. O AEE y, ode _ realizado também em centros de atendimens, educacional especializado ptiblicos , Ss instituigdes de carater comunitario, Confessions, ou filantropico sem fins lucrativos Conveniados com a Secretaria de Educagao (art.5°) Plano Nacional de Educagao (PNE) de 2011 Prevé universalizar, para a populagao de 4 (qua, tro) a 17 (dezessete) anos com deficiéncia, trang. tornos globais do desenvolvimento e altas habi- lidades ou superdotagao, 0 acesso a educacéo basica e ao Atendimento Educacional Especia- lizado (AEE), preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacio- nal inclusivo, de salas de recursos multifuncio- nais, classes, escolas ou servigos especializados, publicos ou conveniados. Dentre as estratégias, ressalta-se a necessidade de implantar mais s@ las de recursos multifuncionais; fomentar a for magao de professores de AEE; ampliar a oferta do AEE; manter e aprofundar o programa 2 cional de acessibilidade nas escolas publics promover a articulagao entre o ensino regula! © © AEE. 0 Plano Nacional de Educagao (PNE)° uma exigéncia constitucional com periodicida¥® decenal e determina diretrizes, metas @ ae gias para a politica educacional e, confom elenco trazido pela Lei 13005/2014 Jet Je apren? Série Toda crianga pode oP social compativel com a meta de incluso plena, adotando agoes que garantam que pessoas com deficiéncia nao sejam excluidas do sistema educacional geral sob alegagao de deficiéncia e que pessoas com deficiéncia possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade © gratuito, em igualdade de condig6es com as demais pessoas na comunidade em que vivem. * Lei 12.764 de 2012 Conhecida como Lei do Autista ou Lei Berenice Piana, institui a Politica Nacional de Protecao dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA); e altera o § 30 do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. A lei em comento demonstra relevante progresso em termos sociais aoequipararosdireitosdas pessoas com TEA com os das pessoas com deficiéncia. Com a adogao de tal medida, 0 pais aumenta o seu sistema de protegdo social e cuidados na perspectiva de superagdo das barreiras me venham a impedir a autonomia ¢ a participacae social das pessoas com autismo e suas familias No que tange a Educagao, a partir a a : MEC, por meio da NOTA TECNICA n° 24/: p 153 O aluno com autismo na escola ce passa a ressaltar 0 direito a educagéo inctusiy, § ao Atendimento Educacional Especializag, (AEE), ratificando o direito a educacao em totiog os niveis, etapas ¢ modalidades de ensino, o,, todo o territério nacional, bem como, a Teceber os apoios necessarios para 0 atendimento 4, necessidades especificas individualizadas a, longo de toda a trajetoria escolar. Significou tomar conjunto de iniciativas que visassem a capacitagao dos professores e gestores: instituir o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) no Atendimento Educacional Especializady considerando as potencialidades do aluno, viabilizando recursos educacionais, mediagées ¢ estratégias para 0 acesso a rotina escolar. Estas medidas seguiram as determinagées do artigo 3°. da Lei 12.764/2012, inclusive no que se refere ao direito a acompanhante especializado na classe comum, nos casos de comprovada necessidade do aluno com autismo. Decreto n° 8.368, de 2 de dezembro de 2014 Regulamenta a Lei n° 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que institui a Politica Nacional de Prote- go dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Es- pectro Autista. Interessante ressaltar 0 conceito de um decreto regulamentador: é uma normé juridica expedida pelo chefe do Poder Executivo (no caso, o Presidente da Republica) com 0 intu’ to de especificar as disposigdes gerais e abstté tas da lei, assegurando sua aplicagao. Lei n° 13.146 de 2015 ~ Lei Brasileira de Inclusé® Institui a Lei Brasileira de Inclusao da Pessoa °O™ Deficiéncia (LBI), também chamada de Estat"? érie Toda crianga pode apre™ Conclusdo Os necessidade de uma aprendiza\ grandes con P eae quistas € a obrigagao das escolas Privadas promover em a insergao de pessoas com deficiéncia no ensino regular e proverem medidas de adaptagao potatda sem que nenhum énus financeiro seja repassado as mensalidades e matriculas. A Lei estabelece ainda pena de um a trés. anos de reclusao, mais multa, para quem prejudicar, impedir ou anular o reconhecimento ou exercicio de direitos e liberdades fundamentais da pessoa com deficiéncia incluindo neles a Educagao. Lei n° 13.409/2016 Estabelece que as pessoas com deficiéncia sejam incluidas no programa de cotas de Instituigoes Federais de Educagao Superior, que j4 contempla estudantes vindos de escolas piblicas, de paixa renda, negros, patdos e indigenas. A quantificagao sera regida pela proporcionalidade em relagéo & populagéo, medida pelo ultimo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE). ¢ atuais demonstram a yedagdogico: oe oe er gem colaborativa que 8° 139 O aluno com autismo na escola possibilite aos alunos com @ sem deficiéncia, da mesma aria, aprender, conviver @ valorizar as diferoncs, faixa et tos com ou SEM deficign cy, ION Gia Todas as criangas, jovens e adul devem ter assegurado 0 seu direito de aprender. na série correspondente a sua faixa etaria. Os Professoreg da educacdo basica, em articulagao com a educacag especial, devem estabelecer estratégias pedagogicas » formativas, metodologias que favoregam a aprendizagem 4 a participagao desses alunos no contexto escolar. Nao ge muda a escola com um passe de magica, mas a efetivacaoda escola inclusiva é um sonho possivel e estamos trabalhando nesse sentido, coletando resultados animadores em redes de ensino publicas e em escolas particulares brasileiras, Referéncias BRASIL (1988). Constituigao da Republica Federativa do Brasil. Brasilia: Senado. . (1990). Lei n° 8.069. Dispde sobre o Estatuto da Crianga e do Adolescente e da outras providéncias. Lex: Estatuto da Crianga e do Adolescente, Brasilia. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Leis/L8069.htm. Acesso em: 08/12/2016. . (1996). Lei n° 9.394. Lei de Diretrizes e Bases da Educagao Nacional. Diario Oficial da Uniao, Brasilia 24 dez. 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