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capitulo 28 psicologia social em George Herbery mi chicago & EM Erving Goffman Cad, no Escola de Franci ixe i Este capitulo discorre sobre Pensad een ees comsiderados pela maioria dos manuais coc "MEMOS que nie fo * jcologia. Atualmente ha distanciamento «ny Integrantes do conjunto da je legitimagao da psicologia Norte~americany eeu : “xperimentais ¢ individualistas, de class utilidag redo de perspectivas viduos, € © consequente menoscabo de Teflexdes ak ae ee que nO foram construidas sobre a dicotomia individuo-sc aie Pt George Herbert Mead (1863-1931), apesar de fain : para psicologia, nao foi visto como Psicdlogo pela eas a ee ocorrendo mesmo um esforco no sentido de transformi-lo em ccaae jogo. Vemos, hoje, que sua inser¢o no campo das ciéncias Si oe aral em um momento em que essas diferenciacdes diziam Tespeito a legitimagio dos nascentes departamentos de Psicologia e de Sociologia nas univer- sidades norte-americanas. Assim, a criacio de departamentos de Psicologia foi contemporanea ao estabelecimento do Pensamento posteriormente nomeado como pertencente 4 Escola de Chicago inserido no campo das © Para ver, no process aéncias sociais. Os trabalhos socioldgicos elaborados pelos pesquisadores da Universidade de Chicago entre 1915 e 1940, embora nao compartilhem uma abordagem teérica homogénea, trazem um conjunto de caracteristicas que a diferem de outros movimentos da sociologia norte-americana. Esse texto procura discutir 0 ordenamento das relacGes entre George at Mead, a Escola de Chicago e Erving Goffman ¢ as apropriagoes que dat fe i i nea. podem ser feitas pela psicologia social contemporan i i aloriza- As principais caracteristicas da sociologia de cares ~ ad sao da pesquisa empirica sobre as “reflexdes de gabinete 525 Were Francisco Tesneira Partial Jon procedimentos nilizados na penguin socraldgic nt m Je ygnificativas pesguivas de Compas urbanios relicion des numero des ae sociais da emergente Chicago, is Come o fa anni rente de curopeus que Imenso conunE fi ae aoe da delinquénci. Outra significativa COmtibuiga for a lowing materi de pesquisa (conse 4 exploracio de dives i ery cunientor pessoas © 40 trabalho 4 socivlogia qualitativa, © daw somnnihy cidateso da enn se Histalouy Maga ferida aos nove documents). ublzagio de fornecendo métodos inovadores pars HI estayan Nese mesmo periodo os departamentos de psicolo ess struturando ¢ ganhando autononma institucional nay Unliversidades fs M Se i: i r ependes Ort. eecricanas. Houve um eforgo part garantir a independéneia dg incipin’ ericanas. Neier sicologia alocando-a no campo do saber cientifico,entendide de font iD qi ry Mt vy_ pita e tendo como horizonte as propostas positivistas,o métody experingy® * iG ose! 7 ental e as anilses quantitativa. Assim & que se situa, por um lado, 0 singin! . tO lando © experimentalismo & do behaviorismo (1913), aprofundanc ‘x MO € instauitande por outro, a construgio de um pasado €xperineing ental um objeto reificado, ¢, F Edward Boring publicou em 1929 em Harvard un, me o a logia — para a psicolog g publicou em 1929 em H marco para a historia da psicologia na leitura norte-americana ~ Hiya . la © acabou se paiolagia experimental (A history of experimental psychology) ~ qu confundindo com a histéria da psicologia em geral durante muitas décadg: A paicologia social norte-americana também foi construida no sol, experimental ¢ quantitativ: ta, elaborando para si uma hist6ria POSitivista, ¢ texto de Gordon Allport ~ “As raizes hist6ricas da psicologia social mode. na” (The Historical Background of Modern Social Psychology) ~ de 1954 cria um passado comteano para a psicologia social, cujo apice constitui 4 psicologia social individualista e instrumental iniciada nos anos 1920 © que se fortaleceu até o final dos anos 1960. Neste sentido as vertentes do pensamento univ foram marcadas fortemente por tais tendéncias e que nao valorizaram 05 procedimentos experimentais e quantitativistas foram ativamente secunda- rizadas ou expurgadas da psicologia. As propostas de Mead — que esteve ta0 proximo 4 psicologia no inicio do século XX —, o didlogo com as ciéncias sociais, a critica social, a avaliagdo de Procedimentos qualitati- Vos nio germinaram no solo da psicologia, nem mesmo na denominada Psicologia social que permaneceu, por estranho que pare¢a, como uma ersitario que nio abordagem analitica e igualmente individualista. i George H. Mead, juntamente com John Dewey (1859-1952), par- ficipou da iniciante Universidade de Chicago elaborando e ensinando 526 Pee te UM POPES de filore, ia social cf i : : Foc atada “pragmaticmo” (cf capitulo 7). A lacie de suas retleyse, £0 NOFe-americano ¢ im 6 ela primenn noes Pela any lee Contribuiram para a exclicio, a0 fonge da primetra metade de século XX \ fentidade al 7 campo di pacologia Atribuir uma entidide dloina pars nea Wer com quer LOMO psicdloge ., Socrdlogo, quer come fildsofo, : chal Sensotun uma por desemvolver algun captors mobilizante Optamos aS Sartiials dades prese resem suas idetas na medida AC1Onam com a: O Tee OCUPagSes © O instrumental que cabo aun abordagem social ne Psicologia atual : Das propostas de Mead reley Escola de Chicago, vale re. dol6gicas resultantes da valorizacio do a mundo. Do ponto de “sta do inte; sociol6yico nio poderia se dos observados de seu contexte de produg A conduta individual ¢ as Tegularidades do: entidades isoladas ¢ independentes, dai de campo (baseado na observac em que elas se rel antes Para a sociologia qualitativa da “altar papel tedrico ese consequéncias meto- eente social como intérprete do Metonismo simbélico o conhecimentes {Polar em métodos que visassem retire ne da- 0 a fim de torni-los objetivos * BTUPOS sociais no constituem 4 valorizacio nao apenas do trabalho 20, entrevista, testemun cipativa), mas também da utilizagio ste documentos diarios, rel ho, observagio parti- Pessoais (autobiogratias, A contribui¢ao metodol6gica das Pesquisas da Escola de Chicago fo- ram muito significativas. A utilizagio de metodologias maltiplas construidas conforme as pesquisas iam ganhando corpo, Tecusando assim a aplicagio de métodos prévia e exogenamente fixados, é uma grande contribuigio dessa Escola. Esta op¢ao destoava Por completo da Psicologia norte-americana da época, que havia optado maci¢amente pelas orientacdes metodolégicas das ciéncias naturais. George Herbert Mead e a psicologia social George Herbert Mead ministrou cursos de ee cae aproximadamente 30 anos no Departamento de Filosofia da ae ; de Chicago. Sua obra transitou por campos variados - nes Psicologia e a sociologia, mostrando ser possivel que 7 : pote duo-sociedade, cultural-biolégico, mente-corpo ~ ainda tho pres Micologias em curso — podem se tornar dispensaveis. Francisco Teixeira Portugal Muitas psicologias no inicio do século xX foram marcadas Pel, dicotomia individuo-sociedade. Nao apenas as psicologias mas tambén, as sociologias acabaram por se voltar a0 estudo do individuo ou da So. ciedade como se tais categorias tivessem uma realidade propria ¢ fosser, relativamente independentes entre si.As propostas de G. H. Mead escapan, 4 dicotomizagio que concebe quer 0 individuo quer a sociedade como realidades altimas, seu pensamento se dirigiu 4 compreensio da criacig de tais entidades numa perspectiva processual. Nesta direcio a significagdo tem um papel de destaque. Em lugar de conceber a linguagem como uma faculdade do individuo e a significacio como uma ideia ou um conceito a serem remetidos a um referente, sua proposta é a de que esta “surge e reside dentro do campo da relacio entre 0 gesto de um organismo humano e sua subsequente conduta na medida em que é indicada ao outro organismo por este gesto.” (Mead, 1972 [1934]: 114) Tal defini¢io, aparentemente comportamental, deveria ser situada na perspectiva da agio diferindo profundamente do comportamentalismo de John Broadus Watson (cf. capitulo 11 12). Enquanto Watson partici- pava da dicotomia mente-corpo — recusando o valor da mente seja por sua recalcitrancia a0 método experimental, seja por nao conferir a esse objeto uma substancia — Mead nao recusa nem a mente, nem o corpo mas © substancialismo. Seu comportamentalismo é mais propriamente um pragmatismo. Nele, a fungao da significagio € central na medida em que nao é definida como uma adi¢io psiquica ou um contetido qualquer que estaria em nossa cabe¢a, mente ou cérebro, ela se origina ¢ se mantém no ato social. Ela ¢ construida como algo que existe objetivamente como relacio entre certas fases do ato social. A significagio nasce em um processo relacional triplice que envolve 0 gesto de um organismo, 0 ato social que ja inclui este ges- to € a reacdo do outro a esta a¢io. O gesto ganha sua consisténcia no ato social que fornece diretividade para os individuos envolvidos. Nao se trata de estatuir uma anterioridade absoluta ao ato social, mas de insistir em sev carater relacional e em sua exterioridade em relagio ao individuo. _Dessa forma a significagio pode ser concebida independentemente 4 consciéncia.A consciéncia, pedra angular do individuo moderno (f. capitulo 1),é dispensivel Para a significacio porque esta pode se esgotar no conjunte ee ee i Hecesears inci i peau hae sustenta¢ao. a significagaoy : a do individuo em relagio a significag3° 528 Psicologia social em George Herbert Mead A significagéo,na medida em que consiste na reago de um organismo do outro dentro do ato social, faz emergir novos objetos. Assim ae os processos organicos constituem os objetos aos quais reagem — por sempl0 para um herbivoro a planta se constitui como alimento -, assim ambém 05 prOcessos SOciais constituem objetos na telacao de significagdo. Ou seja. inserir a significacao na estrutura do ato social torna desne- cxsira a pressuposigio de um individuo ou de uma consciéncia que a soportaria € permite partir da suposi¢ao da existéncia de um processo de experiencia social, comum entre os homens, que sustenta a emergéncia da mente, do eu e da consciéncia de si. O individuo em Mead. é, pois, concebido como um efeito da expe- réncia ¢ n§o como seu produtor, individuo e sociedade sio Produtos de um proceso pré ¢ extra individual, histérico e contextual. O ato social nio Zosuliado de um individuo isolado mas envolve sempre 0 outro, sto &, éuma relacao, a pessoa é simultaneamente agente e objeto neste processo. Um dos objetos constituidos pela linguagem é a mente. Aqui, em Primeiro lugar, € necessario distinguir mente de organismo. O corpo pode operar no mundo de forma orientada sem que haja uma mente envolvida. Asim. mente caracteriza-se por ser um objeto para si distinguindo-se, por s%¢ atributo, dos outros objetos ¢ do corpo. Sabemos que tornar-se um objeto para si ndo configurava uma questio para a psicologia individualista % fpoca ~ e de hoje ~, ja que se supunha que a consciéncia (como atri- buco espontineo de toda mente) possuia esta capacidade. A emergéncia da sonsciéncia, longe de ser uma pergunta, era a resposta. Para Mead, a mente torna-se objeto para si através do processo social Ssperincia. Enfatiza-se, aqui, o aspecto dinimico, processual, da cons- Ss6i0 da mente e do ev. Constitui um erro comum projetar no passado a & _ne*pGdo que se tem de si no presente. Para evitar esse equivoco torna-se X<*sirio explicar légica e cronologicamente a emengéncia da reflexividade, *°6.de como podem surgir a mente e o eu como objetos para si. ao recs Ciancas-lobo, que sobreviveram longe do contato social huma- ela a auséncia de reflexividade e a necessidade de mostrar como a Construida no processo social. Aquele que esti sendo inserido, pela pong “e-€m uma comunidade social, pode ser considerado um sujeito roma” de uma mente apenas por aqueles que ji fazem parte de deter- Processo social determinado. A construgio de um eu, distinto dos bo me TA paulatinamente a partir do ponto de vista dos outros eus "smo gr ‘UPO social. Do mesmo modo como os outros s30 objetos para _ 529 Francisco Teixeira Portugal Ns na experiéncia social, das atitudes dos out ito, & cio, 1 ujeito, ¢ pela adogio, 0 suji ele se torna objeto para si.A mente se relagio ao individuo que pane : Constita como retalhos entretecidos proprios 298 PROCESSOS SOCIAIS Organizadys, 4 pressuposi¢i0 da unidade do sujeito € da mente torna-se, pois, disper, ate 7 +44 havia pet > a centralidade de sua consciéne; O sujeito que Ja havia perdido ac OMSCIENCIA, Pere rgéncia de um si mesmo, a sua unidade (como apontag F slg ado pela psicanilise ainda que por caminhos bem diversoy 5 TOS ery, agora com a eme! pelo behaviorismo ¢ ‘A mente, na medida em que é um objeto para si, € essencialmente uma estrutura social e surge na xperiéncia social. E somente apis a emer. vancia da mente como objeto para si que se pode concebé-la soltariamente eeremos figurar Robinson Crusoé vivendo isoladamente sem perder yu as como derivar a emergéncia de uma mente a partir de experiéneia de si,ima tim organismo vivendo soladamente, sem 08 outros sociais? No romance de Daniel Defoe (1660-1731) Robinson Crusoé, apesar de © marinheiro ingles viver solitariamente numa ilha, isto é sem ou- mn psicologia de criangas rcontradas FOS EMpITICOS, ele jase encontrava constituido aaoonnnimasou vivendo solitariamente, por € com os outros sociais. Nos poucos casos Jonge do contato humano: 0 We in de CRIANGAS-LOBO de que se tem noticia, a Itard que esereveu na Frangaem 18016 aia de ee icia, auséncia de outros sociais gei eniene 1806 0 Victor de Aveyron ¢ 0 de J.A.L, AUSE 2° ‘ gerou experiéncias Singh ¢ R.M. Zingg que registraram na profundamente diferenciadas de nossas organi- india em 1920 O didrio das meninas-lobo zacGes soci de Midnapore, india, Ainda que com pre~ : i ocupagées bastante diferenciadas entre O perspectivismo necessario para a emer- Siambos os relatos colocam em questio géncia da mente como objeto para si, marca nnossas certezas sobre a naturalidade dos 36 somente a importincia do ato social, mas a atributos humanos permitindo refletir sree pontinciacds vida soval para dificuldade em estabelecer a unidade da mente a organizagio dos mais simples atributos. Tornar-se simultaneamente sujeito € objeto, ou comoa percep¢io do frio edo calor até seig, objeto para si € possivel pela mediagio dos 0s mais claborados como a reflexividade. ee outros numa experiéncia social estruturada por- Crianca-Lono. Hi dois relatos Famosos que a mente no consiste em uma entidade unitaria, mas no conjunto de mentes produzidas e estabilizadas nos diferentes grupos sociais de que fazemos parte A mente ¢ corpo social estio, portanto, impreterivelmente atrelados. A unidade ¢ a estrutura da mente completa refletem a unidade e a estracara do proceso social como um todo,e cada uma das mentes elementares de que 6 composta esta mente completa reflete a unidade e a estrutura de um dos varios aspectos desse processo em que o individuo esti envolvido (Mead, 1972 |1954)) Ou seja,a organizacio ¢ a unificagio das mentes € homogénea 4 dos pro- cessos sociais em que estio inseridas. Nessa concepcao a mente nao é um produto espontineo de um individuo, mas a expressio de formas organizadas de experiéncias sociais. 530 Psicologia social em George Herbert Mead Diversas sio as condi¢ées sociais em que a mente surge como objeto. Alinguage™ é essencial nese processo, sendo condi¢ao para que sujeito € abjeto para si possam emergir, mas também outros recortes sociais produ- gem essa reflexividade. Tomemos aqui o jogo (ou a brincadeira) e 0 esporte, exemplos utilizados por Mead. A brincadeira das criancas é marcado pela jdocio do papel do outro (por exemplo: a crianca que brinca de professor, demie, de médico) e funciona produzindo uma caracterizagio pessoal. O esporte se diferencia da brincadeira na medida em que todos os outros esto envolvidos, isto é, demanda-se uma reciprocidade em que cada xto da pessoa é orientado pela expectativa das agdes dos outros participantes. Surge assim um outro que é a organizacao das atitudes dos que estao en- wolvidos no mesmo processo. Assim, além do outro presente na brincadeira (um outro empirico) podemos marcar aqui a diferenga em rela¢ao ao outro exemplificado no processo social do esporte. A este outro, Mead denomi nou outro generalizado, e o defini como a comunidade ou grupo social organizados que proporcionam ao individuo sua unidade. Pode-se assim conceber um outro individual e um outro generalizado que correspondem dum grupo social organizado,a uma equipe esportiva como uma instituigdo de ensino, que intervém na experiéncia individual de seus participantes. Outro ¢ outro generalizado sio, portanto, aspectos do processo social, nio cntidades definidas em si mesmas. Uma das caracteristicas do outro generalizado é a de exercer controle, Ji que se revela como uma fungio ordenadora. Neste sentido, o raciocinio Pressupde a adocao das atitudes dos outros generalizados, dos sistemas de ‘Ignificagdes sociais, caso contririo nao haveria pensamento. A emergéncia da mente passa entio por dois processos que podem ‘*'diferenciados a partir da experiéncia do sujeito. Em primeiro lugar, ela “conforma pela organizagao das atitudes particulares dos outros individuos fa : © em relag3o a si mesmo; em segundo, sua organizacio provém das do outro generalizado ao qual cada um pertence. 0 mente emerge com o proceso social, isto é, tem uma histéria rela- ; a Constitui simultaneamente num pélo individual indissoluvelmente So da Tos Outros. Outro e outro generalizado nio existem em si mesmos, nigSes de algo que é fundamentalmente dindmico. Caberia ainda ressaltar uma distin¢ao importante entre a mente e o 69 jean uma experiéncia reflexiva e uma experiéncia subjetiva. Como ja Ne se pyr? Pessoa emerge no processo social organizado, na medida em na objeto para si. Isto significa dizer que além da consciéncia dos Francisco Teixeira Portugal objetos percebidos. o processo social possbilita 0 aparecimente de consciéncia de si. Entretanto, é possivel distinguir entre as experisngn que somente nds temos acesso, as experiencias subjetivas, das experién, primoniialmente relacionais, como a reflexiva. Estas nio correspory a experineias isoladas e auténomas, no ha razdes para separicly gy” forma, Entretanto, as experiéncias subjetivas tém sido Go valorizadas tempos individualistas que se tornou necessario uma distingio entre ¢ as reflexivas. Se a consciéncia diz respeito a experiéncias tais como a dor 7 © prazer, a consciencia de si se refere 4 emergéncia da pessoa como objerc, e, portanto, de um processo em que a pessoa se funde com 0 ato sociz| Mead centrou suas anilises nas categorias subjetivas em sua relacs com as instancias sociais sem concebé-las como entidades abstratas. Em um sentido geral, suas propostas continuam interessantes para a psicologia soci; ao propiciar encaminhamentos ~ a serem abertos e pavimentados — pars; producio subjetiva, levando em considerago as formas relacionais orga zadas presentes na contemporaneidade. A microssociologia de Erving Goffman Os trabalhos de Goffman sao considerados representativos de um segundo momento da Escola de Chicago no sentido de prolongar a orientacio intera- Eavinc Gor uan (1922-1982) se formou pela Universidade de Toronto em 1945 ¢ fez sua pés-griduasio na Universidade de Chicago ac 1953, Tornou-se um soci6lo- go conhecido pelo estudo das interagdes human, ma privilegiada ca- Pacidade de observayo etmogrifica das agdes relevantes no mundo contemporineo, sendo jerado um dos grandes nomes da sociologiz do século XX. Seu nome relictora-se a0 de Mead por elaborar uma abordagem: sociolégica de psicologia social Suas principais obras sio: The Preseitation of Self in Everyday Life, 1959: Asylums: Essays on the Social Situation of Mental Patients and Other Inmates, 1961; Stigma: Notes on the Management of Spoiled Hentity, 1963; Frame analysis: An essay on the organization of experience, 1974 @ Forms of Tall, 1981. Os arés primeiros livros foram publicados no Brasil com os titulos 4 npresentasio do ew nna vids cotidisns 2001); Manicimios, prises € conventos (1996) © Estigma. Notas sobre a manipulacdo da identidade deteriorada (1988). cionista e de refletir de forma nova sobre a delinquéncia, a doenca mental, os processos de estigmatizacio, temas que estiveram no horizonte daquela Escola. Goffman conjugou uma acurada habili- dade para observacao das interagdes huma- nas em diferentes situacdes a uma notivel habilidade de criar conceitos. Privilegiando anilises etnogrificas sobre as relacdes ente 28 institui¢des sociais e as categorias subjetivas. © autor péde apresentar diversos modos de intera¢ao social, desde a construgio de uma carreira de doente mental até a representaca0 do eu na vida cotidiana. Embora tenha escrito um manual A resentacio do eu na vida cotidiana (2001 (195%) ~ Para apresentar uma abordagem sociologi< 532 a spital, 0 interesse de Goffman para a ps ‘ y metodo delimitados para aplicacio xicologia.do que na demonstracio da possi alitativas decorrentes de observacdes de situ gs Tal opcio 0 levou a produzir uma variada snalidade e, sobretudo, servem como exemplos poraaprodugao de pesquisas que se voltam para omabalho de campo.Além disso, suas Teflexdes sobre temas do campo da Psicologia como a identidade, o eu, doente mental,a estigmati- zxi0, a relacao médico-paciente entre outros so de interesse psicossocial ainda hoje. Em Manicémios, prisées ¢ conventos (1996 {1961}) e Estigma (1988 [1963]) encontramos o interesse do pesquisador em elaborar uma vero sociolégica da estrutura do eu. Para unto a produgio de conceitos como o de STTUICAO TOTAL, de estojo de identidade, de cucwil e eu do internado, de normalizacio e rormificacdo,a descricao de processos como a Srreira moral do doente mental e do estigma- &tado, dos dispositivos de alteracio do eu, de *entficagdo automaitica, das caracteristicas to- cat esquema médico,contribuem para ie me Psicol6gicas Que gravitam em torno aah con de Construcdo e transformagao ong ce ide nao somente em instituigdes Cteristicas descritas por Goffman. sa n° brasileiro, foi com a crise da psi- ss oe Nos anos 1970) que essa Prineip eae a fazer eco entre nds, oma a Por meio do movimento da Yas, ue ‘atrica. Entretanto, ainda ha um . 4 ser preenchido pela psicolo- i imenemporinea com as reflexdes nagens ae Psicossocial elaboradas por Scola de Chicago Nbr Perso, yw a a objetos ow situa bilidade 0 controla~ gama de conceitos que tém sua Instituica eee io uss A observacio das inet fees do eu encontraram nas DeneuisGes tots um local privilegiado, cance aas instituigdes apresentam S especiais de fechamento e We, Por isso, constituem: uma estufa para mudar pessoas. Apesar do fechamento ser comum 4s instituicdes, algumas delas Impoem barrciras mais isoladoras do contato com o mundo externo como os asilos psiquiitricos, as prisdes, os con- ventos, campos de prisioneiros de guerra, sanatérios para doentes cronicos etc A categoria instituigio total nio deve ser compreendida como um tipo ideal absolutamente definido ¢ contendo um conjunto fixo de caracteristicas, mas como um conceito que aponta diferengas sig- nificativas entre instituigdes, permitindo, pela comparacio, conhecer seus efeitos em seus integrantes. Uma das principais caracteristicas das instituigdes totais esté em romper uma configuracio bastante difundida no mundo contemporineo: 0 individuo comumente dorme, se diver- te ¢ trabatha em locais diferentes, com participantes distintos, sob autoridades diferenciadas ¢ sem um modelo racional geral a guii-lo. As diferensas desses modos de interagio tém sua agio na organizag3o do cu. Assim, o interno exerce todas as suas atividades em companhia de outras pessoas (0 isolamento constitui caso raro ¢ frequentemiente punitive) em um mesmo local ¢ sob a mesma autoridade. Suas ati- vidades sio determinadas de forma rigida ¢ impostas verticalmente através de um conjunto de regras explicitas, cujos agen- tes compdem © corpo de funcionirios [As atividades seguem um plano racional Gnico supostamente plngjado pars aten~ der aos objetivos oficiais da instituigio, O o marca o funcionamento dessas binarism Leal instituigdes ¢ uma oposicio bisica anta~ = grupo controlido ~ os oniza © grande grupo Beier a pequena equipe drigente aieg fancionarios das instituicdes ~- a, Francisco Teixeira Portugal Indicagées estéticas Pirandello, Luigi. (2001) Um, nenhum, cem mil Sio Paulo: Cosaf & Naify. Uma tragédi sobre a auséncia de um fundo absolut contrastado por sua esposa sobre a imagem que tent geen encontrando-se subitamente numa solidio prolonged ine 1a UM Processo de angustioy, desconstrugio de si até que descobre uma inespenis fone de se manter precariamente coe, ‘Tounier, Michel. (1985) Sexta-feira ow os limbos do Pacifico. Rio de Janeiro: Difel Livro Fetoma a ja bicenteniria histor de Daniel Defoe Robinson Crusi contemporineas como a alteridade, a manutencs 08 luz de questées 10 de si, o etnocentrismo entre outras © menino selvagem, filme ditigido por Frangois‘Truffaut sobre © acontecimen lard em Vietor de Aveyron, Bibliografa Allport, Gordon W. (1954) The Historical Background of Modern Social Psychology. In:Lindzes G. (ed.) Handbook of Social Psycholegy. Cambridge, Mass. Addison-Wesley. Coulon, Alain (1995) A Escola de Chicago. Campinas: Papirus, Banks-Leite, Luci ¢ Galvio, Isabel. (2000) A educacio de um selnagem. 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