You are on page 1of 19
Capitulo poeta * Compreender as motivacées para as Revolucdes Inglesas e ‘as mudancas que elas desencadearam na Inglaterra. * Avaliaraimportancia dda Revolucao Industrial identificar os resultados que produziu. “+ Entender as diferencas entre oartesanatoe 1 produedo industrial moderna as especificidades de cada um dees. + Relacionar as duras condicdes de trabalho nas fabricas, no inicio da Revolucdo industrial, ‘a organizacao sindical dos trabalhadores. * Reconhecer os danos ‘quea sociedade Industrial causou a0 ‘meio ambiente. Palavras-chave * Capitalismo. * Industria. * Liberalismo. + Revolucio Industrial = Ludismo, Das Revolucées Inglesas a Revolucado Industrial Um mundo menor e mais dinamico Hoje vivemos numa sociedade altamente industrializada, urbanizada e tecnol6gica. A maior parte da populacio mundial jé vive nas cidades, e as inovagdes tecnolégicas sio continuas na indiistria, nos transportes, nas co- municagdes e em outras atividades humanas. Claro que no devemos nos esquecer dos diversos graus de desenvolvimento que caracterizam os dife- rentes paises. De qualquer forma, o percurso histérico desse elevado grat de industrializacao e desenvolvimento tecnolégico pode ser tragado de for- ma razoavelmente nitida a partir das grandes transformagoes ocorridas ha aproximadamente 250 anos. © mundo vivia, até o século XVIII, sob a dinamica do capitalismo comer- cial, do absolutismo, da politica mercantilista e de todo um conjunto de ideias e teorias que Ihes davam sustentacéo. Contudo, nas tiltimas décadas desse mesmo século, transformagdes em diversos segmentos das atividades humanas, em especial na Inglaterra, promoveram 0 desenvolvimento do que viria a ser chamado, posteriormente, de Revolucio Industrial. Nesse novo contexto, algumas antigas tradicdes ja ndo poderiam ser man- tidas, pois a realidade nao mais condizia com esse conjunto de ideias. Novas teorias surgiram, como o liberalismo econdmico, ¢ houve o crescimento das bur- ‘guesias nacionais e do operariado industrial. Todas essas mudangas foram facili- tadas pela expansio dos meios de comunicagio e transporte, que permitiram a difusdo das novas ideias e de inventos tecnolégicos em escala e velocidade nunca, vistos até entio. 4 A Inglaterra no principio da modernidade Nos séculos XVI e XVI, diversas nagdes euro- peias concorriam entre si pelo dominio de mer- cados e territérios. Portugal e Espanha eram os maiores impérios coloniais do mundo e possuiam vastas possessdes na América, além de diversos entrepostos comerciais na Africa e na Asia, No Oriente, o Império Otomano vivia o seu auge € desafiava 0 predominio da cristandade na Euro- pa. Apenas no século XVII, a Holanda, primeiro, ea Inglaterra, depois, despontaram como impor. tantes poténcias comerciais que desafiavam o po- derio espanhol e concorriam com os portugueses pelo dominio dos mares. Por meio do comércio e da exploragio colo- nial, fabulosas riquezas foram acumuladas pelos impérios ibéricos. Em nenhum desses casos, po- rém, essa riqueza conduziu a uma transformacio profunda das formas de producdo, de explora¢ao do trabalho e de organizagdo econémica. Essa ‘transformacio pressupunha uma ruptura radical com estruturas sociais, econdmicas e politicas herdadas do passado, sem a qual a industrializa- lo nao seria possivel. A Inglaterra foi o primeiro pais do mundo a Teunir as condicdes necessarias para o desenvolvi- ‘mento da indiisttia moderna, na segunda metade do século XVIIL Isso se deveu a um conjunto com- plexo de transformagdes econdmicas, sociais e ins- titucionais ocorridas no pais a partir do século XVI. Entre essas mudangas, podemos destacar: a expul- 20 dos camponeses das terras em que viviam, 0 trabalho assalariado como forma predominante de relacdo econémica, a urbanizacio, a constituicio de um império comercial e o estabelecimento de limites ao poder absoluto dos reis. 4 0 movimento dos cercamentos No fim do século XIV, a maior parcela da po- pulacdo inglesa era formada por camponeses, que ‘eram donos das terras que cultivavam ou arrenda- tarios de outros proprietarios rurais. Cada familia tinha direito a cultivar o seu lote de terra e tam- Leva Inglaterra no século XVI bém desfrutava das chamadas terras comuns (open fields), de uso cotetivo, utilizadas como pasto e de onde retiravam lenha, turfa e outros produtos ne- cessarios para a sobrevivencia. Diversas modificagdes econdmicas, sociais e ju- ridicas, porém, alteraram esse quadro a partir do século XVI. Nesse periodo, o rei Henrique VIII, a0 romper com a Igreja de Roma, confiscou as terras ‘eclesidsticas e as vendeu aos proprietarios rurais in- gleses (classe conhecida como gentyy), que puderam assim ampliar suas terras e sua influéncia social. Para aumentar mais ainda suas propriedades, a gentry solicitava ao Estado as chamadas cartas de cercamento (bills of enclosure), que permitiam aos grandes proprietérios cercar as terras comuns € utilizé-las em beneficio préprio. 0 processo de cercamentos jé ocorria desde o fim da Idade Mé dia, mas se acelerou entre os séculos XVI e XVIL As terras cercadas eram utilizadas majoritaria- mente como pasto para as ovelhas, cuja 1 abas- tecia as manufaturas de tecido, que cresciam em ntimero e importéncia na Inglaterra, Mvocabulsriohisterico Indastria ‘Atividade produtiva que transforma matérias-primas em ‘mercadorias com 0 auxiio de ferramentas e méquinas. Pode-se entender por indistria desde a fabricagode pro- dutos artesanais, voltados para o consumo préprio, até 2 produc&o de mercadorias que exigem alto grau de de- ‘senvolvimento tecnaligico, como robés, computadores € ‘equipamentos eletrénicos diversos. A indistria moderna surgiu no século XVIII e caracteriza-se, entre outros as- ppectos, pela racionalizaco do processo produtivo e pela ‘mecaniza¢ao da producdo, cujo resultado mais expressi- \vo€ a produgdo em massa de objetos padronizados, Gentry Categoria social heterogénea, geralmente associada 205 proprietarios de terra, mas que incluia elementos coriundos de outras camadas sociais. A palavra deriva de gentleman (cavalheiro, fidalgo, gentl-homem). Para ser {gentleman era preciso ter uma vida gentil isto é, isenta do trabalho manual e de suas penas. Na Inglaterra dos ‘séculos XVI e XVIl, para alguém se tornar membro da gentry, bastava possuir riqueza, um brasdo e estar dis- posto a comprar uma propriedade rural. 135 36 @ Consequéncias dos cercamentos Muitos camponeses pobres que viviam nas ter ras comunais foram expulsos dessas dreas pelos grandes proprietérios. J4 os camponeses que dispu- nham de pequenos lotes foram obrigados a vender suas terras a precos itrisérios ou foram realocados para as dreas mais improdutivas dos terrenos. A pauperizacdo da populagio que vivia nos campos, 0 despovoamento de vilas e a destruicao de florestas para dar lugar as pastagens foram consequéncias importantes do processo de cercamentos {doc. 11. ‘Apesar da oposigdo de varios setores da sociedade inglesa aos cercamentos, eles nao foram revertidos, que resultou em grande agitacio social. Revoltas rurais ¢ urbanas estouraram em varias regides da Inglater- ra, Além disso, muitos camponeses expulsos de suas terras se transformaram em desocupados, formando uma populacio flutuante que vagava sem destino pe las vilas e cidades inglesas. ER Efeitos dos cercamentos Outro importante resultado do processo de cerca mentos na Inglaterra fol a organizaco de uma agricultu- ra voltada para o mercado e assentada em bases capita~ listas. Os grandes proprietarios arrendavam a terra a um intermediério, que contratava mo de obra (ex-campo- neses ou camponeses em vias de serem expropriados) para trabalhar na lavoura ou nas pastagens. Para maxi- rmizar seus lucros e minimizar os custos de praducéo, 0 arrendatério procurava pagar o menos possivel para os trabalhadores produzirem mais e a baixo custo. ‘Nao € incomum ver quatro ou cinco ricos criadores se apossarem de todo um senhorio, antes dividido entre trinta ou quarenta camponeses, tanto pequenos arren- datétios, quanto pequenos proprietérios. Todos foram, desta forma, desprovidos de seus meios de subsisténcia fe muitas outras familias, que eram empregadas e sus tentadas por eles, como ferreiros, carpinteiros, repara- dores de radas e outros artesdos e pessoas de oficio, sem contar os jornaleiros e criados. Stephen Addington. Investigacao sobre os prés e contras do ‘cercamento das terras comunais [1772]. In: MANTOUX, Paul The Industria! Revolution inte Eighteenth Century. Londres: Routledge, 2006. p. 17. (tradusa0 nossa) @ As leis contra a vadiagem Para reprimir 0 descontentamento com as mu- dangas no campo e obrigar a populago desocupa- da a trabalhar, o Estado impés diversas leis contra a vagabundagem e a mendicdncia (dee. 21. Uma lei de Henrique VIII, promulgada em 1530, concedia li ccenga para mendigar apenas aos idosos e incapaci- tados. Os homens sadios que nao trabalhavam eram condenados a serem acoitados publicamente e en- carcerados. Na primeira reincidéncia, além do acoite iblico, tinham metade da orelha cortada. Se rei cidissem novamente, eram considerados criminosos irrecuperaveis ¢ enforcados em praca piiblica. Novas leis, promulgadas em 1547 e 1572, torna- vam ainda mais duras as penalidades. Agora, aque le que se recusasse a trabalhar era condenado a ser escravo de quem 0 denunciou, que podia acoité-lo, obrigé+to a realizar qualquer trabalho, até os mais de- gradantes, e acorrenté-lo. Caso 0 condenado tentasse fugir, era escravizado pelo resto da vida € marcado coma letra S (de slave, “escravo", em inglés) na testa € nas costas. Se reincidisse ou atacasse seu senhor, era enforcado como traidor. Os desocupados encarce- rados e considerados “incorrigiveis” eram mandados para casas de trabalho forcado (workhouses) por pert- dos que variavam de seis meses a dois anos. Caso reincidissem e fossem surpreendidos mendigando, acabavam irremediavelmente na forca. Pressionados pela necessidade de sobrevivéncia e pela rigida legislagdo que punia a vagabundagem, os excamponeses migravam para as grandes cidades, sendo obrigados a trabalhar nas manufaturas em troca de baixos salérios. Essa populacio excedente também podia ser recrutada pelo Estado para com- pletar os quadros do exército e compor a tripulagao das frotas navais. Um vagabundo sendo chicoteado pelas uas, gravura do século XVI @ A formacao do império comercial inglés Durante os reinados de Henrique VIII (1491-1547) de sua filha Elizabeth I (1533-1603), a autoridade mondrquica foi consideravelmente reforcada, com objetivo de aumentar a riqueza e o poder do reino, Nesse proceso, a participagao da marinha inglesa foi fundamental. Os navios ingleses foram moder- nizados e equipados com armas de fogo de longo al cance. A vitéria da marinha inglesa sobre a chamada “invencivel armada” espanhola, a maior e mais bem equipada frota de navios da época, em 1588, mostra como a Inglaterra havia se tornado uma grande po- téncia maritima e uma ameaca ao predominio espa- hol e portugués dos mares [doe. 3}. PO et ee A derrota espanhola Em 1585, sob pretexto de defender os Paises Baixos da dominaco espanhola, Elizabeth | declarou guerra & Espanta. O evento mais marcante do conflito foi a derro- ta da armada espanhola, em 1588, Os estaleiros ingleses haviam aperfeicoado 0 desenho dos galedes portugue- ses. espanhdis e criado navios de grande capacidade de manobra, munidos de canhGes de longa distancia. Mes- mo em inferioridade numérica (eram sessenta navios da Inglaterra contra 130 da Espanha), os ingleses obtiveram uma vitéria bastante expressiva, i f : y ‘armada esparhol de desenho do século XVI. A derrota da “invencivel armada marcou a ascensBo do deminio utramario ines. Outro expediente posto em pritica para re- forcar 0 poderio da monarquia foi a politica de concessio de monopélios comerciais. As com- panhias privilegiadas, formadas por membros da alta burguesia, monopolizavam as relacdes comerciais de uma determinada regio ou a ex- ploraco de um determinado setor econdmico. © objetivo dessa politica era encontrar fontes fornecedoras de matérias-primas baratas e con- quistar mercados para as manufaturas inglesas. © maior exemplo dessa politica foi a fundacio da Companhia das indias Orientais, no final do reinado de Elizabeth I [doe. 4], A rainha Elizabeth I também estimulou a pi- rataria concedendo as cartas de corso, um do- cumento declarando que os piratas, chamados corsirios, atuavam a servico da Coroa. 0 corsirio inglés Francis Drake ficou famoso por atacar ga- ledes espanhéis carregados de metais retirados das colénias hispanicas na América. ‘A Companhia das indias Orientais ‘A Coroa briténica concedeu a um grupo de mer- cadores 0 monopélio do comércio no Oceano Indico, ‘em 1600. Negociando com as elites locais, em pouco tempo, 2 Companhia das indias Orientais desbancou a concorréncia dos portugueses, holandesese franceses, gue lutavam entre si pelo controle do comércio com 0 Oriente. Das terras orientais a Companhia das (ndias retirava algodgo, seda, indigo, salitre e cha, produtos que eram comercializados principalmente na Europa Obtendo lucros fabulosos, a Companhia das Indias Orientais tornou-se a empresa mais poderose da épo- a, marcando 0 inicio do império colonial brit&nico. Em seus territérios, entre outras prerrogativas, a Compa- nia era autorizada pelo governo britanico a cunhar moedas, ter exército proprio e exercer a justica. Questées 137 38 2 Acrise do absolutismo inglés 4 Oinicio da era Stuart A rainha Elizabeth I morreu em 1603, sem deixar herdeiros. Jaime IV, primo de Elizabeth e rei da Escécia, assumiu o trono inglés e adotou ‘© nome de Jaime I, Iniciava-se, assim, a dinastia Stuart. Ao contririo dos reinados anteriores de Henrique VIII e de Elizabeth I, em que 0 soberano governava com 0 apoio do Patlamento, Jaime I ten- tou fazer valer a doutrina do direito divino dos reis, que legitimava as monarquias absolutistas. A atitude do novo rei mostrou-se um grande erro politico, pois nessa época o Parlamento inglés havia se tornado uma instituigao muito atuan- te [doe. 5]. Formado pela nobreza fundidria pelos grandes negociantes, o Parlamento havia se habituado a fiscalizar e até a fazer criticas atuacio da Coroa. Nas monarquias absolutistas tradicionais, como a Franga de Luis XIV, 0 Parla- mento, chamado de Estados Gerais, era apenas um érgio consultivo, sem poder real, convocado esporadicamente para sancionar certas decisoes da Coroa. Na Inglaterra, ao contrario, o Parla- mento era uma instituicdo forte e restringia 0 poder da monarquia, que nao podia governar de forma absoluta, No infcio do século XVII, a inflagao, resultan- te do afluxo continuo de metais preciosos vindos da América, e 0s gastos com a guerra contra a Espanha haviam esvaziado os cofres da Coroa. Diante das negativas do Parlamento em aprovar 0s pedicios de verbas e de aumento de impostos, solicitados por Jaime I, 0 monarca o dissolveu, MVocabulsrio histérico Parlamento Desde a assinatura da Magna Carta, em 1215, os reis ti ‘nham de consultar 0 chamado Conselho Real para apro- var impostos e taxas. No fim do século XIll, 0 conselho real passou a chamar-se Parlamento, eera leito entre os nobres e proprietérios de terra do reino. A partir do sécu- lo XIV, 0 Pariamento foi dividido em duas casas: a Cama- ra dos Lordes, representando a nobreza eo alto clero, ‘a Camara dos Comuns, representando os homens livres {ue fossem proprietirios de terras. Em tese, nenhuma lei 04 taxa poderia ser proposta sem a aprovacao de amas, as casas do Parlamento, em 1610, e passou a controlar o pais como sobe- ano absoluto até 1621. Ao governar sem o Par- lamento, porém, Jaime I ganhou a antipatia da nobreza e da burguesia, que eram majoritaria- mente calvinistas. Para obter renda para o Estado, Jaime I recor- reu a politicas mercantilistas, como a imposi¢ao de tarifas protecionistas, a venda de monopélios, © estimulo a pirataria e a criacdo de novos im- postos. Outro expediente de que langou mao e que Ihe valeu ainda mais criticas foi a venda in- discriminada de cargos e honrarias. Sua politica externa de aproximacao com a Espanha gerava desconfianga crescente entre os calvinistas, que © acusavam de privilegiar os cat6licos. Reinha Eizobeth Ido Inglateroe landa presidindoo Perlamente sravura de 1608.0 reinado de Elizabeth srande desenvolvimento econdmico da Inglaterra, marcado por um i Oreinado de Carlos | Carlos I, filho de Jaime I, assumiu o trono em 1625 & deu continuidade a politica absolutista do pai. Diante da relutancia do Parlamento em apro- var suas requisigdes de fundos, ele 0 dissolveu em 1629 € passou a governar com o auxilio apenas de seu conselho privado. Apés a dissolugao do Parlamento, uma onda de repressio espalhou-se pelo pais, com a censura de publicacdes consideradas subversivas, julgamentos arbitrarios e torturas, o que contribuiu para acirrar 0 Animos contra a monarquia Apenas a nobreza e a alta burguesia, benefi- ciadas pela venda de cargos e pela concessio de monopélios, permaneceram figis 4 monarquia. As classes sociais alinhadas ao calvinismo (a gentry, a burguesia comercial, além de trabalhadores e cam- poneses) decidiram recorrer 4 desobediéncia civil, recusando-se a pagar os impostos, uma vez que es- tes ndo haviam sido aprovados pelo Parlamento, mas impingidos arbitrariamente pelo rei (doc. 61 0 fundador da Igreja Presbiteriana, 0 escocés John Knox, foi um dos mais importantes reformadores religio- os calvinistas. Segundo o historiador Quentin Skinner, Knox ajudou a legitimar a ideia do direito de resisténcia & autoridade em nome da fé religiosa: “Lohn Knox] insiste em que 'ndo s6 os magistrados, mas também 0 povo, esto sujeitos ao juramento que prestaram a Deus’ de defender 0 governo pio e ‘vingar ‘com todas as forcas’ qualquer injdria ‘cometida contra ‘sua majestade’ ou contra Suas leis. Assim, Knox conclui que a punicdo da idolatria e da tirania 6, na verdade, um dever sagrado imposto por Deus n3o apenas aos ‘reis e principais governantes’, mas também a ‘todo 0 conjunto do povo’, sendo esse dever igualmente ‘imposto a todo 0 povo ea cada homem em sua especifica funcdo’. [..] E Knox proclama...] que se osnobreseo povocontinuarem ase submeter ao governo dos tiranos e idélatras, estar3o, irremediavelmente condenados. ‘Deus nao desculpara nobreza ou povo’, se continuarem a ‘obedecer a seguir ‘seus reis em manifesta iniquidade’, mas ‘com o mesmo impeto’ punira ‘os principes, o povoeanobreza que juntos conspiram contra Ele e Suas sagradas ordenacbes’” ‘SKINNER, Quentin. As fundagées do pensamento poltico maderno. ‘So Paulo: Companhia das Letras, 2000. p, S1I-512. Carlos I convocou novamente o Parlamento em 1640, pois a Cora precisava reunir fundos para desar- ticular uma revolta, na Escécia, promovida por calvi- nistas descontentes com as reformas religiosas realiza- das pelo rei, Em vez de obedecer ao pedido de Carlos © Parlamento impés uma série de restrigdes, entre as quais a perda do direito de dissolver o Parlamento. Essa revolucio teve como protagonistas os puritanos (como eram chamados os calvinistas na Inglaterra), por isso recebeu o nome de Revolucao Puritana. 4 ARevolucdo Puritana Em 1642, iniciou-se uma sangrenta guerra civil, que durou até 1649. A Inglaterra ficou dividida entre as regides que permaneceram fiéis ao rei e aquelas que apoiaram 0 Parlamento, Sob a lideranga de Olt ver Cromwell, a oposigao parlamentar calvinista for- mou um exército revolucionério, conhecido como Exército de Novo Tipo. A guerra e 0 comando do exército era um privilégio tradicional dos nobres desde a Idade Média. No novo exército, entretanto, a promocao acontecia por mérito e ndo por nascimen- to. Assim, ele inciufa em suas fileiras ndo s6 elemen- tos oriundos da nobreza, mas também. burgueses, comerciantes e pequenos proprietarios de terra. Com apoio macico da populagio, 0 exército prendeu o rei e expulsou do Parlamento todlos os elementos favoréveis a politica dos Stuart. Carlos I tentou fugir, porém logo em seguida foi recaptura- do. Em 1649, foi julgado e decapitado, sob a acusa- Gio de traigdo a patria em virtude de sua politica de aproximacdo com a Igreja Catélica e com a Es- panha. (doc. 7]. Execugto do rei Carlos | da Inglaterra em Whitehall, Londres, aravura de 1649, 139 4 Arestauracdoea Revolucdo Gloriosa Apés a morte de Cromwell, em 1658, 0 Parla- mento desmobilizou o exército revolucionario restaurou a monarquia e a dinastia Stuart. O rei Carlos Il, porém, tinha seu poder limitado pela legislagao aprovada durante a Revolugio. Mesmo assim, um dos primeiros atos do novo rei foi de- senterrar 0s corpos de Cromwell e dos outros res- onsdveis pela execugio do rei Carlos I. Eles foram enforcados e decapitados publicamente, ato que simbolizava que nenhum crime de fegicfdi6 ficaria impune [doe. 10]. Diante da tendéncia dos novos monarcas, em par ticular o rei Jaime Il (irmao de Carlos I), de reforcar novamente 0 poder mondrquico em direcdo ao abso- utismo, 0 Parlamento, com o apoio de comerciantes, grandes proprietérios rurais e financistas, depés Jai- ‘me Il, em 1688. Apesar de ter ficado conhecida como Revolucao Gloriosa, nao se tratou de outra revolt ‘¢do, mas da consolidagao do Estado burgués surgido na Revolucio Puritana, Assumiram 0 trono Guilher- ‘Archibald, conde de Argyl, que apciou Cromwell, € ecapitado na restauracdo da monarquia, gravure holandesa do século XVI. me de Orange e sua mulher Maria Stuart, filha de Jaime Tl. Guilherme de Orange foi obrigado a jurar a Declaragdo dos Direitos, que limitava os direitos do rei e 0 proibia de governar sem o Parlamento. © processo revolucionério na Inglaterra mar- cou a primeira grande crise do absolutismo na Europa. O Estado burgués dele resultante criou as condigées institucionais necessérias para que 0 €2 pitalismo industrial se desenvolvesse na Inglaterra no decorrer do século XVIIL TD Regiciaio, assassinato de um monarca, de seu cdnjuge ou de um de seus her- deiros. MVocabuiiri hist Capitalismo ‘A palavta capitalismo designa um sistema econémico e social que se desenvolveu na Europa Ocidental entre os, ‘séculos XVI e XIX e que, progressivamente, difundiu-se pelo globo até se tornaro sistema hegeménico de produ- ‘cdo de mercadorias Segundo os pensadores alemes Karl Marx e Friedrich Engels, o capitalismo é um modo de producdo de mer- ‘cadorias baseado na propriedade privade dos meios de pproducao (como maquinas, equipamentos e instalacbes necessrias & produeso, fontes de energia, terras) e na ‘exploragdo da mao de obra assalariada. O trabalhador ~assalariado constituiu-se como classe social a partic do ‘momento ern que camponeses e artessos foram expro- priados de seus meios de vida, como a terra e ferramen- ‘tas simples, ese converteram em proletéros, obrigados a ‘vender sua forca de trabalho em troca de um sali. Max Weber, outro grende terico do capitalismo, abordou as origens do capitalismo em seu livro A ética protestante @ o espirto do capitalism, publicado em 1904. Diferen- temente de Marx e Engels, Weber no define ocapitals- ‘mo apenas como um modo de produc3o, mas como uma: ‘mentalidade, uma forma de comportamento e um estilo, de vida origindrio de crencas religiosas calvinistas. Para Weber, a mentaldade capitalsta é marcada pelo habito de poupar, pela ideia de que o trabalho discipinado é um dever moral, pelo comportamento austero e ascético na Vida cotidiana. © desenvolvimento dessa mentalidade entre os calvnistas ingleses e, posteriormente, entre os ros que colonizaram os Estados Unidos teria possi- bilitado a emergéncia da empresa capitalista e da racio- nalidade econémica moderna, 141 4 4 3° ARevolucdo Industrial @ Oimpacto da sociedade industrial Nos dias de hoje, vivemos em um mundo no qual muitos dos produtos que utilizamos em nosso cotidia- no sio resultado de algum tipo de processo industrial altamente mecanizado. Objetos simples, como canetas € cadernos, e produtos sofisticados. como supercom- putadores e robés, sio frutos da Revolugio Industrial, ‘um conjunto de mudangas na forma de produzir mer- cadorias e nas relagdes de trabalho que teve origem na Inglaterra, nas tiltimas décadas do século XVII ‘Uma das modificagdes mais relevantes na pro- duclo industrial foi a invencio de maquinas, que permitiram a fabricacio répida, barata e em larga escala de uma infinidade de produtos, muitos dos quais tornaram a vida humana mais confortavel € saudavel. Contudo, 0 processo de industrializagao também produziu efeitos extremamente negativos, como a exploracao do trabalho assalariado, a degra- dacio do meio urbano, a destruicio das florestas € a poluicdo excessiva [doe. 11 4 Opioneirismo inglés no processo de industrializacdo A Inglaterra foi o primeiro pais a reunir as con- dices necessdrias para dar inicio ao processo de in- duustrializagao. Apés a Revolugdo Gloriosa, em 1688, com as restrigoes a atuagio do rei e o aumento do poder do Parlamento, os representantes da burgue- sia puderam aprovar medidas que Ihes interessavam, como o fim dos monop6lios e das tarifas protecionis- tas, a garantia do direito a propriedade privada ea proibicao das organizagbes de trabathadores. ‘Outro elemento indispensavel para o sucesso da atividade industrial na Inglaterra foi a oferta abun- dante de mio de obra. Os cercamentos e a organiza- «ao capitalista da agricultura expropriaram grande quantidade de trabalhadores livres das terras que ocupavam. Para sobreviverem, muitas familias mi- ‘graram para as cidades e passaram a trabalhar como assalariados nas fébricas. A superexploracio da forca de trabalho permitiu a répida acumulacao de lucro, que era reinvestido no processo industrial. Em outras regides da Europa, essas condigdes nao existiam. Nas monarquias absolutas, que vigo- ravam na maior parte do continente europeu, a base da economia continuava sendo a agricultura, orga- nizada ainda em bases feudais. Assim, desde o final do século XVII, a burguesia inglesa estava livre dos entraves colocados pelo Estado a industrializacao e dispunha de uma vasta reserva de mao de obra para suas manufaturas. Para financiar a instalagio ea am- pliagio das manufaturas, porém, foram necessérios investimentos e capital acumulado. “O capital para 0 desenvolvimento industrial foi fornecido, direta ou indiretamente, por mercadores, traficantes de escravos e piratas, cujes fortunas tinham sido acumuladas no ultramar.” HILL, Christopher. The English Revolution In: ARRUDA, José Jobson de Andrade. A Revolucdo Ingleso. Sto Paulo: rasiliense, 1984, p. 26-27. essa forma, os capitais acumulados gracas & po- derosa marinha inglesa, que no fim do século XVII 4 dominava o comércio ultramarino e grande parte do trifico de escravos, bem como as rendas obtidas com a agricultura capitalista e a exploragio da mao de obra das manufaturas permitiram gerar os recur- sos necessarios para impulsionar o processo de indus- twializagio, Ea Danos da indiistria ao meio ambiente ‘Atualmente, a China 60 pais que mais fabrica produ- tos industrializados no mundo. A preocupacdo em gerar lucro eriqueza de modo acelerado, porém, tem levado & degradago do meio ambien- te e, consequentemente, das condigses da vida humana Gases téxicos liberados na at- mosfera pelas industrias chi- nesas esto entre os maiores responsiveis pela elevacso da temperatura da Terra ‘Mulher usando mascara pediala préximo a torres de uma usina termoelétrica em Pequim, China foto de 2008 i i 2 i i & : i a4 @ Da producao artesanal a maquinofatura No periodo anterior a Revolucdo Industrial, a transformagio de matérias-primas em mercado- rias tinha caracteristicas diferentes das de hoje. No chamado sistema doméstico, a partir do sé&- culo XV, os trabalhadores eram donos de suas pré- prias ferramentas de trabalho ou as alugavam de terceiros. Todas as etapas da producio eram exe- cutadas em suas préprias casas ou em pequenas oficinas artesanais, com a ajuda dos filhos, da es- osa e de outros empregados. A producdo era feita sob encomenda e entregue depois a comerciantes ou mercadores, que a vendiam no mercado inter- no ow a exportavam. Ja no sistema manufatureiro, desenvolvido a partir do século XVI, a producio néo era mais rea- lizada no ambiente doméstico, mas em grandes oficinas, nas quais os artesdos ficavam reunidos. Eles nao eram mais donos dos instrumentos de producio e sim trabalhadores assalariados, que executavam fungdes especificas a mando de um patrio ou mestre. A producio era dividida em di versas etapas e cada trabalhador era responsavel por uma fase do processo. Tanto no sistema doméstico quanto no ma- nufatureiro, os trabalhadores s6 utilizavam ferra- mentas simples e, ainda que trabalhassem com ra- pidez, os limites do corpo humano nao permitiam ampliar a produgao. Além disso, nesses sistemas, a oan producio dependia essencialmente da habilidade € da pericia do trabalhador. Com 0 advento das méquinas ou a maquino- fatura, na segunda metade do século XVIII, a pro- dutividade aumentou vertiginosamente, pois se reduziu o tempo de trabalho necessério para pro- duzir mercadorias. Dessa forma, os custos foram Teduzidos e o lucro do empresdrio aumentou. 3s oficios € as habilidades dos trabalhadores tornaram-se dispensdveis, pois as tarefas de ali mentar a maquina e vigiar 0 processo de produ- do eram relativamente simples e néo demanda- vam mio de obra qualificada. Sem controle sobre © processo de producio, o trabalhador tornou-se apenas um apéndice da maquina, um drgio de um sistema que ele ndo governava. Todo poder € controle passaram para o dono da fabrica, que estabelecia o ritmo da producdo, o tempo de tra- batho e 0 valor do salario [doe. 12] Com a Revolugio Industrial, a producao arte- sanal de bens de consumo nao deixou de existir, mas passou a ocupar uma posicdo marginal na economia das grandes cidades industriais. Até hoje, por exemplo, podemos mobiliar nossa casa ‘com moveis feitos a mao por um carpinteiro es- pecializado, ou usar roupas feitas sob medida por um alfaiate. £ preciso lembrar, porém, que tanto © carpinteiro, quanto o alfaiate usam maquinas elétricas e matérias-primas (tecidos, aviamentos, blocos e tabuas de madeira) que foram feitas em fabricas por processos mecanicos. ‘Acesquerda, familia preparando linho no s6tdo da casa, ravura de 1791; dita teares impulsionades por eixos de transmissao em uma fibricainglesa de tecidos, gravura de 1840, Note a dferenca entre a producio casera e 2 producto fabri, surgida com a Revolucdo Industria. @ Arevolucao das maquinas No mundo contemporaneo, existem méquinas extremamente complexas, que so controladas por computadores programados para executar determi- nadas tarefas. As maquinas da época da Revolugio Industrial, no entanto, eram relativamente simples € constituidas basicamente de trés partes: 1.0 motor, dispositivo que converte um tipo de energia (e6lica, térmica, hidréulica etc.) em ener- gia mecinica, que impulsiona 0 movimento da maquina, 2.A transmissdo, componente que regula e trans- fere o movimento gerado pelo motor para as fer- ramentas. Normalmente, é constituida de equi- pamentos como eixos, rodas dentadas, roldanas, barras, cabos, cordas ou outras engrenagens. 3-As ferramentas ou éngios de trabalho. que exe: cutam as operagées necessdrias para o tipo de pro- dugio a que se destinam. No caso da indiistria téx- til, por exemplo, a Gifdld eo tear. ‘Ao longo do século XVII, diversas invencdes € inovacdes tecnolégicas dinamizaram a producao, em particular no setor téxtil. Essas invengdes foram sendo aperfeicoadas e, com o tempo, se difundiram pelas fabricas da Inglaterra. Veja algumas delas: ‘* Lancadeira volante: inventada por John Kay, em 1733, foi inicialmente criada para aumentar a rapi- dez na tecelagem de fios de 18, mas logo foi adaptada para outros fios como os de algodao. Ela permiti dobrar a produtividade do trabalho de um tecelio. ‘+ Maquina de fiar jenny: inventada por James Har sgreaves, em 1764, € patenteada em 1769. Na fiacio ‘manual, s6 € possfvel tecer um fiso de cada ver. Essa ‘maquina possuia até 18 fusos, podendo tecer diver- sos fios ao mesmo tempo. Foi uma das invengdes, ‘mais relevantes da Revolucdo Industrial (doc. 13]. * Tear hidréulico: patenteado por Richard Arkwri- ght, em 1768, era movido com a ajuda de um moi- ho de gua, Dispensava a forga humana para Ihe dar impulso e permitiu economizar trabalho e me- Ihorar a qualidade dos fios produzidos. A maquina a vapor Em 1769, James Watt aperfeicoou a maquina a va- por, criada por Thomas Newcomen [doc. 14]. O vapor gerado pela queima de carvao permitiu a aceleracio sem precedentes da atividade industrial. Enquanto dependiam da forga da gua, as fabricas tinham de ser instaladas obrigatoriamente perto dos cursos dos Mulher usando uma Spinning jenny, gravure de cerca de 1880) ect 4 } ‘Maquina a vapor de James Watt, gravura de cerca de 1770. rigs. Com a introdugdo da maquina a vapor, as fabri- cas passaram ase concentrar em cidades préximas de locais onde havia disponibilidade de carvao. ‘A maquina de Watt foi usada para diversas fun- «Bes, como mover locomotivas e navios e acionar os enormes foles e martelos utilizados na metalurgia. Até a invencao dos motores de combustio interna e das usinas elétricas no comeco do século XX, os moto- res a vapor dominaram a inckistria e os transportes. WT Carta, Ferramenta que desembaraca © limpa fibras téxteis como li, algodio e linko. Ferro e carvao A industrializagao provocou o aumento da de- manda de ferro para a construgio de maquinas, Pontes, utensilios domésticos, tubos etc. Os proces- 30s de obtengdo de ferro, porém, eram arcaicos ¢ lentos. 0 emprego do coque, tipo de carvao de ori- gem mineral, representou um importante avanco na metalurgia do ferro. Além da queima do carvao mineral alcancar altas temperaturas, condicao es- sencial para a fundigio adequada do ferro, o coque € rico em carbono, que no proceso de derretimen- to se une ao metal e confere maior resisténcia € dureza ao produto [doc. 15], As primeiras ferrovias © aumento vertiginoso da producio de mercado- ras criou novas necessidades, como meios de trans- porte mais répidos e eficientes para levar os produtos a seus locais de destino. Nesse contexto, suurgiram as primeiras ferrovias, um sistema de transporte feito sobre trilhos. Desde o século XVI, existiam carros, ge- ralmente puxados por cavalos, que deslizavam sobre trilhos de madeira e eram utilizados para transportar carvao das minas. Mas esses trilhos nao suportavam muita carga e se deterioravam facilmente. Foi so- mente a partir da década de 1790, com as inovagoes do processo de fundigao de ferro, que trilhos mais resistentes puderam ser fabricados. inventor inglés Richard Trevithick desenvol- veu uma das primeiras locomotivas de que se tem noticia. A locomotiva de Trevithick fez sua primei- ra viagem em 1804, mas ndo se mostrou uma mé- quina funcional. Ela era muito pesada para os tri- Ihos de madeira e para os trilhos de ferro fundido. George Stephenson construiu primeiro modelo funcional de locomotiva, em 1814. Mas apenas em 1825 foi criado o trecho de ferrovia que serviria a0 transporte regular de puiblico € cargas, como car- vio, ferro ou tecidos [doc. 16]. ‘Ao longo do século XIX, as locomotivas foram aperfeicoadas para atingir velocidades maiores, e as estradas de ferro se estenderam por trechos cada vez mais longos. O tempo das viagens diminuiu e, con- sequentemente, as distincias ficaram mais curtas. Percursos que eram feitos em semanas, com carrua- gens puxadas a cavalo, passaram a ser feitos em dias ou horas. Lugares antes praticamente inacessiveis tomnaram-se conhecidos com a ferrovia. As estradas de ferro contribuiram para transformar a percepcio do tempo € do espaco e, portanto, para modelar 0 comportamento do homem contemporaneo. PRODUCAO DEFERRONAINGLATERRA =| (EM TONELADAS) Fonte SLANNING, Tn. The Psu of Gor Euroe 1648-1815, Londres: Penguin, 2007p. 13. (radugdo nossa) eo naan aunnvonercen- couse MAmeLAR T 10 sha aed A Retacione o aumento da producdo de ferro ‘observado no grafico {dec. 15] com odesenvol- ‘vimento dos transportes da época (doe.16]. 4 Ocotidiano das cidades e dos trabalhadores @ O aumento populacional A populagio das cidades industriais inglesas cresceu a taxas impressionantes entre os séculos XVII e XIX. Em 1760, Manchester, por exemplo, tinha cerca de 17 mil habitantes; em 1831, esse nti- ‘mero saltou para 237 mil e, em 1851, para 400 mil habitantes. Birmingham teve um desenvolvimento semelhante: em 1740, tinha 25 mil pessoas: em 1800, passou a ter 100 mil e, em 1851, chegou a 230 mil [doc. 171. © crescimento demografico era uma realida- de em toda a Inglaterra, resultado, entre outras coisas, de melhorias promovidas na agricultura, que aumentaram a produtividade dos campos. A populagio inglesa duplicou de tamanho no perio- do entre 1750 e 1820. Por volta de 1840, a maior parte da populacio europeia ainda vivia no cam- Po e somente 19 cidades do continente tinham mais de 100 mil habitantes, nove das quais fica- vam na Inglaterra. Nessa época, Londres era a maior cidade do mundo, com cerca de 1 milhao de habitantes. A questo ambiental Nos séculos XVIII e XIX, nao havia preocupacio alguma com questes ambientais, O tema tornou-se importante apenas no século XX. No entanto, é evi dente que as transformages provocadas pela Revo- lugdo Industrial trouxeram alteracées sensiveis no ambiente. A busca de uma producio maior e cada vez mais veloz gerava consumo amplo e descontro- lado de recursos naturais. O exemplo mais ébvio ‘ocorreu na extracdo e utilizagio do carvao mineral, 4que fazia as méquinas a vapor funcionarem. Desde o final do século XVI, 0 crescimento das ci- dades, sobretudo de Londres, gerava forte demanda por combustiveis domésticos. 0 facil acesso ao car- ‘ao vegetal provocou, até o principio do século XVII, a devastagio de parte significativa das florestas inglesas. 0 problema ambiental e as necessidades energéticas da nascente indiistria estimularam a obtencio de outras fontes carboniferas e 0 aprimo- ramento da extracio do carvao mineral em dreas ‘mais profundas das minas. Elia A cidade industrial No livro Tempos dificeis, publicado em 1854, o in- 2lés Charles Dickens descreve a vida dos trabalhadores numa cidade industrial. Sua descricdo da cidade ficcional de Coketown foi baseada na observacao de Manchester, uma das maiores cidades industrials inglesas Ere uma cidade de tijolos vermelhos — ou melhor, seriam vermelhos se a fumaca e as cinzas 0 permitissem —mas, no estado atval,tinha uma cor nao natural de ver- ‘metho e preto, parecendo a cara pintada de um selvagem, Era cidade de méquinas e altas chaminés, das quais salam intermindveis serpentes de fumaca que se desatavam sem trégua esem se dissolverem jamais. Tinha um canal escuro um rio que corria com dguas purplireas devido as tintas fedorentas; vastos edificios com uma infinidade de janelas ‘que ressoavam e tremiam o dia inteiro, enquanto os ém- bolos das méquinas a vapor subiam e desciam monotona- mente, como uma cabeca de elefante em estado de loucu ramelancdlica. Continha diversas ruas amplas, todas bem semelhantes umas as outras, e muitas ruas estreitas ainda ‘mais semelhantes umas as outras, habitadas por pessoas igualmente semelhantes umas as outras, que entravam saiam nos mesmos horérios, com o mesmo som pelos ‘mesmos calcamentos, para fazer o mesmo trabalho, e para 0 quais todo dia era igual a amanhé e a depois de amanha, todo ano equivalente ao iltimo e ao préximo. DICKENS, Charles. Tempos cfc. S30 Paul: Paulinas, 968. p. 37 Vista de Leeds, Yorkshire, no inicio do século XIX ‘gravure do século XI 147 Impactos ambientais sem precedentes 0 impacto ambiental do nascimento das fabri- cas, no entanto, foi mais disseminado. A nova dina- mica de producdo, circulagao e consumo de mer- cadorias implicava, em todas as suas fases. uma visio equivocada de que a natureza era uma fonte inesgotivel de recursos, prontos a beneficiar 0 ho- mem [doc. 18]. Grandes obras, como as ferrovias, ignoravam os obstaculos naturais e simplesmente se impunham as florestas e aos campos. O uso in- dustrial da 4gua e 0 actimulo de dejetos nas dreas de mineracio alteravam a vida local. 0 aumento populacional levou milhées de pessoas a viverem em um mesmo espaco urbano e gerou uma gran- de quantidade de lixo, que eram despejados a céu aberto e propiciavam condigdes ideais para a pro- pagacdo de doencas. | eeeeeeensasiieeenmeli aaa) Revoluedo Industrial e meio ambiente “A civilizac3o agricola, superada pela Revolucao Industrial, usava fontes renovaveis de energia. O vento enfunava as velas, os rios moviam mainhos. As florestas, cortadas em pequena escala para abastecer cozinhas e lareiras, eram logo recompostas pela natureza. [...] A civilizacao industrial, pelo contrério, estruturou-se numa base de combustiveis fésseis @ do renovaveis. Estamos falando principalmente do gas, do petréleo e do carv8o de pedra. Supunha- se entao (ou simplesmente isso no foi objeto de qualquer andlise) que tais reservas eram infinitas e, quando utilizadas, nao trariam quaisquer alteracBes climaticas e danes ambientais.” MARCOVITCH, Jacques. ora mudoro futuro: mudangas climatica, polticas pablicas eestratégias empresarias. ‘S80 Paulo: Edusp/Saraiva, 2006. p, 32-33. @ Aexploracado da mao de obra nas fabricas No inicio da Revolucdo Industrial, praticamen- te no havia limites para a exploragio da mao de obra. Nao existia legislagao trabalhista, nem direi- tos sociais, como descanso remunerado, férias, li mitacdo do horério de trabalho, aposentadoria etc., que 86 seriam aprovados muito mais tarde, a partir do fim do século XIX. A jornada de trabalho costu- mava variar de 12 a 18 horas didrias. Além disso, era comum 0 trabalho de criangas e mulheres. Den- tro das fabricas, 0s trabalhadores estavam sujeitos a multas e puni Para garantir a sobrevivencia, todos os mem- bros da familia tinham de trabalhar nas fabricas. Antes das primeiras leis restringindo o trabalho fe- minino e infantil, os empresarios davam preferén- cia para as criangas e as mulheres, que recebiam bem menos que os homens adultos: “Aumentou muito 0 nimero de trabalhadores Porque os homens foram substituidos no trabalho pelas mulheres e sobretudo porque os adultos foram substituidos por criangas. Trés meninas com 13 anos de idade e salario de 6 a 8 xelins por semana substituem um homem adulto com saldrio de 18 a 45 xelins ‘Thomas de Quincey. The Logic of Paltical Economy. In: MARX, Karl. O capital Rio de Janeiro: Civilizagao Brasiieira, 1975. v1. . 451 Documentos oficiais do governo britanico descre- ‘vem casos de trabalhadores que vendiam seus filhos ¢ pardquias que faziam leildes de criangas érfas para trabalhar nas fabricas. Jomnais exibiam antincios ofe- recendo criangas para alugar, como se fossem escra- ‘os [doc. 19]. Para conseguir sair de casa e ir trabalhar, algumas mies dopavam as criangas de colo com de- rivados de 66 ou colocavam alcool em suas mama deiras. A mortalidade infantil, nas cidades industriais briténicas, era altissima, Por volta da metade do sécu- Jo XIX, em Nottingham e Manchester, principais dis tritos industriais ingleses, para cada 100 mil criangas nascidas vivas, em tomno de 25 mil morriam. MEM ey Criancas operdrias “Eles s20 privedos na infancia de toda instrucdo e de todo contentamento. [.] Sua saude, tanto fisica quanto ‘moral, é igualmente destruida; eles morrem de doencas induzidas por seu trabalho incessante, pelo confinamento ra atmasfera impura de quartos lotados, pelas particulas de posira metalica ou vegetal que continuamente inalam vivem e crescem sem decéncia, sem conforto sem esperanca; sem moral, sem religido e sem vergonha.” Robert Southey. Notas sobre os efits pericisos do sistema ‘manufatrer. In: Letters rom England, Nova York: David Longworth, 1808... p. 75 TP pio. soco espesso extaido da papow. ’ Ja, planta largamente cultivada na. Ubllizado como matéria-prima na fabri- cagio de varios medicamentos, 0 épio também € cultivado para 0 comércio landestino de drogas, como a heroina, {que levam faciimente a dependéncia e, em muitos casos, & morte. @ Ascriticas aos abusos nas fabricas, © agravamento das condigdes de vida dos trabalhadores, 0 crescimento descontrolado das cidades, a destruicéo das paisagens naturais e os abusos cometidos contra criancas e mulheres nao foram aceitos como algo natural por grande parte dos trabalhadores e também por alguns integran- tes das classes dominantes da sociedade inglesa Nos séculos XVIII e XIX, conservadores britanicos, conhecidos como tories, ostentavam um desdém aristocrético pelos burgueses, que consideravam 05 novos-ricos vulgares e avarentos. Eles acredita- vam que 0 dever das classes superiores dos bons cristdos era proteger e zelar pela sorte dos pobres e dos humildes. Assim, era frequente eles denun- ciarem publicamente excessos e abusos cometidos pelos donos de fabricas. A insurreicdo contra as maquinas ‘Uma das principais formas de resisténcia dos tra- balhadores a degradagio das condicdes de trabalho e de vida foi a destruico de mquinas, movimento que na Inglaterra ficou conhecido como ludismo. 0 nome do movimento supostamente é uma homena- gem ao primeiro trabalhador que se revoltou contra as maquinas, Ned Ludd. Nao se sabe se Ludd foi um personagem real ou apenas uma lenda, mas um jor- nalista da época afirmou que os ludistas chamavam_ aquele que comandava a quebradeira de maquinas de general Luda, talvez para ocultar sua identidade real e evitar represalias [doc. 20]. O ludismo nao foi um movimento de operarios fabris, mas de artesdos qualificados, cujas habili- dades estavam sendo substituidas pelas maquinas. Inicialmente, esses trabalhadores recorreram ao Parlamento para fazer valer seus direitos tradicio- nais (havia leis e tradigdes que limitavam o niimero de teares mecinicos por fibrica, exigiam anos de aprendizado para ingressar na profissio e garan- tiam um valor minimo por pega). Os trabalhadores exigiam uma lei eliminando a maquinaria das fabri- cas, que prejudicava nio s6 os artesaos qualificados, ‘mas também os pequenos comerciantes e outras ca- tegorias profissionais ligadas & industria téxtil. [As aces judiciais e os apelos dos trabalhadores nao tiveram efeito, nao Ihes restando alternativa sendo a revolta. A partir de 1811, 0 movimento de destruicdo de maquinas espalhou-se por toda a In- glaterra. O governo enviou 0 exército para reprimir a revolta, mas ela ja havia se alastrado e contava com 0 apoio da populacao pobre, dos camponeses © pequenos comerciantes locais. Membros das elites, como o famoso poeta Lor- de Byron, que fez um discurso no Parlamento in- glés defendendo a legitimidade dos ludistas, tam- bém apoiavam publicamente 0 movimento. Isso no sensibilizou, porém, a burguesia industrial e os grandes proprietarios de terra. Em 1812, 0 governo inglés instituiu uma lei que punia com a morte a destruigdo de maquinas e enviou mais contingen- tes armados para acabar com a insurreigio. Por fim, os lideres foram presos, julgados e enforcados, movimento, mesmo assim, nao terminou, e con- tinuou atuando de forma esporddica até 1816. MM Juebradores de méquinas “No mesmo dia, nas primeiras horas da tarde, uma ‘grande fabrica situada em Crosley foi atacada por eles Tauebradores de maquinas]. © chete da fébrica péde, ‘Com ajuda de alguns vizinhos, rechacar o ataque e salvar a fébrica por esta vez. Dois dos assaltantes morreram no lugar. Aquela gente se exasperou e jurou vingar-se. Assim, pois, passaram o domingo e a manha de segunda reunin- Go fuzis e municdes. Mineiros se juntaram entao @ 8000 homens, [que] marcharam [..] até a fabrica de onde ha~ viam sido rechacados no sabado. Acharam ali sir Richard Clyton’ frente de uma guarda de 50 invalidos. Que podia fazer com um punhado de homens contra esses milha- res enraivecidos? Tiveram que retirar-se [..] enquanto a rmultid3o destruia de cima abaixo méquinas avaliadas em mais de 10 mil ibras. Na terca pela manha, owvimos seus tambores a uma distancia de duas milhas, pouco antes de abandonar Bolton. Sua intenco declarada era apode~ rar-se da cidade, depois de Manchester, Stockport, e dat rmarchar para Cromford para destruir as maquinas n80 s6 nestes lugares como em toda a Inglaterra.” Carta de Josiah Wedgewood a Th. Bently [17791 In: Coletdnea de documentos histéricos para 0 grau~ #28 séres So Paul: Secretaria da Euca¢30, 1978p. 89. irertiniatciaxn eit Os quebradores de maquinas (machine-wreckers atacam 2 rmaquinaria de ura fabricate, gravura de Morgan, século XIX. 149 150 A organizacao dos trabalhadores Reivindicagdes de trabalhadores por melho res condigées de trabalho e de vida antecederam a propria Revolucdo Industrial. A organizacio de trabalhadores (Trade Unions) jé existia na Ingla- terra pelo menos desde 1720. As primeiras asso- ciagdes permanentes de trabalhadores nasceram em oficios onde predominava o trabalho manual € artesanal, por exemplo, a Unido dos Entalhado- res de Londres, cujo objetivo era obter aumentos salariais por meio de petigdes enviadas ao Parla- mento. Com a Revolugio Industrial, porém, esse pro- ccesso se acelerou e radicalizou. Agora, aglomerados dentro das novas fabricas, os trabalhadores come- garam a se ver como um grupo social, uma classe. Os conflitos entre os trabalhadores organizados, 0 governo e os patrdes levaram a promulgacao de leis antissindicais. Essas leis as terriveis condigdes das fabricas motivaram os trabalhadores a se organizar sindicalmente [4oe. 211. Em 1825, os trabalhadores conseguiram a re- vogacao das Combination Acts, leis que proibiam, e consideravam como criminosas, as organizagoes sindicais. Em 1833, as reivindicagdes conseguiram limitar o trabalho das criancas entre 10 ¢ 13 anos 48 horas semanais, e entre 13 e 18 anos, a 69 ho- ras semanais (doc, 22]. Foi estabelecido, também, que as criangas trabalhadoras tinham direito a duas horas por dia para ir a escola, Em 1834, a classe opersria britanica formou a primeira cen- tral de trabalhadores (Grand National Consolidated ‘Trade Unions). Depois de numerosas greves, em 1847 0 movimento operdrio conseguiu a reduca0 da jornada de trabalho para dez. horas em toda a Inglaterra. BEER ee Leia a seguir um artigo publicado em um jornal inglés de 1818 sobre a necessidade de associagao para conseguir um valor maior para o salario: les s3o privados na infancia de toda instruco e de todo contentamento, [..] Sua sauide, tanto fisica quanto moral, ¢ igualmente destruida; eles morrem de doencas induzidas por seu trabalho incessante, pelo confinamento na atmostera impura de quartos lotados, pelas particulas, de poeira metalica ou vegetal que continuamente inalam; vive e crescem sem decéncia, sem canfarto e sem es: pperanca; sem moral, sem religido e sem vergonha.” Manufatura de video, gravura da segunda metade do século XVIll je i BL \ i i WM) | i a i Manufatura de algodo, gravura da primeira metade do século XIX EW centre 4 Que aspectos Charles Dickens ressaltou na descrigo da cidade ficticia de Coketown doc. 171? ADescreva como viviam as familias operarias ‘nglesas da primeira metade do século XIXe 0s problemas sociais que afligiam uma gran- de cidade industrial do perfodo [doc. 19} A.como se chamava 0 movimento que orga~ nizou a destruicéo de maquinas e fabricas na Inglaterra? Quais eram seus principais objetivos? Quem eram seus organizadores? 4 Registre em seu caderno |. Identifique os diferentes grupos que promoveram a Revolucio Puritana e explique os interesses e objetivos de cada um deles. Que condigdes proporcionaram o inicio da Revo- lugdo Industrial? Como foram obtidos os capitais necessérios para esse empreendimento? |. Em seu caderno, produza um texto contendo todas as expressies a seguir. gentry ~ cercamentos - crescimento urbano = siste- ma doméstico -> invengio de maquinas -> trabalho assalariado + expansio da malha ferrovidrla > am pliagao dos mercados consumidores -> utilizagdo do ccoque para producao de ferro Apesar das mudancas nas formas de producio dos bens de consumo advindas da Revoluio Industrial, ‘a maquinofatura ndo extinguiu as antigas tradigoes. Observe as duas imagens abaixo, leia o texto se- guinte e responda em seu caderno ao que se pede. Teceldo com bebé em um cadeirso, lise aquarela de Vincent Van Gogh, 1884. The doubling room, ravura de Dean Mil, 1851 ‘Uma hist6ria geral, mais simplificada, dos ins- trumentos artificiais utilizados pelo homem, seria resumida em trés palavras: a ferramenta, a maqui na, o autémato, Suas definigbes revelam momentos decisivos na evolucao das relagdes entre o homem, ‘o mundo vivo, os materiais, as formas de energia. A ferramenta é movida pela forca do homem, inteira~ mente sob seu controle; a maquina, também con trolada pelo homem, é um conjunto de ferramentas que exige uma energia n3o humana; o autémato, capaz de responder as informacées recebidas, nes- sas circunstncias foge ao controle humano.” LALOUP. J; NELIS, J. Hommes et machines. In: SANTOS, ‘Milton. natureza do espaso. Sao Paulo: Hucitec, 1996. . 138. a) Qual sistema de produgdo a primeira imagem re- presenta? Descreva a pintura e diga como o traba- Thador foi representado, ) Asegunda imagem esta relacionada a qual sistema de producio? Qual o elemento de destaque dessa gravura? Qual é a condico social das pessoas que estdo trabalhando nessa fébrica e como elas foram representadas? ©) Relacione o texto acima com essas imagens e diga como 0 autor do texto considerou a relagio entre homem e méquina ) Ha um elemento comentado no texto que no esté presente em nenhuma das imagens. Identifique-o€ diga qual é a opiniao do autor sobre esse elemento. 5. Aimagem aseguir representa um grave problema so- ial que ainda nos dias de hoje assola sociedades de diversas regides do mundo. Quais sio as principais diferencas existentes entre o tratamento dispensado ‘aos mendigos e moradores de rua ingleses do século XVTe os que vivem no Brasil nos dias de hoje? ‘Moradores de rua dormem na Praca da Repiblica,no cantro de $30 Paulo (SP), um ano apés a revitalizac3o local. Fate de 2008. 6. A partir do século XVIII, a paisagem da Inglater- ra sofreu grandes transformagées. Aponte, nes-_ ta imagem, os elementos relativos a essas mu- | dangas. Vista de inddstrias em Sheffield, gravura colorida do século XIX 7. Tdentifique 0 processo histérico inglés tratado pelo poema abaixoeaviséo que opoema transmite sobre ele. Em seguida, explique os fatores que _ desencadearam esse processo e os resultados _ que ele gerou. “Em tempos idos, ainda nao distantes, Havia em todo monte ou vale estradas Abertas a todos os viandantes. Até que foram terras cercadas Eas velhas sendas todas bloqueadas Por ordem dos tiranos odientos; ‘Agora as velhas leis so desprezadas —insensivel quem trouxe tais tormentos A gente do campo, criando os cercamentos. (al De vis labregos a arbitrariedade Veio substituiralei de outrora; As aldeias impSes sua vontade, E quem nao a aceitar que vé-se embora” Clare, The village minstrel. In: WILLIAMS, R. | (Ocampo e« cidade na histria ena literatura ‘S80 Paulo: Companhia das Letras, 1989. p. 191 8, Um dos temas mais presentes nos noticiérios do mundo atualmente é 0 do aquecimento global. Esse assunto tem sido tratado de forma urgen- te, por causa de sua importancia, A reportagem abaixo comenta sobre o tltimo encontro entre os rincipats lideres mundiais, ocorrido na capital da Dinamarca, para debater os efeitos das as liméticas para a humanidade. Leia-o e responda ‘em seu cademo as perguntas a seguir. "Copenhague é uma guerra em que trés exércitos. sedefrontam. O primeiro, mais numeroso, mais oficial ‘emaiscientifco, integrado por aqueles que podemos. cchamar de ortodoxos, luta contra 0 aqueciment. ‘Outro, formado pelos ecologistas, berra que o mun- do no faz 0 suficiente contra ofenémeno. O terceiro 6 0 dos citicos, para os quals tudo isso é piada e a Terra, na verdade, comecou a esfriar hd dez anos. [..] Esse quadro de confustio que reinou em Copenhague esteve incompleto. Faltou responder a uma outra per- gunta: entre os responsdvels pela angtistia atual, n8o deveria estar mais um suspeito, 0 inconsciente dos homens e dos povos, seu apetite pela catéstrofe? O apocalipse é muito popular em nosso século. Vive- ‘mos numa sociedade do risco. Claro que tememos esse risco, que estraga nossos dias e noites, Nofundo, orém, ele nos excita, nos seduz. [..] Copenhague, e ‘no gerala epopeia do aquecimento climatico, nos ofe- recem esse belo presente: um filme de pavor numa tela verdadeiramente gigantesca, com um cardépio chocante: lagos mortos, inundacdes em Bangladesh, glaciares do Himalaia derretendo, o Polo Norte sem seu gelo, ursos brancos jé amerelados, tendo na boca ‘oderradeiro peixe.Fascinente ou terrivel, belo ouapa- vorante, esse formidével espetéculo nos é oferecido sgratuitamente, sem horério para terminar.” Gilles Lapouge. Eo clima esquentou em Copenhague. (Estado de S. Poul. Disponivel em wwrw.estadao.com br. ‘Acesso.em 28 mar. 2010. 4) Quais sto as opinides sobre o aquecimento global ‘indicadas no texto? Em que elas divergem e quais_ so os argumentos apresentados pelos defensores. de cada uma? ) Qual 6 a opiniao do autor do texto? Vocé concorda | com ela? c) Pesquise em sites, jornais e revistas as dix sas opinibes sobre oassunto, Depols,discuta com seus colegas e com o professor e ouca as opinides deles Elas sio as mesmas que as suas? 155 Jovens operarios No século XIX, a Revolugdo Industrial na Inglaterra transformou 0 cotidiano dos trabathadorese das cidades. Os operarios das {fibricas trabalhavam em longas jornadas e em péssimas condigées Mulheres, criangas e adolescentes eram contratados por saldrios menores que os dos homens adultos, e os pequenos trabalhadores _frequentemente sofriam castigos corporais.Abaixo acompanhamos ‘um dia do jovem William Cooper, operdrio inglés que comecou a trabalharem 1814, aos 10 anos de idade. Ceres er comer 1631/1681 Se ee eT) a) as a aS Familias operérias Bairros operarios (0s salts pagos nas fébcas eram babeos.s palsnao (0s operaros viviam nos subrbos das cidades & Conseguulam sustentarsuas familias, e muitos moriam em em pessimas habstacoes. As as era fétidas suas acidentes de trabalho, devando 0s hos érfScs. As ciangas~ e com esgoto exposto. Nesse aglomeraée,futos, clspatavam vagas nas fabricas para poderem sabreviver, assassinates, cases de delinquéncia, alcoolismo.e ‘onde recebiam ern média3shilings por semana ‘epidemias eram frequentes, Média dos aluguéis em Drury-Lane (semanal) —— S60 3shilings Seaerpcode: ‘1 comodo no 2° andar = 4 shillings 365,76m? havia’ 1,400 habitacées ‘icbmad6 no 1 andar =45shilings 1 ebmado no tétre0 = 4 shillings shitings Por volta de 4 Ent ee Na gravure, opersriae iangas trabalham na ‘manufatura da a. Autor desconhecido,c. 1845. Mortes infantis {As péssimias condlges de higiene e sequranga nas {brcastaziam diversos problemas paraa sade das criangase dos jovens. Multos sofiam acidentes caussdos plas condicSes de trabalho e pelas longas jomnadas. Na cidade de Manchester durante 9 meses ‘ocorreram 225 mortes Fonte ENGELS Fredech, ‘etuiod date webanedo rb kas tein Sioa ba uss diversas pf aveimaduras toes Couriers auc gee Chesil bape 36 ‘erwopuocinshore ah A Hesameris Matte 200 x : quedas Elabore um texto sobre as condigdes de vida dos operdrios ingleses duran- te a Revolucdo Industrial Tomando como base a rotina difria de William Cooper, caracterize as condigées de trabalho dos jovens nas fabrias ingle- sas do século XIX. Houve mudancas daquela época para o$ dias de hoje? O que voce pensa sobre 0 trabalho infantojuvenil? 158

You might also like