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(5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUGAO DE __ QUEBRA-CABECAS NA TEORIA DAS ORGANIZACOES RESUMO O objetivo deste artigo ¢ apresentar os elementos da critica humanista radical, que sugere que a diseiplina de teoria das organizagées tem sido aprisionada por suas metiforas, e estimular uma conscientizagio por meio da qual ela poderia comegar a se libertar. Este artigo explora os relacionamentos entre paradigmas, metaforas ¢ a resolugdo de quebra-cabegas, mostrando que a teoria das organizagées e a pesquisa em organizagdes sfio construidas sobre uma rede de suposigdes tidas como certas. Examinam-se a natureza metaforica da teoria e a implicagao da metéfora para a construcdo de teoria. Sugere-se um pluralismo teGrico e metaférico, que permita o desenvolvimento de novas perspectivas para a anilise organizacional. Enquanto a ortodoxia esta baseada em algumas metaforas caracteristicas do paradigma funcionalista, metaforas caracteristicas de outros paradigmas, que desafiam as suposigdes fundamentais da ortodoxia, mostram que tém muito a oferecer. Gareth Morgan Schulch Schoo of Business - York University [ABSTRACT Tie purpose of is paper it to present re elements ofa radical mananist critique shih suggest thatthe disepline of organization theory has ben imprisoned by its metaphor, and fo stimulate an awareness trough which t can begin to set itself ee, The paper explores the relationship among paradigms, metaphors, and puzzle solving showing how organization theory and research is construeted upon a network of ‘axsumptions that ar taken for granted. The metaphorical natre of thcory and he implications of metaphor for theory construction are examined. A theoretical and methodological pluralism which allows the development of new perspectives or organizational analysis suggested, While orthodoxy is based upon @ few metaphors characteristic ofthe netionalit paradigm, metaphors characteristic af other paradigms, which challenge the ground assumptions of othadaxy; are shown to ave much to ofr PALAVRAS.CHAVE \etifora, paradigma, construgto de teora,teora das organi=agoes, humanism radical, KEYWORDS Metaphor, paradigm build theory organizational theory: radial umn hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 ane (5103/2028, 1717 PDFs viewor CARETH MOREA Para o filho de um camponés que cresceu dentro das es- ‘rcitasftoteiras de seu vilarejo © que passa a vida toda n0 ugar em que nasceu, o mode de pensar e de falar caracte- ‘sti desse vlarejo algo que ele tem inteiramente como certo, Mas para orapaz da 2ona rural que vai para acida- de e gradualmente se adapta a vida urbana, © modo de viver e de pensar do campo deixa de ser algo tido como certo. le ganlou um certo “dstanciamento” dele e conse. ‘tue fazer agora uma distingdo,talvez bastante consciente, etre 0s modes de pensar eas idéias“rurais” e“urbanos”. [Nese tipo de disting20 repousa 0 inicio daquela aborda- gem queasociologia do conhecimento procura desenvol ver detalhadamente. Aquilo que dentro de um determina do grupo ¢aceito como absoluto parece, para aquele que esti fora, condicionado pela situagdo do grupo e recone ido como algo parcial (nesse caso;“rural”) Hsse tipo de conhecimento pressupde mma perspectiva mais “distan- ciada”, (MANNHEIM, 1936), Mannheim utiliza esse exemplo de urbanizagio de um jo- ‘vem camponés como meio de ilustrar como os modos de ‘pensar 0 mundo sd mediados pelo ambiente social ¢ como ‘aquisi¢do de novos modas de pensar depende de um afas- tamento da antiga visto de mundo, O exemple é um ponto de partida conveniente para uma anilise da tearia das orga nizagoes, que busca examinar como 0s tebricos das organi- zagdes tentam entender seu objeto de estudo, ¢ também como cles tentamn alcanear certo distanciamento do modo ortodoxo de vé-Lo. Os teéricos das omganizagbes, assim como os cientistas de outras disciplinas, freqdtentemente abordam sett objeto a partir de uma estrutura de referéneias baseada em suposigdes inquestiondveis, Na medida em que essas suposigdes sto continuamente afirmadas¢ reforgadas pelos cientistas da drea e por outros com os quais os teéricos das corganizagdes interagem, podem permanecer nao apenas sem discuss2o, mas também algo além da percepe4o consciente. ‘Nesse sentido, a visio de mundo artodoxa pode vir a assu- mir o starus de real, rotineira e inquestionével como a visio de mundo do jovem camponés de Mannheim que perma- nneceu em casa. A natureza parcial ¢ auto-sustentadora da ortodoxia 56 se torna evidente na medida em que 0 te6rico expde as suposigdes basicas ao desafio de modos alternati- ‘vos de visto, e comera a apreciar essa alternativas em seus proprios termos, PARADIGMAS, METAFORAS E RESOLUGAO DE QUEBRA-CABECAS Para se entender a natureza da ortodoxia na teoria das hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 organizagdes € necessério entender 0 relacionamento entre os modos especificos de teorizacdo e pesquisa, ¢ as visdes de mundo que eles refletem. Seria ‘itil come- ar com 0 conceito de paradigms popularizado por Kuhn (1962), apesar de esse conceito ter sido exposto a uma ampla variedade de interpretagdes (Morgan, 1979), Isso se deve, em parte, porque o préprio Kuhn sou 0 conceito de paradigma no minimo de 21 modos diferentes (Masterman, 1970), ¢ de maneira consisten- te com trés amplos sentidos do termo: (1) como uma completa visio da realidade, ow modo de ver; (2) rela- cionado a organizacao social da ciencia em termos de escolas de pensamento ligadas a tipos particulares de realizagdes cientificas: € (3) relacionado a utilizacdo concreta de tipos especificos de ferramentas ¢ textos para © processo de solucdo de quebra-cabegas cientifi- cos (veja a Figura 1) Provavelmente uma das mais importantes implicagdes, do trabalho de Kuhn deriva da identificagao dos para- mas como realidades alternativas, ¢ a uti diseriminada do conceito de paradigma em outros senti- dos tende a mascarar esse sentido bisico, O termo “para- digma” é, portanto, utilizado aqui em seu sentido metateérico ou filoséfico para denotar uma visio impli- cita ou explicita da realidade. Qualquer andlise adequa- dda do papel do paradigma em teoria social deve desco- brir as principais suposicées que caracterizam e definem ‘uma dada visio de mundo para fazer com que seja possi- vel consolidar o que hé de comum entre as perspectivas dos teéricos cujos traballios poderiam, caso contriio, em um nivel mais superficial, parecer distintos e de am- plo alcance* Qualquer paradigma metatedrico ou visto de mundo metate6rica pode incluir diversas escolas de pensamen- to que freqitentemente constituem diferentes maneiras de abordar e estudar uma realidade compartilhada on visio de mundo (0 nivel Metéfora na Figura 1). Vai se argumentar neste artigo que as escolas de pensamento nas ciéncias sociais, aquelas conmunidades de tebricos que concordam com perspectivas relativamente coerentes, baseiam-se na aceitacdo © utilizacdo de diferentes tipos de metaforas como fundamento para investigacio. No nivel de resolugao de quebra-cabecas da andlise (Figura 1), & possivel identificar diversos tipos de ativi- dades de pesquisa que procuram operacionalizar as de- talhadas implicagdes das metéforas que definem uma es- cola de pensamento especifica. Nesse nivel detalhado da analise, muitos textos especificos, modelos e ferramen- tas de pesquisa competem pela atengio dos teéricos, ¢ grande parte da pesquisa e do debate nas citncias sociais ane (5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES esti focada nesse nivel. Isso inelui o que Kuhn (1962) descreveu como “ciéncia normal”. Na teoria das organi- zacdes, por exemplo, o livro de Thompson Organizations in Action (1967) tornou-se modelo e ponto de partida para os te6ricos interessados na teoria da contingéncia que desenvolvem idéias geradas pela metafora do orga- nismo (Burrell ¢ Morgan, 1979). As numerosas propos- tas apresentadas no livro de Thompson geraram grande quantidade de pesquisas para resolugdo de quebra-cabe~ ‘525, em que as suposigdes metaféricas que fundamen- tam o modelo de Thompson sao inquestioniveis como maneira de entender as organizagoes. Analisando como as atividades especificas da resolu. 20 de quebra-cabecas esto relacionadas a determina das metaforas que, por sua vez, estdo em concordancia com uma determinada visto da realidade, 0 teérico pode se tornar muito mais consciente do papel que desem- penha em relagdo a construgio social do conhecimen- to cientifico, Como no caso do javem campones “urbanizado” de Manuheim, uma perspectiva cosmo- polita em teorizacao depende de o tedrico deixar em Figura 1 ~ Paradigmas, metaforas e a resolugo de quebra-cabecas: algum estagio a comunidade de praticantes com os quais possa se sentir em casa para apreciar os dominios da teorizacho definidos por outros paradigmas. e as inti- meras metéforas e métodos pelos quais se podem con- duzir a teoria e a pesquisa, PARADIGMAS COMO REALIDADES ALTERNATIVAS. © papel dos paradigmas como visdes da realidade social foi recentemente explorado em detalhes por Burrell © Morgan (1979), que argumentaram que a teoria social em geral ¢ a teoria das organizagdes em particular po- deriam ser analisadas em termos de quatro amplas vi sbes de mundo relletidas em diferentes grupos de su- posigdes metatedricas sobre a natureza da ciéncia, a di- mensao subjetivo-objetiva, e a natureza da sociedade, a dimensio da regulagao-mudanga radical (Figura 2) Cada um desses quatro paradigmas ~ funcionalista, interpretativista, humanista radical e estruturalista radi- ttés conceitos para se compreender a natureza e a organizagSo da ciéncia social Paradigmas Realidades altemativas Metaforas Bases das escolas de pensamento Aividades de resolugao de quebra-cabecas Baseadas em ferramentas e textos espeoticos hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 ane (05108/2028, 17:17 PDFs viewor CARETH MOREA cal—reflete uma rede de escolas de pensamento relacio- nadas, diferenciadas na abordagem e na perspectiva, mas compartilhando supasigSes comuns fundamentais sobre a natureza da realidade de que tratam. © paradigma funcionalista é baseado na suposigio de que asociedade tem existéncia concreta c real, eum cara ter sistémico orieatado para produzir um sistema social ordenado e regulado, Ele encoraja uma abordagem & teoria social que enfoca o entendimento do papel dos seres humanos na sociedade. O comportamento é sem- pre visto como algo demarcado pelo contexto em um mundo real de relacionamentos sociais tangiveis e con. cretos. As suposigdes ontolégicas encorajam a crenga na possibilidade de uma ciencia social objetiva e livre de valores, em que o cieatista se distancia da cena que ana- lisa por meio do rigor e das téenicas dos mérodos cienti- ficos. A perspectiva funcionalista é primordialmente re- guladora e prética em sua orientagao bisica, ¢ esté preo- cupad em entender a sociedade de maneira a gerar co- hecimento empitico itl. paradigma interpretativista é baseado na visto de que o mundo social possui uma situagao ontolégica du- vidosa e de que o que se passa como realidade social io existe em qualquer sentido concreto, mas é um pro- duto da experiencia subjetiva e intersubjetiva dos indi- viduos. A sociedade ¢ entendida a partir do ponto de vista do participante em ago, em vez do observador. O teérico social interpretativista tenta entender 03 pro- ‘cessos pelos quais as miiltiplas realidades compartilha- ddas surgem, se sustentam e se modificam. Como a abor- dagem funcionalista, a interpretativa se baseia na supo- sigZo e na erenca de que hé um padrao implicito e uma ordem no sistema social; no entanto, o teérico inter- pretativo vé a tentativa funcionalista de estabelecer uma cigncia social objetiva como um fim inaleangavel. A cign- cia é vista como uma rede de jogos de linguagem, ba- seada em grupos de conceitos ¢ regras subjetivamente determinados, que os praticantes da ciéncia inventam Figura 2 ~ Paradigmas, metaforas e as escolas de analise organizacional relacionadas SOCIOLOGIA DA MUDANGA RADICAL Paradigm humenistaredcal Feracigmaestuturalistaecical | tumento de dominagéo Pristopsiuica aA Psu | ato Fraamentagdo Teoria antioganizagdo Teoria organizacional atical ~catastte SUBJETIVO OBIETIVO Paradigm interpreta Paracigma funcionaista Behaviorsmo, | - Maquina Pluralism determinism Hemenéutica, fe empirisme tnometodologia einteracionismo abstrato organism |» simbsic fenomenolégico Esra 4 Realzagio de referencia Teoria dos “5_| Ecologia ¢ producao da acdo. \\ sistemas sociaiss | ~ populacional de sentido AN » Sistema SOCIOLOGIA cibernétio DAREGULAGAD! un Sistema frouramente acoplado ogesde Toto Teatro linguagem hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 Sistema politico ana (5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES seguem. A situacdo do conhecimento cientifico é vista portanto, como tao problemética quanto 0 conhecimen- to cotidiano do senso comum. © paradigma humanista radical, como o paradigma interpretativista, enfatiza como a realidade é social- mente construida e sustentada, mas vincula sua andi se ao interesse no que pode ser descrito como patolo- gia da couscincia, por meio da qual os seres huma- nos se tornam aprisionados nos limites de realidade que eles mesmos criam e sustentam, Essa perspectiva € baseada na visto de que 0 processo de criagao da realidade pode ser influenciado por processos fisicos sociais que canalizam, restringem e controlam a mente dos seres humanos de maneira a aliené-los em relagio as potcacialidades inerentes & sua verdadeiza natureza de seres humanos. critica humanista radi- cal contemporanea enfoca os aspectos alienadores de virios modos de pensamento e agdo que caracterizam a vida nas sociedades industriais. O capitalismo, por exemplo, ¢ visto como essencialmente totalitério, a idgia de acumulagao de capital moldando a natureza do trabalho, da tecnologia, da racionalidade. da l6zi- ca, da ciéncia, dos papéis, da linguagem e mistifican- do conceitos ideolégicos como escassez, diversio.e as- sim por diante. Os conceitos que o teérico funciona lista pode considerar como os blocos de construgio da ordem social ¢ da liberdade humana séo, para 0 humanista radical, modos de dominagio ideolégica © humanista radical esté preocupado em descobrir como as pessoas podem ligar pensameato ¢ aeto (pré- xis) como tm meio de transcender sta alienagao. A tealidade definida pelo paradigma estruturalista radical, assim como a do humanista radical, & baseada na visto da sociedade como uma forca potencialmen- te dominante. No entanto, é ligada a uma concepeto materialista do mundo social, definido por estruturas s6lidas, concretas e ontologicamente reais. A realida- de é vista como existindo por sua prépria conta inde- pendentemente do modo como é percebida ¢ reafit- mada pelas pessoas em suas atividades didrias. Essa realidade € vista como caracterizada por tensdes ¢con- tradi¢des intrinsecas entre elementos em oposicao, os quais, inevitavelmente, levam a mudancas radicais no sistema como um todo. O estruturalista radical esti preocupado em entender essas tensdes intrinsecas e 0 modo como os que possuem o poder na sociedade pro- curam se manter nessa posigao por meio de diversos modos de dominacéo. Cada um desses quatro paradigmas define os funde- _mentos de modos opostos de anzlise social e possui im- hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 plicagées radicalmente diferentes para o estudo das ot- ganizagdes. SITUACAO EPISTEMOLOGICA DA METAFORA Os scres humanos constantemente tentam formular con- cepedes acerca do mundo, ¢ como Cassirer (1946, 1955) € outros tém argumentado. fazem isso simbolicamente, tentando tornar o mundo conereto, dando forma a ele Por meio da linguagem, da ciéncia, da arte e dos mitos, por exemplo, 05 seres humanos estruturam 0 seu mun- do de modo que ele tenha significado. Essas tentativas de tornar a realidade objetiva incorporam intengoes sub- Jetivas aos significades que sustentam os construtos sim- bélicos utilizados. O conhecimento e a compreensto do mundo nio so dados aos seres humanos por eventos externos; os seres huumanos tentam tornar 0 mundo ob- Jetivo por meio de processos essencialmente subjetivos, Como enfatizou Cassirer, todos os modes de compreen- sito simbélica possuem essa qualidade. Palavras, nomes, conceitos, idéias, fatos e observagdes nto denotam tanto “coisas” externas quanto concepedes de coisas ativadas zna mente por meio de uma forma seletiva e significativa de perceber o mundo, que pode ser compartilhada com os outros. Nao devem ser vistos como representacdes da realidade que “esté la fora”, mas como ferramentas para captar ¢ lidar com © que se percebe “estar lé fora”, O cientista dessa categoria, como outros na vida cotidiana, se baseiam em construtos simbélicos para fazer relacio- ‘namentos concretos entre o mundo subjetivo ¢ 0 objeti- ‘vo en um processo que capta somente uma pilida e bi ‘ve visdo de ambos. A ciéncia, como outros modos de ati- vvidade simbdlica, € construida com ferramentas episte- molégicas imperfeitas, abrigando 0 que Cassirer (1946) descreven como “a maldicao da mediac2o”e fornecendo que Whitehead (1925) descreven como “funcdes iteis” para lidar com © mundo. ‘Ao se entender 0 aspecto simbstico da construgto da teoria cientifica, € importante atentar para 0 papel da metifora, O processo de concepgio metaférica € um modo basico de simbolismo, central no modo como os seres hnumanos forjam suas experiéncias e seu conheci- mento sobre o mundo em que vivem. A metéfora é fre- qiientemente consicerada ndo mais do que um artificio literario e descritive para embelezamento. Entretanto, fandamentalmente constitui uma forma eriativa que pro- duz seu efeito por meio da interseccio ou sobreposicdo de imagens. A metéfora atua por meio de afirmagdes de que o objeto A & ou se assemelha a B, em que os proces- sine (5103/2028, 1717 PDFs viewor CARETH MOREA 308 de comparagto, substituisao e interagao entre as ima- gens de Ae B atuando como geradores de um novo sig nifieado (Black, 1962). ‘A metifora parece exercer una importante influéncia, no desenvolvimento da linguagem (Muller, 1897); 4 medida que o significado se transfere de uma situacdo a outra, novas palavras ¢ novos significades, criados como significados-raiz, sto metaforicamente utilizados para captar novas aplicagdes. 1350 é bem ilustrado, por exem- plo, na histéria da palavra “organizagio”. © Diciondrio Orford de Inglés indica que anteriormente a 1873 0 ter- smo “organizagao” era utilizado principalmente para des- ctever a agao de organizar ou o estado de estar organiza- do, particularmente em um sentido biolSgico. Em 1816 o termo foi utiizado para organizagdo e coordenacio das partes em um todo sistémico. Por volta de 1873 Herbert Spencer utilizou o termo para se referir a “um corpo, sistema ou sociedade orgonizados”. O estado de estar organizado em um sentido biol6gico foi a base da meté- fora da organizacao e coordenacdo em um sentido geral ¢ da metéfora de um corpo, sistema ou sociedade em um sentido geral. A utilizagao do termo “organizacao” para idustrar uma instituicdo social é bastante moderna e cria tum novo significado por meio de amplisedes metafori- cas de significados antigos. ‘A metdfora também mostra possuir um importante papel no uso da linguagem, no desenvolvimento cognitivo e na maneira geral como os sexes humans for- mam concepedes sobre suas realidades (Burke, 194 1954; Jakobson e Halle, 1956; Ortouy, 1979). Uma con- siderdvel atengao tem se dado ao papel da metéfora no desenvolvimento da ciéncia ¢ do pensamento social (Bergaren, 1962, 1963; Black, 1962; Schdn, 1963; Hesse, 1966), e Brown (1977) fornece nia andlise da influén: cia da metéfora sobre a sociologia ‘© trabalho de pesquisa desses teéricos contribui para uma visto da investigacdo cientifica como wm processo criativo em que os cientstas enxergam o mundo metafo- ricamente por meio da linguagem ¢ dos coneeitos que filtram e estruturam suas percepgdes sobre seus objetos de esiudo, e por meio de metaforas que eles implicita ou explictamente escolhem para desenvolver suas estrutu- ras de referéncia para andlise. Esse artigo esta focado nesta ‘iltima utilizagdo das metiforas com a intengo de mos- trar como as escolas de pensamenta da teoria das organi- zacdes se baseiam em idéias associadas a diferentes me- tiforas para o estudo das organizagées e como a logica das metaforas possui importantes implicagSes para o pro- cesso de construgio de teoria A utlizacdio de metéforas serve para gerar una ima- hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 gem para se estudar 0 objeto. Essa imagem pode forne- cera base para uma pesquisa cientifica fundada nas ten- tativas de descobrir até que ponto as caracteristicas da etafora podem ser encontradas no objeto de investiga- ‘sao. Boa parte da atividade de resolucdo de quebra-cabe- ‘sas dacciéncia normal é desse tipo, com os cientistas ten- tando examinar, operacionalizar ¢ medir implicacdes do insight metafSrico sobre o qual suas pesquisas estio im plicita ou explicitamente baseadas. Tal confinamento de atengéo requer grande quantidade de comprometimento anterior € um tanto irracional com a imagem do objeto de investigacdo, jé que qualquer insight metafSrico for- nnece uma visto parcial e unilateral do fendmeno ao qual Eaplicado. potencial criativo da metafora depende da existén- cia de um grau de diferenca entre os objetos envolvidos no processo metatérico. Por exemplo, um boxeador pode ser deserito como “um tigre no ringue”. Ao escolher 0 termo “tigre”, ressaltamos as impressdes especificas de ‘um animal feroz se movendo agressivamente com poder, orga e velocidade, de forma elegante e furtiva, em dire- ‘sao & sua presa, Por implicagao, « metéfora sugere que o boxeador possni essas qualidades quando luta com seu ponent. A utilizacio dessa metéfora requer que a pele de listras laranja e pretas do tigre, suas quatro pernas, sttas garras, seus dentes caninos e seu rugido ensurdece- dor sejam ignorados em favor de uma énfase nas carac- teristicas que 0 boxcador ¢ o tigre possuem em comum. ‘A metéfora & endo, baseada em uma realidade parcial: ela requer das pessoas que a utilizem uma abstragtio um tanto unilateral em que determinadas caracteristicas se- jam enfatizadas e outras, suprimidas, em uma compara- ‘¢a0 seletiva, A Figura 3 ilustra a significancia crucial das diferengas em uma metifora. Se os dois objetos s4o per- cebidos como completamente distintos, por exemplo 0 boxeador e uma panela (Figura 3a), ou sio vistos como quase idénticos, como por exemplo 0 boxeador e um homem (Figura 3c), 0 processo metaférico produz um imaginério fraco ou sem sentido, A utilizagio mais po- derosa da metéfora surge nas instancias tipificadas pela Figura 3b, na qual as diferengas entre os dois fendmenos sto percebidas como significantes, mas nao como totais. AS metiforas efetivas sto uma forma de expressao criati- ‘va que se baseia na falsidade construtiva como um meio de liberar a imaginacao. ‘A logica das metéforas possui, portanto, importantes, implicages para ateoria das organizagées, sugerindo que nenhuma metafora pode captar a natureza total da vida organizacional. Um pluralismo consciente ¢ amplo emer- ge como meta apropriada, em vez da tentativa de forjar ane (5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES ‘uma sintese sobre conhecimentos basicos limitados. Di- ferentes metéforas podem constituir e captar a natureza da vida organizacional de diferentes maneiras, cada uma gerando tipos de insight poderoses, distintos, mas essen- cialmente parciais. A légica aqui sugere que novas meti- foras podem ser utilizadas para criar novos modos de ver as organizagdes que superam as fraquezas € os pon- tos obscures das metéforas tradicionais, oferecendo abor- dagens suplementares e até mesmo complementares para ‘a anélise organizecional. Reconhiecer que a teoria das organizagdes ¢ metatori- ca € reconhever que ela ¢ um empreendimento essencial- mente subjetivo e preocupado com a producao de andl ses unilaterais da vida organizacional. Isso tem conseatten- cias importantes, pois encoraja a prudéncia © um espiri- to de investigacio critica, contra umn excessivo compro- metimento com pontos de vistas favorecidos. Asaborda- gens tradicionais da anilise organizacional sto freqtlen- temente baseadas em conceitos e métodos bem testados © cousiderados axiomiticos, ja que 0 que importa € a compreensao da organizacao. Nessas situagdes, perde.se de vista a narureza metaforica da imagem que gerow es- ses coneeitos, e o processo de anslise organizacional se torna excessivamente concreto quando os teéricos e pes- quisadores tratam os conceitos como descricdes da reali- dade. Retornando a ilustragdo anterior, o boxeador é tra- taco como um tigre, ¢ freqiientemente é nas caracteristi- cas do tigre que recai o foco da teoria ¢ da pesquisa, em detrimento da exclusto de todo o resto. Tal perspectiva resulta em um fechamento prematuzo tanto do pensa- mento quanto da investigagio, Escolas de tebricos eom- prometidas com abordazens e conceitas espeeificos fre- dentemente enxergam as perspectivas alternativas como sendo mal orientadas ou como se representassem amea 25 & narureza de seu empreendimento basico. As abor- dagens, as técnicas, os conceitos e as descobertas que essas perspectivas alternativas geram sio freqtientemen- te interpretadas e avaliadas de maneira inapropriada, Figura 3 - 0 papel da ciferenga na metéfore perdendo-se parte importante de seu significado. © que amuitas vezes vem a seguir sto mal-entendidos. hastili dades ou uma planejada indiferenca, dificultando on impossibilitande debates abertos e construtivos. Ter cons- cigncia da natureza metafdrica da teoria pode ajudar a romper a compartimentalizacio falsa restritiva da in- vestigasioe da compreensio que caracteriza ateoria das organizagdes nos tempos modernos. Para se entender qualquer fendmeno organizacional devem-se utilizar ritas idéias metaforieas diferentes. O status metaforico da teorizagao cientifica também tem implicagdes importantes no modo de conduzir a ‘pesquisa, encorajando a ampliagao da perspectiva ea fle- xibilidade da abordagem. Ao quebrar a rigia divisto entre © ue constitui a arte ¢ a ciéacia, uma conscientizacdo da condigto epistemol6gica das metiforas sensibiliza os cientistas para a idéia de que as dsciplinas nto cientifi- as eontém idéias, abordagens e métodos de investign- io relevantes que podem contibuir para a andlise oraa- nizacional (Brown, 1977). A conscientizacto de que em swas pesquisas os cientistas geralmente tentam operacio- nalizar metéforas influencia sensatamente 0 comprome- timento com a pesquisa empirica e a resolucao de que- bra-cabecas como um fim em si mesmo. Isso enfatiza a necessidade de se compreender bem a ligacdo entre 1e0- rie método, eas diversas abordagens metodologicas para se investigar pontos de vistas metafricos diferentes (Morgan ¢ Smiscich, 1980). AS METAFORAS NA TEORIA DAS ORGANIZACOES Na teoria das organizagdes, a visto ortodoxa se baseia predominantemente nas metaforas da maquina e do or- ganismo. A metéfora da maquina segue 0s te6ricos da Administracao classiea (Taylor, 1911; Fayol, 1949) e a especificagdo de Weber da burocracia como tipo ideal (Weber, 1946). Embora as concepedes que fundamen- OO Ch OQ hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 m8 (5103/2028, 1717 PDFs viewor CARETH MOREA tam o trabalho de te6ricos tao diferentes pretendam ser- vir a diferentes fins, isto é, 4 melhoria da eficigncia na teoria cléssica da Administracdo e a nossa compreensto da sociedade na teoria de Weber, as duas linhas de pen- samento se fundiram para fornecer as bases da teoria organizacional moderna. O imaginétio mecanico é mui- to claro. As méquinas sto racionalmente concebidas para trabalhar perseguindo fins especificos: a metéfora da mquina aa teoria das organizagdes expressa esses fins como metas, €a relagio meios-fins como racionalidade intencional. De fato, 03 modelos da organizacdo como méquina muitas vezes tem sido desctitos na literatura da teoria das organizagdes como “modelos de racionalida- de” (Gouldner, 1959; Thompson, 1967) e “modelos de metas” (Georgiou, 1973; Etzioni, 1960). Os detalles des- ses modelos de méquinas sto tirados de conceitos mecé- nicos. Por exemplo, dao crucial importancia aos concei- tos de estrutura e tecnologia na definig&o das caracteris- ticas organizacionais, As méquinas sto entidades tecno- lgicas cujos elementos constituintes se relacionam em forma de estratura. Na teoria organizacional classica ¢ bburocrética, dé-se maior enfase a anilise e ao design da estrutura formal da organizacio e sa tecnologia. De fato, essas teorias constituem essencialmente um esque- ma para tal design; elas procuram desenhar as organiza- ges como se fossem maquinas, e os seres humanos que trabalham nessas estruturas mecénicas sio avaliados por suas habilidades instrumentais. A concepgio de Taylor de homem econdmico eo conceito de Weber do bur0- crata despersonalizado ampliam os prineipios da meti- fora da méquina para definir uma visto da natureza numana mais de acordo com a méquina organizacio- nal. De fato, como sugere Weber, 0 modo burveratico de organizacao desenvolve mais perfeitamente esse modo de organizagto —a maquina organizacional — so- bbre a natureza das atividades da vida. Flimina dos ne- écios oficiais 0 amor, 0 édio e todos 0s elementos pu- ramente emocionais, irracionais e pessoais (Weber, 1946, p. 216). Além do mais, o funcionamento de toda empresa burocratica ¢ julgado em termos de eficiéncia, outro couceito derivado da concepgio mecanica das organizagdes como instrumento para o alcance de fins predeterminados. ‘Aooutra grande metafora na teoria das organizagdes & a.do organismo. © termo “organismo” é utilizado para referir qualquer sistema de partes mutuamente interli- gadas e dependentes, constituidas para compartilhar uma vida comum, ¢ focaliza sua aten¢do na natureza das ati- vidades da vida. Um organismo ¢ tipicamente visto como uma combinacio de elementos, diferenciados mas inte- hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 grados, que procuram sobreviver no contexto de um ambiente mais amplo (Spencer, 1873, 1876— 1896). S30 fortes e claras as ligacdes entre a metafora do organismo boa parte da teoria das organizagdes contemporiinea A principal énfase da abordagem dos sistemas abertos, por exemple, ¢ 0 estreito relacionamento interativo entre a organizagio ¢ o ambiente, ¢ 0 fato de que a vida ou so- brevivencia da organizacio depende de um relacionamen- to apropriado. Também se enfatiza a ideia de que a orga- nizagdo tem necessidades ow fungdes imperativas que devem ser satisfeitas para que ela alcance esse tipo de relacionamento com o ambiente, Os estudos de Hawthorne (Roethlisberger e Dickson, 1939), as teorias estruturais funcionalistas de Selznick (1948) e Parsons (1951, 1956), a abordagem dos sistemas sociotécaicos (Crist e Bemforth, 1951), a abordagem dos sistemas ge- sais (Katz e Kalin, 1966) e boa parte da teoria moderna da contingéncia (Burns ¢ Stalker, 1961; Lawrence € Lorsch, 1967) so baseados no desenvolvimento da me- téfora do organismo. Enquanto na metéfora da maquina 0 coneeito de organizacao é o de uma estrutura um tanto estitica e fechada, na metéfora do organismo 0 conceito de organizacio & 0 de uma entidade viva, em constante ‘mutacdo, interagindo com seu ambiente na tentativa de satisfazer suas necessidades. O relacionamento entre or- ganizagio e ambiente enfatiza que determinados tipos dde organizagao possuem mais aptido para sobreviver em determinados ambientes do que outros. 0 foco nas ne- cessidades ¢ fungdes imperativas permitiu que os teéri- cos identificassem atividades essenciais para a sustenta- Gio da vida. O imperativo de satisfazer as necessidades psicoldgicas dos membros da organizacao (Trist © Bamforth, 1951; Areyris, 1952, 1957), ¢ de adotarestilos apropriados de gerenciamento (MoGregor, 1960: Likert. 1967) e de tecnologia (Woodward, 1965). modos de di {ferenciagao. integracao e resolugio de conflitos (Lawrence € Lorsch, 1967). e modos de escolha estratégica e con- tole (Child, 1972; Miles e Snow, 1978), foram todos in- corporados teoria de contingéncia contemporéinea, que em essencia leva as implicagdes da metéfora do organis- mo as suas conclusdes ligicas. Dessa perspectiva, as or ganizagdes sto vistas nto somente em termos de redes de relacionamentos que caracterizam a estrutura interna dos organismos, mas também em termos dos relaciona- mentos que existem entre a organizacéo (organismo) & seu ambiente. ‘A distingao entre maquina e organismo tem sido a base para um continuum das formas organizacionais (Burns © Stalker, 1961) ¢ tem influenciado diversas tentativas de medir caracteristicas organizacionais. Desde o final dos ane (5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES anos 1970, por exemplo, as pesquisas sobre organiza- ees tém sido dominadas pelas tentativas de conduzir estudos empiricos detalhados de varios aspectos da abor- dagem contingencial, como indicam os volumes da Administrative Science Quarterly (ASQ) nos iiltimos 10 anos. Apesar de esses estudos terem gerado numerosas idéias, que informam nossa compreensio das organiza- odes como miquinas ou organismos, é importante notar ue 0 tipo de idéia gerada é limitado pelas metéforas em ue se baseiam, Recentemente os tebricos das organiza- es reconheceram isso e perceberam que ver as organi- zagGes com base em novas metéforas torna possivel entendé-las de novas maneiras. Ver as organizagdes siste- maticamente como sistemas cibernéticos, sistemas frou- xamente acoplades, sistemas ecoldgicos,tcatros, culturas, sistemas politicos, jogos de linguagem. textos, realizacdes, sepresentagdes, prisdes psiquicas, instrumentos de domi- nagdo, sistemas em fragmentagao e catéstrofes traz novas dimens6es, ricas ¢ criativas, a teoria das organizagdes ‘A metafora cibernética encoraja 03 tedricos a ver as, corganizagdes como padres de informagao e mostra que osestados de equilibrio homeostatico podem ser susten- tados por processos de aprendizagem baseados em feedback negativo. Alguns teéricos estudam as implica- ‘es dessa metéfora para as organizagdes e a Adminis- tragio (Buckley, 1967; Hage, 1974; Argyris e Schon, 1978), ea cibernética esti sendo amplamente utilizada para melhorar sistemas de controle organizacional (Lawler e Rhode, 1976). A metéfora de um sistema frou- xamente acoplado, introduzida na teoria das organize- ses por Weick (1974, 1976), procura especificamente contrapor as suposigdes implicitas nas metéforas da mé- uina e do organismo de que as organizagdes sé siste- mas ajustados. eficientes e bem coordenados. A metafo ra da ecologia populacional (Hannan ¢ Freeman, 1977) revela que é importante focalizar a competicio ea sele- fo em populacdes de organizagdes, em vez da adapta- 40 organizacio-ambiente, A metéfora do teatro demons- tra que os membros das organizagdes sto essencialmen- te atores hrumanos, engajando-se em diversos papéis & outras performances oficiais © nao oficiais (Goffman, 1959, 1961). A metéfora da cultura chama a atencdo para 695 aspectos simbélicos da vida organizacional e revela de que modo a lingnagem, os rituais, histérias e mitos incorporam redes de significados subjetivos cruciais para se compreender como as realidades organizacionais sto criadas e mantidas (Turner, 1971; Pondy e Mitroff, 1979) ‘A metafora do sistema politico enfoca os confltos de in- teresse ¢ 0 papel do poder nas organizagdes (Crozier, 1964; Pettigrew: 1973; Pleffer e Salancik, 1978). hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 Essas metéforas criam meios de ver as organizacdes, € sen fancionamento que escapam as metéforas da mé- quina e do organismo. No entanto, todas elas podem ser utilizadas de maneira funcionalista, gerando modos de teorizagao baseados na suposicao de que a realidade da vida organizacional se ampara em uma rede de rela- cionamentos ontologicamente reais, razoavelmente or- denados coesos, Em resultado, elas podem simples- mente desenvolver diferentes abordagens do estudo de ‘um paradigma comum. A metéfora cibernética, a do sis- tema frouxamente acoplado ¢ a da evologia populacio- nal possuem raizes nas cigncias naturais, © todas, de uma maneira ou de outra, enfatizam a idéia de que as organizagoes podem ser vistas como sistemas adaptativos. Feedback negative, acoplamento frouxo © seleeto natural sto os 18s tipos diferentes de mecanis- mos de adaptacio destacados por essas metiforas. As metiforas do teatro, da cultura e do sistema politico introduzem uma dimensto explicitamente social no estudo das organizagdes e dio atencao especial ao modo como os seres humanos tentam moldar as atividades organizacionais. Na medida em que as atividades dramatirgicas, culturais e politicas aqui envoividas s80 vistas como ocorrendo em um cenério contextualmente definido, e assim ontologicamente real e como ums for- ma de atividade adaptativa, essas metaforas também desenvolvem uma abordagem funcionalista ao estudo das organizacdes. Elas procuram captar ¢ articular as- pectos de uma visto fundamental da realidade, mas de Angulos e maneiras diferentes. ‘As metiforas interpretativistas questionam os funda mentos sobre 0s quais @ teoria funcionalista é construi- da, focando 0s modos como as realidades orzanizacio- nais sto criadas e sustentadas. A metafora do jogo de linguagem (Wittgenstein, 1968), por exemplo, nega 0 status ontologico concreto das organizacées e apresenta 2 atividade organizacional como um pouco mais do que um jogo de palavras, pensamentos e acées. Ela indica ue as realidades organizacionais surgem como estrutu- ras simbélicas governadas por regras a medida que os individuos se engajam em seu mundo pela utilizagao de cédigos e praticas especiticos para dar formas significa- tivas as situagdes. As realidades organizacionais, desse ponto de vista, continuam usando diferentes tipos de lin- uagens verbais e no verbais. A linguagem nao é sim- plesmente comunicacional e descritiva: € ontolézica Assim, ser administrador em uma organizacio requer um ‘modo particular de ser no mundo, definido pelo jogo de linguagem que o individuo deve jogar para ser seconhe- cido como administrador ¢ para atuar como tal. Os con- ane (5103/2028, 1717 PDFs viewor CARETH MOREA ceitos organizacionais que dao forma as nogdes de ra- cionalidade, estrutura buroerética, delezacdo e contro- le sto conceitos gerenciais (Bittner, 1965) que rotulam e concebem um mundo em que os administradores po- dem atuar como administradores. De modo semelhan- te, o conceito ea linguagem detalhada de lideranga cri- amc definem a natureza da lideranga como um proces- so continuo (Pondy, 1978). Vistas em termos da meti- fora do jogo de linguagem, as organizagdes sto eriadas esustentadas como padrdes de atividade social pelo uso da lingvagem. Constituem nao mais do que uma fornia especifica de discurso. ‘A metifora do texto (Ricoeur, 1971) sugere que ote ico das organizacoes deveria ver a atividade organiza- cional como um documento simbélico ¢ empregar mé- todos de anilises hermenéuticos como meio de decitrar sila natureza e seu significado, Os textos dio forma a tipos especificos de jogos de linguagem, explicam temas © usam expresses metaféricas para transmitir padrdes de significado importantes. Uma vez elaborado, 0 texto é sujito a imerpretagao e a tradugdo de outros individuos, que podem revesti-lo com outros significados e wma im- portancia nao pretendidos pelo autor. Todas essas qua- lidades sao evidentes no dia-a-dia da vida organizacio- nal, onde todos sio tanto autores quanto leitores, embo- ra alguns de maneira mais significativa do que outros. te6rico das organizagdes que adota a metéfora do texto est preocupado cm entender como as atividades orga- nizacionais sto elaboradas, lides ¢ traduzidas, e 0 modo dea estrutura do discurso explorar determinados temas- chave e desenvolvertipos especificos de imagens. A me- tifora pode ser utilizada para a andlise de documentos da organizacdo (Huff, 1979) ¢ de conversas e agdes orze- nizacionais (Manning, 1979). ‘As metiforas da realizagao (Garfinkel, 1967) e da pro- ducao de sentido por meio de representagdes mentais (Weick, 1977) constituem duas outras abordagens re- presentativas do estudo das organizagdes. A etnometodologia de Garfinkel revela como 0s seres h ‘manos realizam e sustentam sittagdes sociais inteligi- veis para si mesmos € para os outros. A metéfora da prodiucao de sentidos de Weick desenvolve idéias rela cionadas, enfatizando que as tealidades sao representa- das pelos individuos por racionalizagdes a posteriori dos eventos ocorridos. Vistas em termos dessas metaforas as realidades organizacionais sAo entendidas como cons- trugdes sociais continuas, surgindo de realizagdes ha- bilidosas pelas quais os membros organizacionais se impdem aos scus mundos para criar estruturas signifi- cativas e sensiveis. Como outras metéforas interpreta- hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 tivistas, revelam que as rotinas, aspectos da vida orga- nizacional tido como certos, so muito menos conere- tas e reais do que parecem. Quando as organizagdes sto abordadas da perspecti- vva do paradigma humanista radical, todos os conceitos € moos de acao simbélica que sustentam a vida orga- nizacional sio inspecionades por suas propriedades alienadoras, A metéfora guia é a da pristo psiquica, uma imagem que mostra como os seres humanos sto leva- dos a vivenciar as realidades organizacionais experimen- tadas como algo aprisionador e dominiador. Essa meté- fora € evidente em diversas correntes do pensamento social. Na teoria critica que deriva do trabalho de Marx (1844) e de Lukées (1971), enfatiza-se 0 proceso de reificacdo, pelo qual os individuos véem © mundo de modo excessivamente conereto, pereebendo-0 como algo objetivo, real ¢ independente de sua vontade de sttas agdes. O trabalho da chamada escola de Frankfurt (Marcuse, 1955, 1964; Habermas, 1970, 1972), enfati- 2a prineipalmente de que modo a dominacao ideolsgi- ca pode ser manipulada por quem esta no poder em busca de seus préprios fins. Os membros das organiza- ‘s0es sio efetivamente vistos como prisioneiros de um modo de consciéncia moldado e controlado por pro- ‘cess0s ideolégicos. Muitos processos especificos da vida organizacional tam sido examinados desse ponto de vis- ta, Marcuse (1964) abordou os aspectos alicnadores da sacionalidade instrumental; Clegg (1975), a linguagem da vida organizacioual; Dickson (1974), @ veneracdo & tecnologia: ¢ Anthony (197). a ideologia do trabalho. A vida no traballio, quando vista da perspectiva da te0- ria critica, constitu’ um modo de vida alienador em que 0s individuos sio moldados, controlados e geralmente submetidos as necessidades artificialmente criadas ¢ reificadas da organizacto moderna, Os trabalhos de Freud (1922), Jung (1953-1965) e outros tedricos psi- canaliticos também articulam perspectivas consisten- tes com a metafora da prisio psiquica, isto &, os indivi- duos sto vistos como prisioneiros de processos incons- cientes. As organizagdes sao vistas, da perspectiva freu- diana, como que baseadas na exteriorizacto de tendén- cias repressivas que operam na psique humana (Marcuse, 1955), da perspectiva junguiana, como a manifestacao de algum tipo de arquétipo que expressa as relacdes entre os mundos subjetivo e objetivo. A metéfora da prisio psiquica estabelece a base para uma “teoria antiorganizacio” (Burrell e Morgan, 1979), que de diversas manciras desafia as premissas da teoria or- ganizacional funcionalista. © paradiama estruturalista radical gera uma teoria sone (5103/2028, 1717 PDFs viewor “PARADIGMS, METAFORAS €RESOLUGAO DE GUESRA-CABEGAS NATEORIA DAS ORGANIZAGOES organizacional radical baseada em metiforas como a dos instrumentos de dominacio, dos sistemas em fragmen- tacio e da catistrofe. A anélise clissica de Weber da bu- rocracia como uum modo de dominacio (Weber, 1946). a analise de Michels da “Iei de ferro da oligarquia” (Michels, 1949) c as andlises marxistas das organizagdes (Baran © Sweezy, 1966; Braverman, 1974; Benson, 1977), por exemplo, sto todas imbuidas da imagem das organiza- ebes como poderosos instrumentos de dominacto a se- rem compreendidos como uma parte absoluta de um pro- cess0 de dominagao mais amplo na sociedade como um todo, Apesar de essas andlises freqilentemente utiliza rem idéias que derivam da metéfora da maquina, as or- ganizagdes como méquinas sto estudadas devido a suas caracteristicas opressivas Isso éclaramente evidente, por exemplo, no trabalho de Weber, o qual. excluindo sua dimensto radical, ¢ a base para a teoria funcionalista baseada na metéfora da miquina, Os teéricos que utili Zaram as idéias de Weber de win ponto de vista funciona- lista ignoram completamente que ele considerava a bu- rocracia uma “gaiola de ferro”. A metéfora de instrument de dominacao dedica muita atencao aesse aspecto negli- genciado da organizacio e encoraja uma anélise dos meios pelos quais os modas de dominacdo operam e se susten- tam, Essa metifora permite compreender como a estru- tura de poder das organizagdes esta ligada 2 estruturas de poder do mundo da economia politica, e como as di- vis6es da sociedade entre classes, grupos étnicos, omens e mulheres sto evidentes no local de trabalho. As iddias sgeradas pela metifora da pristo psiquica sto freqdente- mente wiilizadas, no eontexto da teoria estruturalistara- dical, como um meio de articular @ natureza da domina- io ideolégica enquanto paste de um esquema de domi- nagao socioecondmico mais amplo. Os que coutrolam as corganizagées sto vistos como pessoas que utilizam meios ideoldgicos, politicos e econémicos para dominar seus membros (Friedman, 1977), e dominar 0 contexto mais amplo em que operam. O estudo do papel das multina- cionais no mundo da politica econd mica (Barnet e Muller, 1974) € do papel do estado moderno (Holloway © Picciotto, 1978) tem constituido um grande foco de in- teresse ‘A metéfora dos sistemas em fragmentacio (Morgan, 1981) mostra que as organizagSes t8m tendéncia as ia mentar e a se desintegrar em resultado de forcas e ten- s8es geradas internamente. Ela se opde especificamente 4 premissa funcionalista de que as organizacées so enti- dades unificadas procurando se adaptar ¢ sobreviver, ¢ focaliza os processos por meio dos quais as organizacdes se fragmentam em resultado de um imperative genético hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 (Bateson, 1936) ¢ do desenvolvimento de padroes de autonomia funcional (Gouldner, 1959). ‘A metifora da “catéstrofe” é utilizada na teoria mar- xista para analisar as contradig8es internas do mundo a politica econdmica (Bukharin, 1915, 1925) que es- tabeleceu as bases para formas revolucionarias de mu- danga. Uma versio ligeiramente diferente ¢ desenvolvi- da na “teoria da catéstrofe” de René Thom (1975). Ambas as verses possuem relevanein para 0 estudo do papel das organizagdes na economia mundial contem- porainea, nos processos de trabalho © nas relagdes tra- balhistas. Embora essa metafora tenha sido utilizada, de diversas maneiras, como base para modelos detalhia- dos de resolueao de quebra-cabegas em uma perspecti- va funcionalista, aio foi utilizada sistematicamente para desenvolver uma abrangente anilise estruturalista ra- dical das organizagdes. CONCLUSOES A ortodoxia na teoria das organizagdes desenvolveu-se com base em metiforas que refletem os pressupostos do paradigma funcionalista. Esses pressupostos raramente siio explicitados e freqtientemente nio sto valorizados, com a conseqiiéncia de que a teorizagdo se desenvolve sobre fandamentos nao questionados. Os pressupostos dos paradigmas interpretativistas, humanista radical ees- truturalista radical desafiam os pressupostos do paradig- ma funcionalista de maneira fundamental. Elas geram uma série de metaforas para a andlise organizacional que resultam em perspectivas que freqtlentemente contradi- zem os cénones da teoria ortodoxa. Por exemplo, en- quanto a teoria funcionalista enfatiza que a organizacdo seus membros podem orientar suas agdes € comporta- :mentos para o alcance de estados futuros, a teoria inter- pretativista enfatiza que as acdes sao orientadas tanto a dar sentido ao pasado quanto ao futuro. Enquanto a te- oria funcionalista vé a organizagio e seus membros interagindo se comportando em algum tipo de contex- to ou ambiente, a teoria interpretativista questiona 0 €s- tado e a existencia desses fatores contextuais, exceto as construgdes sociais compartilhadas pelos individuos, A teoria funcionalista é construida sobre premissas que a teoria interpretativista considera fundamentalmente mal concebitas. Os paradigmas humanista radical e estruturalista ra- dlical oferecem um tipo de desafio semelhante, que foca- liza a atengdo cm aspectes politicos ¢ exploradores da vida organizacional, Da perspectiva desses paradigmas, we (5103/2028, 1717 PDFs viewor CARETH MOREA tanto a teoria funcionalista quanto a interpretativista fa- Iham em compreender que a ordem aparente da vida so- cial nao é tanto resultado de um processo de adaptacdo ou de um ato livre de construgao social, mas de um pro- cesso de dominagio social. Desse ponto de vista, as or- ganizagdes exploram e reprimem, e corporificam uma legica que estabelece uma base para suas eventuais des- construgdes. A ordem que a teoria interpretativista pro- cura entender ¢ que a teoria funcionalista procura inten- sifiear €, das perspectivas humanista radical e estrutura- lista radical, uma ordem superticial que mascara as co tradigdes fandauneutais. O desafio da teoria organizacio- nal a partir desses paradigmas é penetrar sob a aparéncia superficial do mundo empirico e revelar a profunda estru- tura de forcas responsével pela natureza, pela existéncia © pelas continuas transformacdes das onganizacdes na situ- agdo mundial. Das perspectivas humanista radical ¢ es- truturalista radical, a teoria organizacional ndo pode ofe- recer ula compreensto adequiada da natureza das organi- zagdes focalizando exclusivamente as organizagdes € 05 comportamentos organizacionais, Esses paradigmas indi- cam que 0 estudo de tais fenomenos esté relacionado 20 modo de organizacio social mais amplo para © qual eles fornecem formas e conteiidos empiricos detalhados. © desafio apresentado a teoria organizacional orte- doxa por esses diferentes paradigmas é repensar a na- tureza do objeto a0 qual ela se dirige. Diferentes para- digmas contém visdes de mundo que favorecem deter- minadas metéforas que constituem a natureza das or- ganizagdes de maneiras fundamentalmente diferentes, € exigem que se repense completamente a respeito do que a teoria organizacional deve tratar. O desafio se re- laciona aos fundameatos em que a teorizagao se baseia, © 56 pode ser resolvido considerando-se a adequac2o dos fundamentos rivais como base para a anélise orga- nizacional NOTA * A mportinia dzeseponto nam sempre fi analisada@cefamnte no recebeu a importinca que merece. A nogge d= Kuhn de que aicia se bisa om pardiomas perouindmeros debates (Lakatos e Musgrave, 1970, Suppe, 1974, so Ievou Kun a modifier sua posto em relagto ade ‘erminados pontos (Rohn, 1970, 1974, 1977, 1979), ainda que manter- «do aida bison que sustentao conceit de paradioma as comunidades csentificas esto igadas por ivesosvineulos © compromssos. Ete at- 0, dando protteptumenta a urel = Morean (1978) bares asain Dpnnoipl a premata ds que o mas fancamentl doses vinesoe ees a8 ‘aslo de mundo compara pelos cents, queasegura suas abord ent da iaveisacto sation hitps:biblotecadigtal fovbvojsindex phplraeiatice/view/37 103161505 ‘Gostria de agradacer a Richard Browa, Peter Fro, Water Nord eLinds | ‘Smurcich pelos pretiososcomentrios ao rascunho deste ati. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANTHONY, PD, Meio ork: London isc, 1977 ARGHRIS, The InpactofBudets Upon Pople. New York: Contolership Foundation, 195 ARGRIS, ©. Persian Orgntsanion New York: Harper, 1957, ARGIRIS, €: SCHON, DA. OrptzarinalLaaming 4 Thor of ton Perpecine Reading, MA: Addison-Wesley, 1978 [BARAN,P; SWEEZY, PM. Monpoly Capt New York: Monthly Review Pres, 1956 BARNET RJ; MULLER BE. lbbl awh: The Power ofthe Multinational Corporation. NewYork Sanon and Seburter, 1974 BATESON, @. Navn, Cambridge, UK: Cambridge Univer Prot, 1936. 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Interesses de pesquisa nas areas de teoria das organizacoes, mudanca organizacional, ‘novacao e criatividade nas organizagoes, aprendizagem nas organizacoes, E-mail: morgan@imaginiz.com Enderego; Schutich School of Business ~ York University ~ 4700 Keele Street, Toronto ~ Ontario ~ Canada, M3J 1P3. hitps:eiblotecadigitalfovbvojsindex phplraeiatce/view/37 10361505 HO. MUA 2008 + RAE =

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