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Lipideos 10.1. Lipieos de armazenamento 357 10.2. Lipideos estruturaisemmembranas 362 10.3. Lipeos coma snalizadores,cofatores epigmentos 370 10.4 Trabathando comlipideos 377 micamente diversos, cuja caracteristica em comum que os define é a insolubilidade em Agua. As fumgoes biol6gicas dos lipideos sao tao diversas quanto a sua qui a. Gorduras e dleos sao as principais formas de armazena- mento de energia em muitos organismos. Os fosfolipideos € 08 esterdis sdo os principais elementos estruturais das membranas biolégicas. Outros lipideos, embora presentes em quantidades relativamente pequenas, desempenham. papéis eruciais como colatores enzimsticos, transportado- res de elétrons, pigmentos fotossensiveis, ancoras hidrof6- bicas para proteinas, chaperonas para auxiliar no enovela mento de proteinas de membrana, agentes emulsificantes no trato digestivo, horménios ¢ mensageiros intracelulares. Este capitulo apresenta os lipideos mais representative de cada um dos tipos de lipideos, organizadas de acorda com, suas fungdes, com énfase na estrutura quimica e nas pro- priedades fisicas, Embora a discussio siga uma organiza {¢40 funcional, os milhares de lipfdeos diferentes também podem ser organizados em oito categorias gerais de acordo ‘com sua estrutura quimica (ver Tabela 10-3). A geragao de cenergia pela oxidagao de liptdeos seré abordada no Capitu- lo 17e sua sintese no Capitulo 21 0: Lupfdeos bioldgicos sa0 um grupo de compostos qui- 10.1 Lipideos de armazenamento As gorduras ¢ 0s éleos utilizados de modo quase univer: sal como formas de armazenamento de encrdia nos orga- nismos vivos #80 derivados de deidos graxos. Os Acidos sraxos sio derivado dle hidrocarbonetos, com estado de oxidagao quase t20 baixo (ou seja, altamente reduzido) quanto os hidrocarbonetos nos combustiveis f6sseis. A oxidagio celular de fcidos graxos (a CO, e H,0), assim coma a combustéo controlada e rapida de combustiveis {6sseis em motores de combustao interna, 6 altamente exergonica, Neste capitulo sio apresentadas as estruturas ¢ a no- menclatura dos dciddas graxos mais encontrados em orga- nismos vivos. Dois tipos de compostos que contém acids srax0s, os triacilglicerdis e as ceras, sio deseritos para ilus- tara diversidade de estrutura e propriedades fisicas dessa famalia de compostos. 0s acidos graxos sdo derivados de hidrocarbonetos 0s dcidos graxos so Acidos carboxilicos com cadeias hidro- carbonadas de comprimento variando de 4 a 86 carbonos (C,aC,). Em alguns icidos graxos, essa cadeia ¢ totalmen- te Saturada (nao contém ligagées duplas) e nao ramificada; em outros, a cadeia contém uma ou mais ligagdes duplas (Tabela 10-1). Alguns poucos contém anéis de tr?s carbo- nos, grupos hidroxila ou ramificagdes de grupas motila. CONVENCAO-CHAVE: Uma nomenclatura simplificada para dei dos graxos nao ramificados especifica o comprimento da cadeia e 0 nimero de ligacdes duplas, separados por dois. pontos (Figura 10-1a); por exemplo, 0 cido palmitico, saturado e com 16 carbonos, é abreviado 16:0, e o acido fa) 18:14") did cis-9-octadecensico OC pRe ge eye nye ai a sen ee o” OS (b) 20513°*" "7 Sido eicosapentaenoic FPA), lum deo graxo dmegars FIGURA 10-1 Duas convengées para a nomenclatura de Scidos gra- 0s. (a) nomenclourinpoario dessa omer para carbone da ct bel (C-}e2 lee para ocartono lgade a ele. Cacaseormeis linea’ em ‘Eguazague representa uma lgagso simples ene earbonosaccentes A pasieSes de qualquer IgagSes dupes sSe ncicadas pele A, seguca de um mero sobresenta que Iaicaocarbona de mimeo mas babona igacao pla (b) Para Sidos graxospellensatuads, uma corvengao alert va rumera. os ertonos na dre opost,designando nimeto 1 ap.atbona 1 meta no outa exreriéade da cea; ese carbono também & des ‘ado w (mega a dma leva do alfabeto rege) As osiges da bgages ‘ups se neeadas em elgio 0 carbon w, DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Algun ios graxos que ocrrem naturalmente:estutur,propredadesenomendatua Selubidade 30° igi solvent) Eequeeto —Lnsigselent) decarbone ——_Estrtur Nomesistemitia™ __Nemecomam(deivagéo) __—Pantedefuséo(C) Agua Benzene 120 GHL(GH),,COOH —_Avalonedodecanoico Acido lion (@o atm, 2 Opes 2.600 lauuras, arvore de luo") 140 CHCH,),,C00H Keio mtetradecanoico Acido minstico (do latin, 539 oon 874 Myristica, género da no2- -moscada) 160 CHCH,,,COOM Keio n-hexadecanoico Acido paitico (do lati, 631 0.0083 348, palma, “palm 180 CL(CH,), COOH Keio n-octadecanoieo Acido estegrica (do argo, 6968 00034 14 sear, “gordura dura) 200 CHCH,)C00H— Keidoneicosanoico Acido araquidico (do lati, 765 Arachis, g8er0 de let rinoss) 240 CHL(CH,,,COOH Keio ntetracosanoico Acido ignocérico do atim, 88,0, ign, ‘madeira’ + cora) 1618) oucHy).c Acido eis-$-hexadece- Acido palaitoleico das GHT(CH),COON oie 181) cH(CH,c1 Acido cis-Soctadece- Acido oleico (do lati, 134 CH(CHD.CoOH noes lew, “ieo") 1828") CHYCH),CH= Acido cisncis-912- ——_Acidoinoleico Go argo, 16 cuca, cit cctadecsdienaico limon, “inho") onc. 133) Acido etinoténico a cHc#),co0n 204d") cHCoHD CI Acido araquidénico 495 HCH, CH 11, Hoeicosae HCH CH tetraenoice cic, ch cH{CH),coo ‘Tada vSedos esta apresenador emp forma iota, Bn Sopra nea estate "nora" nao Yaufeaa. Por exemple, “decay slnpieemente indica 12 toms de arbno, gale poderam estar dos los emits Zane rau "o-dndecaule” erecta esa atnieada, Prato gros letras cndguragas de Ca ayo dpa os ‘ends em Jide gos bislopees,» cantgurao €quse Sempre cs oleico, com 18 carbonos e uma ligagao dupla, é 18:1. A po- sigdo de qualquer ligacao dupla ¢ especificada em relagao a0 carbono carboxilico, o qual recebe o nrimero 1, pelos nit- meros sobrescritos ao A (delta); um écido graxo com 20, carbonos ¢ uma ligacao dupla entre C-9 e C-10 (sendo C-1 © carbono da carboxila) e outra entre C-12 e C-13 desig- nado 20:2(4™). Mi Os deidos graxos de ocorréncia mais comum apresen- tam um mimero par de stomos de earbono em uma cadeia nao ramificada de 12 a 24 carbonos (Tabela 10-1). Como sera visto no Capftulo 21, o ntimero par de carbonos resul- ta do modo como esses compostos sao sintetizadas, 0 que envolve condensagées stcessivas de unidades de dois car- bonos (acetato) Também hé um padrio comum na localizagéo das li- gages duplas; na maioria dos dcidos graxos monoinsatu- rados, a ligagio dupla corre entre 0-9 ¢ 0-10 (A), ¢ as outras ligagSes duplas dos dcidos graxos poliinsaturados geralmente sio A” e A". (0 dcido araquidénico € uma excegio a essa gencralizacio.) As ligacdes duplas dos feidos graxos polisinsaturados quase nunca si0 conju gadas (alternando ligagaes simples e duplas, como em —CH=CH—CH=CH—}, mas sio separadas por um grupo metilono: —CH=CH—CH,—CH=CH— (Figura 10-1b). Em quase todos os dcidos graxos insaturados que ocorrem naturalmente, as ligagoes duplas encontram-se em confi- gurapao cfs. Acidos graxos trans sdo produzidos pela fer- mentagio no rimen de animais Ieiteitos,¢ sto obtidos dos latieinios e da carne, CONVENCAO-CHAVE: A familia de aeidos graxos poli-insa- turados (AGPT) com uma ligagao dupla entre o terceiro © o quarto carbono a partir da extremidade da cadeia com ‘grupo metila é de importéncia especial na nutrigao humana. ‘Como o papel fisioldgico das acidos graxos poltinsaturados esta relacionado mais & posigao da primeira ligacio dupla prOxima & extremidade da cadeia com o grupo metila em, vez da extremidade contendo a carboxila, uma nomencla- tura alternativa algumas vezes 6 utilizada para esses dcidos graxos. 0 carbono do grupo metila— isto 6, 0 carbono mais, distante do grupo carboxila ~ é chamado de carbono @ & rocebe a ntimero 1 (Figura 10-1b). Nessa convencao, os Act dos graxos poliinsaturadas com uma ligacio dupla entre 6-8e C-4 sao chamados de deidos graxos 6mega-3 (o-3) e aqueles com a ligagao dupla entre C-6 e C-7 sao éeidos graxos Omega-6 (w-6). Bmbora os sezes humanos nto disponharn da capacidae de de sintetizar 0 cido dmega-J-AGPI-a-inolénico (ALA, 18:3 [4°], na convengao padrao), ele é necessario e, portanto, deve ser obtido a partir da deta. A partir do ALA, os seres humanos podem sintetzar dois outros AGP émegs-3 importantes no funcignamento celular: 0 id eicosapentae- nojeo (BPA; 20:5{4°"""""], mostrado na Figura 10-1b) © 0 Acido docosaexaenoico (DHA; 22:6(4°""), Um dese- quitirio entre os AGPI dmega-6e 6mega-Bna dicta esta asso- ado a um risco aumentado de doengas eardiovasculares, A proporgio étima de AGPI émega-6 para émega-3 na dicta est entre 1:1 e 4:1, mas a proporgio nas dietas da maioria ddos norte-americanos esta mais préxima de 10:1 a 80:1. A dicta mediterrinea”, que tem sido associada com a diin- 80 do rsco de doengas cardiacas, é mais rica em AGPI dme- 432-3, obtidos em vegetasfolhosos (salads) e dleos de peixe Esics dleos s40 especialmente ricos em BPA e DHA, e suple- mentos com éleo de peixe sao frequentemente prescritos para individuos cor historico de doenga cardiovascular. Ml ‘As propriedadesfisicas dos écidos graxos, e dos compos- tos que os contém, sto determinadas em grande parte pelo comprimento e pelo grau de insaturagao da cadeia hidrocar- Donada. A eadeia hidrocarbonada apolar 6 responsével pela Daixa solubiidate dos écidos graxos na gua, O cid Iauri- 0 (12:0, M, 200), por exemplo, tem solubilidade em Agua de 0,063 mg/g - muito menor do que a da glicose (M, 180), que é de 1.100 mg/g. Quanto mais longa for a cadeia acila do Acido graxo e quanto menos ligagdes duplas ela tiver, mais baixa ¢ a solubilidade em dgua. O grupo Acido carboxico ¢ polar (e ionizado em pH neutro) e conta para a pequena solubilidade dos écidos graxos le cadeia curta em Agua ‘0s pontos de fasio também sio muito infuenciados pelo ccomprimento ¢ arau de insaturagio da cadeia hidrocarbona- da, A temperatura ambiente (25°C), os dcidos graxos satu- rados de 12:0 a 24:0 tém consisténcia de cera, enquanto os dcidos graxos insaturados de mesmo comprimento sio liqui- dos oleosos, Essa diferenga nos pontos de fusSo deve-se a diferentes graus de erpacotamento das moléculas dos 4ci- dos graxos (Figura 10-2). Nos compostos completamente saturados, a rotagao live em tomo de cada ligagso carbono- ~earbono dé granie flexibildade a cadeia hidrocarbonada; onformagao mais estavel 6a forma completamente ester dia, na qual o impedimento estérico dos stomos vizinhos PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 359) 6 minimizado, Essas moléculas podem agrupar-se de forma compacta em arranjos quase cristalinos, com os tomos a0 longo de todo o seu comprimento em interagdes de van der Waals com os dtomos de moléculas vizinhas. Em deidos gra- xos insaturados, uma ligagao dupla cis forga uma dobra na cadeia hidrocarbonada. Aeidos graxos com uma ou varias dessas dobras nao podem agrupar-se tao firmemente quanto os Acidos graxos totalmente saturadas, e as interagbes en- tte eles sio, portanto, mais fracas, Como & necessario menos energia térmica para desordenar esses arranjos fracamente ordenados dos dcidos graxas insaturados, eles tém pontos de fusio consideravelmente mais baixos que os dcidos graxos saturados de mesmo comprimento de cadeia (Tabela 10-1) Em verlebrados, os dcidos graxos livres (écidos graxos aio esterificados, com um grupo earboxilato ive) circulam. no sangue ligados de modo nao covalente @ uma proteina carreadora, a albumina sérica, No entanto, os dcidos graxos estdo presentes no plasma sanguineo principalmente como derivados do cide carboxtlico, como ésteres ou amidas. Devido a auséncia do grupo carboxilato carregado, esses derivados de cits graxos geralmente sao ainda menos so- Iveis em Agua do que os Acidos graxos livres. (@) Grupo “0, o catboxl Ng cadeia hidrocarbonada (6) Acidos graxos saturados {2} mista de didlos graxos saturadoreinsaturados FIGURA 10-2 0 empacotamento de écidos graxos em agregados lestivels. A extensio do empacotamenta depende do Grau de sa.ta530, {a) Duds represeniasdes do deo extesico completamente saturado, 189, (estenazo em po 7) em sua canformagio normal exendiy (B) A Igagto ‘Supls fom vermis} no sida cleo, 1:18 oleste estingearotaeba fe inreduzuma dabrarigda na caueahidocartonada Tocas as auvas ga (bes nacadeia esto lies para tape (€}Osdidos granos cornpletamente {aturados na forma estendida empscotamse em aranjos quae cstalinos, fetabiizador por mutas interagbes harofabicas(d) A presenea ce um ou frais Sidos graxos com lgagces dup ci fem vermelno) interfere nesse dgrupamento compacta resulta em agregados menos estes 360 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Os triacilglicerdis sao ésteres de dcidos graxos do glicerol Os ipideos mais simples construidos a partir de acidos gra- Xos sio os triacilgliceréis, também chamados de trigli- cerideos, gorduras ou gorduras neutras. Os triacilglicerdis io compostos por trés fcidos graxos, cada um em ligagio éster com uma molécula de glicerol (Figura 10-3). Aque- Jes que contém o mesmo tipo de dcido graxo em todas as tués posigées so chamados de triacileicerdis simples, e sua nomenclatura 6 derivada do dcido graxo que contém, O3 twiaclglicersis simples de 16:0, 18:0 e 18:1, por exerplo, 80 tripalmitina, triestearina c triolein, respectivamente ‘Araiotia dos triacilgicerdis de ocorréncia natural é mista, pois eontém dois ou ts fcidos graxos diferentes, Para dar nome a esses compostos sem gerar ambiguidarle, o nome & a posigdo de cada dcido graxo devem ser especificados. Como as hidroxilas polares do glicerol os carboxila- tos polares dos Acidas graxos esto em ligagdes ster, 08 tmaclglicerdis sio moléculas apolares, hidrofobicas, essen- cialmente insohiveis em Agua. Os lipideos tém densidades especifieas mais baixas do que a dgua,o que explica por que as misturas de leo e gua (p. ex., tempero de salada com azeite e vinagre) tém duas lases: 0 éleo, com densidade es- pecifica mats baixa,flutua sobre a fase aquosa ‘steal, 2inoleil3-palmitel ghieral, ue eacigiceral sto FIGURATC-3 © glicerel eum tiacilgiceral. O:racighcerl mist mos ‘rade agu tem és didos graxos diferentes Iigados 9 cadela co gical ‘Quando glierolapresenta Seitasgranoscfeentes em Ca eC, 06-2 & umcentoquial. 17) Ostriacilglicerdis armazenam energia e proporcionam isolamento térmico Na maioria das células eucariéticas, os triacilglicerSis for- mam uma fase separada de goticulas microscpicas de leo no citosol aquoso, servindo como depésitos de combustivel metabélico. Em vertebrados, os adipécitos (eélulas especia- Iizadas) armazenam grandes quantidades de triacilgicersis. fem gotfculas de gordura que quase preenchem a eétula (Fi- gura 10-4a). Os triacilglicerbis também so armazenados como dleos nas sementes de varios tipos de plantas, for- necendo energia © precursores biossintéticos durante a germinagao da semente (Figura 10-4). Os adip6citos e as sementes em germinacio contém lipases, enzimas que ¢a- talisam a hidrolise dos triacilglicerdis armazenados, liveran- do dcidos graxos para serem transportados para os locais onde sio necessarios como combustivel Existem duas vantagens significativas em se usar tria~ cilglicerdis para 0 armazenamento de combustivel em vez de polissacarideos, como o glicogénio e o amido. Primeito, fs étomos de carbono dos dcidos graxos esto mais reduzi- 6) Sam? FIGURATC-4 Depésites de gordura nas clus, a) Secjio wansversal Ge tele aoiposo stance de humancs Cada céulacontem uma gotcu Ge gorcura branco) 0 grande que asareme 9 nicea (corado em verme Tho} contraa memsranapasmaica (b) Secao transversal de uma célula ce atone de uma semente da santa Abipss AS extras grandes © fscuas $80 corps potecos,que eso fodeatos por gorda de amazeno mento 0s corp0soleosos, de coloragso chr dos do que os dos agacares, ¢ a oxidacdo de um grama de twiacilgliceréis libera mais do que o dobro de energia do que a oxidagao de um grama de carboidratos. Segundo, como (8 tiacilglicerdis #40 hidrof6bicos ¢, portant, nado hidra- tados, o organismo que carrega gordura como combustivel nao precisa carregar o peso extra da gua da hidratagdo que std associada aos polissacarideos armazenados (2 g por grama de polissacarideo). Os seres Inumanos apresentam, tecido adiposo (composto principalmente por adipécitos) sob a pele, na cavidade abdominal e nas glandulas mamé- rias, As pessoas moderadamente obesas, com 15 2.20 kg de ttiacilglicerdis depositados em seus aripscitos, poderiam supnir suas necessidades energéticas por meses ulilizan- do seus depésitos de gordura. Em contrapartida, o corpo humano consegue armazenar na forma de glicogénio me- nos do que a quantidade de energia utilizada em um dia, 0s carboidratos, como a glicose, oferecem certas vantagens como fontes répidas de energia metabdlica, uma das quais é a sua solubilidade imediata em agua. Em alguns animais, os twiacilglicerdis armazenados sob a pele server tanto de es- toques de energia quanto de isolamento contra baixas tern peraturas. Focas, morsas, pinguins e outros animais polares de sangue quente apresentam sua superficie amplamente coberta por triacilglicer6is. Em animais hibernantes, como (os ursos, as enormes reservas de energia acumuladas antes da hibernagao server para dois propésitos: isolamento tér- ico e reserva de energia (ver Quadro 17-1), Ahidrogenacao parcial dos éleos de cozinha produz cidos graxos trans A maioria das gordures naturais, como as dos éleos ‘egetais, dos laticinios e da gordra arma, so mist ras complexas de triacilgliceréis simples e mistos, que con- tem uma variedade de didlos graxos que diferers no com primento da cadeia eno graa de saturasao (Figura 10-5) 0s dloos vegetais, como o Slo de milho e 0 azeite de ova, Gordurasnaturais 925°C Cordura da came bovina, sélido duro Azetede — Manteiga olvayligulde slide mole aides graxos (do FIGURATC-S Composigéo de Sides graxos de trée gordurasalimen: fares. Azeite de olva mantlgae gordura da came bouna consotem em rmituras de ticles, denn ery sua compossa0 de Scio of pontos de fas dessas grdas—e, portant 0 seuestde isco 3 tem peratura arsbente (25°C) ~variam de acardo com sua compasicso de J os gaxos.Oazete de va tem uma ata propor de acids graxosinsa. ‘urados de caceia longa (C,,© C.J © que expla se estado auido 225°, |Amacy proporcao de cis aratos satura de cadela longa (Ce) Ma ‘anteiga aumenta seu ponto ce asso, entdo a mantega #um sido mole 3 temperatura ambiente A goreura da came own, com ama pro porg30 ‘indo maior de Sc dos grax satuados de code feng, €um bho duro PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 361 so compostos em grande parte por triacilglicerdis com aci- dos graxos insaturados e, portanto, sao liquids 4 tempera tura ambiente. Os triacilglicerdis que contém somente dei dos graxos saturados, como a triestearina, 0 componente mais importante da gordura da came bovina, sao sélidos brancos ¢ gordurosos a temperatura arnbiente. Quando alimentos ricos em lipideos sto expostos por muito tempo ao oxig@nio do ar, eles podem estragar & tornarem-se rangosos, 0 gosto ¢ 0 cheiro desagradaveis, associados & rancidez resultam da clivagem oxidativa das. ligagdes duplas em écidos graxos insaturados, que produ, aldeftlos e dcidos carboxflicos de menor comprimento de cadeia e, portanto, de maior volatilidade; esses compostos se dispersam prontamente pelo ar até o seu nariz, Para ati- mentar o prazo de validade de éleos vegetais de cozinha e para aumentar a sua estabilidade as altas temperaturas utilizadas na fritura, os dleos vegetais s4o preparados por hidrogenacdo parcial. Esse processo converte muitas das ligacoes duplas cts dos acidos graxos em ligacdes simples e aumenta o ponto de fusio dos dleos, de forma que eles fi- cam mais préximos do estado sélido a temperatura ambien- te (a margarina 6 produzida assim, a partir de 6leo vegetal). A hidrogenagao parcial tem outro efeito indesejado: algu- mas ligagdes duplas cts sto convertidas em ligagoes duplas trans. Hoje existem fortes evidéncias de que o consumo de cidos graxos trans pela dieta (frequenterwente chamadlos de “gorduras trans”) leva 2 uma maior ineidéncia de doen- as cardiovasculares e que evitar essas gorduras na dicta reduz consideravelmente o risco de doengas cardiacas. Os. Acidos graxas trans da dieta aumentam o nivel de triaclgli- cerdis e de colesterol LDL (0 colesterol “raim") no sangue e diminuem o nivel de colesterol HDL (o colesterol “born Essas mudangas por si sé sia suficientes para aumentar 0 risco de doencas cardiacas, mas podem ter mais efeitos ad- versos. Parecem, por exemplo, aumentar a resposta infla- mat6ria do corpo, o que é outro fator de riseo para doengas cardiacas. (Ver no Capitulo 21 uma descricao do colesterol LDL e HDL - lipoproteina de baixa e de alta densidade ~ € seus efeitos na satide.) Muitos alimentos em fast.foods sao fritos em éleos ve- getais parcialmente hidrogenados ¢, portanto, contém al- tos niveis de cides graxos trans (Tabela 10-2). Era vista, dos efeitos prejudiciais dessas gorduras, alguns paises (Dinamarca) ¢ algumas cidades (Nova York ¢ Filadétfia) restringiram com severidade o uso de dleos parcialmente hidrogenados em restaurantes. Batatas fritas preparadas em restaurantes de fast-food na Dinamarca agora contém quantidades quase indetectaveis de dcidos graxos (rans, enquanto o mesmo produto preparado nos Estados Unidos contém de 6 a 10 g de acidos graxos trans por porgao (Ta bela 10-2), Os efeitos deletérios das gorduras lrans acor- rem no consumo de 2 a 7 g/dia (20 a 60 kcal no consumo calérico diario de 2.000 kcal; note que uma caloria nutricio- nal ¢ equivalente & quilocaloria usada por quimicos e bio- quimicos, entio uma dicta de 2.000 calonias ¢ equivalente a uma dieta de 2,000 keal). Uma tinica porgao de batatas fritas em um restaurante estadunidense pode conter essa quantidade de acidos graxos trans! Muitos outros alimentos prontos, assados ¢ lanches nas prateleiras de supermerca- dos contém niveis comparativamente altos de aeidos graxos trans. 362 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Aids rans trans em alguns fast-food laches Batatas ritas arnbtrguer de peixe empanado Nuggets de frango empanados Pizza Salgadinhos de miko ‘Sonho ar 25 Musin or Mu Barra de chocolate 02. 2 Adapt da Taba | em Novalanan,D, Ratan. NB, Archer, PO Stampfer, MJ, & Wiles, WC” (2006) Trans tity ace and carioeasula Nota Dads pars alimentos prepare com seo vegetal parcamente roe ado noe Betas Unidos en. 2002 As eras servern como reservas de energia e como impermeabilizantes a agua AAs ceras biol6gicas sao ésteres de dcidos graxos saturados insaturados de cadeia longa (Cyy a C,,) com aleobis de cadteia longa (Cy, C,,) (Figura 10-6). Seus pontos de fu- sto (60 a 100°C) geralmente sao mais altos do que os dos triacilglicerdis. No planeton, microrganismos de vida livre na base da cadeia alimentar dos animais marinkos, a8 ceras sio a principal forma de armazenamento de comabustivel metabolica {As ceras tamabém servem para uma diversidade de ote tras fimgdes relacionadas As suas propriedades inpermea- Dilizantes ¢ sua consisténcia firme. Certas glandulas da pele de vertebrados secretam ceras para proteger os pelos © a pele e manté-los flexivas, Inbrifcados e impermedveis. AS aves, particularmente as aquaticas, secrelam ceras por suas slindulas wropigiais para manter suas penas impermesveis 2 Agua. As folhas ustrosas do azevinho, do rododendo, da hhera venenosa ¢ de muitas outras plantas tropicais $40 co- bortas por uma camada grossa de ceras, que impede a eva poragao excessiva de dgua e as protege contra parasitas [As ceras bioldgicas tém varias aplicagbes em indstrias como a farmacéutica ea cosmética, entre outras. A lanolina (da lade cordeizo), a cera de abelhas (Figura 10-8), a cera de carnatiba (palmeira brasileira) ea cera extzaida do éleo do eachalote (especie de baleia) sto araplamente utiizadas za manufatura de logdes, pomadas e polidores. RESUMO 10.1 _Lipideos de armazenamento > 0s lipfilens sio componentes cehulares insoltiveis em. gua, de estruturas diversas, que podem ser extraidos dos tecidos por solventes apolares. Quase todos os dcidos graxos, os componentes hidro- carbonados de muitos lipideos, tém um mvimero par de ‘cdo palmitic | -viacontanol cy FIGURA 10-6 Cera biolégica. (a) Tracortancipalmtato, 6 principal componente da cera de abehha€ um éstr de cide palmtico como slcool tnacorzanal (b) avo de mel conse com crac abel, ene 325°C © comaletomente maermesvel) Sov, tomos de carbono (geralmente 12 a 24); eles sio satu- rados ou insaturados, com ligaybes duplas quase sempre na contiguragao cis. > Os triacilliceréis contém trés moléculas de dcidos gra- xos esterificadas aos trés grupos hidroxila do glicerol 0s triacilglicersis simples contém somente um tipo de Aeido graxo; os mistos contém dois ou trés tipos. Bles so principalmente gorduras de reserva, estando pre- sentes em muitos alimentos > Ahidrogenagdo parcial de dleos vegetais na indistria alimenticia converte algumas ligagdes duplas eis para a configuragao trans. Acidos graxos trans na dieta si0 ‘um irgportante fator de risco para doengas cardiacas eo- ronarianas 10.2 Lipideos estruturais em membranas A caracteristica central na arquitetura das membranas bio Togicas € uma dupla camadla de lipideos que atta como bar- reira & passagem de moléculas polares e fons. Os lipideos de membrana s4o anfipaticos: uma extremidade da molécula é hidrofdbica e a outza é hidrofilica. Suas interagées hidrof6- bicas entre si e suas interagées hidrofilicas com a Agua di recionam o seu empacotamento em carmadas, chamadas de bicamadas de membrana, Esta segao descreve cinco tipos gerais de lipideos de membrana: glicerofosfolipideos, nos uais as regides hidrofobicas sio compostas por dois deidos sgraxos ligados ao glicerol; galactolipfdeos e sulfolipideos, que também contém dois écidos graxos esterificados com 0 PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 363, mcrae Toe] Lae] Ce] ee] eT] Ea (rere) |§ fea] cor [eres] |g ese] a peor) | Hee) LHe Hee) [faresse) LHe Hie LH] inner FIGURA 10-7 _Alguns tipos comuns delipideos de armazenamento « de membrana, Tedos 05 tpos de Ipidos represantados aqui tim au gl czraau esingosina como esquelet (em cor salma), 2 qual este igacos Lum cumaisarupes alge de caceatonca fem amateloe um atupe casera pelr fom an Em isc cess, clceotostepdecs, calsctolpiseos esl feipdeos 05 grupos alaulls S20 Slcos gras em Lgacao ester Os esngo lpideos cont um Geico cise aravo ern gagd0 amide com o esgueeta licerol, mas nao apresentam os fosfatos caracteristicos dos fasfoliptdeos; lipfdeos tetraéter em arqueia, nos quais das, cadeias muito longas de alquilas estao unidas por ligagao ter a0 glicerol em ambas as extremidacles; esfingolipideos, nos quais um tinico dcido graxo esta ligado a uma amina graxa, a esfingosina; e esterdis, compostos caracterizados por um sistema rigida de quatro anéis hidrocarbonados fit sionadas. ‘As porgdes hidrofilicas nesses compostos anfipsticos podem ser tao simples quanto um inico grupo -OH em uma extremidade do sistema de anéis do esterol, ou po- dom ser bem mais complexas. Nos glicerofosfolipideos ¢ alguns esfingolipfdeos, © grupo eabega polar esta unido a porgao hidrofébica por uma ligagao fosfodiéster; esses sao os fosfolipideos. Outros esfingolipideos nao apresentam. {osfato, mas tém um agticar simples ou um oligossacarideo complexo em suas extremidades polares; esses 30 0s glicolipideos (Figura 10-7). Nesses grupos de lipfdeos de membrana, uma enorme diversidade resulta de varias, combinagbes de “caudas” de dcidos graxos @ “cabecas” polares. 0 arranjo desses lipfdeos nas membranas e seus papéis estruturais e funcionais sao considerados no pré- ximo capitulo. 0s glicerofosfolipideos sao derivados do acido fosfatidico Os glicerofosfolipideos, também chamados de fosfo~ alicerideos, sao lipideos de membrana nos quiais dois 4ci- dos graxos esto unidos por ligagio éster ao primeizo © a0 segundo carbono do glicerol ¢ um grupo fortemente polar ou carregado esta unido por ligagao fosfodiéster a0 terceiro carbono. O glicerol & pré-quiral: nao apresenta carbonos assimétricos, mas @ ligagao de fosfato a uma ex tremidade converte-o em um composto quiral, que pode ser chamado corretamente de i-gliceral-3-fosfato, p-glice- rol-I-fosfato, ou sn-glicerol-8-fosfato (Figura 10-8). Os slicerofosfolip{deos sio denominados como derivados do composto precursor, 0 dcido fosfatidico (Figura 10-9), e esfingosina. Os peas de membrana de arcueas so vrves agus represen:ados aqui tm das cadeasalqis muito longas ramifcacas, ‘cal extremicase em bgagio eter com a prgio ghcerol. Noe forolpideos grupo cabega pala est undo por mao de gag fosfodieseenquants x gleolisdeos tm uma ligase glicoscia deta entre 0 acccar do gpo ‘cabega eo esqueete de gle de acordo com 0 Alcool polar no grupo eabega. A fosfati- dilcolina e a fosfatidiletanolamina tém colina e etanolami- na como grupos cabeca polares, por exemplo. Em todos esses compostos, o grupo cabega esta unido ao glicerol por uma ligacao fosfodiéster, na qual o grupo fosfato tem carga negativa er pH neuro. 0 lcool polar pode estar carregado negativamente (assim como no fosfatidilinost- tol4,5-bifosfato), neutro (fosfatidilserina), ou carregado positivamente (fosfatidilcolina, fosfatidiletanolamina). Como sera visto no Capitulo 11, essas cargas contribuem de modo significativo para as propriedades de superficie das membranas ‘Como os Acidos graxos nos glicerofosfolipideos podem ser qualquer um de uma ampla variedade, um dado fos- folipideo (p.ex,, fosfatidilcolina) pode consistir em varias cu,0H 6 Ho-*6-H 0 . 2 | st, 0-P-0- HOT 07/0 i nd 6 4 tlicerol3-fstat sn-licerok3-osfato} FIGURA 10-8 \-Glcerol3-fosfato, 0 esqueleto dos fostolipideos. Glerl por s 56 a # qua visto que ela te um pla da seta ar vésde C2 No entano.c-glceral ¢ po-quial pode se converge em um ompaste quia por acgko de um suostnte como fosata a qualver lum dos grupos -CH,OH Una nomenclature ngo ambigua para o aierol fesfaa € 0 sstema (eesti nap 78), no unos sdmera S30 enor ios de acordo com sus relgbesestereoquimicas aos sdmers do slice faleea Por este sisters, oestereoisémero do gheerfos'alo encontrado ‘ha maior dos piceos #coretamente denominas nal cerol foto ou rgeerol:Ifes'ate,Outrafrma nara espacfcarestreosémeros 9st rma se merc esterecespeccs), no qualC-1& por defing30,0 grupo do Cotnporte pro-qulal que ocupa a peso pé-S forma comum de gle roost em osfolildeos ¢, por ese sera, sngcerokfosao fe ue C2estinaconfguragiaR) Em argues, 0 glceralnostiniseos est na outa configuragios au se, oshero oso. 364 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX ‘ido graxosaturado (p ex, Sedo palmitio) ‘cio graxoinsaturado (p deo alee} ‘Aces graxos Acido fostatiico — Fosfatidletanolamina Ezanolamina Fasfatidicotina colina Fostatidseina Serina Fostailgicerol cero! Fosfatidinositoh4s-bsostoto micrinositol4.s-bistosfato Cardiaiping Fostavalgheero! Glicerot BP Grupo cabesa substivuinte | ie a i, OK hoon HIGURA10-9 Glicerofostolipidess. 2s ghcefos‘olpieos comuns sto acces bgados a grupos sleoal por gag sft. 0 dco fst tiie, um fesformanedster, compesto precutscr. Cada dead & deno. rrunade ce acordo com o gras acoel abera, come pefna Tatandi espécies moleculares, cada qual com seu complemento tinico de dcidas graxos, A distribuicaa de espécies mole- culares ¢ especifica para diferentes organismos, diferentes tecidos do mesmo organismo e diferentes glicerofosfolipr- deos na mesma eélula ou tecido, Em geral, os glicerofos- folipideos contém um Acido graxo saturado C,, ou C,, ern €-1e um Acido graxo insaturado C,, ou C,, em C-2, Com. poueas excegdes, o significado biologico da variagao dos Aeidos graxos e dos grupos cabeca ainda nao est com- preensdido. Ia eatin, dos Sido fosttieeos compartham um dncoceral Re Rae grupos acl granes). * Doserve que cada um dos ésteres ce fsfato no fosfatedlnostol4 eisfesfato am uma carga ce cerca de~15;um de seus grupos -OF est apenas parcalmente ionzaco em p70 Alguns glicerofosfolipideos tm dcidos graxos em ligacao éter ‘Alguns tecidos animats e organismos unicelalates si0ricos em lipideos éter, nos quais uma das duas cadeias de acila est unida ao glicerol em ligagio éter ema vez de éster. A ca- deia com ligagio éter pode ser saturada, como nos lipideos Stor de alla ou pode conter uma ligagao dupa entre C-l © C2, como n0s plasmalogénios (Figura 10-10). 0 teci- do cariaco de vertebrados especialmente rico em lptdeas secon WWW WwoBerr 3 < ana ° éter; cerca de metade dos fosfolipideos do coragao é plas- malogénio, As memibranas de bactérias halofilicas, protistas, ciliados, e de certos invertebrados também contém altas pro- porgdes de lipideos eter. O significado funcional dos lipideos ter nessas membranas 6 desconhecido; talvez sua resistén- cia s fosfolipases que clivam dcidos graxos com ligagao éster de lipideos de membrana seja importante em alguns casos. Ao menos um lipideo éter, o fator ativador de pla- quetas, é um potente sinalizador molecular. Ble é li- bberado de leuedcitos chamados basofilos e estimula a agre- gacdo de plaquetas © a liberagao de serotonina (um vasoconstritor) das plaquetas. Também exerce vivios efel- tos no figado, no miisculo liso, no coragao, nos tecidos ute- ios e pulmonares, desempenhando também urn importan= te papel na inflamagao ¢ na resposta alérgica. Hl 0s cloroplastos contém galactolipfdeos esulfolipideos © segundo grupo de ipteos de membrana é aquele que pre- diomina nas eelulas vegetais os galactolipideos, nos qusis ‘im oi dois residuos de galactose eatfo conectacos por ma ligacao glicosidica ao C-3 de um 1,2-diacilglicerol (Figura 10-11; ver também Figura 10-7). Os galactolipideos estao Jocalizados nas membranas dos tlacoides (merabranas in- temas) dos cloroplastos, eles compaem de 70 a 80% do to- DRA PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 365, FIGURA 10-10 Lipideos éter. 0s pasmalogénis dm uma co fe alquenia em higagao ster em due a maa dos gleerofos Foisceos tem un Sedo grasa em bag exer (ompare com 3 Figura 10-9). 0fatoratvador de plagues em uma longa cadea algulb am igacie éer na C- do glee mas C-2 std em Ige- (0 éstercom Sedo acétco,o que toma a compaste muito mais, hidtossokivelquea maioria ds gcerofsflpidecseplasmaloge os O grupo cool abecaéa etanclenina nos pasmalogénios e 2 colina n ator atiador de plaques. tal dos lipfdeos de membrana de uma planta vascular e sio, provavelmente, os lipideos de membrana mais abundantes na biosfera. 0 fosfato frequenternente é o nutriente limitan- te das plantas no solo; talvez a pressao evolutiva para con- servar fosfato para papéis mais criticos tenha favorecido as plantas que produzem lipideos sem fosfalo. As membranas das plantas também contém sulfolipideos, nos quais um re- siduo de glicose sulfonado esta unido a um diacilglicerol em. ligaedo glicosidica. O grupo sulfonato apresenta uma carga negativa como aquela do grupo fosfato em fosfolipideos, Arqueias contém lipideos de membrana tinicos Algumas arqueias que vivem em nichos ecal6gicas em con- digdes extremas ~ altas temperaturas (4gua em ebuligao), baixo pIf, alta forga idnica, por exemplo ~ tém lipfdeos de membrana que contém hidrocarbonetos de eadeia longa (32 carbonos) ramificada, ligados em cada extremidade ao gli- cerol (Figura 10-12) por meio de ligagées éter, muito mais, estaveis & hidrlise em pH baixo e a alta temperatura do que as ligagdes éster encontradas nos lipideos das bactérias. € dos eucariotos, Em sua formula completamente esten- dda, os lipideos éster de arqueias apresentam o dobro do comprimento dos fosfolipideos e esfingolipideos e podem transpassar a largura total da membrana plasmética. Em. 17H ol Ho 0, on WAY ° Monegalactosildacigicerl (MGDG) 09H LINO ° Digalactosiacgliceral (0606) FIGURA 10-11. Dols gatactotp cloroplaste. Nos monoouhctos Hac lgleerss MGOC) edalsiosId acl gers (2606) 08 grupos alas esto polsatuads € os ruposcabeca Sorte caregados 366 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Ghcerol estate Grupos eiftanla lel aGleig1—2)Gal-1 FIGURA 10-12 Um pide apenas fem algumas arqueias. Nese liniceo tania teraéeer as porcSes cit ils (em ararlo) io hicracarbonetos longas composts por ait grupos Isoprena de ence careonos condensados exxremicade a exvemisade (0 tea condensagao de un dagessopreno ver Figura 21-35; tarnbr, com ote os grupos tans com as cadeas eras de fos de 20 crbonos 19s clorofls na igura 19493). Nesta forma extendas grupos afta 10 aproximatdamente dus vests majres de que o cemprmento de um cada extremidade da molécula estendida ha um grupo polar que consiste em glicerol ligado a fosfato ou a resfduos de acticar. O nome geral desses compostos, glicerol-dialquil- sglicerol-tetraéteres (GDGT), reflete sua estrutura tnica. A porgio glicerol dos lip{deos das arqueias naa é 0 mesmo estercoisimero dos lipfdeos de bactérias e de eucariotos; fo carbono central esta na configuragao R em arqueias © na configuragao S em bactérias e eucariotos (Figura 10-8). 0s esfingolipideos so derivados da esfingosina Os esfingolipideos, a quarta grande classe de lipideos de membrana, também tam iim grupo eabeca polar e das eat das apolares; contudo, ao contrario dos glicerofosfolipideos f galactolipicdoos, nao contem ghicerol. Os esfingoliiceos so compostos por uma molécula de aminodteool, esfingo- sina, de cadeia longa (também chamada de 4-esfingenina) on um de seus dersrados, uma molécula de um sido graxo de cadeia longa e um grupo polar unido por uma ligagao Slicosidica, em alguns casos, ¢ uma ligagao fosfodiéster em outros (Figura 10-13). Os carbonos C-1, 6-2 ¢ C-3 da molécula de esfingosina sao estruturalmente andlogos aos t¢s carbonos do glicerol, nos glicerofosfoipieos. Quando im didlo graxo 6 ido em ligagto amida 20 -NH, no C-2 o composto resullante € uma ceramida, estruturalmente similar ao diacilgiceral. A ce- ramida é0 precursor estrutural de todos o$ esfingolipideos HA trés subclasses de esfingokipideos, dos derivados da ceramia, mas diferindo em seus grupos cabega: esfine fgomielinas gicolipideos neutros (nao carregados) ¢ gu fliosideos. As esfingomielinas contém fosfocolina ox fosfostanolamina como arupo cabeca pola, sero assim classficadas junto com os glcerofosfoipleos como fsfol- pideos (Figura 10-7) Realmente, as esfingomiclinas se pa- Tecem com as fosfaidlcolinas em suas propriedaes geras ena estrutura tilimensional e por no terem carga quida fm seus grupos cabega (Figura 10-14). As esfingomieli- nas, presentes nag membratias plasmdtica das edlula ai cde orao de 16 carbonos geramente encontrado os lisdes de mer brana das batéis e das eucaritos. As porgdes de glcera ns peas de srqueas estao na configuagio Rao contre cas bactéise cos euearotes, {que tém cant guracso SOF lpideas de argues deer nos susie? fos lees Na macula aul representada, um glceol ea gage 20 ds sacar wgicop anes.» 2)-Begphetofvarose; auto glceal et lgedoa um grupo glceraMfostta, mais, s40 especialmente proeminentes na miclina, bainha membranosa que envolve ¢ isola os axdnios de alguns neu- ronios ~ daf o nome esfingomielinas. Os glicoesfingolipideos, que ocorrem amplamente na face externa das membranas plasméticas, possuem grupos cabega com um ou mais agticares conectados diretamente a0-OH{no C-1 da porgao ceramida; eles nao contém fosfato. Os cerebrosideos tém um tnico agticar igado a ceramida; os que tém galactose sao caracteristicamente encontrados nas membranas plasméticas das c6lulas em tecido neural, © ‘8 que tém glicose nas membranas plasmnéticas das e¢lulas, em tecidos nao neurais, Os globosideos sao glicoesfingo- lipfdeos com dois ou mais agticares, geralmente D-glicose, egalactose, ou N-acetil-D-galactosamina. Os cerebroside- 1g e globosideos sio as vezes chamados de glicolipideos neutros, pois nao tém carga em pli 7. Os gangliosideos, os esfingolipideos mais complexos, tem oligossacarideos como grupo cabega polar ¢ um ol. ais residuos do Acido N-acetilneuraminico (NeuAc), um Acido sialico (frequentemente chamada apenas de “Acido sialico”), nas terminagbes. 0 aeido sidlico dé aos ganglios{- eos a carga negativa em pHT 7 que os distingue dos globo- sideos. Os gangliosideos com um residuo de acido stalico estdo na série GM (M de mono-), os com dois esto na série GD (D de di-) e assim por diante (GY, trés residuos de Acido sidlico; GQ, quatro). Aeido N-acetineuramiico (Gedo Sica} NeusAe) PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 367, ‘Acide graxo ceramia Esingomielina| Glcoipideos neutros " Gleaslerebresideo Lactosiceramida Iglobosdeo) anglosideo G2 Johann Thudichum, 1829-1901 Fsfingosina Gnupo-cabera| substcunte Fosfocolina Gticose Di, tie ow Terassacarideo Oligossacariden ‘complexe FIGURA 10-13. Esfingelipideos. 05 vés primevios carbonos na exer dade por ds esingosina sic andlogos 205 rs carbonos do glceral nos (heerofosfl pecs. © gruao amine em C2 apresenta um Seico graxo em ligagio amica-O deido graxo geralmente 6 saturace ou monainsturade, ‘com 16, 18,22 0424 Stamne de catbana, Aceariga# 9 comport recut 0s esfingolipideos nas superficies celulates so sitios de reconhecimento biolégico Quando os esfingolipfitevs foram descobertos ha mais de um século pelo médica e quimico Johann Thudichum, 0 Fosfacicolne ° HOH WWW Wroaxe BN ° 50 para esse grupo. Os euros exfngalpideos fete no grupo poles da ‘abera 0 Igade em C-1.05 ganglsiées ttm grupos de oigesscarlceos ruite comoaxos, Os smbols pactSo ara os agdcares #30 urodos nesta figura come mostaa Tabla 7-1 seu papel biolégico parecia tao enigmatieo quanto a Esfin- ge, © ele os batizou em homenagem a esse monumento. Em. humanos, pelo menos 60 esfingolipideos diferentes foram identificados nas membranas celulares, Muitos sio espe- cialmente proeminentes na membrana plasmética dos net Festoolna FIGURA 10-14 As extruturas moleculares de duas ‘lasses semelhantes de lipideos de membrana. 4 ‘osfatcllcaln glcerofosoip deo} ea exngomielna (es ‘ingaliioeo} aossuem aimensses e propiedasesfscas Forfooina rates, mas, resumbelment, execem papel erences nasmembronss DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX eramiea antigen Antigeno A Antigens 8 IGURA 0-15 _Glicoesfingolipideos come determinantes dos rupes sanguineos. Os giupos sanguineashurmanos (0,2) #10 ‘erermmnados em pate nelos grupos de ol gosaca'deo a caega desses ‘lcoestingelpdeos. 05 mesmar rs algossacarideos também 389 encor traoosligados a certs protlnas do sangue de ndividuos dos tipos sang reas 0,8 8 espectvamente Os simbolospaario para agacares #80 ul 2ad9sa9u (ver label ~) ronios ¢ alguns slo claramente sitios de reconhecimento na superficie celular, mas uma funeo espeefiea para apenas alguns poucos esfingolipfdeos jf foi descoberta. As poryoes de carboidrato de certos esfingolipfdeos definem os grupos sanguineos humanos e, portanto, definem o tipo de sangue que os indivfduos podem receber seguramente nas transfit- sbes sanguineas (Figura 10-15) (Os gangliosideos estao concentrados na superficie ex- tema das células, onde apresentam pontos de reconheci- mento para moléculas extracelulares ou superficies de cé- Julas vizinhas. Os tipos e as quantidades de gangliosideos na membrana plasmética mudam consideravelmente durante 0 desenvolvimento embrionétio. A formagio de tumores induz a sintese de um novo complemento de ganglioside- os e descobrit-se que concentragdes muito baixas de um gangliosideo especifico induzem a diferenciagao de células. newronais tumorais em cultura. A investigagao dos papéis, biolégicos de diversos gangliosideos continua sendo uma rea em desenvolvimento para pesquisas futuras. 0s fosfolipideos e os esfingolipideos sao degradados nos lisossomos A maioria das células degrada e repée seus lipideos de membrana, Para cada lgacio hidrolisivel em um glicerofos- folipfdeo, hé uma enzama hidroitca especificanolisossomo (Figura 10-16). As fosfolipases do tipo A removem um dos dois dcidos graxos, produzindo um lisofosfolipideo. (Essas esterases nio atacam a ligagio éter dos plasmalogénios.) As lisofosfolipases remover o Acido aaxo restante. Os gangliosideos sio degradados por um conjunto de enzimas lisossomais que catalisam a remogao gradual das uunidades do agticar, produzindo finalmente urea ceramnida Um defeito genético em qualquer uma dessas enzimnas hi- Aroiiticas leva ao actimulo de gangliosideos na cella, com graves consequéncias médicas (Quadro 10-1) Fostoipase A, \G ‘ott -0H6, YYIYIYAYYS ° . i C06, ET. AAA AYLY ~ Fosfoipace A, “CH, © Fosfolipacec o-® gy \ b-@ TI Fostlipase D Fosfatiiinsite-45-bistorfato FIGURAC-16 As especificidades das ostolipare. us fovloloaies 6 A, hirolsam as Igardeséter de glcaotostl pes intac:as nos cabanas Ce C2 do glcearespecivamente. Quance um dos dics gatos € ‘movide pr uma sfelgate dating A. segundo dice grax éremeuida po Luma lsfostal nase (nde mosvada}Cado Uma das fovlipases Ce Dome Luna das gages foster no gruno eabag. Algom osolases ata fem somerte um tipo de alcerfosclipiden, come ofsftcinostel 5b. fostateimestade aqui ov afestatdicaina, tas s8o menos especiicas 0s esterdis tam quatro anéis de carbono fusionados Os esterdis sio lipiileos esteuturais presentes nas membra- nas da maloria das eélulas eucaridticas, A estrutura carac~ teristica desse quinto grupo de lipideos de membrana € 0 niicleo esteroide, que consiste em quatro anéis fusionados, trés com seis carbonos e um com cinco (Figura 10-17), 0 niicleo esteroide é quase planar e € relativamente rigido; os anéis fusionacios nao permitem rotacio em tomo das ligacoes CC. 0 eolesterol, o principal esterol nos tecidos animais, & anfipatico, com um grupo cabega polar (o grupo hidroxila em (©-3) eum "corpo" hidrocarbonadlo apolar (e micleo esteroide ea cadeia lateral hidrocarbonada no C-17), tao longa quanto uum ciclo graxo de 16 carbonos em sua forma estentida. Es- Cade lateral alquila ‘crupo- weabese HO" polar FIGURA 10-17. Colestero. Na exruure qumica de coestero, os anes. sio denominados AaD paresimplfcararefrénca aes derivaos do nicleo tterede or stomos de cafoona esto numeracas er ar 0 grpo ido xb C2 (sornbreado em azul) #0 grupo cabeca polar Pra armazenar# transportaro esteol esse gro hdl se condense com um Sido 40, pra formar um éster esta PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 369, CUO Aciimulos anormais de lipideos de membrana: algumas doencas humanas herdadas Os lipideos polares das membranas sofrem constante re- novacio metabdlica (lurnover), e a sua taxa de sintese normalmente é contrabalangada por sua taxa de degrada- lo. A degradagio dos lipideos € promovida por enzimas Indroliticas nos lisossomos, sendo cada enzima eapaz. de hidrolisar uma ligagio especiica. Quando a degradagio de esfingolipideos é prejudicada por um defeito em uma des- sas enzimas (Figura Q-1), 0s produtos da degradacao par- coal se acurulam nos tecidos, causando doengas graves Por exemplo, a doenga de Niemann-Pick é causada por ur defeito genético raro na enzima esfingomiclina- se, que cliva a fosfacolina da esfingorsielina. A esfingo- riclina se acumula no encéfalo, no bago e no figado. A ddoenga se tora evidente em bebés e causa deficiéncia ametoo om siasote| > [SSS Sere canis te. lob vecunsisae | QS 2. f Ceramide Ceramide Coane Ganglsdee e veglocroace A }e-0-O- intelectual e morte prematura. Mais comum é a doenga de Tay-Sachs, na qual o gangliosideo GMZ se acumula no encéfalo e no bago (Figura Q-2) devido 3 falta da enaima hexosaminidase A. Os sintomas da doenga de Tay-Sachs sio retardo progressivo no desenvolvimento, paralisia, ‘cegueira e morte até os 3 ou 4 anos de idade ‘© aconselhamento genético pode prever ¢ evitar muitas doengas hereditétias. Os testes nos futuros pais, podem detectar enzimas anormais, entao testes de DNA podem determinar a natureza exata do defeito € 0 risco que ele representa para os descendentes. Uma vez que ‘ocorra a gravider, as e¢lulas fotais obtidas por amostra de parte da placenta (da vilosidade coridnica) ou do liquide amniético (amniocentese) podem ser testadas. FIGURA Q-1 ote ce degradagso de Git, globosideo ¢ esingo= relina a ceramic. Un dete a enarma gue ical um passo em Particulr ex ingiad por ©: 2 doenge que resua do acuralo oe prodtos de degrada parcial est inicada @ cc Deane Deca Qreussc side (Q— Doenca de Sandhott Ceramide rh sogoniva =ae}® a ef dene eo sve | aan, Sans urea (Se TySaen obica pot moter, ‘mostando cepéstosanormas de {analesideo ra lossomo, Foxfocolna terdis similares s30 encontrados em outros eucariotos: estig- rmasterol em plantas e ergosterol em fungos, por exemplo. As bactérias nao conseguem sintetizar estersis, algumas poucas especies de bactéria, no entanto, podem incorporar esterdis cexégenos em suas membranas. Os eslerGis de todos os euca- riotos sdo sintetizados a partir de subunidades de isoprene simples de cinco carbonos, assim como as vitaminas liposso- hriveis, as quinonas e os dolicsis descritos na Seco 10.3 Além de seus papéis como constituintes de membrana, os esterbis server como precursores para uma diversidade 370 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX de produtos com atividades bioldgicas especificas. Os hor- mdnios esteroides, por exemplo, s20 sinalizadores biologi cos potentes que regulam a expressao génica. Os éeidos Diliares sao derivados polares do colesterol que atuam. como detergentes no intestino, emulsificando as gorduras, da diota para torné-las mais acessfveis 3s lipases digestivas. Touring on a G-NHcH CH, S05 ° HO ‘OH Acido tauroeslico (um deido bila © colesterol e outros esteréis voltario a ser abordados em capitulos posteriores, para considerar 0 papel estrutu- zal do colesterol em membranas biol6gicas (Capitulo 11), a sinalizagao por horménios esteroides (Capitulo 12) ¢ a notvel rota de biossintese do colesterol e 0 transporte do colesterol por carreadores lipoproteicos (Capitulo 21) RESUMO 10.2 _Lipideos estruturais em membranas > Os lipideos polates, com grupos polares e caudas apola- res, s40 importantes componentes das membranas. Os mais abundantes sio os glicerofosfolipideos, que con- 10m deidos graxos esterificados a dois dos grupos hidro- xila do glicerol e um segundo Alcool, o grupo cabega, esterificado a terceira hidroxila do glicerol via uma liga- ‘a0 fosfouiéster. Outros lipfdeos polares sao os estersis, > Os glicerofosfolipideos diferem na estrutura de seu grupo cabega; os glicerofosfolipfdeos comuns sao a fosfatidile- tanolamina e a fosfatidileolina. Os grupos polares dos gli- cerofostolipideos esto carregados em pIT préximo de. DAs membranas dos cloroplastos sao ricas em galactolips- deos, compostos de diacilglicerol com um ou dois resi- duos de galactose ligados, e sulfolipideos, diacilglicerdis ‘com um residuo de agticar sulfonado ligado e, portanto, ‘um grupo cabega carregado negativamente, > Algumas arqueias tém lipideos de membrana tinicos, com ‘grupos alquila de cadeia longa er ligagao éter ao glicerol fem ambas as extremidades e com residuos de agticar e/ (ou fosfato ligados ao glicerol para fornecer um grupo ca- bbega polar ou carregado. Esses lipideos sao estaveis nas ccondigdes extremas nas quais essas arqueias viver. D> Os esfingolipideos contém esfingosina, um aminodlcool alifatico de cadeia longa, mas nao contém glicerol. A es- fingomielina tem, além de dcido fosforico e colina, duas longas cadeias hidrocarbonadas, uma que provéma de um dcido graxo e outra que provém de uma esfingosina, ‘Trés outras classes de esfingolipitleos sto cerebroside- (0s, globosideos e gangliosideos, que contém componen- tes formados por agticares, > Os esterois tém quatro anéis fusionados e um grupo hi- droxila, 0 colesterol, o principal esterol em animais, € tanto um componente estrutural das merabranas quanto um precursor para uma ampla variedade de esteroides. 10.3 Lipideos como sinalizadores, cofatores e pigmentos As duas classes funcionais de lipideos consideradas até agora so importantes componentes celulares; os lipfdeos de membrana compéem de 5 a 10% da massa seca da rmaioria das e6lulas, ¢ os lipideos de armazenamento, mais, de 80% da massa de um adip6cito, Com algumas excegoes importantes, esses lipideos desempenham um papel pas- ‘sitio na célula; os combustiveis lipidicos formam barreiras impermedveis em volta das eélulas e dos compartimentos Celulares. Outro grupo de lipideos, presente em quanti- dades bem menores, tem papéis alivos no tréfego meta- bolico como metabdlitos e mensageiros. Alguns server. como sinalizadores potentes — como horménios, carrega- dos no sangue de um tecido a outro, ou como maensagei- ros intracelulares gerados em resposta a uma sinalizagao, extracelular (hormonio ou fator de crescimento). Outros funcionam como cofatores enziméticas em reagées de transferéncia de elétrons nos cloroplastos e nas mitocdn- dias, ou na transferéncia de porgdes de agdcar em varias reagées de glicosilagao. Um terceiro grupo consiste em. lipfdeos com um sistema de ligagdes duplas conjugadas: moléculas de pigmento que absorver a luz visivel. Alguns eles atuam como pigmentos fotossensiveis na visto ¢ na {otossintese; outros produzem coloragses naturais, como 0 alaranjado das abéboras e cenouras ¢ 0 amarelo das penas dos canérios, Finalmente, um grupo muito grande de lip deos voliteis produzidos nas plantas serve de sinalizador que é transportado pelo at, permitindo as plantas comuni- carem-se umas com as oulras, atrairem animais amigos & dissuadirem inimigos, Esta seco descreve alguns repre sentantes desses lipideos biologicamente alivos, Em ca- pitulos posteriores, sua sintese e seus papéis ecoldgicos serio considerados em maior detalhe. Fosfatidilinositéise derivados de esfingosina atuam como sinalizadores intercelulares 0 fosfatidilinositol¢ seus derivados fosforitados atwam em vrios niveis para regular a estrutura celular e 0 metabolis- mo. 0 fosfatidilinositol-4S-bifostato (Figura 10-18) na face citoplasmtica (interna) da membrana plasmatica serve como um reservatorio de moléculas mensageiras que sto Iiberadas dentro da célula em resposta a sinais extracelu- lares interagindo com receptores de superficie especifcos. Os sinais extracelulares, como o horménio vasopressina, ativam uma fosfolipase C especifica na membrana, 2 qual hidrolisa o fosfatidlinositol-45-bifostato, lberando dois produtos que atuam como mensageiros intracelulares: 0 inositol] 4S-trifosfato (IP,), que é sokvel em agua, ¢ 0 diacilgiccrol, que permanece associado 4 merabrana plas- ritica. 0 IP, provoca a liberagaa de Ca" do reticulo endo- plasmaitico, ¢ a comabinagao do diacilglicerol e da elevada concenteagao de Ca* citosélica ativa a enzima proteina- -cinase C. Pela fosforlagio de proteinas especificas, essa enaima ativa a resposta celular ao sinal extracclular. Esse mecanismo de sinalizagao € descrito mais detalhadaraente no Capitulo 12 (ver Figura 12-10) Fosfoipideos de inositol também servem como pontos de nucleagao para complexos supramoleculares envolvidos na sinalizagio ou na exocitose. Certas proteinas sinaliza- doras ligam-se especificamente ao fosfatidilinositol-3,4,5 -lrifosfato na membrana plasmitica, iniciando a formagao de complexos multienzimaticos na superficie citosélica da membrana. A formagao de fosfatidilinositol-3,4,5-trifosfato fem resposta a sinais extracelulares, portanto, agrupa as proteinas em complexos de sinalizagio na superficie da ‘membrana plasmética (ver Figura 12-16) (0s esfingolipideos de membrana também podem servir como fontes de mensageitos intracelulares. Tanto a cera- mida quanto a esfingomiclina (Figura 10-13) sio potentes roguladores das proteinas-cinases, e a ceramida ou seus derivados estdo envolvidos na regulagao da divisio celular, diferenciagao, migragio e morte celular programada (tam ém chamada de apoptose; ver Capstulo 12) Os eicosanoides carregam mensagens a células proximas 05 eicosanoides sio horménios parécrinos, substan- cias que atuam somente em células pr6ximas ao por- to de sintese dos horménios, em vex de serem transporta- das no sangue para atuar em células de outzos tecidos ox Grgaos. Esses derivados de deidos graxos tém vatios efeitos 1 fangao reprodutiva, na invlamagao, na febre e na dor as- sociadas aos ferimentos ou A doengas, na formagio de cod agulos sanguineos e na regulagio da pressao sanguinea, na Secregio de dcido gastrico e em varios outros pracessos im- portantes na sade ou na doenga de humans ‘Todos os eicosanoides si0 derivados do écido araqui- donico (20:4[4°**") (Figura 10-18), o acido graxo poli- -insaturado de 20 earbonos a partir do qual eles levam seut INES Hd on Prostaglandina (®GE,) ou PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 377 nome geral (do grego eikosi, “vinte"). Ha trés classes de cicosanoides: prostaglandinas, tromboxanos ¢ leucotrienos. ‘As prostaglandinas (PG) contém um ane! de cinco carbonos que se origina da cadeia do fcido araquid6nieo. Seu nome deriva da glandula préstata, o tecido a partir do qual clas foram isoladas pela primeira vez por Bengt Sa- muielsson ¢ Sune Bergstrom, Dois grupos de prostaglandi- nas foram definidos originalmente: PGE (sohivel em ster) € PGF (oliivel em tampao fosfato). Cada grupo contém nii- merosos sublipos, denominadas PGE, PGE,, PGF,, e assim por diante. As prostaglandinas apresentam diversas f des. Alguraas estimulam a contragio da rwasculatura lisa do titero durante a menstruagao e 0 trabalho de parto. Ou- tras afetam o fluxo sanguineo a drgios especificos, o ciclo sono-vigilia e a sensibilidade de certos tecidos a hormdnios como a epinefrina ¢ o glucagon. As prostaglandinas de um. terceiro grupo clevam a temperatura corporal (produzindo a febro) e causam inflamagao e dor. (Os tromboxanos tém um anel de seis membros que contém éter. Sao produzidos pelas plaquetas (também. ‘chamadas de trombécitos) e atuam na formagao dos cos- gulos e na redugao do fluxo sanguineo no local do coagu- lo. Como mostrado por John Vane, os anti-inflamatérios nao esteroides (AINE) ~ ciclo acetilsaliclico, ibuprofeno e meclofenamato, por exemplo ~ inibem a enzima prosta- slandina H,sintase (também chamada de ciclo-oxigenase, ou COX), que catalisa um dos passos iniciais na rota do araquidonato as prostaglandinas e aos tromboxanos (Fi- ‘pura 10-18; ver também Figura 21-15). Os leucotrienos, encontrados pela primeira vez em Ieucéeitos, contém tres ligagbes duplas conjugadas ¢ s40 poderosos sinalizadores bioldgicos. Por exemplo, o Teaco ° Araquidonsto ° o 0 Leucotrene Ay Tromboxano A; FIGURATC-18 © deido araquidénica alguns devivades de cosaneldes. © Scoo saquctnicoferguidanato em p71 £0 pte ursr dos eicosano des, inchindo as prostaohninas, 0s omoranas © 5, Tevcatienos Na prosiaghandina C0 C8 eo C-12do araguidonato sj sam para formar caractersiceanel com cinco membros Ne remborane Aoceeaci2ee, 2 de cxgéni # adcionade para fo Gluplasconjugadas Os antuntamatorios nie estecides(AINFS) corso 33 pina. buprafena,blogusian 3 frmacSo de prostaglanlas et anos 3 part do araqu irostaahndina i sinase. John Vane (1827-2004), Sune Bergstrim (1916-2004) « Bengt Samuelsson 372 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX trieno D,, derivado do leucotrieno A, induz a contragio da musculatura lisa que envolve as vias aéreas até 0 pulmao. A produgao excessiva de Ieucotrienos causa a crise de asma, ea sintese de leucotrienos ¢ um das alvos dos farmacos an- tasmaticos, como a prednisona. A forte contragao da mus cculatura lisa dos pulmdes que ocorre durante o choque ana- filitico € parte da reacdo alérgica potencialmente fatal em individuos hipersensiveis a ferroadas de abelha, penicilina ‘ou outros agentes. Hl Os horménios esteroides carregam mensagens entre os tecidos 0s estervides si derivados oxkdados dos esters; les “mo nile esterl, mas nao a cadeia alguisIigada a0 anel D do colesterel, Os horménios eseroides eirclam pela corrente sanguinea (em carreadores proteicos) do local. onde foram produzidos at¢ 0 tecidos-avo, onde entrar nas células, ligam-se a receptores proteicos altamente especifi- os no niileo © catsam mutdangas na expressio genica e, portanto,nometabolismo. Com os horménios em ainidade Inuito alta por seus receptores, concentragoes muito baixas {hanomolat out menos) sao suficientes para produzitrespos- tas nas tecilosalvo, Os principais grupos de horminis este- roides so os hormOnis sexuais masculios e ferininos cos honménios produzidos pelo e6rex suprarrenal, cortisol e ale dostorona (Figura 10-19). 4 prednisona e a prednisolona sio farmacos esteroides com atividades anti-inflamatérlas, potentes, mediadas em parte pela inibigdo da liberagio do araquidonato pela fosfolipase A, e pela consequente inibigao da sintese de leucotrienos, prostaglandinas ¢ tromboxanos. Elas tém uma série de aplicagoes médias, ineluindo o trata mento de asma ede artrite reumatoide, Hl As plantas vasculares contém a brassinolideo tipo es- teroide (Figura 10-19), potente regulador do crescimen- to, que aumenta a taxa de alongamento do caule e afeta a orientagao das microfibrilas de celulose na parede celular durante o crescimento, As plantas vasculares produzem milhares de sinais volteis As plantas produzem literalmente milhares de diferentes compostas lipofilicos, substncias volateis utiizadas para atrair 03 polinizadores, para repelir herbfvoros, para atrair organismos que defendem a planta contra herbivores para a comunicagso com outras plantas. O jasmonato, por exem= plo (ver Figura 12-83), derivado do cido graxo 18:3(4""*"") em lipideos de membrana, ativa as lefesas da planta em res~ posta ao dano infligido por insetos. O metil éster de jasmo- nato daa fragrancia caracteristica do dlea de jasroim, arpla- mente utilizado na indiistria de perfume, Muitos dos volateis, das plantas sao derivados de dcidos graxos ou de compostos feitos pela condensagao de unidades isopreno de cinco car- bbonos; eles incluem geraniol (0 cheiro caracteristico dos ge Os on ou HO. on H o o Testosterona oH H [aye Ho” o Besta! IGURA 0-19 _Esteroides derivados de cotes- eral. A tesoscerona, © hormone sexual rascal 5 Eerovaida nos testicals O estrada um dos orm ios seus femininos, € produaido nos ovsrios © na licens. O coral e adosteronasi0horménios sine 209s no cértex da olindul prarenat eles regulem © retabolismo da glicose ea excecdo de sal, respectiva- rent. A prednisra ea preanisolona sio esteroies sim ‘e0cosutlzados coma agentes antnflamatsrios O's sinaieo€ Um regular do cesclmento encontrado ern plonias vases cortisol Algosterona Prednisolona Brassinalideo (orassinosteride) Yanios), f-pineno (pinheizos), limoneno (limées), mentol © ccarvona (ver Figura 1-24a), para citar alguns. cH, I cH,=c—cH Ihopreno Hy As vitaminas A e D sao precursoras de horménios Durante o primeito tergo do século XX, um grande foco de pesquisa em quimicafisioligica foi aidentifia- «fo das vitaminas, compostos essenciais para a side do hhomem e de outros vertebrados, mas que nao podem ser sintetizados por esses animais e devem, portanto, ser obti- dos da dita, Os primeiros estudos nutricionais identifica- ram duas classes geraisdesse tipo de composto: os que eram sohiveis em solventes orginicos apolares (vitamins liposso- Iiveis) eos que podiam ser extrafdos dos alimentos cor sol- ventes aquosos("itaminas hidrossolives). Posteriormente, 6 grupo lipassolivel foi dividido nos quatro grupos das vita: rninas A, D, E e K, todos compostos isoprenoites sintetiza- dos pela condensagio de miltiplas unidades de isopreno ois deles (De A) servem como precursares de horménios. A vitamina D,, também chamada de eolecaleiferol, normalmente 6 formaada na pele a partir de T-desidrocoles- torol em uma reagdo fotoquimica catalisada pelo compo- nente UV da luz solar (Figura 10-20a). A vitamina D, nao € biologicamente ativa, mas é convertida por enzimas no @ H a Ho 7-Desidrocolesteral FIGURA 10:20 A produsso da vitamina D, ¢ o metabolism. (2) 0 colecaleiferal tarina D & produido a pele pel asics sabre 7esicrocolesterl que ome a 1garde que esta em or salmac. [No figada, um grupo hicroxla ¢alctonado a0 25, nim, uma segunda hidrxlagio em Cl pracur 9 armani ata, la2S-drAlcroeviarna D,, Esteharmani requ o metaoctsma do "no m,n intestina e nos o 505 {h) A vtamina Dd deta cua oragresme, ura doenga.comum em Clrnas fos em gue a ous pesados aqueiomo carmponert IN do he Solr necessto para a presugso da wrarina Dna pele Neste decal de Lum grande mural de John Steuart Cry, Os beneies soci dapesqusa bio ‘qurien 1992), a¢ pesioas ex anima 3 esquersa epresentameseletoe 3a utr a sobre, incline as pemasarqueadas de um menina com rag rma clissicaA iretaestdo as pessoas eos animals mas Saucaves com 05, "aeneis soca ca pesgulsancuindoo uso da tana para arevenr cecrraro raquo Fite mural est na Deparamento de Blogulmica Ma Universidade deWisconsinadson, ColecaerelvitaminaD,) PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 373, figado ¢ no rim a 1a,25-di-hidroxivitamina D, (calcitriol), hormonio que regula a captagao de calcio no intestino e os niveis de calcio no rim e nos ossos, A deficiéncia de vitari- na D leva 8 formagao defeituosa dos ossos e a uma doenca, chamada raquitismo, para a qual a administracio de vitami- na D produz uma cura dramética (Figura 10-20b). A vita- mina D, (ergocaleificerol) 6 um produto comercial forreado pela radiagao com UV do ergosterol de levedura. A vitari- na D, 6 estruturalmente similar A D,, com leve modificagao da cadeia lateral ligada ao ancl D do esterol, Ambas tém os. mesmos efeitos biologicos, e a D, é comumente adicionada ao leite e a manteiga como suplemento alimentar. Como os hormdnios esteroides, o produto do metabolismo da vita- mina D, 1e,25-di-hidroxivitamina D,, regula a expressio génica interagindo com receptores proteicos nucleares es- pecificos (p. 1182-1183). Avitamina A (retinol), em suas varias formas, funcio- na como um horménio ¢ como pigmento fotossensivel do olho dos vertebrados (Figura 10-21). Atuando por meio de proteinas receptoras no niicleo da célula, o derivado da vi- tamina A, Acido retinoico, regula a expressao génica no de- senvolvimento do tecido epitelial, incluindo a pele. 0 acido retinoico 6 o composto ative no férmaco tretinoina (Retin A), uilizado no tratamento de acne grave e rugas na pele. © retinal, outro derivado da vitamina A, é o pigmento que Inicia a resposta dos bastonetes e dos cones da retina a luz produzindo um sinal neuronal para o cérebro. Esse papel do retinal é descrito em detalhes no Capitulo 12, He 2 on H Ho 1a.25-De-hiroxivitamina Dy (ealennot © 374 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Ponte de clivagem a \vitamina A, (rein) ® carotene @ FIGURATC-21.Vitamina A, seuprecursor e derivados. (a)(-Ceteno 0 precursor eo vitamin, Unidad estuturais oe Hopreno estda nic 19s par nba: racejodasvermelas (ver p 273), Aclvagem do facarlena ere vas meléculas de vtamina A, (etn (b) A axdagdo no C15 cor Yerte retinal a akedo, cial €).e ura oedacio poste’ a produ dca retinoia (€, Rorménio que regula a expressiagénica. Oetalse combina com a prteina apsina pa formar eopsina indo masta), pigment fo A vitamina A foi primeiro isolada de dleos de figado de peixe; figado, ovos, leite integral e manteiga também sao boas fontes. Em vertebrados, 0 B-caroteno, o pigmento que da as cenouras, a batata-loce ¢ a outros vegetais amarclos a sua cor caracteristica, pode ser convertido enzimatica- mente a vitamina A. A deficiéncia dessa vitamina ocasiona varios sintomas em humanos, incltunda secura da pele, dos olhos e das membranas mucosas; desenvolvimento e cres- cimento retardados; ¢ cegueira noturna, frequente sintoma inicial no diagndstieo de defiei@neia de vitamina A, i As vitaminas E eK eas quinonas lipidicas sio cofatores de oxirredusao A vitamina E ¢ 0 nome coletive para um grupo de ipideos relacionados chamados tocofersis, que con- tam um anel aromatieo substitufdo e uma eadeia lateral Jonga de isoprenoide (Figura 10-228), Por serem hidrof6- bicos, os tocoferdis se associam com as membranas celula- res, com os depésitos de ipideos e com as lipoproteins no sangue, Os tocofer6is sio antioxidantes bioldgicos. O ane aromaético reage com as formas mais teativas de radicais de Coxigdnio outros radicais livres eas dest, protegendo os fcidos graxos insaturados da oxidagao e impedindo 0 dano odativo aos lipideos de membrana, o que pode causa fra- 1 -cieRetinal (pigmentoforessensivel) ‘Acido retinoico ——+ inal @ hormonal paraas alas epiteliis Sinal neuronal paso) cerebro es, HO SO Retinal todo-rans © Cc} tossensvel amplomentealsseminadorna atutea No ecu, 9etnal 6370 psig esha forma 1 cc Quando a molecule derocoosina éexctada pel luz vsvel oI ocr nal asia nor uma see reagbes focus {que o converter am rnaltocotan fe), frgando ume mudenga na forms Ga rlécula de odapsnai nt, fra transformagse no bstonete da retna Gos vertearados eriteum snaleletico para cerebro que éabasedattans fdugdo sual topic a ser ataso com mai aesane no Captu 2 gilidade celular. Os tocoferdis sto encontrados nos ovos © nos dleos vegetais e s40 especialmente abundantes no ger- me de trigo. Animais de laboratério alimentados com dictas dficientes em vitamina E desenvolvem pele eseamosa, fra- queza muscular e esterilidade. A deficiéneia de vitamina E fem huumanos 6 muito rara;o principal sintoma é a fragilida- de dos eritrécitos. © anel aromatico da vitamina K (Figura 10-22b) pas- sa por um ciclo de oxidagao e redugao durante a formagao dda protrombina ativa, proteina do plasma sanguineo essen cial na coagulagao. A protrombina é uma enzima proteolt- luca que quebra ligagoes peptidicas na proteina sanguinea fibrinogénio para converté-la em fibrina, a proteina fibro- sa insolivel que une os coagulos sanguineos (ver Figura 6-30). Henrik Dam e Edward A. Doisy descobrizam que a deficiéncia de vitamina K retarda a coagulagao sanguinea, fo que pode ser fatal. A deficiéneia dessa vitamina ¢ muito incomum em humanos, com excecdo de uma pequena por- centagem de bebés que sofrem da doenca hemorragica do recémn-nascido, condicao potencialmente fatal. Nos Estados Unidos, os recém-nascidos recebem rotineiramente uma injecao de 1 mg de vitamina K. A vitamina K, (floquino- na) 6 encontrada nas folhas de plantas verdes; uma forma relacjonada, a vitamina K, (menaquinona), 6 produzida por bactérias que vive no intestino de vertebrados cH, HO. Viamina & antiondante HC 0 “cH, cx, ) Vtamina K:cofator de 7 «coagulagio sanguines ‘loguinena} cH, fo Varfarina:aticoagulante “anguineo @ 1,c0. Ubiquinona:transportador de ‘letvons da mtocond! (coenzmaQ) (n= 428) ,co Cy Plastoquinona ransportador de elton do cloroplarto ALC (n= 4a8) é i L 1 L L I tou, —cn—d—cu-4 ou, cucu), ton, —c¢—cn, C Dolico transportador deapia (n= 9422) FIGURA 1022 _Alguns outros compostosisprenoidesbiologicamente ativos ouderivados, Ae unidedes derhagar oo vootenaeioindieacar em Inna: vermhas trace ace Na maior cos :ecdoe ce mannferes2véiguinena Herik Dam, 1995-1976 edward A Doi, 1993-1986 A warfarina (Figura 10-22), composto sintético que inibe a formagao de protrombina ativa, é particularmente venenosa para ratos, causando a morte por sangramento intemo. lronicamente, esse potente raticida também é um. Farmaco anticoagulante inestimavel para tratar humanos em risco por coagulagao sanguinea excessiva, como os pa- cientes eirtrgicos ¢ aqueles com trombose coronsria. I i p i Hl i + oH,—cu~C—cH, + (cH, —cH,—Cu—cH,), HCH, cH, CH on an '—CHic+ [CH,—cH=C—oF, },+ CH, ch eas : ge gs oder, —oH,—ti—ci4(crt,—cH—t cr) ci cr PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 375) H, cn, cu, cubou,—cx,—O—cn,-ton,—cn,—Cii—cu,$.on,—cn, Cater, cH, cH, oH, cH, ou, cH, cu, (também charada de coensima Q} tem 10 uniaces de isoprene. Os debts do animals tim oe 1722 undades de omrena (8 2103 stor de catbo os doles barterianas tem I, ese plana efungos tem de 14a 24 A ubiquinona (também chamada de coerzima Q) ea plastoquinona (Figura 10-224, e) sao isoprenoides que funcionam como transportadores lipotilicos de elétrons em reagdes de oxirredugdo que levam a sintese de ATP na mi- tocéndria e nos cloroplastos, respectivamente, Ambas po- dem aceitar um ou dois elétrons ¢ um ou dois protons (ver Figura 19-3) 0s dolicéis ativam precursores de agicares paraa biossintese Durante a montagem dos carboidfatos complexos das pa- redles celulares bacterianas e durante a adigao de unidades de polisacarideo a certas proteinas (glicoproteinas) e lit- dieos (licoipideos) em eucariotos, as unidades de agtear a serem adicionadas sao quimicamente ativadas pela ligagao_ 4 alcodis isoprenoides chamados de doliesis (Figura 10- 224). Esses compostos tém fortes interacoes hidrofdbicas com lipideos de membrana, ancorando na membrana o= agticares ligados, onde participam de reagées de transfe- rencia de agicares 376 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX Ccantaxantina| (vermelho vive) Zeaxantina {amarela vivo} FIGURA10-23 Lipideos come pigmentos nas plantas enas penas das fives, Compostos com sstermastomugadoslongosabsorve kz nario {Gusem aigmenios de cores noavelmente diferentes. As aves adqurer 95 pigmenios que dio a: cores vermelna ov amaele 3 uae panascomend Muitos pigmentos naturais sio dienos conjugadosalipideos (0s dienos conjugados possuem cadeins de carbono com higa- es simples e duplas alternadas. Como esse arranjo estr- tural permute o movimento dos elétrons, os compostos po- dom ser excitados por radiagGes eletromagnéticas de baixa energia (luz visivel), dando a eles cores visivets para huma- hos e outros animais, 0 caroteno (Figura 10-21) € amarelo- -alatanjado; compostos similares do as penas das aves sus Vistosos vermelhos,alaranjados e amarclos (Figura 10-23). Como os estersis, esteroides, docs, vitaminas A, E, De , ubiquinona e plastoquinona, esses pigmentos sio sinteti- zados a partir de derivados de isopreno de cinco carbonos; a rota biossintétiea 6 descrta em detalhes no Capftulo 21 Ertromicina (anbistico) mates de pantas cue contém plgmentos catorenoices,comoacantaan tina ea ensasina As dferenasra pigmentasao entre machos eens se des so esa de ie {9s etenoides nasa absorgao ene processamento ines Os policetideos sio produtos naturais com atividades biolégicas 05 policetideos sio um grupo de lipideos diversos com vias biossintéticas semelhantes (condensagao de Clatsen) Aquelas dos cidos graxos, Sio metabélitos secunds- Fos, compostos nao essenciais para o metabolismo de lum organismo, mas com algumas fungGes subsidirias que dao aos seus prodiutores uma vantagem em algum nicho ecolégico, Multos policetideos tem utilidade na medicina ‘como antibistieos (eritromicina), antifingicos (anfoteriei- na B) ou inibidores da sintese do colesterol (lovastatina) igura 10-24), ou ir on on On t MH Anfotericina (antitingico) RESUMO 10.3 _Lipideos como sinalizadares, cofatores e pigmentos > Alguns tipos de liptdeos, embora presentes em quanti dades relativamente baixas, desempenham papéis eru- caais como cofatores ot sinalizadores, > 0 fosfatidilinositol-bifosfato é hidrolisado para pro~ duzir dois mensageiros intracelulares, 0 diacilglicerol © 0 inositol-1,4,5-trifosfato. O fosfatidilinositol-3,4,5- -trifosfato é um ponto de nucleagao para complexos proteicos supramoleculares envolvidos na sinalizagao Diolégica > As prostaglandinas, os tromboxanos e os leucotrienos (0s cicosanoides), derivados do araquidonato, sao hor- m@nios extremamente potentes > Os hormonios esteroides, tal como os horménios se- xuais, sio derivados dos esterdis. Servem como podle- rosos sinalizadores biol6gicos, alterando a expresso gonica nas estulas alvos. > As vitaminas D, A, e K so compostos lipossoltiveis, cconstituldos por unidades de isopreno, Todos desempe- ham papéis essenciais no metabolismo ou na fisiologia dos animais. A vitamina D € precursora de um horménio ‘que regula o metabolismo do calcio. A vitamina A forne- ce o pigmento fotossensivel do olho dos vertebrados e & ‘um regulador da expressio génica durante 0 crescimen- to das células epiteliais. A vitamina E funciona na prote- ‘¢2o dos lipideos de membrana contra o dano oxidativo, © a vitamina K € essencial no processo de coagulacao sanguinea. > As ubiquinonas ¢ as plastoquinonas, também derivadas de isoprenoides, si0 transportadores de elétrons nas mitocinidrias e nos cloroplastos, respectivamente. > 0s doliesis ativam e ancoram os agtivares As membra- nas celulares; os grupos agticar sao entao utilizados na sintese de carbotdratos complexos, glicolipideos ¢ gli- coproteinas > 0s dienos conjugados a liptdeos server como pigmen- tos nas flores ¢ nos frutos ¢ dao as penas das aves suas cores vistosas > Os policetideos sio produtos naturais amplamente usa- dos na medicina, 10.4 Trabalhando com lipideos Como os lip{deos sao insoldveis em 4gua, sua extragao ¢ seu posterior fracionamento requerem 0 uso de solventes organicos e de algumas técnicas pouco uliizadas na purif cago de moléculas hidrossoliveis, como as proteinas e os carboidratos. Em geral, misturas complexas de lipideos s80 separadas por diferengas na polaridade ou na solubilidade em solventes apolares. Qs lipideos que contém écidos gra- x0s ligados a éster ou amida podem ser hidrolisados pelo tratamento com cido ou base ou com enzimas hidroliticas especificas (fosfolipases, glicosidases) para liberar seus componentes para analise, Alguns métodos comumente utilizados nas analises de lipideos sao mostrados na Figura 10-25 e discutidas a seguir, PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 377, Rextracdo de lipideos requer solventes organicos 0s lipideos neutros (tiacilgicenis,ceras, pigmentos, ete.) so prontamente extraldos dos tecidos com éter etic, loroférmio ou benzeno, solventes que nao permite a agregagio causada pelas interagSes hidrofSbicas, Os lipt- Tecido (a) Hemogenezado em ortsmia/meranelagua go etaal gunk ceules Clorofrmvio + lipidece: (by Separaasprincpasdassesprmere —_(@) Ursemétodo ido 4 4 4 Cromatografiade —_Expectrometia Cromatografia em dsoreao, "wade «cama delgadia cromatagrata centat total gasosa, HPLC tti Fpecvomatia de masa com tps condgoer ‘omar ae rantaramenta avert FIGURA1025 Procedimentes comuns na extragio, na separagio e na lentificagho de ipideos celulares. (a) 0 tec ¢ nomogeneizado em lua mista de clorfermiovmetaneigus, que gera das fases com a adh {G30 de ova ea remagio dos secimentos nao exaies por centr fogagse (6) As princpas classes des licens exaides na fase colic podem set primero separados aor comatografa de cama celgada(CC2).na qual Tpioee so eanegador pars oma em uma plcade sca coberta de cel por La enteascendente ce svete, com oslnideas menos polars migranco mab do que os Iniseos mas poles ou canegados, ou por comatografa de 2easargo em ura coluna della ge em que pasar olventes de por doce Cescente Por exemple comatoatts em colon com solentes sropriagos pode ser wsada para separarespéces pias inimamenterelac anata, al Come fosatiiberia fsfrig cera efsfceinas te. Uma vez separades, (5 didosgraxos complementares acadalipdeo podem er determinades pot espectometia de massa () Aterna vamente ro métode piso,um extato (Ge Ipiseor ndofraconado pode srg reramentesuometigo &eepectomets ‘le masa de aa eslucdo ce deventes pose sob conagoesastinas para ‘ererminar a composi otal de tos os niseoso pido, 378 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX deos de membrana s80 mais bem extraidos por solventes orginicos mais polares, como 0 etanol ou o metanol, que reduzem as interagées hidrofsbieas entre as moléculas lip dicas enquanto também enfraquecem as ligagdes de hidro- genio ¢ as interagbes cletrostaticas que ligam os liptdeos de membrana as proteinas de membrana. Um extrator bastan- te utilizado 6 uma mistura de eloroférmio, metanol e agua, inicialmente em proporgbes de volume (1:2:0:8) que sao misciveis, produzindo uma tiniea fase, Depois que 0 teeido 6 homogeneizado nesse solvente para extrair todos os lip eos, mais Agua é adicionada ao extrato resultante, ¢ amis tra separa-se em duas fases, metanoV/agua (ase de cima) e cloroférmio (fase de baixo). Os lipfdeos permanecem na camada com cloroférmio, ¢ as moléculas mais polares, como as proteinas ¢ 0s aciicares, repartem-se na camada de metanol/igua (Figura 10-25a) Acromatografia de adsorcao separalipideos de polaridades diferentes Misturas complexas de lpideos dos tecidos poder ser fra- cionadas por procedimentos eromatogriticos com base nas diferentes polaridades de cada classe de iptdeo (Figura 10- 25b), Na cromatografia de asorgao, um material insotivel, polar como fica gel (forma de deido silicic, SfOIT]) & c0- Jocado em uma coluna de vidro, e a mistura de lipideos (na solugao de cloroférmio) é aplicada no topo da coluna, (Na romatogratia lguida de alto desempeno, a alta pressio forgaos solventes através da coltna, que tem um diametzo menor.) Os lipideos polares se ligam fortemente ao acido Silicco, eos lpideos neutros passam diretamente através da cola e emergem na primeira eiticao com, clotoférmio, Os lipideos polares s30 entao eludos em ordem crescente de polarilade, lavando a colana conn solventes de polariia- dle progressivamente rats alta Lipideos polares nao carre- gados (p. ex, cevebrosideos) s40 elas com acetona, © lipideos muito polares ou carregados (como os glicerofosfo- lpfieos) sao etuos com metanol ‘A cromatografia ern camada delgada em cdo siicico aplicao mesmo prinipio (Figura 10-250), Una fina camada de sfica gel espalhada sobre uma placa de vidro, qual ela se adore. Una poquena amostra de lipideosdissolvidos em cloroférmio é aplicada perto de uma das margens da placa, «que é imersa em um recipiente raso com tim solvente ora nico ot uma mistura de salvertes;oconjunto &colocado em ‘uma cdmara saturada com vapor do solvente. A medida que 0 solvente ascende pela placa por capilardade, ele carrega ds lipfdeos com ele. Os ipdeos menos polares migram mais, pois tém menor tevdéncia age ligarem a0 Seid acto. Os lipsdeos separados podem ser detectados pela pulverizagao da placa com um corante (rodamina) que emite fluorescén- cia quando associado aos lipideos, ou pela exposigao da pla- fa a vapores de iodo, 0 iodo reage reversivelmente corn a ligagdes duplas nos dcidos graxos, de fouraa que os lideos aque contém decides graxos insaturados desenvolvemn una Coloragao amarcla ot marrom. Varios outros reagentes de pmlverizacao também sio uteis na detecgao de lipdeos es- Deeffcos. Para andlise subsequent, as resides qe contém Tpeosisolads podem ser raspadias da placa ¢ os lipeos poder ser recuperados por melo de exttagdo com um sol vente organico A cromatografia gasosa-liquida separa misturas de derivados votites de lipideos ‘A ctomatografa gasosa-iguida separa os componentes de ‘una mista ce acon com sas tenlncastelativas a disol- ‘verent-se no material inerte conto na coluna cromatograica bu a volatizarem-se © migrarem através da coltna, carrega- dos por uma corrente dem gis inerte como o hi. Algans lipideos sio naturalmente volites, mas a maoria necessita ser primero derivatizada para aumentar sua voltae (.e, dlninuir sen ponto de ebulio). Para urna ands dos Seidos sraxos em uma amostra de fsfalipideos, os lipdeos s40 pie reir transesterificados:aquecidos em uma mistrs de meta- noVHCl ow metanoVNa0# para converter os Scidosgraxos es- terificados com o glicerol nos seus respectivos metil ésteres. Esses metil ésteres de acils graxas sto entao aphcados em coluna eromatogrfica de gésquido e 8 colina é aquecida para voltiiza os compostos. Os ésteres de ails graxas mais, Sohiveis no material da colina repartem (issolver-se) naqutele material, 0s ipideos menos sohiveis sto carzegados pela corrente de gs mnertee emergem primero da cokina A tndem de eluigio depend da natureza do adsorvente soido na colina e do ponto de ebuiigdo dos camponentes a mist- ro pica, Utlizando-se esas tecnica, as misturas de dios ftaxos de virios comprimentos de cade ¢ viros graus de tnsafuragao podem ser completamente separadas Ahidrélise espectfica auxilia na determinacao das estruturas dos lipideos Algumas classes de lipideos sio suscetiveis 8 degradagto sob condigdes especiicas. Por exemplo, todos os écidos graxos com ligacao éster nos triacilglicersis, os fosfolipideos © os ésteres de esterol sto iberados em tratamento fraca- mente écido oi alcalino, «em condigdes mais extremas de hidrdlise ha liberagao dos acidos graxos ligados com ligagao_ aida, como ocorte nos estingokttens. As enzimas que es- pecifcamente hidrolisam certs lipideos também sao eis ha deterinasao da estrutura dos lipideos. As fosfolipases ‘A, Ce D (Figura 10-16) clivam ligagées particulares nos fos- folipdeos e geram produtos com solublidades © comporta- montos cromatograficos caracteristicos. A fosfolipase C, por txemplo livera um cool fstorlado solvel em agua (Coto 4 fosfocolina da fosfatidlcolina) um diaciiglicerol sokvel tm eloroférmio, cada qual podendo ser earacterizado se- Paradamente para determinar a estrutura do fosflipdeo intacto, A combinagao da hidrdlse especies com a carac- terizagio dos produtos pela eromatografias em camact del- saa, gasora-liquia e de alto desempenko frequentemente permite a determinagao de ums estratura lpidiea Aespectrometria de massa revela a estrutura lipidica completa Para se estabelecer, sem ambiguidade, 0 comprimento de uma cadeia hidrocarbonada on a posi¢ao das ligagées du- plas, a andlise espectrométrica de massa dos lipideos ou de seus derivados voliteis ¢ fundamental. As propriedades uimnicas de lipideos similares (p. ex, dois acidas graxos de Comprimentos similares insaturados em posigdes dferen- tes, ou dois soprenoides com nameros diferentes de unida- PRINCIPIOS DE BIOQUIMICA DE LEHNINGER 379) ‘Abundncia 80 100 120-40 160 FIGURA 1026 Determinasio da estrutura de Scidos graxos pores pectrometria de massa, © Scido grax & convertce primero em Um Seriado que minmiza a migragéo das bgacoes las evando 2 malécula f fregmentaca cela bamatdeamenta deelrans O derivado 20u' ape Eentada € um ester ce piclin do Selso Inoeica~ 18214") (M271) he qual slcool é 9 piclinel fern vermelna}. Quando bembardeads com Luma Zorene celeron, esa molkcul@volat2ada e convertca a um ion precuror BM, 371), no quo somo Npossu acrge pos iva e uma se Ge ragmentos menotespreduziios pela quebra de Igagbes C--Cem Sl 1s ovo O espactrSmat de massa sana esses agentes crregagoe Ge acarda coma sua razae massa/carga (n/) (Para revsar os princpies da texpecirometna de massa, verp 100-102) des de isopreno) so muito parecidas, ¢ a ordem de eluiga0 dos varios procedimentos cromatogrificos frequenterente ndo muda entre eles. No entanto, quando o eluato de uma coluna cromatogrifica é amostrado por espectrometria de massa, os componentes de uma mistura lipidica podem ser separados simultaneamente e identificados por seus pa ddroes tinicos de fragmentacao (Figura 10-26). Com o ait mento da resolugao da espectroscopia de massa, é possivel ldentificar lipideos individuals em misturas bastante com- plexas sem primeiro fracionar os lipideos do extrato bruto. Esse método (Figura 10-25c) evita perdas durante a sepa racio preliminar das subclasses de lipideos, e é mais rapido. Olipidoma procura catalogar todos os lipideos e suas fungées Na exploragao dos papéis bioigios dos lipideos nas cé Jas e nos tecidos, ¢ importante saber quais estio presen tes e em quais proporgoes,e saber como essa composicao lpfdica muda com o desenvolvimento embrionari, com a dloenga ov durante o tratamento com farmacos, Devido aoe rthares de lipiteos diferentes que ocorrem naturalmente os bioguimicos que trabalharn com lipideos propseram tim, novo sistema ce nomenclatura, com o propésio de tornar tais facil a compilagao e a localizagao nas bases de dados de composigao lipfica. O sistema eoloca cada lipideo em tum de oito grupos quimicos (Tabela 10-3) designados por dns letras, Dentro desses grupos, distingbes mais refina- a0 320 340360 80 me (ons proeminentes em m/z = 92, 108,151 € 164 contém 0 anel de piridina do pcanale vires agmentos do oreo cars mastande que @ Composiog defaroum ésterdepicalL 0 fon molecu M” (rie = 379}, com fra a presenca deur dco graxe de ,, com duas layéas duplis. A see Unforme defense I undades ge ma:satnalecular() de tnd eres ‘aa peraasucesa de cada grupo merle metieno da extemidade retlhga a cadet de acl (comegando no 18:3 extemdade dre ca molecu mosada aga ai que fon ana m/e = 300 &saguldo por uma lacuna 126 u para oscarbonos ds bgagdo dup terminal em nvz= 274 umalacuna te Iu mois adiote nara. @ grupo meena do CI], em ve = 250;e 35 porate Dassa mane'a, a attra intra €determinaga, sings que ese Gados sclados ndorevele a configuada (cs cu was} das gages cules ddas sao indicadas por classes e subclasses numeradas. Por cexemplo, todas as glicerofosfocolinas s40 GP01; 0 subgrupo de glicerofosforolinas com dois écidos graxos em ligagao éster € designado GPO1OL; com um dcido graxo em ligagao eter na posicao 1 e um em ligagao éster na posigdo 2, 0 sub- grupo € designada GPOL02, Acidos graxos especificos si0 designados por nimeros que dao a cada lipideo seu proprio dentificador nico, de forma que cada lipfdeo individual, bem como tipos ainda nao descobertos, pode ser deserito sem ambiguidade em termas de um identifieador de 12 ca- racteres, Um {ator utilizado na classificagao é a natureza do precursor biossintético, Por exemplo, lipideas prencis (p. ex, dolicéis e vitaminas E e K) sdo formados a partir de precursores isoprenil. Os policetideos incluem alguns produtos naturais, muitos téxicos, com rotas biossintéticas relacionadas as dos acidos graxos, As oito categorias qui micas na Tabela 10-8 nao coincidem perfeitamente com as divisdes de acordo com a fungao biologica utilizadas neste capitulo. Por exemplo, os lipideos estruturais das membra- nas incluem tanto 08 glicerofosfolipideas quanto os esfingo- lipfdeos, categorias separadas na Tabela 10-8. Cada método de categorizagao tem suas vantagens. Aaplicagao de técnicas de espectrometria de massa com alta capacidade e alta resoluca0 pode fornecer catilogos quantitativos de todos os lipideos presentes em um tipo de lula especifieo, sob condigdes particulares - 0 lipidoma— das maneiras nas quais o lipidoma muda com a diferencia~ io, doencas como o cancer ou tratamento com farmacos 380 DAVID L. NELSON & MICHAEL M. COX FEENEY cit princpas categaas dslipideosbolgicos (ategeria Exempla: ‘eidos graxoe FA Glicerolipdeos a. Glicerofostolipideos or Esfingolipideos SP Lipideos de esteral st Liptdeos de prenal PR Sacarolipideos su Poliquetideos Lipopolissac ‘Oleato,estearci-GoA, palmitolcarnitina Die triacilgicersis Fosiatidieolina, fostatidilerina,fosftidiletanolamina Esfingomiclin, gangliosdeo GM2 CColestero, progesterona e dcidos bikares Famesol, geranial retinol, ubiquinona ‘Tetraciclina,ertromicina eaflatoxina B, ‘Una echula animal contém mais do que mil espécies diferen- tes de lipfdeos, cada qual presurivelmente com uma furga0 espeeffica, Um crescente ntimero de lipideos possui sas fungdes conhecidas, mas a grande parte ainda inexplorada do lipidoma oferece uma rica fonte de novos problemas para a préxima geracao de bioguimicos e bidlogos celulares. RESUMO10.4 —Trabalhando com ipideos > Na determinacao da composicao de lipideos, eles devera ser primeito extraidos dos tecidos com solventes orga nieos e separados por eromatografias em camada delga- da, g8s-Iiquido ou de alto desempenbo. > Fosfolipases especificas para uma das ligagdes em um. osfolip{deo podem ser utilizadas para gerar compostos ‘mais simples para andlise subsequente, > 0s lipideos individuals sao identificados por seu com- portamento cromatografico, por sua suscetibilidade & hidrélise por enzimas especshicas ou por espectrometria de massa > Acespectrometria de massa de alta resolucio permite a andlise de misturas brutas de lipfdeos sem pré-fracio- namento. > A lipidémica combina poderosas técnicas de anélise para determinar o complemento completo dos lipideos ‘em uma eélula ou tecido (0 lipidoma) e para montar ba- ses de dados de diferentes tipos celulares e sob diferen- tes condigdes. Termos-chave Os termos em negrito estdo definidos no glossaria, fcido graxo 857 esfingolipideo 366 cidos graxos poli- cceramida 366 sinsaturados esfingomielina 366 (AGP) 359 alicoestingolipideo triacilglicerol 360 eerebrosideo 385 slobosideo 366 gangliosides 365 366 esterol 368 slicerofosfolipideo 363 colestersl 368 Iipideo éter 364 prostaglandina 371 plasmalogénio 364 tromboxano 371 galactolipideo 365 Ieucotrieno 371 vitamina 873 tocoferol 37% vitaminaD, 973 vitamina K 974 colecalcferol 373 Aolicol 375 vitamina A (retinol) 373 policetideo 376 vitamina E374 lipidoma 379 Leituras adicionais Geral Fahy; E., Subramaniam, 8, Brown, ILA, Glass, C.K., Merrill, AML, Je, Morphy, B.C., Factz, CCH, Russell, D.W., Seyama, ‘, Shaw, W, et al (2005) A comprehensive classification system for Lipide. Lipid es. 46, 839-852. ‘Novo sistema de nomenelatura para pideosbilégicos, que os separa em olto eategorias principals Areteréncladefintia sobre tdasstca;ao de lipides. 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Definicéo operacional de lipideos. De que maneira a tletinigdo de “lipideo” difere dos tipos de desinigao utilizados para outras biomoléculas como os aminodeides, os dcidos nu- leicos e as proteinas? 2. Pontos de fusdo dos lip{deos. (Os pontos de fusio de uma série de dcidos graxos de 18 carbonos sio: dcido ested eo, 69,6°C; eid oleico, 18,4°C; deido lnoleieo, 6 °C; e deido Iinolénico, “11°C, (a) Que aspecto estrutural desses dcidos graxos de 18 car. bbonos pole ser correlacionado com o ponto de {usio? (b) Desenhe todos os triacilglicerdis possiveis que podem, ser constrafdos a partir de glicero, ido palmitico e écido ole 0, Classifique-os em arcem crescente de ponto de fusio

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