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| Audrei Gesser | | | | LIBRAS? que lingua é essa? LCRENGAS E PRECONCETOS @M TORNO DA LINGUA DE SINAIS EDA REALIDADE SURDA Si Sumario PREFACIO: DE UM IDEAL PRECKRIO A anricuLAGAO D0 ‘Spv10 QUE AINDA PRECISA SER DITO [Pedro M. Garcez) mrnooucio O) attire 6 ues cu rarer O surdo tem uma identiadee uma culture proprios?, $2 0 surdo nao fala porque no ouve? 0 surdo tem dificuldade rpdrque ndo ore oat lage de sina oped ceprndagon de tego cat) (0 surdo precisa da lingua portuguesa para saewte ncaa angers reat) Todos os surdos fazem leitura labial, 60 ame OB ene Reet occa Smiacer ee cea archos eutivasgudom osrdoa oni mebor@®) eer aera consioanacaesrnas Q REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS 8 5 De um ideal precario 4 articulagao do ébvio que ainda precisa ser dito Prono M. Gancez celebrado soci6logo Erving Goffms rmadureza de sua obra final, a de todo palestrante de que a de fato engajada na escuta do que ele diz pelo que diz, ¢ que assim seja levada berm alémm do auditério para os cenarios e ocas {es no mundo onde o tema de que trata se faz vividamente relevante. Além de ser um Ideal, esse ¢ ainda um ideal precério, por: aque escutar & bem mais que ouvir. Foi num encontro de sala de aula em meados da ji distante década de 1990 que, hoje sel, ful escutado, e o méu ideal precério tomou con- tornos definidos. Tratava da natureza da linguagem natural humana, me indo a ingressantes no mestrado em inglés da Universidade Federal de Santa Catarina, quando surgiu a questio — fascinante e ainda incrivel- ddesconhecida da platéia — de que as linguas des to humanas quanto as demais e que no se ito de transposigao d Tive indicios de ter sido escutado logo quando se apresentou diante de mim uma aluna com sua curiosidade, que resulta na presente obra. De um ensaio sabre as questdes su lina, ela seguiu para localizar os espagos a1 8 tas cue tein (os 4 LiBRAS poderia estar disponivel, af encontrando a propria lingua, seus Lusuios protagonistas, os surdos, ‘© uma prosaica gente como a gen feito também por quem, sem 0 percurso nio parou al, ¢ Audrei engajou-se em pesquisa sistemi- tica que indagay ‘ese aproximava das comunidades surdas, de Campinas, SP a Washington, Introdugao ‘questi jd estava resolvida!™ Foi esse episdio que me veio & mente no momento mesmo em que co- Nao diana, ésemprea mesma coisa Quondoestomasem um evento que fila pare que est fora do melo da sua, td é novidde mesmo! As pesoas eam expan {ads quad tan canecineta. prs quem et det da rea dsc 10 armas xs nena erin ia — vinculada Bs lacunas na cognigio e no pensamento ‘— para uma concepsao da surdex como diferenca lingufstica «cultural, Qual 6, pois, o objetivo de escrever este livro? Em primeiro lugar, é criar um espago em que esse tipo de discussio seja pensado. De ‘mais gra, o desejo do livro origina-se de reflexdes sobre algumas tes relativas a drea da surdez, pensando especificamente a relacio, uvinte com esse outro mundo, O momento parece oportuno e part ‘mente pertinente, na medida em que decisdes politicas tém propiciad um olhar diferenciado para as minorias lingulstcas no Brasil. Pereebe-se que 96 discursos sobre o surdo,alingua de sinais ea surdea, de uma forma am pliada, “abrem-se” para dois mundos desconhecidos entre i: o do surdo ‘em relago ao mundo ouvinte o do ouvinte em relago ao mundo surdo, 0 contetido aqui esborado pode alcancar diferentes leltores: surdos, ‘ouvintes, legos, profssionais da surde2, estudantes, professores ou simples. ‘mos constantemente construindo representagBes,creneas esignificados afr- ‘mados, consumidos, natualizados e disseminados na sociedade, ns espagos escolares ¢ familiares, muitas vezes como “normas”e “verdades absolutas™ O leitor encontraré neste livro manifestasbes discursivas organiza trés 3b forma _de Sinais ae ver que uma me ad sep Scubebs om seu poe sala por be Lo A lingua de sinais é universal? sponesa de sinais; no Brasil a lingua brasileira te, Vejamos abalxo a diferenga do sinal “mae” em 4 diferentes linguas de sinals: Tiga pet | gn om sano een "one = “ioe | ia uma lingua que, além inecesse sempre a mesma? A lingua de sinais 6 artificial? construidas e estabelecidas por u ‘ito espectfco,O esperanto® (gu Aue ot 08 1 ‘exemplos de linguas “artificais”, cujo objetivo maior éestabelecera comu ‘cago internacignal. sse tipo de lingua funciona como uma lingua aur ‘ou franca. 0 gestuno, também conhecido como lingua de sinaisinternacio nal 6 da mesma forma que o esperanto, uma lingua construida,planejada. © nome é de origem italiana e signifies “unidade em lingua de sinais. oi ‘mendionada pela primeira ver no Congresso Mundial na Rederar0 Munda dos Surdos (World Federation of the Deaf - WFD) em 1951. Em meados da <écada de 1970, 0 comit# da Comissio de Unifiardo de inalspropunta um ‘sistema padronizado de sinalsinternacionas, tendo como critéio asele- ‘fo de sinals mais compreensiveis, que facltassem o aprendizado, a partir

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